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Aula 06 Curso: Direito Processual Civil p/ TRF 3ª Região (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Professor: Gabriel Borges 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 118 DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ TRF- 3ª Região ± TÉCNICO JUDICIÁRIO ± ÁREA ADMINISTRATIVA AULA 06: Da sentença e da coisa julgada. Da liquidação e do cumprimento da sentença. Da ação rescisória. Dos recursos: das disposições gerais. SUMÁRIO PÁGINA 1. Capítulo XII: Da sentença e da coisa julgada. Da liquidação e do cumprimento da sentença. 02 2. Capítulo XIII: Da ação rescisória 16 3. Capítulo XIV: Dos recursos: das disposições gerais 24 4. Resumo 72 5. Questões comentadas 74 6. Lista das questões apresentadas 106 7. Gabarito 118 CAPÍTULO XII: DA SENTENÇA E DA COISA JULGADA. DA LIQUIDAÇÃO E DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA. Sentença é amplamente conhecida como sinônimo de decisão judicial que dá fim ao processo. A despeito de que havendo apelação outro será o pronunciamento que encerrará o processo. O conceito mencionado acima é o da antiga redação do parágrafo primeiro do artigo 162, que em 2005 foi alterado. Atualmente, sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei (§ 1º, art. 162). Ela pode ser terminativa, quando encerra o processo (por isso, não se confundindo com a decisão interlocutória) sem julgamento do mérito (art. 267). E pode ser de mérito (definitiva), nos casos do art. 269. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 118 1. Classificação 1.1. Sentença declaratória Declara a existência ou não de uma relação jurídica de direito material. Para que haja uma sentença meramente declaratória é necessária uma crise de incerteza objetiva e real, que caso não seja solucionada acarretará danos ao autor. Produz efeitos ex tunc (retroativos), pois a sentença declaratória não inova, somente confirma a certeza jurídica da relação processual. Obs.: É facultado ao STF mudar o efeito da decisão de procedência na ADIN ± modulação, visando à segurança jurídica e excepcional interesse social. 1.2. Sentença constitutiva É a criação, extinção ou modificação da relação jurídica. São chamadas de sentença constitutiva positiva, negativa ou modificativa, respectivamente. A sentença constitutiva causará o efeito de alteração da situação jurídica pré-existente. Assim, os efeitos são ex nunc (não retroagem). São classificadas em necessárias e facultativas. É necessária quando somente por intervenção judicial pode obter-se alteração jurídica, como anulação de casamento. Por sua vez, são facultativas quando há litígio, pois não há necessidade de intervenção jurídica para extinguir lide. Assim, se a situação jurídica que se pretende ± solução da lide ± é alcançável sem a sentença, ela é facultativa. 1.3. Sentença condenatória A um só tempo declara a existência do direito do autor e forma as condições necessárias para o adimplemento da obrigação do réu. Cria título executivo. 1.4. Sentença mandamental Nela há ordem do juiz para que faça ou deixe de fazer algo, impondo sanções. De modo que não se limita à condenação do vencido. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 118 Não há fase de execução. A sentença mandamental se satisfaz pelo cumprimento da ordem, sem o uso de medias de apoio (sem atos materiais de execução). Alcança a vontade do vencido. Distinguindo-se da executiva lato senso, que alcança o patrimônio. 1.5. Sentença executiva lato senso Comum nas ações possessórias e de despejo. Ela dispensa o processo de execução em momento posterior para ser satisfeita, uma vez que se autoexecuta. Há instrumentos de apoio à execução. Enquanto na condenatória o direito é de crédito, na executiva, o direito é real. A condenatória retoma bem que estava de modo indevido com a outra parte, e, na executiva, o bem estava de modo legítimo com a outra parte. 2. Requisitos da sentença São requisitos da sentença o relatório, a fundamentação e o dispositivo. Art. 458. São requisitos essenciais da sentença: I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta do réu, bem como o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as partes lhe submeterem. Vejamos o conceito e objetivo de cada um dos requisitos. 2.1. Relatório É o resumo da demanda em que será indicado pelo magistrado: as partes, suma do pedido, suma da defesa e descrição dos atos centrais praticados no processo. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 118 Relatório Histórico dos atos principais do processo. Faz parte apenas das sentenças e acórdãos. (art. 165, CPC) O objetivo é demonstrar o pleno conhecimento da demanda por parte do magistrado. A ausência do relatório causará a nulidade da sentença. No entanto, a presunção de nulidade é relativa. Temos vários casos em que a ausência do relatório não gera nulidade da sentença como, sentenças dos Juizados Especiais Cíveis, relatório per relationem ± magistrado reporta-se a relatório realizado em outra demanda. 2.2. Fundamentação É um elemento essencial a decisão em que o juiz encontrará todas as questões de fato e de direito que o capacitarão para justificar a conclusão no dispositivo. Em bXVFD�GD� ³YHUGDGH�SRVVtYHO´� WRUQD-se necessária a fundamentação da convicção do magistrado para a tomada de decisão. A Carta Magna determina que toda decisão judicial deve ser motivada. 2.3. Dispositivo O dispositivo é elemento central presente nos pronunciamentos judiciais contendo conteúdo decisório. É a conclusão decisória da sentença, decorrente da fundamentação, em que serão criados os efeitos práticos da sentença. O juiz poderá elaborar o dispositivo direto e indireto. No direto o magistrado indicará o direito obtidopelo autor; já no indireto será acolhido o pedido do autor, mas o magistrado não indicará o direito obtido. Limitando-se a julgar procedente o pedido. Obs.: O dispositivo tem natureza obrigatória e a ausência acarretará em grave vício ± gera inexistência jurídica do ato. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 118 3. Princípio da congruência Art. 460. É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. O princípio da congruência trata de uma proibição ao magistrado. Não poderá o juiz conceder nada a mais (ultra petita) ou diferente do que foi pedido (extra petita). Assim, como não poderá fundamentar-se em causa de pedir diferente da narrada pelo autor; caso não seja observado esse princípio a sentença será considerada nula. Existem exceções, previstas em Lei, ao princípio da congruência. 1) Pedidos implícitos: o magistrado poderá conceder o que não foi demando pelo autor. 2) Fungibilidade: o magistrado poderá conceder tutela diferente da requerida nas ações possessórias e cautelares. 3) Demandas cujo objetivo é uma obrigação de fazer ou não fazer: o magistrado poderá conceder tutela diversa. 4) O STF também admite o afastamento do princípio da congruência quando declarar inconstitucionalidade de uma norma, pedida pelo autor, possa declarar outra norma inconstitucional. Quanto ao atendimento do pedido pelo juiz, portanto, a sentença poderá ser: x Extra petita Concede tutela jurisdicional diversa da que o autor pleiteou. Também refere ao bem ou ao direito concedido de modo diverso ao pleiteado pelo autor. x Citra petita (infra petita) A tutela jurisdicional concedida fica aquém da pretendida. x Ultra petita 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 118 O juiz concede além do que foi requerido. Não há nulidade da decisão, cabendo ao tribunal retirar o excesso, com a redução da condenação. 