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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS	
				Faculdade Mineira de Direito	
				Curso de Bacharel em Direito	
			Direito Empresarial III – Títulos de Crédito	
				 AVAL ANTECIPADO
								Fernanda Guimarães Mirachi
								Jorge Henrique Barros 
								Leonardo da Silva Guerra	 
								Maryelle Roberta França 
								Nathália Pais Ferreira	 
								Thatiane Áurea Carvalho	 
										
								
Belo Horizonte
19 de novembro de 2013
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .........................................................................................................… p. 03
2. AVAL ANTECIPADO NA LITERATURA CAMBIÁRIA ......................................... p. 04
2.1. José Maria Whitaker …............................................................................................. p. 04
2.2. Pontes de Miranda …................................................................................................. p. 04
2.3. Waldirio Bulgarelli …................................................................................................. p. 05
2.4. Wille Duarte Costa …................................................................................................. p. 05
2.5. Marcelo M. Bertoldi e Marcia Carla Pereira Ribeiro …........................................ p. 06
2.6. João Eunápio Borges …............................................................................................. p. 07
2.7. Marlon Tomazette ….................................................................................................. p. 09
2.8. Fernando Netto Boiteux …........................................................................................ p. 10
2.9. Tavares Paes …........................................................................................................... p. 10
2.10. Dylson Doria …......................................................................................................... p. 10
2.11. Ricardo Rodrigues Gama ….................................................................................... p. 11
2.12. Luiz Emygdio …....................................................................................................... p. 12
3. JURISPRUDÊNCIA ...........................…...................................................................... p. 14
4. CONCLUSÃO …........................................................................................................... p. 15
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ….................................................................... p. 16
1. INTRODUÇÃO	
	
	O presente trabalho objetiva analisar os principais aspectos do aval antecipado, como conceito, efeitos, responsabilidade do avalista, obrigações do avalista e do avalizado e a validade e invalidade do aval antecipado.	
	Para tanto, buscou-se apoio nas considerações dos diversos autores da literatura nacional, que trataram a temática do aval antecipado nos diversos títulos de crédito existentes.
	Ao final, apresentamos uma jurisprudência pertinente ao tema, comentada sob orientação dos autores pesquisados.
	
