Buscar

Direito Processual Civil - Aula 06

Prévia do material em texto

Aula 06
Curso: Direito Processual Civil p/ TRF 3ª Região (Técnico Judiciário - Área
Administrativa)
Professor: Gabriel Borges
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 118 
 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ TRF- 3ª Região ± TÉCNICO JUDICIÁRIO ± 
ÁREA ADMINISTRATIVA 
 
AULA 06: Da sentença e da coisa julgada. Da liquidação e do cumprimento da 
sentença. Da ação rescisória. Dos recursos: das disposições gerais. 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
1. Capítulo XII: Da sentença e da coisa julgada. Da liquidação e do 
cumprimento da sentença. 02 
2. Capítulo XIII: Da ação rescisória 16 
3. Capítulo XIV: Dos recursos: das disposições gerais 24 
4. Resumo 72 
5. Questões comentadas 74 
6. Lista das questões apresentadas 106 
7. Gabarito 118 
 
 
 CAPÍTULO XII: DA SENTENÇA E DA COISA JULGADA. DA LIQUIDAÇÃO E DO 
CUMPRIMENTO DA SENTENÇA. 
 
Sentença é amplamente conhecida como sinônimo de decisão judicial que 
dá fim ao processo. A despeito de que havendo apelação outro será o 
pronunciamento que encerrará o processo. 
O conceito mencionado acima é o da antiga redação do parágrafo primeiro 
do artigo 162, que em 2005 foi alterado. Atualmente, sentença é o ato do juiz que 
implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei (§ 1º, art. 162). 
 Ela pode ser terminativa, quando encerra o processo (por isso, não se 
confundindo com a decisão interlocutória) sem julgamento do mérito (art. 267). E 
pode ser de mérito (definitiva), nos casos do art. 269. 
 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 118 
 
 
1. Classificação 
1.1. Sentença declaratória 
Declara a existência ou não de uma relação jurídica de direito material. Para 
que haja uma sentença meramente declaratória é necessária uma crise de incerteza 
objetiva e real, que caso não seja solucionada acarretará danos ao autor. 
Produz efeitos ex tunc (retroativos), pois a sentença declaratória não inova, 
somente confirma a certeza jurídica da relação processual. 
Obs.: É facultado ao STF mudar o efeito da decisão de procedência na ADIN ± 
modulação, visando à segurança jurídica e excepcional interesse social. 
 
1.2. Sentença constitutiva 
É a criação, extinção ou modificação da relação jurídica. São chamadas de 
sentença constitutiva positiva, negativa ou modificativa, respectivamente. 
A sentença constitutiva causará o efeito de alteração da situação jurídica 
pré-existente. Assim, os efeitos são ex nunc (não retroagem). 
São classificadas em necessárias e facultativas. É necessária quando 
somente por intervenção judicial pode obter-se alteração jurídica, como anulação de 
casamento. Por sua vez, são facultativas quando há litígio, pois não há necessidade 
de intervenção jurídica para extinguir lide. Assim, se a situação jurídica que se 
pretende ± solução da lide ± é alcançável sem a sentença, ela é facultativa. 
 
1.3. Sentença condenatória 
A um só tempo declara a existência do direito do autor e forma as condições 
necessárias para o adimplemento da obrigação do réu. Cria título executivo. 
1.4. Sentença mandamental 
Nela há ordem do juiz para que faça ou deixe de fazer algo, impondo 
sanções. De modo que não se limita à condenação do vencido. 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 118 
 
 
Não há fase de execução. A sentença mandamental se satisfaz pelo 
cumprimento da ordem, sem o uso de medias de apoio (sem atos materiais de 
execução). 
Alcança a vontade do vencido. Distinguindo-se da executiva lato senso, que 
alcança o patrimônio. 
 
1.5. Sentença executiva lato senso 
Comum nas ações possessórias e de despejo. Ela dispensa o processo de 
execução em momento posterior para ser satisfeita, uma vez que se autoexecuta. 
Há instrumentos de apoio à execução. 
Enquanto na condenatória o direito é de crédito, na executiva, o direito é 
real. A condenatória retoma bem que estava de modo indevido com a outra parte, e, 
na executiva, o bem estava de modo legítimo com a outra parte. 
 
2. Requisitos da sentença 
 São requisitos da sentença o relatório, a fundamentação e o dispositivo. 
Art. 458. São requisitos essenciais da sentença: 
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da 
resposta do réu, bem como o registro das principais ocorrências havidas no 
andamento do processo; 
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; 
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as partes lhe 
submeterem. 
 Vejamos o conceito e objetivo de cada um dos requisitos. 
2.1. Relatório 
É o resumo da demanda em que será indicado pelo magistrado: as partes, 
suma do pedido, suma da defesa e descrição dos atos centrais praticados no 
processo. 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 118 
 
 
Relatório 
Histórico dos atos principais do processo. Faz parte apenas das sentenças e acórdãos. 
(art. 165, CPC) 
O objetivo é demonstrar o pleno conhecimento da demanda por parte do 
magistrado. A ausência do relatório causará a nulidade da sentença. No entanto, a 
presunção de nulidade é relativa. Temos vários casos em que a ausência do 
relatório não gera nulidade da sentença como, sentenças dos Juizados Especiais 
Cíveis, relatório per relationem ± magistrado reporta-se a relatório realizado em outra 
demanda. 
 
2.2. Fundamentação 
É um elemento essencial a decisão em que o juiz encontrará todas as 
questões de fato e de direito que o capacitarão para justificar a conclusão no 
dispositivo. Em bXVFD�GD� ³YHUGDGH�SRVVtYHO´� WRUQD-se necessária a fundamentação 
da convicção do magistrado para a tomada de decisão. 
A Carta Magna determina que toda decisão judicial deve ser motivada. 
 
2.3. Dispositivo 
O dispositivo é elemento central presente nos pronunciamentos judiciais 
contendo conteúdo decisório. É a conclusão decisória da sentença, decorrente da 
fundamentação, em que serão criados os efeitos práticos da sentença. 
O juiz poderá elaborar o dispositivo direto e indireto. No direto o magistrado 
indicará o direito obtidopelo autor; já no indireto será acolhido o pedido do autor, 
mas o magistrado não indicará o direito obtido. Limitando-se a julgar procedente o 
pedido. 
Obs.: O dispositivo tem natureza obrigatória e a ausência acarretará em grave vício 
± gera inexistência jurídica do ato. 
 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 118 
 
 
3. Princípio da congruência 
Art. 460. É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza 
diversa da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto 
diverso do que lhe foi demandado. 
O princípio da congruência trata de uma proibição ao magistrado. Não 
poderá o juiz conceder nada a mais (ultra petita) ou diferente do que foi pedido 
(extra petita). 
Assim, como não poderá fundamentar-se em causa de pedir diferente da 
narrada pelo autor; caso não seja observado esse princípio a sentença será 
considerada nula. 
Existem exceções, previstas em Lei, ao princípio da congruência. 
1) Pedidos implícitos: o magistrado poderá conceder o que não foi 
demando pelo autor. 
2) Fungibilidade: o magistrado poderá conceder tutela diferente da 
requerida nas ações possessórias e cautelares. 
3) Demandas cujo objetivo é uma obrigação de fazer ou não fazer: o 
magistrado poderá conceder tutela diversa. 
4) O STF também admite o afastamento do princípio da congruência 
quando declarar inconstitucionalidade de uma norma, pedida pelo autor, possa 
declarar outra norma inconstitucional. 
Quanto ao atendimento do pedido pelo juiz, portanto, a sentença poderá ser: 
x Extra petita 
Concede tutela jurisdicional diversa da que o autor pleiteou. Também refere 
ao bem ou ao direito concedido de modo diverso ao pleiteado pelo autor. 
x Citra petita (infra petita) 
A tutela jurisdicional concedida fica aquém da pretendida. 
x Ultra petita 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 118 
 
 
O juiz concede além do que foi requerido. Não há nulidade da decisão, 
cabendo ao tribunal retirar o excesso, com a redução da condenação. 
 