4. Coisa Julgada É a sentença que se torna imutável e indiscutível. Ocorre quando há o esgotamento das vias recursais ± a sentença transita em julgado. As sentenças podem produzir coisa julgada formal ou material. A coisa julgada formal é o impedimento de modificação dos elementos da demanda no processo findado. É também chamada de preclusão máxima, pois trata de efeito endoprocessual. Quando a sentença é proferida sem a resolução de mérito, produzirá a coisa julgada formal. Assim, na sentença sem análise de mérito, não se pode discutir os fundamentos da decisão no âmbito do processo encerrado, mas admite-se a revisão da questão em outra ação judicial. Essa possibilidade poderá ocorrer até mesmo quando se apresentam elementos idênticos da ação encerrada. Na sentença material, ocorre o fortalecimento do atributo da imutabilidade, nesse caso não poderá haver outra demanda judicial e nem rediscussão do processo. 4.1. Limites objetivos da coisa julgada A coisa julgada somente alcança o dispositivo da sentença. Os fundamentos da decisão poderão ser discutidos em outro processo, pois não se submetem a coisa julgada, já que se trata de uma atividade de caráter pessoal do juiz. Igualmente, não incide a coisa julgada ao relatório, pois o magistrado nada julga nessa fase. Assim, a coisa julgada alcança o pedido e a causa de pedir, não havendo renovação desses elementos em eventual ação instaurada. O CPC afirma que só o dispositivo sofrerá o fenômeno da imutabilidade em razão da coisa julgada material. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 118 Art. 469. Não fazem coisa julgada: I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença; II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença; III - a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no processo. 4.2. Limites subjetivos da coisa julgada A coisa julgada vinculará somente às partes do processo. Assim, não produzirá efeitos, nem para beneficiar nem para prejudicar, sobre terceiros. Nesse caso, a coisa julgada produzirá efeitos inter partes. No entendo existe duas exceções em que os efeitos da coisa julgada incidirão sobre terceiros. São eles: sucessores das partes e substituídos processuais. Podemos, ainda, citar as ações de demanda coletivas, os interesses coletivos e os individuais homogêneos como exceções a produção de coisa julgada em relação a terceiros. DA LIQUIDAÇÃO E DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA 1. Liquidação É a determinação do objeto da condenação. Devemos saber que todos os títulos executivos judiciais, inclusive a homologação de sentença estrangeira, que não constitui propriamente uma sentença, e a sentença arbitral, poderão ser objeto de liquidação. Apesar da expressão liquidação de sentença, é importante saber que não se liquidam sentenças e, sim, obrigações ilíquidas contidas nas sentenças. Além disso, devemos ter em mente que as sentenças ilíquidas são exceções no direito brasileiro, sendo cabível em pedidos genéricos. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 118 Sendo o pedido certo, é vedado ao juiz proferir sentença ilíquida (parágrafo único, art. 459, CPC). A vedação acima também é aplicada nos casos em que o autor apresentar o pedido sem o cumprimento do requisito da determinação. O código prevê, ainda, (art. 475-A, § 3º) que em sentenças de rito sumário não será permitida a sentença ilíquida, devendo o magistrado fixar de plano, a seu prudente arbítrio, o valor devido. Obs.: O título executivo extrajudicial tem que conter uma obrigação líquida. É permitida a liquidação da sentença mesmo que haja no processo recurso no efeito suspensivo pendente de julgamento. Nesse caso, será o demandante responsável pelos riscos de ingressar com a liquidação enquanto não for proferida a decisão definitiva. 1.1. Liquidação por mero cálculo aritmético do credor O CPC dispõesobre o procedimento a ser adotado quando for necessário cálculo aritmético para determinação do valor exato. Vejamos: Art. 475-B. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo aritmético, o credor requererá o cumprimento da sentença, na forma do art. 475-J desta Lei, instruindo o pedido com a memória discriminada e atualizada do cálculo. Assim, o demandante quando apresentar o requerimento inicial para que ocorra o cumprimento da sentença, incluirá o demonstrativo de cálculos. 1.2. Dados necessários à elaboração dos cálculos em poder do executado ou de terceiros Se houver dados em poder do executado ou de terceiros necessários ao cálculo, o juiz poderá requisitá-los, tendo o terceiro ou o executado, o prazo de 30 dias para o cumprimento da diligência. A requisição pelo magistrado será feita mediante o pedido do autor. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 118 1.2.1. Consequência da ausência de exibição de dados Após a comunicação ao executado ou do terceiro para apresentação dos dados, haverá um prazo de 5 dias para que ele apresente defesa. Caso os dados não sejam apresentados, serão tidos como corretos os cálculos oferecidos pelo exequente. No entanto, devemos lembrar que o autor não apresentou nenhum cálculo. Assim, será aplicado o mesmo procedimento adotado no caso de terceiros: o juiz determinará a busca e apreensão dos dados, com auxílio da força policial, se for necessário. Podendo ainda, aplicar astreintes (multas diárias) e tipificar o ato como crime de desobediência. 1.2.2. Remessa dos autos ao contador Circunstância de caráter excepcional que apresenta duas hipóteses de ocorrência. A primeira ocorre quando há aparência de que os cálculos excederam os limites da decisão exequenda, ou seja, relaciona-se com a regularidade dos cálculos apresentados. A segunda é prerrogativa facultada ao exequente, que, sendo beneficiário da assistência jurídica, poderá valer-se do contador judicial para determinação do valor da execução. 1.3. Liquidação por arbitramento Ocorrerão em três hipóteses: 1) Acordo entre as partes. 2) Quando a natureza do objeto da liquidação exigir. 3) Determinação na sentença. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 118 A liquidação por arbitramento somente ocorrerá quando o magistrado entender que para a obtenção do quantum debeatur (quanto se deve) seja necessária a realização de perícia. Além disso, para que haja a liquidação por arbitramento não poderá ter ocorrido alegação e prova de fato novo. Somente será possível a realização de perícia dos fatos já estabelecidos na sentença ilíquida. O art. 475-D do CPC dispõe sobre o procedimento da liquidação por arbitramento. Requerida a liquidação por arbitramento, o juiz nomeará o perito e fixará o prazo para a entrega do laudo. Parágrafo único. Apresentado o laudo, sobre o qual poderão as partes manifestar-se no prazo de dez dias, o juiz proferirá decisão ou designará, se necessário, audiência. 