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"Behaviorism: A Conceptual Reconstruction" (1985) de Gerald Zuriff 1. Crítica à Interpretação do Behaviorismo ● A resenha começa com uma piada sobre dois behavioristas para ilustrar a percepção equivocada de que behavioristas não reconhecem sentimentos. ● O autor da resenha, P. N. Johnson-Laird, argumenta que essa visão errada sobre o behaviorismo tem sido comum ao longo dos anos. 2. O Problema da Objetividade no Behaviorismo ● O foco excessivo na objetividade pode ter levado a confusões sobre a posição behaviorista. ● Behavioristas metodológicos, influenciados pelo positivismo lógico, acreditam que a ciência deve se limitar a eventos observáveis por mais de uma pessoa. ● Sentimentos e estados mentais são considerados privados e, portanto, fora do escopo da ciência. 3. A Visão do Behaviorismo Radical sobre Sentimentos ● Diferente do behaviorismo metodológico, o behaviorismo radical não nega sentimentos. ● Sentir algo é comparado a uma ação sensorial, assim como ver e ouvir. ● Sentimentos são condições do corpo, mas sua percepção é mais complexa do que estímulos sensoriais externos. 4. Influência de William James ● William James argumentava que sentimos tristeza porque choramos, e não o contrário. ● Embora essa explicação seja simplista, ela aponta para a relação entre sentimentos e estados corporais. ● O estudo de Walter B. Cannon (1929) sobre mudanças corporais em emoções foi um dos primeiros a explorar essa conexão. 5. Como Identificamos e Nomeamos Sentimentos ● Nomear sentimentos é um desafio porque os eventos privados não são diretamente acessíveis a um observador externo. ● Crianças aprendem a nomear sentimentos por meio de inferências feitas por adultos (exemplo: “Deve ter doído” após um tombo). ● A discrepância entre eventos públicos e privados dificulta a criação de uma ciência objetiva dos sentimentos. 6. O Erro de Atribuir Sentimentos como Causa do Comportamento ● Existe a crença comum de que agimos por causa dos sentimentos (exemplo: comemos porque sentimos fome). ● Essa visão seria problemática, pois significaria que nossa falta de conhecimento sobre sentimentos tornaria a ciência do comportamento impossível. ● Em vez disso, sentimentos e comportamentos são consequência de eventos passados, e não causas diretas das ações. ● A análise do comportamento ajuda a entender sentimentos ao explorar a influência do ambiente presente e passado. 7. Conclusão ● O behaviorismo não nega sentimentos, mas os interpreta como estados corporais influenciados pelo ambiente. ● A crença de que sentimentos causam comportamentos é equivocada; o que sentimos e fazemos resulta de experiências anteriores. ● A ciência do comportamento busca entender os fatores externos e internos que moldam nossas reações. O Amor como Reforço ● Um crítico afirmou que, para um behaviorista, dizer "Eu o amo" significaria "Você me reforça". ● No entanto, behavioristas corrigiriam essa formulação para "Você reforça meu comportamento", pois o reforço se aplica ao comportamento e não à pessoa. ● O amor tem um componente de reforço: tudo o que os amantes fazem para ficarem juntos é mantido por suas consequências reforçadoras. ● O efeito privado do reforço pode ser descrito como prazer ou bem-estar, levando à ideia de que "Eu o amo" pode significar "Você me faz sentir bem". 1. As Três Formas de Amor segundo os Gregos Os gregos utilizavam três palavras diferentes para descrever o amor, cada uma associada a um processo distinto de seleção: Eros (Amor Sexual e Parental) ● Relacionado à seleção natural, compartilhado com outras espécies. ● Inclui não apenas o amor romântico, mas também certas formas de amor parental. ● Envolve a suscetibilidade ao reforçamento por contato sexual, um traço evolutivo que influencia a reprodução da espécie. ● Em outras espécies, o comportamento sexual é mais rigidamente determinado pela genética e menos influenciado pelo condicionamento operante. ● Nos humanos, o reforçamento operante permite maior variedade e frequência no comportamento sexual. Philia (Amor por Pessoas, Objetos e Atividades) ● Relacionado ao condicionamento operante e ao aprendizado. ● Ocorre quando