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MATERIAL DA AULA DE DIREITO PENAL (SLIDES) PROF.ª ANA PAULA DE PÉTTA • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP CARACTERÍSTICAS DA LEI PENAL A – EXCLUSIVIDADE – somente a norma penal define crimes e comina penas (PRINCÍPIO DA LEGALIDADE); B – IMPERATIVIDADE – a norma penal é imposta a todos, independentemente de sua vontade. Assim, praticada uma infração penal, o Estado, obrigatoriamente, deverá buscar a aplicação da pena; C – GENERALIDADE – a norma penal vale para todos (“erga omnes”); e, D – IMPESSOALIDADE – a norma penal é abstrata, sendo elaborada para punir acontecimentos futuros e não para punir pessoa determinada. • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP Lei penal - Fonte formal imediata do Direito Penal Determinação Constitucional – papel exclusivo de criar infrações penais e cominar-lhes as penas respectivas. Estrutura - preceito primário (conduta) + preceito secundário (pena). Não é proibitiva, mas descritiva – proibição indireta • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP CLASSIFICAÇÃO DAS LEIS PENAIS As leis penais podem ser classificadas da seguinte forma: incriminadoras, não incriminadoras, completas ou perfeitas, incompletas ou imperfeitas. • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP CLASSIFICAÇÃO DAS LEIS PENAIS 1. incriminadoras: as que criam crimes e cominam penas. (contidas na Parte Especial do CP e na legislação penal especial); • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP CLASSIFICAÇÃO DAS LEIS PENAIS 2. Não incriminadoras: as que não criam crimes nem cominam penas. Subdividem-se em: permissivas, exculpantes e interpretativas. • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP CLASSIFICAÇÃO DAS LEIS PENAIS 2.1. Permissivas: autorizam a prática de condutas típicas, ou seja, são as causas de exclusão da ilicitude. Em regra, estão previstas na Parte Geral (CP, art. 23), mas algumas são também encontradas na Parte Especial, tal como ocorre nos arts. 128 (aborto legal) e 142 (exclusão da ilicitude nos crimes contra a honra) do Código Penal. • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP CLASSIFICAÇÃO DAS LEIS PENAIS 2.2. Exculpantes: estabelecem a não culpabilidade do agente ou ainda a impunidade de determinados delitos. Exemplos: doença mental, menoridade, prescrição e perdão judicial. Encontram-se comumente na Parte Geral, mas também podem ser identificadas na Parte Especial do Código Penal, tais como nos arts. 312, § 3.o, 1.a parte (reparação do dano antes da sentença no crime de peculato), e art. 342, § 2.o (retratação antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito no crime de falso testemunho ou falsa perícia). • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP CLASSIFICAÇÃO DAS LEIS PENAIS 2.3. Interpretativas: esclarecem o conteúdo e o significado de outras leis penais. Exemplos: arts. 150, § 4.o (conceito de domicílio), e 327 (conceito de funcionário público para fins penais) do Código Penal • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP CLASSIFICAÇÃO DAS LEIS PENAIS 3. completas ou perfeitas: apresentam todos os elementos da conduta criminosa. Ex.: art. 157, caput, do Código Penal; • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP CLASSIFICAÇÃO DAS LEIS PENAIS 4. Incompletas ou imperfeitas: reservam a complementação da definição da conduta criminosa a uma outra lei ou a um ato da Administração Pública. São as leis penais em branco. • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP LEI PENAL EM BRANCO A lei penal em branco é também denominada de cega ou aberta, e pode ser definida como a espécie de lei penal cuja definição da conduta criminosa reclama complementação, seja por outra lei, seja por ato da Administração Pública. O seu preceito secundário é completo, o que não se verifica no tocante ao primário, carente de implementação. • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP LEI PENAL EM BRANCO Divide-se em: a) Lei penal em branco em sentido lato ou homogênea: o complemento tem a mesma natureza jurídica e provém do mesmo órgão que elaborou a lei penal incriminadora. Divide-se em homovitelina e heterovitelina. • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP LEI PENAL EM BRANCO a.1) homovitelinas – quando a lei a ser complementada e o complemento estão no mesmo diploma legal (ex: art. 304 do CP) • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP LEI PENAL EM BRANCO a.2) heterovitelinas – nas situações em que a lei a ser complementada e o complemento estão contidos em diplomas legais diversos (ex: art. 236 do CP, pois é o Código Civil o instrumento responsável pela definição dos impedimentos matrimoniais). • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP Lei penal em branco: b) Lei penal em branco em sentido estrito ou heterogênea: o complemento tem natureza jurídica diversa e emana de órgão distinto daquele que elaborou a lei penal incriminadora. É o caso dos crimes previstos na Lei 11.343/2006 – Lei de Drogas –, editada pelo Poder Legislativo federal, mas complementada por portaria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Portaria SVS/MS 344/1998), pertencente ao Poder Executivo, pois nela está a relação das drogas. • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL Interpretação é a tarefa mental que procura estabelecer a vontade da lei, ou seja, o seu conteúdo e significado. A ciência que disciplina este estudo é a hermenêutica jurídica. A atividade prática de interpretação da lei é chamada de exegese. A interpretação sempre é necessária, ainda que a lei se mostre, inicialmente, inteiramente clara, pois podem surgir dúvidas quanto ao seu efetivo alcance. • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL Carlos Maximiliano: “Interpretar é explicar, esclarecer; dar o significado de vocábulo, atitude ou gesto; reproduzir por outras palavras um pensamento exteriorizado; mostrar o sentido verdadeiro de uma expressão; extrair, de frase, sentença ou norma, tudo o que na mesma se contém”. (MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. 19. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. p. 7.) • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL Classificação: 1. Quanto ao sujeito (sujeito ou órgão que realiza a interpretação). Pode ser autêntica, judicial e doutrinária. • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL Classificação: a) Autêntica ou legislativa - É chamada de interpretativa e tem natureza cogente, obrigatória, dela não podendo se afastar o intérprete. É aquela de que se incumbe o próprio legislador, quando edita uma lei com o propósito de esclarecer o alcance e o significado de outra. Ex: conceito de causa (art. 13) e de funcionário público (art. 327), ambos do CP. • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL Classificação: b) Doutrinária ou científica é a interpretação exercida pelos doutrinadores, escritores e articulistas, enfim, comentadores do texto legal. Não tem força obrigatória e vinculante, em hipótese alguma. OBS.: A Exposição de Motivos do CP deve ser encarada como interpretação doutrinária, e não autêntica, por não fazer parte da estrutura da lei. • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL Classificação: c) Judicial ou jurisprudencial é interpretação executada pelos membros do Poder Judiciário, na decisão dos litígios que lhes são submetidos. Sua reiteração constitui a jurisprudência. Em regra, não tem força obrigatória, salvo em dois casos: na situação concreta (em virtude da formação da coisa julgada material) e quando constituir súmula vinculante (CF, art. 103-A, e Lei 11.417/2006). • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART.1° DO CP INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL Classificação: 2. Quanto aos meios ou métodos (meio de que se serve o intérprete para descobrir o significado da lei penal). Pode ser gramatical ou lógica. • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL Classificação: a) Gramatical, literal ou sintática - é a que flui da acepção literal das palavras contidas na lei. Despreza quaisquer outros elementos que não os visíveis na singela leitura do texto legal. É a mais precária, em face da ausência de técnica científica. • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL Classificação: b) Lógica, ou teleológica, é aquela realizada com a finalidade de desvendar a genuína vontade manifestada na lei, nos moldes do art. 5.o da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. É mais profunda e, consequentemente, merecedora de maior grau de confiabilidade. • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL Classificação: Serve-se o intérprete de todos os elementos que tem à sua