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Ética Profissional e a Historia da psicologia Profa. Herica de Gouveia Aula 01 1. As Ideais Psicológicas e a Psicologia Científica no Brasil. 1.2 - Forças contextuais importantes para o desenvolvimento das ideias psicológicas brasileiras. 1.3 - Principais características das Ideias Psicológicas produzidas no Brasil. 1.4 - O contexto social e o surgimento da Psicologia científica no Brasil. 1.5 - Instituições importantes para o desenvolvimento da Psicologia brasileira. PsicologiaS “de psicólogo e de louco todo mundo tem um pouco”... O dito popular não é bem esse (“de médico e de louco todo mundo tem um pouco”), mas parece servir aqui perfeitamente. Usamos o termo psicologia no cotidiano com vários sentidos. Por exemplo: Quando falamos do poder de persuasão de um vendedor, dizemos que ele usa de psicologia para vender seu produto; Quando nos referimos à jovem estudante que usa seu poder de sedução para atrair o rapaz, falamos que ela usa de psicologia; Quando procuramos aquele amigo, que está sempre disposto a ouvir nossos problemas, dizemos que ele tem psicologia para entender as pessoas. Será essa a psicologia dos psicólogos? Certamente não. Essa psicologia, usada no cotidiano pelas pessoas, em geral, é denominada de Psicologia do Senso Comum A pré-história da psicologia, no Brasil (1830 - 1900) As primeiras contribuições para o estudo da Psicologia, no Brasil, são oferecidas por Médicos, em suas teses de doutoramento (assim eram denominados os trabalhos de conclusão de curso, nas Faculdades de Medicina). Wilhelm Maximilian Wundt (1832-1920) foi filósofo, médico e psicólogo alemão, considerado o pai da Psicologia por toda sua contribuição para a área. Depois de estudar Medicina, Wundt trabalhou como um fisiologista na Universidade de Heidelberg e mais tarde na Universidade de Leipzig. (A psicologia dos filósofos, a psicologia não surgiu como uma ciência). Em 1875, Wilhelm Wundt começou a mais longa e importante fase da sua carreira: na Universidade de Leipzig, onde trabalhou por 45 anos. Lá, ele criou o primeiro laboratório dedicado à Psicologia Experimental. A partir daí, ele separou a Psicologia da Filosofia e da Biologia e tornou-se a primeira pessoa a ser chamada de Psicólogo. A história da psicologia escrita por médicos (1900 - 1920) Nas pegadas da Psicologia Experimental, que acabara de nascer, com o laboratório de Leipzig, e que tinha em Pavlov um novo nome, as teses da Faculdade do Rio de Janeiro recebem profunda influência. A figura de Henrique Roxo distingue-se pela defesa do primeiro trabalho de Psicologia Experimental: Duração dos Atos Psíquicos, em 1900, apresentando uma posição extremamente atual, ao propor que a Psiquiatria tenha por propedêutica a Psicologia Cièntifica. Henrique Roxo tem o mérito de haver sido, também, o primeiro a orientar, no Brasil, os estudos práticos com testes, usando as provas de Binet-Simon, no Hospício Nacional. Foi ele o organizador do laboratório de experimentação psicológica, junto à cátedra de Psiquiatria. Dele partiram as ideias e o esforço de associar a Psicologia Experimental à Neurologia e à Psiquiatria. • A partir da primeira década de 1900, as teses, ensaios e atividades dos médicos, saídos das duas Faculdades, Rio de Janeiro e Bahia, trazem caráter científico mais preciso e interesse Psicológico mais definido, pelo uso de métodos e técnicas de Psicologia de maior objetividade e confiabilidade. • Começam a surgir os Laboratórios de Psicologia, em hospitais, Clínicas Psiquiátricas. A apreciabilidade dos resultados da produção e resultados psicológicos leva o próprio Governo, não raras vezes, a se interessar pela sua criação. • A primeira história da Psicologia, no Brasil, tem por título: A Psicologia Experimental no Brasil. Seu autor, defende, em 1911, tese com o título: Associação de Ideias. trata-se de Plínio Olinto, a quem o Rio de Janeiro deve a criação, no Instituto de Educação, do Laboratório para Cursos de Psicologia Geral e Clínica. • A psicologia foi proposta como ciência no final do século XIX por Wilhelm Wundt (1832-1920) e William James (1842-1910). Considerados os fundadores