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Legislação Aduaneira e Tributária Professor Me. Alexsandro Cordeiro Alves da Silva Diretor Geral Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino e Pós-graduação Daniel de Lima Diretor Administrativo Renato Valença Correia Coordenador NEAD - Núcleo de Educação a Distância Jorge Van Dal Coordenador do Núcleo de Pesquisa Victor Biazon Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Projeto Gráfico e Editoração André Dudatt Revisão Textual Beatriz Longen Rohling Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Caroline da Silva Marques Geovane Vinícius da Broi Maciel Jéssica Eugênio de Azevedo Kauê Berto Web Designer Thiago Azenha UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Candido Berthier Fortes, 2177, Centro Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rua Pernambuco, 1.169, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 4 BR-376 , km 102, Saída para Nova Londrina Paranavaí-PR (44) 3045 9898 www.unifatecie.edu.br/site As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site ShutterStock FICHA CATALOGRÁFICA UNIFATECIE - CENTRO UNIVERSITÁRIO EAD. Núcleo de Educação a Distância; SILVA, Alexsandro Cordeiro Alves da. Legislação Aduaneira e Tributária. Alexsandro. Cordeiro Alves da Silva. Paranavaí - PR.: Fatecie, 2020. 96 p. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Zineide Pereira dos Santos. AUTOR Professor Me. Alexsandro Cordeiro Alves da Silva • Mestre em Desenvolvimento de Tecnologia, UFPR/Lactec (Universidade Fede- ral do Paraná); • Licenciado em Letras - Port./Inglês Plena, UEM (Universidade Estadual de Maringá); • Bacharel em Administração, FAPAN (Faculdade de Paraíso do Norte); • Graduando em Pedagogia, UniFCV (Centro Universitário Cidade Verde); • Graduando em Ciências Econômicas, UniFCV (Centro Universitário Cidade Verde); • Especialização em Comércio Exterior pela UNIFAMMA (União de Faculdades Metropolitanas de Maringá); • Docente do Curso de Direito, Administração, Marketing, Logística, Ciências Econômicas, Processos Gerenciais, Letras, Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo e Ciências Contábeis da UniFCV; • Coordenador do Curso de Administração presencial/EAD (UniFCV); • Coordenador do Curso de Ciências Econômicas presencial/EAD (UniFCV); • Coordenador do Curso de Letras presencial/EAD (UniFCV); • Coordenador do Curso de Marketing presencial/EAD (UniFCV); • Coordenador do Curso de Logística presencial/EAD (UniFCV); • Coordenador do Curso de Empreendedorismo presencial/EAD (UniFCV); • Coordenador do Curso de Comércio Exterior EAD (UniFCV); • Coordenador Científico em Ciclos de Estudos do UniFCV; • Gestor Educacional do Colégio Axia; • Docente de Pós-Graduação no Centro Universitário Cidade Verde (UniFCV). Ampla experiência como analista de Comércio Exterior (10 anos), produtor de ma- terial didático, tradutor, coordenação de cursos superiores e grupos de estudos. Currículo: http://lattes.cnpq.br/8228698800793385 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) aluno(a), é sempre um prazer falar com você que quer saber mais sobre comércio exterior! Aqui você pode encontrar reflexões e análises sobre a legislação aduaneira. Sempre que falamos de legislação é um tema bem complexo, pois envolve um processo de leis e atualizações de leis, por isso, sempre que precisar é importante buscar e verificar se as leis previstas neste material ainda estão vigentes. Na Unidade I iniciaremos nosso trajeto pelo fundamento da legislação, ou seja, quais leis bases servem como respaldo para as demais, as particularidades e as especifi- cidades de cada departamento envolvido no processo de importação e exportação, além disso, vamos descrever as atividades aduaneiras e as naturezas tributárias, assim como os principais impostos incidentes na importação e exportação, além dos conceitos de naciona- lização e desembaraço de mercadorias. Já na Unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre as franquias adua- neiras, ou seja, trataremos dos portos e aeroportos que também são considerados como recintos alfandegados, continuares as definições sobre zonas francas e daremos ênfase na Zona Franca de Manaus (ZFM) e as principais características e benefícios das zonas francas pelo mundo. Por fim, relataremos também sobre as áreas de livre comércio e sua importância para o sistema de comércio exterior brasileiro. Na sequência, nas Unidades III e IV, trataremos das peculiaridades das infrações, delitos e fraudes que acontecem nas importações e exportações brasileiras. Mais espe- cificamente, na última unidade falaremos também do papel do profissional de comércio exterior na tomada de decisão e na análise da classificação fiscal de mercadoria, regimes especiais e atípicos, documentações e processos de importação e exportação. Esperamos contribuir para o seu crescimento profissional e aguçar a vontade de continuar na busca do conhecimento. Seja curioso(a), cada assunto tratado neste material abre a possibilidade de muita pesquisa e temos certeza que você estará à frente no mer- cado de trabalho. Muito obrigado e bom estudo! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 6 Fundamentos da Legislação UNIDADE II ................................................................................................... 28 Franquias Territoriais UNIDADE III .................................................................................................. 44 Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação UNIDADE IV .................................................................................................. 64 Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 6 Plano de Estudo: • Fato aduaneiro e realidade aduaneira • Atividades aduaneira • Tributos aduaneiros • Políticas Brasileira de Comércio Exterior Objetivos da Aprendizagem • Conceituar sobre aduana e alfândega • Compreender os tipos de tributos no comércio exterior • Rever as políticas Brasileiras no Comércio Exterior UNIDADE I Fundamentos da Legislação Professor Mestre Alexsandro Cordeiro Alves 7UNIDADE I Fundamentos da Legislação INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) à primeira unidade da apostila. Vamos dar início ao estudo sobre os Fundamentos da legislação. Essa é uma área do conhecimento que estuda as regras e implicações da importação relacionada com o Comércio Exterior, quase todas as regras também são aplicadas à exportação. A legislação aduaneira não é nova, entretanto é nela que se baseiam todos os processos de importação e exportação do país, a saber, a legislação é única, mas os decretos, Instruções Normati- vas, leis e pareceres é que ajudam o comércio exterior na contínua busca pela organização do sistema alfandegário. Visando o crescimento das importações, mas dentro dos controles fronteiriços, foram estabelecidas regras de importação para que os órgãos responsáveis pudessem ter maior controle dos processos e dos produtos importados. Após a verificação da necessida- de de parâmetros que respeitassem as normas internacionais da Organização Mundial do Comércio (OMC), surgiram legislações específicas para determinados tipos de produtos e serviços. É no Decreto nº 6759, Planalto, que teremos a base de nossas reflexões. Ainda, nesta legislação teremos os órgãos que atuam na área de comércio exterior brasileiro. De início, vamos tratar das condições aduaneiras brasileiras, legislação aduaneira, direito aduaneiro, e falaremos sobre os temidos impostos e tributos envolvidos na importa- ção e exportação. Por fim, veremos também algumas restrições e barreiras alfandegárias que a constituição prevê. Em seguida, serão apresentadas as legislações específicas para acordos internacionais, os conceitos de nacionalização e também de importação. Desejamos um ótimo estudo! 8UNIDADE I Fundamentos da Legislação1. FATO ADUANEIRO E REALIDADE ADUANEIRA O fato aduaneiro foi desenvolvido para dar agilidade e porta de entrada e saída de mercadorias para diversos fins. Para início, é importante entender que fato aduaneiro é a necessidade de um departamento inserido em cada alfândega brasileira para a agilidade na fiscalização. Quem faz parte do fato aduaneiro são os órgãos governamentais. É na aduana que teremos toda mercadoria importada ou exportada sendo verificada, analisada e liberada para as devidas finalidades. Entretanto a realidade aduaneira é outra. O que deveria ser agilidade se tornou um sistema moroso em que cada processo de importação ou exportação demora em média 20 dias para concluir. Essa realidade aduaneira é diferente de outros países que buscam agili- zar em apenas algumas horas o desembaraço aduaneiro. Nesse sentido, vamos diferenciar cada setor e tratar das particularidades de cada setor e legislação aduaneira. Incluiremos também em nossas discussões as questões do Direito Aduaneiro. 1.1. Alfândega ou Aduana Segundo Assumpção (2007), o conceito de aduana é semelhante a Alfândega (do árabe: قدنفلا; transl.: al-fundaq, “hospedaria”, “estalagem”) ou aduana (do árabe: ناويدلا; transl.: ad-dīwān, “registro”, “escritório”). Para a autora, trata-se de uma repartição governa- mental e oficial para o controle de movimentos de entrada e saída de mercadorias do país, ou seja, importações (entradas) e exportações (saídas). 9UNIDADE I Fundamentos da Legislação Como já visto durante o curso, é inclusive nesse local (aduana) que os órgãos anuentes e intervenientes, como Receita Federal e Estadual, dentre outros, fazem a ve- rificação das condições da mercadoria. É importante ressaltar que esses órgãos tratam apenas da fiscalização de produtos e serviços e não do controle de tráfego de pessoas, para isso, há outras regras e legislações, regidas pela polícia de fronteira. É nesse “escritório” que são cumpridas as regras dispostas no decreto 6759/09, e é na alfândega (local de hospedagem) que são armazenados os produtos que serão exportados ou importados. Pensando assim, é por isso que se denomina a legislação de importação como legislação aduaneira, ou seja, órgãos governamentais fazendo cumprir determinações legais do país sobre determinado processo de importação. Já a estocagem e o armazenamento podem ser contemplados pela legislação aduaneira, possuindo, assim, as regras alfandegárias de armazenagem, como local propício para determinados produtos perecíveis, perigosos, muito pesados, muito leves etc. Na organização geral e fiscalização das aduanas encontramos a Secretaria da Receita Federal do Brasil, órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, ambos estipulados com os devidos poderes no Regulamento aduaneiro do Brasil (dec. 6759/09). 1.2. Conceito e Natureza do Direito Aduaneiro Entendido o que é aduana e alfândega, você precisa saber que há uma área do direito que se dedica às questões do trânsito de mercadoria e de pessoas. Sim, você leu corretamente! O conceito é o mesmo para pessoas e produtos, a diferença é que os produ- tos serão comercializados ao chegar a seu destino e as pessoas entram e saem do país por diversos motivos, mas é o direito aduaneiro que estabelece regras de trânsito entre países. De modo geral, podemos entender como um conjunto de normas que julgam e disciplinam o tráfego de pessoas, produtos ou serviços e também a fiscalização e cum- primento das leis nacionais e internacionais. Para cada caso, como supracitado, deverá ser consultada a legislação específica, principalmente de produtos e serviços controlados pelos órgãos anuentes. A relação aduaneira será entre países, entre empresas e governo e também entre empresas e consumidor final. Antes de prosseguirmos, é extremamente importante que você, estudante, entenda a lógica e organização de atuação aduaneira na gestão da operação de importação. Sa- bendo quais órgãos estão envolvidos na aduana e seus processos, ficará mais fácil saber a quem recorrer nos casos de organização de uma importação. 10UNIDADE I Fundamentos da Legislação No mesmo decreto 6759/09 estão esclarecidos os órgãos intervenientes e os anuentes. Os intervenientes têm relacionamento com comércio exterior de alguma forma, mas nem sempre são impeditivos de importação (banco do exportador, vendedor, des- pachante, dentre outros); nem sempre trabalham somente com comércio exterior. Já os anuentes legislam e têm papel de permitir a importação, ou seja, diretamente ligado à importação (órgãos como DECEX, MAPA, EXÉRCITO, dentre outros). 1.3. O Direito Aduaneiro Brasileiro e Atividade Aduaneira O direito aduaneiro atua, por meio de profissionais de comércio exterior e advo- gados, analisando as leis e normas que regem a entrada e saída de mercadorias do país. No Brasil, a grande batalha está na burocracia, pois com o aumento de importações e exportações durante as décadas, o país passou a se tornar pouco eficiente na liberação de mercadorias. Por isso, o direito aduaneiro vem impetrar a análise da legislação e dá pareceres sobre os processos de importação e importação. Para Sosa (2008) apud TREVISAN (2008 p. 24), Exercício do Poder de Soberania é atividade estatal típica, e como tal, dotada de um poder capaz de impor o interesse do Estado aos particulares. Em verdade é a Alfândega que primeiro exerce, em tempos normais, o poder de soberania. Tal se manifesta, com efeito, através do controle aduaneiro exercido sobre veículos que demandam território sob jurisdição política de um determinado Estado. Pode a Alfândega, nesse mister, abordar o veículo para exigir-lhe contas dos efeitos comerciais que transporta, indagar sobre seu destino, vistoriá-lo e, em casos justificados, até arrestar cargas que porventura não estejam devidamente documentadas. Em contrapartida, nenhum veículo sairá do território, conduzindo ou não cargas, sem prévia autorização aduaneira. (TREVISAN, 2008 p. 24) Nesse sentido, conforme expressado na citação, a autorização de fluxo é dada pe- los responsáveis aduaneiros. No Brasil, esse papel fica a cargo dos órgãos governamentais (anuentes e intervenientes). Os órgãos anuentes trabalham diretamente no país em que a mercadoria se encontra no momento da análise, por isso, a estrutura do comércio no Brasil tem como seu maior organizador o próprio governo. Já os demais órgãos analisam os produtos e comparam com a legislação. Por exemplo, se um importador está trazendo um cavalo, será de responsabilidade do importador, juntamente com o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), verificar a classificação e após a permissão, trazer a mercadoria – sempre respaldado pela legislação aduaneira. No direito aduaneiro brasileiro englobam-se: Conselho Monetário Nacional (CMN), Câmara de Comércio Exterior (CAMEX), Ministério das Relações Exteriores (MRE), Mi- 11UNIDADE I Fundamentos da Legislação nistério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) – atual Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Ministério da Fazenda (MF) –, Ministério das Co- municações (MC), Ministério da Agricultura Pecuária e do Abastecimento (MAPA), Agência de Promoção de Exportações S/A (APEX), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), Seguradora Brasileira de Crédito à Exportação S/A (SBCE), Con- federação Nacional da Indústria (CNI), Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (FUNCEX), Federações Estaduais, Câmaras de Comércio, dentre outros. Ainda, cada órgão citado pode se subdividir, dependendo da necessidade e da legislação. Obviamente você não precisa saber de todos eles, mas é importante saber que cada um desses setores é um órgão responsável para determinadas ações na importação. Nem sempre todos os órgãos estarão envolvidos em todas as importações, mas depen- dendo do tipo de produto será necessárioverificar com esses departamentos o que deve fazer para que o processo de importação não seja barrado no momento da entrada no país. Todos eles estão interligados e respondem à legislação aduaneira e é na aduana que serão efetivamente observados. 12UNIDADE I Fundamentos da Legislação 2. ATIVIDADE ADUANEIRA As atividades aduaneiras mostram o poder de controle do país. Desta feita, são os países que, de acordo com suas legislações, preveem as questões sobre o comércio exterior nacional, validam normas e regulamentos, cumprem leis nacionais e internacio- nais e controlam a entrada e saída de mercadorias. Essas atividades visam, no primeiro momento, o combate a fraudes, doenças, pandemias, drogas, armas, tráfico de pessoas e animais, defesa do patrimônio histórico, materiais perigosos ou contaminantes e alimentos e bebidas danosas à saúde. De acordo com Sosa (2008) apud TREVISAN (2008 p. 24) as atividades aduaneiras servem para O Controle Aduaneiro de Mercadorias. Também as mercadorias destinadas ao país, ou dele egressas, submetem-se ao controle aduaneiro. Os objetivos desse controle são múltiplos, como, por exemplo, verificar se as mercadorias objeto de importação ou exportação podem, efetivamente, ser transaciona- das, e se podem ingressar ou sair do território nacional. Com efeito, os Esta- dos poderão vir a proibir ingressos de mercadorias consideradas danosas à saúde e à ordem públicas, ou admiti-las sob severas condições de controle sanitário ou de segurança. Também podem decretar proibições por razões políticas, em razão da origem da mercadoria ou país de procedência. Essas proibições poderão ser definitivas ou temporárias, absolutas ou relativas, dizendo se então, que esta ou aquela operação está proibida ou suspensa. (TREVISAN, 2008 p. 24) Considerando isso, países como o Brasil coordenam as ações dos portos e aero- portos para que eles se transformem não somente em alfândegas (transito e armazenagem) de mercadorias, mas também atuem mundialmente com regras e atividades coordenadas. 13UNIDADE I Fundamentos da Legislação Para isso, há acordos e facilitações aduaneiras, visando a entrada de mercadoria mais flexível, o que não significa que sejam normas e legislações rígidas, mas sim coordenadas e coerentes entres os países. A atuação da aduana não é no sentido de impedimento da mercadoria e sim de fis- calização, se todos os documentos e mercadoria estão seguindo normas preestabelecidas. O fluxo da mercadoria é o alvo principal, logo, as questões tributárias não deveriam ser impedimentos para que a mercadoria seguisse seu fluxo. 2.1. Natureza das Normas Aduaneiras Se você é um(a) estudante atento(a), já deve ter notado que a legislação aduaneira segue um fluxo que culmina no órgão máximo legislador, a Presidência da República. É ela que atua diretamente com a finalidade de legislar as questões aduaneiras, sempre atenta às orientações da Organização Mundial do Comércio (OMC). Vale a pena relembrar que a natureza legal das normas aduaneiras parte de um decreto “mãe” de todas as demais oriundas. Trata-se do Decreto nº 6759 de 5 de fevereiro de 2009, que “regulamenta a administração das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior”. Podemos entender a estrutura operacional hierárquica da seguinte maneira: Figura 1 - Estrutura da Presidência da República na aduana Fonte: o autor. A presidência da república (Figura 1) estabelece e assina decretos sobre a importa- ção e exportação interna de acordo com a legislação nacional e internacional. O Ministério das Relações Exteriores (MRE ou Itamaraty) está diretamente ligado às relações inter- nacionais e é responsável pelas políticas internacionais (Bilateral, regional e Multilateral). 14UNIDADE I Fundamentos da Legislação Já o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) atua nas políticas de desenvolvimento do comércio exterior. Por sua vez, o Ministério da Fazenda formula e regulamenta as políticas econô- micas do país, ou seja, é um órgão administrativo do comércio exterior; é nele que estão os órgãos relacionados ao fisco, como Receita Federal (responsável também pela vistoria e parametrização da mercadoria) e BACEN (responsável pelas verificações de contratos, câmbio e pagamentos). Estes últimos são responsáveis pela parte tributária da União. As normativas é que estabelecem critérios na importação aduaneira de determina- dos produtos. Dependendo do tipo de tratamento administrativo é que teremos que observar a Instrução Normativa (IN) para a importação de determinado produto. 2.2. Conceito de Importação Historicamente, a primeira relação de comércio se deu em 1808, com o Decreto de Abertura dos Portos às Nações Amigas, também conhecido como Carta Régia, promulgada pelo Príncipe-regente de Portugal, Dom João de Bragança. Desde então, a importação passou por inúmeras mudanças, seja pelos tipos de mercadorias, seja pelas tramitações legais. Fontes (2018) descreve a importação como sendo o processo de entrada de pro- dutos originários de outro país. Além disso, com as modificações que o comércio exterior passou, podemos definir também como a entrada de mercadorias, bens e serviços que visam fatores comerciais e respaldados pelas leis fiscais. Todo processo de importação deve passar pelo processo de nacionalização, ou seja, em relações comerciais entre paí- ses, somente na importação será possível trazer uma mercadoria para ser comercializada. Na importação, devem-se observar alguns critérios, como condições comerciais, condições de armazenagem e transporte, legislações específicas de cada produto por meio do tratamento administrativo, negociações internacionais e cambiais, viabilização por meio da previsão de despesas, dentre outros. 2.3. Conceito de Nacionalização Nacionalizar os produtos e serviços é passá-los por um processo burocrático de verificação e fiscalização. Em suma, assim que a mercadoria chega no Brasil, passa a ser considerada em entreposto, ou seja, não é nem nacional e nem internacional. Nesse momento fica armazenada no recinto alfandegário para que seja vistoriada pelos órgãos competentes. Somente após o pagamento dos impostos e cumprida às exigências é que a mercadoria pode ser considerada nacional e seguir o destino para a empresa do importador. 15UNIDADE I Fundamentos da Legislação Entretanto para determinados produtos essa liberação pode ser condicionada à verificação ainda na empresa importadora, como é o caso de máquinas e bebidas. O outro nome dado para a nacionalização da mercadoria é desembaraço aduaneiro. Conforme o decreto 6759/09, para a nacionalização da mercadoria há a necessi- dade de apresentação de documentos obrigatórios que devem acompanhar a mercadoria, citamos: Certificado de origem, Packing list ou romaneio, Proforma Invoice, Conhecimento de embarque e Licenciamento de Importação (LI), se for o caso. Segundo a legislação 6759/09, é no momento da nacionalização que também devem ser recolhidos todos os tributos e taxas referentes à importação. 