sentimos inclinação para estar próximos de algo ou alguém, como amigos, arte, música ou lugares. ● Exemplos: "Amo Brahms" significa que a pessoa busca ouvir suas obras; "Amo Veneza" implica em visitar a cidade e preservar sua história. ● Em alguns casos, eros e philia se confundem, como na experiência sensorial intensa que algumas pessoas têm com a arte. Ágape (Amor Altruísta e Cultural) ● Relacionado à seleção cultural, focado na manutenção do grupo. ● O reforçamento ocorre na direção oposta: ao demonstrar prazer com as ações do outro, reforçamos o comportamento dessa pessoa. ● Exemplo: Quando valorizamos heróis, cientistas ou líderes, reforçamos comportamentos que beneficiam a cultura. ● O ágape também aparece no amor religioso, representando a veneração e a gratidão a uma entidade maior. 2. A Importância do Reforçamento na Cultura ● Ágape envolve reforços artificiais criados pela cultura para incentivar comportamentos que promovem a sobrevivência coletiva. ● O comportamento altruísta pode ser mantido por reforçamento social e não apenas pelo prazer individual. ● Exemplos: Contribuir para a preservação de um bem cultural mesmo sem usufruí-lo diretamente. ● No âmbito interpessoal, fazemos esforços para agradar um parceiro, mesmo que não sintamos prazer imediato, pois a cultura reforça essas ações. 3. Conclusão ● O amor, sob a perspectiva behaviorista, envolve contingências de reforço e seleção, seja natural, operante ou cultural. ● Eros tem base biológica, philia resulta do aprendizado e ágape é construído culturalmente. ● O comportamento amoroso não é um mistério inalcançável, mas sim um fenômeno compreensível dentro da análise do comportamento. Pontos Importantes sobre Ansiedade 1. Ansiedade como resposta a estímulos aversivos ● Diferentes estados corporais são gerados por estímulos aversivos e são sentidos de formas variadas. ● Experimento de 1941 (Skinner & Estes) com ratos estudou propriedades quantitativas da ansiedade. ● Rato faminto pressionava uma alavanca por comida sob reforçamento intermitente. ● Som foi apresentado antes de um leve choque na pata do rato. ● Inicialmente, o som e o choque não alteravam o comportamento, mas, com o tempo, o rato reduzia a resposta e eventualmente parava. ● Comparação com humanos: "Eu parei porque me senti ansioso." 2. Diferença entre condicionamento operante e respondente ● O comportamento foi alterado por reforçamento intermitente operante. ● Diferente do condicionamento clássico, pois não houve substituição de estímulos. ● O choque não suprimiu diretamente a resposta; foi necessário o som condicionado para reduzir a frequência da resposta. 3. Relação com a definição freudiana de ansiedade ● Freud: "Ansiedade ocorre em uma situação de perigo e de desamparo." ● "Situação de perigo" = Condição semelhante a uma situação passada onde ocorreram eventos dolorosos. ● "Desamparo" = Incapacidade de evitar ou fugir da situação. ● O som no experimento gerava ansiedade no rato, pois era um indicativo do choque. 4. Ansiedade como um estímulo aversivo condicionado ● Freud: "Se a situação ameaçar ocorrer novamente no futuro, a pessoa experimenta ansiedade como um sinal de perigo iminente." ● Melhor seria dizer “dano iminente”, pois o que realmente ocorre novamente é a condição que precedeu o evento aversivo. ● A ansiedade começa a funcionar como um segundo estímulo aversivo condicionado. ● Assim, ela se torna auto-perpetuadora e auto-intensificadora. 5. Ansiedade e sua perpetuação ● "Estou ansioso, e quando me sinto assim, sempre acontece algo terrível." ● Essa percepção reforça a ansiedade, criando um ciclo de intensificação. ● Explicação comportamentalista permite compreender esse fenômeno melhor doque relatos subjetivos sobre a sensação de ansiedade. Tópicos Importantes sobre Medo e Sentimentos 1. Medo e Contingências ● O medo seria uma resposta diferente caso o choque tivesse sido contingente à resposta do rato. ● A ansiedade pode ser um tipo de medo, mas há distinção entre "ter medo de que ocorra um choque" e "ter medo de pressionar a barra". 2. Medo e Embaraço ● O embaraço pode ser analisado como um tipo de medo. ● A etimologia da palavra "embaraço" tem relação com "bar" (barrado). ● Jovens behavioristas sentem-se "barrados" ao expressar sentimentos por medo de ridicularização. 