1.4. Liquidação por artigos Será demandada quando necessária for a alegação de fatos novos. Essa modalidade de liquidação tem natureza complexa e demorada, por isso só será utilizada quando não se puder aplicar as outras duas, liquidação por mero cálculo aritmético e liquidação por arbitramento. Devido a sua complexidade é possível que o demandado, após a citação e em presença do seu advogado, apresente resposta ampla ± com defesas processuais dilatórias e peremptórias e defesas de mérito diretas e indiretas. Também poderá responder a citação com a intervenção de terceiros ou reconvenção, desde que preenchidos os requisitos legais. Por fim, a liquidação por artigos é uma fase de conhecimento de cognição limitada. Dessa maneira, segue o procedimento de rito sumário e ordinário, ou seja, o que for aplicável ao procedimento comum se aplicará também à liquidação por artigos, inclusive quanto à revelia. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 118 2. Do Cumprimento 2.1. Cumprimento de sentença de obrigação de entregar coisa As regras dispostas no art. 461, §§ 1º a 6º do CPC serão aplicadas ao cumprimento de sentença de obrigação de entregar coisa. O legislador não determinou procedimento específico para a fase de cumprimento da sentença, cabendo ao magistrado adotar o procedimento mais adequado ao caso concreto, para que seja satisfeito o direito do credor. Devemos lembrar que na execução de sentença que condena o réu à entrega de coisa, o código somente dispõe sobre a necessidade do procedimento inicial para a hipótese de entrega da coisa incerta. Aspectos Procedimentais x O magistrado, ao proferir a sentença que condena o réu à entrega da coisa, deverá determinar o prazo para a satisfação da obrigação. x Quando o bem é incerto, determinado pelo gênero e quantidade, e couber a escolha ao credor, esse a individualizará na peça inicial; caso a escolha seja do devedor, esse terá que entregar o bem individualizado. x A lei determina que a individualização feita pelo credor deve constar na petição inicial, mas devemos interpretar o disposto da seguinte maneira: a individualização constará do requerimento inicial no cumprimento de sentença. x Caso a obrigação não seja cumprida no prazo determinado pelo juiz, esse expedirá um mandado de busca e apreensão ou imissão na posse. x O juiz também poderá aplicar multa coercitiva na hipótese de não satisfação da obrigação. 2.2. Cumprimento de sentença ± obrigação de pagar quantia certa 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 118 Vamos analisar o cumprimento da sentença que tenha como objeto uma obrigação de pagar quantia certa. O art. 475-J, caput, do CPC, prevê uma multa no percentual de 10 por cento, caso o pagamento não se satisfaça no prazo de 15 dias. Esse prazo começa a ser contado a partir do momento em que se torna definitiva a decisão ± trânsito em julgado. Quandoa sentença transita em julgado não há necessidade de intimação do réu, pois o prazo de 15 dias inicia-se automaticamente. A multa só não será aplicada se o pagamento for realizado. Lembramos que o oferecimento de bens à penhora não satisfaz o pagamento, devendo ser computada a multa de 10 por cento. Quando o devedor efetua o pagamento parcial, a multa incidirá sobre o montante restante. Por fim, vale lembrar, em relação à aplicação da multa que, se o devedor não tem como pagá-la em espécie ou não conseguir vender o seu bem, no prazo de 15 dias, poderá oferecer outro bem para satisfazer a obrigação. Agora que já sabemos o prazo para a satisfação do pagamento, vamos falar dos procedimentos para o cumprimento da sentença de obrigação de pagar quantia certa. Vamos lá! Para que se inicie o cumprimento da sentença, o demandante deverá manifestar sua vontade de maneira expressa. Assim, como forma de provocação, será necessário o requerimento. Bem, já sabemos que por meio do requerimento se inicia a fase de cumprimento. Então, não há petição inicial? Resposta: Não. E o que ocorre após o requerimento inicial? Bem, após o requerimento, ocorrerá a expedição do mandado de penhora e avaliação. Será necessária, por parte do exequente, a apresentação do 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 118 demonstrativo do débito atualizado até a data da propositura da ação. Essa exigência é aplicada para os casos que versam sobre a execução por quantia certa. Do auto de penhora e de avaliação será de imediato intimado o executado, na pessoa de seu advogado, ou, na falta deste, o seu representante legal, ou pessoalmente, por mandado ou pelo correio, podendo oferecer impugnação, querendo, no prazo de quinze dias (art. 475-J, § 1º. CPC). Alguns comentários relevantes acerca do artigo supracitado. xApesar do entendimento de que o ingresso da impugnação está condicionado à existência da garantia em juízo, é admissível a impugnação sem a necessidade de tal garantia. xApós a penhora, ocorrerá a intimação e, a partir de então, o demandado terá o prazo de 15 dias para apresentar a impugnação. xO demandado poderá, apesar do exposto acima, ingressar com a impugnação a qualquer tempo, inclusive antes da constrição judicial. - Remessa dos autos ao arquivo e os honorários advocatícios Na hipótese de omissão do demandante em iniciar a fase de cumprimento de sentença e transcorridos seis meses, o magistrado mandará os autos ao arquivo. Poderá o demandante reabri-lo em fase posterior. Esse prazo para o arquivamento dos autos não interfere no da prescrição intercorrente que deverá ser computado desde o trânsito em julgado. Em relação aos honorários advocatícios, o STJ decidiu, em 2008, que se for necessário ao exequente promover o cumprimento da sentença, caberá ao executado os custos dos honorários, dos quais, somente, se isentará caso cumpra de modo voluntário a obrigação. 2.3. Cumprimento de sentença da obrigação de fazer e não fazer 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 118 Em relação aos aspectos procedimentais, devemos lembrar quando há sentença condenatória de obrigação de fazer e não fazer: 1) ainda não transitada em julgado: a execução provisória dependerá de requerimento do demandante. 2) transitada em julgado: o magistrado poderá iniciar de ofício o cumprimento da sentença. x Tutela específica: o art. 461, § 5º do CPC prevê as formas executivas de instrumentalização da tutela específica. Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial. No entanto, nem sempre é possível obter a tutela específica no caso concreto, o que torna viável a conversão da obrigação de fazer e não fazer em prestação pecuniária, quando o exequente assim desejar. Obs.: O rol apresentado no artigo supracitado é exemplificativo. x Multa coercitiva: o magistrado poderá, de plano, aplicar multa ao demandado com o intuito de satisfazer a obrigação de fazer ou não fazer. O valor da multa não é estipulado na lei, devendo ser valorada de acordo com a obrigação ± levando em consideração os princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Esse valor poderá ser modificado pelo juiz, uma vez que entenda que o valor fixado anteriormente não mais pressiona o devedor a cumprir a obrigação. x Fazenda Pública: o STJ entende que é possível a aplicação de astreintes contra a Fazenda Pública quando essa for devedora da obrigação de fazer e não fazer. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 118 CAPÍTULO XIII ± DA AÇÃO RESCISÓRIA A sentença transitada em julgado é imutável entre as partes? A resposta, a princípio, seria sim; mas comporta exceção. Bem, nesse tópico discutiremos a ação rescisória, que é o meio utilizado para questionar a sentença que já transitou em julgado. Conceito AÇÃO RESCISÓRIA é ação autônoma, de impugnação, que tem por objetivo rescindir decisão judicial transitada em julgado, podendo ensejar novo julgamento da causa. O objetivo dessa ação é anular ato estatal, com força de lei entre as partes, e não o declarar nulo. Isso ocorre porque o julgamento revestido de coisa julgada será apenas anulável e jamais decisão ou julgamento nulo. Ela é o meio mais eficaz de controle da coisa julgada. Tem competência originária nos tribunais. Serve tanto para desfazer decisões formalmente incorretas como materialmente injustas. De modo que pode revogar uma decisão por defeito ou por injustiça. O direito de propor ação rescisória se extingue em 2 anos (prazo decadencial), contados do trânsito em julgado da decisão. ATENÇÃO 1) A ação rescisória não é recurso, é ação autônoma de impugnação, dando ensejo a um novo processo. Para que seja cabível, deve existir uma decisão rescindível, em regra, uma decisão de mérito transitada em julgado. Pode ser sentença, acórdão. Mas, não cabe rescisória de julgamento de ADI, ADC, ADPF. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civilʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 118 2) O art. 8º-C da Lei nº 6.739/79 prevê prazo de oito anos, contados do trânsito em julgado da decisão, para ajuizamento de ação rescisória relativa a processos que digam respeito a transferência de terras públicas rurais. 1. Cabimento Estão previstas no art. 485, hipóteses gerais, e no art. 1.030, relativa à partilha. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando (art. 485, CPC): I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; II - proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente; III - resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou de colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei; IV - ofender a coisa julgada; V - violar literal disposição de lei; VI - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou seja provada na própria ação rescisória; VII - depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja existência ignorava, ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável; Obs.: esse documento deve ter uma eficácia probatória tal que, por sua análise, seja possível reverter a decisão. VIII - houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que se baseou a sentença; 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 118 IX - fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa. Obs.: O CPC considera que há erro quando: a sentença admitir um fato inexistente, ou quando considerar inexistente um fato efetivamente ocorrido; sendo indispensável, num como noutro caso, que não tenha havido controvérsia, nem pronunciamento judicial sobre o fato. 2. Legitimidade Ativa: Pode propor a ação rescisória: a parte no processo originário ou seus sucessores, o terceiro prejudicado com a decisão e o Ministério Público. O artigo 487, III, diz que o Ministério Público, custus legis, pode propor ação rescisória em dois casos: a) se não foi ouvido no processo, em que lhe era obrigatória a intervenção; b) quando a sentença é o efeito de colusão das partes, a fim de fraudar a lei. Contudo esse rol é exemplificativo, não exaurindo a competência do Ministério Público para a ação. Passiva: Todo aquele que puder sofrer consequência negativa com a rescisão da decisão. 3. Procedimento A petição inicial deverá ser elaborada com observância dos requisitos essenciais do art. 282, sendo ainda dever do autor: a) cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento da causa; b) depositar a importância de 5% sobre o valor da causa, a título de multa, caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível ou improcedente (art. 488). Desse modo, o autor, sempre que for o caso, deve cumular os dois juízos. A cumulação é obrigatória e não facultativa do pedido de cumulação dos dois juízos, 1- de rescisão de sentença e 2- de novo julgamento da causa. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 118 Além disso, devemos atentar para a intervenção do Ministério Público, que é obrigatória em todas as ações rescisórias, uma vez que a proteção da coisa julgada é de interesse público. Quanto ao prazo de defesa, na ação rescisória não é fixo, podendo o relator fixar o prazo entre 15 e 30 dias. Ademais, se a Fazenda Pública for ré, o prazo será contado em quádruplo, entre 60 e 120 dias. A rescisória exige, como citamos há pouco, um depósito do autor prévio de 5% do valor da causa; esse depósito reverterá ao réu da ação rescisória se ela for rejeitada por unanimidade. Nas ações rescisórias trabalhistas, esse percentual é de 20%. Contudo, estão isentos do depósito: o poder público; o Ministério Público; os beneficiários da justiça gratuita; além disso, a Caixa Econômica Federal não precisa fazer esse depósito nas rescisórias envolvendo FGTS. Julgando procedente a ação, o tribunal rescindirá a sentença, proferirá, se for o caso, novo julgamento e determinará a restituição do depósito; declarando inadmissível ou improcedente a ação, a importância do depósito reverterá a favor do réu, sem prejuízo do disposto no art. 20. ATENÇÃO O ajuizamento da ação rescisória não impede o cumprimento da sentença ou acórdão rescindendo; mas, caso imprescindíveis e sob os pressupostos previstos em lei, são possíveis medidas de natureza cautelar ou antecipatória de tutela. (TRT 11ª Região ± FCC 2012) Numa ação ordinária, o autor não se conformou com a decisão final de mérito transitada em julgado, por entender que a mesma violou literal disposição de lei. Nesse caso, para ajuizar ação rescisória, a) não é necessário que tenham sido esgotados todos os recursos contra a decisão rescindenda. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 118 b) é possível reexaminar a prova produzida no processo originário para verificar a eventual violação. c) deve demonstrar que a decisão se baseou em orientação controvertida nos tribunais. d) é necessário que tenha prequestionado a questão no processo originário. e) não é necessário que sejam apontados os dispositivos supostamente violados pela decisão. Gabarito: A (TCE SP ± FCC 2012) A sentença de mérito, transitada em julgado, NÃO poderá ser rescindida quando a) fundada em erro de fato, que foi objeto de controvérsia entre as partes litigantes, resultante de documentos da causa. b) houver fundamento para invalidar desistência em que se baseou a sentença. c) se fundar em prova, cuja falsidade seja provada na própria ação rescisória. d) resultar de colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei. e) houver fundamento para invalidar transação em que se baseou a sentença. Gabarito: A (TRT 20ª Região SE ± FCC 2011) A respeito da ação rescisória, considere: I. A propositura de ação rescisória autoriza o juízo de primeiro grau, com base no poder geral de cautela, a suspender a execução. II. O Ministério Público tem legitimidade para propor ação rescisória para desconstituir a coisa julgada quando resultou de colusão entre as partes a fim de fraudar a lei. III. Na ação rescisória podemser concedidas, caso 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 118 imprescindíveis e sob os pressupostos previstos em lei, medidas de natureza cautelar ou antecipatória de tutela. Está correto o que se afirma APENAS em a) I. b) I e II. c) I e III. d) II e III. e) III. Gabarito: D (TRT 4ª Região ± FCC 2011) Caberá ação rescisória, dentre outras hipóteses, quando a sentença de mérito transitada em julgado a) tiver sido proferida por Juiz Substituto. b) for injusta. c) não tiver examinado adequadamente a prova dos autos. d) puder ser revista face a documento de cuja existência a parte sabia, mas não juntou aos autos por esquecimento do advogado. e) ofender a coisa julgada. Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: [...] IV - ofender a coisa julgada. Vejamos os demais casos cabíveis de ação rescisória: 1) se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; 2) proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente; 3) resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou de colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei; 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 118 4) violar literal disposição de lei; 5) se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou seja provada na própria ação rescisória; 6) depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja existência ignorava, ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável; 7) houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que se baseou a sentença; 8) fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa. Gabarito: E (TRT 23ª Região ± FCC 2011) A respeito da ação rescisória, considere: I. Quando a ação for proposta pelo Ministério Público Federal, a União deverá depositar a importância de 5% do valor da causa, a título de multa, caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível ou improcedente. II. O terceiro juridicamente interessado tem, dentre outros, legitimidade para propor a ação. III. O direito de propor ação rescisória é imprescritível e não se extingue, podendo ser exercido pelos sucessores da parte prejudicada pela sentença ou acórdão. Está correto o que se afirma APENAS em a) II. b) I e II. c) I e III. d) II e III. e) I. Possuem legitimidade para propor a ação rescisória: 1) Quem foi parte no processo ou o seu sucessor a 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 118 título universal ou singular; 2) Terceiro juridicamente interessado; 3) Ministério Público Gabarito: A (TRT 14ª Região ± FCC 2011) A respeito da ação rescisória, é correto afirmar que a) não são cabíveis as medidas de natureza cautelar ou antecipatória de tutela. b) o simples ajuizamento da ação rescisória impede o cumprimento da sentença ou acórdão rescindendo. c) o terceiro juridicamente interessado tem legitimidade para propor a ação. d) o direito de propor a ação rescisória se extingue em cinco anos, contados do trânsito em julgado da decisão. e) a petição inicial ajuizada pelo Ministério Público não poderá ser indeferida. Veja a questão anterior. Gabarito: C (Advogado ± FCC 2011) Na ação rescisória a) podem ser deferidas medidas cautelares e cabe a antecipação de tutela em casos imprescindíveis e sob os pressupostos previstos em lei. b) o depósito feito pelo autor no momento do ajuiza- mento reverterá em favor do Estado, a título de custas, se a ação for julgada procedente. c) o prazo de dois anos para a sua propositura conta- se da data em que foi proferida a sentença de mérito. d) o depósito feito pelo autor no momento do ajuizamento reverterá em favor do réu, a título de indenização, se a ação for julgada improcedente, não sendo devidos honorários advocatícios decorrentes da sucumbência. e) o autor não poderá na petição inicial cumular ao 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 118 pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento da causa. Art. 489. O ajuizamento da ação rescisória não impede o cumprimento da sentença ou acórdão rescindendo, ressalvada a concessão, caso imprescindíveis e sob os pressupostos previstos em lei, de medidas de natureza cautelar ou antecipatória de tutela Gabarito: A (TRT 14ª Região ± FCC 2011) A respeito da ação rescisória, é correto afirmar: a) Não tem legitimidade para propor a ação rescisória o sucessor a título universal de quem foi parte no processo. b) Os atos judiciais em que a sentença for meramente homologatória podem ser rescindidos como os atos jurídicos em geral, nos termos da lei civil. c) A sentença de mérito transitada em julgada pode ser rescindida quando a sentença for injusta em razão da má interpretação da prova. d) Não se admite ação rescisória contra sentença transitada em julgado, se contra ela não se tenham esgotado todos os recursos. e) A sentença de mérito transitada em julgado pode ser rescindida quando for injusta em razão da errônea interpretação do contrato. Art. 486. Os atos judiciais, que não dependem de sentença, ou em que esta for meramente homologatória, podem ser rescindidos, como os atos jurídicos em geral, nos termos da lei civil. Gabarito: B 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 118 CAPÍTULO XIV: DOS RECURSOS 1. Recurso O recurso é o meio utilizado para reexaminar uma decisão judicial, no cursoou no desfecho do processo, que tenha causado prejuízo a uma das partes, a terceiros ou ao Ministério Público. É o remédio voluntário de uso endoprocessual e, por isso, não se confunde com os sucedâneos recursais ± mandado de segurança, reclamação. Ele se destina a provocar o reexame das decisões judiciais por um grau de jurisdição superior. Pretende-se, assim, evitar erros judiciários, ao submetê-las a uma nova análise. Com o recurso ocorre um prolongamento da relação processual, e não o surgimento de um novo processo. Ele constitui uma etapa do procedimento. Lembre-se, a identidade de processo não significa a identidade de autos, uma vez que o recurso pode desenvolver-se em autos próprios, como o agravo de instrumento. Ele, no entanto, continuará a ser parte do mesmo processo no qual a decisão impugnada foi proferida. ATENÇÃO A ausência de citação do recorrido demonstra que o recurso é um prolongamento da relação processual, ou seja, ele se desenvolverá no próprio corpo do processo. O que ocorre é uma intimação para que o recorrido apresente, livremente, as contrarrazões. Exceção: Art. 285-A: Quando a matéria controvertida for unicamente de direito e no juízo já houver sido proferida sentença de total improcedência em outros casos idênticos, poderá ser dispensada a citação e proferida sentença, reproduzindo-se o teor da anteriormente prolatada. § 2o Caso seja mantida a sentença, será ordenada a citação do réu para responder ao recurso. Assim, temos o gênero: meios de impugnação das decisões judiciais, do qual são espécies, o recurso e os sucedâneos recursais (lembrando que estes não 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 118 se confundem com aqueles; tudo que não for recurso será considerado sucedâneo recursal ± análise comparativa residual). Todavia, o mecanismo recursal é, em muitos casos, excessivamente oneroso; sem contar que as partes podem submeter- se a um longo período de espera para receber a prestação jurisdicional. O recurso possui cinco características essenciais: voluntariedade; previsão legal expressa; utilização pelas partes, terceiros e MP; desenvolvimento no próprio processo; objetivo de reformar, anular, integrar ou esclarecer decisão judicial. Todavia, o mecanismo recursal é, em muitos casos, excessivamente oneroso; sem contar que as partes podem submeter-se a um longo período de espera para receber a prestação jurisdicional. 