16UNIDADE I Fundamentos da Legislação 3. TRIBUTOS ADUANEIROS Como visto durante o curso, vale relembrar que o momento do recolhimento dos tributos de importação (Imposto de Importação - II, Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS e Taxa de Utilização do Siscomex) está previsto na Instrução Normativa SRF nº 98, de 29 de dezembro de 1997, e estabelece que sempre será o momento do registro da Declaração de Importação (DI), já o ICMS é no momento da liberação da mercadoria, quando ela poderá circular em território nacional. Trataremos na unidade IV das especificações de cada tributo, mas, de modo geral, os tributos aduaneiros são: Imposto de Importação (II): com base na Lei nº 3.244, de 14 de agosto de 1957; Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI): estabelecido no Decreto nº 7.212,de 15 de junho de 2010; Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS): com base na Lei Complementar nº 7, de 7 de Setembro de 1970, (PIS) e Lei Complementar nº 70, de 30 de Dezembro de 1991 (COFINS); Taxa de Utilização do Siscomex (TUS): de acordo com o Decreto n° 660, de 25.9.92. Na sequência temos o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS): primeiramente deve ficar claro que o ICMS é um imposto estadual, logo trataremos aqui das regras gerais e você precisará consultar as alíquotas do ICMS de seu estado; a regra do ICMS do Paraná, por exemplo, está respaldada no Decreto nº 7.871, de 2017. Esse imposto incide sobre a circulação de mercadorias devido ao transpor- 17UNIDADE I Fundamentos da Legislação te interestadual e intermunicipal para “qualquer que seja a sua finalidade, por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto” e é de responsabilidade de cada estado, conforme ratificado na Lei Complementar nº 114, de 16 de dezembro de 2002; e AFRMM: o Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) está previsto no Decreto-lei nº 2.404/1987 e respaldado pela Lei nº 10.893/2004 (alterações trazidas pelas Leis nº 12.599/2012 e 12.788/2013). 18UNIDADE I Fundamentos da Legislação 4. POLÍTICA BRASILEIRA DE COMÉRCIO EXTERIOR Podemos observar que a história e o comércio internacional andam juntos. Se considerarmos o final da Segunda Guerra Mundial (1942), justamente por não estar di- retamente envolvido na guerra, teve uma manutenção positiva do comércio internacional de importação e exportação. O café, por exemplo, teve grande importância para que o crescimento de vendas fosse alcançado, ou seja, somente com o café foi um acréscimo de 70% da exportação no período pós-guerra. Entretanto, com uma inflação de 14,6% em 1946, o Brasil focou em reestabelecer a ordem interna. Nessa época, observa-se que surgiram as primeiras regras de acordos e restrições para que a exportação de café fosse controlada e que a demanda interna não sofresse tanto impacto, o que culminou anos demais em uma demanda interna saturada e o governo tomando atitudes drásticas para a elevação do preço de produtos que outrora eram expor- tados. Em 1953, o Brasil passa a ter regras mais severas e taxações de seus produtos e múltiplas taxas cambiais. Com a criação da Organização Mundial do Comércio (OMS), em 1995, ficou mais claro que a política nacional deveria seguir critérios internacionais, dessa feita, o que já estava acontecendo foi formalizado por meio dos acordos e tratados internacionais. Vamos analisar alguns acordos e tratados que auxiliaram na efetivação da política nacional de comércio exterior. 19UNIDADE I Fundamentos da Legislação 4.1. Tratados, Convenções e Outros Atos Internacionais A Confederação Nacional da Indústria (CNI), desde 1990, atua para que o Bra- sil tenha planejamento estratégico na comercialização e a redução de barreiras, em sua maioria a redução tarifária, entre países com relacionamento comercial. Além das reduções tarifárias, os acordos estabelecem regras e disciplinas, condições iguais de competição em mercados estratégicos, maior participação do Brasil nas cadeias de produção internacional e maior acesso ao conhecimento de novas tecnologias. Tem como objetivo também as reformas domésticas, maior produtividade em escala e redução do custo de produção e, finalmente, a competitividade. Os acordos servem para a não discriminação de produtos oriundos do Brasil. Os acordos comerciais recentemente analisados pela CNI são: Quadro 1 - Principais acordos, tratados e convenções com o Brasil ENVOLVIDOS OBJETIVO União Europeia Defender a conclusão do acordo entre o Mercosul e a União Europeia com a inclusão dos pleitos de maior impacto para a indústria, sobretudo em acesso a mercados e regras de origem. México Defender a conclusão de um acordo de livre comércio ou de um acordo parcial – o mais amplo possível na cobertura de bens – que inclua regras de origem satisfatórias para a indústria e capítulos sobre barreiras técnicas, medidas sanitárias e fitossanitárias, compras governamentais, facilitação de comércio e serviços. Mercosul Defender a importância do Mercosul para a indústria; apresentar e defender propostas para influenciar e estimular o avanço da agenda econômica e comercial do bloco, em particular para a ampliação do livre comércio intrabloco e negociação de acordos em serviços e facilitação de comércio; e defender o aperfeiçoamento da governança técnica e administrativa do Mercosul. Aliança do Pacífico Apresentar e defender propostas para o aprofundamento da integração entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico, prioritariamente em acumulação de origem e facilitação de comércio; e defender o aprofundamento dos acordos bilaterais com o México e a Colômbia. Estados Unidos e Japão Defender o lançamento de negociações para acordos de livre comércio com os Estados Unidos e o Japão com base nos roadmaps apresentados pelo setor privado brasileiro e pelas suas contrapartes americana e japonesa. Tarifa Externa Co- mum do Mercosul Elaborar posicionamento para a defesa da abertura comercial do Brasil via acordos comerciais e, em paralelo, avaliar as opções para a racionalização da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul e suas exceções, com o intuito de aumentar a competitividade industrial. 20UNIDADE I Fundamentos da Legislação OCDE Elaborar e apresentar propostas que contribuam para a acessão do Brasil à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), sobretudo nos temas de comércio, investimentos e tributação internacional; e defender, junto às congêneres da Confederação Nacional da Indústria (CNI) no exterior, o apoio dos seus respectivos governos para o processo de acessão do Brasil. Fonte: o autor. Embora os acordos supracitados estejam em andamento, sempre antes da impor- tação é importante consultar a vigência dos acordos internacionais, uma vez que os eles têm características específicas e prazos limitados por decreto, ou seja, vigoram por um determinado tempo e posteriormente são renovados ou atualizados, conforme o caso. Os acordos mais comuns firmados pelo Brasil são Mercado Comum do Sul (MER- COSUL), Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA), Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP), Sistema Geral de Preferências (SGP), Sistema Global de Preferências Comerciais (SGPC). Já os acordos comerciais e negociações internacionais são os estabelecidos com a Organi- zação Mundial do Comércio (OMC), União Europeia (EU), UNCTAD, Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), Ministério da Economia e o Grupo dos 77. Todos os acordos estão disponíveis nos canais eletrônicos e também em legislações específicas. Já nos acordos com preferência tarifária destacamos os de Regimes de Origem, Certificado de Origem, Certificado de Origem Digital (COD), ABC das Regras de Origem e Pesquisa de Mercado. Caso queira consultar o que prevê cada um deles, é importante que leia os acordos na íntegra. Os acordos firmados exclusivamente com países são: Acordo de Sementes entre países da ALADI (AG-02), Acordo de Bens Culturais entre países da ALADI (AR-07), Brasil - Uruguai (ACE-02), Brasil - Argentina (ACE-14), Mercosul (ACE-18), Mercosul - Chile (ACE- 35), Mercosul - Bolívia (ACE-36), Brasil - México (ACE-53), Mercosul - México (ACE-54), Automotivo Mercosul - México (ACE-55), Mercosul - Peru (ACE-58), Mercosul - Colômbia, Equador e Venezuela (ACE-59), Brasil/Guiana/São Cristóvão e Névis (AAP.A25TM 38), Brasil - Suriname (ACE-41), Brasil - Venezuela (ACE-69), Mercosul - Colômbia (ACE-72), Mercosul - Cuba (ACE-62), Mercosul/Índia, Mercosul/Israel, Mercosul/SACU, Mercosul/ Egito, Mercosul/Palestina - AINDA SEM VIGÊNCIA, Acordo de Ampliação Econômico-Co-mercial Brasil - Peru (AINDA SEM VIGÊNCIA) e Brasil - Paraguai (ACE-74). Dentre os tratados que podem influenciar no comércio exterior estão: Convenção para a prevenção e a repressão do crime de genocídio (1948); Convenção Internacional 21UNIDADE I Fundamentos da Legislação sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (1965); Pacto Internacio- nal sobre Direitos Civis e Políticos (1966); Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966); Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discri- minação contra as Mulheres (1979). Na sequência destacamos a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (1982); Convenção sobre os Direitos da Criança (1989); Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (1996); Convenção Internacional para a Supressão do Financiamento do Terrorismo (1999); Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006). Todos os acordos, tratados, convenções e atos normativos comerciais estão respal- dados por regras de ambas as partes, por isso, não cabe aqui a análise de cada um deles, mas é importante esclarecer que, em caso de importação, os acordos internacionais devem ser consultados para a facilitação das negociações e possíveis benefícios tributários. 4.2. Medidas Restritivas às Práticas Comerciais Internacionais Também conhecidas como barreiras comerciais, as medidas restritivas às práticas comerciais devem ser entendidas como restrições de acesso a bens e serviços oriundos de outros países. Essas barreiras visam, em suma, a tentativa de restringir a entrada de capital estrangeiro no país. Entretanto, para que isso aconteça, o país deve estar atento às regras preestabelecidas pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Os acordos bilaterais garantem que as restrições sejam realizadas de acordo com a legislação internacional vigente, por isso, as tarifas que seriam aplicadas ou retiradas dependerão de negociação bilateral; normalmente as restrições devem ser respaldadas na proteção de interesses pertinentes, como é o caso da proteção da saúde pública, meio ambiente, segurança nacional, dentre outros. É importante que você saiba que as medidas restritivas não são medidas impedi- tivas, logo, não significa que determinada compra ou venda de mercadoria deixará de ser realizada, mas pode passar por mais ou menos barreiras impeditivas. Ainda, elas podem restringir por meio de medidas tarifárias ou não tarifárias. As medidas tarifárias são aquelas que impõem determinado imposto, mas não im- pedem que a mercadoria entre no país; um exemplo disso é o Imposto de Importação (II). Toda mercadoria que entra no país precisa obrigatoriamente seguir as medidas restritivas, aplicando a coleta de um determinado valor, denominado Imposto de Importação. Para a exportação também há uma medida que restringe a exportação, por isso também será 22UNIDADE I Fundamentos da Legislação aplicado o Imposto de Exportação, afinal, todo país deve controlar o que entra e o que sai de seu país como uma forma de defesa comercial. Já as medidas não tarifárias são aquelas que impedem a importação ou exportação de uma quantidade muito elevada de determinado produto, com isso, ao consultar o trata- mento administrativo aparecerá que determinada mercadoria tem restrição de importação ou exportação de uma quantidade “x” de mercadorias. Isso também pode acontecer para pessoas físicas que vão até os países fronteiriços e compram mercadorias. Por exemplo, quem vai ao Paraguai pode trazer “x” de quantidade de mercadoria e limita-se a “y” de valor em dinheiro. Para facilitar a visualização, observe a tabela: Quadro 2 - Barreira Tarifária Brasileira RESTRIÇÃO TARIFÁRIA QUANDO É APLICADA? COMO É APLICADA? Quota Tarifária de Exporta- ção QTI Entrada do produto Alíquota menor é aplicada a uma quantidade limitada do produto; para quantidades importadas ou exportadas além da quota, aplica-se à alíquota maior Quota Tarifária de Exporta- ção QTE Saída do produto Imposto de Exportação IE Mesma alíquota aplicada a todas as unidadesImposto de Importação II Entrada do produto Fonte: o autor (2020). Outra medida que o Brasil, por exemplo, tem adotado como medida restritiva e não tarifária é quanto à importação de produtos com anuência pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA). Para alguns casos, o MAPA restringe (não impede) a importação e exportação por meio de regulamentações técnicas e solicitação de fumigação (desinfestação de fungos e parasitos) de pallets e cargas com animais vivos. O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), por exemplo, pode ter medidas restritivas de entrada de pneus no país, com isso ajudará na manutenção e acompanha- mento contra a poluição do país. As medidas restritivas, por estarem ligadas a OMC, tendem a restringir a circulação de mercadorias entre países envolvidos em guerras e/ou conflitos comerciais de interesse. Um exemplo disso, os Estados Unidos da América, no ano de 2020, devido à pandemia (COVID-19), restringiu a venda de máscaras para quaisquer países. Isso porque a restrição irá beneficiar os EUA em caso de necessidade. 23UNIDADE I Fundamentos da Legislação Além desses casos, um que chama a atenção é a restrição de propriedade inte- lectual. Mas o que é isso? Bem, a restrição de propriedade intelectual tenta controlar que a quantidade de obras de arte, músicas, livros, marcas e patentes sejam distribuídas a outros países sem a expressa autorização ou pelo menos identificação que determinada produção intelectual saia sem o certificado de origem (de onde foi feita). Com isso, o país preserva e protege tudo o que for produzido intelectualmente no país, incluindo as novas tecnologias, animais silvestres, jazidas de petróleo, pedras preciosas e todo material que é de pertencimento nacional. Essas regras têm origem após a Segunda Guerra Mundial, momento em que se pensa na criação de um órgão que projeta os interesses e cooperação internacional, para isso, surge o Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio (GATT) de 1947. Na época, o GATT era responsável pelo acordo de redução de restrições ou tarifas entre países que estavam se recuperando com a guerra. Com o passar do tempo, o GATT torna-se um órgão internacional de controle das medidas restritivas às práticas comerciais internacionais. Brogini (2013) alerta que para as importações serem bem sucedidas é importante observar os benefícios que são oferecidos pelo governo ou pelos acordos entre países. Além disso, há também as defesas comerciais, salvaguardas e medidas compensatórias que devem ser consultadas caso a caso. Portanto, nesta parte de nossos estudos vamos apenas esclarecer brevemente o que cada uma delas prevê. 4.2.1. Defesa comercial O departamento de Defesa Comercial (DECOM) é responsável por fiscalizar e cumprir as determinações legais. É o DECOM que examina os preços das importações oriundas de diversos países e compara com os valores praticados no mercado interno, gerando, assim, um valor padrão de cada mercadoria a ser importada e comercializada no mercado nacional. É esse departamento que recebe também as denúncias de competição desleal e aplica o dumping (subida de preço) ou antidumping (baixa de preço) quando necessário, além disso analisa as medidas compensatórias e de salvaguardas. 4.2.2. Salvaguardas As medidas de salvaguarda visam observar determinados produtos e aplicar o au- mento de tributação de importações que estejam previstos como prejuízo grave ou ameaça de prejuízo grave na comercialização devido à grande quantidade de importação. Essas medidas são denominadas salvaguardas devido a sua periodicidade que trata de sobretaxa de impostos, normalmente II, por determinado tempo e depois de analisado pode voltar ao 24UNIDADE I Fundamentos da Legislação preço normal ou continuar com mais tributos. Tem essa tratativa a finalidadede manuten- ção da indústria e do comércio de produtos domésticos. A indústria doméstica (conjunto de produtores de bens similares ou diretamente concorrentes ao produto importado) pode entrar com pedido de salvaguardas sempre que se sentir ameaçada pela grande demanda de importação e será analisado pelo DECOM. 4.2.3. Medidas compensatórias As medidas compensatórias são administradas pelo Ministério da Economia e visa contribuir, em alguns casos, para o acordo de suspensão ou isenção de impostos de mercadorias que serão importadas e/ou exportadas, industrializadas no mercado interno e em seguida reexportadas. Para o Ministério da Economia (2020): As medidas compensatórias têm como objetivo compensar subsídio concedi- do, direta ou indiretamente, no país exportador, para a fabricação, produção, exportação ou ao transporte de qualquer produto, cuja exportação ao Brasil cause danos à indústria doméstica. País Exportador: É o país - de origem ou de exportação - onde é concedido o subsídio. Quando os produtos não forem exportados para o Brasil diretamente do país exportador, mas a partir de um país intermediário, as transações em questão serão consideradas como tendo ocorrido entre o país exportador e o Brasil. (ECONOMIA, 2020) Sendo assim, as medidas compensatórias são aquelas que requerem algumas ações da importadora ou exportadora por terem conseguido um benefício, normalmente fiscal e, consequentemente, devem compensar esse subsídio com ações diversas, seja na comercialização mais barata da mercadoria, seja na geração de emprego, dentre outras. 25UNIDADE I Fundamentos da Legislação SAIBA MAIS O link direto para os tratados que o Brasil integra podem ser buscados no site https:// treaties.un.org em “Depositary”, depois “Status of Treaties”, depois “Participant Search”, e depois selecionando “Brazil”. Aparecerá a lista de tratados na ordem de sua ratificação/adesão. O governo brasileiro também mantém uma base de dados dos atos internacionais em: https://concordia.itamaraty.gov.br. REFLITA “O espírito egoísta do comércio não conhece países e não sente paixão ou princípio exceto o do lucro” (Thomas Jefferson). https://concordia.itamaraty.gov.br 26UNIDADE I Fundamentos da Legislação CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), nesta unidade observamos a diferença entre aduana e alfândega e, dentre as características elencadas, destaca-se a importância da atuação dos órgãos anuentes e intervenientes. Além disso, a alfândega é o local em que as mercadorias aden- tram ao país, por isso, podemos considerar os portos e aeroportos brasileiros como zonas primárias das alfândegas. Já as aduanas são escritórios que contém a permanência de representantes legais e governamentais para o acompanhamento do despacho, nacionali- zação da mercadoria. Observamos também que os tributos e impostos incidentes na importação são para que os países recolham de acordo com o tratamento administrativo de cada mercadoria. Cada imposto tem uma finalidade que veremos nas unidades a seguir. Além disso, é impor- tante relembrar que a política brasileira de comércio exterior está presente e que ajuda na manutenção e no controle de entrada e saída de mercadorias no país. Destaque também para os acordos e tratados internacionais. Como vimos, foi com eles que, a partir da segunda guerra mundial e com mais robustez a partir de 1946, pudemos ter acesso ao livre comércio entre países e, observadas as regras internacionais, pudemos defender nossa balança comercial e ao mesmo tempo suprir as necessidades importadoras e exportadoras. As barreiras adotadas pelo Brasil podem ser tarifárias e não tarifárias, com isso, podemos reafirmar que a palavra restrição é cabível para o momento, ou seja, nem todos os casos são impedidos de entrar no país, mas podem ser observados de perto e com controle, por isso a restrição visa a manutenção e a defesa comercial de nosso país. Espero que você esteja gostando da temática e das reflexões desses estudos. Na Unidade II vamos aprofundar um pouco mais sobre as Franquias Territoriais, ou seja, sobre as alfândegas secundárias, mais conhecidas como zonas alfandegárias. Espero você na próxima fase deste estudo! 27UNIDADE I Fundamentos da Legislação MATERIAL COMPLEMENTAR FILME/VÍDEO Título: Captain Phillips Ano produção: 2013 Duração: 134 minutos Classificação: 14 anos Gênero: Ação Sinopse: Richard Phillips (Tom Hanks) é um comandante naval experiente, que aceita trabalhar com uma nova equipe na missão de entregar mercadorias e alimentos para o povo somaliano. Logo no início do trajeto ele recebe a mensagem de que piratas têm atuado com frequência nos mares por onde devem passar. A situação não demora a se concretizar, quando dois barcos chegam perto do cargueiro, com oito somalianos armados, exigindo todo o dinheiro a bordo. Uma estratégia inicial faz com que os agressores recuem, apenas para retornar no dia seguinte. Embora Phillips utilize todos os procedimentos possíveis para dispersar os inimigos, eles conseguem subir a bordo, ameaçando a vida de todos. Quando pensa ter conseguido negociar com os piratas, o comandante é levado como refém em um pequeno bote. Começa uma longa e tensa negociação entre os sequestradores e os serviços especiais americanos para tentar salvar o capitão antes que seja tarde. LIVRO Título: Noções Básicas De Importação Autor: João Dos Santos Bizelli e Ricardo Barbosa Editora: Aduaneiras Sinopse: A obra apresenta, de forma prática, todas as informações básicas para uma visão ampla dos principais aspectos fiscais e administrativos do processo de importação, analisando, após a definição da política brasileira das últimas décadas, a estrutura governamental com a indicação dos principais órgãos intervenientes, inclusive da Camex, que deve estabelecer uma política de comércio exterior mais uniforme e eficaz, os principais conceitos da área, inclusive o Incoterms, o regime cambial vigente, a estrutura das nomenclaturas utilizadas no País (NCM, NBM e Naladi) com as regas de classificação fiscal, o sistema administrativo para o Licenciamento Não-Automático (LI) ou Automático (DI) das operações no Siscomex, os principais tributos e encargos que oneram as importações (I.I, IPI, ICMS e outros), transporte obrigatório, regimes aduaneiras especiais (drawback, admissão temporária, entreposto aduaneiro etc.) e atípicos (DEA, ZFM, Free Shop, Recof, Recom, Repex, Repetro etc.) os acordos internacionais que o Brasil é membro (GATT-OMC, NCPD, SGPC, Aladi e Mercosul). Conta também com o demonstrativo detalhado do cálculo dos tributos de uma importação, incluindo a nova sistemática de cálculo por dentro do ICMS, e uma planilha de preço para compreensão mais adequada dos impostos e outros encargos que oneram estas operações. Traz informações sobre a solicitação de “Ex-tarifário” e estruturas (organogramas): MF-SRF e BCB, MDIC, Camex; e dos organismos internacionais OMC, Mercosul e Aladi. 