4. Coisa Julgada 
É a sentença que se torna imutável e indiscutível. Ocorre quando há o 
esgotamento das vias recursais ± a sentença transita em julgado. 
As sentenças podem produzir coisa julgada formal ou material. 
A coisa julgada formal é o impedimento de modificação dos elementos da 
demanda no processo findado. É também chamada de preclusão máxima, pois trata 
de efeito endoprocessual. 
Quando a sentença é proferida sem a resolução de mérito, produzirá a coisa 
julgada formal. Assim, na sentença sem análise de mérito, não se pode discutir os 
fundamentos da decisão no âmbito do processo encerrado, mas admite-se a revisão 
da questão em outra ação judicial. Essa possibilidade poderá ocorrer até mesmo 
quando se apresentam elementos idênticos da ação encerrada. 
Na sentença material, ocorre o fortalecimento do atributo da imutabilidade, 
nesse caso não poderá haver outra demanda judicial e nem rediscussão do 
processo. 
 
4.1. Limites objetivos da coisa julgada 
A coisa julgada somente alcança o dispositivo da sentença. Os fundamentos 
da decisão poderão ser discutidos em outro processo, pois não se submetem a 
coisa julgada, já que se trata de uma atividade de caráter pessoal do juiz. 
Igualmente, não incide a coisa julgada ao relatório, pois o magistrado nada julga 
nessa fase. 
Assim, a coisa julgada alcança o pedido e a causa de pedir, não havendo 
renovação desses elementos em eventual ação instaurada. 
O CPC afirma que só o dispositivo sofrerá o fenômeno da imutabilidade em 
razão da coisa julgada material. 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 118 
 
 
Art. 469. Não fazem coisa julgada: 
I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte 
dispositiva da sentença; 
II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença; 
III - a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no 
processo. 
 
4.2. Limites subjetivos da coisa julgada 
A coisa julgada vinculará somente às partes do processo. Assim, não 
produzirá efeitos, nem para beneficiar nem para prejudicar, sobre terceiros. Nesse 
caso, a coisa julgada produzirá efeitos inter partes. No entendo existe duas 
exceções em que os efeitos da coisa julgada incidirão sobre terceiros. São eles: 
sucessores das partes e substituídos processuais. 
Podemos, ainda, citar as ações de demanda coletivas, os interesses 
coletivos e os individuais homogêneos como exceções a produção de coisa julgada 
em relação a terceiros. 
 
DA LIQUIDAÇÃO E DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA 
1. Liquidação 
É a determinação do objeto da condenação. Devemos saber que todos os 
títulos executivos judiciais, inclusive a homologação de sentença estrangeira, que 
não constitui propriamente uma sentença, e a sentença arbitral, poderão ser objeto 
de liquidação. 
Apesar da expressão liquidação de sentença, é importante saber que não se 
liquidam sentenças e, sim, obrigações ilíquidas contidas nas sentenças. Além disso, 
devemos ter em mente que as sentenças ilíquidas são exceções no direito brasileiro, 
sendo cabível em pedidos genéricos. 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 118 
 
 
Sendo o pedido certo, é vedado ao juiz proferir sentença ilíquida (parágrafo 
único, art. 459, CPC). 
A vedação acima também é aplicada nos casos em que o autor apresentar o 
pedido sem o cumprimento do requisito da determinação. O código prevê, ainda, 
(art. 475-A, § 3º) que em sentenças de rito sumário não será permitida a sentença 
ilíquida, devendo o magistrado fixar de plano, a seu prudente arbítrio, o valor 
devido. 
Obs.: O título executivo extrajudicial tem que conter uma obrigação líquida. 
É permitida a liquidação da sentença mesmo que haja no processo recurso 
no efeito suspensivo pendente de julgamento. Nesse caso, será o demandante 
responsável pelos riscos de ingressar com a liquidação enquanto não for proferida a 
decisão definitiva. 
 
1.1. Liquidação por mero cálculo aritmético do credor 
O CPC dispõesobre o procedimento a ser adotado quando for necessário 
cálculo aritmético para determinação do valor exato. Vejamos: 
Art. 475-B. Quando a determinação do valor da condenação depender 
apenas de cálculo aritmético, o credor requererá o cumprimento da sentença, na 
forma do art. 475-J desta Lei, instruindo o pedido com a memória discriminada e 
atualizada do cálculo. 
Assim, o demandante quando apresentar o requerimento inicial para que 
ocorra o cumprimento da sentença, incluirá o demonstrativo de cálculos. 
 
1.2. Dados necessários à elaboração dos cálculos em poder do executado ou 
de terceiros 
Se houver dados em poder do executado ou de terceiros necessários ao 
cálculo, o juiz poderá requisitá-los, tendo o terceiro ou o executado, o prazo de 30 
dias para o cumprimento da diligência. A requisição pelo magistrado será feita 
mediante o pedido do autor. 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 118 
 
 
 
1.2.1. Consequência da ausência de exibição de dados 
 Após a comunicação ao executado ou do terceiro para apresentação dos 
dados, haverá um prazo de 5 dias para que ele apresente defesa. 
Caso os dados não sejam apresentados, serão tidos como corretos os 
cálculos oferecidos pelo exequente. 
No entanto, devemos lembrar que o autor não apresentou nenhum cálculo. 
Assim, será aplicado o mesmo procedimento adotado no caso de terceiros: o juiz 
determinará a busca e apreensão dos dados, com auxílio da força policial, se for 
necessário. Podendo ainda, aplicar astreintes (multas diárias) e tipificar o ato como 
crime de desobediência. 
 
1.2.2. Remessa dos autos ao contador 
Circunstância de caráter excepcional que apresenta duas hipóteses de 
ocorrência. 
A primeira ocorre quando há aparência de que os cálculos excederam os 
limites da decisão exequenda, ou seja, relaciona-se com a regularidade dos cálculos 
apresentados. A segunda é prerrogativa facultada ao exequente, que, sendo 
beneficiário da assistência jurídica, poderá valer-se do contador judicial para 
determinação do valor da execução. 
 
1.3. Liquidação por arbitramento 
Ocorrerão em três hipóteses: 
1) Acordo entre as partes. 
2) Quando a natureza do objeto da liquidação exigir. 
3) Determinação na sentença. 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 118 
 
 
A liquidação por arbitramento somente ocorrerá quando o magistrado 
entender que para a obtenção do quantum debeatur (quanto se deve) seja 
necessária a realização de perícia. 
Além disso, para que haja a liquidação por arbitramento não poderá ter 
ocorrido alegação e prova de fato novo. Somente será possível a realização de 
perícia dos fatos já estabelecidos na sentença ilíquida. 
O art. 475-D do CPC dispõe sobre o procedimento da liquidação por 
arbitramento. 
Requerida a liquidação por arbitramento, o juiz nomeará o perito e fixará o 
prazo para a entrega do laudo. 
Parágrafo único. Apresentado o laudo, sobre o qual poderão as partes 
manifestar-se no prazo de dez dias, o juiz proferirá decisão ou designará, se 
necessário, audiência. 
 