3. Palavras e Sentimentos ● Palavras que descrevem sentimentos são metáforas originadas de experiências públicas, não de estados privados. ● O significado original de "preocupação" estava ligado a "sufocamento". ● Emoções como raiva e angústia também têm raízes etimológicas relacionadas a "sufocar". 4. Alternativas para Expressar Sentimentos ● Em vez de nomear sentimentos, pode-se descrever diretamente os comportamentos ou situações que os geraram. ● Exemplo: "Eu teria batido nele" em vez de "Eu estava com raiva". ● A descrição de situações pode facilitar a compreensão dos sentimentos por outras pessoas. 5. Compaixão e Empatia ● A compaixão se relaciona a sentimentos de dor; não se sente compaixão por algo positivo. ● A empatia envolve "projetar" sentimentos, mas não há transferência literal de estados emocionais. ● A imitação de comportamentos pode gerar estados corporais semelhantes, mas não garantir a compreensão exata dos sentimentos alheios. ● Psicólogos tentaram usar LSD para "sentir" a psicose, mas isso não recria o contexto real da condição. 6. Conhecimento sobre Sentimentos Alheios ● Conhecemos sentimentos alheios apenas quando conseguimos replicar seu comportamento. ● A tendência de evitar ferir certos animais pode estar ligada ao fato de que eles não demonstram dor de maneira semelhante a humanos. 7. Mudança de Sentimentos ● Alterar o que é sentido pode ser mais eficaz do que focar na emoção em si. ● Drogas são usadas para modificar sentimentos, mas podem criar simulações artificiais. ● Mudanças no ambiente ou reforçamento podem alterar respostas emocionais. ● Rousseau descreveu um processo de dessensibilização para medo, reduzindo estímulos aversivos progressivamente. 8. Psicanálise e Extinção de Sentimentos Negativos ● A psicanálise busca identificar e modificar sentimentos reprimidos. ● O comportamento antes punido pode emergir quando o terapeuta se torna uma audiência não-punitiva. ● A extinção (desaparecimento de respostas não reforçadas) pode substituir punições como forma de modificação comportamental. 9. Behaviorismo vs. Cognitivismo ● Psicólogos cognitivistas criticam behavioristas por negligenciar sentimentos, mas fazem pouco para explicá-los. ● O modelo computacional não é útil para entender emoções. ● Cognitivistas frequentemente descrevem contingências sem modificá-las. ● Comportamentos associados a sentimentos não são facilmente controláveis por linguagem. 10. Emoções Positivas e Reforçamento ● Nem todos os sentimentos são negativos; muitos são reforçadores positivos. ● Atividades como ler, assistir à TV e correr podem gerar estados corporais prazerosos. ● Drogas podem ser consumidas tanto por reforçamento positivo (prazer) quanto negativo (alívio da abstinência). ● Estados emocionais agradáveis podem ser cultivados por práticas religiosas ou esportivas. "Behaviorism: A Conceptual Reconstruction" (1985) de Gerald Zuriff 1. Crítica à Interpretação do Behaviorismo 2. O Problema da Objetividade no Behaviorismo 3. A Visão do Behaviorismo Radical sobre Sentimentos 4. Influência de William James 5. Como Identificamos e Nomeamos Sentimentos 6. O Erro de Atribuir Sentimentos como Causa do Comportamento 7. Conclusão O Amor como Reforço 1. As Três Formas de Amor segundo os Gregos Eros (Amor Sexual e Parental) Philia (Amor por Pessoas, Objetos e Atividades) Ágape (Amor Altruísta e Cultural) 2. A Importância do Reforçamento na Cultura 3. Conclusão Pontos Importantes sobre Ansiedade 1. Ansiedade como resposta a estímulos aversivos 2. Diferença entre condicionamento operante e respondente 3. Relação com a definição freudiana de ansiedade 4. Ansiedade como um estímulo aversivo condicionado 5. Ansiedade e sua perpetuação Tópicos Importantes sobre Medo e Sentimentos 1. Medo e Contingências 2. Medo e Embaraço 3. Palavras e Sentimentos 4. Alternativas para Expressar Sentimentos 5. Compaixão e Empatia 6. Conhecimento sobre Sentimentos Alheios 7. Mudança de Sentimentos 8. Psicanálise e Extinção de Sentimentos Negativos 9. Behaviorismo vs. Cognitivismo 10. Emoções Positivas e Reforçamento