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Prévia do material em texto

Angela Gomes
Comunicação Em 
Situações Difíceis 
no Tratamento 
Oncológico
Unidade 1
Livro didático 
digital
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial 
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico 
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autor 
ANGELA GOMES
Desenvolvedor 
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
Olá. Meu nome é Angela Gomes. Sou graduada em 
Enfermagem e pós- graduada em Enfermagem Oncológica, com 
uma experiência técnico-profissional na área da enfermagem há 
mais de 23 anos. Passei por Hospitais infantis como Pronto Baby 
na Tijuca RJ, Hospital São Vicente de Paulo também situado 
na cidade da Tijuca RJ, onde obtive experiências no Centro 
cirúrgico e atualmente trabalho no INCA (INSTITUTO NACIONAL 
DO CÂNCER) há 15 anos onde desenvolvo a atividade de 
enfermagem oncológica. Sou apaixonada pelo que faço e 
adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão 
iniciando em suas profissões. No INCA adquiri uma rica e extensa 
experiência de vida, sem contar com a profissional! Trabalhar 
no setor Oncológico é complicado em alguns momentos, 
porém prazeroso saber que estamos fazendo o bem. Por isso 
fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de 
autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você 
nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
Autor 
ANGELA GOMES
INTRODUÇÃO: 
para o início do 
desenvolvimen-
to de uma nova 
competência;
DEFINIÇÃO: 
houver necessidade 
de se apresentar 
um novo conceito;
NOTA: 
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE: 
as observações 
escritas tiveram 
que ser prioriza-
das para você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado 
ou detalhado;
VOCÊ SABIA? 
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e 
links para aprofun-
damento do seu 
conhecimento;
REFLITA: 
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou 
discutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO: 
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das 
últimas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma ativi-
dade de autoapren-
dizagem for aplicada;
TESTANDO: 
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
Iconográficos
Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo pro-
jeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de 
aprendizagem toda vez que:
SUMÁRIO
Introdução......................................................................................10
Competências................................................................................11
Compreender a importância das atualizações na 
comunicação em situações difíceis no tratamento 
oncologico......................................................................................12
Importância das atualizações na comunicação em situações 
difíceis na oncologia.......................................................................................13
Os tipos de protocolos padronizados e como aplica-los 
na comunicação em situações difíceis................................26
Identificar o grau de conhecimento dos estudantes de 
enfermagem diante a comunicação em situações difíceis 
no tratamento oncológico........................................................36
Compreender estratégias utilizadas entre os enfermeiros 
oncológicos na comunicação aos pacientes e familiares 
em situações difíceis no tratamento oncológico.............38
Bibliografia.....................................................................................54
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico 9
UNIDADE
01
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico10
O propósito desse Ebook é reverenciar o contexto 
científico e prático da Comunicação em situações difíceis 
no tratamento oncológico entre os profissionais de saúde 
e pacientes, e tem como objetivo facilitar na resolução dos 
problemas e questões que surgirão na vida profissional 
dos enfermeiros oncológicos. Estes conceitos básicos são 
importantes para o enfrentamento de dilemas ou conflitos 
que podem surgir e para que o enfermeiro saiba se posicionar 
de uma maneira ética, humana e compreensiva. Assim, 
esses conceitos e teorias devem ser claras para todos. 
Não se pretende impor regras de comportamento mais 
sim proporcionar uma análise em que os profissionais da 
área de oncologia possam refletir e adquirir conhecimento 
de como se comunicar diante as diversas situações que 
surgem durante a vida do enfermeiro na área da oncologia.
A formação do profissional de enfermagem em 
nível superior nem sempre é discutida em uma disciplina 
oncológica sendo necessária especialização para que os 
termos mais profundos do tratamento do câncer sejam 
discutidos.
O conteúdo a seguir se divide em três partes: A 
importância da boa Comunicação entre enfermeiros e 
pacientes na área oncológica; Abordagens dos Protocolos 
padronizados existentes para Más-notícias; Dilemas 
encontrados na Oncologia. Entendeu? Ao longo desta 
unidade letiva você vai mergulhar neste universo!
INTRODUÇÃO
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico 11
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso 
objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes 
competências profissionais até o término desta etapa de 
estudos:
1. (Compreender a importância das atualizações 
na comunicação em situações difíceis no tratamento 
Oncológico)
2. (Os tipos de protocolos padronizados e como 
aplica-los na comunicação em situações difíceis)
3. (Identificar o grau de conhecimento dos estudantes 
de enfermagem diante da comunicação em situações 
difíceis no tratamento Oncológico)
4. Compreender as estratégias utilizadas entre os 
enfermeiros oncológicos na comunicação aos pacientes e 
familiares em situações difíceis no tratamento oncológico
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo 
ao conhecimento? Ao trabalho! 
“Aprender é a única coisa que a mente nunca se 
cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende”
COMPETÊNCIAS
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico12
Compreender a importância das 
atualizações na comunicação em situações 
difíceis no tratamento oncologico
Ao término deste capítulo você será capaz de 
entender como funciona a importância da comunicação 
em situações difíceis no tratamento oncologico. A 
comunicação hoje constitui uma dimensão central do 
cuidado, entre os profissionais de saúde e pacientes, 
principalmente em situações de doenças graves e de longa 
duração como é o câncer. Em que paciente e familiar tem 
suas vidas completamente mudadas pela doença, devido 
ao tratamento prolongado, as expectativas, as emoções, 
angústias, medos e incertezas. Nem sempre a comunicação 
entre os profissionais de saúde são satisfatória para o 
paciente e seus familiares, sendo necessário implementar 
estratégias que favoreçam uma melhor comunicação e 
expectativas. E para que essa comunicação seja eficaz 
o profissional deve buscar conhecimento através de 
pesquisas e tórias fundamentadas para que possa utilizar 
a comunicação adequada e interagir de forma humanizada 
com os pacientes. Dessa maneira terá capacidade de 
percepção sobre os sentimentos vivenciados pelos 
pacientes diagnosticados com câncer, uma melhor interação 
e comunicação. Isto será fundamental para o exercício 
de sua profissão. A falta de conhecimento profissional 
principalmente na área oncológica gera sentimento de 
insegurança e desvalorização da doença nos pacientes. 
Quanto mais conhecimento melhor será a prática. E então? 
Motivado para desenvolver esta competência? Então 
vamos lá. Avante!
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico 13
 Importância das atualizações na 
comunicação em situações difíceis na 
oncologia
Desde a erauma vez que 
permite mudar a perspectiva subjetiva, em que o paciente 
e a comunidade vivenciam a doença grave. Devido ao 
significado do câncer, o paciente redireciona sua atenção 
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico 49
a novos aspectos ou percebe a experiência de um novo 
ponto de vista. O alívio do sofrimento, a sobrevivência ou a 
cura não significam o retorno ao estado anterior à doença, 
essa situação alterou-se como uma nova experiência - uma 
segunda oportunidade de vida trazida pela sobrevivência. A 
fé constitui um modo de pensar construtivo. Um sentimento 
de confiança de que acontecerá o que se deseja. A fé em 
Deus é um sentimento arraigado em nossa cultura e é tão 
necessária quanto outros modos de enfrentamento.
O apoio da família é um dos principais recursos externos 
do paciente para o desenvolvimento de estratégias de 
enfrentamento. Enquanto o paciente trava uma luta contra 
a doença, tentando lidar melhor com o estresse, a família 
tem um importante papel em apoiar ou não as mudanças 
que ocorrem com ele, evitando os fatores desnecessários 
de estresse ou ajudando-o a lidar com ele. Os familiares do 
paciente com câncer também sofrem com o estresse de 
lidar com as necessidades emocionais do paciente, o que 
é uma questão difícil para eles.
Presumidamente, indivíduos que experimentam um 
evento de vida estressante e podem mobilizar fortes recursos 
de suporte dentro de sua rede social de relacionamentos 
são mais capazes de reduzir possíveis efeitos negativos 
do estresse na saúde. O suporte pode aliviar o impacto 
da avaliação do evento como estressante, provendo uma 
solução para o problema, através da redução da percepção 
de importância do problema e, então, a pessoa é menos 
reativa à percepção do estresse, facilitando respostas mais 
saudáveis. Comportamentos aditivos, como beber ou comer 
excessivamente, contar piadas ou usar o bom humor para 
enfrentar a doença, também aparecem entre as estratégias 
centradas na emoção utilizadas. Outras estratégias de 
enfrentamento, como: cuidado com as plantas, televisão 
ou trabalho maior que o usual, e fatalismo devido à idade 
avançada, apareceram menos expressivamente.
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico50
A negação, pelo menos a negação parcial, é usada por 
quase todos os pacientes, não apenas durante os primeiros 
estágios da doença ou em seguida na "confrontação", 
mas também posteriormente, de quando em quando. A 
negação funciona como um abafador ou amortecedor, 
depois de notícias chocantes, que inesperadas permitem 
ao paciente recobrar-se e, com o tempo, mobilizar outras 
defesas menos radicais. A negação é, normalmente, uma 
defesa temporária e, logo, será substituída por aceitação 
parcial (Revista Brasileira de Cancerologia 2009) .
Para o sofrimento dos profissionais não há protocolo, 
o limite é o profissional que se dá, este é um primeiro 
cuidado, saber do seu limite, o quanto é possível suportar 
sem sentir-se invadido. A Instituição pode funcionar como 
um continente não só para a clientela como para o próprio 
profissional.