28 Plano de Estudo: • Zonas Francas no Mundo; • Portos Livres e Depósitos Francos; • Áreas de Livre Comércio (ALC). Objetivos da Aprendizagem • Conceituar sobre zonas francas; • Compreender os tipos de portos e depósitos; • Estabelecer a importância das áreas de livre comércio. UNIDADE II Franquias Territoriais Professor Mestre Alexsandro Cordeiro Alves 29UNIDADE II Franquias Territoriais INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) à segunda unidade da apostila. Nesta unidade eu te convido a estudar e entender o processo interno das Alfân- degas brasileiras. De início, é importante relembrar que as alfândegas são os locais em que as mercadorias adentram no país, ou seja, são consideradas os portos e aeroportos, os principais locais de entrada de mercadorias. A nação brasileira tem 8.515.767,049 km², quinto maior país do mundo em extensão e com rodovias inúmeras; como fazer a manuten- ção e distribuição das importações e exportações? É justamente esse estudo quevamos trabalhar nesta unidade. Falaremos sobre os principais portos, os tipos de portos, as zonas francas, os portos secos e a definição de zona primária e secundária. Você entenderá como são as estruturas dos portos brasileiros e as particularidades de algumas regiões do Brasil. Hoje, temos mais de dois mil portos primários em funcionamento e será impossível falar de todos, mas falaremos de alguns que já são conhecidos, pelo menos de ouvir falar, pelos nossos estudantes de Comércio Exterior ou de estudiosos de áreas correlatas. A denominação de franquias é muito pertinente para as zonas secundárias e pri- márias, uma vez que, embora tenham casos particulares, todos devem proceder e seguir as regras internacionais e nacionais para a manutenção dos portos e aeroportos. Ainda, como são os primeiros locais de entrada de mercadoria no país a legislação trata dos casos de vistoria e prevenção de fraudes que podem acontecer, dentre eles, destaca-se o contrabando, assunto este que é rigorosamente vistoriado pela Receita Federal Brasileira (RFB). Como você deve ter observado, o comércio exterior vai além das legislações e burocracias. Trata-se de uma seara sedenta por profissionais que entendam o processo logístico e se respaldem na legislação. O profissional que atua com a prática no Comércio Exterior é o mais requisitado e admirado, uma vez que tem acesso a legislação, logística e procedimentos particulares do Comex. Sinta-se à vontade e esteja aberto(a) aos novos conhecimentos. Vamos ao estudo! 30UNIDADE II Franquias Territoriais 1. ZONAS FRANCAS NO MUNDO Quando tratamos de alfândega já vem à mente os marítimos, entretanto as alfân- degas podem ser consideradas todo local em que se adentra ou sai mercadoria de deter- minado país. Para entendermos, no Brasil temos oficialmente cinco tipos de modalidades de transporte internacional, logo, cinco tipos de alfândegas, são elas: Aéreo, Ferroviário, Hidroviário, Marítimo e Rodoviário. Sendo assim, é fácil pensar que cada modalidade pos- sui uma estrutura base para a efetivação da entrada de mercadorias no país. Além disso, cada modalidade dessa terá uma aduana (escritório) em que os órgãos governamentais atuarão segundo os procedimentos legais previstos por meio de leis, decretos, Instruções Normativas, regulamentos, dentre outros. As despesas diversas na importação dependem da modalidade em que se está fazendo o traslado da mercadoria. Caso a importação seja marítima, ocorrerá incidência de algumas taxas que no aéreo não tem e vice e versa. Para tanto, o importador deve fazer seus cálculos das vantagens e desvantagens de cada modalidade e optar dentre as categorias de transporte qual a mais vantajosa para determinado momento. As modalida- des mais comuns são: Aéreo, Ferroviário, Hidroviário, Marítimo e Rodoviário, dentre elas, destacam-se as modalidades aérea e marítima. A escolha da modalidade de importação influenciará onde a mercadoria irá chegar e também quais procedimentos a serem adotados. Para fins de comparação, escolhemos duas modalidades mais comuns para análise: 31UNIDADE II Franquias Territoriais Quadro 1 - Transporte Aéreo Vantagens: Desvantagens: ● É o transporte mais rápido; ● Menor capacidade de carga; ● Não necessita embalagem mais refor- çada (manuseio mais cuidadoso). ● Valor do frete mais elevado em relação aos outros modais. Fonte: o autor. Observe que para a modalidade aérea o que se destaca é a agilidade do processo, entretanto a quantidade da mercadoria embarcada vai influenciar diretamente no custo da mercadoria. Se o custo da mercadoria é impactante, o cliente deverá fazer a previsão de despesas para que afira a possibilidade de ganho com a importação. Geralmente essa modalidade é usada para cargas rápidas, pequenas e urgentes para a continuidade dos trabalhos na fábrica. A base de cálculo do frete aéreo é obtida por meio do peso ou do volume da mer- cadoria, sendo considerado aquele que proporcionar o maior valor. As despesas diversas também acompanharão esta base de cálculo. Por exemplo, para desembaraço da merca- doria, armazenagem, manuseio da carga, dentre outras taxas. A International Air Transport Association (IATA) estabeleceu a seguinte relação (peso/volume): 1 kg = 6000 cm³ ou 1 ton = 6 m³. Por exemplo: no caso de um peso de 1 kg acondicionado em um volume maior que 6.000 cm³, considera-se o volume como base de cálculo do frete, caso contrário, conside- ra-se o peso. Cálculo do peso cubado, exemplo: 45 CM X 37 CM X 58 CM = 0,45 M X 0,37 M X 0,58 M = 0,09657 M³ / 0,006 = 16,09 kg cubados. Essa será a base para as demais taxas e despesas de manuseio da carga. Quem envia essas despesas ao despachante/ importador é o agente de cargas. As despesas mais comuns são chamadas de “Charges”, que podem ser classifi- cadas como: manuseio da mercadoria, estocagem, armazenagem, repeso, conferência, contagem de mercadoria, taxa de segurança, dentre outras que poderão ocorrer. Já no transporte marítimo podemos observar: Quadro 2 - Transporte Marítimo Vantagens: Desvantagens: ● Maior capacidade de carga; ● Necessidade de transbordo nos portos; ● Carrega qualquer tipo de carga; ● Distância dos centros de produção; ● Menor custo de transporte. ● Maior exigência de embalagens; ● Menor flexibilidade nos serviços aliado a frequentes congestionamentos nos portos. Fonte: o autor. 32UNIDADE II Franquias Territoriais O mesmo que acontece no transporte aéreo acontece no transporte marítimo. De- pendendo do tipo de carga que está sendo importada e do tamanho do container escolhido, haverá maior ou menor incidência de despesas diversas. Uma carga consolidada (compartilhada no mesmo container) terá que ser aberta assim que chegar ao porto para pesagem e disposição para a Receita Federal. Esse ma- nuseio também gera uma despesa, chamada de Handling. A saber, há uma despesa de armazenagem do tempo em que a mercadoria estiver esperando para o desembaraço, uma taxa para contar a quantidade de caixas, taxa para pesagem, taxa para verificar se a carga passou por inspeção e assim por diante. Quadro 3 - Transporte marítimo HIGH CUBE Medidas Internas 20 PÉS 40 PÉS 40 PÉS Comprimento (mm): 5.900 mm 12.030 mm 12.075 mm Largura (mm): 2.340 mm 2.345 mm 2.370 mm Altura (mm): 2.395 mm 2.395 mm 2.735 mm Peso Máximo da Carga (Kg): 21.600 Kg 26.480 Kg 25.930 Kg Cubagem Disponível (M³): 33,1 m³ 67,6 m³ 78,0 m³ STANDARD Fonte: o autor. As despesas diversas dependem da opção que o importador faz, para isso, o despa- chante normalmente faz uma previsão de despesas para a verificação do que é mais barato na importação. Normalmente são usados para cargas soltas a consolidação (compartilhar mercadoria no mesmo container) e rateio das despesas, tudo depende do tamanho e peso da carga. Uma carga que foi estufada em um container de 20” será diferente de uma carga de um container de 40” e, consequentemente, se a carga vier compartilhada dentre vários importadores no mesmo container irá ter um rateio das despesas. As despesas diversas no transporte marítimo mais comuns são: Capatazias (THC): atividade de movimentação de cargas e mercadorias nas instalações portuárias em geral; Liberação de BL (BL Fee): a atividade de emitir e liberar o BL original ao exportador/im- portador; Gate: Taxa de recepção das unidades no terminal; International Scurity and Port Security (ISPS) ou Terminal Security Fee (TSF): para controle de acessos e monitoramento; Lacre (Seal): fornecimento do Lacre; Foodgrade: Taxa para unidade padrão alimento; ENS/ AMS/Transmission Fee: para transmissão dos dados de embarque para alfândega; VGM: 33UNIDADE II Franquias Territoriais cobrada para a transmissão dos dados; Damage Protection Surcharge (DPP – Proteção de danos):- valor de seguro cobrado pela Cia Marítima; Drop Off: cobrada para utilizar um depot e deixar o container vazio armazenado; Taxa de Registro de Siscarga (TRS); Des- consolidação:cobrada pelo manuseio da documentação na importação. Entendido isso, você deve ter notado que a zona alfandegada de sua escolha impactará diretamente em sua importação ou exportação. Mas se os portos e aeroportos são Alfândegas em que chegam as mercadorias, o que são Zonas Francas? 1.1. Zona Franca Zona Franca tem a ver com a logística e os benefícios que podem ocorrer se o pla- nejamento de entrada de mercadoria for melhor distribuído. Imagine se houvesse apenas o porto de Santos e o Porto de Paranaguá... Como faríamos e quanto custaria para transportar toda essa mercadoria? É possível por meio da logística e cadeia de suprimentos. Para Ballou (2007, p. 27), Logística é o processo de planejamento, implantação e controle do fluxo eficiente e eficaz de mercadorias, serviços e das informações relativas desde o ponto de origem até o ponto de consumo com o propósito de atender às exigências dos clientes. Nesse sentido, zona franca é uma “filha” da alfândega, pois é a delimitação de uma área em algum lugar do país que funcionará como uma pequena alfândega e que pode ser regida por regulamentos próprios, mas respeitando a legislação e demais procedimentos obrigatórios. Inclusive, dentro de um porto pode ser separado um local para ser uma zona franca. Ela terá alguns benefícios, como valores mais baixos para a armazenagem de mer- cadorias. Normalmente a isenção as tarifas alfandegárias de armazenagem, (re)pesagem e movimentação da carga é o grande atrativo para se levar uma mercadoria para as zonas francas. Você deve estar se perguntando: mas como uma pessoa tiraria uma carga de uma alfândega e levaria para uma zona franca ou zona alfandegada e ela ter taxas e custos menores que a alfândega tradicional? Simples, a lei da oferta e procura! Os portos, aero- portos e zonas francas são administradas por empresas privadas e legisladas por empresa governamental por meio das aduanas. Imagine se você tivesse um terreno muito grande ao lado de um porto ou aeroporto. Você poderia estruturá-lo e colocar à disposição para que os importadores e exportadores fossem até esse local e alugassem o espaço para guardar a mercadoria ou armazenar até 34UNIDADE II Franquias Territoriais a vistoria dos órgãos competentes. É isso mesmo! As empresas entram com o pedido de “alfandegar” um espaço e se tornar uma zona franca. Normalmente o governo autoriza essas zonas com a finalidade de manutenção e incentivo econômico. Por exemplo, os portos secos são considerados zonas secundárias, ou seja, a zona primária é a alfândega (portos e aeroportos) e os portos secos, zonas se- cundárias. Desse modo, uma mercadoria que chega em Paranaguá, como leva em média 20 dias o desembaraço da mercadoria, compensa, se tiver incentivos financeiros, levar para os portos secos e lá serem nacionalizadas e fiscalizadas. Um exemplo disso é a Estação Aduaneira do Interior (Eadi), também conhecida como porto seco, da cidade de Maringá, que fornece alguns incentivos fiscais caso o im- portador tire a mercadoria dos portos e desembaracem nessa estação (zona). Um dos benefícios desses locais é o valor mais baixo da armazenagem, carência de dias sem custo para estadia da mercadoria, agilidade no desembaraço – já que a quantidade de cargas é menor que na alfândega normal –, dentre outros. Nas zonas francas pelo mundo, dependendo da carência de investimentos, o go- verno libera alguns benefícios, como a isenção de alguns impostos, que é o caso da Zona Franca de Manaus, que trataremos a seguir. 1.2. Zona Franca de Manaus Segundo a Receita Federal Brasileira, a Zona Franca de Manaus (ZFM) faz parte de um projeto econômico regido e organizado pelo governo brasileiro e tem como objetivo principal a viabilidade econômica na Amazônia Ocidental, além disso, tem a percepção em desenvolver a melhor integração produtiva e social dessa região com os demais estados do país, o que garante a sua soberania nacional em relação a sua fronteira e entrada e saída de mercadorias. Como dito anteriormente, as zonas francas tem o papel de instalar procedimentos independentes e com benefícios próprios com o intuito de gerar maior sucesso econômico, Nesse caso, podemos afirmar que a Zona Franca de Manaus (ZFM) é a mais bem-sucedida estratégia, uma vez que leva a região a um patamar elevado de competitividade. A saber, a ZFM é composta pelo Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima e as cidades de Macapá e Santana, no Amapá e o seu impacto tem sido observado na qualidade de vida à população local. Foi dividida em três setores ou polos econômicos: comercial, industrial e agro- pecuário. Segundo o portal da SUFRAMA (http://www.suframa.gov.br/), o setor comercial 35UNIDADE II Franquias Territoriais teve grande destaque na década de 80, quando o Brasil era conduzido para o regime de economia fechada. Já a área industrial é considerada a base de sustentação da ZFM, com mais de 600 indústrias somente em Manaus, o que oportunizou inúmeros empregos e desenvolvimentos regionais, principalmente na área de eletroeletrônicos e químicos. Ainda, destacam-se: aparelhos celulares e de áudio e vídeo, televisores, motocicletas, concentra- dos para refrigerantes, entre outros, já o polo agropecuário fica responsável pela atividade de produção de alimentos, agroindústria, piscicultura, turismo, beneficiamento de madeira, dentre outras. A base legal para a ZFM é o Decreto-lei nº 288, de 28 de fevereiro de 1967, que, dentre outras regras, define: Art 1º A Zona Franca de Manaus é uma área de livre comércio de importação e exportação e de incentivos fiscais especiais, estabelecida com a finalidade de criar no interior da Amazônia um centro industrial, comercial e agropecuá- rio dotado de condições econômicas que permitam seu desenvolvimento, em face dos fatores locais e da grande distância, a que se encontram, os centros consumidores de seus produtos. Art 2º O Poder Executivo fará, demarcar, à margem esquerda dos rios Negro e Amazonas, uma área contínua com uma superfície mínima de dez mil quilômetros quadrados, incluindo a cidade de Manaus e seus arredores, na qual se instalará a Zona Franca. § 1º A área da Zona Franca terá um comprimento máximo continuo nas margens esquerdas dos rios Negro e Amazonas, de cinquenta quilômetros a jusante de Manaus e de setenta quilômetros a montante desta cidade. § 2º A faixa da superfície dos rios adjacentes à Zona Franca, nas proximidades do porto ou portos desta, considera-se nela integrada, na extensão mínima de trezentos metros a contar da margem. § 3º O Poder Executivo, mediante decreto e por proposta da Superintendência da Zona Franca, aprovada pelo Ministério do Interior, poderá aumentar a área originalmente estabelecida ou alterar sua configuração dentro dos limites estabelecidos no parágrafo 1º deste artigo. O órgão federal que acompanha a ZFM é a Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) e é possível verificar que os benefícios da ZFM vão além das importações e exportações, pois, com uma legislação robusta, consegue benefícios e cré- ditos, inclusive de comercializações nacionais. Essa Autarquia vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior que administra a Zona Franca de Manaus possui principais benefícios, apresentado na figura a seguir. 36UNIDADE II Franquias Territoriais Figura 1 - Principais Benefícios (ZFM) Fonte: o autor. 1.3. Zonas de Processamento de Exportação (ZPE) Com a finalidade de reafirmar a Lei nº 11.508/2007, foram publicados os Decretos nº 9.993/2019, que dispõe sobre os conceitos de Zona de Processamento de Exportação (ZPE), e o nº 6.814/2009 estabeleceu o regime tributário, cambial e administrativo das ZPE. As ZPE são áreas de livre comércio com o exterior. Em outras palavras, são áreas em que as empresas podem se instalar com o propósito de produção de bens a serem comercializados diretamente com o exterior, diferentemente dos portos secose zonas alfandegárias, a ZPE é considerada zona primária de exportação, ou seja, como se fosse um porto convencional. É importante ressaltar que as ZPE tem também regime tributário específico e se beneficiam de algumas alternativas governamentais para isenção, suspen- são ou exoneração de impostos. No Brasil, até o ano de 2020, constam aproximadamente 16 ZPE, sendo elas: ZPE do Acre (AC); ZPE do Açú (RJ); ZPE de Araguaína (TO); ZPE de Barcarena (PA); ZPE de Bataguassu (MS); ZPE de Boa Vista (RR); ZPE de Cáceres (MT); ZPE de Fernandópolis (SP); ZPE de Ilhéus (BA); ZPE de Imbituba (SC); ZPE de Macaíba (RN); ZPE de Parnaíba (PI); ZPE de Pecém (CE); ZPE de Suape (PE); ZPE de Teófilo Otoni (MG), e ZPE de Uberaba (MG). Política tributária diferenciada A política tributária vigente na Zona Franca de Manaus é diferenciada do restante do país, oferecendo benefícios locacionais, objetivando minimizar os custos amazônicos. Além de vantagens oferecidas pelo Governo Federal, o modelo é reforçado por políticas tributárias estadual e municipal: Tributos federais Redução de até 88% do Imposto de Importação (I.I.) sobre os insumos destinados à industrialização; Isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (I.P.I.); Redução de 75% do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, inclusive adicionais de empreendimentos classificados como prioritários para o desenvolvimento regional, calculados com base no Lucro da Exploração até 2013; e Isenção da contribuição para o PIS/PASEP e da Cofins nas operações internas na Zona Franca de Manaus. Tributos estaduais Restituição parcial ou total, variando de 55% a 100% – dependendo do projeto – do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS). Vantagens locacionais No parque industrial de Manaus, o investidor tem à disposição terreno a preço simbólico, com infraestrutura de captação e tratamento de água, sistema viário urbanizado, rede de abastecimento de água, rede de telecomunicações, rede de esgoto sanitário e drenagem pluvial. A área industrial é de 3,9 mil hectares, sendo que as empresas instaladas atualmente ocupam menos de 1,7 hectare, estando disponível para receber novos empreendimentos mais de 2,2 hectares. 37UNIDADE II Franquias Territoriais 2. PORTOS LIVRES E DEPÓSITOS FRANCOS Embora o Brasil não expresse muito as questões dos portos livres e depósitos francos, a temática é recente e complexa e a Lei nº 12.815, de 5 de junho de 2013, instrui sobre a instalação e fiscalização desses locais. A saber, Art. 1º Esta Lei regula a exploração pela União, direta ou indiretamente, dos portos e instalações portuárias e as atividades desempenhadas pelos operadores portuários. § 1º A exploração indireta do porto organizado e das instalações portuárias nele localizadas ocorrerá mediante concessão e arrendamento de bem público. § 2º A exploração indireta das instalações portuárias localizadas fora da área do porto organizado ocorrerá mediante autorização, nos termos desta Lei. § 3º As concessões, os arrendamentos e as autorizações de que trata esta Lei serão outorgados a pessoa jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco. Art. 2º Para os fins desta Lei, consideram-se: I - porto organizado: bem público construído e aparelhado para atender a necessidades de navegação, de movimentação de passageiros ou de movimentação e armazenagem de mercadorias, e cujo tráfego e operações portuárias estejam sob jurisdição de autoridade portuária; II - área do porto organizado: área delimitada por ato do Poder Executivo que compreende as instalações portuárias e a infraestrutura de proteção e de acesso ao porto organizado; III - instalação portuária: instalação localizada dentro ou fora da área do porto organizado e utilizada em movimentação de passageiros, em movimentação ou armazenagem de mercadorias, destinadas ou provenientes de transporte aquaviário; IV - terminal de uso privado: instalação portuária explorada mediante autorização e localizada fora da área do porto organizado; V - estação de transbordo de cargas: instalação portuária explorada mediante autorização, localizada fora da área do porto organizado e utilizada exclusivamente para operação de transbordo de mercadorias em embarcações de navegação interior ou cabotagem; VI - instalação portuária pública de pequeno porte: instalação portuária explorada mediante autorização, localizada fora do porto organizado e utilizada em movimentação de passageiros ou mercadorias em embarcações de navegação interior; VII - instalação portuária de turismo: instalação portuária explorada mediante 38UNIDADE II Franquias Territoriais arrendamento ou autorização e utilizada em embarque, desembarque e trânsito de passageiros, tripulantes e bagagens, e de insumos para o provimento e abastecimento de embarcações de turismo (PLANALTO, 2013, grifo nosso). Nesse sentido, as empresas privadas podem atuar como zonas e depósitos fran- cos, uma vez que há “a concessão do regime de Entrepostos, Áreas Livres, Zonas Francas e Portos Livres, com vistas a atender às conveniências da política de comércio exterior” (PLANALTO, 2013). Antes de definir sobre portos livres e depósitos francos, observe os principais portos considerados recintos alfandegados: Quadro 4 - Principais Portos do Brasil (2020) Fonte: o autor. 39UNIDADE II Franquias Territoriais A definição de portos livres e depósitos francos é bem esclarecida por Silva (1977, p. 20), quando expõe: 1) As zonas livres ou francas são instaladas em áreas reduzidas de terreno, poucos hectares; 2) Os portos livres são cidades inteiras ou ilhas; 3) As zonas francas carecem de população residente, uma vez que as pessoas que ali ingressam só o fazem unicamente para realizar um trabalho específico e resi- dem fora dessa área; ao passo que os portos livres têm população residente que usufrui dos benefícios fiscais. 4) As zonas francas, por sua característica, têm personalidade jurídica e patrimônio próprio, portanto, possuem admi- nistração institucional autônoma; e os portos livres possuem administração estatal comum, com exceção da parte fiscal. O controle aduaneiro das zonas francas é mais estrito e permanente que nos portos livres. Juano (1964) distingue a utilização desses locais entre finalidades de natureza pu- ramente fiscal, regida pela legislação aduaneira, e também para a obtenção de recursos; ou ainda de natureza econômica que, por sua vez, visa incentivar as exportações e dificultar as operações de importação de mercadorias e produtos que não sejam convenientes para a economia local. Ainda define que essas “franquias aduaneiras” podem ser puramente tarifárias em relação a determinados produtos e territórios. Com isso, podemos afirmar que os entrepostos aduaneiros, em casos especiais de importação, é viável para a utilização dos portos francos. Já Faracchio (1972) diferencia “franquias aduaneiras” e “franquias ter- ritoriais”, estando inseridas entre as segundas as zonas, os portos e os depósitos francos. Em suma, para o autor, nos depósitos francos o concessionário recebe mercadorias próprias para introdução ao consumo, para a destinação a outro depósito, para a reexpedi- ção ou ainda para a simples exportação, quando se trata de efeitos nacionais, logo, pode ter alguns benefícios governamentais para agilizar o processo. No Brasil atuam como franquias aduaneiras alguns recintos alfandegados como Área de Controle Integrado (ACI); Bases Militares; Lojas Francas; Aeroportos de Remessas Expressas; portos; Silos e Tanques e podem ser solicitados pelo Termo de Compromisso de Ajuste de Conduta Técnica e Operacional de Alfandegamento (TCAC). 