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VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS • O que são? São as variações que uma língua pode sofrer de acordo com condições regionais, sociais, históricas ou culturais. A língua possui a capacidade de se adequar a variações de lugar, de tempo, de situação ou de contexto social. Esse é um assunto bastante cobrado em todas as edições do Enem, e possui uma competência inteira que se refere somente a ele (competência 8), por estar muito presente em nosso cotidiano. É sempre importante adequar-se aos contextos de uso da língua para manter um diálogo eficiente: a forma como você fala com seus amigos é diferente da forma que você se comunicam com seu chefe ou com algum professor, o vocabulário que você usa em uma entrevista de emprego é diferente do que você usa em um encontro, por exemplo. • Quais são? a) Variação Regional ou Diatópica: são as variações linguísticas que sofrem influência do local. É a diferença que ocorre, por exemplo, entre os diferentes Estados do Brasil ou entre o português falado pelos países que usam a língua portuguesa. Essa é a variação mais cobrada pelo Enem. Existem muitas questões que fazem referência ao patrimônio cultural linguístico do Brasil. IMPORTANTE: Lembre-se e que, no Enem, uma forma de comunicação nunca será melhor que a outra, elas serão apenas diferentes. Evite alternativas embutidas de algum preconceito e que se refiram a um sotaque ou a uma cultura como superior à outros. b) Variação Histórica, Temporal ou Diacrônica: são as mudanças ocorridas na língua no decorrer do tempo. O jeito que você fala hoje é diferente do jeito que seus avós falavam. Um exemplo é a palavra “você”, que antigamente era “vossa mercê” c) Variação Social ou Diastrática: são as variações de acordo com o grupo social do indivíduo. Nesse tipo de variação entram as gírias e os termos técnicos (jargões) das profissões ou de áreas específicas de conhecimento. Ex.: surfistas usam gírias entre si que podem ser de difícil entendimento para outras pessoas. Policiais, advogados ou médicos usam termos técnicos específicos quando conversam com outros profissionais da mesma área. d) Variação Situacional, Estilística ou Diafásica: são diferenças referentes ao contexto de fala, que exige adaptação do vocabulário. O jeito que você conversa com seus amigos é diferente da forma que você dialoga em uma entrevista de empego. Lembre-se da língua como a roupa que você veste: existe uma mais adequada para cada situação. Biquínis são adequados na praia, mas não em uma missa, por exemplo. QUESTÕES ENEM QUESTÃO 1 PINHÃO sai ao mesmo tempo que BENONA entra. BENONA: Eurico, Eudoro Vicente está lá fora e quer falar com você. EURICÃO: Benona, minha irmã, eu sei que ele está lá fora, mas não quero falar com ele. BENONA: Mas Eurico, nós lhe devemos certas atenções. EURICÃO: Você, que foi noiva dele. Eu, não! BENONA: Isso são coisas passadas. EURICÃO: Passadas para você, mas o prejuízo foi meu. Esperava que Eudoro, com todo aquele dinheiro, se tornasse meu cunhado. Era uma boca a menos e um patrimônio a mais. E o peste me traiu. Agora, parece que ouviu dizer que eu tenho um tesouro. E vem louco atrás dele, sedento, atacado de verdadeira hidrofobia. Vive farejando ouro, como um cachorro da molest'a, como um urubu, atrás do sangue dos outros. Mas ele está enganado. Santo Antônio há de proteger minha pobreza e minha devoção. SUASSUNA, A. O santo e a porca. Rio de Janeiro: José Olympio, 2013 (fragmento). Nesse texto teatral, o emprego das expressões "o peste" e "cachorro da molest'a" contribui para A) marcar a classe social das personagens. B) caracterizar usos linguísticos de uma região. C) enfatizar a relação familiar entre as personagens. D) sinalizar a influência do gênero nas escolhas vocabulares. E) demonstrar o tom autoritário da fala de uma das personagens. QUESTÃO 2 Mandinga — Era a denominação que, no período das grandes navegações, os portugueses davam à costa ocidental da África. A palavra se tornou sinônimo de feitiçaria porque os exploradores lusitanos consideravam bruxos os africanos que ali habitavam é que eles davam indicações sobre a existência de ouro na região. Em idioma nativo, manding designava terra de feiticeiros. A palavra acabou virando sinônimo de feitiço, sortilégio. COTRIM, M. O pulo do gato 3. São Paulo: Geração Editorial, 2009 (fragmento). No texto, evidencia-se que a construção do significado da palavra mandinga resulta de um(a) A) contexto sócio-histórico. B) diversidade étnica. C) descoberta geográfica. D) apropriação religiosa. E) contraste cultural. QUESTÃO 3 TEXTO I Entrevistadora — eu vou conversar aqui com a professora A. D. ... o português então não é uma língua difícil? Professora - olha se você parte do princípio... que 1 a língua portuguesa não é só regras gramaticais... não se você se apaixona pela língua que você... já domina que você já fala ao chegar na escola se o teu professor cativa você a ler obras da literatura... obras da/ dos meios de comunicação... se você tem acesso a revistas... é... a livros didáticos... a... livros de literatura o mais formal o e/ o difícil é porque a escola transforma como eu já disse as aulas de língua portuguesa em análises gramaticais. TEXTO II Entrevistadora — Vou conversar com a professora A. D. O português é uma língua difícil? Professora - Não, se você parte do princípio que a língua portuguesa não é só regras gramaticais. Ao chegar à escola, o aluno já domina e fala a língua. Se o professor motivá-lo a ler obras literárias, e se tem acesso a revistas, a livros didáticos, você se apaixona pela língua. O que torna difícil é que a escola transforma as aulas de lingua portuguesa em análises gramaticais. MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, 2001 (adaptado). O Texto I é a transcrição de uma entrevista concedida por uma professora de português a um programa de rádio. O Texto II é a adaptação dessa entrevista para a modalidade escrita. Em comum, esses textos A) apresentam ocorrências de hesitações e reformulações. B) são modelos de emprego de regras gramaticais. C) são exemplos de uso não planejado da língua. D) apresentam marcas da linguagem literária. E) são amostras do português culto urbano. QUESTÃO 4 De domingo — Outrossim... — O quê? — O que o quê? — O que você disse. — Outrossim? — É. — O que é que tem? — Nada. Só achei engraçado. — Não vejo a graça. — Você vai concordar que não é uma palavra de todos os dias. — Ah, não é. Aliás, eu só uso domingo. — Se bem que parece mais uma palavra de segunda-feira. — Não. Palavra de segunda-feira é "óbice". — "Ônus". — "Ônus" também. "Desiderato". "Resquício". — "Resquício" é de domingo. — Não, não. Segunda. No máximo terça. — Mas "outrossim", francamente... — Qual o problema? — Retira o "outrossim". — Não retiro. É uma ótima palavra. Aliás é uma palavra difícil de usar. Não é qualquer um que usa "outrossim". VERISSIMO, L. F. Comédias da vida privada. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento). No texto, há uma discussão sobre o uso de algumas palavras da língua portuguesa. Esse uso promove o(a) A) marcação temporal, evidenciada pela presença de palavras indicativas dos dias da semana. B) tom humorístico, ocasionado pela ocorrência de palavras empregadas em contextos formais. C) caracterização da identidade linguística dos interlocutores, percebida pela recorrência de palavras regionais. D) distanciamento entre os interlocutores, provocado pelo emprego de palavras com significados pouco conhecidos.E) inadequação vocabular, demonstrada pela seleção de palavras desconhecidas por parte de um dos interlocutores do diálogo. QUESTÃO 5 Sitio Gerimum Este é o meu lugar [...] Meu Gerimum é com g Você pode ter estranhado Gerimum em abundância Aqui era plantado E com a letra g Meu lugar foi registrado. OLIVEIRA, H. D. Lingua Portuguesa, n. 88, fev. 2013 (fragmento). Nos versos de um menino de 12 anos, o emprego da palavra "Gerimum" grafada com a letra "g" tem por objetivo A) valorizar usos informais caracterizadores da norma nacional. B) confirmar o uso da norma- padrão em contexto da linguagem poética. C) enfatizar um processo recorrente na transformação da lingua portuguesa. D) registrar a diversidade étnica e linguística presente no território brasileiro. E) reafirmar discursivamente a forte relação do falante com seu lugar de origem. QUESTÃO 6 Nuances Euforia: alegria barulhenta. Felicidade: alegria silenciosa. Gravar: quando o ator é de televisão. Filmar: quando ele quer deixar claro que não é de televisão. Grávida: em qualquer ocasião. Gestante: em filas e assentos preferenciais. Guardar: na gaveta. Salvar: no computador. Salvaguardar: no Exército. Menta: no sorvete, na bala ou no xarope. Hortelã: na horta ou no suco de abacaxi. Peça: quando você vai assistir. Espetáculo: quando você está em cartaz com ele. DUVIVIER, G. Folha de S. Paulo, 24 mar. 2014 (adaptado). O texto trata da diferença de sentido entre vocábulos muito próximos. Essa diferença é apresentada considerando- se a(s) A) alternâncias na sonoridade. B) adequação às situações de uso. C) marcação flexional das palavras. D) grafia na norma-padrão da língua. E) categorias gramaticais das palavras. QUESTÃO 7 Naquela manhã de céu limpo e ar leve, devido à chuva torrencial da noite anterior, saí a caminhar com o sol ainda escondido para tomar tenência dos primeiros movimentos da vida na roça. Num demorou nem um tiquinho e o cheiro intenso do café passado por Dona Linda me invadiu as narinas e fez a fome se acordar daquela rema letárgica derivada da longa noite de sono. Levei as mãos até a água que corria pela bica feita de bambu e o contato gelado foi de arrepiar. Mas fui em frente e levei as mãos em concha até o rosto. Com o impacto, recuei e me faltou o fôlego por alguns instantes, mas o despertar foi imediato. Já aceso, entrei na cozinha na buscação de derrubar a fome e me acercar do aconchego do calor do fogão à lenha. Foi quando dei reparo da figura esguia e discreta de uma senhora acompanhada de um garoto aparentando uns cinco anos de idade já aboletada na ponta da mesa em proseio intimo com a dona da casa. Depois de um vigoroso "Bom dia!", de um vaporoso aperto de mãos nas apresentações de praxe, fiquei sabendo que Dona Flor de Maio levava o filho Adão para tratamento das feridas que pipocavam por seu corpo, provocando pequenas pústulas de bordas avermelhadas. GUIÃO, M. Disponível em: www.revistaecologico.com.br. Acesso em: 10 mar. 2014 (adaptado). A variedade linguística da narrativa é adequada à descrição dos fatos. Por isso, a escolha de determinadas palavras e expressões usadas no texto está a serviço da A) localização dos eventos de fala no tempo ficcional. B) composição da verossimilhança do ambiente retratado. C) restrição do papel do narrador à observação das cenas relatadas. D) construção mística das personagens femininas pelo autor do texto. E) caracterização das preferências linguísticas da personagem masculina. QUESTÃO 8 Zé Araújo começou a cantar num tom triste, dizendo aos curiosos que começaram a chegar que uma mulher tinha se ajoelhado aos pés da santa cruz e jurado em nome de Jesus um grande amor, mas jurou e não cumpriu, fingiu e me enganou, pra mim você mentiu, pra Deus você pecou, o coração tem razões que a própria razão desconhece, faz promessas e juras, depois esquece. O caboclo estava triste e inspirado. Depois dessa canção que arrepiou os cabelos da Neusa, emendou com uma valsa mais arretada ainda, cheia de palavras difíceis, mas bonita que só a gota serena. Era a história de uma boneca encantadora vista numa vitrine de cristal sobre o soberbo pedestal. Zé Araújo fechava os olhos e soltava a voz: Seus cabelos tinham a cor/ Do sol a irradiar/ Fulvos raios de amor./ Seus olhos eram circúnvagos/ Do romantismo azul dos lagos/ Mãos liriais, uns braços divinais,/ Um corpo alvo sem par/ E os pés muito pequenos./ Enfim eu vi nesta boneca/ Uma perfeita Vênus. CASTRO, N. L. As pelejas de Ojuara: o homem que desafiou o diabo. São Paulo: Arx, 2006 (adaptado). O comentário do narrador do romance "[...] emendou com uma valsa mais arretada ainda, cheia de palavras difíceis, mas bonita que só a gota serena" relaciona-se ao fato de que essa valsa é representativa de uma variedade linguística A) detentora de grande prestigio social. B) específica da modalidade oral da lingua. C) previsível para o contexto social da narrativa. D) constituida de construções sintáticas complexas. E) valorizadora do conteúdo em detrimento da forma. QUESTÃO 9 — Famigerado? [...] —Famigerado é "inóxio", é "célebre", "notório", "notável"... —Vosmecê mal não veja em minha grossaria no não entender. Mais me diga: é desaforado? É caçoável? É de arrenegar? Farsância? Nome de ofensa? —Vilta nenhuma, nenhum doesto. São expressões neutras, de outros usos... —Pois... e o que é que é, em fala de pobre, linguagem de em dia de semana? —Famigerado? Bem. É: "importante", que merece louvor, respeito... ROSA, G. Famigerado. In: Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. Nesse texto, a associação de vocábulos da língua portuguesa a determinados dias da semana remete ao A) local de origem dos interlocutores. B) estado emocional dos interlocutores. C) grau de coloquialidade da comunicação. D) nível de intimidade entre os interlocutores. E) conhecimento compartilhado na comunicação. QUESTÃO 10 Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve! Brasil, de amor eterno seja símbolo O lábaro que ostentas estrelado, E diga o verde-louro dessa flâmula — "Paz no futuro e glória no passado." Mas, se ergues da justiça a clava forte, Verás que um filho teu não foge à luta, Nem teme, quem te adora, a própria morte. Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil! Hino Nacional do Brasil. Letra: Joaquim Osório Duque Estrada. Música: Francisco Manuel da Silva (fragmento). O uso da norma-padrão na letra do Hino Nacional do Brasil é justificado por tratar-se de um(a) A) reverência de um povo a seu país. B) gênero solene de característica protocolar. C) canção concebida sem interferência da oralidade. D) escrita de uma fase mais antiga da língua portuguesa. E) artefato cultural respeitado por todo o povo brasileiro. QUESTÃO 11 Toca a sirene na fábrica, e o apito como um chicote bate na manhã nascente e bate na tua cama no sono da madrugada. Ternuras da áspera lona pelo corpo adolescente. É o trabalho que te chama. Às pressas tomas o banho, tomas teu café com pão, tomas teu lugar no bote no cais do Capibaribe. Deixas chorando na esteira teu filho de mãe solteira. Levas ao lado a marmita, contendo a mesma ração do meio de todo o dia, a carne-seca e o feijão. De tudo quanto ele pede dás só bom-dia ao patrão, e recomeças a luta na engrenagem da fiação. MOTA, M. Canto ao meio. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964. Nesse texto, a mobilização do uso padrão das formas verbais e pronominais A) ajuda a localizaro enredo num ambiente estático. B) auxilia na caracterização física do personagem principal. C) acrescenta informações modificadoras às ações dos personagens. D) alterna os tempos da narrativa, fazendo progredir as ideias do texto. E) está a serviço do projeto poético, auxiliando na distinção dos referentes. QUESTÃO 12 Irerê, meu passarinho do sertão do Cariri, Irerê, meu companheiro, Cadê viola? Cadê meu bem? Cadê Maria? Ai triste sorte a do violeiro cantadô! Ah! Sem a viola em que cantava o seu amô, Ah! Seu assobio é tua flauta de irerê: Que tua flauta do sertão quando assobia, Ah! A gente sofre sem querê! Ah! Teu canto chega lá no fundo do sertão, Ah! Como uma brisa amolecendo o coração, Ah! Ah! Irerê, solta teu canto! Canta mais! Canta mais! Prá alembrá o Cariri! VILLA-LOBOS, H. Bachianas Brasileiras n. 5 para soprano e oito violoncelos (1938-1945). Disponível em: http://euterpe.blog.br. Acesso em: 23 abr. 2019. Nesses versos, há uma exaltação ao sertão do Cariri em uma ambientação linguisticamente apoiada no(a) A) uso recorrente de pronomes. B) variedade popular da língua portuguesa. C) referência ao conjunto da fauna nordestina. D) exploração de instrumentos musicais eruditos. E) predomínio de regionalismos lexicais nordestinos. QUESTÃO 13 Disponível em: www.globofilmes.globo.com. Acesso em: 13 dez. 2017 (adaptado). A frase, título do filme, reproduz uma variedade linguística recorrente na fala de muitos brasileiros. Essa estrutura caracteriza-se pelo(a) A) uso de uma marcação temporal. B) imprecisão do referente de pessoa. C) organização interrogativa da frase. D) utilização de um verbo de ação. E) apagamento de uma preposição. QUESTÃO 14 É possível afirmar que muitas expressões idiomáticas transmitidas pela cultura regional possuem autores anônimos, no entanto, algumas delas surgiram em consequência de contextos históricos bem curiosos. "Aquele é um cabra da peste" é um bom exemplo dessas construções. Para compreender essa expressão tão repetida no Nordeste brasileiro, faz-se necessário voltar o olhar para o século 16. "Cabra" remete à forma com que os navegadores portugueses chamavam os índios. Já "peste" estaria ligada à questão da superação e resistência, ou mesmo uma associação com o diabo. Assim, com o passar dos anos, passou-se a utilizar tal expressão para denominar qualquer indivíduo que se mostre corajoso, ou mesmo insolente, já que a expressão pode ter caráter positivo ou negativo. Aliás, quem já não ficou de "nhe- nhe-nhém" por aí? O termo, que normalmente tem significado de conversa interminável, monótona ou resmungo, tem origem no tupi- guarani e "nhém" significa "falar". Disponível em: http://leiturasdahistoria.uol.com.br. Acesso em: 13 dez. 2017. A leitura do texto permite ao leitor entrar em contato com A leitura do texto permite ao leitor entrar em contato com A) registros do inventário do português brasileiro. B) justificativas da variedade linguística do país. C) influências da fala do nordestino no uso da língua. D) explorações do falar de um grupo social específico. E) representações da mudança linguística do português. QUESTÃO 15 O instrumento do "crime" que se arrola Nesse processo de contravenção Não é faca, revólver ou pistola, Simplesmente, doutor, é um violão. Será crime, afinal, será pecado, Será delito de tão vis horrores, Perambular na rua um desgraçado Derramando nas praças suas dores? Mande, pois, libertá-lo da agonia (a consciência assim nos insinua) Não sufoque o cantar que vem da rua, Que vem da noite para saudar o dia. É o apelo que aqui lhe dirigimos, Na certeza do seu acolhimento Juntada desta aos autos nós pedimos E pedimos, enfim, deferimento. Disponivel em: www.migalhas.com.br. Acesso em: 23 set 2020 (adaptado). Essa petição de habeas corpus, ao transgredir o rigor da linguagem juridica, A) permite que a narrativa seja objetiva e repleta de sentidos denotativos. B) mostra que o cordel explora termos próprios da esfera do direito. C) demonstra que o jogo de linguagem proposto atenua a gravidade do delito. D) exemplifica como o texto em forma de cordel compromete a solicitação pretendida. E) esclarece que os termos "crime" e "processo de contravenção" são sinônimos. QUESTÃO 16 Por que a indústria do empreendedorismo de palco irá destruir você Se, antigamente, os livros, enormes e com suas setecentas páginas, cuspiam fórmulas, equações e cálculos que te ensinavam a lidar com o fluxo de caixa da sua empresa, hoje eles dizem: "Você irá chegar lá! Acredite, você irá vencer!". Mindset, empoderamento, millennials, networking, coworking, deal, business, deadline, salesman com perfil hunter... tudo isso faz parte do seu vocabulário. O pacote de livros é sempre idêntico e as experiências são passadas da mesma forma: você está a um único centímetro da vitória. Não pare! Se desistir agora, será para sempre. Tome, leia a estratégia do oceano azul. Faça mais uma mentoria, participe de mais uma sessão de coaching. O problema é que o seu mindset não está ajustado. Você precisa ser mais proativo. Vamos fazer mais um powermind? Eu consigo um precinho bacana para você... CARVALHO, I. C. Disponivel em: https://medium.com. Acesso em: 17 ago. 2017 (adaptado). De acordo com o texto, é possível identificar o "empreendedor de palco" por A) livros por ele indicados. B) suas habilidades em língua inglesa. C) experiências por ele compartilhadas. D) padrões de linguagem por ele utilizados. E) preços acessíveis de seus treinamentos. QUESTÃO 17 Policarpo Quaresma, cidadão brasileiro, funcionário público, certo de que a língua portuguesa é emprestada ao Brasil; certo também de que, por esse fato, o falar e o escrever em geral, sobretudo no campo das letras, se veem na humilhante contingência de sofrer continuamente censuras ásperas dos proprietários da língua; sabendo, além, que, dentro do nosso país, os autores e os escritores, com especialidade os gramáticos, não se entendem no tocante à correção gramatical, vendo-se, diariamente, surgir azedas polêmicas entre os mais profundos estudiosos do nosso idioma - usando do direito que lhe confere a Constituição, vem pedir que o Congresso Nacional decrete o tupi-guarani como língua oficial e nacional do povo brasileiro. BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 26 jun. 2012. Nessa petição da pitoresca personagem do romance de Lima Barreto, o uso da norma-padrão justifica-se pela A) situação social de enunciação representada. B) divergência teórica entre gramáticos e literatos. C) pouca representatividade das línguas indígenas. D) atitude irônica diante da língua dos colonizadores. E) tentativa de solicitação do documento demandado. QUESTÃO 18 A draga A gente não sabia se aquela draga tinha nascido ali, no Porto, como um pé de árvore ou uma duna. — E que fosse uma casa de peixes? Meia dúzia de loucos e bêbados moravam dentro dela, enraizados em suas ferragens. Dos viventes da draga era um o meu amigo Mário-pega -sapo. [...] Quando Mário morreu, um literato oficial, em necrológio caprichado, chamou-o de Mário-Captura-Sapo! Ai que dor! Ao literato cujo fazia-lhe nojo a forma coloquial. Queria captura em vez de pega para não macular (sic) a lingua nacional lá dele... [...] Da velha draga Abrigo de vagabundos e de bêbados, restaram