Reconhecer que nenhum saber é absoluto; 
Compartilhar experiências, saberes e afetos; Ter em mente 
que toda atitude clínica comporta uma atitude política; 
Estabelecer equipes de referência para a construção de 
projetos terapêuticos singulares e discussões no âmbito 
da clínica ampliada; Constituir redes intersubjetivas, 
interdisciplinares e interinstitucionais; Reconhecer e levar 
em conta a tempestade de sentimentos experimentada 
pelos pacientes e/ou familiares: negação, ansiedade, 
sentimento de culpa e de perda, desgaste, autolamentação, 
depressão, ressentimento, desamparo, revolta, raiva do 
médico que não diagnosticou a doença ou não conseguiu 
curar a criança; Preservar a possibilidade do não saber; 
Lembrar que a comunicação é um processo que se dá em 
etapas: tem início no diagnóstico, sendo complementada 
ao longo do “percurso” do paciente durante o tratamento; 
Considerar que o cuidado envolve o paciente, a família e o 
profissional de saúde, portanto, é importante o acolhimento 
às singularidades de todos os sujeitos envolvidos; Manter 
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico 51
um equilíbrio dinâmico entre implicação profissional e 
reserva afetiva; “Chorar com” faz parte, não sendo sintoma 
de fragilidade, mas de ser solidário; Ponderar que as 
políticas de saúde ainda não se estruturaram o suficiente 
para enfrentar as dificuldades de natureza variada, 
inerentes ao campo da pediatria oncológica; Reestruturar 
o perfil dos serviços de atenção à saúde da criança e 
do adolescente da rede, trazendo novos desafios para a 
atenção oncológica e para o SUS; Capacitar, com recursos 
apropriados (protocolo SPIKES e outros), os profissionais 
de saúde, desde sua formação, a lidar com situações de 
comunicação de notícias difíceis, e proporcionar formação 
e atualização continuadas; Continuar com a plataforma EAD 
(de ensino a distância), com novos textos e discussões, que 
possibilitassem a leitura posterior pelos participantes do 
grupo e outros profissionais da área; Capacitar a equipe 
em comunicação de notícias difíceis, incorporando 
fundamentos nas áreas de tanatologia, filosofia, psicologia 
e teologia; Incluir o tema da finitude transversalmente na 
formação dos profissionais de saúde, desde a formação 
até a prática; Capacitar equipes em Cuidado Paliativo nas 
instituições de saúde; Promover educação e treinamento 
dos profissionais de saúde nas abordagens biomédica e 
biopsicossocial dos cuidados paliativos.
É importante ressaltar que não há uma técnica 
universal para transmissão de más notícias em Oncologia, 
porém ela deve estar pautada nos princípios éticos de 
justiça, autonomia, beneficência e não maleficência.
A verdade é a base para a confiança nas relações. 
Portanto, tendo como fundamentos os princípios da Bioética, 
pode-se dizer que a comunicação da verdade diagnóstica 
ao paciente e seus familiares constitui um grande benefício 
para os mesmos, pois possibilita a participação de ambos 
de forma ativa no processo de tomada de decisões.
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico52
RESUMINDO:
Pode-se afirmar que a comunicação de más 
notícias é considerada umas das mais complexas 
no meio das tarefas para profissionais, incluindo 
o enfermeiro, para tanto, é relevante que o 
conhecimento de técnicas para o desenvolvimento 
relacionado a situações adversas, seja conhecida 
e praticada. Porém é a ferramenta terapêutica 
fundamental na comunicação de determinadas 
notícias.
A equipe multiprofissional lida, de modo intensivo 
e integral, com as respostas dos pacientes, 
interagindo com seus sofrimentos, ansiedades 
e medos, em meio às estratégias terapêuticas. 
Todavia deve haver, em relação aos pacientes com 
câncer, um entendimento de que o curar, muitas 
vezes, é escravo da tecnologia, mas o cuidar 
aceita que a existência é finita e sempre existe algo 
que possa ser feito para melhorar a qualidade de 
vida. A assistência de enfermagem ao paciente 
com câncer e familiares consiste em permitir a 
todos verbalizar seus sentimentos e valorizá-los; 
identificar áreas potencialmente problemáticas; 
auxiliar os pacientes e familiares a identificar e 
mobilizar fontes de ajuda, informações, busca de 
soluções dos problemas; permitir tomadas de 
decisões sobre o tratamento proposto; e levar a 
pessoa ao autocuidado dentro do possível. 
A enfermagem oncológica deve estabelecer 
intervenções de cuidado que possam ser 
implementadas com o objetivo de orientar 
antecipadamente o paciente para as mudanças 
em sua vida e na imagem corporal que sejam 
previsíveis de acordo com a cirurgia proposta como 
também conhecer as expectativas do paciente 
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico 53
sobre a imagem corporal e auxiliar o paciente na 
compreensão e enfrentamento das mudanças 
causadas pela doença ou cirurgia, auxiliando na 
determinação da real extensãoda mudança em 
seu corpo ou em sua funcionalidade. A meta é que 
a equipe multiprofissional reforce as estratégias 
de enfrentamento que facilitem a convivência 
com a situação de doença e auxiliem o indivíduo 
a transformar ou abandonar aquelas que sejam 
ineficazes para ele. 
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico54
BIBLIOGRAFIA
Comunicação entre profissional de saúde e paciente: 
percepções de mulheres com câncer de mama. Otani, 
Márcia Aparecida Padovan. CAMPINAS, 2013.
Comunicação de más notícias a pacientes: 
conhecimento, experiência, dificuldades e padrões 
de comportamento de alunos de medicina. Nelson 
Albuquerque. Universidade da Beira Interior. Covilhã, 
dezembro de 2013.
Especificidades da Comunicação em Situações 
Críticas. Raquel Pusch de Souza. 2018. Disponível em: 
03/11/2019. http://www.psicosaude.com.br/admin/
arquivos/artigos/35f954c387cbb230b33ff9f9f9eaf8a7.pdf
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de 
humanização da Assistência Hospitalar. 2004. Disponível 
em: 03/11/2019. http://bvsms.saude.gov.br/php/level.
php?lang=pt&component=44&item=104
Souza RCG, Pinto AM, Silva MJP. A percepção dos 
alunos de 2º e 3 º anos de graduação em enfermagem. 
Artigos de Revisão Rev. Rene. Fortaleza, v. 10, n. 3, p. 139-
145, jul./set.2009. Sobre a comunicação não verbal dos 
pacientes. In: Carvalho EC, organizador. Comunicação 
em enfermagem. Ribeirão Preto: Fundação Instituto de 
Enfermagem de Ribeirão Preto; 2007.
SALES, M. Mídia e Questão Social: o direito à 
informação como ética da resistência. In: SALES, M.; RUIZ, 
J. (org.). Mídia, Questão Social e Serviço Social. São Paulo: 
Cortez, 2009.
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico 55
A comunicação de más notícias entre médicos e 
pacientes no universo oncológico. Fernanda Cristina de 
Carvalho Vita REVISTA CIENTÍFICA DA FAMINAS (Faculdade 
de Minas Gerais. Muriaé, MG) – V. 8, N. 2, MAIO-AGO. de 
2012.
Instituto Nacional do Câncer. INCA divulga pesquisa 
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em:. Acesso em: 11 nov. 2019.
https://www.inca.gov.br/o-que-e-cancer. Disponível 
em: 12/11/2019.
Pacientes oncológicos e expectativa de cuda: um 
unfoque sob a bioética de intervenção.Talita Cavalcante 
Arruda de Morais. Brasília, 15 de dezembro de 2016.
http://www.oncoguia.org.br/conteudo/cancer/12/1/. 
Disponível em: 12/11/2019.
https://www.inca.gov.br/como-surge-o-cancer. 
Disponível em: 12/11/2019.
Estimativa 2018: incidência de câncer no Brasil / 
Instituto Nacional de Câncer Jose Alencar Gomes da Silva. 
Coordenação de Prevenção e Vigilância. – Rio de Janeiro: 
INCA, 2017.
Comunicando más notícias: o protocolo SPIKES. 
Carolina de Oliveira Cruz, Rachel Riera. Universidade Federal 
de São Paulo (Unifesp). Diagn Tratamento. 2016;21(3):106-8.
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico56
Profissionais de saúde e a comunicação de más 
notícias sob a ótica do paciente. Rev Med Minas Gerais 
2013; 23(4): 518-525. José Antonio Chehuen Neto, Mauro 
Toledo Sirimarco, Társsius Capelo Cândido, Thaís Chehuen 
Bicalho,Bruno de Oliveira Matos, Gabriela Hinkelmann 
Berbert, Leandro Vinícius Vital.
The Oncologist 2000; 5:302-311. SPIKES – Um Protocolo 
em Seis Etapas para Transmitir Más Notícias: Aplicação ao 
Paciente com Câncer. Traduzido por Rita Byington.
Protocolo P-A-C-I-E-N-T-E: instrumento de 
comunicação de más notícias adaptado à realidade médica 
brasileira. Rev. Assoc. Med. Bras. [online]. 2017, vol.63, n.1, 
pp.43-49. ISSN 0104-4230. http://dx.doi.org/10.1590/1806-
9282.63.01.43.
Perspectivas otimistas na comunicação de notícias 
difíceis sobre a formação fetal. Ana Cristina Ostermann. 
Minéia Frezza. Rafael Machado Rosa. Paulo Ricardo Gazzola 
Zen. Cad. Saúde Pública 2017; 33(8):e00037716.
Comunicação de notícias: receios em quem transmite e 
mudanças nos que recebem Delivering news: uncertainties 
of those who deliver them and changes in those who 
receive them Carine dos Reis Lopes; João Manuel Garcia 
do Nascimento Graveto REME - Rev Min Enferm.; 14(2):257-
263, Jan/Mar, 2010.
Rocha L, Melo C, Costa R, Anders JC. A comunicação 
de más notícias pelo enfermeiro no cenário do cuidado 
obstétrico. REME – Rev Min Enferm. 2016[citado em 
];20:e981. Disponível em: DOI: 10.5935/1415-2762.20160051
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico 57
Fonte: https://www.guiadacarreira.com.br/cursos/
materias-enfermagem/
Revista Brasileira de Cancerologia 2009; 55(4): 355-364. 
Estratégias de Enfrentamento Utilizadas pelos Pacientes 
Oncológicos Submetidos a Cirurgias Mutiladoras. Costa P, 
Leite RCBO.
Instituto Nacional de Câncer (Brasil). Coordenação 
Geral de Gestão Assistencial. Coordenação de Educação. 
Comunicação de notícias difíceis: compartilhando desafios 
na atenção à saúde / Instituto Nacional de Câncer. 
Coordenação Geral de Gestão Assistencial. Coordenação 
de Educação.– Rio de Janeiro: INCA, 2010.medieval o ensino na área da saúde 
sofreu grandes alterações principalmente na comunicação 
entre pacientes e familiares. O ensino médico consistia no 
estudo e recitação de textos hopocráticos e galénicos e 
não era associados necessáriamente a parte prética e sim 
a uma formação científica pré-médica.
A falta da formação não-teórica foi uma das grandes 
causas de efeitos adversos nos sistemas de saúde. Na 
época a formação das competências não-técnicas, como 
saber comunicar más noticias era alvo de estudo e avaliação 
que seria implementada no plano curricular das faculdades 
de medicina. No quotidiano era uma tarefa praticamente 
inevitável para o médico dar má noticias, seja diretamente a 
um paciente ou a um familiar. E nem sempre os profissionais 
de saúde estavam dotados das ferramentas necessárias 
para lidar com especial situação de trabalho.