1.4. Liquidação por artigos 
Será demandada quando necessária for a alegação de fatos novos. 
Essa modalidade de liquidação tem natureza complexa e demorada, por isso 
só será utilizada quando não se puder aplicar as outras duas, liquidação por mero 
cálculo aritmético e liquidação por arbitramento. 
Devido a sua complexidade é possível que o demandado, após a citação e 
em presença do seu advogado, apresente resposta ampla ± com defesas 
processuais dilatórias e peremptórias e defesas de mérito diretas e indiretas. 
Também poderá responder a citação com a intervenção de terceiros ou 
reconvenção, desde que preenchidos os requisitos legais. 
Por fim, a liquidação por artigos é uma fase de conhecimento de cognição 
limitada. Dessa maneira, segue o procedimento de rito sumário e ordinário, ou seja, 
o que for aplicável ao procedimento comum se aplicará também à liquidação por 
artigos, inclusive quanto à revelia. 
 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 118 
 
 
2. Do Cumprimento 
2.1. Cumprimento de sentença de obrigação de entregar coisa 
As regras dispostas no art. 461, §§ 1º a 6º do CPC serão aplicadas ao 
cumprimento de sentença de obrigação de entregar coisa. 
O legislador não determinou procedimento específico para a fase de 
cumprimento da sentença, cabendo ao magistrado adotar o procedimento mais 
adequado ao caso concreto, para que seja satisfeito o direito do credor. 
Devemos lembrar que na execução de sentença que condena o réu à 
entrega de coisa, o código somente dispõe sobre a necessidade do procedimento 
inicial para a hipótese de entrega da coisa incerta. 
 
Aspectos Procedimentais 
x O magistrado, ao proferir a sentença que condena o réu à entrega da coisa, 
deverá determinar o prazo para a satisfação da obrigação. 
x Quando o bem é incerto, determinado pelo gênero e quantidade, e couber a 
escolha ao credor, esse a individualizará na peça inicial; caso a escolha seja 
do devedor, esse terá que entregar o bem individualizado. 
x A lei determina que a individualização feita pelo credor deve constar na 
petição inicial, mas devemos interpretar o disposto da seguinte maneira: a 
individualização constará do requerimento inicial no cumprimento de 
sentença. 
x Caso a obrigação não seja cumprida no prazo determinado pelo juiz, esse 
expedirá um mandado de busca e apreensão ou imissão na posse. 
x O juiz também poderá aplicar multa coercitiva na hipótese de não satisfação 
da obrigação. 
 
2.2. Cumprimento de sentença ± obrigação de pagar quantia certa 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 118 
 
 
Vamos analisar o cumprimento da sentença que tenha como objeto uma 
obrigação de pagar quantia certa. 
O art. 475-J, caput, do CPC, prevê uma multa no percentual de 10 por cento, 
caso o pagamento não se satisfaça no prazo de 15 dias. 
Esse prazo começa a ser contado a partir do momento em que se torna 
definitiva a decisão ± trânsito em julgado. Quandoa sentença transita em julgado 
não há necessidade de intimação do réu, pois o prazo de 15 dias inicia-se 
automaticamente. 
A multa só não será aplicada se o pagamento for realizado. Lembramos que 
o oferecimento de bens à penhora não satisfaz o pagamento, devendo ser 
computada a multa de 10 por cento. Quando o devedor efetua o pagamento parcial, 
a multa incidirá sobre o montante restante. 
Por fim, vale lembrar, em relação à aplicação da multa que, se o devedor 
não tem como pagá-la em espécie ou não conseguir vender o seu bem, no prazo de 
15 dias, poderá oferecer outro bem para satisfazer a obrigação. 
Agora que já sabemos o prazo para a satisfação do pagamento, vamos falar 
dos procedimentos para o cumprimento da sentença de obrigação de pagar quantia 
certa. 
Vamos lá! 
Para que se inicie o cumprimento da sentença, o demandante deverá 
manifestar sua vontade de maneira expressa. Assim, como forma de provocação, 
será necessário o requerimento. 
Bem, já sabemos que por meio do requerimento se inicia a fase de 
cumprimento. Então, não há petição inicial? 
Resposta: Não. 
E o que ocorre após o requerimento inicial? 
Bem, após o requerimento, ocorrerá a expedição do mandado de penhora e 
avaliação. Será necessária, por parte do exequente, a apresentação do 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 118 
 
 
demonstrativo do débito atualizado até a data da propositura da ação. Essa 
exigência é aplicada para os casos que versam sobre a execução por quantia certa. 
Do auto de penhora e de avaliação será de imediato intimado o executado, 
na pessoa de seu advogado, ou, na falta deste, o seu representante legal, ou 
pessoalmente, por mandado ou pelo correio, podendo oferecer impugnação, 
querendo, no prazo de quinze dias (art. 475-J, § 1º. CPC). 
Alguns comentários relevantes acerca do artigo supracitado. 
xApesar do entendimento de que o ingresso da impugnação está 
condicionado à existência da garantia em juízo, é admissível a impugnação 
sem a necessidade de tal garantia. 
xApós a penhora, ocorrerá a intimação e, a partir de então, o 
demandado terá o prazo de 15 dias para apresentar a impugnação. 
xO demandado poderá, apesar do exposto acima, ingressar com a 
impugnação a qualquer tempo, inclusive antes da constrição judicial. 
 
- Remessa dos autos ao arquivo e os honorários advocatícios 
Na hipótese de omissão do demandante em iniciar a fase de cumprimento 
de sentença e transcorridos seis meses, o magistrado mandará os autos ao arquivo. 
Poderá o demandante reabri-lo em fase posterior. 
Esse prazo para o arquivamento dos autos não interfere no da prescrição 
intercorrente que deverá ser computado desde o trânsito em julgado. 
Em relação aos honorários advocatícios, o STJ decidiu, em 2008, que se for 
necessário ao exequente promover o cumprimento da sentença, caberá ao 
executado os custos dos honorários, dos quais, somente, se isentará caso cumpra 
de modo voluntário a obrigação. 
 
2.3. Cumprimento de sentença da obrigação de fazer e não fazer 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 118 
 
 
Em relação aos aspectos procedimentais, devemos lembrar quando há 
sentença condenatória de obrigação de fazer e não fazer: 
1) ainda não transitada em julgado: a execução provisória dependerá de 
requerimento do demandante. 
2) transitada em julgado: o magistrado poderá iniciar de ofício o 
cumprimento da sentença. 
x Tutela específica: o art. 461, § 5º do CPC prevê as formas 
executivas de instrumentalização da tutela específica. 
Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático 
equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas 
necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e 
apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de 
atividade nociva, se necessário com requisição de força policial. 
No entanto, nem sempre é possível obter a tutela específica no caso 
concreto, o que torna viável a conversão da obrigação de fazer e não fazer em 
prestação pecuniária, quando o exequente assim desejar. 
Obs.: O rol apresentado no artigo supracitado é exemplificativo. 
x Multa coercitiva: o magistrado poderá, de plano, aplicar multa ao 
demandado com o intuito de satisfazer a obrigação de fazer ou não fazer. 
O valor da multa não é estipulado na lei, devendo ser valorada de acordo 
com a obrigação ± levando em consideração os princípios da razoabilidade e 
proporcionalidade. 
Esse valor poderá ser modificado pelo juiz, uma vez que entenda que o valor 
fixado anteriormente não mais pressiona o devedor a cumprir a obrigação. 
x Fazenda Pública: o STJ entende que é possível a aplicação de 
astreintes contra a Fazenda Pública quando essa for devedora da obrigação de 
fazer e não fazer. 
 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 118 
 
