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Lógica Matemática INTRODUÇÃO À MATEMÁTICA - MATC 220 LICENCIATURA EM MATEMÁTICA 2 8 /0 8 /2 0 1 5 P ro fª K ar in e P u ga s 1 Aula 03 Sumário 1. Relação de Implicação 2. Regras de Inferências 3. Argumentos 4. Validade de um argumento 2 8 /0 8 /2 0 1 5 P ro fª K ar in e P u ga s 2 Relação de Implicação Nesta relação vamos verificar quando uma proposição (seja ela simples ou composta) implica outra; isto acontece sempre que não ocorre a situação VF, ou seja, a primeira proposição ser verdadeira e a segunda falsa. Definição: Dizemos que uma proposição P implica logicamente (ou apenas implica) uma outra proposição Q quando Q é verdadeira sempre que P for verdadeira. Em outras palavras, nas suas tabelas-verdade não ocorre VF. Notação: P Q (lê-se: P implica Q) Implicação Lógica Exemplos: a) 3 = 2 + 1 3² = (2 + 1)². Podemos usar o símbolo , pois a proposição condicional: 3 = 2 + 1 3²= (2 + 1)² é verdadeira. b) Não podemos escrever que 3 > 2 3 > 4, pois a proposição condicional: 3 > 2 3 > 4 é falsa. Os símbolos e são distintos: o primeiro é o símbolo da operação lógica condicional e o segundo, é o símbolo da relação que estabelece que a condicional P Q é uma tautologia. Dizer que P Q significa que a condicional P Q é tautológica, ou seja, para verificarmos se vale a implicação P Q, podemos utilizar as tabelas- verdade. Se P Q, então não ocorre V(P) = V e V(Q) = F. Relação de Implicação p q p q p q p q p q V V V V V V F F V V F V F V V F F F F V Exemplo: Temos que p q p q, pois a condicional p q p q é uma tautologia, ou seja, sua tabela verdade só admite valores lógicos verdadeiros. Relação de Implicação Implicação Lógica (p ^ q) p V V V V Exemplo: Mostrar que (p ^ q) p p q p ^ q V V V V F F F V F F F F Como (p ^ q) p é uma tautologia, então (p ^ q) p, isto é, ocorre a implicação lógica. Equivalência X Implicação Uma diferença importantíssima entre a implicação e equivalência reside no fato de que, na implicação, só há o caminho de ida, não existe o de volta. Ou melhor, toda equivalência é uma implicação lógica por natureza. Diferentemente, a implicação não se trata necessariamente de uma equivalência lógica. Podemos então dizer que toda equivalência é uma implicação lógica, mas nem toda implicação é uma equivalência lógica. Regras de Inferência Algumas implicações lógicas se destacam por terem papel importante nas demonstrações matemáticas. Tais implicações são chamadas de Regras de Inferência. Vejamos alguns exemplos: 1) Regra da Adição (AD) 2) Regra da Simplificação (SIMP) (p ∧ q) ⇒ p (p ∧ q) ⇒ q 3) Regra do Modus Ponens (MP) (p →q)∧ p ⇒ q 4) Regra do Modus Tollens (MT) (p →q)∧ ∼ q ⇒ ∼ p 5) Regra do Silogismo Hipotético (SH) (p →q)∧(q → r ) ⇒ p → r 2 8 /0 8 /2 0 1 5 P ro fª K ar in e P u ga s 9 p (p q) q (p q) 1. Considere as proposições: p, q, r, s dadas por: p: 7 + 2 = 9 q: ( 7 + 2 )2 = 81 r: 20= 1 s: 02= 2 e diga se são verdadeiras ou falsas as relações abaixo: a) r ⇔ s b) r ⇔ q ∨ s c) ~ p ⇔ s ∨ r d) p ⇔ q e) ~ r ⇔ ( q ∧ ~s ) f) ~ r ⇔ ( s ∨ ~ q ) g) p ⇒ q h) ~ r ⇒ q ∨ s i) ~ r ⇒ s ∨ r j) ( p → p ) ⇒ ( q ∧ r ) k) ~ r ⇒ ( q ∧ ~s ) l) ~ r ⇒ ( s ∨ ~ q ) 2 8 /0 8 /2 0 1 5 P ro fª K ar in e P u ga s 10 2. Utilizando tabelas-verdade, verifique se existem as relações de implicação lógica seguintes: a) p q q p b) ~( p q ) ~p ~q c) (p q) (r ~q) r ~p d) ~p ( ~q p ) ~(p ~q) 2 8 /0 8 /2 0 1 5 P ro fª K ar in e P u ga s 11 existe existe existe existe ARGUMENTAÇÃO LÓGICA A Lógica é o estudo de argumentos. Um argumento é uma sequência de proposições/enunciados na qual um dos enunciados é a conclusão e os demais são premissas. As premissas de um argumento servem para provar, ou fornecer evidências para a conclusão. 