A comunicação em transmitir má notícias acarreta 
uma alteração emocional muito forte para o paciente e 
alguns médicos, a tarefa então, para a comunicação de má 
notícias cai sobre os profissionais de serviço de atenção 
Psicossocial. Devido à complexidade e pouco tempo para 
se preparar a transmitir uma má notícia, muitas vezes em 
caráter de urgência sendo assim surge um protocolo na área 
da oncologia chamado SPIKES. É um protocolo que reúne 
maior consenso entre os médicos e adquire um caráter de 
“guia geral” e não de um protocolo rígido (Albuquerque, 
2013). 
Discutem-se muito, dois tipos de comunicação 
básica: a verbal, referindo-se as palavras expressas por 
meio da fala ou escrita e a não verbal, ocorrendo por meio 
de gestos, silêncio, expressões faciais e postura corporal. 
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico14
Mesmo em silêncio, a pessoa pode comunicar sua dor, sua 
alegria, como também sua intenção de não falar.
Didaticamente a comunicação se divide em duas 
partes: o conteúdo – fato ou informação; e o sentimento 
– energia que acompanha a informação a ser transmitida. 
Portanto, podemos interpretar as mensagens não apenas 
pelo que falamos, mas também pelo modo como 
nos comportamos, por meio da linguagem corporal: 
proximidade, postura e contato visual. Comunicar é o 
processo de transmitir e receber mensagens por meio de 
símbolos ou sinais. 
As especificidades da comunicação em situações 
difíceis exige que o profissional da saúde desenvolva um 
modelo centrado no acolhimento do paciente e de sua 
família. Para isso, se faz necessário, o desenvolvimento de 
uma nova maneira de se dialogar. Neste contexto, o diálogo 
é justamente a oportunidade de se produzir conhecimento, 
esclarecimento e um momento para acolhimento, quando 
se fala em situações difíceis no tratamento oncologico.
Grande parte do sucesso da comunicação se pode 
atribuir a quem a recebe, e não somente ao profissional 
que a emite como é popularmente acreditado. Um bom 
comunicador é aquele que considera a capacidade de 
entendimento do paciente e de seus familiares, tendo 
em mente que para se tiver uma comunicação eficaz se 
deve valorizar a experiência e o quanto esse profissional 
se atualiza. Para que isto seja plenamente atingido, é 
necessário utilizar metáforas do conhecimento que 
facilitem o entendimento. Em verdade, a comunicação 
só é possível usando a linguagem que o paciente e seus 
familiares conhecem, utiliza e lhe é familiar.
Não existe uma melhor receita, mas se pode 
refletir sobre uma maneira de efetuar uma mudança 
comportamental como efeito da comunicação. Perceber as 
diferenças entre um paciente e outro, já é uma forma de 
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico 15
comunicação porque não existe uma comunicação igual 
para ambos, e sim “entre nós” profissionais da saúde. A 
mensagem ou experiência deve ser sempre compartilhada 
a fim de favorecer o processo da comunicação. 
Pontes precisam ser construídas entre o Enfermeiro e 
o pensamento (conhecer) dos pacientes, seus sentimentos 
(sentir) e seus comportamentos (praticar). A construção 
destas três pontes é o fundamento inicial do processo 
comunicativo. Só se consegue uma comunicação eficaz 
quando estas três áreas de ambos, Enfermeiro e paciente 
estiverem envolvidas diretamente. O bom comunicador é 
aquele que conhece bem sua mensagem, a prática e tem 
paixão em transmiti-la. Para tal é preciso plena convicção 
daquilo que se quer comunicar. 
Se pudermos sistematizar alguns estágios da 
comunicação, poderíamos ordená-los da seguinte forma: 
ter consciência da essência da mensagem; elaborar o 
modo, como será compreendido a mensagem (a essência 
a ser comunicada); investigar como o paciente captou 
a mensagem, como a entendeu, se existem dúvidas ou 
discordâncias; delinear que mudanças de comportamento 
foram geradas no paciente, e também em seus familiares. 
Uma vez claras as mudanças, a comunicação pode ser 
dada por encerrada e bem sucedida.
A comunicação não verbal é a que a pessoa participa 
simultaneamente de duas dimensões existenciais 
decorrentes de dois modos de se relacionar com o mundo: 
uma verbal, que lhe confere um estatuto psicolinguístico, e 
outra não verbal, que lhe confere um estatuto psicobiológico. 
A comunicação verbal exterioriza o ser social, ao passo que 
a não verbal exterioriza o ser psicológico.
Tão forte é o elemento não verbal da comunicação, 
que podemos dizer que exerce quatro funções básicas: 
complementar a comunicação verbal, utilizando qualquer 
sinal que reforce o que foi falado; substituir a comunicação 
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico16
verbal, fazendo qualquer sinal não verbal que substitua as 
palavras; contradizer a comunicação verbal, fazendo sinais 
que desmascarem o que está sendo falado; demonstrar 
sentimentos, com emoções expressas pela face, sem 
palavras.
Com isto podemos afirmar que a principal função 
da comunicação não verbal é a demonstração dos 
sentimentos dos profissionais de saúde, especialmente 
através de expressões faciais e para verbais que auxiliam 
a demonstração destas emoções, mesmo que não 
sejam explicitamente verbalizadas. Em momentos de 
muita empatia, conseguimos perceber o notável poder 
da comunicação não verbal, quando, por exemplo, 
conseguimos “ler” com um olhar ou um gesto o significado 
exato da mensagem emitida, (Souza, 2018). 
O paciente, ao ser encaminhado a uma unidade 
de tratamento oncológico já apresenta uma alteração 
psicológica muito grande. O câncer é uma doença que 
causa importantes mudanças psicossociais na vida das 
pessoas que, em decorrência disso, precisam de mais 
cuidados e informações adequadas para entender, lidar 
com as mudanças impostas pela doença, funcionar, fazer 
escolhas e sentir-se melhor. Pessoas com câncer, em sua 
maioria, associam a doença ao sofrimento e à finalização da 
vida, sendo o papel da comunicação fundamental. Sabe-se 
que o cuidado não será efetivo se não houver comunicação 
adequada.
Levando em conta a complexidade desta doença, 
o câncer, para os pacientes, assim como suas famílias, 
necessitam de constante apoio e cuidado dos profissionais 
de saúde, a comunicação estabelecida entre profissionais 
de saúde, pacientes e familiares é considerada um dos 
principais núcleos do cuidado em oncologia, representando 
um papel muito importante em todo o percurso de 
tratamento. Compreender o processo comunicativo e 
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico 17
desenvolver habilidades de comunicação é fundamental a 
todos os profissionais de saúde. 
As ações propostas pelo Ministério da Saúde por 
meio da Política Nacional de Humanização (PNH) vêm 
sendo enfatizadas como uma importante estratégia para 
melhorar a assistência em saúde. Esta política incentiva 
que as práticas em saúde sejam desenvolvidas com maior 
valorização dos diferentes sujeitos envolvidas no processo 
de produção de cuidados e, para isso, destaca como 
essencial a valorização da escuta, o vínculo e o afeto na 
prática dos profissionais de saúde (BRASIL, 2004).
Apesar de se caracterizarcomo uma doença grave e 
de risco, o câncer já é considerado uma doença popular, 
e, portanto, não é vista apenas como sinais e sintomas 
reunidos, mas como uma enfermidade carregada de 
significados simbólicos, morais, sociais, psicológicos, capaz 
de produzir ressonâncias na forma do indivíduo vivenciá-la, 
interferindo no processo de enfrentamento e na adaptação 
às diferentes fases do desenvolvimento e tratamento da 
doença. 
Outro fator preponderante é que, independente 
da intervenção adotada, o tratamento deixa marcas no 
paciente como incapacidade laboral, dificuldades para 
reabilitação, mutilação, etc., e como toda doença abarca, ao 
mesmo tempo, um elemento orgânico e outro psicológico. 
O indivíduo com câncer precisa também lidar com seus 
sentimentos relacionados à doença, suas fantasias e 
preocupações relacionadas à morte, ao tratamento, às 
mutilações e à dor. O que se observa em relação ao câncer 
é que o medo não é de morrer e sim medo de morrer de 
câncer pelas possibilidades do morrer que se tem sobre o 
prognóstico do câncer.
Em 2007, o Instituto Nacional do Câncer realizou uma 
pesquisa em todo o país que veio comprovar que o estigma 
da doença continua. Ao responder a pergunta “Quando você 
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico18
pensa em câncer, qual é a palavra que vem a sua cabeça?”, 
a maioria dos entrevistados usou termos que remetem à 
morte e a emoções negativas, como tristeza, desespero, 
sofrimento, perda, dor, medo, maldição, desgraça. A 
pesquisa também evidenciou que uma grande parcela da 
população acredita que o câncer possa ser tratado e um 
número menor acredita que é possível viver bem. Outro 
dado significativo é que as pessoas já não acreditam mais 
que o câncer seja contagioso (INCA 2007).
É possível perceber que o significado da doença tem 
uma dimensão temporal, está sempre em transformação, 
contudo o estigma negativo permanece enraizado ao 
câncer tal qual o tumor no enfermo. Frente a todas as 
representações e estigmas vinculados ao câncer, nota-
se no paciente oncológico uma sucessão de crises que 
se inicia pelo impacto do diagnóstico, seguida da carga 
emocional gasta durante o tratamento.
A adaptação do paciente ao câncer, suas reações 
frente à doença, ao tratamento e à reabilitação depende 
muito de quem ele é, de suas características individuais, da 
sua idade, sexo, ocupação, sua história de vida, contexto 
cultural e social, antecedentes educacionais, espiritualidade, 
atitudes filosóficas frente à vida e de inúmeras variáveis 
psicológicas. Essas individualidades, ou seja, a construção 
subjetiva é determinante na forma do paciente avaliar sua 
doença e se portar frente a ela. Outro fator imprescindível 
para a longa jornada do paciente na busca pelo equilíbrio e 
pela saúde está vinculado à comunicação adequada feita 
pelo especialista, que deve ser sensível às respostas do 
paciente que precisa desesperadamente de seu suporte no 
sentido de aplacar seus medos e lhes dar esperança nesse 
momento devastador de sua vida. (REVISTA CIENTÍFICA DA 
FAMINAS – V. 8, N. 2, MAIO-AGO. de 2012).
É preciso levar em conta que a criação de políticas 
e estratégias não pode ser entendida como prescrições 
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico 19
capazes de gerar mudanças apenas por sua implantação. 
