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A Cidade Ideal de Platão

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A Cidade Ideal de Platão
 No livro A República, Platão formula uma cidade ideal, onde para ele haveria a tão sonhada justiça. Essa cidade era fundamentada na divisão do trabalho. Para Platão, uma cidade justa só poderia existir se cada homem cumprisse com suas funções. Para isso, ele dividiu os homens em três classes diferentes: a primeira delas seria a dos artesãos. Esses se dedicariam à produção de bens materiais; a segunda seria a classe dos guerreiros, que seriam responsáveis por defender a cidade de possíveis males; a terceira era a dos filósofos, que deveriam dirigir a cidade e zelar pela obediência das leis. Platão dizia que cada pessoa nascia com aptidões distintas e que elas definiam a que classe as pessoas pertenceriam. Como explica Paulo Ghiraldelli Jr.: 
“A República Platônica foi elaborada com uma divisão social estruturada em três estamentos: o dos trabalhadores manuais, responsáveis pela produção artesanal e agrícola da cidade; o dos guerreiros, responsáveis pela ordem interna e pela proteção da cidade contra invasores; e dos sábios, governantes que formariam o conselho do qual deveria sair o rei – o rei-filósofo.”
 Ele dizia que a forma correta de governo deveria se espelhar na alma e no ser humano. Como no corpo humano, a cabeça é que governa, na cidade ideal, caberia àqueles dotados da razão, os filósofos, o dever de governar a cidade. Já aqueles detentores da cólera, a qual ele associava ao peito, seriam os corajosos, os guerreiros, que lutariam em prol da manutenção da organização e da paz da cidade. O terceiro grupo era comandado pelos desejos, que no corpo humano seria afim da região do baixo ventre. Essa classe, a dos artesãos, deveria controlar seus desejos para conseguir manter a temperança. Para isso eles deveriam empregar a força resultante de seus desejos naquilo que possuem habilidade para realizar, os seus trabalhos específicos. Na alma também há essa tripartição: a logistikón, é a parte responsável pelos cálculos e pelo raciocínio; a thymólides é onde há a cólera ou a parte irascúvel; e a epithymetikón, que é a parte desejante.
 Platão dizia que era importante que toda a cidade fosse feliz. Uma classe não poderia usufruir de uma felicidade superior a de outra classe, todos, independentemente de ser filósofo, guerreiro ou artesão deveriam possuir a mesma felicidade. Mas para haver felicidade, era necessário haver justiça, e para haver justiça seria necessário partir da estaca zero. Ele dizia que a família deveria deixar de existir. Ao nascer, as crianças deveriam ser retiradas de suas mães, e serem educadas pela cidade. Nenhuma mãe ou pai conheceria seu filho, do mesmo modo que os filhos não saberiam quem são seus pais. Com isso, não existiriam os laços familiares, as pessoas seriam menos egoístas e alheias aos maus hábitos.
 Portanto, com as crianças sob custódia do “Estado”, seria preciso um sistema educativo que desenvolvesse as virtudes necessárias para cade classe.
 “Na cidade utópica, todos os habitantes adentrariam o ambiente terreno com a mesma estrutura psicológica – a estrutura da alma -, mas nem todos, no decorrer do processo educacional institucional, mostrariam igual desenvolvimento. O compartilhamento de certas características revelaria o caráter e as possibilidades de cada indivíduo”. 2
 Durante os  dez primeiros anos de vida, a educação da criança seria predominantemente na parte física. Após os dezesseis a música ficaria responsável por ensinar ao espírito. Quando atingissem os vinte anos, seria a hora de um teste prático e teórico, que dividiria os homens em suas respectivas classes. Os que não passassem seria designados à terceira classe, a dos artesãos. Os outros alunos receberiam mais dez anos de ensino, até realizarem outro teste, que permitira aqueles que passassem a estudar a Filosofia e se dedicarem ao estudo do mundo das ideias.
	VIRTUDES
	CIDADE
	ALMA
	Sabedoria
	Governantes
	Raciocínio
	Coragem
	Guardiões
	Cólera
	Temperança
	Todas as classes
	Todos os elementos
	Justiça
	Todas as classes
	Todos os elementos
 “O papel do intelecto seria o de governo da própria vida, o papel do espírito seria o de energizar as atividades vitais e, enfim, os apetites precisariam ser treinados para cumprir o que é reto e nobre. O predomínio de uma instância traria a distinção de caráter. As pessoas cuja senhoria se exercesse pela razão poderiam ser filósofas; elas teriam tudo o que é necessário para participar do conselho de governantes e até mesmo para chegar a ser rei. As pessoas cujo espírito fosse o motor principal seriam homens de ação e, uma vez educados, formariam o grupo dos guerreiros, defensores armados da cidade. Por fim, os que caíssem sob o domínio dos apetites [...] estariam destinadas a trabalhar com as mãos, no artesanato e afins, servindo na cidade para o estamento dos operários e artesãos.”. 3
 Platão dizia necessário a criação de um método capaz de impedir que a incompetência e a corrupção existissem no governo público.  Por isso, a cidade ideal, só poderia ser governada por aqueles que possuíssem a habilidade da sabedoria, os filósofos. Dentre todos os sábios, seriam escolhidos os melhores, e estes teriam que submeter-se a diversas provas para avaliação de seu patriotismo e resistência. Uma vez aprovados, receberiam o título de Filósofo-Rei. Seriam aqueles capazes de, através da sabedoria, realizar uma justiça social. É importante ressaltar que não haveria distinção entre os sexos, homens e mulheres poderiam pertence a qualquer uma das classes, de acordo com sua capacidade a aptidão.
 Um fator importante na cidade ideal de Platão, seria o fato de o indivíduo se renunciar em prol da sociedade. O egocentrismo seria inaceitável, sendo o altruísmo necessário para a existência da justiça. Por isso era necessário que todas as classes cumprissem suas funções de maneira correta, pois só assim seria possível uma igualdade para todos os cidadãos da cidade.
  Platão teve duas chances de por em prática sua cidade ideal, porém em ambas não conseguiu realizar-la. O próprio, após isso, reconheceu que sua cidade ideal, baseada na justiça entre as classes e na felicidade única dos homens era utópica.

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