 
CAPÍTULO XIII ± DA AÇÃO RESCISÓRIA 
A sentença transitada em julgado é imutável entre as partes? A resposta, a 
princípio, seria sim; mas comporta exceção. 
Bem, nesse tópico discutiremos a ação rescisória, que é o meio utilizado 
para questionar a sentença que já transitou em julgado. 
Conceito 
AÇÃO RESCISÓRIA é ação autônoma, de impugnação, que tem por objetivo 
rescindir decisão judicial transitada em julgado, podendo ensejar novo julgamento da 
causa. 
O objetivo dessa ação é anular ato estatal, com força de lei entre as partes, 
e não o declarar nulo. Isso ocorre porque o julgamento revestido de coisa julgada 
será apenas anulável e jamais decisão ou julgamento nulo. 
Ela é o meio mais eficaz de controle da coisa julgada. Tem competência 
originária nos tribunais. Serve tanto para desfazer decisões formalmente incorretas 
como materialmente injustas. De modo que pode revogar uma decisão por defeito 
ou por injustiça. 
O direito de propor ação rescisória se extingue em 2 anos (prazo 
decadencial), contados do trânsito em julgado da decisão. 
ATENÇÃO 
1) A ação rescisória não é recurso, é ação autônoma de impugnação, 
dando ensejo a um novo processo. 
Para que seja cabível, deve existir uma decisão rescindível, em regra, uma 
decisão de mérito transitada em julgado. Pode ser sentença, acórdão. Mas, não 
cabe rescisória de julgamento de ADI, ADC, ADPF. 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civilʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 118 
 
 
2) O art. 8º-C da Lei nº 6.739/79 prevê prazo de oito anos, contados do 
trânsito em julgado da decisão, para ajuizamento de ação rescisória relativa a 
processos que digam respeito a transferência de terras públicas rurais. 
1. Cabimento 
Estão previstas no art. 485, hipóteses gerais, e no art. 1.030, relativa à 
partilha. 
A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando 
(art. 485, CPC): 
I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do 
juiz; 
II - proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente; 
III - resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou 
de colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei; 
IV - ofender a coisa julgada; 
V - violar literal disposição de lei; 
VI - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo 
criminal ou seja provada na própria ação rescisória; 
VII - depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja existência 
ignorava, ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar 
pronunciamento favorável; 
Obs.: esse documento deve ter uma eficácia probatória tal que, por sua análise, seja 
possível reverter a decisão. 
VIII - houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, 
em que se baseou a sentença; 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 118 
 
 
IX - fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa. 
Obs.: O CPC considera que há erro quando: a sentença admitir um fato 
inexistente, ou quando considerar inexistente um fato efetivamente ocorrido; 
sendo indispensável, num como noutro caso, que não tenha havido controvérsia, 
nem pronunciamento judicial sobre o fato. 
2. Legitimidade 
Ativa: Pode propor a ação rescisória: a parte no processo originário ou seus 
sucessores, o terceiro prejudicado com a decisão e o Ministério Público. 
O artigo 487, III, diz que o Ministério Público, custus legis, pode propor ação 
rescisória em dois casos: 
a) se não foi ouvido no processo, em que lhe era obrigatória a intervenção; 
b) quando a sentença é o efeito de colusão das partes, a fim de fraudar a lei. 
Contudo esse rol é exemplificativo, não exaurindo a competência do 
Ministério Público para a ação. 
Passiva: Todo aquele que puder sofrer consequência negativa com a 
rescisão da decisão. 
3. Procedimento 
A petição inicial deverá ser elaborada com observância dos requisitos 
essenciais do art. 282, sendo ainda dever do autor: a) cumular ao pedido de 
rescisão, se for o caso, o de novo julgamento da causa; b) depositar a importância 
de 5% sobre o valor da causa, a título de multa, caso a ação seja, por unanimidade 
de votos, declarada inadmissível ou improcedente (art. 488). 
Desse modo, o autor, sempre que for o caso, deve cumular os dois juízos. A 
cumulação é obrigatória e não facultativa do pedido de cumulação dos dois juízos, 1- 
de rescisão de sentença e 2- de novo julgamento da causa. 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 118 
 
 
Além disso, devemos atentar para a intervenção do Ministério Público, que é 
obrigatória em todas as ações rescisórias, uma vez que a proteção da coisa julgada 
é de interesse público. 
Quanto ao prazo de defesa, na ação rescisória não é fixo, podendo o relator 
fixar o prazo entre 15 e 30 dias. Ademais, se a Fazenda Pública for ré, o prazo será 
contado em quádruplo, entre 60 e 120 dias. 
A rescisória exige, como citamos há pouco, um depósito do autor prévio de 
5% do valor da causa; esse depósito reverterá ao réu da ação rescisória se ela for 
rejeitada por unanimidade. Nas ações rescisórias trabalhistas, esse percentual é de 
20%. 
Contudo, estão isentos do depósito: o poder público; o Ministério Público; os 
beneficiários da justiça gratuita; além disso, a Caixa Econômica Federal não precisa 
fazer esse depósito nas rescisórias envolvendo FGTS. 
Julgando procedente a ação, o tribunal rescindirá a sentença, proferirá, se 
for o caso, novo julgamento e determinará a restituição do depósito; declarando 
inadmissível ou improcedente a ação, a importância do depósito reverterá a favor do 
réu, sem prejuízo do disposto no art. 20. 
ATENÇÃO 
O ajuizamento da ação rescisória não impede o cumprimento da sentença 
ou acórdão rescindendo; mas, caso imprescindíveis e sob os pressupostos previstos 
em lei, são possíveis medidas de natureza cautelar ou antecipatória de tutela. 
 
(TRT 11ª Região ± FCC 2012) Numa ação ordinária, o 
autor não se conformou com a decisão final de mérito 
transitada em julgado, por entender que a mesma violou 
literal disposição de lei. Nesse caso, para ajuizar ação 
rescisória, 
a) não é necessário que tenham sido esgotados todos 
os recursos contra a decisão rescindenda. 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 118 
 
 
b) é possível reexaminar a prova produzida no processo 
originário para verificar a eventual violação. 
c) deve demonstrar que a decisão se baseou em 
orientação controvertida nos tribunais. 
d) é necessário que tenha prequestionado a questão no 
processo originário. 
e) não é necessário que sejam apontados os 
dispositivos supostamente violados pela decisão. 
Gabarito: A 
(TCE SP ± FCC 2012) A sentença de mérito, transitada 
em julgado, NÃO poderá ser rescindida quando 
a) fundada em erro de fato, que foi objeto de 
controvérsia entre as partes litigantes, resultante de 
documentos da causa. 
b) houver fundamento para invalidar desistência em que 
se baseou a sentença. 
c) se fundar em prova, cuja falsidade seja provada na 
própria ação rescisória. 
d) resultar de colusão entre as partes, a fim de fraudar a 
lei. 
e) houver fundamento para invalidar transação em que 
se baseou a sentença. 
Gabarito: A 
(TRT 20ª Região SE ± FCC 2011) A respeito da ação 
rescisória, considere: 
I. A propositura de ação rescisória autoriza o juízo de 
primeiro grau, com base no poder geral de cautela, a 
suspender a execução. 
II. O Ministério Público tem legitimidade para propor 
ação rescisória para desconstituir a coisa julgada 
quando resultou de colusão entre as partes a fim de 
fraudar a lei. 
III. Na ação rescisória podemser concedidas, caso 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 118 
 
 
imprescindíveis e sob os pressupostos previstos em lei, 
medidas de natureza cautelar ou antecipatória de tutela. 
Está correto o que se afirma APENAS em 
a) I. 
b) I e II. 
c) I e III. 
d) II e III. 
e) III. 
Gabarito: D 
(TRT 4ª Região ± FCC 2011) Caberá ação rescisória, 
dentre outras hipóteses, quando a sentença de mérito 
transitada em julgado 
a) tiver sido proferida por Juiz Substituto. 
b) for injusta. 
c) não tiver examinado adequadamente a prova dos 
autos. 
d) puder ser revista face a documento de cuja 
existência a parte sabia, mas não juntou aos autos por 
esquecimento do advogado. 
e) ofender a coisa julgada. 
 Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, 
pode ser rescindida quando: [...] 
 IV - ofender a coisa julgada. 
Vejamos os demais casos cabíveis de ação rescisória: 
1) se verificar que foi dada por prevaricação, 
concussão ou corrupção do juiz; 
2) proferida por juiz impedido ou absolutamente 
incompetente; 
3) resultar de dolo da parte vencedora em 
detrimento da parte vencida, ou de colusão entre 
as partes, a fim de fraudar a lei; 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 118 
 