Elas devem servir como fonte de aprendizado para 
novas experiências. A humanização do cuidado e, mais 
especificamente, a comunicação interpessoal efetiva, não 
são inatas e somente se consolidarão se forem praticadas 
e sustentadas nas ações cotidianas, alimentadas pelo 
mecanismo de reprodução entre os profissionais pela via 
da formação acadêmica ou pelo exemplo na prática.
A qualidade da comunicação entre profissionais de 
saúde e pacientes depende, sobretudo, das percepções 
pessoais e da disponibilidade de o profissional estabelecer 
relações de ajuda e acolhimento ao outro Infelizmente, 
na maioria das instituições formadoras de profissionais 
de saúde são escassas as situações em que o aluno tem 
oportunidade de exercitar e refletir sobre sua comunicação 
com a finalidade de aprender formas mais adequadas para 
seu comportamento interacional (BRASIL, 2004).
Apesar do progresso da ciência relacionado aos 
procedimentos realizados para o tratamento das doenças 
terminais, o câncer ainda é uma patologia que se reveste 
de estigmas, estando associada a uma sentença de 
morte, podendo ocorrer, de forma inesperada, em 
algum momento da vida de uma pessoa que dificilmente 
encontra-se preparada para receber um diagnóstico que 
venha a interferir em seus hábitos, costumes, integridade 
física e ciclo biológico (SOUZA et al., 2009).
Mesmo possuindo tratamento e cura, esta doença traz 
grande angústia para a família e para o paciente, podendo 
ocorrer sequelas e até mesmo custar-lhe a vida. As palavras 
dos familiares refletem que o sofrimento, portanto evocam 
significados desde força e fraqueza, medo e coragem, 
despertando emoções positivas ou negativas na pessoa em 
sofrimento. Assim acredita-se que o impacto da doença para 
o paciente precisa ser compreendido, ou seja, devem ser 
consideradas as condições emocionais socioeconômicas e 
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico20
culturais dos pacientes e de seus familiares. Deste modo, 
o câncer é uma das principais doenças de interesse para a 
assistência de enfermagem (SALES et al., 2001).
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), 
no Brasil, as estimativas para o ano de 2018 que serão 
válidas também para o ano de 2019 apontam a ocorrência 
de casos novos conforme o organograma a seguir. (INCA, 
2018).
Figura 1: – Organograma: Estimativa para o ano de 2018 de incidência por 
habitantes para novos casos de Câncer
Fonte: INCA, 2018
Estimativas para o ano de 2018 das taxas brutas e 
ajustadas a de incidência por 100 mil habitantes e do número 
de casos novos de câncer, segundo sexo e localização 
primária*.
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico 21
EXPLICANDO MELHOR:
“Câncer” As células que constituem os animais são 
formadas por três partes: a membrana celular, que 
é a parte mais externa; o citoplasma (o corpo da 
célula); e o núcleo, que contém os cromossomos, 
que, por sua vez, são compostos de genes. Os 
genes são arquivos que guardam e fornecem 
instruções para a organização das estruturas, 
formas e atividades das células no organismo. 
Toda a informação genética encontra-se inscrita 
nos genes, numa “memória química” - o ácido 
desoxirribonucleico (DNA). É através do DNA que 
os cromossomos passam as informações para o 
funcionamento da célula. O processo de formação 
do câncer é chamado de carcinogênese ou 
oncogênese e, em geral, acontece lentamente, 
podendo levar vários anos para que uma célula 
cancerosa prolifere-se e dê origem a um tumor 
visível. Os efeitos cumulativos de diferentes 
agentes cancerígenos ou carcinógenos são os 
responsáveis pelo início, promoção, progressão e 
inibição do tumor. A carcinogênese é determinada 
pela exposição a esses agentes, em uma dada 
frequência e em dado período de tempo, e pela 
interação entre eles. Devem ser consideradas, no 
entanto, as características individuais, que facilitam 
ou dificultam a instalação do dano celular. Esse 
processo é composto por três estágios: 
 Estágio de iniciação: os genes sofrem ação 
dos agentes cancerígenos, que provocam 
modificações em alguns de seus genes. Nessa 
fase, as células se encontram geneticamente 
alteradas, porém ainda não é possível se detectar 
um tumor clinicamente. Elas encontram-se 
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico22
“preparadas”, ou seja, “iniciadas” para a ação de um 
segundo grupo de agentes que atuará no próximo 
estágio.
 Estágio de promoção: as células geneticamente 
alteradas, ou seja, “iniciadas”, sofrem o efeito 
dos agentes cancerígenos classificados como 
oncopromotores. A célula iniciada é transformada 
em célula maligna, de forma lenta e gradual.Para 
que ocorra essa transformação, é necessário 
um longo e continuado contato com o agente 
cancerígeno promotor. A suspensão do contato 
com agentes promotores muitas vezes interrompe 
o processo nesse estágio. Alguns componentes da 
alimentação e a exposição excessiva e prolongada 
a hormônios são exemplos de fatores que 
promovem a transformação de células iniciadas 
em malignas.
 Estágio de progressão: se caracteriza pela 
multiplicação descontrolada e irreversível das 
células alteradas. Nesse estágio, o câncer já 
está instalado, evoluindo até o surgimento das 
primeiras manifestações clínicas da doença. Os 
fatores que promovem a iniciação ou progressão 
da carcinogênese são chamados agentes 
oncoaceleradores ou carcinógenos. O fumo é 
um agente carcinógeno completo, pois possui 
componentes que atuam nos três estágios da 
carcinogênese.
 
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico 23
IMPORTANTE:
Informações sobre a ocorrência de câncer e 
seu desfecho são requisitos essenciais para 
programas nacionais e regionais para o controle 
do câncer, além de pautar a agenda de pesquisa 
sobre câncer. Os Registros de Câncer de Base 
Populacional (RCBP), os Registros Hospitalares 
de Câncer (RHC) e as informações sobre 
mortalidade são a base sob a qual se apoiam. 
As estimativas mundiais mostram a ocorrência 
de novos casos de câncer e óbito, assim como 
a incidência e os tipos mais frequentes.
Estima-se, para o Brasil, biênio 2018-2019, a ocorrência 
de 600 mil casos novos de câncer, para cada ano. Excetuando-
se o câncer de pele não melanoma (cerca de 170 mil casos 
novos), ocorrerão 420 mil casos novos de câncer. O cálculo 
global corrigido para o sub-registro aponta a ocorrência de 
640 mil casos novos. Essas estimativas refletem o perfil de 
um país que possui os cânceres de próstata, pulmão, mama 
feminina e cólon e reto entre os mais incidentes, entretanto 
ainda apresenta altas taxas para os cânceres do colo do 
útero, estômago e esôfago. 
Os cânceres de próstata (68 mil) em homens e mama (60 
mil) em mulheres serão os mais frequentes. À exceção do câncer 
de pele não melanoma, os tipos de câncer mais incidentes 
em homens serão próstata (31,7%), pulmão (8,7%), intestino 
(8,1%), estômago (6,3%) e cavidade oral (5,2%). Nas mulheres, os 
cânceres de mama (29,5%), intestino (9,4%), colo do útero (8,1%), 
pulmão (6,2%) e tireoide (4,0%) figurarão entre os principais. 
As taxas de incidência ajustadas por idade tanto para 
homens (217,27/100 mil) quanto para mulheres (191,78/100 
mil) são consideradas intermediárias e compatíveis com 
as apresentadas para países em desenvolvimento. A 
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico24
distribuição da incidência por Região geográfica mostra que 
as Regiões Sul e Sudeste concentram 70% da ocorrência 
de casos novos; sendo que, na Região Sudeste, encontra-
se quase a metade dessa incidência. Existe, entretanto, 
grande variação na magnitude e nos tipos de câncer entre 
as diferentes Regiões do Brasil. Nas Regiões Sul e Sudeste, 
o padrão da incidência mostra que predominam os cânceres 
de próstata e de mama feminina, bem como os cânceres 
de pulmão e de intestino. A Região Centro-Oeste, apesar de 
semelhante, incorpora em seu perfil os cânceres do colo do 
útero e de estômago entre os mais incidentes. Nas Regiões 
Norte e Nordeste, apesar de também apresentarem os 
cânceres de próstata e mama feminina entre os principais, 
a incidência dos cânceres do colo do útero e estômago tem 
impacto importante nessa população. A Região Norte é a 
única do país onde as taxas dos cânceres de mama e do 
colo do útero se equivalem entre as mulheres.
O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da 
Silva (INCA) reafirma seu propósito de fortalecer a vigilância 
de câncer publicando as estimativas para o biênio 2018-
2019, com a certeza de que esta edição se constituirá em 
uma ferramenta a ser utilizada por gestores, profissionais 
da saúde e de áreas afins, bem como a sociedade em 
geral, no apoio à implementação das ações de prevenção 
e controle de câncer (INCA 2017).
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos 
o acesso à seguinte fonte de consulta e 
aprofundamento: Artigo: “Prevenção e Controle de 
Câncer”, acessível pelo link, na integra, na Biblioteca 
Virtual em Saúde Prevenção e Controle de Câncer 
(http://controlecancer.bvs.br/) e no Portal do INCA 
(http://www.inca.gov.br). (Acesso em 10/11/2019).
http://controlecancer.bvs.br/
http://www.inca.gov.br
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico 25
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? 
Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos 
certeza de que você realmente entendeu o tema 
de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o 
que vimos. Você deve ter aprendido que o câncer 
sendo considerado um problema de saúde 
pública mundial e apresenta um custo elevado 
principalmente em países de baixa e média 
renda, como exemplo do Brasil, onde grande 
parte da população com câncer é dependente 
exclusivamente do Sistema Único de Saúde. 
Infelizmente a maior parte desses pacientes são 
diagnosticados em estado avançado. Estudos 
indicam que para esses pacientes o tratamento 
dos sintomas se tornam mais caros e muitas vezes 
com a piora na qualidade de vida mesmo com o 
intuito de alcançar a cura, quando esse objetivo 
já não é mais atingível. As ações para detecção e 
tratamento do câncer podem reduzir a mortalidade 
por meio de um diagnóstico precoce e da triagem. 
Uma boa comunicação e o acolhimento no inicio 
pode melhorar o prognóstico desse paciente. É 
preciso levar em conta que a criação de políticas 
e estratégias não pode ser entendida como 
prescrições capazes de gerar mudanças apenas 
por sua implantação. Elas devem servir como 
fonte de aprendizado para novas experiências. A 
humanização do cuidado e, mais especificamente, 
a comunicação interpessoal efetiva, não são inatas 
e somente se consolidarão se forem praticadas 
e sustentadas nas ações cotidianas, alimentadas 
pelo mecanismo de reprodução entre os 
profissionais pela via da formação acadêmica ou 
pelo exemplo na prática.