as expressões: estar na draga, viver na draga por estar sem dinheiro, viver na miséria Que ora ofereço ao filólogo Aurélio Buarque de Hollanda Para que as registre em seus léxicosPois que o povo já as registrou. BARROS, M. Gramática expositiva do chão poesia quase toda. Rio de Janeiro Civilização Brasileira, 1990 (fragmento). Ao criticar o preciosismo linguístico do literato e ao sugerir a dicionarização de expressões locais, o poeta expressa uma concepção de lingua que A) contrapõe características da escrita e da fala. B) ironiza a comunicação fora da norma-padrão. C) substitui regionalismos por registros formais. D) valoriza o uso de variedades populares. E) defende novas regras gramaticais. QUESTÃO 19 A volta do marido pródigo —Bom dia, seu Marrinha! Como passou de ontem? —Bem. Já sabe, não é? Só ganha meio dia. [...] Lá além, Generoso cotuca Tercino: — [...] Vai em festa, dorme que-horas, e, quando chega, ainda é todo enfeitado e salamistrão!... — Que é que hei de fazer, seu Marrinha... Amanheci com uma nevralgia... Fiquei com cisma de apanhar friagem... — Hum.... —Mas o senhor vai ver como eu toco o meu serviço e ainda faço este povo trabalhar... [...] Pintão suou para desprender um pedrouço, e teve de pular para trás, para que a laje lhe não esmagasse um pé. Pragueja: — Quem não tem brio engorda! —É... Esse sujeito só é isso, e mais isso... – opina Sidu. —Também, tudo p'ra ele sai bom, e no fim dá certo... diz Correia, suspirando e retomando o enxadão. — "P'ra uns, as vacas morrem... p'ra outros até boi pega a parir...". Seu Marra já concordou: — Está bem, seu Laio, por hoje, como foi por doença, eu aponto o dia todo. Que é a última vez!... E agora, deixa de conversa fiada e vai pegando a ferramenta! ROSA, J. G. Sagarana Rio de Janeiro, José Olympio, 1967. Esse texto tem importância singular como patrimônio linguistico para a preservação da cultura nacional devido A) à menção a enfermidades que indicam falta de cuidado pessoal. B) à referência a profissões já extintas que caracterizam a vida no campo. C) Caos nomes de personagens que acentuam aspectos de sua personalidade. D) ao emprego de ditados populares que resgatam memórias e saberes coletivos. E) às descrições de costumes regionais que desmistificam crenças e superstições. QUESTÃO 20 MANDIOCA - mais um presente da Amazônia Aipim, castelinha, macaxeira, maniva, maniveira. As designações da Manihot utilissima podem variar de região, no Brasil, mas uma delas deve ser levada em conta em todo o território nacional: pão- de-pobre- e por motivos óbvios. Rica em fécula, a mandioca — uma planta rústica e nativa da Amazônia disseminada no mundo inteiro, especialmente pelos colonizadores portugueses — é a base de sustento de muitos brasileiros e o único alimento disponível para mais de 600 milhões de pessoas em vários pontos do planeta, e em particular em algumas regiões da África. O melhor do Globo Rural. Fev. 2005 (fragmento). De acordo com o texto, há no Brasil uma variedade de nomes para a Manihot utilissima, nome científico da mandioca. Esse fenômeno revela que A) existem variedades regionais para nomear uma mesma espécie de planta. B) mandioca é nome específico para espécie existente na região amazônica. C) "pão-de-pobre" é designação específica para a planta da região amazônica. D) os nomes designam espécies diferentes da planta, conforme a região. E) a planta é nomeada conforme as particularidades que apresenta. DEMAIS QUESTÕES QUESTÃO 1 A idade das palavras A vida contemporânea tem desgastado vocábulos e expressões com mais rapidez, reavivando o interesse de pesquisadores e escritores pelo passado da linguagem. Assim como os seres vivos, as palavras também envelhecem. O fascínio com a idade das palavras parece crescer a uma velocidade diretamente proporcional aos avanços da vida contemporânea. Foi assim, por exemplo, que o jornalista Alberto Villas começou a coletar termos, gírias e expressões caídas em desuso. A ideia de publicar Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Morta - Palavras que Sumiram do Mapa (Editora Globo, 2012) lhe ocorreu ao perceber que seus filhos não entendiam algumas palavras que ele dizia em casa. Sem pretensões científicas, como um fashionista vai a brechós ou um colecionador "zanza" por antiquários, Villas consultou revistas das décadas de 1950 a 1970, bem como pessoas mais velhas do que ele, atrás de matéria-prima lexical. — Acho curioso palavras que sumiram junto com o progresso da tecnologia. "Datilografar", por exemplo. A máquina de escrever desapareceu e a datilografia foi junto. "Colchetes", "ilhós", "opaca", "popeline" estão sumindo porque as costureiras que costumavam ir em casa fazer roupa também estão desaparecendo. O meu critério foi colocar no dicionário palavras que ouvimos nos últimos 60 anos explica. Disponível em: . Acesso em: 28 jul. 2012. A matéria da Revista de Língua Portuguesa acima discute os efeitos da passagem do tempo na constituição da linguagem verbal. Entre as características próprias desse tipo de texto, identificam-se as marcas linguísticas típicas do uso A) adolescente, pois o autor do dicionário procurou estabelecer um diálogo mais franco com seus filhos. B) senil, pela preocupação do autor em dialogar com um público de épocas anteriores à sua. C) formal, pois destina-se a um público formado por estudiosos da língua e apreciadores da escrita proficiente. D) coloquial, por meio do registro de arcaísmos e neologismos típicos da década de 1960. E) oral, por meio do uso de expressões típicas do universo da linguagem gestual e de sinais. QUESTÃO 2 Leia o fragmento de texto de Rachel de Queiroz e responda à questão. Quando vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao mercado, apuro o ouvido; não espero só o sotaque geral dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a pronúncia de cada um; os paulistas pensam que todo nordestino fala igual; contudo as variações são mais numerosas que as notas de uma escala musical. Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí têm no falar de seus nativos muito mais variantes do que se imagina. E a gente se goza uns dos outros, imita o vizinho, e todo mundo ri, porque parece impossível que um praiano de beira-mar não chegue sequer perto de um sertanejo de Quixeramobim. O pessoal do Cariri, então, até se orgulha do falar deles. Têm uns tês doces, quase um the; já nós, ásperos sertanejos, fazemos um duro au ou eu de todos os terminais em al ou el – carnavau, Raqueu... Já os paraibanos trocam o l pelo r. José Américo só me chamava, afetuosamente, de Raquer. O Estado de S.Paulo. Acesso em: 9 maio 1998. Rachel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de variação linguística que se percebe no falar de pessoas de diferentes regiões. As características regionais exploradas no texto manifestam-se A) Na fonologia. B) No uso do léxico. C) No grau de formalidade. D) Na organização sintática. F) Na estruturação morfológica. QUESTÃO 3 Triste fim de Policarpo Quaresma Lima Barreto Como lhe parecia ilógico com ele mesmo estar ali metido naquele estreito calabouço. Pois ele, o Quaresma plácido, o Quaresma de tão profundos pensamentos patrióticos, merecia aquele triste fim? De que maneira sorrateira o Destino o arrastara até ali, sem que ele pudesse pressentir o seu extravagante propósito, tão aparentemente sem relação com o resto da sua vida? (...) Devia ser por isso que estava ali naquela masmorra, engaiolado, trancafiado, isolado dos seus semelhantes como uma fera, como um criminoso, sepultado na treva, sofrendo umidade, misturado com os seus detritos, quase sem comer... Comoacabarei? Como acabarei? E a pergunta lhe vinha, no meio da revoada de pensamentos que aquela angústia provocava pensar. Não havia base para qualquer hipótese. Era de conduta tão irregular e incerta o Governo que tudo ele podia esperar: a liberdade ou a morte, mais esta que aquela. (...) Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois que fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das suas cousas de tupi, do folclore, das suas tentativas agrícolas... Restava disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma! (...) A Pátria que quisera ter era um mito; era um 30 fantasma criado por ele no silêncio do seu gabinete. Nem a física, nem a moral, nem a intelectual, nem a politica, que julgava existir, havia. A que existia, de fato, era a do Tenente Antonino, a do Doutor Campos, a do homem do Itamarati. Excerto. BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. In:http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/policarpoE.p df p. 383-387 Em "Lembrou-se das suas cousas de tupi" (linha 26), o emprego da forma "cousas" indica, em relação personagem, ao A) sua época. B) sua origem estrangeira. C) seu poliglotismo. D) sua nacionalidade indígena. QUESTÃO 4 O nível de linguagem empregado em uma situação de interlocução pode ser escolha do falante para se adequar ao público ouvinte ou resultado de ignorância sobre os mecanismos normativos da língua. O efeito de humor da tirinha se realiza quando o personagem, candidato a um cargo representativo, A) desconhece o conteúdo linguístico da intervenção de sua assistente B) faz promessas demagógicas em seu discurso. C) usa somente os artigos para registrar o plural das palavras. D) revela que usará o cargo para praticar nepotismo. QUESTÃO 5 Assaltante Gaúcho - Ô, guri, ficas atento...Bah, isso é um assalto...Levantas os braços e te aquietas, tchê! Não tentes nada e cuidado que esse facão corta uma barbaridade, tchê. Passa as pila pra cá! E te manda a la cria, senão os quarenta e quatro fala. Assaltante Paulista - Orra, meu...Isso é um assalto, meu...Alevanta os braço, meu...Passa a grana logo, meu...Mais rápido, meu, que eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pra comprar ingresso do jogo, meu...Pô se manda, meu. Assaltante Cearense - Ei, bichim...isso é um assalto...Arriba os braços e num se bula nem faça moganga...Arrebola o dinheiro no mato e não faça pantin se não enfio a peixeira no seu bucho e boto teu fato pra fora! Assaltantes Brasileiros. (trecho) Disponível. https://www.piadas.com.br/piadas/ladroes/assaltantes- brasileiros Você deve ter percebido algumas peculiaridades quanto ao vocabulário nas três falas anteriores. Essas variações têm relação com elementos que são exteriores à linguagem e ainda que não sejam registros abonados pelas gramáticas se constituem como modalidade da língua. O que poderíamos afirmar sobre elas e que nos indicaria que estamos diante de modalidades autênticas de Língua Portuguesa? A) Cada exemplo apresenta um vocabulário diferente, mostrando que a gramática está ultrapassada. B) Os exemplos identificam falas de localidades distintas do Brasil, mostrando que os aspectos culturais de cada região influenciarão o vocabulário, criando um padrão regional facilmente identificável por outras pessoas em localidades distintas. C) Mesmo que o vocabulário seja diferente em cada uma das situações apresentadas, o fato de o plural das falas está de acordo com a gramática normativa, garante que sejam modalidades da Língua. D) Ainda que apresentem certa coerência, não podemos dizer que essas falas são registros autênticos de Língua porque são identificáveis somente em uma região específica. E) Essas peculiaridades atestam que os registros apresentados não podem ser considerados como modalidade da Língua por não encontrarmos significação nos dicionários, por essa razão, somente entenderíamos esses termos em seu contexto de uso. QUESTÃO 6 Vício na fala Para dizerem milho dizem mio Para melhor dizem mió Para pior pió Para telha dizem teia Para telhado dizem teiado E vão fazendo telhados. “Vício na fala”, de Oswald de Andrade. O poema focaliza, na fala das pessoas que constroem os telhados, evidências da variação A) geográfica. B) histórica. C) profissional. D) sociocultural. QUESTÃO 7 Leia o texto e responda à questão. Ninguém aí do poder em Brasília manja de marxismo e semiologia. Fala-se na necessidade de eliminar a herança feagaceana (que, aliás, não é maldita, é sinistra), mas não da ruptura linguística com essa herança, ou seja, o PT reproduz a mesma linguagem feia e inestética do PSDB. “Custo Brasil” é de matar! A “flexibilização laboral” designa desemprego. Carteira de trabalho é luxo. Se a polícia der uma blitz e pedir carteira de trabalho, 40 por cento da população vai em cana. A linguagem revela a ideologia e governa os homens. Prova é que nunca até hoje existiu político mudo. Ao contrário, político é falastrão, fala qualquer coisa, fala pelos cotovelos. Não é senão por isso que o enigmático ministro José Dirceu prestigia no Paraná o comediante Ratinho, cujo gogó midiático agrada aos ouvidos da plebe boçalizada que não frequentou os Cieps. VASCONCELLOS, Gilberto F. O Richelieu do Ratinho e a herança linguística tucana. Caros amigos. São Paulo: Casa Amarela, n. 61, jul. 2003. Considerando a variedade linguística do texto, tem-se que A) O uso do verbo manjar, em “manja de marxismo e semiologia”, denota apropriação de termo exclusivo de grupo social estigmatizado. B) A expressão “herança feagaceana” é um empréstimo linguístico que significa o conjunto da política social empreendida pelo ex-presidente FHC. C) A expressão “em cana”, em “40 por cento da população vai em cana”, é uma variedade regional, empregada com sentido pejorativo. D) A expressão “gogó midiático” é um exemplo de que o autor, no seu raciocínio, combina registro coloquial com registro formal. E) A palavra blitz é um neologismo, consolidado no português, que integra o léxico ativo de segmentos sociais marginalizados. QUESTÃO 8 TEXTO I Todas as variedades linguísticas são estruturadas e correspondem a sistemas e subsistemas adequados às necessidades de seus usuários. Mas o fato de estar a lingua fortemente ligada à estrutura social e aos sistemas de valores da sociedade conduz a uma avaliação distinta das características das suas diversas modalidades diatópicas [regionais], diastráticas [sociais] e diafásicas [estilísticas]. A língua padrão, por exemplo, embora seja uma entre as muitas variedades de um idioma, é sempre a mais prestigiosa, porque atua como modelo, como norma, como ideal linguístico de uma comunidade. Do valor normativo decorre a sua função coercitiva sobre as outras variedades, com o que se torna uma ponderável força contrária à variação. CUNHA, C; CINTRA, L. Nova gramática do português contemporâneo. 