 
4) violar literal disposição de lei; 
5) se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido 
apurada em processo criminal ou seja provada 
na própria ação rescisória; 
6) depois da sentença, o autor obtiver documento 
novo, cuja existência ignorava, ou de que não 
pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe 
assegurar pronunciamento favorável; 
7) houver fundamento para invalidar confissão, 
desistência ou transação, em que se baseou a 
sentença; 
8) fundada em erro de fato, resultante de atos ou de 
documentos da causa. 
Gabarito: E 
(TRT 23ª Região ± FCC 2011) A respeito da ação 
rescisória, considere: 
I. Quando a ação for proposta pelo Ministério Público 
Federal, a União deverá depositar a importância de 5% 
do valor da causa, a título de multa, caso a ação seja, 
por unanimidade de votos, declarada inadmissível ou 
improcedente. 
II. O terceiro juridicamente interessado tem, dentre 
outros, legitimidade para propor a ação. 
III. O direito de propor ação rescisória é imprescritível e 
não se extingue, podendo ser exercido pelos 
sucessores da parte prejudicada pela sentença ou 
acórdão. 
Está correto o que se afirma APENAS em 
a) II. 
b) I e II. 
c) I e III. 
d) II e III. 
e) I. 
Possuem legitimidade para propor a ação rescisória: 
1) Quem foi parte no processo ou o seu sucessor a 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 118 
 
 
título universal ou singular; 
2) Terceiro juridicamente interessado; 
3) Ministério Público 
Gabarito: A 
(TRT 14ª Região ± FCC 2011) A respeito da ação 
rescisória, é correto afirmar que 
a) não são cabíveis as medidas de natureza cautelar ou 
antecipatória de tutela. 
b) o simples ajuizamento da ação rescisória impede o 
cumprimento da sentença ou acórdão rescindendo. 
c) o terceiro juridicamente interessado tem legitimidade 
para propor a ação. 
d) o direito de propor a ação rescisória se extingue em 
cinco anos, contados do trânsito em julgado da decisão. 
e) a petição inicial ajuizada pelo Ministério Público não 
poderá ser indeferida. 
Veja a questão anterior. 
Gabarito: C 
(Advogado ± FCC 2011) Na ação rescisória 
a) podem ser deferidas medidas cautelares e cabe a 
antecipação de tutela em casos imprescindíveis e sob 
os pressupostos previstos em lei. 
b) o depósito feito pelo autor no momento do ajuiza- 
mento reverterá em favor do Estado, a título de custas, 
se a ação for julgada procedente. 
c) o prazo de dois anos para a sua propositura conta- 
se da data em que foi proferida a sentença de mérito. 
d) o depósito feito pelo autor no momento do 
ajuizamento reverterá em favor do réu, a título de 
indenização, se a ação for julgada improcedente, não 
sendo devidos honorários advocatícios decorrentes da 
sucumbência. 
e) o autor não poderá na petição inicial cumular ao 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 118 
 
 
pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento 
da causa. 
 Art. 489. O ajuizamento da ação rescisória não 
impede o cumprimento da sentença ou acórdão 
rescindendo, ressalvada a concessão, caso 
imprescindíveis e sob os pressupostos previstos em lei, 
de medidas de natureza cautelar ou antecipatória de 
tutela 
Gabarito: A 
(TRT 14ª Região ± FCC 2011) A respeito da ação 
rescisória, é correto afirmar: 
a) Não tem legitimidade para propor a ação rescisória o 
sucessor a título universal de quem foi parte no 
processo. 
b) Os atos judiciais em que a sentença for meramente 
homologatória podem ser rescindidos como os atos 
jurídicos em geral, nos termos da lei civil. 
c) A sentença de mérito transitada em julgada pode ser 
rescindida quando a sentença for injusta em razão da 
má interpretação da prova. 
d) Não se admite ação rescisória contra sentença 
transitada em julgado, se contra ela não se tenham 
esgotado todos os recursos. 
e) A sentença de mérito transitada em julgado pode ser 
rescindida quando for injusta em razão da errônea 
interpretação do contrato. 
 Art. 486. Os atos judiciais, que não dependem de 
sentença, ou em que esta for meramente 
homologatória, podem ser rescindidos, como os atos 
jurídicos em geral, nos termos da lei civil. 
Gabarito: B 
 
 
 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 118 
 
 
CAPÍTULO XIV: DOS RECURSOS 
 
1. Recurso 
O recurso é o meio utilizado para reexaminar uma decisão judicial, no cursoou no desfecho do processo, que tenha causado prejuízo a uma das partes, a 
terceiros ou ao Ministério Público. É o remédio voluntário de uso endoprocessual e, 
por isso, não se confunde com os sucedâneos recursais ± mandado de segurança, 
reclamação. 
Ele se destina a provocar o reexame das decisões judiciais por um grau de 
jurisdição superior. Pretende-se, assim, evitar erros judiciários, ao submetê-las a 
uma nova análise. Com o recurso ocorre um prolongamento da relação processual, 
e não o surgimento de um novo processo. Ele constitui uma etapa do procedimento. 
Lembre-se, a identidade de processo não significa a identidade de autos, 
uma vez que o recurso pode desenvolver-se em autos próprios, como o agravo de 
instrumento. Ele, no entanto, continuará a ser parte do mesmo processo no qual a 
decisão impugnada foi proferida. 
ATENÇÃO 
A ausência de citação do recorrido demonstra que o recurso é um 
prolongamento da relação processual, ou seja, ele se desenvolverá no próprio corpo 
do processo. O que ocorre é uma intimação para que o recorrido apresente, 
livremente, as contrarrazões. 
Exceção: Art. 285-A: Quando a matéria controvertida for unicamente de 
direito e no juízo já houver sido proferida sentença de total improcedência em outros 
casos idênticos, poderá ser dispensada a citação e proferida sentença, 
reproduzindo-se o teor da anteriormente prolatada. 
§ 2o Caso seja mantida a sentença, será ordenada a citação do réu para 
responder ao recurso. 
Assim, temos o gênero: meios de impugnação das decisões judiciais, do 
qual são espécies, o recurso e os sucedâneos recursais (lembrando que estes não 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 118 
 
 
se confundem com aqueles; tudo que não for recurso será considerado sucedâneo 
recursal ± análise comparativa residual). Todavia, o mecanismo recursal é, em 
muitos casos, excessivamente oneroso; sem contar que as partes podem submeter-
se a um longo período de espera para receber a prestação jurisdicional. 
O recurso possui cinco características essenciais: voluntariedade; previsão 
legal expressa; utilização pelas partes, terceiros e MP; desenvolvimento no próprio 
processo; objetivo de reformar, anular, integrar ou esclarecer decisão judicial. 
Todavia, o mecanismo recursal é, em muitos casos, excessivamente oneroso; sem 
contar que as partes podem submeter-se a um longo período de espera para 
receber a prestação jurisdicional. 
 
1.1. Classificação dos recursos 
Vamos comentar as mais importantes classificações recursais. São as 
relativas a: objeto imediato do recurso, fundamentação recursal, abrangência da 
matéria impugnada e independência (também chamada de subordinação). 
 
