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Elementos da Narrativa e Gêneros Literários

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NARRATIVAS
INTRODUÇÃO
	Contar histórias é uma atividade praticada por muita gente: pais, filhos, professores, amigos, namorados, avós... Enfim, todos contam/escrevem ou ouvem/leem toda espécie de narrativa: contos de fadas, casos, piadas, mentiras, romances, contos, novelas... Assim, a maioria das pessoas é capaz de perceber que toda narrativa tem elementos fundamentais, sem os quais não pode existir; tais elementos de certa forma responderiam às seguintes questões: O que aconteceu? Quem viveu os fatos? Como? Onde? Por quê? 
ELEMENTOS DA NARRATIVA
	A narrativa é estruturada sobre cinco elementos principais:
ENREDO
PERSONAGENS
TEMPO
ESPAÇO
NARRADOR
	Narrar é uma manifestação que acompanha o homem desde sua origem. As gravações em pedra nos tempos da caverna, por exemplo, são narrações. Os mitos – histórias das origens (de um povo, de objetos, de lugares) –, transmitidos pelos povos através das gerações. Muitas são as possibilidades de narrar, oralmente ou por escrito, em prosa ou em verso, usando imagens ou não. Neste livro, porém, iremos nos deter nas narrativas literárias e em prosa.
	Gênero é um tipo de texto literário, definido de acordo com a estrutura, o estilo e a recepção junto ao público leitor ouvinte. Procuraremos aqui adotar a classificação mais usual.
Gêneros Literários
Épico: é o gênero narrativo ou de ficção que se estrutura sobre uma história;
Lírico: é o gênero ao qual pertence a poesia lírica;
Dramático: é o gênero teatral, isto é, aquele que engloba o texto de teatro, uma vez que o espetáculo em si foge à alçada da literatura.
GÊNERO NARRATIVO
	O gênero épico recebe tal nome das epopeias (narrativas heroicas em versos), apesar de modernamente este gênero manifestar-se sobretudo em prosa.
TIPOS DE NARRATIVA
	As narrativas em prosa mais difundidas são o romance, a novela, o conto e a crônica (ainda que a última não seja exclusivamente narrativa).
ROMANCE
	É uma narrativa longa, que envolve um número considerável de personagens (em relação à novela e ao conto), maior número de conflitos, tempo e espaço mais dilatados. Embora haja romances que datem do século XVI (D. Quixote De La Mancha, de Cervantes por exemplo), este tipo de narrativa consagrou-se sobretudo no século XIX, assumindo o papel de refletir a sociedade burguesa.
	Podemos classificar o romance quanto a sua temática. Os tipos mais conhecidos são de amor, de aventura policial, ficção científica, psicológico, etc.
NOVELA
	É um romance mais curto, isto é, tem um número menor de personagens, conflitos e espaços, ou os tem em igual número ao romance, com a diferença de que a ação no tempo é mais veloz na novela. Difere em muito da novela de TV, a qual tem uma série de casos (intrigas) paralelos e uma infinidade de momentos de clímax. Um exemplo de novela seria O Alienista de Machado de Assis.
CONTO
	É uma narrativa mais curta, que tem como característica central condensar conflito, tempo, espaço e reduzir o número de personagens. O conto é um tipo de narrativa tradicional, isto é, já adotado por muitos autores nos séculos XVI e XVII, como Cervantes e Voltaire, mas que hoje é muito apreciado por autores e leitores, ainda que tenha adquirido características diferentes, por exemplo, deixar de lado a intenção moralizante e adotar o fantástico ou o psicológico para elaborar o enredo.
CRÔNICA
	Por se tratar de um texto híbrido, nem sempre apresenta uma narrativa completa; uma crônica pode contar, comentar, descrever analisar. De qualquer forma, as características distintivas da crônica são: texto curto, leve, que geralmente aborda temas do cotidiano.