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico26
Os tipos de protocolos padronizados 
e como aplica-los na comunicação em 
situações difíceis 
A comunicação entre profissionais de saúde e 
pacientes ou familiares é um processo fundamental e base 
para a adequada relação médico-paciente. Habitualmente 
apresenta-se de duas formas: como um instrumento de 
trabalho do médico, para obter informações relevantes 
do paciente; e como uma maneira de se fazer entender 
pelo mesmo. Assim, é necessário que se compreenda 
esse processo, a sua importância e que se desenvolva 
habilidades para transmitir as informações em saúde, 
agregando grande qualidade nos serviços. 
As más notícias são definidas como aquelas que 
alteram de forma drástica e negativa a visão do paciente 
sobre seu futuro. “Elas incluem situações que constituem 
uma ameaça à vida, ao bem-estar pessoal, familiar e 
social, pelas repercussões físicas, sociais e emocionais que 
acarretam. Estão associadas, na maior parte das vezes, a 
uma doença grave ou perda no seio de uma família, vivências 
únicas que podem ser influenciadas por um conjunto de 
fatores relacionados à própria doença, ao indivíduo, à 
família e ao contexto sociocultural em que vive”. Segundo o 
atual Código de Ética Médica, entre outras tarefas cabe ao 
profissional de saúde comunicar diagnósticos ao paciente, 
salientando que esse ato ou a maneira como a informação 
será transmitida nem sempre são tranquilos ou isentos 
de abalos na relação médico-paciente. O processo de 
comunicação pode gerar sérios impactos psicológicos, de 
forma que quem recebe uma má notícia geralmente não 
esquece o local, a data e a forma como esta foi transmitida. 
Paralelamente aos grandes avanços técnicos da Medicina, 
a comunicação entre o profissional de saúde e o paciente 
Comunicação em situações difíceis no TratamentoOncológico 27
ainda está além da esperada, principalmente quando 
envolve a informação sobre um diagnóstico ou uma notícia 
indesejada, como falecimento e doença grave ou incurável. 
Além dessa frequente dificuldade, o ato de informar deve 
ainda se basear em outros quatro princípios fundamentais 
estabelecidos na bioética (beneficência, autonomia, justiça 
e não maleficência). 
Dessa forma, Robert Buckman, em 1992, criou o 
Protocolo SPIKES para orientar os profissionais de saúde a 
comunicarem más notícias, abordando diretrizes básicas, 
como: postura do profissional (setting), percepção do 
paciente (perception), troca de informação (invitation), 
conhecimento (knowledge), explorar e enfatizar as 
emoções (explore emotions), estratégias e síntese (strategy 
and sumary).
Assim, a forma mais adequada de analisar a 
qualidade da informação seria conhecer a satisfação do 
receptor que esteve envolvido nessa situação. Também 
é de fundamental importância perceber se os receptores 
da notícia (pacientes e familiares) foram submetidos a um 
processo organizado de transferência de informações por 
meio de algum sistema técnico, como um protocolo (Rev 
Med Minas Gerais, 2013).
Existem inúmeros protocolos de comunicação de 
más notícias; porém, nenhum método na literatura nacional 
é culturalmente adequado à nossa realidade.
Estudos mostram que a comunicação entre o médico 
e seu paciente pode influenciar a adesão ao tratamento e a 
satisfação com a relação estabelecida. Para isso, deve ser 
considerado um processo e não um procedimento. Quando 
há o avanço da doença ou se desde o início ela se apresenta 
como ameaçadora da continuidade da vida, algo que afeta 
negativamente o futuro, o médico não só deve comunicar 
isso ao paciente e sua família, mas comunicar uma má notícia. 
A vivência dessa comunicação é vista como uma situação 
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico28
limite para o médico que, muitas vezes, sem saber lidar com 
o sofrimento emocional do paciente, pode fazer promessas 
falsas de cura, a mentira piedosa, ou uma transmissão 
abrupta e sem muitas explicações ou perspectivas de futuro, 
prejudicando toda a relação terapêutica. 
A comunicação deve não apenas abarcar o que 
o paciente precisa saber, mas ser realizada de forma 
apropriada, assegurando que ele compreendeu a 
informação, preocupando-se com sua reação afetiva e com 
a retenção da informação. Porém, os receios dos próprios 
médicos podem interferir na relação estabelecida, ou a 
forma como essa notícia afetaria a vida do paciente, o que 
coloca em foco o modelo paternalista de cuidado, em que, 
mesmo de forma inconsciente, o médico considera-se o 
único responsável por seu paciente e, apesar de dividir as 
informações, carrega a responsabilidade da decisão.
Atualmente, outro modelo de comunicação está 
ganhando espaço, o compartilhado. Para isso, novos 
protocolos foram estabelecidos, porém todos seguem 
uma mesma ideia: começar com uma preparação inicial, 
em que o próprio médico deve se preparar ter em mente 
o que sabe da doença e de possibilidades de cuidado, 
encontrar um espaço reservado e calmo para que essa 
conversa ocorra; identificar quem o paciente quer que esteja 
presente, apresentar-se e saber até onde ele e sua família 
entendem o que está acontecendo; falar de forma franca 
e com compaixão, tocar as pessoas, lidar com o silêncio e 
as lágrimas, se ocorrerem; ter um plano de metas; revisar 
a compreensão do que foi falado e manter-se à disposição 
para futuras dúvidas ou novas conversas.
O protocolo SPIKES é um exemplo do novo modelo 
de comunicação com o paciente. É uma forma de mostrar 
compreensão mantendo sempre uma postura empática.
É importante deixar claro para o paciente que ele 
não será abandonado, que existe um plano ou tratamento, 
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico 29
curativo ou não. De seis passos que pode proporcionar mais 
segurança ao médico e que apresenta quatro objetivos 
principais: saber o que o paciente e seus familiares estão 
entendendo da situação como um todo (ajuda o médico, 
a saber, por onde começar); fornecer as informações de 
acordo com o que o paciente e sua família suportam ouvir; 
acolher qualquer reação que pode vir a acontecer e, por 
último, ter um plano.
O Protocolo SPIKES
Em oncologia clínica a habilidade para se comunicar 
efetivamente com pacientes e suas famílias não podem 
mais ser consideradas como uma habilidade opcional. 
Essas habilidades chave são uma base importante para a 
comunicação efetiva. O emprego de habilidades verbais 
para dar apoio e auxílio ao paciente representa uma visão 
ampliada do papel do oncologista, que é consistente com 
o importante objetivo do cuidado médico de reduzir o 
sofrimento do paciente. Elas formam a base para o apoio 
ao paciente, uma intervenção psicológica essencial para 
o sofrimento. Reconhecemos que o protocolo SPIKES não 
deriva completamente de dados empíricos, e se os pacientes 
acharão esta abordagem útil ainda é uma importante questão. 
Entretanto, sua implementação pressupõe uma interação 
dinâmica entre médico e paciente na qual o médico é 
guiado pela compreensão, preferências e comportamento 
do paciente. Esta abordagem flexível é mais provável de se 
dirigir às diferenças inevitáveis entre pacientes do que uma 
receita rígida que seja aplicada a todos. Dados preliminares 
indicam que, como recomendado no SPIKES, os pacientes 
querem que a quantidade de informação que recebem 
seja moldada por suas preferências. Estamos também 
conduzindo seguimentos de longo prazo de oficinas em 
que o protocolo foi ensinado para oncologistas e treinados 
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico30
em oncologia para determinar empiricamente como ele é 
implementado. (The Oncologist 2000)
PROTOCOLO SPIKES:
S – Setting up: Preparando-se para o encontro: Treinar 
antes é uma boa estratégia. Apesar de a notícia ser triste, 
é importante manter a calma, pois as informações dadas 
podem ajudar o paciente a planejar seu futuro. Procure 
por um lugar calmo e que permita que a conversa seja 
particular. Mantenha um acompanhante com seu paciente, 
isso costuma deixá-lo mais seguro. Sente-se e procure não 
ter objetos entre você e seu paciente. Escute atentamente 
o que o paciente diz e mostre atenção e carinho.
P – Perception: Percebendo o paciente: Investigue o 
que o paciente já sabe do que está acontecendo. Procure 
usar perguntas abertas.
I – Invitation: Convidando para o diálogo: Identifique até 
onde o paciente quer saber do que está acontecendo, se 
quer ser totalmente informado ou se prefere que um familiar 
tome as decisões por ele. Isso acontece! Se o paciente deixar 
claro que não quer saber detalhes, mantenha-se disponível 
para conversar no momento que ele quiser. 
K – Knowledge: Transmitindo as informações 
Introduções como “infelizmente não trago boas notícias” 
podem ser um bom começo. Use sempre palavras 
adequadas ao vocabulário do paciente. Use frases curtas 
e pergunte, com certa frequência, como o paciente está e 
o que está entendendo. Se o prognóstico for muito ruim, 
evite termos como “não há mais nada que possamos fazer”. 
Sempre deve existir um plano!
E – Emotions: Expressando emoções: Aguarde a 
resposta emocional que pode vir, dê tempo ao paciente, 
ele pode chorar ficar em silêncio, em choque. Aguarde 
e mostre compreensão. Mantenha sempre uma postura 
empática.
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico 31
S – Strategy and Summary: Resumindo e organizando 
estratégias: É importante deixar claro para o paciente 
que ele não será abandonado, que existe um plano ou 
tratamento, curativo ou não. Comunicar más notícias não é 
uma tarefa fácil. O objetivo do protocolo SPIKES é, de alguma 
maneira, organizar este momento, ajudando profissionais e 
pacientes a manter uma comunicação clara e aberta (Rev. 
Diagn Tratamento. Comunicando más notícias: o protocolo 
SPIKES 2016;21(3):106-8.Cruz; Riera. Unifesp).Protocolo P.A.C.I.E.N.T.E.
Após treinamentos específicos entre médicos 
e enfermeiros sobre as técnicas de comunicação de 
más notícias foi empregado instrumento mnemônico 
chamado Protocolo P-A-C-I-E-N-T-E. Esse instrumento, 
em concordância com a realidade brasileira, foi baseado 
no Protocolo SPIKES de comunicação. O Protocolo P-A-
C-I-E-N-T-E, proposto como ferramenta para direcionar 
a comunicação, mostrou-se adequado à nossa realidade 
(Rev. Assoc. Med. Bras. [online]. 2017).