40UNIDADE II Franquias Territoriais 3. ÁREAS DE LIVRE COMÉRCIO O Brasil conta com seis áreas de livre comércio, dentre elas está o quecitamos anteriormente como a Zona Franca de Manaus. As demais podem ser nominadas como: Área de Livre Comércio de Tabatinga; Área de Livre Comércio de Macapá/Santana; Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim; Áreas de Livre Comércio de Boa Vista e Bonfim; Áreas de Livre Comércio de Brasileia, Epitaciolândia e Cruzeiro do Sul e Área de Livre Comércio das Américas. As áreas de livre comércio são localidades estabelecidas como lugares de pro- dução para exportação e importação de produtos com benefícios, normalmente fiscais, e facilitações no processo de desembaraço, nacionalização de mercadorias, também são criadas por meio de acordos de livre comércio (ALC). Exemplo de Área de Livre Comércio fica em Boa Vista e Bonfim (RR) que con- cede benefícios tributários para comercialização de produtos produzidos, importados ou exportados dessa região. Dentre os diversos benefícios estão a suspensão do: Imposto de Importação (II); Imposto de Produtos Industrializados (IPI); Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS); Contribuição para Financiamento da Seguri- dade Social (Cofins); Programa de Integração Social (PIS). Para as regiões de livre comércio é necessário que as empresas interessadas em usufruir dos benefícios façam Inscrição junto à SUFRAMA (www.suframa.gov.br); estejam em dia com o fisco, para que sejam emitidas as certidões negativas de FGTS, INSS e da 41UNIDADE II Franquias Territoriais receita federal; enviem todos os documentos da empresa para a SUFRAMA; e paguem a Taxa de Serviço, que custa em média R$ 140,37. Entretanto, para Tripoli e Prates (2016), por questões legais, alguns produtos não possuem benefícios, tais como armas e munições; automóveis de passageiros; bebidas alcoólicas; perfumaria; fumo e seus derivados, conforme previsto na Lei nº 11.732, de 30 de Junho de 2008. SAIBA MAIS Você pode acompanhar uma carga que esteja em um avião vindo para o Brasil por meio do site https://pt.flightaware.com/live/. Para isso, basta ter em mãos o número do voo e será possível ver a imagem de um pequeno avião e acompanhar a chegada e saída de sua mercadoria, mesmo que seja de pessoa física! Fonte: Flightaware (2020). REFLITA “O ‘livre comércio’ entre os países serve para desenvolver os desenvolvidos e subde- senvolver os subdesenvolvidos” (Kelve Elias). 42UNIDADE II Franquias Territoriais CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), nesta unidade notamos que a legislação brasileira prevê alguns regimes especiais para a importação e exportação de produtos e serviços, além disso, destaca-se as legislações brasileira para as zonas de livre comércio, que tem como base a isenção, suspensão ou exoneração de tarifas e tributos para a manutenção do crescimento regional de determinadas localizações do Brasil. Citamos novamente a zona franca de Manaus que vem, há muito tempo, se valendo de benefícios fiscais para a implantação de empresas que visam o crescimento econômico daquela região. Além disso, você pode observar que há diferença entre zona primária e secundária. A primária é aquela que a mercadoria chegou primeiramente no território brasileiro. Já a secundária é aquela que as empresas levam a sua mercadoria para o desembaraço mais próximo de seu domicílio. Essa flexibilidade de levar as mercadorias para o desembaraço é devido à grande expansão territorial do Brasil e também por causa dos benefícios que determinada região pode fornecer. Estudamos também sobre a Zona de Processamento de Exportação que são áreas de livre comércio com o exterior, em outras palavras, são áreas em que as empresas podem se instalar com o propósito de produção de bens a serem comercializados diretamente com o exterior. Diferentemente dos portos secos e zonas alfandegárias, a ZPE é considerada zona primária de exportação, ou seja, como se fosse um porto convencional. É importante ressaltar que as ZPE têm também regime tributário específico e se beneficiam de algumas alternativas governamentais para isenção, suspensão ou exoneração de impostos. Sabemos que é muita lei para se observar, mas garanto que, com pesquisa e muito esforço, você já tem o caminho para pesquisar a legislação aduaneira de nosso país. É sempre um prazer estudar sobre as regras de comércio exterior! Espero você em nossas próximas unidades desse curso. 43UNIDADE II Franquias Territoriais MATERIAL COMPLEMENTAR FILME/VÍDEO Título: Despachado para a Índia Ano produção: 2006 Duração: 99 minutos Classificação: 14 anos Gênero: Comédia Sinopse: Despachado Para a Índia é uma comédia de diferenças culturais com um toque de romance. Todd Anderson (Josh Hamilton) dirige um call center de apoio ao cliente em Seattle, até que o seu chefe lhe dá a má notícia: o seu emprego vai ser alvo de Outsourcing e, ainda por cima, ele terá de ir até á Índia para treinar o seu substituto. Ele espera a pior experiência da sua vida e certamente é assim que as coisas começam. O caos de Bombaim assalta os seus sentidos e o seu novo escritório está paralisado devido a equívocos culturais. Mas à medida que vai conhecendo melhor os seus colegas de trabalho, descobre que não é fácil odiá-los, incluindo o seu amistoso substituto Puro (Asif Basra) e a adorável teimosa Asha (Ayesha Dharker). Rapidamente descobre que tem muito a aprender acerca da Índia, da América e dele próprio. LIVRO Título: Regimes Aduaneiros Especiais Autor: Liziane Angelotti Meira Editora: Síntese Sinopse: O objetivo do presente estudo é o exame aprofundado dos regimes aduaneiros especiais à luz dos princípios constitucionais da legalidade, da publicidade e da isonomia tributária. Em que pese a sua importância para o sistema tributário nacional e para os interesses estratégico-comerciais, o tema praticamente não tem sido visitado pela dogmática jurídica nos últimos 20 anos, certamente em razão da vasta e complexa legislação que o regula. As conclusões alcançadas por este trabalho ressaltam que os regimes aduaneiros especiais constituem isenções ou reduções condicionais dos impostos incidentes sobre as operações de comércio exterior – adstritos, portanto, ao princípio constitucional da legalidade –, nas quais os bens importados ou exportados são submetidos a controle aduaneiro. Essas inferências não somente conduzem a uma mudança do conceito dos regimes aduaneiros especiais, aceito quase sem dissonância no país, como também reclamam profundas alterações na respectiva legislação. 44 Plano de Estudo: • O contencioso aduaneiro. • Infrações, fraudes e delitos aduaneiros. • O contrabando e o descaminho. • Análise de problemas aduaneiros. Objetivos da Aprendizagem • Estudar as contestações que ocorrem nas aduanas. • Compreender as irregularidades e curiosidades nas importações. • Verificar o impacto legal e penalidades das infrações. UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação Professor Mestre Alexsandro Cordeiro Alves 45UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) à terceira unidade da apostila sobre a legislação relacionada ao processo de comércio exterior. Desta vez falaremos um pouco sobre as questões das fraudes e tentativas de importação e exportações ilegais. Esse assunto é muito delicado, uma vez que não pode- remos citar casos específicos, mas vamos abordar os casos que encontramos de algumas empresas tentando fraudar o sistema de importação por meio de importações ilegais, prin- cipalmente produtos oriundos da China. Observaremos, nesta unidade, que a Receita Federal é muito rígida na legislação e a penalidade vai desde multas até a suspensão da autorização para importar ou exportar. Entretanto, muitas empresas ainda tentam burlar o sistema, principalmente nas questões de roupas de marca e brinquedos é que encontramos os mais diversos casos de tentativa de importação de produtos falsificados. É nesta unidade que poderemos analisar asgrandes questões entre empresários e o governo, pois há a possibilidade de importar produtos e serviços de marcas famosas, entretanto o processo para a importação e exportação de produtos patenteados é complexa e justamente por isso as empresas tentam trazer de forma equivocada os produtos que deveriam ter, principalmente, coleta de impostos diferenciados. Além disso, há também a tentativa de importação de produtos proibidos, como armas, cigarros e algumas bebidas. Em geral, as mercadorias irregulares devem ser devolvidas à origem, mas muitas são destruídas (nos casos de falsificação) e algumas ficam em posse da Receita Federal para bazares; as arrecadações são destinadas à instituições de caridade. Caro(a) estudante, vamos começar nossos estudos sobre essa temática! Tenho certeza que você vai se surpreender sobre os ocorridos nos portos e aeroportos brasileiros. Desejamos um ótimo estudo a todos! 46UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação 1. O CONTENCIOSO ADUANEIRO Você deve ter percebido que a quantidade de pessoas envolvidas na nacionali- zação da mercadoria é grande. Além disso, a importação e a exportação não são apenas o momento do desembaraço da mercadoria. Elas começam desde o contato com o for- necedor, até o transporte nacional da mercadoria e culmina na contabilidade fazendo os procedimentos fiscais. Note que na efetivação da vistoria da mercadoria há também uma demanda enorme de fiscais e pessoas envolvidas para aferir se tudo o que está descrito nos documentos é realmente o que está na carga física. Contencioso é tudo que é passível de contestação, logo, uma carga pode ser contestada a todo momento, seja pelo peso que está sendo indica- do e precisa ser verificado se está correto, seja pelo valor da mercadoria, pela constatação se o produto descrito nos documentos é o mesmo importado, se o material constitutivo do produto é mesmo o aço, o plástico etc., que foi indicado na Invoice. Saiba de uma coisa: na importação e exportação TUDO será contencioso, ou seja, tudo será contestado. Não há uma relação de confiança (não que a fiscalização esteja duvidando do importador/exportador), mas é a função da fiscalização justamente contestar e aferir se tudo está seguindo as normas e padrões estabelecidos em lei. Para isso, todos os órgãos governamentais, vistos nas unidades anteriores e tam- bém na Unidade IV, são responsáveis por verificar e proceder com as medidas legais de seu departamento. Por exemplo, se a carga for verificada pelo Ministério da Agricultura 47UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação Pecuária e Abastecimento (MAPA), vai verificar se a carga é realmente da madeira que foi indicada na Invoice, se foi fumigada (desinfetada) conforme está dizendo o certificado de origem, se o peso é realmente o indicado nos documentos, se a quantidade está correta da importação etc. O mesmo acontecerá com o INMETRO ao verificar se o produto está realmente dentro das normas e regulamentações estabelecidas. Você deve estar pensando: mas isso demanda muito tempo e a carga vai demorar muito para ser liberada. Justamente! Por isso a maioria dos órgãos governamentais tem a Licença de Importação, com isso, o importador já consegue prever o que será questionado e verificado quando a mercadoria chegar e parte das proibições já serão impedidas na análise prévia da documentação. Nesse contexto de procedimentos fiscais, trâmites, regimes especiais, classifica- ções fiscais, relacionamentos tributários, infrações, penalidades, perdimento de mercado- rias, dentre outras, atua a fiscalização brasileira. Para entender melhor esse processo, Oliveira (2020, on-line) elenca o fluxo do contencioso aduaneiro na visão de um importador no caso de não concordar com o fiscal a análise ou a penalidade imputada em determinada importação: (i) A Fiscalização Aduaneira realiza a inspeção documental ou física, discorda de algum critério apontado pelo Particular em sua declaração prévia (classificação, valoração, origem, licenciamento, etc) e formula verbalmente uma exigência ao representante do Particular; (ii) O Particular discorda da exigência e pede para que seja formalizada no Siscomex; (iii) A Fiscalização Aduaneira, depois de muita insistência, formaliza no Siscomex sua exigência; (iv) O Particular formaliza os argumentos pelos quais discorda da exigência; (v) A Fiscalização mantém a sua posição. Nesse momento, caberia à Fiscalização lavrar imediatamente o Auto de Infração, instrumento necessário para que possa, o Particular, apresentar a sua defesa e liberar a mercadoria. Contudo, a Fiscalização não lavra o Auto, alegando que não tem recursos para isso e não possui prazo legal; (vi) O Particular é obrigado a recorrer à Justiça, mas não pede o desembaraço da mercadoria – porque isso o juiz não costuma conceder – mas para que seja obrigada a Fiscalização a lavrar Auto de Infração; (vii) Deferida a decisão judicial, a Fiscalização lavra o Auto de Infração; (viii) O Particular apresenta a Impugnação Administrativa, mas, por força de Portaria de 1976 – que ao nosso entender é totalmente inconstitucional, mas que, pela velocidade com que o Particular necessita da mercadoria é recomendado que preste a garantia para depois requerer o levantamento judicialmente – é obrigado a depositar o valor questionado ou prestar garantia, para então poder desembaraçar a mercadoria. Pior ainda pode ser se a discussão versar sobre licenciamento da importação, quando não é somente um valor econômico o motivo da discussão; (ix) Para realização do depósito ainda podem existir dificuldades, pois normas arcaicas da RFB exigem que o mesmo seja feito numa agência de banco federal da localidade da unidade de desembaraço e, muitas vezes, há dificuldade de se transitar vultosos valores pelas contas bancárias; (x) Humilhado pela situação que gera o ar vitorioso da Fiscalização, o Particular desembaraça suas mercadorias depois de praticamente um mês de espera, com o óbvio pagamento da armazenagem e a absoluta certeza que mesmo se o Auto de Infração recebido for anulado pela Delegacia de Julgamento da RFB em primeira instância, nenhuma consequência haverá para o Oficial Aduaneiro que causou incalculável prejuízo para a economia do Brasil. (OLIVEIRA, 2002, on-line). 48UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação Caso você não tenha lido a longa citação, convido você a retornar e ler, pois, em- bora longa, é exatamente possível você perceber qual é o contencioso de uma aduana diariamente e em muitas cargas. De um lado está a fiscalização, fazendo a sua parte, e do outro, um cliente, que possivelmente está com sua carga regular. Entretanto a fiscalização deve seguir um procedimento padrão e desconfiar de tudo e de todos, pois ela também será cobrada se houver irregularidades. Caro(a) estudante, a padronização para a contestação de qualquer carga que entre ou saia do país está respaldada no Decreto 70.235/72 junto com a Instrução Normativa RFB nº 1169, de 29 de junho de 2011 e, por isso, é importante que depois você consulte com calma os procedimentos que a RFB faz para a fiscalização de mercadorias. Já o despacho aduaneiro está previsto na Instrução Normativa RFB nº 680, de 02 de outubro de 2006, que prevê “art. 1º A mercadoria que ingressar no País, importada a título definitivo ou não, ficará sujeita ao despacho aduaneiro de importação, salvo as exceções [...] em normas específicas”. A Receita Federal Brasileira (RFB, 2011), conforme IN 1169 verifica: Art. 2º As situações de irregularidade mencionadas no art. 1º compreendem, entre outras hipóteses, os casos de suspeita quanto à: I - autenticidade, decorrente de falsidade material ou ideológica, de qualquer documento comprobatório apresentado, tanto na importação quanto na exportação, inclusive quanto à origem da mercadoria, ao preço pago ou a pagar, recebido ou areceber; II - falsidade ou adulteração de característica essencial da mercadoria; III - importação proibida, atentatória à moral, aos bons costumes e à saúde ou ordem públicas; IV - ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiro; V - existência de fato do estabelecimento importador, exportador ou de qualquer pessoa envolvida na transação comercial; ou VI - falsa declaração de conteúdo, inclusive nos documentos de transporte. § 1º As dúvidas da fiscalização aduaneira quanto ao preço da operação devem estar baseadas em elementos objetivos e, entre outras hipóteses, na diferença significativa entre o preço declarado e os: I - valores relativos a operações com condições comerciais semelhantes e usualmente praticados em importações ou exportações de mercadorias idênticas ou similares; II - valores relativos a operações com origem e condições comerciais semelhantes e indicados em cotações de preços internacionais, publicações especializadas, faturas comerciais proforma, ofertas de venda, dentre outros; III - custos de produção da mercadoria; IV - valores de revenda no mercado interno, deduzidos os impostos e contribuições, as despesas administrativas e a margem de lucro usual para o ramo ou setor da atividade econômica. É importante que você, estudante, tenha a ciência que a fiscalização também pode se enganar, por isso há sempre a possibilidade de conversar e explicar as situações para a RFB, mas isso acontece sempre por meio de documentos constantes no Siscomex, sistema governamental, para que tudo fique registrado. Além disso, o despachante adua- neiro (normalmente profissional de comércio exterior) tem acesso ao fiscal e pode (e deve) 49UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação acompanhar os fiscais no momento da verificação documental e física das importações e exportações. Para os casos constatados de irregularidades, os importadores e exportadores têm a possibilidade de retificar o registro. Logo, caso tenha, por exemplo, mercadoria a mais, será retificada (corrigido) e recolhidos os impostos sobressalentes, quando for o caso. Em alguns casos, se for ilegal a quantidade a mais, será dado perdimento da mercadoria. As mercadorias classificadas incorretamente, por exemplo, podem sofrer mais penalidades além da simples correção no sistema. Veremos melhor sobre esse assunto na próxima seção desta unidade. Outro detalhe importante, pelo menos no sistema atual, é que se em algum nível a mercadoria foi constatada com irregularidade todo o processo será moroso e muitas vezes até interrompido. A exemplo disso, caso o MAPA veja irregularidade em algum produto, a Receita Federal Brasileira irá aguardar todo o procedimento para que prossiga com a veri- ficação das demais demandas do processo. O governo tem tentado dirimir esse problema com o novo sistema de importação denominado DUIMP (Declaração Única de Importação) e a Declaração Única de Exportação (DU-E), como você pode observar na disciplina de Gestão da Operação de Importação. 50UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação 2. INFRAÇÕES, FRAUDES E DELITOS ADUANEIROS É o artigo 675 do Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009, que estabelece as punições pertinentes às infrações, fraudes e delitos aduaneiros. Nela são previstas puni- ções no âmbito: I - perdimento do veículo; II - perdimento da mercadoria; III - perdimento de moeda; IV - multa; e, V - sanção administrativa. Vamos observar cada uma delas na sequência. Nyegray (2016) define como infração aduaneira, segundo o Decreto-Lei 37/66, no artigo 94, e com base no RA, toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária; fraude é falsificação de produtos, documentos, marcas etc.; qualquer ação ilícita, desonesta, ardi- losa; já delito é omissão voluntária ou imprudente castigada e penalizada pela lei, sendo assim, os delitos são passíveis de multas, mas normalmente mais brandas. A seguir vamos elencar as infrações, fraudes e delitos, que são cumpridas segundo a Legislação Aduaneira (RA) e Decreto-Lei nº 37, de 1966, art. 96; Decreto-Lei nº 1.455, de 1976, arts. 23, § 1º, com a redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002, art. 59, e 24; Lei no 9.069, de 1995, art. 65, § 3º; e Lei nº 10.833, de 2003, art. 76. Segundo o Decreto 6759/09, “Art. 676. A aplicação das penalidades a que se refere o art. 675 será proposta por Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil”, nesse sentido, constatada a irregularidade o fiscal da receita federal irá aplicar as penalidades conforme a lei, “a autoridade fixará a pena mínima prevista para a infração, só a majorando em razão de circunstância que demonstre a existência de artifício doloso na prática da infração”. 51UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação Caso sejam encontradas mais irregularidades no mesmo processo “a autoridade fixará a pena mínima prevista para a infração, só a majorando em razão de circunstância que demonstre a existência de artifício doloso na prática da infração”, conforme artigo 679 do mesmo decreto. Cabe ao irregular, seja na importação ou exportação, percebido anteci- padamente o delito, fazer denúncia espontânea e recolhimento das multas, conforme “Art. 683. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento dos tributos dos acréscimos legais” e poderá solicitar que se excluía a imposição da correspon- dente penalidade. Embora tenham penalidades bem claras, além das multas, em alguns casos poderá o importador e exportador perder a mercadoria, conforme Regulamento Aduaneiro (RA), a saber: I - em operação de carga ou já carregada em qualquer veículo, ou dele descarregada ou em descarga, sem ordem, despacho ou licença, por escrito, da autoridade aduaneira, ou sem o cumprimento de outra formalidade essencial estabelecida em texto normativo; II - incluída em listas de sobressalentes e de provisões de bordo quando em desacordo, quantitativo ou qualitativo, com as necessidades do serviço, do custeio do veículo e da manutenção de sua tripulação e de seus passageiros; III - oculta, a bordo do veículo ou na zona primária, qualquer que seja o processo utilizado; IV - existente a bordo do veículo, sem registro em manifesto, em documento de efeito equivalente ou em outras declarações; V - nacional ou nacionalizada, em grande quantidade ou de vultoso valor, encontrada na zona de vigilância aduaneira, em circunstâncias que tornem evidente destinar-se a exportação clandestina; VI - estrangeira ou nacional, na importação ou na exportação, se qualquer documento necessário ao seu embarque ou desembaraço tiver sido falsificado ou adulterado; VII - nas condições do inciso VI, possuída a qualquer título ou para qualquer fim; VIII - estrangeira, que apresente característica essencial falsificada ou adulterada, que impeça ou dificulte sua identificação, ainda que a falsificação ou a adulteração não influa no seu tratamento tributário ou cambial; IX - estrangeira, encontrada ao abandono, desacompanhada de prova do pagamento dos tributos aduaneiros; X - estrangeira, exposta à venda, depositada ou em circulação comercial no País, se não for feita prova de sua importação regular; XI - estrangeira, já desembaraçada e cujos tributos aduaneiros tenham sido pagos apenas em parte, mediante artifício doloso; XII - estrangeira, chegada ao País com falsa declaração de conteúdo; XIII - transferida a terceiro, sem o pagamento dos tributos aduaneiros e de outros gravames, quando desembaraçada com a isenção referida nos arts. 142, 143, 144, 162, 163 e 187; XIII - transferida a terceiro, sem o pagamento dos tributos aduaneiros e de outros gravames, quando desembaraçada com a isenção referida nos arts. 142, 143, 162, 163 e 187; XIV - encontrada em poder de pessoa física ou jurídica não habilitada, tratando-sede papel com linha ou marca d’água, inclusive aparas; XV - constante de remessa postal internacional com falsa declaração de conteúdo; XVI - fracionada em duas ou mais remessas postais ou encomendas aéreas internacionais visando a iludir, no todo ou em parte, o pagamento dos tributos aduaneiros ou quaisquer normas estabelecidas para o controle das importações ou, ainda, a beneficiar-se de regime de tributação simplificada (Decreto-Lei nº 37, de 1966, art. 105, inciso XVI, com a redação dada pelo Decreto-Lei no 1.804, de 1980, art. 3o); XVII - estrangeira, em trânsito no território aduaneiro, quando o veículo terrestre que a conduzir for desviado de sua rota legal, sem motivo justificado; XVIII - estrangeira, acondicionada sob fundo falso, ou de qualquer modo oculta; XIX - estrangeira, atentatória à moral, aos bons costumes, à saúde ou à ordem públicas; XX - importada 52UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação ao desamparo de licença de importação ou documento de efeito equivalente, quando a sua emissão estiver vedada ou suspensa, na forma da legislação específica; XXI - importada e que for considerada abandonada pelo decurso do prazo de permanência em recinto alfandegado, nas hipóteses referidas no art. 642; e XXII - estrangeira ou nacional, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. Na legislação contam mais casos, entretanto resumimos as mais relevantes na citação. As penalidades variam e podem ser observadas também no RA 6.759/09. Para facilitar, a própria receita Federal resumiu em seu site as principais aplicações de multas na importação e exportação, que resumimos no quadro a seguir: Quadro 1 - Resumo de multas na importação INFRAÇÃO BASE LEGAL PENALIDADE REDUÇÃO LIMITE MÍNI- MO LIMITE MÁXIMO Uso de falsidade nas provas exigidas para obtenção dos be- nefícios e incentivos previstos no Decreto-Lei nº 37/66 Art. 702, inciso I, alínea “c”, do RA 100% do Imposto de Importação Sim Art. 732 do RA Não Não Importação, como bagagem, de mercadoria com finalidade comercial Observação: Esta multa encontra-se sem aplica- bilidade, pois não é permitida a importação, por pessoa física, de bens para fins comerciais ou industriais (vide art. 161, § 1º, do RA) com nova redação dada pelo Decreto nº 7.213/2010 Art. 702, inciso III, alínea “b”, do RA 50% do Imposto de Importação Sim Art. 732 do RA Não Não Extravio de mercadoria, inclusi- ve em ato de vistoria aduaneira Art. 702, inciso III, alínea “c”, do RA 50% do Imposto de Importação Sim Não Não Art. 732 do RA Chegada ao País de bagagem e bens de passageiro fora dos prazos regulamentares, quando sujeitos a tributação Art. 702, inciso IV, alínea “a”, do RA 20% do Imposto de Importação Sim Não Não Art. 732 do RA Apresentação de fatura comer- cial sem o visto consular, quan- do exigível Art. 702, inciso V, alínea “a”, do RA 10% do Imposto de Importação Sim Art. 732 do RA Não Não Preço declarado diferente do arbitrado na forma do art. 86 do RA ou do efetivamente pra- ticado Art. 703 do RA 100% da diferen- ça apurada Não Não Não Art. 734 do RA Ausência de LI Art. 706, I, a, do RA 30% do Valor Aduaneiro Sim Art. 732 do RA R$500,00 Art. 706, § 2º, inciso I, do RA Não LI deferida após o embarque Art. 706, I, b, do RA 30% do Valor Aduaneiro Sim Art. 732 do RA R$500,00 Art. 706, § 2º, inciso I, do RA R$5.000,00 Art. 706, § 2º, inciso II, do RA Embarque da mercadoria de- pois de vencido o prazo de validade da LI, de mais 20 até 40 dias Art. 706, II, do RA 20% do Valor Aduaneiro Sim R$500,00 Art. 706, § 2º, inciso I, do RA R$5.000,00 Art. 706, § 2º, inciso II, do RA Art. 732 do RA 53UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação Embarque da mercadoria de- pois de vencido o prazo de validade da LI, até 20 dias Art. 706, III, do RA 10% do Valor Aduaneiro Sim R$500,00 R$5.000,00 Art. 732 do RA Art. 706, § 2º, inciso I, do RA Art. 706, § 2º, inciso II, do RA Classificação Incorreta NCM Art. 711, I, do RA 1% do Valor Aduaneiro Não Art. 734 do RA R$500,00 Art. 711, § 2º, do RA 10% do total da DI. Art. 711, § 5º, do RA Quantificação errônea na medi- da estatística Art. 711, II, do RA 1% do Valor Aduaneiro Não R$500,00 10% do total da DI. Art. 734 do RA Art. 711, § 2º, do RA Art. 711, § 5º, do RA Omitir ou prestar de forma ine- xata informação necessária à determinação do procedimento de controle aduaneiro Art. 711, III e § 1º, do RA 1% do Valor Aduaneiro Não R$500,00 10% do total da DI. Art. 734 do RA Art. 711, § 2º, do RA Art. 711, § 5º, do RA Não prestação de informações, na forma e no prazo estabeleci- dos pela RFB, pelas empresas de transporte internacional, agentes de carga, depositários ou operadores portuários Art. 728, IV, alíneas “e” e “f” do RA R$ 5.000,00 Não Não Não Art. 734, inciso I, do RA Incorreção na Fatura Comercial Art. 715 do RA R$ 200,00 por Fatura Não Não Não Art. 734 do RA Multa de Ofício por falta de pagamento de “Direitos Anti- dumping ou Compensatórios” não recolhidos na data do Re- gistro da DI Art. 717, II, do RA 75% do valor to- tal ou da diferen- ça dos “Direitos Anti-dumping” Não Não Não Art. 734 do RA Multa de Ofício por falta de pagamento dos Tributos (II, PIS, COFINS etc.) Art. 725, I, do RA 75% do valor to- tal ou da diferen- ça dos tributos Sim Não Não Art. 732 do RA PJ que ceder nome para opera- ções de terceiros Art. 727 do RA 10% do Valor da Operação Sim R$5.000,00 Não Art. 732 do RA Desacato à autoridade adua- neira Art. 728, III, do RA Art. 76, Inci- so II, alínea “f” da Lei nº 10.833/2003 R$10.000,00 Suspensão Não Art. 734 do RA Art. 734 do RA Não Não Importação de produto sub- metido a restrição quantitativa quando a origem declarada não for comprovada e tiver de ser devolvido ao exterior. Art. 41 da Lei nº 12.546/2011 R$ 5.000,00 por dia, contados da data do registro da Declaração de Importação até a data da efetiva devolução do produto ao ex- terior Sim Não Não Arts. 732 e 734 do RA, art. 6º, § 3º, da Lei nº 8.218/1991 e ADI SRF nº 18/2002 54UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação Falta de comprovação da ori- gem não preferencial (exceto no caso de devolução ao exte- rior cuja penalidade é prevista no art. 41 da mesma Lei) Art. 42 da Lei nº 12.546/2011 30% do valor aduaneiro da mercadoria Sim Não Não Arts. 732 e 734 do RA, art. 6º, § 3º, da Lei nº 8.218/1991 e ADI SRF nº 18/2002 Destruição de Mercadoria que não Obteve Licenciamento § 4º do Art. 46 da Lei nº 12.715/2012 R$ 10,00 por quilograma Sim Não Não Arts. 732 e 734 do RA, art. 6º, § 3º, da Lei nº 8.218/1991 e ADI SRF nº 18/2002 Não destruição nem devolução de mercadoria cuja importação não foi autorizada por órgão anuente de proteção ao meio ambiente, saúde, segurança pública ou controles sanitários em sessenta dias da respectiva ciência da determinação § 8º, inciso I, do Art. 46 da Lei nº 12.715/2012 R$ 20,00 por quilograma Sim Não Não Arts. 732 e 734 do RA, art. 6º, § 3º, da Lei nº 8.218/1991 e ADI SRF nº 18/2002 Extravio de mercadoria cuja importação não foi autorizada por órgão anuente de proteção ao meio ambiente, saúde, se- gurança pública ou controles sanitários e cuja devolução ou destruição foi determinada § 5º do Art. 46 da Lei nº 12.715/2012 R$ 30,00 por quilograma Sim Não Não Arts. 732 e 734 do RA, art. 6º, § 3º, da Lei nº 8.218/1991 e ADI SRF nº 18/2002 Não cumprimento da devolução ou autorização de destruição de mercadoria cuja importação não foi autorizada por órgão anuentede proteção ao meio ambiente, saúde, segurança pública ou controles sanitários § 2º, inciso II, e § 4º, do Art. 46 da Lei nº 12.715/2012 R$ 10,00 por quilograma Sim Não Não Arts. 732 e 734 do RA, art. 6º, § 3º, da Lei nº 8.218/1991 e ADI SRF nº 18/2002 Fonte: Receita Federal (2020). As multas na exportação também estão previstas no Regulamento Aduaneiro (RA) 6.759/09, a partir do artigo 718, e prevê, dentre outras medidas, Art. 718. Aplicam-se ao exportador as seguintes multas, calculadas em função do valor das mercadorias: I – de sessenta a cem por cento no caso de reincidência, genérica ou específica, de fraude compreendida no inciso II; e II – de vinte a cinquenta por cento: a) no caso de fraude, caracterizada de forma inequívoca, relativamente a preço, peso, medida, classificação ou qualidade; e b) no caso de exportação ou tentativa de exportação de mercadoria cuja saída do território aduaneiro seja proibida, considerando-se como tal aquela que assim for prevista em lei, ou em tratados, acordos ou convenções internacionais firmados pelo Brasil, sem prejuízo da aplicação da pena de perdimento da mercadoria. § 1o Não constituirá infração a variação, para mais ou para menos, não superior a dez por cento quanto ao preço e a cinco por cento quanto à quantidade da mercadoria, desde que não ocorram concomitantemente. § 2o Ressalvada a hipótese referida na alínea “b” do inciso II, a apuração das infrações de que trata este artigo, quando constatadas no curso do despacho aduaneiro, não prejudicará o embarque ou a transposição de fronteira das mercadorias, desde que assegurados os meios de prova necessários. Art. 719. A aplicação de penalidade decorrente de 55UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação infrações de natureza fiscal ou cambial não prejudica a imposição de sanções administrativas pela Secretaria de Comércio Exterior. Art. 720. Consumando- se a exportação das mercadorias com qualquer das infrações a que se refere o art. 718, o procedimento fiscal instaurado poderá ser instruído, também, com elementos colhidos no exterior. Art. 721. A imposição das penalidades de que trata o art. 718 não excluirá, quando verificada a ocorrência de ilícito penal, a apuração da responsabilidade criminal dos que intervierem na operação considerada irregular ou fraudulenta. Art. 722. Nos casos previstos neste Capítulo, a aplicação de multa pela autoridade aduaneira sujeita-se à prévia manifestação da Secretaria de Comércio Exterior. Art. 722. Nos casos previstos no art. 718, a aplicação de multa pela autoridade aduaneira sujeita-se à prévia manifestação da Secretaria de Comércio Exterior. Art. 723. Quando ocorrerem, na exportação, erros ou omissões que não caracterizem intenção de fraude e que possam ser de imediato corrigidos, a autoridade aduaneira alertará o exportador e o orientará sobre a maneira correta de proceder. Aplica-se a multa de cinco por cento do preço normal da mercadoria submetida ao regime aduaneiro especial de exportação temporária, ou de exportação temporária para aperfeiçoamento passivo, pelo descumprimento de condições, requisitos ou prazos estabelecidos para aplicação do regime. § 1o O valor da multa referida no caput será de R$ 500,00 (quinhentos reais), quando do seu cálculo resultar valor inferior. § 2o A aplicação da multa a que se refere o caput não prejudica a exigência dos impostos incidentes, a aplicação de outras penalidades cabíveis e a representação fiscal para fins penais, quando for o caso. Segundo Brogini (2013), existem leis que tratam desses assuntos, mas muitas vezes o empresário desconhece e corre risco de perder um bom negócio ou de ser prejudicado, tudo por não fazer uma programação correta de negociação e também de observação das questões fiscais e legais. Como você deve ter observado, a legislação é bem robusta e visa penalizar as infrações, delitos e fraudes que possam ocorrer na importação e exportação. Dentre os supracitados e que temos experiência em nossos dez anos de atuação como analista de importação, é possível afirmar que o perdimento da mercadoria é o que causa mais danos na importação e exportação. Por fim, a título de compartilhamento de experiência, as cargas vindas da China, por questões culturais, costumam ser acompanhadas de alguns “mimos” ou presentes chineses. É comum, ao se abrir o container, encontrar mercadorias a mais, pois a cultura chinesa costuma mandar presentes a mais aos seus clientes e, muitas vezes, pode se encontrar tablets, ursos de pelúcia dentre outros presentes no meio da mercadoria. Ob- viamente não fazem por mal, mas isso acaba tendo problemas na conferência física da mercadoria, gerando multas ou perdimento da mercadoria. 56UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação 3. O CONTRABANDO E O DESCAMINHO A pergunta que você deve se fazer é: qual é a diferença entre contrabando e des- caminho? Bem, vamos por partes! Segundo a Lei 13.008/14, os crimes de contrabando e de descaminho também se aplicam legalmente para os processos de importação e expor- tação. Nesse sentido, Oliveira et al. (2017), ao tratar do regulamento aduaneiro, afirma que as previsões e penalidades são inerentes aos importadores e exportadores e, com isso, afirmamos que o contrabando e descaminho é fator presente nos processos aduaneiros. Para a lei Lei 13.008/14, descaminho é “art. 334 iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria”, isso acontece muito com a tentativa de trazer mercadorias como cigarros e bebidas de outros países sem pagar as devidas taxas e trâmites legais previstos em lei. Não é proibido trazer armas e cigarros, por exemplo, mas o processo e as taxas impostas são tão altas que acabam favorecendo o descaminho da mercadoria. A pena para o infrator de descaminho é reclusão de um a quatro anos. Já o contrabando é caracterizado pela mesma lei, 13.008/14, como “art. 334(a) importar ou exportar mercadoria proibida”, com pena de reclusão de dois a cinco anos, ainda, para os casos de serem pessoas jurídicas, cabe a suspensão da permissão de importador e exportador. Dentre os produtos proibidos de importar ou restritos com fiscalização prévia estão, de acordo com o decreto nº 3.000, de 1999, Objetos de valor monetário, como: notas; moedas; cheques; ouro; prata; medalhas; joias; pedras preciosas. Brinquedos e livros: 57UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação jogos de carta; jogos de vídeo e cartuchos; jogos ativados por ficha ou moeda; simulacros ou réplicas de armas de fogo; livros infantis que não estejam em português. Drogas: cigar- ros, charutos, cachimbos e tabaco; utensílios que promovam o fumo; bebidas alcoólicas; substâncias químicas e psicotrópicas; remédios não aprovados pela ANVISA. Materiais biológicos: animais vivos; carne e alimentos de origem animal; substâncias perecíveis, infecciosas ou não; sementes e mudas de café, arbustos; produtos contendo organismos geneticamente modificados. Armas e objetos relacionados: punhais, facas, estiletes, lâminas e espadas; armas de fogo, pistolas de ar e de pressão; objetos pontiagudos, como bengalas e guarda-chuvas; munições, silenciadores e outros acessórios para armas; ma- teriais para produção e recarga de munições; cassetetes, aparelhos de choque e algemas; lunetas, binóculos, miras e visores para armas de fogo. Outros itens: produtos inflamáveis; cartões de desconto, cupons ou vale presentes; produtos comprados com vale presentes; itens frágeis, como louça, porcelana ou vidro; produtos que possam causar danos a equi- pamentos ou pessoas; objetos de valor artístico e histórico, como antiguidades e pinturas; materiais radioativos; produtos falsificados. Ainda, o site da Receita Federal (http://receita.economia.gov.br/) fez uma lista simplificada de itens proibidos na seçãode orientação aduaneira em que consta como proibições comuns: Cigarros e bebidas fabricados no Brasil, destinados à venda exclusivamente no exterior; Cigarros de marca que não seja comercializada no país de origem; Réplicas de arma de fogo; Espécies animais da fauna silvestre sem um parecer técnico e licença; Espécies aquáticas para fins ornamentais e de agricultura, sem permissão do órgão competente; Produtos falsificados e/ou pirateados; Produtos contendo organismos geneticamente modificados; Os agrotóxicos, seus componentes e afins; Mercadoria atentatória à moral, aos bons costumes, à saúde ou à ordem pública; e Substâncias entorpecentes ou drogas (RECEITA, 2020). Segundo Brito (2018), o cigarro é o item que mais tem incidência de contrabando no Brasil, com cerca de 75% do total notificado, a autora relata que a maioria vem do Paraguai e soma em média 2,3 bilhões por ano. Com essas constatações podemos afirmar que, embora a legislação não seja branda para esses tipos de crimes, não é incomum que as empresas e pessoas físicas tentem trazer essas mercadorias proibidas para a comer- cialização no Brasil. 58UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação 4. ANÁLISE DE PROBLEMAS ADUANEIROS Como todo sistema, há problemas também nas questões aduaneiras, por isso é importante que o profissional de Comex saiba quais são os mais comuns e ajudem na possibilidade de diminuição para que o cliente tenha sucesso em suas importações e exportações. Há muitas regras envolvidas, o que causa morosidade nos processos. Nos processos de exportação ainda são mais rápidos, mas na importação, um único processo pode levar até 20 dias para a finalização, caso parametrize em canal verde. O primeiro problema que elencamos é a questão documentária. Os documentos de instrução de desembaraço devem ser carimbados, assinados à mão e com caneta esfe- rográfica na cor azul. Parece simples, mas todos os documentos do exterior são enviados pelo exportador e, na China, por exemplo, apenas um carimbo é o suficiente para a expor- tação da mercadoria, entretanto, quando chega no Brasil, os documentos são considerados errados. Na China o carimbo é uma assinatura e para eles é incabível uma falsificação de carimbo, mas para o Brasil isso não é suficiente e, por isso, atrasa o processo quando os documentos não estão devidamente assinados. O segundo problema é com a quantidade da mercadoria efetivamente embarcada. Como dissemos na seção anterior, as mercadorias oriundas de alguns países costumam vir a mais, pois os exportadores entendem que fazer “um agrado” vai ajudar o cliente e aumen- tar a sua credibilidade, mas na efetivação do desembaraço, constatado o peso diferente, é preciso abrir todos os produtos e aferir a quantidade. Imagine se for o caso de parafusos 59UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação ou produtos muito pequenos; nesses casos é melhor considerar a carga por peso e pagar a diferença por peso. O terceiro fator é o processual, ou seja, o percurso que uma mercadoria passa até ser efetivamente liberada. Os portos e aeroportos são equipados para o recebimento da mercadoria, mas os terminais de carga levam alguns dias até “dar presença de carga” da mercadoria. Isso acontece porque as mercadorias que são trazidas em container conjuntos precisam passar por uma certa triagem e identificação de carga. Apenas para identificar e armazenar uma mercadoria solta pode levar até três dias e somente após a identificação e notificação é que pode se dar o início ao processo de desembaraço. Em quarto lugar temos os procedimentos fiscais que, após o registro da Decla- ração de Importação (DI), precisam liberar a mercadoria. Em muitos casos é necessário fazer a retificação da DI por inúmeros problemas, e até o fiscal colocar essa irregularidade no sistema pode levar até três dias. Somando os dias de carga parada, a mercadoria fica à mercê dos administradores aduaneiros, o que nos leva ao quinto lugar: os custos de armazenagem. É nesse momento que o profissional de Comércio Exterior deve agir: ajudando os importadores e exportadores a organizarem seus embarques e programações para que possam reduzir os custos na importação e exportação. Assim como o advogado, o despa- chante aduaneiro é o único que responde diretamente ao Fiscal da Receita Federal. Dentre as possíveis ajudas elencamos: Quadro 2 - Problemas e atuação do profissional de Comex PROBLEMA ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE COMÉRCIO EXTERIOR REPRESENTAÇÃO Representar as empresas (importadores e exportadores, armazéns alfandegários e transportadores) perante a fiscalização e os órgãos intervenientes. LEGISLAÇÃO Evitar multas e custos desnecessários, atuando de forma preventiva para garantir o cumprimento de todas as regras legais e fiscais. TRIBUTAÇÃO Indicar o regime tributário ao qual está submetida a carga, podendo melhor enquadrar o processo e buscar incentivos e benefícios. LOGÍSTICA Organizar logística, evitando atrasos e agilizando o processo para que a carga chegue no menor tempo possível. CLASSIFICAÇÃO FISCAL Auxiliar no enquadramento da classificação fiscal. DOCUMENTAÇÃO Fazer o compliance de documentos, organizando a documentação antes, durante e até a liberação da carga, como a Declaração de Importação ou de Exportação. 60UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação ADMINISTRATIVO Identificar previamente a viabilidade do processo (tratamento administrativo), já que é necessário pesquisar e levantar dados do que é preciso para importar/exportar determinado produto, como restrições ou não para o mercado, licenciamentos, regras sanitárias, de embalagem ou rotulagem etc. ANUÊNCIA Gerenciar toda a cadeia de intervenientes, mantendo contato com o Porto, Receita Federal, transportadora, empresa de frete etc. até a carga chegar ao seu destino final. CONFERÊNCIA Verificar condições, identificar e quantificar a carga recebida ou exportada por meio de qualquer modal. REPRESENTATIVIDADE LEGAL Representar pessoas físicas no desembaraço de bagagem desacompanhada. Fonte: Interseas (2020). Sugerimos que você se dedique aos seus estudos e busque cada vez mais cursos extras que possam te auxiliar a entender melhor ainda o processo de importação e expor- tação brasileira. Você verificará que o mercado de trabalho está ansioso por profissionais qualificados e que entendam principalmente da legislação fiscal aduaneira e da previsão de despesas aduaneiras. Desejo a você bons estudos e continue sempre na busca de conhecimento, você terá muito sucesso. 61UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação SAIBA MAIS Não são somente algumas empresas que tentam burlar o sistema de importação. Os aeroportos brasileiros, que também funcionam como aduana, passam diariamente por fiscalização rigorosa e encontram muitas mercadorias de contrabando. Sugiro que você assista a uma série que está disponível no link a seguir. Trata-se da série Área Restrita. Este programa é a junção da atuação de vários fiscais em diversos países e mostra o dia a dia da fiscalização nos aeroportos. Assista principalmente os casos brasileiros. Tenho certeza que você vai se surpreender: Disponível em: https://www.youtube.com/channel/UCqK8L0jBk9gP0TC3GNpNkBQ/videos REFLITA “O comércio é o grande civilizador. Trocamos ideias quando trocamos tecidos” (Robert Ingersoll). 62UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) estudante, você pode observar nesta unidade que as regras para a im- portação e exportação de produtos são rígidas! Além disso, pode observar que as fraudes acontecem na tentativa de pagar menos impostos, falsificação de produtos, e, infelizmente, na tentativa de importação e exportação de drogas e materiais ilícitos. Foi observado também que os portos e aeroportos estão equipados com instrumen-tos de aferição e que, em caso de constatação de fraudes e irregularidades, há o perdimento da mercadoria. Tudo isso para que a proteção do comércio e as relações internacionais não sejam abaladas por pessoas que tentam burlar o sistema de fiscalização. Em suma, há a tentativa de busca por redução de despesas nos impostos tribu- táveis, recebimento de mercadorias proibidas ou impedidas de procedimento de naciona- lização, mercadorias a mais dentro das importações, materiais escondidos nos produtos autorizados. Vimos também que, para todos esses casos, a fiscalização atua com rigor e efetividade, que vai desde multas, suspensão de autorização de importação e exportação, até prisões efetivas, conforme previsto em lei. As mercadorias apreendidas seguem destinos conforme previsto nas legislações, por exemplo, para casos de mercadoria a mais, a Receita Federal pode solicitar que se nacionalize legalmente o produto sobressalente, dar perdimento da mercadoria ou apreen- são para posterior realização de bazares de caridade. Já para os casos de sonegação há a aplicação de prisões e multas e nos casos de produtos falsificados e entorpecentes há a destruição devidamente acompanhada pelos órgãos competentes. Espero que esta unidade tenha trazido a você muito conhecimento e reforço que assista a série gratuitamente no YouTube denominada Área Restrita! Eu garanto a você que vale muito a pena para que você tenha conhecimento dos efetivos e ações da fiscalização brasileira. Somos, inclusive, exemplo internacional no combate à tentativa de irregularida- des e contrabandos. Espero você na próxima e última unidade de nosso estudo! 63UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação MATERIALCOMPLEMENTAR FILME/VÍDEO Título: Diamente de Sangue Ano produção: 2007 Duração: 2h 23min Classificação: 14 anos Gênero: Aventura Sinopse: Serra Leoa, final da década de 90. O país está em plena guerra civil, com conflitos constantes entre o governo e a Força Unida Revolucionária (FUR). Quando uma tropa da FUR invade uma aldeia da etnia Mende, o pescador Solomon Vandy (Djimon Hounsou) é separado de sua família, que consegue fugir. Solomon é levado a um campo de mineração de diamantes, onde é obrigado a trabalhar. Lá ele encontra um diamante cor-de-rosa, que tem cerca de 100 quilates. Solomon consegue escondê-lo em um pedaço de pano e o enterra, mas é descoberto por um integrante da FUR. Neste exato momento ocorre um ataque do governo, que faz com que Solomon e vários dos presentes sejam presos. Ao chegar na cadeia lá está Danny Archer (Leonardo DiCaprio), um ex-mercenário nascido no Zimbábue que se dedica a contrabandear diamantes para a Libéria, de onde são vendidos a grandes corporações. Danny ouve um integrante da FUR acusar Solomon de ter escondido o diamante e se interessa pela história. Ao deixar a prisão, Danny faz com que Solomon também saia, propondo-lhe um trato: que ele mostre onde o diamante está escondido, em troca de ajuda para que possa encontrar sua família. Solomon não acredita em Danny, mas, sem saída, aceita o acordo. LIVRO Título: Comércio internacional e legislação aduaneira. Esquema- tizado Autores: Roberto Caparroz (Autor), Pedro Lenza (Autor, Coeditor) Editora: Saraiva Sinopse: A obra Comércio Internacional e Legislação Aduaneira é recomendada para cursos de graduação e concursos na área fiscal. As matérias são abordadas de forma teórico-prática, com farta utilização de exemplos e gráficos, que influem positivamente na fixação dos conteúdos. O autor traz importantes temas do Comércio Internacional e Legislação Aduaneira, como o mercantilismo, o sistema multilateral do comércio, organizações e organismos internacionais relacionados ao comércio, processos de integração econômica, Mercosul, contratos internacionais, entre outros. A metodologia empregada na obra permite que o leitor tenha acesso a mais completa e atualizada teoria, exposta em linguagem clara e acessível, e acrescida de questões especialmente selecionadas e comentadas em detalhe. 64 Plano de Estudo: • Natureza e tributos aduaneiros • Tributos e encargos • Despacho aduaneiro Objetivos da Aprendizagem • Estudar a os órgãos anuentes e intervenientes. • Compreender o regimento tributário aduaneiro. • Verificar os procedimentos para o despacho de mercadorias e serviços. UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional Professor Mestre Alexsandro Cordeiro Alves 65UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) à quarta unidade da apostila sobre Legislação Aduaneira e Tributária. Desta vez falaremos um pouco sobre as questões tributárias na importação e ex- portação. Esse assunto assombra a maiorias dos importadores e exportadores, uma vez que os custos na importação e exportação estão ligados diretamente no planejamento e análise de custos dos produtos a serem comercializados. Assim, como visto na disciplina de Gestão da Operação de Importação, veremos a diferenciação entre tributo e imposto. Também estudaremos um pouco sobre o Imposto de Importação (II), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), PIS, COFINS, CIDE, ICMS e os tributos de defesa comercial, como o Dumping. Em seguida, verificaremos sobre o cálculo dos impostos de importação, mas antes alinharemos na definição de cada imposto e produto e o impacto que esses tributos trazem para a formulação do preço de venda dos produtos. É nesta unidade que poderemos analisar as grandes questões entre empresários e o governo, uma vez que o cálculo dos impostos, em sua maioria, influenciam de forma ne- gativa a importação e exportação, uma vez que os importadores e exportadores não veem com bons olhos o fato de estarem contribuindo com o crescimento do país e, ainda assim, serem taxados com altos impostos. Entretanto, com muito planejamento, conhecendo as bases legais e os benefícios fiscais, é possível a programação dos impostos, possibilitando, inclusive, se beneficiar de medidas compensatórias, e salvaguardas. Na importação, os impostos incidentes são recolhidos no momento do registro da Declaração de Importação (DI), por meio de cálculos preestabelecidos pela legislação e sempre visa a proteção da produção nacional, já na exportação é no momento do envio da mercadoria pelo registro da Declaração de Exportação (DE). Desejamos um ótimo estudo a todos! 66UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 1. NATUREZA E TRIBUTOS INCIDENTES Nesta parte trataremos sobre os tributos, impostos e taxas incidentes na importa- ção e exportação. A relevância é muito grande, uma vez que são eles que, de modo geral, encarecem uma mercadoria, já que fazem parte do custo do produto importado e serão passados adiante para o consumidor, no preço final do produto. As regras para a contribui- ção dos impostos, tributos e taxas variam de estado para estado e é importante que cada importador e exportador consulte a legislação vigente e as regras de arrecadação. A natureza dos impostos depende dos órgãos que estão envolvidos no processo de importação e exportação. Sendo assim, relembre o que você aprendeu em outras discipli- nas e na Unidade I deste material! Isso mesmo, relembre como é organizado o sistema de comércio exterior, ou seja, se há órgãos anuentes ou intervenientes. Mas fique calmo(a), vamos rever a seguir. No decreto 6759/09 estão esclarecidos os órgãos intervenientes e os anuentes. Os intervenientes têm relacionamento com comércio exterior de alguma forma, mas nem sempre são impeditivos de importação (banco do exportador, vendedor, despachante, dentre outros); nem sempre trabalham somente com comércio exterior. Já os anuentes legislam e têm papel de permitir a importação, ou seja, diretamente ligado à importação (órgãos como DECEX, MAPA,EXÉRCITO, dentre outros descritos na Unidade I). De modo geral, os órgãos anuentes trabalham diretamente no país em que a mercadoria se encontra no momento da análise, por isso, a estrutura do comércio no Brasil 67UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional tem como seu maior organizador o próprio governo. Já os demais órgãos analisam os produtos e comparam com a legislação. Por exemplo, se um importador está trazendo um cavalo, será de responsabilidade do importador, juntamente com o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), verificar a classificação e, após a permissão, trazer a mercadoria – sempre respaldado pela legislação aduaneira. Ainda, cada órgão citado pode se subdividir, dependendo da necessidade e da legislação. Obviamente você não precisa saber de todos eles, mas é importante saber que cada setor é um órgão responsável para determinadas ações na importação. Importante: essa é a distribuição geral, mas devemos acompanhar os aconte- cimentos do governo, pois cada presidente reorganiza suas partes, podendo renomear, adicionar, subtrair ou até mesmo incluir em outras pastas alguns órgãos de atuação. A Natureza dos impostos é de acordo com os órgãos anuentes e intervenientes na importação e na exportação. Nem sempre todos os órgãos estarão envolvidos em todas as importações, mas, dependendo do tipo de produto, será necessário verificar com esses departamentos o que deve fazer para que o processo de importação não seja barrado no momento da entrada no país. Todos eles estão interligados e respondem à legislação aduaneira e é na aduana que serão efetivamente observados. Para resumir, observe a estrutura de atuação e conceito aduaneiro. A presidência da república (Figura 1) estabelece e assina decretos sobre a importa- ção e exportação interna de acordo com a legislação nacional e internacional. O Ministério das Relações Exteriores (MRE ou Itamaraty) está diretamente ligado às relações inter- nacionais e é responsável pelas políticas internacionais (Bilateral, regional e Multilateral). Já o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) atua nas políticas de desenvolvimento do comércio exterior. 68UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional Figura 1 - Estrutura da Presidência da República na aduana Fonte: o autor. Por sua vez, o Ministério da Fazenda formula e regulamenta as políticas econô- micas do país, ou seja, é um órgão administrativo do comércio exterior; é nele que estão os órgãos relacionados ao fisco, como Receita Federal (responsável também pela vistoria e parametrização da mercadoria) e BACEN (responsável pelas verificações de contratos, câmbio e pagamentos). Estes últimos são responsáveis pela parte tributária da União. Como citado anteriormente, cada órgão ainda tem sob sua responsabilidade outras subdivisões de departamentos, como pode ser observado na Figura 2. Figura 2 – Subdivisão de responsabilidades aduaneiras Fonte: o autor. Observe que cada departamento atua de maneira direta ou indireta na importação e, por isso, é importante relembrar que cada órgão tem seu regimento e normativas. Essas normativas é que estabelecem critérios na importação aduaneira de determinados produtos. Dependendo do tipo de tratamento administrativo é que teremos que observar a Instrução Normativa (IN) para a importação de determinado produto. 69UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 1.1. Tributos e Outros Encargos É importante esclarecer que a legislação, para a base de cálculos nos processos de importação e exportação, é oriunda da mesma legislação, entretanto na importação, os impostos é que estão. Isso ocorre para que o incentivo nas exportações sejam maiores que na importação, inclusive há diversos incentivos fiscais para a exportação de mercadoria. Dentre os benefícios está o regime de Drawback. As alíquotas dos impostos na exportação são isentas, conforme legislação própria (Decreto-lei nº. 1.578/77). Nela o exportador tem imunidade de pagamento do Imposto de Produtos Industrializados (IPI) e a não-incidência do Imposto sobre Circulação de Mer- cadorias e Serviços (ICMS). Isso não significa que os impostos não existem, trata-se de incentivos fiscais para a exportação. A Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) também não precisam ser pagas. Além disso, outro incentivo é o crédito presumido do IPI, quando o ex- portador se valer de insumos nacionais que sofreram incidência de PIS e COFINS. O único tributo incidente na exportação é o Imposto de Exportação (IE), entretanto cabe analisar caso a caso, já que só há incidência em alguns produtos que não são interessantes ao governo para a exportação. Importante: para essa verificação é feita a classificação fiscal da mercadoria nor- malmente, como na importação. Já na importação, estabelecido pela Legislação Aduaneira (Decreto nº 6.759/09), a base de cálculo é o valor aduaneiro (convertido em moeda nacional), ou seja, Valor da Mercadoria no Local de Descarga (+) Valor do Frete Internacional (+) Seguro (+) THC (VMLD+VFI +S+A). Essa é a base de cálculo para tributações dos impostos na importação, normalmente conhecidas como valor CIF (Cost, Insurance and Freight + Custo, Seguro e Frete), lembrando que o THC (Terminal Handling Charge - manipulação de carga no terminal) está vinculado ao frete, uma vez que se trata da taxa recolhida junto ao valor do frete para o manuseio da carga. Os Tributos formam as arrecadações da União, estado ou município e englobam as taxas, impostos e contribuições. Os tributos são obrigações que se deve pagar ao gover- no por determinado serviço oferecido à sociedade; os Impostos não têm uma destinação específica e ficam a cargo dos governantes a destinação para serviços universais, como a educação e a segurança; as Taxas são vinculadas a um serviço público específico, como a taxa de recolhimento de lixo, taxa de emissão de carteira de identidade etc.; já as Contri- buições estão vinculadas à melhoria direta para o contribuinte, por exemplo, o Programa 70UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional de Integração Social (PIS) e o Patrimônio do Servidor Público (PASEP). A alíquota dos impostos é variável e está indicada na Tarifa Externa Comum (TEC), disponível no site do Ministério da Economia, podendo ser mais alta para os produtos em que o país deseja res- tringir o seu ingresso ou mais baixa para os produtos cuja entrada no país seja interessante. As contribuições, segundo Brogini (2013, p. 43), é parte integrante da importação, são inúmeras e importantes para quem importa. A seguir vamos detalhar algumas arrecadações pertinentes para nosso escopo, importações. 1.2. Imposto de Importação (II) Com base na Lei nº 3.244, de 14 de agosto de 1957, está sujeita ao Imposto de Importação (II) a mercadoria estrangeira que entrar em território nacional. Esse imposto federal está regulamentado por uma tabela denominada “ad valorem”, ou seja, sobre o valor da mercadoria, e sua variação está contida na tabela de Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), vista na Unidade I. Essa alíquota tem como base a média de valor do produto enquadrado na NCM de cada produto, por exemplo, se o valor de uma caneta esfe- rográfica importada tem uma média de valor custando USD$ 0.98, a alíquota será aplicada considerando essa média de preço da caneta importada. Cálculo = (Valor CIF*Alíquota), exemplo, R$128.000,00*5% = R$6.400,00. A tabela com os valores está no site do Ministério da Economia, antigo MDIC, conforme informado nas unidades anteriores. O Imposto de Importação tem como fato ge- rador a entrada de mercadoria oriunda de país estrangeiro no territórioaduaneiro (território nacional). Para efeito de cálculo do imposto, considera-se ocorrido o fato gerador na data de registro da DI da mercadoria a ser submetida a despacho para consumo, ou no dia do lançamento respectivo, nos casos definidos em lei. 1.3. mposto sobre Produtos Industrializados (IPI) O governo estabelece no Decreto nº 7.212, de 15 de junho de 2010, o Imposto sobre Produtos Industrializados, o entendimento, de acordo com o decreto, é que incide IPI em “qualquer operação com produto industrializado, nacional ou estrangeiro, mesmo incompleta, parcial ou intermediária”. Por esse entendimento, mesmo as mercadorias que entraram no país para industrialização são tributadas e, obviamente, as que já estão industrializadas e o fato gerador para a importação é o registro da DI, não considerando o destino a ser dado aos produtos importados, se para consumo, utilização, comércio, industrialização, locação e outros. 71UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional Segundo o decreto, a base de cálculo do IPI é o valor aduaneiro (VLMD+VFI +S+A), acrescido do Imposto de Importação, ou seja, o II faz parte da base de cálculo do IPI, embora controverso e muitos importadores alegam, compreensivelmente, que pagam imposto sobre imposto. Cálculo considerando o exemplo do II (item 2.1): = (Valor CIF+II)*A- líquota, exemplo, (R$128.000,00+R$6.400,00)*10%=R$13.440,00. A alíquota constante na Tabela do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI), constante no site do Ministério da Economia, é também com base na classificação da NCM do produto ou, segundo o decreto 7.212/10, “no caso de alíquotas específicas (valores fixos em reais) o valor do IPI será alcançado com a aplicação desses valores sobre a quantidade de produto industrializado importado”. 1.4. Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) Com base na Lei Complementar nº 7, de 7 de Setembro de 1970, (PIS) e Lei Complementar nº 70, de 30 de Dezembro de 1991, (COFINS) e suas alterações, foram estabelecidos dois tributos que se aplicam também na importação, com fato gerador no registro da DI. O PIS, conforme art. 1º “é instituído, na forma prevista nesta Lei, o Programa de Integração Social, destinado a promover a integração do empregado na vida e no de- senvolvimento das empresas”, já o COFINS conforme art. 1º “nos termos do inciso I do art. 195 da Constituição Federal, devida pelas pessoas jurídicas [...] destinadas exclusivamente às despesas com atividades fins das áreas de saúde, previdência e assistência social”. O destino da arrecadação desses tributos é distinto; o PIS é para promover a integração social do empregado, já o COFINS é para o financiamento da Seguridade Social – inclusive a Previdência Social, a Assistência Social e a Saúde Pública. Conforme Instrução Normativa RFB nº 1.401, de 09/10/2013, a base de cálculo tanto para o PIS como para o COFINS é o valor CIF (Custo, Seguro e Frete)*Alíquota. A alíquota estabelecida é de 1,65% para o PIS e de 7,6% para o COFINS, salvo exceções na tabela de classificação fiscal da mercadoria pela NCM, conforme site do Ministério da Economia. 1.5. Taxa de Utilização do Siscomex (TUS) De acordo com o Decreto n° 660, de 25/09/92, o Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX) é um instrumento administrativo que engloba as atividades de “regis- tro, acompanhamento e controle das operações de comércio exterior, mediante fluxo único, computadorizado, de informações [...] emite os documentos que envolvem as operações de 72UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional comércio exterior”. O simples fato de utilizar o software SISCOMEX no módulo Importação gera taxa denominada Taxa de Utilização do Siscomex (TUS). Essa taxa faz parte da base de cálculo do ICMS e o valor do recolhimento será conforme a quantidade de adições (considerando cada NCM uma adição), a saber: I - R$ 185,00 por DI; II - R$ 29,50 para cada adição à DI, observados os seguintes limites: a) até a 2ª adição - R$ 29,50; b) da 3ª à 5ª - R$ 23,60; c) da 6ª à 10ª - R$ 17,70; d) da 11ª à 20ª - R$ 11,80; e) da 21ª à 50ª - R$ 5,90; e f) a partir da 51ª - R$ 2,95. 1.6. Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) Primeiramente deve ficar claro que o ICMS é um imposto estadual, logo, trataremos aqui das regras gerais e você precisará consultar as alíquotas do ICMS de seu estado. A regra do ICMS do Paraná, por exemplo, está respaldada no Decreto nº 7.871, de 2017. Esse imposto incide sobre a circulação de mercadorias devido ao transporte interestadual e intermunicipal para “qualquer que seja a sua finalidade, por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto” e é de responsabilidade de cada estado, conforme ratificado na Lei complementar nº 114, de 16 de dezembro de 2002. Na importação, conforme disposto do decreto 7.871/17, e comum nos demais es- tados, o fato gerador do ICMS é o desembaraço da mercadoria. Sendo assim, entende-se que todos os impostos e mais as despesas ocorridas até o momento do desembaraço, fazem parte da base de cálculo do ICMS. Em suma, a base de cálculo do ICMS na importação é a soma do valor da mercado- ria constante na DI, acrescido do valor do II, IPI, PIS/COFINS e quaisquer outros impostos, taxas, contribuições e também as despesas aduaneiras. O montante do próprio imposto integra a base de cálculo, por meio do chamado “cálculo por dentro”, nas operações de importação. Por exemplo, numa importação de produto tributado a 18%, o cálculo será efetuado com base de cálculo do ICMS “por fora”, dividido por 0,82 (fator oriundo de 100% - 18% = 82%), multiplicado por 18% (alíquota). Desse modo, partindo de uma base de cálculo de 100 (base de cálculo “por fora”), ao invés de obtermos 18 (sistemática anterior), o ICMS será de 21,95 (sistemática atual). A taxa de câmbio utilizada no cálculo do ICMS deverá ser a mesma do imposto de importação, sem qualquer acréscimo ou devolução posterior caso tenha variação da taxa de câmbio até o pagamento efetivo do preço. Atualmente, existem níveis básicos de alíquotas para a incidência do imposto: 7%, 12% e 25%, incidentes sobre um grupo limitado de mercadorias, e 17% e 18%, estas 73UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional duas últimas incidentes sobre a maioria dos produtos, conforme o estado onde ocorrer a tributação, podendo existir situações ou operações com a utilização de percentuais dife- rentes. No Estado do Paraná, por exemplo, a alíquota integral é de 18%, sendo utilizado o Regulamento do ICMS aprovado pelo Decreto 7.871/17 e o convênio ICMS 52/91 como bases de consulta das alíquotas e benefícios. Mais uma vez é importante esclarecer que o cálculo apresentado é apenas para que você, estudante, tenha noção de como é a aplicação da legislação sobre os impostos, mas é importante que consulte a legislação de seu estado. Muitos estados, como Santa Catarina, têm benefícios fiscais para a importação com entrada pelos portos e aeroportos de seu estado. Já outros lugares, como Manaus, têm legislações específicas para produtos nacionalizados e oriundos de importação. 