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FACULDADE INTEGRADA BRASIL AMAZÔNIA - FIBRA Aula: FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE Curso: Direito Bacharelado Disciplina: Direito Agrário Professora Msc.: Nazaré Rebelo E-mail: professoranazarerebelo@gmail.com DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA Art. 170 - A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI – defesa do meio ambiente; VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. Parágrafo único - É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. Panorama Constitucional DA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E DA REFORMA AGRÁRIA Art. 186 - A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. Panorama Constitucional DO MEIO AMBIENTE Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Responsabilidade Ambiental DO MEIO AMBIENTE Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ... à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA Art. 170 - A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: VI - defesa do meio ambiente; RESPONSABILID ADE SOCIAL RESPONSABILID ADE AMBIENTAL RESPONSABILIDA DE SÓCIO- AMBIENTAL [ ] [ [] ]+ = PRINCÍPIO DA ATIVIDADE ECONÔMICA - Art. 170 FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE RURAL - Art. 186 VI - defesa do meio ambiente; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; VII - redução das desigualdades regionais e sociais; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. VIII - busca do pleno emprego; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. I - aproveitamento racional e adequado; Função Social da Propriedade Função Social da Propriedade Função Social da Propriedade Art. 5º, XXIII, CF Princípios da Ordem Econômica Art. 170, CF Função Social da Propriedade Rural Art. 186 PARECER LUIZ EDSON FACHIN 1. A lei pretende negar ao proprietário de imóvel o exercício de uma ou mais prerrogativas decorrentes da existência do direito de propriedade sobre os bens presentes no imóvel sem que tal restrição vise ao exercício de um outro direito, de todos, considerado de interesse público? 2. A lei pretende impedir a exploração (comercial ou não) do babaçu por outras pessoas (proprietários ou não de imóveis) não integrantes daqueles grupos tradicionais? 3. A proibição à extração predatória se aplica também às comunidades tradicionais? 4. É indispensável que a lei defina detalhadamente os critérios para determinação do grau de acerto na exploração do babaçu, de modo a defini-la ou não como predatória? Lei do Babaçu Livre “Art. 2° - As matas nativas constituídas por palmeiras de coco babaçu, em terras públicas, devolutas ou privadas, são de livre acesso às populações agroextrativistas e de livre uso por elas, desde que as explorem em regime de economia familiar e comunitário, conforme os costumes de cada região, na forma do regulamento”. O projeto franqueia o ingresso das populações agroextrativistas em matas nativas constituídas por palmeiras de coco babaçu em terras públicas, devolutas ou privadas, para o fim de realizarem atividade extrativa. O artigo segundo está a franquear o acesso e a extração do coco da palmeira de babaçu também por terceiros não proprietários, o que não exclui a possibilidade de fruição pelo proprietário das áreas particulares, desde que o façam de forma não predatória. Trata-se de norma de extensão da possibilidade de fruição, e não de restrição à fruição pelos proprietários. “Art. 3° - Fica proibido o uso predatório das palmeiras de coco babaçu, sendo para tanto vedadas as práticas que possam prejudicar a produtividade ou a vida das palmeiras, na forma do regulamento.” A norma do artigo terceiro esclarece o sentido da exploração econômica que pode ser levada a efeito, seja pelo proprietário, seja por terceiros não proprietários, consoante norma de extensão que se extrai do artigo segundo. O referido artigo, ao proibir a exploração predatória, está, simultaneamente, a afirmar a possibilidade de exploração que não se qualifique como tal. Mais que isso, está a deixar claro que mesmo às comunidades tradicionais está vedada a exploração predatória. Daí ser possível afirmar que os métodos tradicionais podem ser empregados na medida em que não violem a norma constante do artigo terceiro. Trata-se, pois, de obter o aproveitamento econômico da área, inclusive por aqueles que, não sendo proprietários, dependem da coleta do babaçu para sua subsistência. Do direito de propriedade e de sua função social, segundo Fachin A adequada hermenêutica do projeto de lei em exame, segundo a qual não veda o artigo segundo do diploma projetado a extração do coco de babaçu pelos proprietários das áreas em que as árvores se encontram, desde que tal extração não se mostre predatória. O projeto não veda a exploração econômica das árvores nativas pelo proprietário, não eliminando o jus fruendi* atinente a esses bens. *Faculta ao proprietário desfrutar da coisa, no sentido de tirar proveito econômico desta. Se concluiu que o artigo 2° do substitutivo autoriza àqueles não proprietários que realizem a extração do babaçu por meio das técnicas tradicionais – desde que não predatórias, conforme se infere da correta exegese da lei, nos balizamentos a serem definidos mediante regulamento -, seja em áreas de domínio público, seja em áreas de titularidade privada. A questão reside em examinar se a garantia constitucional do direito de propriedade seria compatível com a imposição, ao proprietário, de uma tolerância ao ingresso de não proprietários em seu imóvel, bem como à extração do babaçu das árvores nativas que se situarem em sua propriedade. A chave para a compreensão dessa questão pode residir na denominada função social da