12 Argumentos • Todos os homens são mortais (Premissa) • Sócrates é um homem (Premissa) Sócrates é mortal (Conclusão) • Se eu fosse cantora então seria artista. (Premissa) • Não sou cantora. (Premissa) Não sou artista. (Conclusão) 13 Um argumento que contém duas premissas é chamado de silogismo. Um argumento que não é válido diz-se um sofisma. Validade de um Argumento A lógica se preocupa com o relacionamento entre as premissas e a conclusão, ou seja, com a estrutura e a forma do raciocínio. A verdade do conteúdo de cada premissa e da conclusão é estudo das demais ciências. A validade do argumento está diretamente ligada à forma pela qual ele se apresenta. (Lógica Formal – estuda a forma dos argumentos). Argumento - Definição Chama-se de Argumento toda afirmação de uma dada sequência finita P1, P2, P3 … Pn (n 1) de proposições que tem como consequência uma proposição final Q. As proposições P1, P2, P3 … Pn (n 1) dizem- se as premissas do argumento, e a proposição final Q diz-se a conclusão do argumento. Argumento - Definição Um argumento de premissas P1, P2, P3 … Pn e de conclusão Q indica-se por: P1, P2, P3 … Pn ׀─ Q E se lê de uma das seguintes maneiras: “P1, P2, P3 … Pn acarretam Q” “Q decorre de P1, P2, P3 … Pn” “Q se deduz de P1, P2, P3 … Pn” “Q se infere de P1, P2, P3 … Pn” Validade de um Argumento Um argumento é uma série de sentenças (premissas) que podem ser simbolizadas por P1, P2,..., Pn seguidas de uma conclusão Q. Notação: P1 P2 ..., Pn Q. Um argumento P1 P2 ..., Pn Q diz-se um argumento válido se e somente se a conclusão Q é verdadeira todas as vezes que as premissas P1 P2 ..., Pn são TODAS verdadeiras. As premissas dos argumentos são verdadeiras ou, pelo menos admitidas como tal. Portanto, a lógica só se preocupa com a validade dos argumentos e não com a verdade ou falsidade das premissas e das conclusões. Critérios de Validade de um Argumento Teorema – Um argumento P1, P2, …, Pn ׀─ Q é válido se, e somente se, a condicional: (P1 ^ P2 ^…^ Pn) Q (1) é tautológica. Métodos de Determinação da Validade de um Argumento: 1. Tabela- Verdade 2. Regras de Inferência 3. Demonstração Indireta Argumentos Válidos Fundamentais (g) Silogismo disjuntivo (SD) (i) p ν q, ~p q (ii) p ν q, ~q p; (h) Silogismo hipotético (SH) p → q, q → r p → r; (i) Dilema construtivo (DC) p → q, r → s, p ν r q ν s; (j) Dilema destrutivo (DD) p → q, r → s, ~q ν ~s ~p ν ~r; Os argumentos válidos fundamentais acima são também chamados de “regras de inferência”. Argumentos Válidos Fundamentais Os argumentos válidos abaixo, são conhecidos como argumentos fundamentais: (a) Adição (AD) (i) p p ν q (ii) p q ν p; (b) Simplificação (SIMP) (i) p Λ q p (ii) p Λ q q; (c) Conjunção (CONJ) (i) p, q p Λ q (ii) p, q q Λ p; (d) Absorção (ABS) p → q p → (p Λ q); (e) Modus ponens (MP) p → q , p q;(f) Modus tollens (MT) p → q , ~q ~p; Podemos mostrar a validade de um argumento através da Construção de tabelas-verdade ou utilizando as regras de inferência. Mostre que os argumentos abaixo são válidos, utilizando tabela-verdade e as regras de inferência: Exemplo 01: Se o programa é eficiente, ele executará rapidamente. O programa é eficiente ou tem um erro. O programa não executa rapidamente. Portanto o programa tem um erro; Inicialmente, vamos traduzir o argumento para linguagem simbólica. Consideremos as proposições simples p: O programa é eficiente, q: O programa executa rápido e r: O programa tem um erro. Temos então, na linguagem simbólica, as premissas p → q, p r, ~q e a conclusão r, ou seja, (p → q) (p ν r) (~q) r Validade mediante tabela-verdade (p → q) (p ν r) (~q) r p q r p → q p r ~q r V V V V V F V V V F V V F F V F V F V V V V F F F V V F F V V V V F V F V F V F F F F F V V V V V F F F V F V F Validade mediante regras de inferência As premissas são (1) p → q (2) p r (3) ~q (4) ~p 1,3 (MT), ou seja, modus tollens nas premissas (1) e (3) (5) r 2,4 (SD), ou seja, silogismo disjuntivo nas premissas (2) e (4); Portanto, podemos concluir a proposição “r” das