1.2. Objeto imediato do recurso 
No objeto imediato, os recursos se dividem em ordinários e extraordinários. 
Os recursos que possuem como objeto imediato a proteção e a preservação da boa 
aplicação do direito são classificados como recursos extraordinários. 
Os recursos extraordinários têm como objetivo possibilitar, no caso concreto, 
uma melhor aplicação da lei federal e constitucional. Assim, a intenção é proteger o 
direito objetivo, entendendo-se que a preservação deste é de importância para toda 
a sociedade e não somente para o sucumbente. 
São três as espécies de recursos extraordinários: especial, extraordinário e 
embargos de divergência. Os recursos ordinários, por sua vez, visam proteger o 
interesse particular da parte ± o direito subjetivo. No recurso ordinário também se 
obtém a preservação do direito objetivo, mas como uma mera consequência de seu 
provimento. 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 118 
 
 
1.3. Fundamentação recursal 
Todo recurso deve ser fundamentado, devendo o recorrente expor os 
motivos pelos quais ataca a decisão impugnada, justificando o pedido de 
esclarecimento, integração ou anulação. É a causa de pedir recursal. A 
fundamentação será dividida de acordo com a amplitude da matéria, podendo ser 
vinculada ou livre. 
Nos recursos de fundamentação vinculada, o recorrente terá que 
fundamentar o recurso baseando-se nas matérias previstas em lei ± o rol dessas 
matérias é exaustivo. Caso não siga esse rol, ocorrerá a inadmissibilidade do 
recurso por vício formal. No entanto, essa espécie de recurso é uma 
excepcionalidade, podendo ocorrer, somente, em três casos: nos recursos 
especiais, extraordinários e nos embargos de declaração. 
Nos embargos de declaração, o STJ tem admitido, de modo excepcional, os 
embargos de declaração com efeitos infringentes, não estando a fundamentação 
vinculada às hipóteses legais de omissão, obscuridade e contradição. 
Na fundamentação livre, o recorrente tem liberdade para fundamentar sobre 
as matérias a serem alegadas no recurso, respeitando a limitação lógica e jurídica ± 
a matéria alegada será aquela aplicada ao caso sub judice. Além disso, deve-se 
obedecer aos limites objetivos da demanda e ao sistema de preclusões. Os 
embargos infringentes são exemplo de recurso de fundamentação livre. 
 
1.4. Abrangência da matéria impugnada 
O recurso limitar-se-á à decisão recorrida, ou seja, o tribunal em sede 
recursal fica condicionado a manifestar-se somente sobre as matérias que tenham 
sido decididas no pronunciamento impugnado. 
Os recursos totais são aqueles que têm como objetivo a integralidade da 
parcela da decisão que tenha gerado sucumbência à parte recorrente. Por sua vez, 
os recursos parciais são aqueles em que somente uma parte da decisão, que gerou 
a sucumbência ao recorrente, é objeto de recurso. Lembre-se, o que determina se 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 118 
 
 
um recurso é total ou parcial é a identidade do objeto recursal com a sucumbência 
gerada pela decisão impugnada. 
Exemplo: Fernanda requer a condenação de Carlos ao pagamento de dano 
moral, lucros cessantes e danos emergentes, sendo que na sentença somente é 
acolhido o primeiro pedido. Será total a apelação interposta por Fernanda que tiver 
como objeto os lucros cessantes e os danos emergentes, embora não tenha o 
recurso uma identidade plena com o objeto da decisão impugnada. Será parcial o 
recurso na hipótese da apelação versar somente a respeito dos lucros cessantes ou 
somente a respeito dos danos emergentes. (Neves, 2011) 
 
1.5. Independência ou subordinação 
O recurso independente é oferecido pelo sujeito, no prazo recursal, sem 
levar em consideração a reação da parte contrária em relação à decisãoimpugnada. 
Está condicionado, tão somente, ao preenchimento de seus pressupostos de 
admissibilidade para obtenção da decisão de mérito. 
Por sua vez, o recurso subordinado é aquele apresentado no prazo das 
contrarrazões de recurso feito pela outra parte, sendo motivado não pela vontade 
inicial de impugnar a decisão, mas como resposta ao recurso oferecido pela parte 
contrária. 3RUWDQWR�� VHULD� D� VLWXDomR� HP� TXH� D� SDUWH� ³$´� QmR� UHFRUUH� GD� GHFLVmR�
WHPSHVWLYDPHQWH�� PDV� QmR� TXHU� GHL[DU� TXH� D� SDUWH� ³%´� UHFODPH� VR]LQKD�� ID]HQGR�
uso do meio adesivo para discordar do recurso interposto pela outra parte. É forma 
principiológica de ampliação da defesa. 
O recurso subordinado condiciona, ao contrário do independente, ao 
conhecimento do recurso principal e ao preenchimento de seus pressupostos de 
admissibilidade, para que seja obtida a decisão de mérito. 
Os doutrinadores chamam o recurso independente de recurso principal e o 
recurso subordinado de recurso adesivo, uma vez que colado ao principal. O recurso 
adesivo não é uma espécie recursal, mas sim um recurso interposto de forma 
diferenciada (art. 500 do CPC), é o modo que se utiliza. Se o principal for extinto, o 
adesivo também se extingue. 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 118 
 
 
Ao recurso adesivo se aplicam as mesmas regras do recurso independente, 
quanto às condições de admissibilidade, preparo e julgamento no tribunal superior. 
Com a ressalva que fizemos antes, sendo inadmitido o principal o adesivo também 
não será admitido, porque é dependente do primeiro. 
Caiu em prova: 
No que concerne ao recurso adesivo, assinale a opção correta. 
a) O julgamento de mérito do recurso principal não interfere na admissibilidade do 
recurso adesivo, embora a análise da admissibilidade o faça. 
b) Ocorre recurso adesivo cruzado quando uma das partes interpõe, 
simultaneamente, recurso extraordinário e recurso especial na forma adesiva. 
c) Se o recurso principal for interposto por terceiro prejudicado, não é possível à 
parte sucumbente interpor recurso adesivo a este. 
d) A parte que já apresentou recurso principal contra um dos capítulos desfavoráveis 
da sentença pode utilizar recurso adesivo contra os demais capítulos se a parte 
contrária também interpuser recurso principal. 
e) A parte deve interpor recurso adesivo no prazo previsto para contrarrazões e no 
mesmo momento da apresentação destas. 
 
Essa questão foi anulada, mas a justificativa para a anulação é relevante a nosso 
estudo [adaptada]: 
Há mais de uma opção correta. A opção ³D´�HVWi�FRUUHWD�SRUTXH é pacífico o 
entendimento de que o julgamento do mérito do recurso principal não interfere na 
admissibilidade do recurso adesivo, uma vez que para que o mérito do recurso 
principal seja enfrentando, necessariamente, ele foi conhecido. Em seguida, decide-
se sobre o provimento ou não do recurso. Logo, o mérito do recurso principal não 
interfere na admissão do recurso adesivo. O mérito do recurso principal pode 
interferir no mérito do recurso adesivo, mas não na sua admissibilidade. 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 118 
 
 
Conclusão distinta se tem com a admissibilidade do recurso principal em 
relação à admissibilidade do recurso adesivo. Desse modo, a segunda parte da letra 
³D´� WDPEpP�HVWi�FRUUHWD� a análise da admissibilidade do recurso principal interfere 
na admissibilidade do recurso adesivo. A motivação e a fundamentação para tal fato 
HVWi�VHGLPHQWDGD�QR�LQFLVR�,,,�GR�DUW������GR�&3&�TXH�DVVLP�GLVS}H��³,,,� - Não será 
conhecido, se houver desistência do recurso principal, ou se for ele declarado 
inadmissível ou deserto. Assim, não restam dúvidas de que, ex vi legis, se o recurso 
principal for inadmissível o recurso adesivo não será admitido ante a dependência 
do adesivo ao recurso principal ou aderido, como vem decidindo reiteradamente os 
nossos tribunaiV´� 
2�JDEDULWR�SUHOLPLQDU�FRQVLGHURX�D�OHWUD�³F´��FRPR�~QLFD�RSomR�FRUUHWD��0DV��
com o novo entendimento da banca passou-VH�D�FRQVLGHUDU�D�OHWUD�³D´�WDPEpP�� 
 
1.6. Requisitos de admissibilidade 
 
Requisitos extrínsecos 
 
 
Vinculados ao recurso: tempestividade; 
preparo; regularidade formal; adequação. 
 