da psicologia como ciência. Wilhelm Wundt Considerado o "pai da psicologia experimental“. Fundou o primeiro laboratório de psicologia experimental na Universidade de Leipzig, em 1879. Desenvolveu a técnica da introspecção. Foi filósofo, médico e psicólogo alemão. Trabalhou como fisiologista na Universidade de Heidelberg e na Universidade de Leipzig. William James Considerado o "pai da psicologia americana“. Adotou uma abordagem mais holística. Escreveu a obra seminal Princípios de Psicologia (1890). Outros pensadores importantes na história da psicologia incluem: Sigmund Freud e a Psicanálise Carl Rogers e a Abordagem Centrada na Pessoa Jean Piaget e a Psicologia do Desenvolvimento B.F. Skinner e o Behaviorismo Abraham Maslow e a Teoria da Hierarquia das Necessidades • O ano de 1922 assiste à criação da Liga Brasileira de Higiene Mental, responsável pela promoção das “Jornadas Brasileiras de Psicologia”. Tentava, assim, a Liga despertar interesse pela pesquisa pura e pela pesquisa aplicada. • Dez anos depois, a Liga propõe ao Ministério da Educação e Saúde a criação obrigatória de Gabinete de Psicologia, junto às Clínicas Psiquiátricas. • Entre 1923 a 1932 o Ministério de Educação e Saúde avoca a si, com a denominação de Instituto de Psicologia, o Laboratório de Psicologia do Engenho de Dentro, que preparou profissionais de diversas especialidades. Foi o primeiro centro brasileiro de pesquisa pura, em Psicologia. • Franco da Rocha foi um dos médico, entre tantos, que merece o mérito incontestável para a história da Psicologia, no Brasil, podemos considera-lo um pioneiro em dois campos de atividades afins: na Psicologia, iniciando a aplicação hospitalar de técnicas psicológicas e psiquiátricas; na Psiquiatria, realizando o trabalho de assistência à família do psicopata, hoje empregado, como absolutamente necessário. • A partir de 1925 começam a ser criados Institutos espalhados por diversas cidades, onde os estudos de Psicologia e a aplicação de técnicas psicológicas são promovidos por nomes que merecem compor a galeria dos que, na qualidade de Médicos, fizeram Psicologia, neste País. • Em Recite, Ulisses Pernambucano criou, em 1925, o Instituto de Seleção e Orientação Profissional que, posteriormente, receberia a denominação de Instituto de Psicologia, aberto até 1936, lá aplicavam provas de nível mental e de aptidão, entre outros instrumentos psicológicos. Todas as pesquisas de Psicologia Aplicada produzidas pelo instituto fazem parte do nosso acervo histórico. • Em São Paulo, com a criação do Instituto de Higiene, a partir de 1927, estudos de Psicologia Aplicada, originando, através dos seus resultados, o Serviço de Inspeção Médico-Escolar, onde, onze anos mais tarde, Durval Marcondes, criaria a primeira Clínica de Orientação Infantil. • A história da psicologia escrita por educadores e suas escolas normais (1920 - 1960) • Da atividade de Educadores, de sólida cultura científica, e do trabalho das Escolas Normais se haveria de fecundar a Psicologia Brasileira. • Em São Paulo, as escolas normais têm seu lugar na história da Psicologia Brasileira, quer pelos nomes que as dirigiram, quer pela produção científica delas oriunda. • Em 1927 Lourenço Filho, dirigindo a educação, em São Paulo, reorganiza o ensino e cria cursos de aperfeiçoamento para professores, exigindo se ministrem, neles, as disciplinas: Psicologia e Sociologia. • 1934, (ano da criação da Universidade de São Paulo), é incorporado à cátedra de Psicologia Educacional da USP. • O ano de 1954 é marcado por dois grandes eventos: cria-se a Associação Brasileira de Psicologia, e o Arquivo Brasileiro de Psicologia publica o anteprojeto da lei sobre a formação de Psicólogo. Neste mesmo ano foi criado um projeto de lei sobre o ensino obrigatório de Psicologia, nos cursos de Medicina. • Presidenteda República, João Belchior Goulart, promulga, a 27 de agosto de 1962, a Lei nº 4.119. É o primeiro diploma legal específico sobre Cursos de Formação de Psicólogos. • Em 1971 , foi Promulgada a Lei nº 5.766, de 20 de dezembro de 1971, que cria os Conselhos Federal e Regionais de Psicologia, que lhes ofereciam direitos profissionais privativos