Adaptação do Protocolo de Buckman de como 
anunciar uma má notícia.
P – Prepare se: 
Confirme a informação a ser revelada. Leia novamente o 
prontuário e tenha em mãos os resultados. O ambiente deve 
ser adequado, garantindo privacidade e conforto. Desligue 
celulares, telefones, assegure¬se de que não ocorram 
interrupções. Uma das dificuldades encontradas nos dias 
de hoje, frente aos convênios médicos, é separar tempo 
suficiente para cada consulta, porém este é um procedimento 
médico importante, e que deve ser valorizado. Não deve 
haver nenhuma barreira física entre o médico e o paciente, 
como por exemplo, uma mesa ou escrivaninha. Em ambiente 
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico32
hospitalar, pode¬-se sentar ao lado, de preferência na mesma 
altura dos olhos do paciente. O paciente tem direito de receber 
a informação e decidir se a quer compartilhar com sua família. 
Portanto, deve-se perguntar a ele se gostaria que alguém 
mais estivesse presente no momento da consulta. A cultura 
latina tem a característica de ser calorosa e protecionista. 
O toquefísico pode estabelecer um vínculo de empatia e 
denotar apoio e compaixão.
A – Avalie o quanto o paciente sabe e o quanto quer 
saber:
Quando avaliamos o quanto de informação o 
paciente já possui, três situações podem ocorrer. A primeira 
em que o paciente já tem indícios da notícia, pois todo 
processo investigativo foi compartilhado com ele. Existe 
ainda, aquelas situações onde os familiares creem que o 
paciente não sabe sua real condição, porém considerando 
os tratamentos, as informações pela mídia, as conversas 
com outros pacientes, estes já tem indícios suficientes para 
saber, com certo grau de certeza, seu estado de saúde. 
Estas duas situações são mais fáceis de serem manejadas, 
pois o paciente já teve tempo de se preparar para uma 
presumida notícia ruim. 
A terceira situação, mais difícil, é quando o paciente 
realmente não tem nenhuma informação, ou seja, porque 
esta nunca foi compartilhada com ele, ou porque é um 
fato novo, pois pode causar maior impacto e requer maior 
cuidado e atenção. O profissional da saúde deve estar 
especialmente preparado para fazer esta avaliação e 
abordagem.
Por outro lado, assim como os pacientes têm 
direito de serem informados quanto à própria saúde, eles 
também têm o direito de recusar a receber informação. Ele 
tem autonomia para dizer qual a pessoa que receberá a 
informação por ele. Este direito deve ser respeitado.
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico 33
C – Convite à verdade:
Avalie o quanto o paciente sabe e o quanto quer 
saber, como preâmbulo à informação. A partir deste ponto 
a maioria dos pacientes está preparada para receber uma 
informação desagradável. 
Aguarde e deixe espaço para que o paciente 
convide o médico a compartilhar a informação e pergunte 
diretamente sobre o seu diagnóstico, prognóstico, ou 
resultados de exames.
Em algumas situações o paciente pode se calar e 
não prosseguir par o “convite à verdade”. Esta pode ser uma 
indicação de que ele precisa de um pouco mais de tempo 
para entender o que já foi dito. O protocolo não precisa ser 
completado em uma única ocasião, uma única consulta. Os 
passos podem, e em muitas situações devem, ser retomados 
em consultas posteriores, em um momento em que o paciente 
se sinta preparado para prosseguir com a informação. 
I – Informe:
Compartilhe a informação em quantidade, velocidade 
e qualidade suficiente para que o paciente possa tomar 
uma decisão ou consentimento informado sobre seu 
tratamento e sua vida particular. Na quantidade em que o 
paciente deseja. Há aqueles que desejam informações com 
detalhes, nomes dos diagnósticos primários e secundários, 
prognósticos, tempo de vida, riscos de tratamentos e 
procedimentos, cópias de exames. Cuidado especial em 
relação aos pacientes portadores de doença que ameaça a 
vida como o câncer, no momento de discutir prognóstico, 
deve-se evitar informar com exatidão meses e anos de 
vida. Estudos indicam que médicos tendem a superestimar 
expectativa de vida na maioria dos casos. Gráficos e tabelas 
sobre tempo médio estimado de vida sobre a doença 
em questão podem ser úteis nesta discussão e facilitar o 
entendimento do paciente.
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico34
Ofereça a informação de forma clara e honesta. O 
médico tem, por obrigação, manter a esperança do paciente. 
Em um estudo feito com pacientes oncológicos, a atitude 
dos médicos considerada mais positiva no momento da 
revelação da má noticia foram: ser realista sobre o futuro, 
oferecer alguma forma de tratamento para a doença de 
base, assegurar que no decorrer do processo de adoecer, 
o paciente não sentirá dor, ter segurança das informações 
oferecidas, dar espaço e tempo para perguntas, perguntar 
ao paciente se ele entendeu as informações oferecidas, 
não utilizar eufemismos (tumorzinho, probleminha), utilizar 
as palavras corretas como câncer e metástase e explicá-
las. Entretanto, cuidado com termos técnicos; alguns 
pacientes podem entender que “novos protocolos de 
tratamento” significam real possibilidade de cura, o que 
frequentemente é falso.
E – Emoções:
Após a informação ser revelada, há necessidade 
de tempo para que o paciente compreenda e reaja ás 
informações. Tenha lenços de papel à mão. Cada pessoa 
tem uma forma de reagir à noticias ruins. Reações como 
medo, raiva, angústia, choro, desespero, agressividade, 
revolta e até profundo silêncio podem surgir. Faça com que 
o paciente se sinta abrigado, protegido. 
N – Não abandone o paciente:
Assegure que seu paciente receberá acompanhamento 
médico. Comprometa-se com ele. Na realidade latino-
americana não é incomum, após um diagnóstico de 
doença que ameaça a vida, sem possibilidade de cura 
que os pacientes ouçam de seus médicos que não há 
mais nada a ser feito por eles. Ou até que se oferecer um 
retorno ao paciente em um tempo maior que a expectativa 
de vida esperada para aquela doença. Pelo contrário, 
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico 35
a partir do diagnóstico de doença que ameaça a vida a 
responsabilidade do médico aumenta enormemente. Ele 
terá a responsabilidade de oferecer conforto, alívio da dor, 
dos sintomas, cuidados paliativos e humanidade.
T – Trace uma / E – Estratégia:
Planeje com o paciente os próximos cuidados a serem 
oferecidos como opções de tratamento. Inclua no seu 
planejamento cuidados interdisciplinares como fisioterapia, 
nutrição, acompanhamento psicológico, terapia sexual, 
terapia ocupacional, acompanhamento espiritual, outros 
médicos que poderiam auxiliar no melhor controle dos 
sintomas.
Um dos pilares dos cuidados paliativos é a 
interdisciplinaridade, que é o tratamento em equipe para 
que a abordagem do paciente seja feita de uma forma 
mais completa, humana e efetiva. Ofereça ao paciente 
uma forma de contato permanente: um telefone fixo, um 
celular, a referência de uma clínica ou hospital. Esta é uma 
estratégia de comunicação de diagnóstico e prognóstico 
de uma forma sistemática, verdadeira, respeitando a 
autonomia, individualidade, cultura latino-americana e a 
manutenção da esperança. Ambos, profissionais da saúde 
e pacientes, se beneficiam de uma relação transparente 
em que a vontade do paciente é priorizada. Agindo dessa 
forma, estamos respeitando o princípio básico de qualquer 
relacionamento humano: a verdade! ...
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico36Identificar o grau de conhecimento dos 
estudantes de enfermagem diante a 
comunicação em situações difíceis no 
tratamento Oncológico 
Independentemente da área de formação, os 
profissionais de saúde têm nas relações humanas a 
base de seu trabalho, sendo necessário aprimoramento 
constante de suas habilidades, nelas compreendida a 
de comunicação. Médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, 
psicólogos e outros especialistas que trabalham com seres 
humanos em situações de doença e sofrimento e, em 
especial, aqueles que vivenciam situações extremas como 
a da possibilidade da morte necessitam saber não apenas 
o que, mas quando e como falar.
Para os enfermeiros, a comunicação é um processo 
de aprendizagem constante ao longo de sua vida pessoal 
e profissional. Esses profissionais participam da caminhada 
íntima de cada paciente que necessita de atendimento, bem 
como de suas famílias, desde o processo de nascimento 
até o de morte e morrer. Nessa jornada, faz-se necessário 
o estabelecimento de uma comunicação terapêutica, 
visto que esses profissionais se relacionam com pessoas 
que estão sobestresse: pacientes, familiares de pacientes, 
famílias e colegas de trabalho.
A compreensão por parte do enfermeiro de que todo 
comportamento comunica e toda comunicação influencia 
o comportamento é essencial para a interação enfermeiro-
paciente-família. A competência na comunicação em 
saúde contribui para manter a relação de forma efetiva 
em toda a esfera profissional e possibilitando um cuidado 
ético, legal, clínico e humanizado, além de ser o condutor 
do estabelecimento das relações de mútua ajuda. Quando 
a comunicação em Oncologia é feita de forma ineficaz, 
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico 37
ela pode levar a insegurança, ameaçando, assim, a 
credibilidade profissional.
A formação acadêmica do enfermeiro não tem foco 
no preparo profissional para cuidar no processo de morte 
e morrer visando à integralidade, e ele acaba por ficar 
limitado às condutas clínicas e técnicas, o que dificulta seu 
processo de enfrentamento, aceitação e, assim, o processo 
de comunicação entre enfermeiro e paciente. O despreparo 
profissional leva a dificuldades de enfrentamento e de 
adaptação ao processo de morte e morrer, prejudicando 
a comunicação e as práticas de cuidado. Para que a 
comunicação seja efetiva, esses profissionais precisam 
estar atentos à ambiência em que se encontra o receptor, 
saber quando calar, substituir as palavras pelo toque 
afetivo, oferecer não só o cuidado, mas também emoções, 
permitir a demonstração dos sentimentos humanos que 
permeiam o cuidado, bem como ofertar um par de ouvidos, 
tornando-se receptivo e acessível às reais necessidades 
dos pacientes.
O paciente e sua família que enfrentam situação de 
limite, a exemplo dos pacientes e seus familiares que se 
deparam com o risco de morte iminente em Oncologia, 
podem apresentar distintas reações às notícias recebidas. 