Requisitos intrínsecos 
 
Alusivos ao recorrente: legitimidade; 
interesse. 
 
1.7. Observações importantes a respeito dos requisitos de admissibilidade dos 
recursos 
1 ± Tempestividade: os prazos de interposição gerais estão nos artigos. 
508 e 522 do CPC. As normas específicas para ampliação ou redução dos prazos 
são disciplinadas em legislações esparsas e no próprio CPC. Em relação à 
ampliação de prazo, enfatiza-se a importância da leitura do art. 188 do CPC, que 
dispõe sobre o Ministério Público e a Fazenda Pública deterem prazo em dobro para 
interposição de qualquer espécie recursal. 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 118 
 
 
 
2 ± Preparo: as custas são indispensáveis para o reconhecimento do 
recurso, sendo exigido o seu recolhimento no ato da interposição ± art. 511, CPC. 
Entretanto, existem algumas ressalvas: agravo retido, agravo regimental, embargos 
de declaração e o agravo interposto, que tenham como objetivo liberar o recurso 
especial e o extraordinário, não exigem o recolhimento das custas. São classificados 
como hipóteses de isenções objetivas, ou seja, a isenção é determinada pela 
espécie recursal e não pela condição do recorrente. 
O recolhimento das custas também não é exigido quando o recurso for 
interposto pelo Ministério Público, Fazenda Pública ou pobre na forma da lei. Essas 
hipóteses são classificadas com isenções subjetivas, em que a regra de isenção 
determina-se pela pessoa e não pelo tipo de recurso. 
a) Legitimidade: o Ministério Público, ao atuar como fiscal da lei, pode 
interpor recursos, não como parte, independentemente da apresentação do recurso 
pela parte principal. 
b) Interesse: esse requisito não se aplica ao Ministério Público devido ao 
princípio da independência funcional. 
 
3 ± Regularidade formal: em regra, a interposição dos recursos ocorre por 
meio da petição, salvo o agravo retido que admite a espécie oral e escrita. A 
interposição de recurso não pode ser feita por meio da cota lançada nos autos. 
 
1.8. Efeitos 
Efeito suspensivo: enquanto o recurso está em julgamento, a decisão 
impugnada não causa efeitos. A doutrina também menciona os seguintes efeitos: o 
obstativo, o translativo, o expansivo,o substitutivo, o regressivo, o diferido. 
 
1.8.1. Graficamente: demais efeitos dos recursos 
 
Obstativo 
Guarda relação com a preclusão temporal e sua 
relação com a interposição do recurso. 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 118 
 
 
 ³'XUDQWH� R� WUkPLWH� UHFXUVDO� QmR� p� SRVVtYHO� IDODU�
em preclusão da decisão impugnada, afastando-se no 
caso concreto durante esse lapso temporal o trânsito em 
julgado e eventualmentH� D� FRLVD� MXOJDGD� PDWHULDO�´�
(Neves, 2011, pág. 578) 
Devido ao efeito obstativo, enquanto pendente 
recurso de julgamento, não é admitida uma execução 
definitiva, uma vez que inexiste o trânsito em julgado 
necessário. 
 
 
Translativo 
É a possibilidade de o tribunal conhecer matérias 
de ordem pública de ofício no julgamento do recurso. 
 
 
 
Expansivo 
Divide-se em dois tipos de efeitos expansivos: 
Efeito expansivo objetivo: o efeito será gerado 
sempre que o julgamento do recurso ensejar decisão 
mais abrangente do que a matéria impugnada. Esse 
efeito poderá ser interno: quando a matéria a ser atingida 
pelo julgamento do recurso está localizada dentro da 
decisão impugnada; ou externo: quando a matéria 
encontra-se fora da decisão impugnada. 
Efeito expansivo subjetivo: ocorre quando a 
decisão atingir sujeitos que não participam como partes 
do recurso, apesar de serem partes na demanda. 
 
 
 
Substitutivo 
Determina que o julgamento do recurso 
substituirá a decisão recorrida. 
Devemos interpretar da seguinte maneira: a 
substituição da decisão recorrida pelo julgamento do 
recurso ocorrerá, somente, na hipótese de julgamento do 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 118 
 
 
mérito recursal, e a depender do resultado do julgamento. 
Recebido ou conhecido o recurso, não haverá o 
efeito substitutivo, pois o julgamento do recurso não se 
coloca no lugar da decisão recorrida que se matém 
íntegra para todos os fins jurídicos. 
Caso o recurso seja conhecido e julgado em seu 
mérito, caberá a análise do resultado para aferir a 
existência ou não do efeito substitutivo. 
Quando a causa de pedir do recurso for fundada 
em error in judicando e o pedido em reforma da decisão, 
qualquer que seja a decisão de mérito do recurso 
substituirá a decisão recorrida. 
 ³$� FDXVD� GH� SHGLU� FRPSRVWD� SRU� error in 
procedendo e sendo o pedido de anulação de decisão, o 
efeito substitutivo somente será gerado na hipótese de 
não provimento, porque o provimento do recurso, ao 
anular a decisão impugnada, naturalmente não a 
substitui, tanto assim que a nova decisão deverá ser 
SURIHULGD�HP�VHX�OXJDU�´��7KHRGRUR�-U���1999a) 
 
 
Regressivo 
Esse efeito permite que, por via do recurso, a 
causa volte ao conhecimento do juízo prolator da 
decisão. 
Devemos lembrar que isso ocorre não pelo fato 
de o juízo ser o competente para julgar o recurso, mas 
sim em razão de expressa previsão legal que lhe permite 
rever sua própria decisão. 
 
 
Ocorre quando o conhecimento do recurso 
depende de recurso a ser interposto contra outra ou a 
mesma decisão. 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 118 
 
 
 
Diferido 
Exemplos: no primeiro caso: recurso de agravo 
retido. Esse recurso depende do conhecimento da 
apelação para que possa ser julgado em seu mérito. 
No segundo caso: recurso especial e 
extraordinário contra o mesmo acórdão, sempre que a 
análise do recurso extraordinário dependa do 
conhecimento e julgamento do recurso especial. 
 
1.9. Princípios recursais 
1.9.1. Duplo grau de jurisdição 
É um princípio recursal que consiste no reexame da decisão da causa, ou 
seja, é a possibilidade de revisão da solução da causa. A diferença hierárquica entre 
os órgãos jurisdicionais que, respectivamente, profere a primeira decisão e que 
reexamina para que ocorra o duplo grau de jurisdição é imprescindível. 
 
1.9.1.1. As vantagens e desvantagens em relação ao princípio do duplo grau de 
jurisdição 
Vantagens Desvantagens 
O ser humano, não satisfeito com a 
decisão, poderá ter uma segunda 
opinião acerca do caso. 
Prejudicar a ideia de jurisdição uma, 
uma vez que se pode obter uma 
decisão contrária à primeira 
proferida. 
O magistrado está sujeito ao erro, 
assim é necessário manter um 
mecanismo de revisão das decisões. 
 