e imagem diferenciada e típica diante da opinião pública, foi quando os psicólogos brasileiros sentiram que havia chegado o momento de se unirem em classe coesa e identificada. • Após a profissionalização da psicologia no Brasil, houve a divulgação do Código de Ética Profissional do Psicólogo. A ação resultou em uma diretiva de trabalho na área, definindo as responsabilidades e os deveres na profissão. • Criada pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), a frase “psicologia em todos os lugares, com qualidade e ética” visa incentivar que psicólogos levem os saberes profissionais aos diversos espaços de atuação. • Atualmente, existem psicólogos atuando nas mais diferentes áreas. Entre elas, psicologia clínica, da educação, organizacional, do trânsito, jurídica, do esporte, ambiental, neuropsicologia e hospitalar. • RESUMO: Os três marcos da historia da Psicologia no Brasil foram: Em 1833, quando foram criadas faculdades de medicina no Rio de Janeiro e na Bahia; Em 1934, quando foi criado um curso de psicologia na Universidade de São Paulo; e em 1962, quando a profissão foi regulamentada. 1.2 - Forças contextuais importantes para o desenvolvimento das ideias psicológicas brasileiras • Tivemos três (03) grandes Forças em Psicologia: psicanálise, behaviorismo e humanismo. • A Primeira Força é o Behaviorismo, ou Psicologia Comportamental, • A Segunda Força é a Psicanálise, criada por Sigmund Freud. • A Terceira Força é a Psicologia Humanista. • **A Quarta Força é a Psicologia Transpessoal. A Primeira Força - Behaviorismo • O behaviorismo foi a primeira força da psicologia, sendo também conhecido como psicologia comportamental. Essa corrente foi iniciada por John B. Watson. que em 1913 publicou o manifesto A Psicologia tal Como a Vê um Behaviorista. e cujo maior expoente talvez seja B. Skinner. • O behaviorismo clássico partia do princípio de que o comportamento era modelado pelo paradigma pavloviano de estímulo e resposta conhecido como condicionamento clássico. Em outras palavras, para o behaviorista clássico, um comportamento é sempre uma resposta a um estímulo específico, modelado por conexões S-R (Estímulo-Resposta), e por esse motivo é muito aceito e usado na educação, pois defende que a teoria da aprendizagem está relacionada aos estímulos recebidos pelos alunos. • O behaviorismo clássico foi a base das primeiras terapias comportamentais, que tinham como objetivo modificar comportamentos-problema. A Segunda Força - Psicanálise • A psicanálise foi fundada por Sigmund Freud. Freud acreditava que as pessoas poderiam ser curadas tornando conscientes seus pensamentos e motivações inconscientes, obtendo assim "insight". O objetivo da terapia psicanalítica é liberar emoções e experiências reprimidas, ou seja, tornar o inconsciente consciente. • A psicanálise compreende o comportamento como resultado das manifestações psíquicas (desejos, impulsos, fantasias), (ID, Ego, Superego, 3 níveis do Inconsciente do indivíduo, estruturada com objetivo de tratar as psicopatologias através desta escuta ativa do livre discurso dos pacientes e associação de ideias. A Terceira Força – Humanista - (ACP) Abordagem Centrada na Pessoa • Nesta abordagem, que se destacou a partir da década de 1950, o ser humano é entendido como ser criativo, dotado de habilidades e capacidades de autorreflexão, tomada de decisão, de fazer escolhas e com valores norteadores da sua existência, isto é, uma capacidade de promover autorrealização. Seu autor considerado fundador desta 3ª força é o Abraham Maslow, que já defendia a bandeira de que, muitas vezes, adoecemos não só por aspectos patológicos, mas também por bloquear ou inibir aspectos saudáveis. • O objetivo da psicoterapia nesta vertente é de desenvolver e promover indivíduos criativos e saudáveis. E Carl Rogers foi um dos autores de maior destaque com o seu enfoque de psicoterapia centrada na pessoa, chamando a atenção para a capacidade do ser humano de modificar e ressignificar conceitos sobre si mesmo, suas posturas, comportamentos, e suas realizações, especialmente em ambientes e contextos que favoreçam a expressão do seu potencial e desenvolvimento psíquico. A