6 ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2013. p. 4 (Adaptação). Com base na leitura dos textos I e II, assinale a alternativa CORRETA sobre a variante linguística presente na fala dos personagens do texto II. A) Ela é de origem diafásica, ou de estilo, já que ambos pertencem ao mesmo grupo social. B) Ela é de origem diatópica, ou regional, já que essa variante caracteriza regiões específicas. C) Ela é de origem diastrática, ou social, haja vista que a classe social dos personagens possui essa marca como característica. D) Ela é de origem diafásica, ou de estilo,pois graças a interesses diferentes – filme e futebol – os personagens pertencem a grupos sociais distintos. QUESTÃO 9 Coitada da Norma, tão culta… – E a Norma, hein? – O que é que tem? – Você não soube? Anda mal falada. – A Norma? Depois de velha? Mas ela é tão culta! – Pois é. E com aquela pose toda, a mania de ditar regrinhas de bom comportamento, de corrigir todo mundo… – Mas o que foi que aconteceu? – Ora, o que aconteceu é que caiu a máscara da madame, né? Descobriram finalmente como ela é autoritária, elitista e preconceituosa. E pior, arbitrária, totalmente desconectada da realidade. – Puxa, eu sempre achei a Norma tão correta… – Correta demais, aí é que está. Era para desconfiar, acho que demorou. Parece que até aqueles amigos que ela se orgulhava de ter no ministério andam virando a cara para ela. – Ah, coitada. Eu sinto pena. – Pois eu acho ótimo. Nunca fiquei à vontade na presença da dona, sabia? Muitas vezes aconteceu de eu ter alguma coisa importante para falar e ficar com medo. Preferia nem abrir a boca. – Isso é verdade, a Norma sempre foi difícil. – Tá vendo? Nem você, que é meio puxa?saco, está disposto a defender a megera! – Estou sim, defendo sim. E você? Fica aí esculachando, mas até que está se expressando direitinho, do jeito que ela gosta. – Eu? – Você. – Ah, você não viu nada, meu amigo. A gente vamos barbarizar! Disponível em: https://veja.abril.com.br/blog/sobre?palav ras/cronica/coitada?da?norma?tao?culta ?2/. Acesso em 03/09/2015 O diálogo mantido pelos personagens permite uma reflexão acerca das variedades linguísticas. Considerando o contexto em que foi empregada, a passagem “A gente vamos barbarizar!” indica que A) o personagem que a proferiu caíra em contradição. B) a linguagem coloquial facilitaria a comunicação. C) os iletrados sentem-se constrangidos em manifestar opiniões. D) a variedade culta estaria perdendo seu prestígio. E) a diversidade linguística é um fenômeno que tende a desaparecer QUESTÃO 10 O triângulo da vida Minha bisavó não falava errado, falava no antigo, ficou agarrada às raízes e desusos da linguagem e eu assimilei seu modo de falar. Ela jamais pronunciou “metro”, sempre “côvado” ou “vara”. nunca disse “travessa” e sim “terrina”, rasa ou funda que fosse, nunca dizia “bem vestido”, falava - “janota” e “fama” era “galarim”. Sobraram na fala goiana algumas expressões africanas, como Inhô, Inhá, Inhora, Sus Cristo. Muito longe a currutela dos negros Que seus descendentes vão corrigindo através de gerações. Cora Coralina A partir da análise da linguagem utilizada no poema, infere-se que o eu lírico revela-se como uma aprendiz e falante de uma variedade linguística específica. Essa falante, em seu grupo social, pode ser identificada como uma pessoa A) que habita a periferia de um grande centro urbano brasileiro. B) que obedece aos cânones da gramática normativa. C) que apresenta baixo nível de letramento. D) que se prende às regras da norma culta lusitana. E) que adota uma linguagem de uma comunidade localizada nos rincões do Brasil. QUESTÃO 11 As primeiras ngalas Sabes o que é não sentir o coração e sentir o coração, tud’uma batida só, sangue leve no peito e lágrimas limpas a escorrer? Faz conta foste na pesca, rede e tudo, e em vez do peixe grande meteste a rede na água e te veio uma nuvem? Se é impossível? Eu sei lá, avilo, eu sei lá... Desde candengue que ando então a ver as nuvens a dançar nas peles do mar, e me pergunto: assim calminho, liso tipo carapinha com desfrise, o mar não tem as nuvens dele também? De onde eu venho é muito longe, por isso, juro mesmo, nasci de novo. Vou te confessar: espanto é só aquilo que ainda nunca tínhamos vivido com a nossa pele! ONDJAKI. Quantas madrugadas tem a noite. São Paulo: Leya, 2010. Diversos países adotam a língua portuguesa como idioma oficial. No entanto, a língua não é homogênea e sofre variações, dialogando com as culturas linguísticas de cada local. Um exemplo dessa variação pode ser percebido no texto anterior, do angolano Ondjaki, no trecho A) “sangue leve no peito e lágrimas limpas a escorrer”. B) “Sabes o que é não sentir o coração e sentir o coração”. C) “espanto é só aquilo que ainda nunca tínhamos vivido com a nossa pele”. D) “e em vez do peixe grande meteste a rede na água e te veio uma nuvem?”. E) “Desde candengue que ando então a ver as nuvens a dançar nas peles do mar”. QUESTÃO 12 112 Catioro Reflexivo tem 15 mil likes por dia no Facebook Quem sempre faz voz de bebê para conversar com bichinho de estimação? Quem nunca desenvolveu uma linguagem própria para falar escondido com o pet em casa? Se você garante que é do tipo que não bate papo com animais, cuidado, a página do Facebook Catioro Reflexivo pode te deixar viciado em uma linguínea lindínea! A fanpage fofínea já reúne mais de 1,3 milhão de amantes de cachorros, gatos, periquitos e papagaios. E, de acordo com os seguidores, é impossível parar de falar o idioma dos catioros. BOAS, Kitty Villas. ‘Catioro Reflexivo’ tem 15 mil likes por dia no Facebook! Entrevistamos o criador. UOL. Disponível em: . Acesso em: 25 jul. 2016. (adaptado) Existem diversos tipos de variações linguísticas. Com relação à linguagem criada pela fanpage Catioro Reflexivo, pode-se dizer que se trata de uma variação A) diamésica, por ocorrer apenas virtualmente, na forma escrita. B) diafásica, por ser relacionada ao estilo, no caso, um estilo infantilizado. C) diatópica, por ser usada somente por moradores de grandes centros urbanos. D) diastrática, por ser comum em certo grupo social que tem condição de ter animais. E) diacrônica, por representar uma evolução linguística no modo de falar com animais. QUESTÃO 13 O texto na era digital Para além do internetês, a internet está mudando a maneira como lemos e escrevemos Houve um tempo em que o hábito de manter cadernos de anotações era algo bastante corriqueiro. Os chamados de “livros de lugares-comuns” (ou commonplace books) eram utilizados pelos leitores para o registro de trechos e passagens interessantes com que se deparavam em suas leituras. Mas além de transcrições, esses cadernos também reuniam apontamentos sobre a vida cotidiana, conforme relata o historiador Robert Darnton em A questão dos livros (Cia. das Letras, 2009, p. 164). Essas informações eram agrupadas e reorganizadas à medida que novos excertos iam sendo acrescidos. O hábito espalhou-se por toda a Inglaterra no início da Era Moderna, e muitos escritores famosos – entre eles John Milton e Francis Bacon – cultivaram essa maneira especial de absorver a palavra impressa, fundada na não linearidade e na fragmentação da informação. Tradição viva Hoje, com mais de 37 milhões de usuários de internet só no Brasil, essa tradição de escrita parece mais viva do que nunca, impulsionada por novas tecnologias e amplificada pela comunicação em rede. Não é exagero afirmar que e-mails, blogs e redes de relacionamento já deixaram sua marca na produção textual contemporânea. Para o escritor Michel Laub, autor dos romances O gato diz adeus eLonge da água (ambos pela Cia. das Letras), a internet tornou os textos mais naturais e coloquiais, embora não seja a única responsável por essas