ELEMENTOS DA NARRATIVA
	Toda narrativa se estrutura sobre cinco elementos, sem os quais ela não existe. Sem os fatos não há história, e quem vive os fatos são os personagens, num determinado tempo e lugar. Mas para ser prosa de ficção é necessária a presença do narrador, pois é ele fundamentalmente que caracteriza a narrativa. Os fatos, os personagens, o tempo e o espaço existem por exemplo num texto teatral, para o qual não é fundamental a presença do narrador. 
	No conto, no romance, na novela, o narrador é o elemento organizador de todos os outros componentes, o intermediário entre o narrador (a história) e o autor, entre o narrador e o leitor. 
ENREDO
	O conjunto dos fatos de uma história é conhecido por muitos nomes: intriga, ação, trama, história. No âmbito de nossas aulas adotaremos o termo mais largamente difundido: enredo.
VEROSSIMILHANÇA
	É a lógica interna do enredo, que o torna verdadeiro para o leitor é, pois, a essência do texto de ficção.
	Os fatos de uma história não precisam ser verdadeiros, no sentido de corresponderem exatamente a fatos ocorridos no universo exterior ao texto, mas devem ser verossímeis; isto quer dizer que, mesmo sendo inventados, o leitor deve acreditar no que lê. Esta credibilidade advém da organização lógica dos fatos dentro do enredo. Cada fato da história tem uma motivação (causa), nunca é gratuito e sua ocorrência desencadeia inevitavelmente novos fatos (consequências).
PARTES DO ENREDO
Conflito:
Exposição
Complicação
Climax
Desfecho
PERSONAGENS
	A personagem é um ser fictício que é responsável pelo desempenho do enredo; em outras palavras é quem faz a ação. Por mais real que pareça, o personagem é sempre invenção, mesmo quando se constata que determinados personagens são pessoas reais.
	A personagem é um ser que pertence à história e que, portanto, só existe como tal se participa efetivamente do enredo, isto é, se age ou fala. Se um determinado ser é mencionado na história por outros personagens mas nada faz direta ou indiretamente, ou não interfere de modo algum no enredo, pode-se não o considerar personagem.
CLASSIFICAÇÃO DAS PERSONAGENS
Protagonista:
Herói
Anti-herói 
Antagonista
Personagens Secundários
CARACTERIZAÇÃO
Personagens Planas
Tipo
Caricatura
Personagens Redondas:
Físicas
Psicológicas
Sociais
Ideológicas
Morais
TEMPO
	Época em que se passa a história constitui o pano de fundo para o enredo. A época da história nem sempre coincide com o tempo real em que foi publicada ou escrita. Um exemplo disso é o romance do Umberto Eco, O nome da Rosa, que retrata a Idade Média, embora tenha sido escrito e publicado recentemente.
DURAÇÃO DA HISTÓRIA
	Muitas histórias se passam em um curto período de tempo, já outras têm um enredo que se estende ao longo de muitos anos. Os contos de um modo geral apresentam uma duração curta em relação aos romances, nos quais o transcurso do tempo é mais dilatado.
TEMPO CRONOLÓGICO
	É o nome que se dá ao tempo que transcorre na ordem natural dos fatos no enredo, isto é do começo para o final. Está, portanto, ligado ao enredo linear; chama-se cronológico porque é mensurável em horas, dias, meses, anos, séculos. 
TEMPO PSICOLÓGICO
	É o nome que se dá ao tempo que transcorre numa ordem determinada pelo desejo ou pela imaginação do narrador ou dos personagens, isto é, altera a ordem natural dos acontecimentos. Está, portanto, ligado ao enredo não linear. 
ESPAÇO
	Espaço é, por definição, o lugar onde se passa a ação numa narrativa. Se a ação for concentrada, isto é, se houver poucos fatos na história, ou se o enredo for psicológico, haverá menos variedade de espaços; pelo contrário, se a narrativa for cheia de peripécias, haverá maior afluência de espaços.
	O espaço tem como funções principais situar as ações dos personagens e estabelecer com eles uma interação, quer influenciando suas atitudes, pensamentos ou emoções, quer sofrendo eventuais transformações provocadas pelos personagens.