1.1. Classificação dos recursos Vamos comentar as mais importantes classificações recursais. São as relativas a: objeto imediato do recurso, fundamentação recursal, abrangência da matéria impugnada e independência (também chamada de subordinação). 1.2. Objeto imediato do recurso No objeto imediato, os recursos se dividem em ordinários e extraordinários. Os recursos que possuem como objeto imediato a proteção e a preservação da boa aplicação do direito são classificados como recursos extraordinários. Os recursos extraordinários têm como objetivo possibilitar, no caso concreto, uma melhor aplicação da lei federal e constitucional. Assim, a intenção é proteger o direito objetivo, entendendo-se que a preservação deste é de importância para toda a sociedade e não somente para o sucumbente. São três as espécies de recursos extraordinários: especial, extraordinário e embargos de divergência. Os recursos ordinários, por sua vez, visam proteger o interesse particular da parte ± o direito subjetivo. No recurso ordinário também se obtém a preservação do direito objetivo, mas como uma mera consequência de seu provimento. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 118 1.3. Fundamentação recursal Todo recurso deve ser fundamentado, devendo o recorrente expor os motivos pelos quais ataca a decisão impugnada, justificando o pedido de esclarecimento, integração ou anulação. É a causa de pedir recursal. A fundamentação será dividida de acordo com a amplitude da matéria, podendo ser vinculada ou livre. Nos recursos de fundamentação vinculada, o recorrente terá que fundamentar o recurso baseando-se nas matérias previstas em lei ± o rol dessas matérias é exaustivo. Caso não siga esse rol, ocorrerá a inadmissibilidade do recurso por vício formal. No entanto, essa espécie de recurso é uma excepcionalidade, podendo ocorrer, somente, em três casos: nos recursos especiais, extraordinários e nos embargos de declaração. Nos embargos de declaração, o STJ tem admitido, de modo excepcional, os embargos de declaração com efeitos infringentes, não estando a fundamentação vinculada às hipóteses legais de omissão, obscuridade e contradição. Na fundamentação livre, o recorrente tem liberdade para fundamentar sobre as matérias a serem alegadas no recurso, respeitando a limitação lógica e jurídica ± a matéria alegada será aquela aplicada ao caso sub judice. Além disso, deve-se obedecer aos limites objetivos da demanda e ao sistema de preclusões. Os embargos infringentes são exemplo de recurso de fundamentação livre. 1.4. Abrangência da matéria impugnada O recurso limitar-se-á à decisão recorrida, ou seja, o tribunal em sede recursal fica condicionado a manifestar-se somente sobre as matérias que tenham sido decididas no pronunciamento impugnado. Os recursos totais são aqueles que têm como objetivo a integralidade da parcela da decisão que tenha gerado sucumbência à parte recorrente. Por sua vez, os recursos parciais são aqueles em que somente uma parte da decisão, que gerou a sucumbência ao recorrente, é objeto de recurso. Lembre-se, o que determina se 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 118 um recurso é total ou parcial é a identidade do objeto recursal com a sucumbência gerada pela decisão impugnada. Exemplo: Fernanda requer a condenação de Carlos ao pagamento de dano moral, lucros cessantes e danos emergentes, sendo que na sentença somente é acolhido o primeiro pedido. Será total a apelação interposta por Fernanda que tiver como objeto os lucros cessantes e os danos emergentes, embora não tenha o recurso uma identidade plena com o objeto da decisão impugnada. Será parcial o recurso na hipótese da apelação versar somente a respeito dos lucros cessantes ou somente a respeito dos danos emergentes. (Neves, 2011) 1.5. Independência ou subordinação O recurso independente é oferecido pelo sujeito, no prazo recursal, sem levar em consideração a reação da parte contrária em relação à decisãoimpugnada. Está condicionado, tão somente, ao preenchimento de seus pressupostos de admissibilidade para obtenção da decisão de mérito. Por sua vez, o recurso subordinado é aquele apresentado no prazo das contrarrazões de recurso feito pela outra parte, sendo motivado não pela vontade inicial de impugnar a decisão, mas como resposta ao recurso oferecido pela parte contrária. 3RUWDQWR�� VHULD� D� VLWXDomR� HP� TXH� D� SDUWH� ³$´� QmR� UHFRUUH� GD� GHFLVmR� WHPSHVWLYDPHQWH�� PDV� QmR� TXHU� GHL[DU� TXH� D� SDUWH� ³%´� UHFODPH� VR]LQKD�� ID]HQGR� uso do meio adesivo para discordar do recurso interposto pela outra parte. É forma principiológica de ampliação da defesa. O recurso subordinado condiciona, ao contrário do independente, ao conhecimento do recurso principal e ao preenchimento de seus pressupostos de admissibilidade, para que seja obtida a decisão de mérito. Os doutrinadores chamam o recurso independente de recurso principal e o recurso subordinado de recurso adesivo, uma vez que colado ao principal. O recurso adesivo não é uma espécie recursal, mas sim um recurso interposto de forma diferenciada (art. 500 do CPC), é o modo que se utiliza. Se o principal for extinto, o adesivo também se extingue. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 118 Ao recurso adesivo se aplicam as mesmas regras do recurso independente, quanto às condições de admissibilidade, preparo e julgamento no tribunal superior. Com a ressalva que fizemos antes, sendo inadmitido o principal o adesivo também não será admitido, porque é dependente do primeiro. Caiu em prova: No que concerne ao recurso adesivo, assinale a opção correta. a) O julgamento de mérito do recurso principal não interfere na admissibilidade do recurso adesivo, embora a análise da admissibilidade o faça. b) Ocorre recurso adesivo cruzado quando uma das partes interpõe, simultaneamente, recurso extraordinário e recurso especial na forma adesiva. c) Se o recurso principal for interposto por terceiro prejudicado, não é possível à parte sucumbente interpor recurso adesivo a este. d) A parte que já apresentou recurso principal contra um dos capítulos desfavoráveis da sentença pode utilizar recurso adesivo contra os demais capítulos se a parte contrária também interpuser recurso principal. e) A parte deve interpor recurso adesivo no prazo previsto para contrarrazões e no mesmo momento da apresentação destas. Essa questão foi anulada, mas a justificativa para a anulação é relevante a nosso estudo [adaptada]: Há mais de uma opção correta. A opção ³D´�HVWi�FRUUHWD�SRUTXH é pacífico o entendimento de que o julgamento do mérito do recurso principal não interfere na admissibilidade do recurso adesivo, uma vez que para que o mérito do recurso principal seja enfrentando, necessariamente, ele foi conhecido. Em seguida, decide- se sobre o provimento ou não do recurso. Logo, o mérito do recurso principal não interfere na admissão do recurso adesivo. O mérito do recurso principal pode interferir no mérito do recurso adesivo, mas não na sua admissibilidade. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 118 Conclusão distinta se tem com a admissibilidade do recurso principal em relação à admissibilidade do recurso adesivo. Desse modo, a segunda parte da letra ³D´� WDPEpP�HVWi�FRUUHWD� a análise da admissibilidade do recurso principal interfere na admissibilidade do recurso adesivo. A motivação e a fundamentação para tal fato HVWi�VHGLPHQWDGD�QR�LQFLVR�,,,�GR�DUW������GR�&3&�TXH�DVVLP�GLVS}H��³,,,� - Não será conhecido, se houver desistência do recurso principal, ou se for ele declarado inadmissível ou deserto. Assim, não restam dúvidas de que, ex vi legis, se o recurso principal for inadmissível o recurso adesivo não será admitido ante a dependência do adesivo ao recurso principal ou aderido, como vem decidindo reiteradamente os nossos tribunaiV´� 2�JDEDULWR�SUHOLPLQDU�FRQVLGHURX�D�OHWUD�³F´��FRPR�~QLFD�RSomR�FRUUHWD��0DV�� com o novo entendimento da banca passou-VH�D�FRQVLGHUDU�D�OHWUD�³D´�WDPEpP�� 1.6. Requisitos de admissibilidade Requisitos extrínsecos Vinculados ao recurso: tempestividade; preparo; regularidade formal; adequação. Requisitos intrínsecos Alusivos ao recorrente: legitimidade; interesse. 1.7. Observações importantes a respeito dos requisitos de admissibilidade dos recursos 1 ± Tempestividade: os prazos de interposição gerais estão nos artigos. 508 e 522 do CPC. As normas específicas para ampliação ou redução dos prazos são disciplinadas em legislações esparsas e no próprio CPC. Em relação à ampliação de prazo, enfatiza-se a importância da leitura do art. 188 do CPC, que dispõe sobre o Ministério Público e a Fazenda Pública deterem prazo em dobro para interposição de qualquer espécie recursal. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 118 2 ± Preparo: as custas são indispensáveis para o reconhecimento do recurso, sendo exigido o seu recolhimento no ato da interposição ± art. 511, CPC. Entretanto, existem algumas ressalvas: agravo retido, agravo regimental, embargos de declaração e o agravo interposto, que tenham como objetivo liberar o recurso especial e o extraordinário, não exigem o recolhimento das custas. São classificados como hipóteses de isenções objetivas, ou seja, a isenção é determinada pela espécie recursal e não pela condição do recorrente. O recolhimento das custas também não é exigido quando o recurso for interposto pelo Ministério Público, Fazenda Pública ou pobre na forma da lei. Essas hipóteses são classificadas com isenções subjetivas, em que a regra de isenção determina-se pela pessoa e não pelo tipo de recurso. a) Legitimidade: o Ministério Público, ao atuar como fiscal da lei, pode interpor recursos, não como parte, independentemente da apresentação do recurso pela parte principal. b) Interesse: esse requisito não se aplica ao Ministério Público devido ao princípio da independência funcional. 3 ± Regularidade formal: em regra, a interposição dos recursos ocorre por meio da petição, salvo o agravo retido que admite a espécie oral e escrita. A interposição de recurso não pode ser feita por meio da cota lançada nos autos. 1.8. Efeitos Efeito suspensivo: enquanto o recurso está em julgamento, a decisão impugnada não causa efeitos. A doutrina também menciona os seguintes efeitos: o obstativo, o translativo, o expansivo,o substitutivo, o regressivo, o diferido. 1.8.1. Graficamente: demais efeitos dos recursos Obstativo Guarda relação com a preclusão temporal e sua relação com a interposição do recurso. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 118 ³'XUDQWH� R� WUkPLWH� UHFXUVDO� QmR� p� SRVVtYHO� IDODU� em preclusão da decisão impugnada, afastando-se no caso concreto durante esse lapso temporal o trânsito em julgado e eventualmentH� D� FRLVD� MXOJDGD� PDWHULDO�´� (Neves, 2011, pág. 578) Devido ao efeito obstativo, enquanto pendente recurso de julgamento, não é admitida uma execução definitiva, uma vez que inexiste o trânsito em julgado necessário. Translativo É a possibilidade de o tribunal conhecer matérias de ordem pública de ofício no julgamento do recurso. Expansivo Divide-se em dois tipos de efeitos expansivos: Efeito expansivo objetivo: o efeito será gerado sempre que o julgamento do recurso ensejar decisão mais abrangente do que a matéria impugnada. Esse efeito poderá ser interno: quando a matéria a ser atingida pelo julgamento do recurso está localizada dentro da decisão impugnada; ou externo: quando a matéria encontra-se fora da decisão impugnada. Efeito expansivo subjetivo: ocorre quando a decisão atingir sujeitos que não participam como partes do recurso, apesar de serem partes na demanda. Substitutivo Determina que o julgamento do recurso substituirá a decisão recorrida. Devemos interpretar da seguinte maneira: a substituição da decisão recorrida pelo julgamento do recurso ocorrerá, somente, na hipótese de julgamento do 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 118 mérito recursal, e a depender do resultado do julgamento. Recebido ou conhecido o recurso, não haverá o efeito substitutivo, pois o julgamento do recurso não se coloca no lugar da decisão recorrida que se matém íntegra para todos os fins jurídicos. Caso o recurso seja conhecido e julgado em seu mérito, caberá a análise do resultado para aferir a existência ou não do efeito substitutivo. Quando a causa de pedir do recurso for fundada em error in judicando e o pedido em reforma da decisão, qualquer que seja a decisão de mérito do recurso substituirá a decisão recorrida. ³$� FDXVD� GH� SHGLU� FRPSRVWD� SRU� error in procedendo e sendo o pedido de anulação de decisão, o efeito substitutivo somente será gerado na hipótese de não provimento, porque o provimento do recurso, ao anular a decisão impugnada, naturalmente não a substitui, tanto assim que a nova decisão deverá ser SURIHULGD�HP�VHX�OXJDU�´��7KHRGRUR�-U���1999a) Regressivo Esse efeito permite que, por via do recurso, a causa volte ao conhecimento do juízo prolator da decisão. Devemos lembrar que isso ocorre não pelo fato de o juízo ser o competente para julgar o recurso, mas sim em razão de expressa previsão legal que lhe permite rever sua própria decisão. Ocorre quando o conhecimento do recurso depende de recurso a ser interposto contra outra ou a mesma decisão. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 118 Diferido Exemplos: no primeiro caso: recurso de agravo retido. Esse recurso depende do conhecimento da apelação para que possa ser julgado em seu mérito. No segundo caso: recurso especial e extraordinário contra o mesmo acórdão, sempre que a análise do recurso extraordinário dependa do conhecimento e julgamento do recurso especial. 1.9. Princípios recursais 1.9.1. Duplo grau de jurisdição É um princípio recursal que consiste no reexame da decisão da causa, ou seja, é a possibilidade de revisão da solução da causa. A diferença hierárquica entre os órgãos jurisdicionais que, respectivamente, profere a primeira decisão e que reexamina para que ocorra o duplo grau de jurisdição é imprescindível. 1.9.1.1. As vantagens e desvantagens em relação ao princípio do duplo grau de jurisdição Vantagens Desvantagens O ser humano, não satisfeito com a decisão, poderá ter uma segunda opinião acerca do caso. Prejudicar a ideia de jurisdição uma, uma vez que se pode obter uma decisão contrária à primeira proferida. O magistrado está sujeito ao erro, assim é necessário manter um mecanismo de revisão das decisões. Afasta o princípio da oralidade, pois o duplo grau de jurisdição, em regra, é interposto por meio da apelação, que exige a forma escrita. Evitar a arbitrariedade do magistrado. Prejudica a identidade física do 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 118 magistrado, uma vez que o juiz que produziu a prova oral não será mais quem irá prolatar a sentença. Decisão proferida por órgão colegiado pressupõe melhor qualidade na prestação da jurisdição, pois os magistrados são mais experientes. Prejudica a celeridade processual, já que, havendo recurso, a prestação jurisdicional se torna, por óbvio, mais lenta. 