mudanças. MURANO, Edgar. O texto na era digital. Língua Portuguesa, dez. 2011. Disponível em: . Acesso em: 12 abr. 2016. O texto tece comentários sobre a maneira como a internet alterou os hábitos de leitura e escrita das pessoas. Entre as características próprias do texto anterior, identificam-se as marcas linguísticastípicas do uso A) informal, por meio do uso exagerado de clichês. B) oral, por meio do uso de expressões comuns ao universo da fala. C) natural, por meio do emprego de termos técnicos e científicos em sua composição. D) coloquial, pois a revista destina- se a um público leitor formado por usuários de “internetês”. E) formal, pois o público-alvo da revista é composto por pessoas que usam a língua de maneira proficiente. QUESTÃO 14 As palavras empregadas pelo papagaio nessa tirinha revelam uma variedade linguística A) estigmatizada, que, por diferir da norma-padrão, é caracterizada preconceituosamente pela mulher. B) arcaica, que caiu em desuso no tempo vigente, por isso é considerada errada pela mulher. C) padrão, semelhante à de seu antigo dono, que se adéqua à formalidade situacional. D) informal, mas que respeita preceitos da gramática normativa da língua portuguesa. E) regional, alinhada à cultura e à idade de falantes de determinadas localidades. QUESTÃO 15 Na tirinha, o efeito de humor é construído em decorrência da representação de uma variação linguística A) diafásica, visto que o uso de termos acontece na forma oral da fala, reproduzida na tirinha. B) diacrônica, decorrente do emprego de neologismos, ou seja, de palavras recentes no idioma. C) diastrática, relacionada à escolha sintática influenciada pelo grupo social das personagens. D) padrão, pela ausência de desvios sintáticos ou ortográficos na fala das personagens. E) diatópica, pois variantes regionais são utilizadas para definir uma mesma coisa. QUESTÃO 16 Na tirinha, duas variações da língua portuguesa se manifestam. Isso pode ser percebido no(a) A) diferença entre as formas como Chico Bento e a professora se expressam. B) falta de instrução de Chico Bento para um diálogo eficaz com a professora. C) despreocupação da professora em falar de forma adequada à situação. D) formalidade da professora, que acaba constrangendo Chico Bento. E) tom autoritário usado pela professora na conversa. QUESTÃO 17 Tiro ao Álvaro De tanto levá frechada do teu olhar Meu peito até parece sabe o quê? Táubua de tiro ao Álvaro Não tem mais onde furar […] Teu olhar mata mais do que bala de carabina Que veneno estriquinina Que peixeira de baiano Teu olhar mata mais que atropelamento de automóver Mata mais que bala de revórver […] “Tiro ao Álvaro”, de Adoniran Barbosa e Osvaldo Moles. Em qualquer nível de variação linguística, é necessário reconhecer que não há mero desrespeito às regras formais, mas o uso conveniente da língua em uma determinada situação. No texto apresentado, as marcas que indicam esse uso podem ser verificadas no(a) A) troca de alguns fonemas, como ocorre entre os sons /l/ e /r/. B) substituição de verbos por substantivos, como acontece em “levá”. C) repetição de palavras e sons decorrentes da falta de expressividade, como em "carabina". D) supressão de sons vocálicos e consonantais de palavras, como em “Álvaro”. E) preferência por terminar palavras em sons consonantais, como em “revórver”. QUESTÃO 18 Alfaiataria Aguia de ouro Quanto ao nome da Alfaiataria Aguia de Ouro cresci ouvindo meu pai contar que alguém de passagem por uma cidade do interior (nada contra as cidades do interior) e precisando de um alfaiate pediu informações e lhe foi recomendado um logo ali, muito bom. Ao ver a placa da alfaiataria disse ao proprietário lamentar muito, que embora lhe tivessem dito se tratar de um alfaiate de mão cheia, não confiava em alguém que escrevia errado o nome do próprio negócio. — O acento, o senhor não colocou o acento de águia, Alfaiataria Águia de Ouro. O alfaiate olha o visitante com estranheza e explica: — Não, senhor; Aguia [agúia] de Ouro. Disponível em: https://www.scribd.com. Acesso em: 10 out. 2019. O humor do texto é motivado pela variação linguística que se reflete no processo de escrita do alfaiate. No desfecho da anedota, o uso da norma- padrão na placa da alfaiataria poderia ter sido feito para A) ser fidedigna aos jargões do universo da costura. B) insinuar os atributos intelectuais do profissional. C) comprovar a qualidade nos serviços prestados. D) acatar as exigências dos receptores eruditos. E) evitar mal-entendidos entre os interlocutores. QUESTÃO 19 Na tirinha, o efeito de humor é construído em decorrência da representação da variação linguística A) padrão, pois não se verificam desvios de sintaxe ou de ortografia na fala da personagem. B) diafásica, pois o uso do termo "tipo" foi ligado a um contexto de comunicação específico. C) diastrática, pois representa as escolhas vocabulares de um determinado grupo. D) diacrônica, pois a personagem recorre ao emprego de neologismos. E) diatópica, pois recorre ao uso de termos de origem regional. QUESTÃO 20 No Brasil dizemos que "a menina está brincando", enquanto em Portugal se diz que "a m'nina está a brincar". Há diferenças na fonologia (que se relaciona com a pronúncia), em "menina" e "m'nina", e na morfossintaxe (que diz respeito à maneira de estruturar as frases), em "está brincando" e "está a brincar". Aqui usamos cotidianamente termos como povo, greve, banco, enquanto, em algumas regiões de Portugal, os falantes usam, para designar essas mesmas coisas, as palavras plebe, paredão e armazém de finanças - essas são diferenças quanto ao vocabulário. MARINHO, Janice Helena Chaves; VAL, Maria da Graça Costa.Variação linguistica e ensino. Belo Horizonte: Ceale, 2006. A variação linguística exemplificada no texto se classifica como A) histórica ou diacrônica. B) de estilo. C) Diatópica ou regional. D) Diastrática ou social. E) de modalidade. GABARITO ENEM 1. B Os termos são expressões típicas de uma região específica. Uma forma de perceber isso era observar que se trata de uma obra do escritor Ariano Suassuna, escritor que costuma retratar situações do Nordeste brasileiro. Trata-se de uma variação regional. 2. A No texto, ele relaciona a construção do significado da palavra “mandinga” ao contexto sócio- histórico das grandes navegações. Sendo uma variação linguística histórica. 3. E O texto I é uma replicação da fala da professora (oralidade). Essa questão podia gerar dúvidas pelo fato de muitas pessoas relacionarem expressões usadas na oralidade com uma linguagem informal ou não culta, o que não é verdade. Apesar de representar a fala da professora, o trecho não deixa de ser culto e de tratar de temas intelectuais num contexto de entrevista. 4. B O humor vem da discussão, entre os dois personagens, em um contexto informal, sobre existirem dias específicos para usar certas palavras formais. Trata-se de uma variação situacional. 5. E Quando o menino enfatiza que o seu Sítio Gerimum é com G e não com J, ele torna o seu diferente dos outros e único, criando um laço forte com seu lugar de origem. 6. B O texto trata das ocasiões em que cada termo é mais adequado, se do assim uma variação linguística situacional. 7. B A escolha das palavras do texto adequou-se à intenção do autor de caracterizar o ambiente retrato, através do uso, principalmente, de adjetivos e de advérbios. 