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Capítulo 1 A Psicologia ou as Psicologias BOCK, A. M. B., FURTADO, O. e TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. SP: Ed. Saraiva, 1999, 13 ed. SENSO COMUM Cotidiano - cria suas próprias “teorias” a partir das teorias científicas, seja como forma de “simplificá-las” para o uso no dia-a-dia, ou como sua maneira peculiar de interpretar fatos, a despeito das considerações feitas pela ciência. Senso comum - percorre um caminho que vai do hábito à tradição, a qual, quando estabelecida, passa de geração para geração. Sem esse conhecimento intuitivo, espontâneo, de tentativas e erros, a nossa vida no dia-a-dia seria muito complicada. SENSO COMUM O senso comum mistura e recicla esses outros saberes, muito mais especializados, e os reduz a um tipo de teoria simplificada, produzindo uma determinada visão-de-mundo. (p.16,17,18). CIÊNCIA A ciência é uma atividade eminentemente reflexiva. Ela procura compreender, elucidar e alterar o cotidiano (investigando a realidade), com métodos e técnicas específicas, a partir de seu estudo sistemático, expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa, assim, afasta-se da realidade. Esses conhecimentos devem ser obtidos de maneira programada, sistemática e controlada, para que se permita a verificação de sua validade. Continuidade: um novo conhecimento é produzido sempre a partir de algo anteriormente desenvolvido. DIVERSIDADE DE OBJETOS DA PSICOLOGIA A diversidade de objetos da Psicologia é explicada pelo fato de este campo do conhecimento ter-se constituído como área do conhecimento científico só muito recentemente (final do século 19) - ainda não teve tempo de apresentar teorias acabadas e definitivas, que permitam determinar com maior precisão seu objeto de estudo. DIVERSIDADE DE OBJETOS DA PSICOLOGIA A concepção de homem que o pesquisador traz consigo “contamina” inevitavelmente a sua pesquisa em Psicologia: Inatismo → defendem a existência de determinadas características inatas do ser humano. Todas as qualidades e capacidades básicas de conhecimento do ser humano seriam transmitidas através da hereditariedade. Empirismo → acredita que as ideias dos indivíduos só são desenvolvidas a partir das experiências vividas por cada pessoa. TABULA RASA. Interacionistas → apoia-se na ideia de interação entre organismo e meio (ação recíproca) e vê a aquisição de conhecimento como um processo constituído pelo indivíduo durante toda a sua vida. DIVERSIDADE DE OBJETOS DA PSICOLOGIA Psicologia hoje se caracteriza por uma diversidade de objetos de estudo: Essa diversidade de objetos justifica-se porque os fenômenos psicológicos são tão diversos, que não podem ser acessíveis ao mesmo nível de observação e, portanto, não podem ser sujeitos aos mesmos padrões de descrição, medida, controle e interpretação. DIVERSIDADE DE OBJETOS DA PSICOLOGIA Ao estabelecer o padrão de descrição, medida, controle e interpretação, o psicólogo está também estabelecendo um determinado critério de seleção dos fenômenos psicológicos e assim definindo um objeto. Esta situação leva-nos a questionar a caracterização da Psicologia como ciência e a postular que no momento não existe uma psicologia, mas Ciências psicológicas embrionárias e em desenvolvimento. A SUBJETIVIDADE COMO OBJETO DA PSICOLOGIA A subjetividade é a síntese singular e individual que cada um de nós vai constituindo conforme vamos nos desenvolvendo e vivenciando as experiências da vida social e cultural; é uma síntese que nos identifica, de um lado, por ser única, e nos iguala, de outro lado, na medida em que os elementos que a constituem são experienciados no campo comum da objetividade social. A subjetividade não só é fabricada, produzida, moldada, mas também é automoldável, ou seja, o homem pode promover novas formas de subjetividade, recusando-se ao assujeitamento e à perda de memória imposta pela fugacidade da informação. A SUBJETIVIDADE COMO OBJETO DA PSICOLOGIA Podemos dizer que estudar a subjetividade, nos tempos atuais, é tentar compreender a produção de novos modos de ser, isto é, as subjetividades emergentes, cuja fabricação é social e histórica. A forma de se abordar a subjetividade, e mesmo a forma de concebê-la, dependerá da concepção de homem adotada pelas diferentes escolas psicológicas. Essas escolas acabam formulando um conhecimento fragmentário de uma única e mesma totalidade – o ser humano: o seu mundo interno e as suas manifestações. A superação do atual impasse levará a uma Psicologia que enquadre esse homem como ser concreto e multideterminado. Capítulo 10 A PSICOLOGIA COMO PROFISSÃO BOCK, A. M. B., FURTADO, O. e TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. SP: Ed. Saraiva, 1999, 13 ed. Que profissão é essa? A psicologia no Brasil é uma profissão reconhecida por lei – Lei 4.119, de 1962. Psicólogos habilitados: concluir um curso de graduação em psicologia e se registrar no CRP. É privativo do psicólogo o uso de métodos e técnicas da psicologia para fins de diagnóstico psicológico, orientação e seleção profissional, orientação psicopedagógica e solução de problemas de ajustamento. Até a regulamentação a Psicologia Organizacional e Escolar já contavam com três décadas de aplicação. A Psicologia Clínica era incipiente. Esta passa a ser privilegiada após a regulamentação. O psicólogo não adivinha nada O apoio de qualquer pessoa pode ter uma função de ajuda para a superação de dificuldades. Porém, o psicólogo possui instrumentos teóricos, conjunto de técnicas, de conhecimentos instrumentos apropriados e cientificamente elaborados que lhe possibilitam diagnosticar, interpretar e intervir diante dos problemas, para assim, desvendar o que está implícito, encoberto, não aparente. O psicólogo pode, junto com o paciente, desvendar razões dos atos, dos pensamentos, dos desejos, das emoções, e compreender dificuldades, caracterizando-se, assim, sua intervenção. Finalidade do trabalho psicológico O psicólogo trabalha para promover a saúde; trabalha para que as pessoas desenvolvam uma compreensão cada vez maior de sua inserção nas relações sociais e de sua constituição histórica e social enquanto ser humano. Ao falarmos de saúde, portanto, estamos falando de um conjunto de condições, criadas coletivamente, que permitem a continuidade da própria sociedade (alimentação, educação, lazer, vida social, etc.). O psicólogo tem seu trabalho relacionado às condições gerais de vida de uma sociedade. Saúde é o “estado de bem-estar físico, mental e social”. Áreas de atuação do psicólogo Nos consultórios, clínicas, hospitais, ambulatórios e centros de saúde o psicólogo atua para promover saúde. Quando a doença está presente, merece intervenção terapêutica (diagnóstico, intervenção, avaliação). Nesse campo utilizam-se testes, entrevistas e psicoterapias. É o campo da psicologia clínica. Nas escolas ou instituições educacionais (creches, orfanatos, etc.) o processo pedagógico vai ser colocado como realidade principal. Quando pensamos em promover saúde intervindo nas relações de trabalho (empresas, indústrias, escola, hospital, etc.) estamos no campo da psicologia organizacional. Mais recentemente, o psicólogo tem sido requisitado para trabalhar junto ao marketing, esporte, justiça, presídios, trânsito, planejamento urbano, etc.