Isso se dá porque pessoas diferentes expostas a uma 
mesma situação podem interpretar e vivenciar o momento 
de formas particulares, considerando suas experiências e 
cultura (REME Rev Min Enferm. 2016; 20: e981).
A comunicação de notícias diagnósticas em contextos 
de saúde pode ser, e frequentemente é, um evento 
impactante. No que tange a más notícias, em particular, 
quem as comunica tem um papel fundamental, uma vez 
que não há como mudar os fatos a serem comunicados, 
mas há como amenizar o impacto do que é relatado por 
meio de como as notícias são entregues. Ainda que a 
medicina tenha avançado imensuravelmente em termos 
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico38
técnicos e tecnológicos, a inclusão da prática de habilidades 
comunicativas e relacionais na formação clínica, que é 
defendida pelos profissionais como algo que deveria ser 
obrigatório, é, na realidade, facultativa e pouco valorizada.
No que se refere ao ensino de comunicação de más 
notícias no Brasil, em particular, tem-se conhecimento 
de escassas iniciativas, como o uso de uma disciplina 
relacionada a comunicação de má noticias, no curso de 
medicina nas Universidade. No ensino essa temática 
relacionada à comunicação de más notícias ensina 
habilidades comunicativas via simulações de atendimentos. 
No entanto, argumenta-se que a comunicação médico-
paciente é uma habilidade que deveria ser tão praticada 
quanto as técnicas de diagnóstico, interpretação de 
exames e de sutura e que essa habilidade pode e deve ser 
desenvolvida a partir de situações reais de atendimento, 
e não apenas a partir de situações simuladas (Cad. Saúde 
Pública 2017; 33(8):e00037716).
Convém enfatizar que o protocolo P.A.C.I.E.N.T.E, 
estabelece em sua maior parte que o médico irá se 
comunicar com o paciente o tempo todo. O que na maioria 
das vezes não acontece, pois é o próprio enfermeiro 
que ficará a frente de seus cuidados. É o enfermeiro irá 
estabelecer o contato com o paciente e seus familiares, 
assim como seus cuidados e suas orientações prescritas 
pelo seu médico. O enfermeiro oncológio deve ter ciência 
da sua responsabilidade por cada paciente. Por isso é 
importante uma boa teoria, porém a prática será o ponto 
chave para seu aprendizado. 
A transmissão de uma má notícia deve ser alvo de 
uma preparação prévia, ser efetuada num ambiente de 
privacidade, no tempo adequado, estabelecendo uma 
relação terapêutica. A comunicação deve ser feita em 
linguagem compreensível, uma vez que se está lidando 
com as reações do doente e dos seus familiares. Deve-se 
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico 39
encorajá-los na expressão das suas emoções, validando-
as e facultando informações sobre estruturas ou serviços 
de apoio disponíveis, uma vez que essa é uma informação 
que produzirá uma alteração negativa nas expectativas 
da pessoa sobre o seu presente e/ou futuro, afetando o 
domínio cognitivo, emocional e comportamental de quem 
recebe e que persiste durante algum tempo após sua 
recepção.
Todavia, essas emoções são percebidas por diferentes 
pessoas com níveis e intensidades distintos, pois são do 
domínio subjetivo, dependem das experiências de vida, 
da personalidade, das crenças filosóficas e espirituais, da 
percepção do suporte social e da sua robustez emocional.
A comunicação de más notícias consiste em uma das 
problemáticas mais difíceis e mais complexas no contexto 
das relações interpessoais, pois são situações que geram 
perturbação tanto na pessoa que a transmite como naquela 
que a recebe. A comunicação desse tipo de notícia é 
considerada uma tarefa difícil para todos os profissionais 
de saúde não somente pelo receio de enfrentar as reações 
emocionais e físicas do doente ou familiar, mas também 
pela dificuldade em gerir a situação.
Assim, cada vez se exige mais da enfermagem 
um corpo de conhecimentos específicos e uma técnica 
baseada na experiência, no reconhecimento precoce de 
sinais e sintomas em todas as fases e estádios, que lhe 
permita dar resposta rápida na satisfação de necessidades 
do doente e da sua família.
Os protagonistas das más notícias são os prestadores 
de cuidados que, para além de planejar e gerir esses 
momentos tem também de gerir os próprios medos e 
estar preparados para aceitar a fragilidade do doente e da 
família. Não é uma tarefa fácil para todos os profissionais 
de saúde, pois ninguém gosta de ser portador de uma má 
notícia e, além disso, não se sabe como a pessoa irá reagir. 
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico40
Nesse contexto, muitos deles desconhecem a importância 
de transmitir as más notícias da melhor forma, pois também 
nunca receberam nenhum treino nem assistiram a cursos 
desenvolvidos nessa área.
O enfermeiro é, muitas vezes, confrontado com 
necessidades de informação dos doentes e familiares e tem 
de dar respostas coerentes e que não criem ansiedade e 
dúvidas ainda maiores; há que saber encaminhar, transmitir 
segurança, ajudar o doente a decidir e mobilizar recursos.Por isso ele tem de se adequar a cada situação em particular 
e somente com conhecimento atualizado isso é possível. 
"Em oncologia, muitas vezes, as verdades de ontem já não 
são certezas de amanhã".
Ainda, nesse encadeamento, torna-se necessário 
repetir a informação mais de uma vez. Os doentes tendem 
a reconstruir a informação com base em outras que tinham 
anteriormente. Essa característica pode atenuar ou agravar 
as informações recebidas, de acordo com experiências que 
a pessoa tenha vivenciado.
As situações são vividas de forma individual e 
dependem da personalidade e das características de 
cada um, de experiências anteriores, da condição física e 
psíquica, da cultura, das crenças e da adaptabilidade às 
situações. As reações à doença podem ser diversas e, mais 
do que com a gravidade da doença em si, dependem do 
significado atribuído à situação e da percepção relativa às 
ameaças que ela representa.
A negação, a raiva, a negociação, a aceitação e 
a depressão são todas reações possíveis quando são 
transmitidas más notícias, exigindo algum treino por parte 
dos profissionais em lidar com essas emoções.
Não há dúvida de que o processo de comunicação 
de más notícias é um caminho longo que requer o apoio 
incondicional de quem o acompanha, no sentido de 
contribuir para a resolução saudável da situação, ajudando 
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico 41
a pessoa a adquirir capacidade para redefinir os objetivos 
de vida e descobrir de novo o prazer de viver, evitando a não 
resolução que pode conduzir à depressão ou a um estado 
de luto patológico. Essas são situações em que ou persiste 
a negação, ou se intensifica e se internaliza o sofrimento, 
dominando os sentimentos de culpa, de desânimo e de 
incapacidade de confronto com a realidade.
O mesmo acontece com os profissionais que não 
conseguem encarar a morte do doente, fugindo dos 
próprios medos. A experiência da morte do outro é 
indiretamente para cada um a experiência da própria morte, 
e a experiência de assistir à morte do outro desenvolve em 
nós o nosso próprio medo.
Assim o protocolo de Buckman, quando aplicado, 
pode ser de grande utilidade para os profissionais de 
saúde, para que consigam ultrapassar os obstáculos que 
aparecem quando da transmissão de más notícias. Contudo, 
apesar de esse protocolo se aplicar a um grande número 
de doentes, isso não significa que o profissional deve deixar 
de olhar para o doente como um ser individualizado, pois 
cada ser é único. (REME - Rev Min Enferm.; 14(2):257-263, 
Jan/Mar, 2010).
Na comunicação com o doente, o Enfermeiro 
deverá ter uma conduta singular, ou seja, adaptada a 
cada situação e de acordo com a própria condição e as 
próprias características da pessoa doente. Sabe-se que 
estar presente, acompanhar, dar suporte e também 
compartilhar e aprender com cada um dos pacientes exige 
uma disponibilidade que não vem sem um preparo, o qual, 
geralmente, não é oferecido pela formação profissional 
nem encontra espaços institucionais de compartilhamento 
e elaboração. 
Ao contrário, o enfrentamento de tais situações é uma 
tarefa solitária e não compartilhada com outros profissionais. 
Vivenciar cotidianamente essas situações, altamente 
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico42
intensificadas quando se trata de crianças, adolescentes ou 
adultos jovens, constatar doença avançada em mulheres 
grávidas ou prescrever tratamentos esterilizantes ou 
gravemente incapacitantes, inclusive à vida sexual, ter que 
anunciar aos pais a morte iminente de seus filhos dentre 
tantas outras más notícias, caracterizam situações-limite 
nas quais o sofrimento pode se tornar intolerável, gerando 
níveis crescentes de adoecimento dos profissionais. 
Grande parte desses efeitos advém do isolamento dos 
profissionais em suas competências e responsabilidades 
individuais. Enquanto vigora o tratamento curativo, a 
intimidade da consulta médica se vê o mais das vezes 
subsumida às exigências dos protocolos prescritos para 
cada conduta e, de modo geral, fala-se muito pouco dos 
limites e das falhas possíveis dos tratamentos propostos.
Ressalta-se que, nos casos em que a doença 
realmente é diagnosticada em estágio avançado, a falta de 
preparo dos profissionais para a comunicação e o suporte 
emocional aos pacientes torna-se evidente, gerando 
silenciamentos, falsas promessas de cura ou comunicações 
abruptas de prognósticos adversos com sérios prejuízos 
à relação terapêutica e sofrimento de difícil assimilação, 
tanto para os pacientes como para os profissionais.
Disciplinas do curso de graduação em 
Enfermagem
Relação de disciplinas geralmente encontradas 
durante o curso de Enfermagem. As matérias podem variar 
de acordo com a faculdade, bem como a ordem em que 
elas são apresentadas aos estudantes. Não há a matéria 
específica que fala de Oncologia.
Ações Interpessoais Básicas em Saúde Mental; 
Administração Aplicada à Enfermagem; Anatomia Humana; 
Assistência de Enfermagem ao Paciente Crítico; Bases 
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico 43
Conceituais do Cuidar; Bioestatística; Bioquímica e Biofísica; 
Centro de Material e Esterilização; Ciências Sociais Aplicadas 
à Saúde;Citologia e Embriologia; Enfermagem em Doenças 
Transmissíveis; Enfermagem em Ginecologia e Obstetrícia; 
Enfermagem em Primeiros Socorros; Enfermagem em 
Reabilitação Física; Enfermagem em Saúde Coletiva da 
Criança e do Adolescente; Enfermagem em Saúde Coletiva 
na Saúde da Mulher; Enfermagem no Centro Cirúrgico; 
Enfermagem na Saúde do Adulto/Idoso; Enfermagem 
na Saúde da Criança e do Adolescente; Enfermagem 
Psiquiátrica na Saúde do Adulto/Idoso; Epidemiologia; 
Ética e Exercício de Enfermagem; Farmacologia; Fisiologia 
Humana; Fundamentos da Saúde Coletiva; Genética e 
Evolução Humana; Gestão de Enfermagem em Serviços 
de Saúde; Imunologia; Introdução à Psicologia da Saúde; 
Metodologia de Pesquisa; Microbiologia; Parasitologia; 
Processos Patológicos Gerais, Semiologia Básica em 
Enfermagem; Teorias do Conhecimento e Enfermagem.