Afasta o princípio da oralidade, pois 
o duplo grau de jurisdição, em regra, 
é interposto por meio da apelação, 
que exige a forma escrita. 
Evitar a arbitrariedade do magistrado. Prejudica a identidade física do 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 118 
 
 
 magistrado, uma vez que o juiz que 
produziu a prova oral não será mais 
quem irá prolatar a sentença. 
Decisão proferida por órgão colegiado 
pressupõe melhor qualidade na 
prestação da jurisdição, pois os 
magistrados são mais experientes. 
Prejudica a celeridade processual, já 
que, havendo recurso, a prestação 
jurisdicional se torna, por óbvio, 
mais lenta. 
 
1.9.2. Taxatividade (Legalidade) 
Somente poderá ser reconhecido como recurso o instrumento de 
impugnação que estiver expressamente previsto em Lei Federal. Essa conclusão se 
dá em razão a interpretação feita ao inciso I do art. 22 da CF, que atribuiu a União a 
competência exclusiva para legislar sobre o processo. Dessa forma, entende-se que 
o recurso é uma maneira de legislar sobre o processo e por isso deve ser tratado por 
Lei Federal. 
Lembramos que não há necessidade de todo e qualquer assunto sobre 
recurso estar previsto no Código de Processo Civil. Existem, por exemplo, as leis 
extravagantes que também criam recursos, como no art. 34, Lei de Execuções 
Fiscais. 
Assim, o princípio da taxatividade impede que as partes, a doutrina, as leis 
estaduais e municipais e os regimentos internos dos tribunais criem recursos não 
previstos no ordenamento jurídico processual. 
 
1.9.3. Singularidade (Unicidade) 
Esse princípio admite como forma (meio)de impugnação de decisão judicial 
somente uma espécie recursal. Contra a mesma decisão admite-se a existência 
concomitante de mais de um recurso, bastando ter a mesma natureza jurídica, 
fenômeno. É uma prática bastante recorrente quando há no caso concreto 
sucumbência recíproca ou litisconsórcio. 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 118 
 
 
1.9.4. Voluntariedade 
2� SULQFtSLR� GD� YROXQWDULHGDGH� ³FRQGLFLRQD-se a existência de um recurso 
exclusivamente à vontade da parte, que demonstra a vontade de recorrer com o ato 
GH� LQWHUSRVLomR�GR� UHFXUVR´��$VVLP��QDGD�DGLDQtará ao sujeito expor sua pretensão 
de recorrer se, no prazo legal, não interpor o recurso cabível. (Neves, 2011, pág. 
299) 
Exemplo: na audiência, a parte avisa que pretende agravar de instrumento 
no prazo de 10 dias. Caso não venha a recorrer dentro desse prazo, a expressão de 
sua vontade de recorrer posteriormente de nada terá adiantado. 
Conclui-se que a única maneira de a parte demonstrar sua vontade de 
recorrer é por meio da interposição do recurso. No entanto, essa não é a única 
forma de a parte expressar seu desejo de não recorrer. 
Além da não interposição do recurso, a parte também poderá demonstrar 
sua vontade de não recorrer por meio da prática de um ato que demonstre 
concordância com a decisão proferida ou por meio da renúncia ao direito de 
recorrer. Em decorrência desse princípio não é admitido que o juiz, em qualquer 
caso, interponha recurso de ofício. 
 
1.9.5. Dialeticidade 
Para entendermos o princípio da dialeticidade, devemos relembrar que o 
recurso é composto por dois elementos: o volitivo, característica da voluntariedade 
de que falamos, ± referente à vontade da parte em recorrer; e o descritivo ± 
consubstanciado nos fundamentos e pedido constantes do recurso. 
Assim, este princípio refere-se ao segundo elemento, o descritivo, porque 
exige que o recorrente exponha a fundamentação recursal (causa de pedir) e o 
pedido, que poderá ser anulação, reforma, esclarecimento ou integração. 
Essa necessidade é amparada em duas motivações, a saber: permitir ao 
recorrido a elaboração das contrarrazões e fixar os limites de atuação do tribunal no 
julgamento do recurso. 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 118 
 
 
(TJ PI ± FCC 2012) Intimado da interposição de apelação pela parte contrária, o réu 
apresentou contrarrazões no décimo dia e, no décimo quarto, apresentou petição na 
qual declarou intenção de apelar de forma adesiva, mencionando que juntaria as 
razões em momento adequado. 
Considerando a situação hipotética acima, assinale a opção correta. 
a) Houve interposição intempestiva da apelação na forma adesiva, pois as 
contrarrazões já haviam sido apresentadas. 
b) A apelação na forma adesiva só poderá ser conhecida se as razões forem 
juntadas até o décimo quinto dia da intimação para contrarrazões. 
c) Não será possível conhecer da apelação na forma adesiva, por afronta expressa 
aos princípios da consumação e da dialeticidade. 
d) Como o prazo para apresentação de recurso na forma adesiva é de dez dias, a 
apelação, no caso, foi intempestiva. 
e) A interposição da apelação na forma adesiva está de acordo com a legislação, 
sendo as razões necessárias apenas se for positivo o juízo de admissibilidade da 
principal. 
Gabarito: C 
Para admissão do recurso adesivo, vimos que devem estar presentes as 
mesmas condições do recurso principal. Ao recurso adesivo se aplicam as mesmas 
regras do recurso independente, quanto às condições de admissibilidade, preparo e 
julgamento no tribunal superior. Com a ressalva de que sendo inadmitido o principal 
o adesivo também não será admitido, porque é dependente do primeiro. 
 
1.9.6. Fungibilidade 
Fungível, juridicamente, refere-se a tudo que possa ser substituído, trocado. 
Assim, este princípio explica que um recurso, mesmo sendo incabível para 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 118 
 
 
questionar determinado tipo de decisão, pode ser validado, desde que exista dúvida, 
na doutrina ou na jurisprudência, quanto ao recurso viável a ser interposto naquela 
ocasião. 
O Código de Processo Civil de 1939, em seu artigo 810 previa o princípio da 
fungibilidade; contudo, o CPC vigente não o fez de forma explícita. Pode-se 
entender que o princípio da fungibilidade está implícito no art. 244 do código atual: 
quando a lei prescrever determinada forma, sem cominação de nulidade, o juiz 
considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade. 
O princípio da fungibilidade visa à flexibilização do formalismo processual. 
Está intimamente ligado ao princípio da instrumentalidade das formas e ao princípio 
da economia processual. O cuidado excessivo com a forma não pode ser motivo de 
restrição do acesso à justiça, sob risco de tornar ineficiente a prestação jurisdicional. 
Modernamente, o maior objetivo do processo deixou de ser a decisão sobre 
quem tem razão no mérito, ao formar-se a coisa julgada material, para prestigiar-se 
a efetiva prestação jurisdicional. Mais importante do que dizer quem tem razão na 
lide é oferecer a tutela jurisdicional de modo tempestivo e adequado ao direito 
material. Desse modo, a questão da fungibilidade está em possibilitar o resultado 
prático, ainda que o meio processual adotado não seja o mais adequado. 
Para a aplicação do princípio da fungibilidade, há um único requisito: a 
existência da dúvida objetiva, que envolve a boa-fé da parte e exclui o erro 
grosseiro. Em outras palavras, a dúvida objetiva deve ser vista como requisito único 
que substituiu os requisitos da ausência de má-fé e de erro grosseiro. 
A dúvida objetiva pode ser entendida como aquela que ocorre quando há 
divergência na doutrina ou na jurisprudência sobre determinado tema jurídico, ou 
quando se conclui pela ausência de elementos a respeito de qual instrumento 
processual utilizar. 
 
1.9.7. Proibição da reformatio in pejus 
O princípio da proibição da reformatio in pejus consiste na vedação imposta 
pelo sistema recursal brasileiro da reforma da decisão recorrida em prejuízo do 
30462678350
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof.

Continue navegando