1.9.2. Taxatividade (Legalidade) Somente poderá ser reconhecido como recurso o instrumento de impugnação que estiver expressamente previsto em Lei Federal. Essa conclusão se dá em razão a interpretação feita ao inciso I do art. 22 da CF, que atribuiu a União a competência exclusiva para legislar sobre o processo. Dessa forma, entende-se que o recurso é uma maneira de legislar sobre o processo e por isso deve ser tratado por Lei Federal. Lembramos que não há necessidade de todo e qualquer assunto sobre recurso estar previsto no Código de Processo Civil. Existem, por exemplo, as leis extravagantes que também criam recursos, como no art. 34, Lei de Execuções Fiscais. Assim, o princípio da taxatividade impede que as partes, a doutrina, as leis estaduais e municipais e os regimentos internos dos tribunais criem recursos não previstos no ordenamento jurídico processual. 1.9.3. Singularidade (Unicidade) Esse princípio admite como forma (meio)de impugnação de decisão judicial somente uma espécie recursal. Contra a mesma decisão admite-se a existência concomitante de mais de um recurso, bastando ter a mesma natureza jurídica, fenômeno. É uma prática bastante recorrente quando há no caso concreto sucumbência recíproca ou litisconsórcio. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 118 1.9.4. Voluntariedade 2� SULQFtSLR� GD� YROXQWDULHGDGH� ³FRQGLFLRQD-se a existência de um recurso exclusivamente à vontade da parte, que demonstra a vontade de recorrer com o ato GH� LQWHUSRVLomR�GR� UHFXUVR´��$VVLP��QDGD�DGLDQtará ao sujeito expor sua pretensão de recorrer se, no prazo legal, não interpor o recurso cabível. (Neves, 2011, pág. 299) Exemplo: na audiência, a parte avisa que pretende agravar de instrumento no prazo de 10 dias. Caso não venha a recorrer dentro desse prazo, a expressão de sua vontade de recorrer posteriormente de nada terá adiantado. Conclui-se que a única maneira de a parte demonstrar sua vontade de recorrer é por meio da interposição do recurso. No entanto, essa não é a única forma de a parte expressar seu desejo de não recorrer. Além da não interposição do recurso, a parte também poderá demonstrar sua vontade de não recorrer por meio da prática de um ato que demonstre concordância com a decisão proferida ou por meio da renúncia ao direito de recorrer. Em decorrência desse princípio não é admitido que o juiz, em qualquer caso, interponha recurso de ofício. 1.9.5. Dialeticidade Para entendermos o princípio da dialeticidade, devemos relembrar que o recurso é composto por dois elementos: o volitivo, característica da voluntariedade de que falamos, ± referente à vontade da parte em recorrer; e o descritivo ± consubstanciado nos fundamentos e pedido constantes do recurso. Assim, este princípio refere-se ao segundo elemento, o descritivo, porque exige que o recorrente exponha a fundamentação recursal (causa de pedir) e o pedido, que poderá ser anulação, reforma, esclarecimento ou integração. Essa necessidade é amparada em duas motivações, a saber: permitir ao recorrido a elaboração das contrarrazões e fixar os limites de atuação do tribunal no julgamento do recurso. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 118 (TJ PI ± FCC 2012) Intimado da interposição de apelação pela parte contrária, o réu apresentou contrarrazões no décimo dia e, no décimo quarto, apresentou petição na qual declarou intenção de apelar de forma adesiva, mencionando que juntaria as razões em momento adequado. Considerando a situação hipotética acima, assinale a opção correta. a) Houve interposição intempestiva da apelação na forma adesiva, pois as contrarrazões já haviam sido apresentadas. b) A apelação na forma adesiva só poderá ser conhecida se as razões forem juntadas até o décimo quinto dia da intimação para contrarrazões. c) Não será possível conhecer da apelação na forma adesiva, por afronta expressa aos princípios da consumação e da dialeticidade. d) Como o prazo para apresentação de recurso na forma adesiva é de dez dias, a apelação, no caso, foi intempestiva. e) A interposição da apelação na forma adesiva está de acordo com a legislação, sendo as razões necessárias apenas se for positivo o juízo de admissibilidade da principal. Gabarito: C Para admissão do recurso adesivo, vimos que devem estar presentes as mesmas condições do recurso principal. Ao recurso adesivo se aplicam as mesmas regras do recurso independente, quanto às condições de admissibilidade, preparo e julgamento no tribunal superior. Com a ressalva de que sendo inadmitido o principal o adesivo também não será admitido, porque é dependente do primeiro. 1.9.6. Fungibilidade Fungível, juridicamente, refere-se a tudo que possa ser substituído, trocado. Assim, este princípio explica que um recurso, mesmo sendo incabível para 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 06 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 118 questionar determinado tipo de decisão, pode ser validado, desde que exista dúvida, na doutrina ou na jurisprudência, quanto ao recurso viável a ser interposto naquela ocasião. O Código de Processo Civil de 1939, em seu artigo 810 previa o princípio da fungibilidade; contudo, o CPC vigente não o fez de forma explícita. Pode-se entender que o princípio da fungibilidade está implícito no art. 244 do código atual: quando a lei prescrever determinada forma, sem cominação de nulidade, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade. O princípio da fungibilidade visa à flexibilização do formalismo processual. Está intimamente ligado ao princípio da instrumentalidade das formas e ao princípio da economia processual. O cuidado excessivo com a forma não pode ser motivo de restrição do acesso à justiça, sob risco de tornar ineficiente a prestação jurisdicional. Modernamente, o maior objetivo do processo deixou de ser a decisão sobre quem tem razão no mérito, ao formar-se a coisa julgada material, para prestigiar-se a efetiva prestação jurisdicional. Mais importante do que dizer quem tem razão na lide é oferecer a tutela jurisdicional de modo tempestivo e adequado ao direito material. Desse modo, a questão da fungibilidade está em possibilitar o resultado prático, ainda que o meio processual adotado não seja o mais adequado. Para a aplicação do princípio da fungibilidade, há um único requisito: a existência da dúvida objetiva, que envolve a boa-fé da parte e exclui o erro grosseiro. Em outras palavras, a dúvida objetiva deve ser vista como requisito único que substituiu os requisitos da ausência de má-fé e de erro grosseiro. A dúvida objetiva pode ser entendida como aquela que ocorre quando há divergência na doutrina ou na jurisprudência sobre determinado tema jurídico, ou quando se conclui pela ausência de elementos a respeito de qual instrumento processual utilizar. 1.9.7. Proibição da reformatio in pejus O princípio da proibição da reformatio in pejus consiste na vedação imposta pelo sistema recursal brasileiro da reforma da decisão recorrida em prejuízo do 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof.
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