8. A Normalmente, a linguagem culta está relacionada a prestígio social, nota-se isso pela opinião da personagem no trecho “cheia de palavras difíceis, mas bonita que só a gota serena”. Lembre-se de que possuir mais prestígio social é diferente de ser melhor ou mais importante que outro tipo de linguagem: por muitos motivos históricos e culturais, a sociedade tende a valorizar mais a culta, mas isso não diminui aimportância das outras. 9. C Questão parecida com a 4, falar sobre a existência de dias da semana em que certos vocábulos fazem-se mais adequados é falar sobre variação linguística situacional, aquela que se adequar ao contexto de fala: coloquial ou formal, etc. 10. B O hino de um país é um texto formal e que exige o uso da norma- padrão. 11. E Os verbos e os pronomes alternam- se entre 2° e 3° pessoa, o que faz com que haja uma mudança de referentes, que se alterna sirene, patrão e o interlocutor 12. B O autor faz uso de expressões como “cantadô”, “amô”, “querê”, “prá” e “alembrá” que fazem parte da variedade popular da língua portuguesa. 13. E O texto reproduz uma variedade linguística coloquial, muito comum na oralidade, ao suprimir o uso da preposição “a” na pergunta “A que horas ela chega?”. 14. A A expressão “inventário do português brasileiro” equivale a “patrimônio do português brasileiro” e é exatamente sobre o que é tratado no texto: expressões linguísticas usadas pelos brasileiros. 15. C Apesar de se tratar de um texto que usa termos técnicos do campo judicial, como “deferimento”, o jogo de linguagem que é feito, a partir de um texto poético e em versos, quebra com o rigor comum dos textos jurídicos, dessa forma, existe uma atenuação da gravidade do crime cometido. 16. D O texto retrata uma linguagem específica dos “empreendedores de palco” através de termos técnicos como “mindset” e “networking” e ressalta que é possível identificar esses indivíduos pela linguagem usada por eles. 17. A A norma padrão faz-se necessária em certos contextos sociais como no caso do texto da questão, que se refere A um pedido do personagem ao Congresso Nacional. É um exemplo de variação situacional. 18. D É possível perceber, no texto, a intenção do autor em valorizar o uso das variedades populares da língua. Como exemplo de um trecho em que isso fica claro, temos: “Que ora ofereço ao filólogo Aurélio Buarque de Hollanda Para que as registre em seus léxicos Pois o povo já as registrou.” 19. D O emprego de ditados populares tem importância para o patrimônio linguístico e cultural do país, pois resgatam expressões que estão relacionadas com o saber coletivo. Exemplo desses ditados no texto são “Quem não tem brio engorda!” e “P’ra uns, as vacas morrem... p’ra outros até boi pega a parir...”. 20. A Trata-se de um exemplo de variedade regional da língua. GABARITO DEMAIS QUESTÕES 1. C É necessário identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro. O texto foi retirado de uma revista de língua portuguesa e demonstra uma preocupação com a manutenção de uma obediência ao padrão formal da língua. 2. A A pronúncia das palavras, citada no texto, é objeto de estudo da área da linguística chamada de fonologia (estudo dos fonemas). 3. A O termo “cousas” é considerado, atualmente, um arcaísmo, não sendo mais tão utilizado como antigamente. Sendo uma variação histórica. 4. A A assistente solicitou que o político fizesse uso do plural na construção de suas frases, para respeitar a concordância. Entretanto, por desconhecer o conteúdo linguístico do que a moça falou, ele entendeu que a palavra “plural” fazia referência a um grupo social, ao qual o político, supostamente, deveria gerar empregos. 5. B Trata-se de uma variação regional. 6. D O comando da questão enfatiza que o autor refere-se a um grupo social específico: o dos indivíduos que constroem telhados. Sendo assim, trata-se de uma variação sociocultural. 7. D O autor combina o registro formal (respeita a norma padrão da língua) com termos coloquiais, como em “gogó midiático” e em “ninguém aí do Poder em Brasília manja...” 8. B A tirinha representa um diálogo entre caipiras (observe a legenda da tirinha), que são indivíduos que habitam o interior. Assim, trata-se de uma variação regional. 9. D A opinião da personagem que fala “a gente vamos barbarizar” é de que a língua culta é arcaica e cheia de defeitos. Dessa forma, ao ser contestada e questionada, ela estaria perdendo seu prestígio. 10. E O grau de escolaridade do emissor da mensagem, o grupo social a que pertence, assim como sua idade podem ser identificados por meio da linguagem. O eu poético criado por Cora mantém um diálogo com termos regionais típicos do Brasil interiorano. 11. E “Candengue” é um termo angolano e significa menino. A alternativa é correta pois apresenta uma expressão típica do léxico português africano, tratando-se, assim, de uma variação regional. OBS.: Lembre-se que variação regional não diz só a respeito de regiões de um mesmo país. Ela pode tratar de variações entre países diferentes, que fazem uso do português. 12. B A linguagem desenvolvida pela fanpage tem relação com o estilo infantilizado, como mostra o seguinte trecho do texto: “Quem sempre faz voz de bebê para conversar com bichinho de estimação?”. Vale ressaltar que o falante dessa “nova língua” também é capaz de se expressar de maneira formal, informal, rude e assim por diante, o que caracteriza a variação diafásica. 13. E Observando a fonte, nota-se que a revista de onde foram retirados os textos é destinada a pessoas que têm domínio das estruturas da língua. Por isso, exige-se de seus articulistas o uso da língua formal. 14. A A linguagem do papagaio é vista de forma negativa por não atender às regras da norma-padrão. A mulher possui um comportamento preconceituoso ao afirmar que o papagaio fala errado, pois a linguagem do papagaio e do seu antigo dono é válida e gera entendimento, apesar de não seguir a norma-padrão. 15. E Os termos fazem referência a como um mesmo alimento é conhecido em diversas regiões do país. Por exemplo, macaxeira é mais comum no Nordeste e aipim é mais comum no Sul. Verifica- se a existência de uma variação diatópica ou regional. 16. A As falas de Chico Bento contém traços da coloquialidade e estão ligadas à variação utilizada por ele em seu meio social (meio rural). Já as falas da professora são menos coloquiais e respeitam a norma-padrão, devido à postura profissional que a sala de aula exige. Assim, percebe-se a existência de duas variações linguísticas. 17. A Observa-se, como marca da forma de falar do eu lírico, a troca do som das consoantes L e R, como em “frechada” (flechada), “automóver” (automóvel) e “revórver” (revólver). Essa troca atribui significados à canção, por tratar-se de recursos expressivos que caracterizam um modo de falar específico. 18. E O uso da norma-padrão poderia ter evitado mal entendidos entre os interlocutores, principalmente na modalidade escrita da língua. O texto mostrou como a norma-padrão é importante para evitar falhas na comunicação entre pessoas que utilizam tipos diferentes de variantes linguísticas. 19. C A expressão “tipo” é usada para representar a fala de um grupo social específico: o dos jovens, que fazem uso frequente do coloquialismo e de gírias. 20. C O texto trata da diferença entre os vocábulos usados no Brasil e em Portugal (diferentes lugares). Dessa forma, a variação linguística usada constitui-se como regional, geográfica ou diatópica.