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Ao final desta aula, o aluno será capaz de: 1. Entender o conto como uma outra forma de narrar; 2. conhecer o objetivo do conto; 3. conhecer a origem do conto; 4. identificar todos os elementos que fazem parte da estrutura do conto. Na última aula, falamos sobre o romance. Mas existem outras formas de narrar, ou seja, de contar os fatos como, por exemplo, o conto. Muita gente define o conto como sendo uma narrativa pequena. Mas, a definição precisa não é esta. A chave para se entender o conto, enquanto gênero, está na concentração de sua trama. Não é possível falar de vários assuntos ou apresentar várias situações dentro de um conto. Ele trata, geralmente, de uma situação, a qual se desenrola sem pausas e sem recuos. Aula 5: Outras Formas de Narrar - O Conto quarta-feira, 23 de setembro de 2015 19:11 Página 1 de Nova Seção 1 No conto, deve existir um cuidado na seleção de tudo aquilo que será apresentado ao leitor. Tudo deve ser muito simples, sem grandes complicações psicológicas e sem grandes peripécias. O seu foco é levar o leitor ao desfecho, que é, também, o clímax da história. É o momento com o máximo de tensão. Neste momento final, quase não há descrições. Você sabe como surgiu o conto? O conto surgiu com as narrativas religiosas. Você já ouviu falar da parábola do filho pródigo, da mulher que tinha um fluxo de sangue, da ressurreição de Lázaro ou do conflito entre Caim e Abel? Todas são pequenas histórias bíblicas que fazem parte do nascimento do conto. Depois de anos, muitas narrativas religiosas foram, aos poucos, perdendo suas características, pois o folclore inseriu, em tais narrativas, dragões, seres fantásticos, fadas. Dessa forma, os contos de fadas e as fábulas vão absorver os elementos do folclore. A palavra conto deriva do verbo contar, que tem sua origem em computare, isto é, enumerar objetos ou enumerar acontecimentos. Na Idade Média, contar era a mesma coisa que enumerar fatos ou relatar algo, construindo, assim, narrativas. Só no século XVI, ganha, especificamente, um sentido literário, caracterizando-se como gênero. Qual o objetivo do conto? quarta-feira, 23 de setembro de 2015 19:14 Página 2 de Nova Seção 2 É o tempo em que ele se torna nobre e passa a dividir espaço, no universo literário, com o romance. Surge, então, autores contistas como: Balzac• Flaubert• Machado de Assis• Qual a unidade do conto? Como já dissemos, o conto não fala de várias situações. Ele gravita em volta de um só conflito. Isto lhe garante unidade de ação. E, de onde surge o conflito? Ora, surge do embate entre as personagens. Tudo pode detonar o conflito, ou seja, pode surgir da dor, de um sofrimento qualquer, da angústia, da inquietude, da consciência da morte ou mesmo da noção da fragilidade da existência humana. Tudo que movimenta o conto converge para um único núcleo. O drama é só um, por isso não há grandes questionamentos a respeito de nada. O século XIX foi a época de maior esplendor do conto. quarta-feira, 23 de setembro de 2015 19:27 Página 3 de Nova Seção 3 O que conta é o momento presente. Por isso, a personagem esgota, em apenas algumas horas, todas as suas potencialidades. Qual é o espaço do conto? Esta é uma outra pergunta importante. Em todo conto, há, sempre, uma limitação de espaço. As personagens não têm muito por onde circular. Pode ser uma rua, uma casa, um quarto ou uma sala. Qualquer um desses lugares serve para a organização e um enredo. À unidade de ação corresponde a unidade de espaço. O que isto significa? Ora, apenas um ambiente se configura como palco do conflito. Ali está concentrada a dramaticidade. O passado e o futuro não interessam no conto. quarta-feira, 23 de setembro de 2015 19:32 Página 4 de Nova Seção 4 Tudo, neste tipo de narrativa, se passa em um tempo curtíssimo. São, apenas, algumas horas ou dias. 1. Há, também, o estabelecimento de um foco: o leitor. Ele tem que ser impactado pela história que vai ler. Para ser interessante, o conto tem que ter um tom que desperte no leitor uma única impressão, a qual pode ser: pavor, piedade, ódio, simpatia, ternura ou indiferença. 2. O conto sempre opera com ação. Não opera com caracteres. Isto, para despertar essa impressão única no leitor. Significa fazer com que os conflitos apresentados funcionem como espelho para o leitor. Cria-se um movimento de identificação. Por isso, o contista se esforça para criar um drama que desperte, de forma quase imediata, um sentimento forte no leitor. Esta unidade de tom é evidenciada pela tensão interna da trama narrativa. Sendo assim, nada pode, no texto, ser modificado, isto é, nenhuma palavra pode ser tirada ou acrescentada. Qualquer conto é construído a partir de uma só ideia, de uma só concepção da vida. Como são as personagens do conto? Enquanto, no romance, temos um bloco considerável de personagens, no conto são poucas. Há sempre um par dialético, isto é, há sempre um diálogo que dá a direção da história. Mesmo quando a personagem está sozinha, ela fala. O seu diálogo, neste caso, é com o seu próprio eu. Este eu é que vai ser o seu oponente dramático. O diálogo e as ações das personagens conduzem para um epílogo enigmático. Não imaginamos, ao iniciar a leitura, como vai ser o final E, o tempo? Como funciona o tempo no conto? quarta-feira, 23 de setembro de 2015 19:34 Página 5 de Nova Seção 5 A personagem do conto não cresce como no romance. Não passa por nenhuma transformação. Ela é estática, ou seja, não muda. Isto acontece porque é surpreendida num único instante de sua existência. Ela é imobilizada no tempo, no espaço e em sua personalidade. Apenas uma faceta do seu caráter aparece. Por isso, muitas vezes, nem sequer lembramos o nome de uma personagem. O mesmo não acontece no romance. Como é a linguagem do conto? Se a compreensão de um conto deve ser imediata, o leitor não pode se deparar com muitas metáforas. A linguagem, portanto, deve ser objetiva. Não há espaço para segundas intenções nas palavras. Não há espaço para obscuridades. As coisas são da forma como são ditas. As palavras, que movem os diálogos, constroem ou destroem alguma coisa. Os conflitos estão na fala. Estão em tudo aquilo que é dito ou pensado. Daí, a grande importância do diálogo. A discórdia, os mal-entendidos ou os subentendidos estão no diálogo. É a base expressiva do conto. Por fim, temos que pensar na estrutura do conto? Como se dá o desenrolar da trama? Ora, a trama é linear e objetiva. O tempo predominante é o cronológico. Segue a marcação regular do tempo. O leitor vê os fatos acontecerem com a mesma sequência, com a mesma continuidade da vida real. O andamento é a ordem lógica da vida. Ele caminha sempre para frente e, a qualquer momento, pode desencadear um conflito. Além disso, o leitor só conhece os acontecimentos que antecedem ao fim, ou seja, que estão um pouco antes do clímax dramático, pois o conto, quando começa, já está perto do fim. Lembre-se! quarta-feira, 23 de setembro de 2015 19:40 Página 6 de Nova Seção 6
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