propriedade. Da inserção constitucional da função social como inerente ao direito de propriedade . O artigo 5° da Constituição da República define, no inciso XXII, como garantia fundamentalo direito de propriedade. O inciso XXIII, a seu turno, impõe à propriedade o atendimento de sua função social. A função social consiste, simultaneamente, em limite ao direito de propriedade (como dado exterior, a impor restrições, como, por exemplo, no que toca a proibições de natureza ambiental) e, sobretudo, dado intrínseco ao próprio direito de propriedade. Afirmar que a propriedade tem uma função social é afirmar que esse direito somente pode ser compreendido conforme a finalidade que a ele atribuiu a ordem jurídica, o que impõe não apenas limites exteriores, proibições mas, sobretudo, um exercício de direito (e, portanto, um aproveitamento do bem) conforme a função social. A compreensão da função social como intrínseca à propriedade, e não como mero limite externo, dá sentido à ideia de que “a propriedade obriga”, conforme a precisa construção normativa presente na Lei Fundamental alemã. “Com efeito, a Constituição Federal de 1988 garante o direito de propriedade – o que não se pode desconhecer, especialmente para tratar da propriedade imobiliária rural. Dessa garantia duas realidades distintas não podem passar despercebidas. Uma, a que demonstra que tal garantia se refere, na esteira do deferimento, à propriedade do título de direito fundamental (Art. 5º da CF 88), tanto à propriedade atual quanto ao direito de vir a ser proprietário, face ao paradigma abstrato constante da norma constitucional. A outra realidade é que, segundo a Constituição, a propriedade constitucionalmente garantida deve atender sua função social (art. 5º, XXIII)”. Assim, “só se pode compreender o direito de propriedade à luz de sua função social”. "Art. 186 - A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV - exploração que forneça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores”. Inciso I - extração das utilidades e frutos possíveis, de uma área de fruição limitada, que sirvam para assegurar a subsistência de grupos – sobretudo aqueles que, tradicionalmente, vivem dessa atividade extrativa – está em harmonia com a ideia de aproveitamento racional e adequado. Maximiza-se a utilidade do imóvel propiciando tanto a proprietários como a não proprietários a fruição de subsistência, desde que não predatória, das utilidades que a área é capaz de produzir. Inciso II - Não é adequada qualquer forma de aproveitamento que se apresente como predatória e viole as normas de proteção ao meio- ambiente, impondo-se, pois, a utilização econômica possível à luz das limitações impostas pelas características de cada área, e as específicas necessidades de preservação. Daí porque o projeto de lei, em seu substitutivo aprovado pela comissão temática, atende também ao disposto no inciso II. Incisos III e IV – A vedação à exploração predatória, por quem, quer que seja, complementa o artigo segundo do substitutivo, uma vez que contempla, simultaneamente, a preservação ambiental e o aproveitamento racional e adequado. Mais que isso, contempla tanto o bem-estar de proprietários (que podem realizar extração não predatória) como de trabalhadores (sobretudo as comunidades que dependem do babaçu para sua subsistência). A possibilidade de extração por terceiros não proprietários se restringe a áreas nativas, pelo que não se impõe ao proprietário partição gratuita do resultado de cultivo. Trata-se, ao contrário, de permitir o aproveitamento econômico de árvores – e das respectivas áreas em que elas se encontram - que, ante a restrição ambiental ao corte, não atenderiam às suas possibilidades satisfação de necessidades humanas de subsistência (o que, conforme explicitado, pode ocorrer, desde que de forma não predatória ). Fundamento para defender a entrada na propriedade privada onde existe babaçu. 1. A lei pretende negar ao proprietário de imóvel o exercício de uma ou mais prerrogativas decorrentes da existência do direito de propriedade sobre os bens presentes no imóvel sem que tal restrição vise ao exercício de um outro direito, de todos, considerado de interesse público? Resposta: A lei impõe ao proprietário a tolerância quanto à permanência de pessoas nas áreas de mata nativa formada por coqueiro de babaçu para a finalidade de permitir a essas mesmas pessoas, de modo racional e adequado, a extração do coco. Trata-se de interesse social relevante, em atendimento à função social da propriedade, uma vez que esta não se confunde com o atendimento de um genérico interesse de todos, mas adquire sentido no atendimento a direitos fundamentais de subsistência de pessoas ou grupos. 2. A lei pretende impedir a exploração (comercial ou não) do babaçu por outras pessoas (proprietários ou não de imóveis) não integrantes daqueles grupos tradicionais? Resposta: Não. A lei permite a coleta do babaçu pelo proprietário, desde que não se trate de exploração predatória. 3. A proibição à extração predatória se aplica também às comunidades tradicionais? Resposta: Sim. Somente é possível o exercício de atividade extrativa, por quem quer que seja, que não se qualifique como predatória. 4. É indispensável que a lei defina detalhadamente os critérios para determinação do grau de acerto na exploração do babaçu, de modo a defini-la ou não como predatória? Resposta: Não, uma vez que há previsão na própria lei de que os critérios serão definidos mediante regulamento. O regulamento, a seu turno, serviria para aclarar e instrumentalizar a proibição legal de extração predatória, não trazendo inovação propriamente dita ao ordenamento jurídico.
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