Quarta Força - TRANSPESSOAL A abordagem transpessoal, que surgiu a partir da década de 1970, é entendida por promover uma visão mais integrativa, um sincretismo teórico que inclui as contribuições de Carl G. Jung (Psicologia Analítica), Abraham Maslow, Viktor Frankl (Logoterapia), Ken Wilber , Fritz Pearls e Max Wertheimer (Psicologia da Gestalt). Neste sentido, a visão de homem era de que o indivíduo precisa transcender à sua psiquê para busca de integração e conexão com o todo e realidades maiores, mais abrangentes (transpessoais). Nesta abordagem, o homem é visto como um ser parte de um sistema maior e que ambos exercem influência recíproca no desenvolvimento. A psicologia transpessoal promove o estudo e técnicas que promovam expansão da consciência, como a hipnose, meditação, técnicas de relaxamento, além de promover diálogo com a física quântica. Há aqueles que a nomeiam como linha espiritualista por promover este olhar de busca da transcendência e conexão com o todo, seja ele Deus, natureza, universo, as artes, ou contextos mais socioantropológicos, macro ou microssociais. 1.3 - Principais características das Ideias Psicológicas produzidas no Brasil. • As principais características da Psicologia social cognitivo-experimental, segundo Krüger (1986), produzidas no Brasil foram: • O individualismo, em que o social é a soma de indivíduos; • O experimentalismo, sendo experimentos de laboratório ou de campo planejados e controlados; • A microteorização, pois não há teorias abrangentes e sim o uso conceitos; • O etnocentrismo, a ciência enquanto uma produção do e para o ocidente, europeu e estadunidense; • O utilitarismo, (ou pragmatismo), colocando a ciência a resolver problemas sociais; • O cognitivismo, é a cognição que assume de forma racional o controle do comportamento; • O a-historicismo, consideração apenas do momento e do contexto situacional do comportamento e depois generaliza os resultados. . 1.4 - O contexto social e o surgimento da Psicologia científica no Brasil. • A Psicologia científica no Brasil se desenvolveu em um contexto social marcado por influências externas, desigualdades sociais e falta de valorização profissional. • Entre as décadas de 1930 e 1970 havia uma vertente individualista e positivista de ciência, desenvolvida nos EUA e exportada ao ocidente, após a Segunda Guerra Mundial expressa no modelo cognitivo- experimental. • A década de 1970 é considerada um marco para a diversificação dos seus pressupostos teórico-metodológicos e emergência de perspectivas críticas na psicologia social brasileira. A "crise da psicologia social“. • A "Crise da Psicologia Social" foi um período de questionamento e revisão na disciplina, nas décadas de 1960 e 1970. Que sofreu varias críticas à psicologia social e sua concepção individualista de homem e, especialmente, ao método experimental e à sua irrelevância social e individualismo metodológico. • Após a Segunda Guerra Mundial expressa no modelo cognitivo- experimental. A psicologia começa a ser criticada, sobre os métodos experimentais da época e o que de fato a psicologia fazia para ajudar a sociedade, então é instaurada a "crise da psicologia social", levando a uma busca por alternativas, por isto a década de 1970 é considerada um marco para a diversificação dos seus pressupostos teórico-metodológicos, e emergência de perspectivas críticas na psicologia social brasileira. • A "crise" levou à emergência de novas elaborações teóricas, metodológicas e práticas.,1.5 - Instituições importantes para o desenvolvimento da Psicologia brasileira. O desenvolvimento da Psicologia brasileira tem sido marcado por várias instituições, como: O Conselho Federal de Psicologia (CFP), Instituição que regulamenta a profissão de psicólogo no Brasil O Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira (FENPB); Espaço de construção coletiva da Psicologia brasileira, que reúne entidades científicas, profissionais, sindicais e estudantis O Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica (IBAP), Instituição que atua na área de avaliação psicológica. “Nunca tenha certeza de nada, Porque a sabedoria começa com a dúvida” Freud OBRIGADA!