1.7. CIDE - Combustíveis A Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) é um tributo a ser recolhido na importação e demais negociações de combustíveis e tem a finalidade de contri- buir em investimentos em infraestrutura de transporte, em projetos ambientais relacionados à indústria de petróleo e gás e em subsídios ao transporte de álcool combustível, de gás natural e derivados e de petróleo e derivados. Instituído pela Lei no 10.336, de 19 de dezembro de 2001, tem como base geral “Art. 1º [...] a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico incidente sobre a importaçãoe a comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados, e álcool etílico combustível (Cide)”. Destacamos que a contribuição tem a distribuição do recurso bem delimitado, por exemplo, § 2o A distribuição a que se refere o § 1o deste artigo observará os seguin- tes critérios: I - 40% (quarenta por cento) proporcionalmente à extensão da malha viária federal e estadual pavimentada existente em cada Estado e no Distrito Federal, conforme estatísticas elaboradas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT;. II - 30% (trinta por cento) proporcionalmente ao consumo, em cada Estado e no Distrito Federal, dos combustíveis a que a Cide se aplica, conforme estatísticas elaboradas pela Agência Nacional do Petróleo – ANP; III - 20% (vinte por cento) proporcio- nalmente à população, conforme apurada pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE; IV - 10% (dez por cento) distribuídos em parcelas iguais entre os Estados e o Distrito Federal (BRASIL, 2001). A distribuição da arrecadação é feita diretamente aos estados brasileiros e Distrito Federal, conforme estabelecido em lei e tem o repasse feito no último dia útil de cada mês. Além das atribuições da distribuição, a mesma lei estabelece o fato gerador como sendo, 74UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional Art. 3º A Cide tem como fatos geradores as operações, realizadas pelos contribuintes de importação e de comercialização no mercado interno de: I – gasolinas e suas correntes; II - diesel e suas correntes; III – querosene de aviação e outros querosenes; IV - óleos combustíveis (fuel-oil); V - gás liquefeito de petróleo, inclusive o derivado de gás natural e de nafta; e VI - álcool etílico combustível. Caso o importador atue na importação de produtos que incidam a CIDE-Combustí- vel, precisa-se verificar na classificação fiscal da mercadoria, por meio da NCM, se consta como tratamento administrativo a incidência desse tributo. Caso tenha, deverá incluir em sua base de cálculo e no Siscomex o valor descrito na legislação. Resumindo, a previsão de coleta deste tributo é feita por metros cúbicos e/ou toneladas importados, por exemplo, Art. 5 A Cide terá, na importação e na comercialização no mercado interno, as seguintes alíquotas específicas: I – gasolina, R$ 860,00 por m³; II – diesel, R$ 390,00 por m³; III – querosene de aviação, R$ 92,10 por m³; IV – outros querosenes, R$ 92,10 por m³; V – óleos combustíveis com alto teor de en- xofre; VI – óleos combustíveis com baixo teor de enxofre, R$ 40,90 por t; VII – gás liquefeito de petróleo, inclusive o derivado de gás natural e da nafta, R$ 250,00 por t; VIII – álcool etílico combustível, R$ 37,20 por m³ (BRASIL, 2001). Os demais casos devem ser consultados na legislação. É importante lembrar que, como se trata de um tributo bem definido sobre a arrecadação e ser por unidade de me- dida, entra na base de cálculo em destaque e faz parte da base de cálculo do ICMS, por exemplo, quantidade de m³ * alíquota = x, ou seja, (Ym³*AL)=x. O valor de “x” entra na base de cálculo do ICMS como despesa junto com os demais valores da base de cálculo. Salientamos que, por se tratar de um tributo variável, conforme art. 15º, “os Ministérios da Fazenda e de Minas e Energia e a ANP poderão editar os atos necessários ao cumprimento das disposições contidas nesta Lei” a qualquer momento e sempre revisado. 1.8. Despesas Diversas As despesas diversas na importação dependem da modalidade em que se está fazendo o traslado da mercadoria. Caso a importação seja marítima, ocorrerá incidência de algumas taxas que no aéreo não há e vice e versa. Para tanto, o importador deve fazer seus cálculos das vantagens e desvantagens de cada modalidade e optar dentre as categorias de transporte qual a mais vantajosa para determinado momento. As modalidades mais co- muns são: Aéreo, Ferroviário, Hidroviário, Marítimo e Rodoviário, dentre elas, destacam-se as modalidades aérea e marítima. A base de cálculo do frete aéreo é obtida por meio do peso ou do volume da mer- cadoria, sendo considerado aquele que proporcionar o maior valor. As despesas diversas também acompanharão essa base de cálculo. Por exemplo, para desembaraço da merca- 75UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional doria, armazenagem, manuseio da carga, dentre outras taxas. A International Air Transport Association (IATA) estabeleceu a seguinte relação (peso/volume): 1 kg = 6000 cm³ ou 1 ton = 6 m³. Por exemplo: no caso de um peso de 1 kg acondicionado em um volume maior que 6.000 cm³, considera-se o volume como base de cálculo do frete, caso contrário, considera- -se o peso. Cálculo do peso cubado - exemplo: 45 cm x 37 cm x 58 cm = 0,45 m x 0,37 m x 0,58 m = 0,09657 m³ / 0,006 = 16,09 kg cubados. Essa será a base para as demais taxas e despesas de manuseio da carga. Quem envia essas despesas ao despachante/importador é o agente de cargas. As despesas mais comuns são chamadas de “Charges”, que podem ser classi- ficadas como manuseio da mercadoria, estocagem, armazenagem, repeso, conferência, contagem de mercadoria, taxa de segurança, dentre outras que poderão ocorrer. O mesmo que acontece no transporte aéreo acontece no transporte marítimo. De- pendendo do tipo de carga que está sendo importada e do tamanho do container escolhido, haverá maior ou menor incidência de despesas diversas. Uma carga consolidada (compartilhada no mesmo container) terá que ser aberta assim que chegar ao porto para pesagem e disposição para a Receita Federal. Esse ma- nuseio também gera uma despesa, chamada de Handling. A saber, há uma despesa de armazenagem do tempo em que a mercadoria estiver esperando para o desembaraço, uma taxa para contar a quantidade de caixas, taxa para pesagem, taxa para verificar se a carga passou por inspeção e assim por diante. As despesas diversas no transporte marítimo mais comuns são: Capatazias (THC): atividade de movimentação de cargas e mercadorias nas instalações portuárias em geral; Liberação de BL (BL Fee): a atividade de emitir e liberar o BL original ao exportador/importa- dor; Gate: taxa de recepção das unidades no terminal; ISPS (International Scurity and Port Security) ou TSF (Terminal Security Fee): para controle de acessos e monitoramento; Lacre (Seal): fornecimento do Lacre; Foodgrade: taxa para unidade padrão alimento; ENS/A.M.S / Transmission Fee: para transmissão dos dados de embarque para alfândega; VGM: co- brada para a transmissão dos dados; Damage Protection Surcharge (DPP – Proteção de danos): valor de seguro cobrado pela Cia Marítima; Drop Off: cobrada para utilizar um depot e deixar o container vazio armazenado; Taxa de Registro de Siscarga (TRS); Desconsolida- ção: cobrada pelo manuseio da documentação na importação. 76UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 2. SISTEMA INTEGRADO DE COMÉRCIO EXTERIOR - SISCOMEX De acordo com o Decreto n° 660, de 25 de setembro de 1992, o Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX) é um instrumento administrativo que engloba as ativida- des de “registro, acompanhamento e controle das operações de comércio exterior, median- te fluxo único, computadorizado, de informações [...] emite os documentos que envolvem as operações de comércio exterior”. O simples fato de utilizar o software SISCOMEX no módulo Importação gera uma taxa denominada Taxa de Utilização do Siscomex (TUS). Essa taxa faz parte da base de cálculo do ICMS e o valor do recolhimento será conforme a quantidade de adições (considerando cada NCM uma adição), conforme expressado no tópico dos impostos incidentes. Com a finalidade de coordenação das atividades de registro, o SISCOMEX é um sistema operacional que integra todos os dados de importação e exportação. Essa base de dadosenvolve pelo menos três procedimentos que permeiam uma importação. A base para qualquer importação pode ser subdividida em três, a saber: Administrativa: todos os procedimentos necessários para efetuar uma im- portação, são aplicados de acordo com a operação e/ou tipo de mercadoria a ser importada. Compreende todos os atos que estão a cargo da Secex, envolvendo a autorização para importar, que se completa com a emissão da licença de importação, tudo realizado via on-line no Siscomex (Sistema Integrado de Comércio Exterior), e interligados aos órgãos governamentais, Receita Federal, Banco Central do Brasil (Bacen) e todos os agentes que participam ativamente nos processos de exportação e importação. Cambial: é a transferência da moeda estrangeira para o exterior para o pagamento das importações, cujo controle está a cargo do Banco Central e que se pro- cessa por meio de um banco autorizado a operar em câmbio. Fiscal: que 77UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional compreende o despacho aduaneiro, mediante o recolhimento de tributos, e que se completa com a retirada física da mercadoria da alfândega (ARAÚJO, 2013, p. 52, grifo nosso). Segundo o autor, a etapa administrativa inicia o processo de importação, logo, está ligada à autorização de entrada de mercadoria no país. Já o setor cambial é de responsa- bilidade dos bancos e agentes financeiros e, por fim, o setor fiscal fica responsável pelas fiscalizações aduaneiras e recolhimento de taxas e tributos, conforme a legislação. 78UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 3. DESPACHO ADUANEIRO DE MERCADORIAS Para Tripoli e Prates (2016), a organização do processo de importação vai além da atividade entre importador e exportador, dessa forma podemos garantir que os órgãos governamentais, por sua complexidade, estabelecem alguns critérios para a verificação da mercadoria e também estabelecem os respondentes em cada fase do processo. O despacho aduaneiro fica a cargo do despachante aduaneiro, pessoa responsável pela tratativa com a Receita Federal e a entrega de todo documento solicitado. Normalmen- te, é o representante legal da empresa junto à aduna. Esse profissional passa por provas específicas e somente após comprovado o período de experiência na profissão é que pode atuar como despachante. Primeiro deve começar como ajudante de despachante, por uma média de cinco anos, após isso, realizar uma prova nacional de despachante e daí começa a atuar como despachante aduaneiro. É dele a função de acompanhar o desembaraço aduaneiro que é feito exclusiva- mente pela Receita Federal e órgãos envolvidos na importação do produto específico. Em suma, o despacho aduaneiro é a reunião de informações sobre a importação e a declaração de todas as informações em um sistema denominado Siscomex (Sistema de Comércio Ex- terior). Somente o despachante e a Receita Federal tem acesso às informações constantes no despacho aduaneiro. O Despacho Aduaneiro trata-se do procedimento de fiscalização que toda merca- doria deve passar, seja na importação ou exportação. No caso da importação é o momento 79UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional em que se solicita a autorização da nacionalização da mercadoria. Tem o objetivo de uma verificação precisa de todos os dados que foram fornecidos previamente pelo importador em relação à mercadoria importada, pois, com base nessas informações que são cobrados os tributos e taxas de importação. O regulamento aduaneiro, estudado na unidade anterior, estabelece os tipos de documentos e prazos necessários para o despacho da mercadoria e consequentemente culmina no desembaraço da mercadoria, feito pela fiscalização. Para que o despacho aduaneiro siga um fluxo de tempo razoável é importante seguir alguns passos como: 01. Conclusão da Transação Comercial, envio da FATURA PROFORMA ou PROFORMA INVOICE; 02. Classificação da Mercadoria (NCM) e des- crição de acordo com a NCM definida; 03. Verificar se a NCM tem L.I. e se o deferimento é antes ou após o embarque; 04. Confirmar com o importador se o Credenciamento no RADAR, procuração e Tela RADAR estão ok; 05. Verificar a modalidade de transporte e fazer a cotação de frete; 06. Solicitar o seguro internacional provisório; 07. Enviar instrução de embarque para o exportador com dados do agente, NCM’s e demais dados a serem mencionados nos conhecimentos; 08. Enviar dados do exportador para o agente de carga do Brasil enviar para o agente na origem; 09. Solicitar ao exportador a cópia da Invoice e Packing para conferência do DRAFT do B/L; 10. Acompanhar o embarque e conferir DRAFT do B/L; 11. Fazer Follow up da posição dos processos para o cliente. Seguindo, temos os passos: 12. Conferência Documental: solicitar ao exportador para enviar a cópia dos documentos originais e assinados por e-mail, antes do envio dos originais para o Brasil; 13. Solicitação dos documentos originais de importação para desem- baraço; 14. Acompanhar com o agente de carga e SISCARGA a chegada da mercadoria no Brasil; 15. Verificar o local onde será o desembaraço aduaneiro; 16. Verificar se os documentos originais chegaram; 17. Solicitar o Seguro Internacional definitivo; 18. Cotar o frete do transporte Rodoviário; 19. Fazer a Solicitação de Numerários; 20. Confirmar a atracação porto/Aeroporto; 21. Verificar se houve AVARIAS para comunicar a seguradora/ cliente; 22. Pagar taxas e providenciar a liberação do BL/AWB; 23. Providenciar a DTA (caso seja remoção para EADI) e ADTA no MAPA para container ou mercadorias que te- nham deferimento da L.I. pelo MAPA, ANVISA e outros; 24. Providenciar o deferimento da L.I. (se houver); 25. Registrar a D.I. e verificar parametrização; 26. Acompanhamento de desembaraço junto a Receita Federal; 27. Mercadoria desembaraçada, informar ao cliente; 28. Providenciar o carregamento; 29. Acompanhar até a entrega no cliente; 30. Separar 80UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional processo no operacional e enviar para o financeiro; 31. Prestação de contas da Operação; 32. Fim do processo. Com esses procedimentos provavelmente a mercadoria seguirá o fluxo corretamen- te de importação. Para melhor entendimento do fluxo e tempo do processo de despacho, observe o esquema: Figura 3 - Fluxo da importação Fonte: TechImpex (2020). Figura 4 - Fluxo da Exportação Fonte: Brasil (2020). 81UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional O desembaraço da mercadoria acontece logo após o registro da Declaração de Importação (DI) ou de Exportação (DE). No primeiro momento, o desembaraço envolve a verificação dos documentos que acompanham a mercadoria, com a finalidade de verificação legal dos procedimentos documentais, ou seja, se tem a Invoice (nota fiscal de compra), o Packing List (romaneio) e certificações, se for o caso. O desembaraço aduaneiro pode envolver dois procedimentos: a verificação docu- mental e a verificação da carga (física). Os documentos necessários para o desembaraço e também a verificação física da carga estão estabelecidos no Decreto 6.759/2009, artigo 553. Assim que a mercadoria chega ao Brasil, a carga é colocada em uma fila de espera, é nesse momento que a aduana verifica junto aos portos e aeroportos a “presença de carga”, ou seja, se o peso e dimensões fornecidos na documentação estão corretos. O sistema Siscomex é usado para completar o Registo da Mercadoria. Após o Registro da mercadoria o próprio sistema emite um documento denominado Declaração de Importação (DI). Após esse registro, a carga é parametrizada, para isso, usa-se um sistema de código para saber se está tudo correto com a mercadoria a ser nacionalizada. É no momento do registro da DI que sãorecolhidos automaticamente os impostos previstos em lei. Na parametrização da mercadoria a carga pode ser classificada como canal Verde (não há análise); canal amarelo (conferência documental), vermelho (conferência docu- mental e física), e canal cinza (todas as conferências anteriores e também a consulta legal dos produtos e também possível auditoria da carga ou na empresa). Nesse último normal- mente acontece em caso de suspeita de sonegação ou irregularidades na arrecadação do imposto. Em resumo temos: 1º -os bens chegam à alfândega nos portos ou aeroportos; 2º - verificação e registro da mercadoria; 3º - após desembaraço da DI e desembaraçada a mercadoria, ela é liberada com o Certificado de Importação (CI) e pode ir para a empresa. 3.1. Documentação Gerada nas Operações de Comércio Para a importação, conforme regulamento aduaneiro, é necessário: Certificado de origem; Packing list ou romaneio; Proforma Invoice; Conhecimento de embarque; Licenciamento de Importação (LI), quando necessário; Declaração de importação (DI) e Comprovante de Importação (CI) Já para a exportação são necessários: Fatura Pró-Forma; Nota fiscal; Fatura Comercial (Commercial Invoice); Conhecimento ou Certificado de Embarque; Romaneio (Packing List) e Certificado de Origem (Certificate of Origin). 82UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 3.2. Classificação Fiscal de Produtos A Receita Federal (RF) ajuda na classificação da mercadoria por meio de consulta pública (item a item), mas seria impossível importar se todas as vezes fosse preciso esperar a RF classificar para o cliente os produtos, por isso, é de domínio público a lista de NCMs dos produtos comuns nas transações de comércio exterior. Mas e os produtos que vão surgindo no decorrer do tempo? E os produtos que deixam de existir? Bem, para esses casos, a classificação é feita por associação ou aproximação de produtos. Se fosse necessário classificar um disco voador, por exemplo, não há número de NCM para esse produto, mas há um relacionado: 8803.30.00 - Aeronaves e aparelhos espaciais e suas partes. Mesmo sendo estabelecidos números para a classificação da mercadoria, na prática, é comum os fornecedores enviarem documentos com classifica- ções distintas, pois, muitas vezes, no país de origem o número não está atualizado ou a fiscalização é mais branda quanto à classificação fiscal. A saber, a classificação incorreta, para o Brasil, é passiva de multas altíssimas, onerando o importador/exportador; esse sistema é adotado desde 1995 pelo Sistema Harmonizado (SH), criado pela OMC e define o tratamento administrativo. Observando o número de classificação do produto, é possível constatar que a classificação fiscal é composta por quatro dígitos: 0000 (xxxx). Entretanto, para o Brasil, deve-se atentar para a classificação mais específica do produto. No exemplo da caneta, seu material constituinte poderia ser de madeira, logo o tratamento administrativo seria pelo Ministério da agricultura (MAPA), poderia dar choque (ANVISA), poderia ser banhada a ouro, poderia ser de plástico etc. Para cada tipo de caneta há uma subclassificação. Há livros específicos e disci- plinas detalhadas para a classificação da mercadoria, mas, para entender a estrutura da classificação que designa o tratamento administrativo de um produto, você pode observar a Figura 5. 83UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional Figura 5 – Estrutura do NCM Fonte: o autor. Na estrutura anterior é notório que, dependendo do tipo da caneta, haverá uma classificação específica e a classificação incorreta pode gerar multas na importação. Isso acontece pelo motivo de que em cada tipo de caneta haverá um custo envolvido, logo, a tributação sofrerá variações. A classificação de mercadoria é um trabalho árduo, até mesmo para os profissionais do comércio exterior. Alguns produtos possuem também uma defesa chamada Antidumping, para tornar o produto concorrente, outras simplesmente podem não seguir os padrões nacionais de segurança estabelecidos pelo INMETRO. Para Assumpção (2007), o controle administrativo nas importações é realizado pelo tratamento administrativo, podendo ser consultado no site do MDIC e nele consta se o produto pode ser trazido livremente ou se precisa de autorização, ou seja, por meio da Licença de Importação (LI) sujeita a anuência de órgãos do governo ou podem ser trazidos para o tratamento administrativo já estabelecido na NCM de cada produto. 3.3. Regimes Aduaneiros Especiais e Atípicos Para entender o que são casos especiais de importação e exportação precisamos pensar em algumas situações! Imagine que você é um(a) esportista e competidor(a) em vá- rias campeonatos de tiro ao alvo. Um dia você é convidado(a) para participar de um evento no Brasil. No primeiro momento você fica muito feliz, pois poderá competir em outro país e, além disso, pode mostrar seus talentos a todo o mundo, afinal essa é uma competição mundial que está acontecendo no Brasil e é transmitida em diversas redes sociais. Você tem um agente no Brasil que te ajudará a alugar um hotel e você fica responsável por trazer todos os seus instrumentos de competição. Mas, para trazer no avião, deverá despachar a mercadoria, pois são muitos instrumentos. Nesse caso, o seu agente aqui no Brasil terá 84UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional que trazer seus pertences temporariamente e depois devolver ao país de origem. Vamos observar alguns regimes especiais a seguir. 3.3.1. Importação exportação temporária Nesses casos, a Instrução Normativa (IN) número 1600, de 14 de dezembro de 2015, irá respaldar que essa mercadoria entre e saia do Brasil de forma adequada e seu evento ocorra conforme o planejado. Entretanto, na feira, um investidor gostou muito do carro híbrido e agora fez uma proposta irrecusável a você. Ele vai comprar o carro, mas legalmente você não fez a importação para revenda e sim para exposição. Bem, nesse caso, é possível você fazer a importação definitiva da mercadoria, desde que previsto em lei. Esse exemplo que foi dado é um caso de importação temporária, segundo o site da Receita Federal, uma importação temporária é um regime aduaneiro que possibilita a entrada de algumas mercadorias no país com uma finalidade específica e com período previamente determinado de permanência em território nacional. Para esses casos, os impostos ficarão suspensos e o importador terá que assinar um termo de compromisso com data prevista de devolução da mercadoria ao país de origem. Basicamente, essas exportações são feitas para feiras, exposições, congressos, eventos (de caráter científico, comercial, técnico, cultural ou esportivo) que visem a promo- ção comercial e/ou para o uso individual em exercício temporário de atividade profissional de não residente (que não more no país). Segundo a IN 1600/14, o processo para a importação temporária, por ser uma importação especial deve seguir basicamente os seguintes passos: a) pode ser solicitado por pessoa física ou jurídica mediante a solicitação; b) o pedido deve ser feito diretamente na unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) pelo importador ou seu re- presentante legal, nesse caso, o despachante; c) assinar o Termo de Responsabilidade em que consta multa e penalidades legais se o regime de importação temporária for descum- prida; d) será realizada uma importação de importação simplificada, ou seja, Declaração Simplificada de Importação (DSI) – eletrônica ou em papel; e) caso a mercadoria venha junto com o exportador para a feira ou evento, deverá declarar a situação por meio da Declaração de Bagagem Acompanhada/Desacompanhada, a Declaração de Importação (DI) ou outras documentações solicitadas pela Receita Federal; f) o prazo paraa concessão ou indeferimento do regime tem prazo estabelecido de até 30 dias, caso toda a documen- tação e exigências estiverem corretas na solicitação; g) por fim, a legislação defende que 85UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional a fiscalização pode solicitar vistoria da mercadoria, inclusive no evento para a constatação da finalidade da mercadoria. Caso o interesse secundário da mercadoria também seja para venda, o solicitante deve esclarecer nos documentos de importação temporária, alertando que, caso a merca- doria seja vendida, fará a nacionalização normal do produto; seguindo os procedimentos de uma importação para revenda e novo processo administrativo será aberto para a nacio- nalização da mercadoria. 