NARRADOR
	Não existe narrativa sem narrador, pois ele é o elemento estruturador da história. Dois são os termos mais usados pelos manuais de análise literária, para designar a função do narrador na história: foco narrativo e ponto de vista. Tanto um quanto o outro referem-se à posição ou perspectiva do narrador frente aos fatos narrados.
TIPOS DE NARRADOR
Terceira pessoa:
Onisciência
Onipresença
Primeira pessoa ou narrador personagem
CONTO
GÊNEROTEXTUAL – CONTO
“O tamanho não é o que faz mal a este gênero de histórias. É naturalmente a qualidade; mas há sempre uma qualidade nos contos que os torna superiores aos grandes romances, se uns e outros são medíocres: é serem curtos.”
Machado de Assis
O conto é uma obra de ficção, um texto ficcional. Cria um universo de seres e acontecimentos de ficção, de fantasia ou imaginação. Como todos os textos de ficção, o conto apresenta um narrador, personagens, ponto de vista e enredo;
O conto se define pela sua pequena extensão. Mais curto que a novela ou o romance, o conto tem uma estrutura fechada, desenvolve uma história e tem apenas um clímax. A trama não se desdobra em conflitos secundários, já que é conciso;
“Um conto é uma narrativa curta. Não faz rodeios: vai direto ao assunto.
No conto tudo importa: cada palavra é uma pista. Em uma descrição, informações valiosas; cada adjetivo é insubstituível; cada vírgula, cada ponto, cada espaço – tudo está cheio de significado. […]”
(FIORUSSI, 2003. p. 103).
CARACTERÍSTICAS
Enredo – É a história propriamente dita, na qual os fatos são organizados de acordo com uma sequência lógica de acontecimentos. Ao nos referirmos a essa logicidade, estamos também nos reportando à ideia da verossimilhança;
	Mesmo em se tratando de fatos ficcionais (inventados), o discurso requer coerência, com vistas a proporcionar no leitor uma impressão de que os fatos, situados em um dado contexto, realmente são passíveis de acontecer;
 O enredo compõe-se de determinados elementos que lhe conferem a devida credibilidade, fazendo com que se instaure um clima de envolvimento entre os interlocutores para que a finalidade discursiva seja realmente concretizada.
	O conflito talvez seja a parte elementar de toda essa “trama”, pois é ele que confere motivação ao leitor/ouvinte, instigando-o a se envolver cada vez mais com a história. E para que haja essa interação, os fatos se devem a uma estruturação do próprio enredo, assim delimitada:
ELEMENTOS DO ENREDO
A introdução (ou apresentação) – Geralmente, constitui o começo da história, na qual o narrador apresenta os fatos iniciais, revela os protagonistas e eventualmente demarca o tempo e/ou espaço. Trata-se de uma parte extremamente importante, haja vista que tende a atrair a atenção do leitor, situando-o diante do discurso apresentado;
A complicação (ou desenvolvimento) – Nessa parte do enredo é que começa a se instaurar o conflito;
O clímax – Trata-se do momento culminante da narrativa, aquele de maior tensão, no qual o conflito atinge seu ponto máximo;
O desfecho – Conferidos toda essa tramitação, é chegado o momento de partirmos para uma solução dos fatos apresentados. Esse final poderá muitas vezes nos surpreender, revelando-se como trágico, cômico, triste, alegre, aberto, entre outras formas.
Tempo – Revela o momento em que tudo acontece, podendo ser classificado em cronológico e psicológico;
O espaço – É o lugar onde se passam os fatos. Caracteriza-se como físico (geográfico), representados por ruas, praças, avenidas, cidades, dentre outros; e psicológico, referindo-se às condições socioeconômicas, morais e psicológicas condizentes às personagens. Possibilitando, portanto, situá-las na época e no grupo social em que se passa a história;
No conto, ambos são reduzidos;
O touro fiel
Ernest Hemingway
Era uma vez um touro que não se chamava Ferdinando e não ligava para flores. Gostava de lutar e lutava com todos os outros touros de sua idade, ou de qualquer idade, e era um campeão.