disposição, quais sejam, histórico (evolução histórica da lei e do objeto nela tratado), sistemático (análise da lei em compasso com o sistema em que se insere), direito comparado (tratamento do assunto em outros países) e, inclusive, de elementos extrajurídicos, quando o significado de determinados institutos se encontra fora do âmbito do Direito (exemplo: conceito de veneno, relacionado à química). • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL Classificação: 3. Quanto ao resultado (refere-se à conclusão extraída pelo intérprete). Pode ser declaratória, extensiva ou restritiva. • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL Classificação: a) Declaratória, declarativa ou estrita é aquela que resulta da perfeita sintonia entre o texto da lei e a sua vontade. Nada resta a ser retirado ou acrescentado. • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP Interpretação da Lei Penal Classificação: b) Extensiva - é a que se destina a corrigir uma fórmula legal excessivamente estreita. A lei disse menos do que desejava. Amplia-se o texto da lei, para amoldá-lo à sua efetiva vontade. Por se tratar de mera atividade interpretativa, buscando o efetivo alcance da lei, é possível a sua utilização até mesmo em relação àquelas de natureza incriminadora. Exemplo disso é o art. 159 do Código Penal, legalmente definido como extorsão mediante sequestro, que também abrange a extorsão mediante cárcere privado. • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP Interpretação da Lei Penal Classificação: c) Restritiva é a que consiste na diminuição do alcance da lei, concluindo-se que a sua vontade, manifestada de forma ampla, não permite seja atribuído à sua letra todo o sentido que em tese poderia ter. A lei disse mais do que desejava. • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP Interpretação da Lei Penal Classificação: 4. Interpretação analógica ou “intra legem”: a que se verifica quando a lei contém em seu bojo uma fórmula casuística seguida de uma fórmula genérica. É necessária para possibilitar a aplicação da lei aos inúmeros e imprevisíveis casos que as situações práticas podem apresentar. Ex.: art. 121, § 2o, inc. I, do CP, pois o homicídio é qualificado pela paga ou promessa de recompensa (fórmula casuística) ou por outro motivo torpe (fórmula genérica). • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP OBSERVAÇÃO!! Analogia: Não se trata de interpretação da lei penal. De fato, sequer há lei a ser interpretada. Cuida-se, portanto, de integração do ordenamento jurídico. Também conhecida como integração analógica ou suplemento analógico, é a aplicação, ao caso não previsto em lei, de lei reguladora de caso semelhante. Fazer uso da analogia significa aplicar a norma penal a um fato não abrangido por ela e nem por qualquer outra lei. • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP No Direito Penal, somente pode ser utilizada em relação às leis não incriminadoras, em respeito ao princípio da reserva legal. Seu fundamento repousa na exigência de igual tratamento aos casos semelhantes. Por razões de justiça, fatos similares devem ser tratados da mesma maneira. Contém duas espécies: • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP a) Analogia in malam partem, é aquela pela qual aplica-se ao caso omisso uma lei maléfica ao réu, disciplinadora de caso semelhante. Não é admitida, em homenagem ao princípio da reserva legal. • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP b) Analogia in bonam partem, é aquela pela qual se aplica ao caso omisso uma lei favorável ao réu, reguladora de caso semelhante. É possível no Direito Penal, exceto no que diz respeito às leis excepcionais, que não admitem analogia, justamente por seu caráter extraordinário. Ex.: possibilidade de aborto legal em caso de estupro de vulnerável. • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP Se, após a aplicação de todas as possibilidades de interpretação da lei penal, ainda restarem dúvidas, deve ser utilizado o princípio “in dubio pro reo”, ou seja, a questão deverá ser resolvida da maneira mais favorável ao réu. • APLICAÇÃO DA LEI PENAL ART. 1° DO CP BIBLIOGRAFIA: 1. Material disponível no UseAVA 2. MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado - Parte Geral - Vol. 1, 7ª edição. Método, 02/2013. VitalBook .
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