3.3.2. Importação exportação “triangular” Também conhecida como importação por conta e ordem, a importação triangular tem respaldo legal e são estabelecidas regras por meio da Instrução Normativa nº 1.861, de 27 de dezembro de 2018. Segundo esta IN, nota-se que: Art. 2º Considera-se operação de importação por conta e ordem de terceiro aquela em que a pessoa jurídica importadora é contratada para promover, em seu nome, o despacho aduaneiro de importação de mercadoria estrangeira, adquirida no exterior por outra pessoa jurídica. § 1º Considera-se adquirente de mercadoria estrangeira importada por sua conta e ordem a pessoa ju- rídica que realiza transação comercial de compra e venda da mercadoria no exterior, em seu nome e com recursos próprios, e contrata o importador por conta e ordem referido no caput para promover o despacho aduaneiro de importação. § 2º O objeto principal da relação jurídica de que trata este artigo é a prestação do serviço de promoção do despacho aduaneiro de importação, realizada pelo importador por conta e ordem de terceiro a pedido do adquirente de mercadoria importada por sua conta e ordem, em razão de contrato previamente firmado, que poderá compreender, ainda, outros serviços relacionados com a operação de importação, como a realização de cotação de preços, a intermediação comercial e o pagamento ao fornecedor estrangeiro. De acordo com a legislação, uma empresa importadora pode ser contratada para trazer uma mercadoria, em sua totalidade, para outra empresa no Brasil que não é impor- tadora. A negociação é simples: o cliente entra em contato com a empresa importadora e compra uma carga inteira de determinado produto, entretanto esta empresa compradora, por algum motivo, não pode importar diretamente o produto. Então, essa empresa estabelece que pagará por toda a importação, inclusive o recolhimento dos impostos, mas o nome do importador será o da empresa que tem o know-how ou capacidade de importação junto ao RADAR (departamento responsável pelo credenciamento de uma empresa importadora). Para que a importação por conta e ordem (triangular) aconteça, a empresa contra- tada como importadora precisa atuar também no seguimento do produto que está sendo embarcado. 86UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional 3.3.3. EX-tarifário O regime de EX-tarifário (ou “exceção tarifária”) é um sistema governamental para a estimulação ou desestimulação de importação de determinados produtos. Basicamente tem objetivo de rever as questões tributárias de determinados insumos ou máquinas impor- tadas. O EX-tarifário não é imutável, por isso o importador que quer se beneficiar de redu- ções de tributos deve observar sempre as modificações que são feitas pelo governo. Por exemplo, pode ocorrer a isenção tributária na área de determinados medicamentos, com o objetivo de suprir o mercado brasileiro com alguma medicação que esteja com falta de demanda, entretanto um tempo depois não existe mais essa redução devido à saturação de mercado. As últimas portarias revisadas pelo governo foram as de número 309, de 24 de junho de 2019, e número 324, de 29 de agosto de 2019. De modo geral, o EX-tarifário consiste na redução por um determinado tempo da alíquota do imposto de importação (II) de bens de capital (BK), de informática e telecomuni- cação (BIT), na Tarifa Externa Comum do Mercosul (TEC) que pode ser encontrado na lista de Nomenclatura (NCM), quando não houver a produção nacional equivalente. No ano de 2019 o Ministério da Economia promoveu a redução a 0% ao amparo do Ex-Tarifário. Caso o importador não opte pelo EX-tarifário, as importações de BK têm incidência de 14% de Imposto de Importação, e as de BIT, 16%. É notório que o regime especial de EX-tarifário ajuda no investimento do país, uma vez que o custo da importação fica melhor com o recolhimento do II reduzido. A promoção desse regime visa: a) investimento em bens de capital (BK); b) investimento em informática e telecomunicação (BIT) – desde que não tenham produção considerável no país; c) ino- vação e tecnologia; d) estimula a empregabilidade e renda sobre diferentes segmentos da economia nacional. Ainda, algumas máquinas, segundo a legislação, podem ser importadas com o benefício do EX-tarifário, uma vez que comprovada que a entrada desse maquinário irá produzir produtos inovadores, inéditos ou mesmo a empregabilidade das pessoas. Para essa comprovação, o importador pode pedir EX-tarifário excepcional, caso não esteja na classificação da mercadoria que aquele produto pode gerar emprego ou inovações de mercado. Para isso, o importador precisa passar por um processo rigoroso de análise. Já na nova tratativa, as Portarias do Ministério da Economia nº 309, de 24 de junho de 2019, e nº 324, de 29 de agosto de 2019 estabelecem as regras para a solicitação 87UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional de análise de EX-tarifário. O prazo para a análise do pedido varia de acordo com a comple- xidade das características do produto. Na exportação destaca-se o Drawback, que para Tripoli e Prates (2016, p. 109) é “é um regime aduaneiro especial pelo qual se pode suspender ou eliminar tributos incidentes sobre certos produtos, como o Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI)”. É um bene- fício usado principalmente para fabricar artigos destinados à exportação. 3.3.4. Acordos comerciais Desde 1990 a Confederação Nacional da Indústria (CNI) atua para que o Brasil tenha planejamento estratégico na comercialização e a redução de barreiras, em sua maio- ria a redução tarifária, entre países com relacionamento comercial. Além das reduções tarifárias, os acordos estabelecem regras e disciplinas, condições iguais de competição em mercados estratégicos, maior participação do Brasil nas cadeias de produção internacional e maior acesso ao conhecimento de novas tecnologias. Tem como objetivos também as reformas domésticas, maior produtividade em es- cala e redução do custo de produção e, finalmente, a competitividade. Os acordos servem para a não discriminação de produtos oriundos do Brasil. Os acordos comerciais recente- mente analisados pela CNI. Os acordos mais comuns firmados pelo Brasil são Mercado Comum do Sul (MER- COSUL), Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA), Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP), Sistema Geral de Preferências (SGP), Sistema Global de Preferências Comerciais (SGPC). Já os acordos comerciais e negociações internacionais são os estabelecidos com a Organi- zação Mundial do Comércio (OMC), União Europeia (EU), UNCTAD, Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), Ministério da Economia e o Grupo dos 77. Todos os acordos estão disponíveis nos canais eletrônicos e também em legislações específicas. Entre os acordos com preferência tarifárias destacamos os de Regimes de Origem, Certificado de Origem, Certificado de Origem Digital (COD), ABC das Regras de Origem e Pesquisa de Mercado. Caso queira consultar o que prevê cadaum deles, é importante que leia os acordos na íntegra. Os acordos firmados exclusivamente com países são: Acordo de Sementes entre países da ALADI (AG-02), Acordo de Bens Culturais entre países da ALADI (AR-07), Brasil - Uruguai (ACE-02), Brasil - Argentina (ACE-14), Mercosul (ACE-18), Mercosul - Chile (ACE- 35), Mercosul - Bolívia (ACE-36), Brasil - México (ACE-53), Mercosul - México (ACE-54), 88UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional Automotivo Mercosul - México (ACE-55), Mercosul - Peru (ACE-58), Mercosul - Colômbia, Equador e Venezuela (ACE-59), Brasil/Guiana/São Cristóvão e Névis(AAP.A25TM 38), Brasil - Suriname (ACE-41), Brasil - Venezuela (ACE-69), Mercosul - Colômbia (ACE-72), Mercosul - Cuba (ACE-62), Mercosul/ Índia, Mercosul/ Israel, Mercosul/ SACU, Mercosul/ Egito, Mercosul/Palestina - AINDA SEM VIGÊNCIA, Acordo de Ampliação Econômico-Co- mercial Brasil – Peru (AINDA SEM VIGÊNCIA) e Brasil - Paraguai (ACE-74). Todos os acordos comerciais estão respaldados por regras de ambas as partes, por isso, não cabe aqui a análise de cada um deles, mas é importante esclarecer que, em caso de importação, os acordos internacionais devem ser consultados para a facilitação das negociações e possíveis benefícios tributários. SAIBA MAIS A Receita Federal disponibiliza um site para treinamento do novo processo de importa- ção (DUIMP). Para acessar é necessário ter um certificado digital, vale a pena conferir. Acesse: http://www.siscomex.gov.br/sistema/sistemas-em-treinamento/. REFLITA “Países que impedem o relacionamento comercial com outros, caminham para o caos e causam a morte de centenas de pessoas da própria cidadania, gerando uma grande insatisfação interna com outros simpatizantes internacionais” (Helgir Girodo). 89UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional CONSIDERAÇÕES FINAIS Na última parte de nossos estudos verificamos os tipos de tributos cumulativos e não cumulativos, os impostos e taxas incidentes da importação e exportação, além das medidas que o governo toma para a manutenção da coleta e vistoria dos impostos. Além disso, tratamos também sobre a importância de se verificar quais impostos incidem em cada tipo de importação e exportação. Na sequência, notamos que a modalidade de transporte e o estado em que a mercadoria é desembaraçada podem influenciar no custo total da importação e, por isso, sempre orientamos consultar a legislação vigente e estado em que se deseja fazer a impor- tação. Além disso, refletimos sobre o processo de desembaraço das mercadorias e o papel do despachante aduaneiro, principalmente na chegada da mercadoria no Brasil. Por fim, além das medidas de contribuição e defesa comercial, tratamos também dos importantes documentos envolvidos na importação de qualquer produto para ser nacionalizado. Confor- me as legislações estabelecidas, foi possível entender que o processo de importação, da origem ao destino é tomado de detalhes importantes e cada departamento solicitará uma documentação específica. Sugiro que busque conhecer alguma empresa que faz esses processos de despa- cho aduaneiro e também, quando possível, vá fazer uma visita aos portos e aeroportos que têm departamento de importação. Você entenderá que o processo é complexo, mas cheio de possibilidades de atuação. Com este material, muitas vezes o(a) estudante pode se perguntar se realmente vale a penas importar mercadorias de outros países. Não tenha dúvidas disso. Seja pela falta de mercadoria ou por novidades de mercado, sempre é interessante fazer comércio com outros países e, acima de tudo, o custo de produção dos outros países faz com que a oferta e demanda seja cada vez mais universal. Até a próxima. 90UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional MATERIAL COMPLEMENTAR FILME/VÍDEO Título: A dama de Ferro Ano produção: 2012 Duração: 1h 44min Classificação: 14 anos Gênero: Biografia. Sinopse: Antes de se posicionar e adquirir o status de verdadeira dama de ferro na mais alta esfera do poder britânico, Margaret Thatcher (Meryl Streep) teve que enfrentar vários preconceitos na função de primeira-ministra do Reino Unido em um mundo, até então, dominado por homens. Durante a recessão econômica, causada pela crise do petróleo no fim da década de 70, a líder política tomou medidas impopulares, visando a recuperação do comércio do país. Seu grande teste, entretanto, foi quando o Reino Unido entrou em conflito com a Argentina na conhecida e polêmica Guerra das Malvinas. LIVRO Título: Negociações Internacionais Autor: Tânia Manzur Editora: Saraiva Sinopse: É fundamental que a preparação de negociadores inter- nacionais atenda a um rol de exigências que permita alcançar con- sensos, promover acordos, superar barreiras, sugerir caminhos, inovar e empreender. Pensando nisso, este livro, além de apre- sentar um balanço teórico-conceitual da negociação internacional e sugerir técnicas e estratégias para a formação do negociador internacional eficiente, também busca contribuir para uma inser- ção internacional mais eficaz do Brasil a partir da formação de negociadores capazes e conscientes de seu papel. 91 REFERÊNCIAS APRENDENDO A EXPORTAR. Fluxo da Exportação. 2020. Disponível em: http://www.aprenden- doaexportar.gov.br/index.php/operacionalizando-a-exportacao/fluxo-basico-da-exportacao ARAÚJO, J. M. F. 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Dispõe sobre o Plano Real, o Sistema Monetário Nacional, Estabelece as Regras e Condições de Emissão do REAL e os Critérios para Conversão das Obrigações para o REAL, e dá outras providências. Disponível em: https://www.camara.leg.br/ proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=244283. NYEGRAY, J. A. L. Legislação Aduaneira, Comércio Exterior e Negócios Internacionais. Curi- tiba: Intersaberes, 2016. OLIVEIRA, F. A. et al. Novos Olhares Sobre a Política Externa Brasileira. São Paulo: Contexto, 2017. OLIVEIRA. A. L. O Pesadelo do Contencioso Administrativo Aduaneiro. 2020. Disponível em: https://www.liraatlaw.com/conteudo/o-pesadelo-do-contencioso-administrativo-aduaneiro.92 PALÁCIO DO PLANALTO. Decreto n° 660, de 25 de setembro de 1992. Disposições sobre TUS. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0660.htm. PALÁCIO DO PLANALTO. Decreto n° 660, de 25.9.92 Disposições sobre TUS. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0660.htm. Acesso em: 10 mar. 2020. PALÁCIO DO PLANALTO. Decreto nº 3.000, de 1999, substituído por Decreto nº 9.580, de 22 de novembro de 2018. Regulamenta a tributação, a fiscalização, a arrecadação e a administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Disponível em: http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Decreto/D9580.htm#art4. PALÁCIO DO PLANALTO. Decreto Nº 6.759, De 5 De Fevereiro De 2009. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6759.htm <Acesso 09 fev. 2020, às 16:55> PALÁCIO DO PLANALTO. Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009. Regulamenta a adminis- tração das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de co- mércio exterior. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/ d6759.htm. PALÁCIO DO PLANALTO. Decreto nº 7.212, de 15 de junho de 2010. Disposições sobre IPI. Dis- ponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7212.htm. Acesso em: 10 fev. 2020. PALÁCIO DO PLANALTO. Decreto nº 7.212, de 15 de junho de 2010. Disposições sobre IPI. Dis- ponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7212.htm. PALÁCIO DO PLANALTO. Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Dispõe sobre o processo administrativo fiscal e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ decreto/D70235cons.htm. PALÁCIO DO PLANALTO. Decreto-Lei nº 1.455, de 7 de abril de 1976. Dispõe sobre bagagem de passageiro procedente do exterior, disciplina o regime de entreposto aduaneiro, estabelece normas sobre mercadorias estrangeiras apreendidas e dá outras providências. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del1455.htm. PALÁCIO DO PLANALTO. Decreto-lei nº 1.578/77. Dispõe sobre o Imposto de Exportação. Dispo- nível em: http://www.portaltributario.com.br/tributos/impostodeexportacao.htm PALÁCIO DO PLANALTO. Decreto-lei nº 288, de 28 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a Zona Franca de Manaus. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del0288.htm. PALÁCIO DO PLANALTO. Decreto-Lei nº 37, de 18 de novembro de 1966. Dispõe sobre o impos- to de importação, reorganiza os serviços aduaneiros e dá outras providências. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del0037.htm. PALÁCIO DO PLANALTO. Lei 9.019, de 30 de março de 1995. Decreto nº 1.751, de 19 de de- zembro de 1995. Disposições sobre medidas e subsídios. Disponível em: http://www.mdic.gov.br/ index.php/comercio-exterior/defesa-comercial/205-defesa-comercial-2/o-que-e-defesa-comercial/ 1774-medidas-subsidios-e-medidas-compensatorias. Acesso em: 22 mar. 2020. PALÁCIO DO PLANALTO. Lei Complementar nº 114, de 16 de dezembro de 2002. Disposições sobre poderes dos Estados. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp114.htm PALÁCIO DO PLANALTO. Lei Complementar nº 70 de 30 de Dezembro de 1991. Disposições sobre COFINS. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp70.htm. Acesso em: 10 mar. 2020. 93 PALÁCIO DO PLANALTO. Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002. Dispõe sobre a não-cu- mulatividade na cobrança da contribuição para os Programas de Integração Social (PIS) e de For- mação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep), nos casos que especifica; sobre o pagamento e o parcelamento de débitos tributários federais, a compensação de créditos fiscais, a declaração de inaptidão de inscrição de pessoas jurídicas, a legislação aduaneira, e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10637.htm. PALÁCIO DO PLANALTO. Lei nº 10.833, de 29 de dezembro 2003. Altera a Legislação Tributária Federal e dá outras providências. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2003/lei- -10833-29-dezembro-2003-497045-publicacaooriginal-1-pl.html. PALÁCIO DO PLANALTO. Lei nº 11.508/2007, nº 6.814/2009 e Decretos nº 9.993/2019. Dispõem sobre Zona de Processamento de Exportação (ZPE). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11508compilado.htm. PALÁCIO DO PLANALTO. Lei nº 11.732, de 30 de Junho de 2008. Benefícios áreas de livre comér- cio. Disponível em: http://www.mdic.gov.br/. PALÁCIO DO PLANALTO. Lei nº 12.815, de 5 de junho de 2013. Dispõe sobre os portos e ae- roportos brasileiros. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/ L12815.htm. PALÁCIO DO PLANALTO. Lei nº 13.008, de 26 de junho de 2014. Dá nova redação ao art. 334 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal e acrescenta-lhe o art. 334-A. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13008.htm. PALÁCIO DO PLANALTO. Lei nº 3.244, de 14 de agosto de 1957. Disposições sobre II. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L3244.htm. Acesso em: 10 mar. 2020. PALÁCIO DO PLANALTO. Lei nº 3.244, de 14 de agosto de 1957. Disposições sobre II. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L3244.htm RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Decreto nº 7.871 de 2017. Disposições sobre ICMS Paraná. Disponível em: http://www.fazenda.pr.gov.br/arquivos/File/Legislacao/RICMS2017.pdf. Acesso em: 10 mar. 2020. RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Decreto nº 7.871/17. Disposições sobre ICMS Paraná. Disponí- vel em: http://www.fazenda.pr.gov.br/arquivos/File/Legislacao/RICMS2017.pdf RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Instrução Normativa nº 1.861, de 27 de dezembro de 2018. Estabelece requisitos e condições para a realização de operações de importação por conta e ordem de terceiro e por encomenda. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/ link.action?visao=anotado&idAto=97727. RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Instrução Normativa RFB nº 1.401 de 09 de outubro de 2013. Disposições sobre base de cálculo PIS/COFINS. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov. br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=46792. RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Instrução Normativa RFB nº 1169, de 29 de junho de 2011. Es- tabelece procedimentos especiais de controle, na importação ou na exportação de bens e mercado- rias, diante de suspeita de irregularidade punível com a pena de perdimento. Disponível em: http:// normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=16141#129663. RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Instrução Normativa RFB nº 1600, de 14 de dezembro de 2015. Dispõe sobre a aplicação dos regimes aduaneiros especiais de admissão temporária e de exportação temporária. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.ac- tion?idAto=70297&visao=anotado 94UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Instrução Normativa SRF nº 680, de 02 de outubro de 2006. Disciplina o despacho aduaneiro de importação. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov. br/sijut2consulta/link.action?idAto=15618. RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Instrução Normativa SRF nº 98, de 29 de dezembro de 1997. Disposições sobre recolhimento. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consul- ta/link.action?visao=anotado&idAto=15618#123476. Acesso em: 10 mar. 2020. RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Lei nº 10.336, de 19 de dezembro de 2001. Institui Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico incidente sobre a importação e a comercialização de petró- leo e seus derivados, gás natural e seus derivados, e álcool etílico combustível (Cide), e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10336.htm. RECEITA FEDERAL DO BRASIL.Portaria nº 309, de 24 de junho de 2019, e nº 324, de 29 de agosto de 2019. Estabelece regras procedimentais para análise de pedidos de redução temporária e excepcional da alíquota do Imposto de Importação para bens de capital - BK e bens de informática e telecomunicações - BIT sem produção nacional equivalente, por meio de regime de Ex-tarifário. Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idA- to=101914 RECEITA FEDERAL. Multas na Importação. 2020. Disponível em: http://receita.economia.gov.br/ orientacao/aduaneira/manuais/despacho-de-importacao/topicos-1/infracoes-e-penalidades/multas- -na-importacao/quadro-resumo. RECEITA FEDERAL. Proibições e Restrições. Disponível em: http://receita.economia.gov.br/ orientacao/aduaneira/viagens-internacionais/guia-do-viajante/entrada-no-brasil/proibicoes-restri- coes. Acesso em: 22 mai. 2020. SILVA. M. C. Zonas Libres Puertos Francos. Equador: Quito, 1977. TECHIMPEX. Fluxo de importação. 2020. Disponível em: http://www.techimpex.com.br/tech_ser- vicos/conteudo/fluxogramas/importacao_maritima_amarelo-vermelho.htm. TREVISAN. Rosaldo. Temas atuais de direito aduaneiro. Porto Alegre: Editora Lex., 2008. p. 24. TRIPOLI, A. C. K.; PRATES, R. C. Comércio Internacional: Teoria e Prática. Curitiba: Intersaberes, 2016. 95 CONCLUSÃO Prezado(a) aluno(a), Neste estudo foi exposto a você os principais conceitos sobre Legislação Aduaneira e Tributária. Para tanto, iniciamos o nosso material com os conceitos teóricos que envolvem legislação e a base legal, ficando claro a você que a legislação e os processos aduaneiros são mutáveis, ou seja, devem ser pesquisados toda vez que necessário, pois trata-se de muito respaldo por meio de legislações e podem mudar dependendo do mercado interno e externo. Destacamos, principalmente na terceira unidade, questões relativas às penalidades aduaneiras e os processos que mais dão equívocos na importação e exportação. Escla- recemos também alguns procedimentos internos e externos das aduanas. Neste material você pode ver a diferença fiscal entre os tributos e taxas, assim como o papel da alfândega e da aduana brasileira. Você pode observar que, ainda que moroso, o sistema brasileiro de legislação aduaneira é bem rígido e cheio de regras e procedimentos bem concisos. Ao pensar em legislação tributária e aduaneira você precisa lembrar que tratamos da fundamentação teórica, ou seja, a base legal para cada processo e situação. Hoje, quem faz a análise e previsão de possíveis multas e complicações é o despachante aduaneiro, logo, com essas empresas estão os profissionais mais atualizados no mercado de trabalho sobre a legislação. Caso você tenha oportunidade, converse com um profissional desta área. Por fim, quero respaldar nossa pesquisa em fatores práticos. O que isso quer dizer? Tente pensar em um processo de importação de um produto e depois vá até a base legal e faça a classificação deste produto. Em seguida, veja as possíveis multas e complicações que você possa ter na importação ou exportação. Saiba que você é quem dará respaldo para as empresas importadoras e exportadoras. Espero que você esteja preparado(a) para atuar no mercado de trabalho. Afirmo que a área da gestão é pautada por experiências, logo, faça testes, converse com seus parceiros de estudo e compartilhe informações. Nosso desejo é que possamos nos encontrar em breve! Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigado! Legislação Aduaneira e Tributária (UniFatecie).pdf UNIDADE I Fundamentos da Legislação UNIDADE II Franquias Territoriais UNIDADE III Sujeição Passiva dos Impostos de Importação e de Exportação UNIDADE IV Operações de Importação e Exportação - Panorâmica Tributária, Documental e Operacional