premissas (1), (2) e (3), ou seja, o argumento é válido. Exemplo 02: Se Graham está no campo de golfe, então Harvey está de serviço no hospital e Ives deve ter mudado sua política. Harvey não está de serviço no hospital. Portanto, Graham não está no campo de golfe; Inicialmente, vamos traduzir o argumento para linguagem simbólica. Consideremos as proposições simples p: Graham está no campo de golfe, q: Harvey está de serviço no hospital, e r: Ives mudou sua política. Temos então, na linguagem simbólica, as premissas p → (q Λ r), ~q e a conclusão ~p, ou seja, p → (q Λ r) ~q ~p Validade mediante tabela-verdade p → (q Λ r) ~q ~p p q r q Λ r p → (q Λ r) ~q ~p V V V V V F F V V F F F F F V F V F F V F V F F F F V F F V V V V F V F V F F V F V F F V F V V V F F F F V V V Validade mediante regras de inferência As premissas são (1) p → q Λ R (2) ~q (3) ~q ν ~r 2 (AD), ou seja, adição na premissa (2); (4) ~( q Λ r) 3 (De Morgan), ou seja, lei de De Morgan da disjunção na premissa (3); (5) ~p 1,4 (MT), ou seja, modus tollens nas premissas (1) e (4) Portanto podemos concluir a proposição “~p” das premissas (1) e (2), ou seja, o argumento é válido. Exemplo de Argumento Inválido p v q, p ├ ~q Ela toca piano ou violão. Ela toca piano. Logo, ela não toca violão. •p:Ela toca piano •q:Ela toca violão p q p v q ~q V V V F V F V V F V V F F F F V DEMONSTRAÇÃO INDIRETA Esse método se baseia na equivalência entre uma condicional e a sua contrapositiva, ou seja, p → q ⟺ ~q → ~p. Demonstrar por absurdo ou indiretamente a validade de um argumento é considerar a conclusão falsa e deduzir logicamente uma contradição, ou seja que uma das premissas é falsa. Se ao negar a conclusão de um argumento não chegarmos à negação de nenhuma das premissas, então o argumento não é válido. Logo é um sofisma. DEMONSTRAÇÃO INDIRETA Demonstrar, por absurdo, a validade do argumento Exemplo 01: p → ~q , r → q ~ (p r) 1.p → ~ q premissa 2. r → q premissa 3. p r premissa adicional 4. p 3. Simplificação 5. r 3. Simplificação 6. ~q 1.4. Modus Ponens 7. q 2.5. Modus Ponens 8. ~q q 6.7. Conjunção 9. F 2 8 /0 8 /2 0 1 5 P ro fª K ar in e P u ga s 29 Argumento Válido DEMONSTRAÇÃO INDIRETA Exemplo 02: João vai ao cinema ou vai ao clube. Se vai ao clube, então telefona. João não telefonou. Logo, João foi ao cinema. Esquematizando: P: João vai ao cinema; Q: João vai ao clube; R: João telefona 𝑝⋁𝑞 , 𝑞 ⟶ 𝑟, ~𝑟 p Vamos assumir que V(p)= F, logo V(q)= V, segue que V(r)= V, então V(~r) = F. Logo o argumento é válido. 2 8 /0 8 /2 0 1 5 P ro fª K ar in e P u ga s 30 DEMONSTRAÇÃO INDIRETA Demonstrar, por absurdo, a validade do argumento Exemplo 02: 𝑝 ν 𝑞 , 𝑞 ⟶ 𝑟, ~𝑟 p 1. 𝑝 ν 𝑞 premissa 2. 𝑞 ⟶ 𝑟 premissa 3. ~ r premissa 4. ~p Premissa Adicional 5. q 1.4. Silogismo Disjuntivo 6. r 2.5. Modus Ponens 7. ~r r 3.6. Conjunção 8. F 2 8 /0 8 /2 0 1 5 P ro fª K ar in e P u ga s 31 Argumento Válido Exercícios 1. Passe os argumentos abaixo para a forma simbólica e teste sua validade perante tabela-verdade: Se trabalho, não posso estudar. Trabalho ou passo em física. Trabalhei. Logo, passei em física. Estudo. Trabalho. Se estudo e trabalho então não tiro férias. Logo, não tiro férias. 2 8 /0 8 /2 0 1 5 P ro fª K ar in e P u ga s 32 Exercícios 2. Use as R. I. para mostrar a validade dos seguintes argumentos: a) r p q, r, ~p |— q b) p q, p r, ~r |— q s c) t, t ~q, ~q ~s |— ~s d) p q, p r s |— p s 2 8 /0 8 /2 0 1 5 P ro fª K ar in e P u ga s 33 Exercícios 3. Demonstrar, por absurdo, a validade dos argumentos: a) q r , p r , q ~p b) ~p q , q ~ r , r s ~ s p c) p ~ q , r q ~ (p r) 2 8 /0 8 /2 0 1 5 P ro fª K ar in e P u ga s 34 Referências Bibliográficas ALENCAR FILHO, Edgard. Iniciação à Lógica Matemática. São Paulo: Editora Nobel. IEZZI, Gelson et al. Fundamentos de Matemática Elementar, vol 1. São Paulo: Editora Atual. 2 8 /0 8 /2 0 1 5 P ro fª K ar in e P u ga s 35