Os chifres dele eram duros como madeira e pontudos como cerdas de porco-espinho. Quando lutava, os chifres o machucavam na base, mas ele não ligava a mínima. Os músculos do pescoço formavam uma protuberância que em espanhol se chama morillo e esse morillo ficava alto como um morro quando ele estava pronto para lutar. Ele sempre estava pronto para lutar, e o pelo dele era preto e lustroso, e os olhos eram claros.
Tudo era pretexto para ele lutar e ele lutava com a mesma seriedade com que certas pessoas comem, leem ou vão à igreja. Cada vez que lutava, lutava para matar, e os outros touros não tinham medo dele porque eram de boa linhagem, e touro de boa linhagem não tem medo. Mas não o provocavam. Nem tinham vontade de lutar com ele.
Esse touro não era provocador nem era perverso, mas gostava de lutar como as pessoas podem gostar de cantar ou de ser rei ou presidente. Ele nunca pensava. Lutar era a sua obrigação, o seu dever e a sua alegria.
Lutava em chão de pedra, em lugares altos, debaixo de sobreiras e nos pastos perto do rio. Caminhava vinte quilômetros por dia desde o rio até o terreno alto e pedregoso, e lutava com qualquer touro que olhasse para ele. Mas nunca tinha raiva.
Isso não é bem verdade, porque ele tinha raiva lá dentro dele. Só que não sabia por quê, já que não pensava. Era um touro muito nobre, que gostava de lutar.
E o que foi que aconteceu com ele? O homem que era dono dele, se alguém pode ser dono de um animal assim, sabia que ele era um grande touro, mas se preocupava porque esse touro lhe dava muita despesa por lutar com outros touros. Cada touro valia mais de mil dólares, e depois que lutavam com o grande touro ficavam valendo só duzentos dólares, às vezes menos até.
Então o homem, que era um bom homem, resolveu que seria melhor conservar o sangue desse touro em toda a sua criação, em vez de mandá-lo para morrer na arena. Assim, destinou-o a ser reprodutor.
Mas aquele touro era um touro muito estranho. A primeira vez que o soltaram no pasto com as vacas reprodutoras, ele viu uma que era jovem e bonita, esbelta e de músculos mais bem-distribuídos e mais gostosos do que as outras todas. Então, já que não podia lutar, apaixonou-se por ela e não teve olhos para nenhuma outra. Só queria estar com ela, as outras nada significavam para ele.
Diante disso o homem mandou-o com outros cinco para serem mortos na arena, e lá pelo menos o touro podia lutar, apesar de ser um touro fiel. Lutou admiravelmente e todo mundo o aplaudiu, e o homem que o matou foi quem mais o admirou. Mas a jaqueta do homem que o matou e que é chamado de matador ficou toda ensopada, e a boca dele, sequíssima.
— Que toro más bravo — disse o matador quando entregava a espada ao espadeiro. Entregou-a com o punho para cima e a lâmina pingando sangue do coração do bravo touro que não tinha mais nenhum problema de qualquer espécie e estava sendo arrastado da arena por quatro cavalos.
— Bem, este era um dos que o Marquês de Villamayor precisou se livrar porque era fiel — disse o espadeiro, que de tudo sabia.
— Quem sabe se nós todos não devíamos ser fiéis? — disse o matador.
Reflexão sobre a história
Cite os principais temas que você vê nessa história.
Você acha que este conto é apenas sobre um touro? Por que ou por que não?
Por causa do touro fiel ao seu amor, o que acontece?
Para você, a ideia que a história passa é de que a fidelidade é um bom traço ou um traço ruim?
Leitura e interpretação
Relembrando a citação:
“Um conto é uma narrativa curta. Não faz rodeios: vai direto ao assunto.
No conto tudo importa: cada palavra é uma pista. Em uma descrição, informações valiosas; cada adjetivo é insubstituível; cada vírgula, cada ponto, cada espaço – tudo está cheio de significado. […]”
(FIORUSSI, 2003. p. 103).