Sobre a prática
O melhor momento para iniciar o estágio é após 
o quarto semestre, quando o estudante já desenvolveu 
algumas habilidades básicas. Além da clínica da própria 
faculdade, o aluno de Enfermagem pode estagiar (e 
também atuar depois de formado) nos seguintes ambientes:
Centros de saúde; Hospitais públicos e particulares; 
Empresas (na área de saúde ocupacional); Unidades 
Básicas de Saúde; Laboratórios de exames clínicos e de 
imagem; Empresas de home care (em que o tratamento é 
realizado na casa do paciente).
 Para obter o diploma, a maioria das faculdades exige 
a apresentação de um Trabalho de Conclusão de Curso 
(TCC).
 Fonte: https://www.guiadacarreira.com.br/cursos/
materias-enfermagem/
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico44
Compreender estratégias utilizadas 
entre os enfermeiros oncológicos na 
comunicação aos pacientes e familiares 
em situações difíceis no tratamento 
oncológico
Transmitir más notícias aos doentes pode gerar situações 
de estresse nos profissionais de saúde, que, muitas vezes, 
tentam evitar essa tarefa usando técnicas de distanciamento. 
Assim, transmitir uma má notícia requer conhecimentos e 
aptidões que podem ser aprendidas ao longo da vida.
Para que os desencontros de informações sejam 
evitados, a emissão do conhecimento deve ser de forma 
nítida, na linguagem do profissional de saúde, mas com o 
tempo e o detalhamento necessários que possibilitem a 
compreensão por parte do paciente e sua família. Salienta-
se que provavelmente todas as formas de comunicação 
emitidas pelo transmissor, verbal ou não verbal, serão 
fielmente lembradas pelos receptores.
Porém, algumas barreiras para efetivação do 
diálogo sobre as notícias difíceis em Oncologia podem 
ser observadas. Ao lidar com esses sentimentos vindos à 
tona, os profissionais envolvidos também ficam abalados, 
têm inseguranças e conflitos entre o ser pessoa e o 
ser profissional.A dificuldade dos enfermeiros em lidar 
com as perdas e em expressar os próprios sentimentos 
referentes àquela situação vivenciada diante do paciente 
e seus familiares pode ser interpretada como banalização 
e egoísmo, parecendo ser apenas um profissional lidando 
com um procedimento de enfermagem e não um ser que é 
dotado de compaixão.
O paciente e sua família necessitam sentirem-se 
cuidados, amparados, confortados e compreendidos pelos 
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico 45
enfermeiros e por quem são assistidos. Expressões de 
empatia, compaixão e afeto na comunicação e cuidados 
prestados trazem a certeza a esses sujeitos do cuidado de 
que eles são parte importante de um conjunto, o que resulta 
em sensação de proteção e consolo, além de proporcionar 
paz interior, numa situação de tamanha dor e sofrimento. 
Essa demonstração para os pacientes e acompanhantes 
não são tidos como falhas, mas sim percebidas e acolhidas 
como conforto e humanização do profissional, que se 
demonstra sensibilizado com a situação.
Parte desse saber está ligada às vivências e cultura 
de cada indivíduo, seja ele o enfermeiro, o paciente 
ou familiares que passam pelo processo de perda em 
Oncologia: sua história pessoal, a formação acadêmica que 
pouco prepara para o enfrentamento do processo de morte 
e morrer, além das próprias concepções de vida, morte, 
finitude, permanência e impermanência diante do mundo 
e acerca da consciência de que cada ser é participante 
ativo do seu desenvolvimento da aceitação e do lidar com 
essa questão e facilitar essa caminhada (REME – Rev Min 
Enferm. 2016).
A Política Nacional de Humanização da Atenção e 
da Gestão do SUS incorporadas pelo INCA em 2003, de 
maneira articulada à proposta de construção de um modelo 
de gestão participativa e compartilhada. Esse modelo 
procurou valorizar o trabalho em rede e a atenção aos 
profissionais na linha do cuidar de quem cuida, colocando-
se também em consonância com a Política Nacional de 
Saúde do Trabalhador e a Política Nacional de Educação 
Permanente. 
O propósito de cuidar de quem cuida foi também 
enfatizado nos documentos do novo modelo de gestão 
e nas diretrizes estratégicas para o INCA, neste período. 
Um exemplo de atuação concreta nesse sentido foram 
às intervenções conjuntas feitas pelo Grupo de Trabalho 
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico46
de Humanização, a Divisão de Saúde do Trabalhador e a 
Ouvidoria Geral do INCA para estudar casos específicos 
de adoecimento de trabalhadores administrativos ligados 
a condições de trabalho, assim como um grupo de 
escuta com toda a equipe de enfermagem de uma das 
unidades hospitalares, comunicação de notícias difíceis: 
compartilhando desafios na atenção à saúde abalada por 
acontecimentos sucessivos de morte e adoecimento por 
câncer de colegas de trabalho.
No trabalho realizado no Hospital de Câncer II, foi 
feito um diagnóstico preliminar com base na observação 
participante dos consultores, das condições ambientais, 
dos fluxos e dos processos iniciais de recepção dos 
pacientes e de definição dos projetos terapêuticos.
Nesses momentos, presentes desde o início em casos 
graves, os profissionais podem encontrar suporte dentro de sua 
própria equipe. Em grande parte da qualidade das parcerias que 
possam ser estabelecidas desde o início do tratamento e que 
ultrapassam, necessariamente, a segurança da competência 
técnica. Esta, se por um lado é fundamental, poderá, ao ver 
esgotados seus recursos, deparar-se com a qualidade da 
relação humana que aí foi possível estabelecer e certamente 
com os ganhos ou prejuízos envolvendo todos os implicados. 
Foi, portanto, o encontro com essas questões e angústias 
suscitadas pela comunicação de más notícias que possibilitou 
ao GTH a porta de entrada para a aceitação, em primeiro 
lugar pelos médicos, da necessidade de maior valorização e 
capacitação para a comunicação com os pacientes e familiares 
em situações difíceis do tratamento (INCA 2010).
Algumas Estratégias em Destaque
As estratégias de enfermeiros oncológicos para 
promover o trabalho em equipe hospitalar são basicamente 
quatro categorias; 
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico 47
Articulação das ações profissionais; Estabelecimento 
de relações de cooperação; Construção e manutenção de 
vínculos amistosos; Gerenciamento de conflitos.
Ao receber o diagnóstico de câncer, uma doença 
que traz tantos sofrimentos e preocupações, cria-se uma 
situação desestruturante, não só para quem é por ele 
acometido, mas também para todos que o cercam, uma 
vez que se veem surpreendidos por um momento de 
grande estresse, que leva a mudanças de comportamento. 
Esses comportamentos irão definir quais estratégias 
serão utilizadas para os momentos de confrontação 
com a situação de adoecimento. É possível supor que 
o diagnóstico de câncer desencadeará sentimentos 
e avaliações cognitivas, as quais, influenciadas pelas 
experiências anteriores e diferenças individuais, resultarão 
em comportamentos peculiares de ajuste, cuja finalidade 
é enfrentar o estresse e a ansiedade provocada por esse 
momento. A percepção de um indivíduo direciona a forma 
de enfrentamento diante de uma situação estressante. O 
significado conferido à vivência de doença direciona o modo 
de agir e reagir às demandas impostas pelo câncer, como 
o tratamento cirúrgico. As estratégias de enfrentamento 
são processos de controle utilizados para mediar a relação 
entre as demandas requeridas pela doença e as respostas 
que o indivíduo produz perante as mesmas. Refletir 
sobre o problema foi à estratégia mais utilizada entre os 
mecanismos de enfrentamento focalizados no problema, 
sendo identificado como uma maneira eficiente de modificar 
as pressões internas, por tentativa de remover ou abrandar 
a fonte estressora, possibilitando a busca de soluções para 
a doença. Já o enfrentamento centrado na emoção é, por 
muitas vezes, uma "reavaliação cognitiva", pois o indivíduo 
realiza uma série de manobras cognitivas com o objetivo 
de modificar o significado da situação, não importando se 
isso é feito de forma realista ou com distorção da realidade. 
Comunicação em situações difíceis no Tratamento Oncológico48
Esse tipo de mecanismo de enfrentamento não modifica 
a situação propriamente dita, mas serve para o indivíduo 
negociar com as emoções e, assim, manter uma autoestima 
positiva, esperança e bem-estar.
Outra forma de enfrentamento tanto baseada na 
emoção como no problema sendo que, ao se depararem 
com a necessidade do tratamento, os pacientes que 
apresentam o enfrentamento baseado no problema relatam 
ter tido o impacto, pois não deixaram de ter o estresse 
presente em suas reações, mas encararam o problema 
e destacaram estar confiantes no tratamento e na equipe. 
Já os que tiveram seus enfrentamentos baseados na 
emoção comentam principalmente sobre os sintomas que 
foram gerados pela situação de estresse e depositam suas 
esperanças em Deus. Quanto às estratégias focalizadas na 
emoção, o suporte religioso foi à estratégia de enfrentamento 
mais utilizada onde referem rezar e fazer promessas como 
maneiras de expressar sua fé em Deus e santidades da Igreja 
católica populares no Brasil para ajustarem-se melhor à 
situação de doença. Esse tipo de recurso de enfrentamento 
pode prover o fortalecimento da fé e com isso propiciar 
pensamentos mais otimistas, diminuindo, portanto, a tensão 
interna decorrente do estressor. A religião, em sentido estrito 
senso, ocupa um importante espaço na vida das pessoas, e 
a religiosidade pode ajudá-las a encontrar o significado e a 
coerência no mundo. Revisões sistemáticas têm confirmado 
quantitativamente que a religião é epidemiologicamente um 
fator de proteção.
A espiritualidade é uma construção da personalidade 
de cada indivíduo uma expressão da sua identidade e efeitos 
em função da história pessoal, experiências e aspirações. 
Por essa razão, a religião diminui o sofrimento,

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