2. AVAL ANTECIPADO NA LITERATURA CAMBIÁRIA	
2.1 José Maria Whitaker	
	Regularmente, a firma do avalista é lançada na letra posteriormente à do avalizado. Pode, porém, sê-lo antes, nada impedindo igualmente, que o seja também na letra em branco, qualquer outra declaração cambiária. Quando lançada antes, a validade do aval nem sempre fica dependendo do lançamento da firma do avalizado. Se esta assinatura é do sacador, sua falta anula o título e, consequentemente, o aval; se é de um endossante, ou o nome deste figura na letra, e a ausência de sua firma interrompe a série de endossos, tornando invalidas as declarações posteriores, ou não figura, e a declaração do avalista é igualmente ineficaz, por não ser possível determinar a responsabilidade que este quis assumir; quando, porém, a assinatura que falta é o do sacado que não aceitou, o título não fica por isso prejudicado e a declaração do aval é valida, porque constitui uma obrigação direta e autônoma, nenhuma dúvida havendo a respeito da extensão que lhe quis dar o respectivo subscritor.
2.2 Pontes de Miranda	
	O aval pode ser dado desde o momento em que possa significar vontade suficiente para vinculação chéquica. Portanto, desde que há o cheque, ou, ainda, antes dele, uma vez que depois se crie o cheque. Pode ser avalizada a vinculação (futura) de alguém que possa vir a ser endossante do cheque, ou avalista de outrem, ou sacado. Quanto ao sacado, o aval tem natureza especial, porque se avaliza o respeito do saque, isto é, se o passador tem, como implicitamente afirma, fundos disponíveis. Porque avalizar o sacado, por antecipação, como necessariamente acontece quanto ao cheque, não é avalizar a vinculação do passador, ou de qualquer outro figurante do cheque, por assinatura própria. É eficaz o aval dado, ainda que se não diga a quem, uma vez que satisfaça as exigências materiais e formais da lei, antes de se encher o cheque, pois que houve vontade de vincular-se. A data não é necessária ao aval, posto que seja de toda conveniência datar-se o aval. Por outro lado, o poder, que tem o portador, para inserir a data e o lugar do cheque, não se estende ao aval. O aval pode ser aposto antes ou depois da data do cheque. Enquanto o cheque não é apresentado, vale e é eficaz o aval. Somente não é eficaz, nem vale, como aval, se o cheque já foi apresentado e não respeitado o saque. A solução é diferente da que se dá em relação à letra de câmbio e à nota promissória, bem assim em relação à duplicata mercantil. Surge a questão quanto ao aval do cheque marcado e ao aval do cheque visado. A solução tem de ser de acordo com os conceitos de marcação e de visto. Enquanto a marcação enuncia que o sacado respeitou o cheque que, o visto não tem tal consequência. O aval ao cheque visado ainda é eficaz, como declaração de vontade chéquica, a despeito de quaisquer divergências que tivessem podido ocorrer quanto aos usos das praças de quaisquer Estados Federados.
2.3 Waldirio Bulgarelli	
	O aval pode também ser dado antecipadamente, ou seja, antes de ser firmado o aceite ou o endosso, e apesar das discussões a respeito, na doutrina brasileira, é inegável a validade desse tipo de aval em face da autonomia das obrigações cambiais. Há, entretanto, que observar que, se a assinatura a que o aval está destinado a garantir não for firmada no título (por exemplo, não se verifica o endosso), obviamente não haverá responsabilidade para o avalista, mas somente no caso de aval em preto, pois, se for em branco, dever-se-á aplicar a Lei Uniforme que, como vimos, determina que seja considerado avalizado o sacador.
2.4 Wille Duarte Costa	
	Quando o aval é dado antes de se obrigar aquele a quem o avalista quer se equiparar, chama-se aval antecipado. Cronologicamente, o aval deve ocorrer depois que o avalizado se obriga no título de credito. Mas pode surgir antes da obrigação do avalizado a quem o avalista procura equiparar-se. De qualquer maneira, existe uma acessoriedade formal, de tal forma que o aval antecipado só prevalece se existir formalmente a obrigação avalizada. É que, por força das disposições do art. 32 da LUG, o avalista “é responsável da mesma maneira” que a pessoa por ele avalizada, acrescentando-se que sua obrigação se mantém, mesmo no caso da obrigação por ele garantida ser nula por qualquer razão, que não seja um vício de forma. Por vício de forma da obrigação cuja equiparação é pretendida há de se entender a falta ou ausência da assinatura do avalizado ou falta de requisito essencial no título.	
	Fixe bem: a obrigação decorrente do aval antecipado só subsiste se ocorrer de maneira formal a obrigação do avalizado, ainda que eivada de nulidade. Em outras palavras, o aval antecipado é dependente da existência formal da declaração do avalizado. Porisso, se tal obrigação surge completa-se a obrigação do avalista que, a partir de tal momento, torna-se autônoma. O que importa é a existência de um avalizado cuja obrigação seja aparentemente válida e eficaz. Consequentemente, não podemos concordar com a orientação de FRAN MARTINS, que assim ensina “se decair a obrigação do avalizado, decai também a do avalista, contra ele não sendo admissível nenhuma ação”.		
	Nada disso, pois existindo formalmente a assinatura do avalizado, ainda que seja decorrente de assinatura falsa, de incapaz ou qualquer forma nula, prevalece a do avalista, cuja obrigação se completou (art. 7º da LUG). Em consequência, se não foi lançada no título a declaração do avalizado, a obrigação do avalista não existe. Não existindo a obrigação do avalizado, a do seu avalista seguirá sua sorte. Considera-se não escrita. Faltando aceite, portanto, não vale o aval prestado ao aceitante, da mesma forma que não valerá o prestado ao endossante, se ele não endossou.
	Exceção haverá de ser quanto à duplicata sem aceite, mas protestada por falta de aceite ou pagamento. Nesse caso, com o comprovante da entrega das mercadorias vendidas ou dos serviços prestados, mais a certidão do protesto cambial, presume-se aceito o título. Por consequência, consubstanciando-se a obrigação do comprador avalizado, completa-se a obrigação de seu avalista neste caso, mesmo sem a assinatura do avalizado. Na opinião do mestre ASSIS GONÇALVES NETO	 “se a lei dispõe que o avalista é obrigado da mesma maneira que a pessoa que ele garantiu, qualquer outra conclusão negaria aplicação a essa regra, pois colocaria o avalista, aí sim, em situação mais grave do que a do devedor garantido”. Mas não é verdade, pois o avalista garante o pagamento do título – é só ver o teor do art. 30 da LUG, pelo qual se vê que “o pagamento de uma letra” é que pode ser garantido no todo ou em parte por aval e não alguém já obrigado na letra.
	Não pode mesmo ser de outra forma: se o avalista obriga-se da mesma maneira que seu avalizado, este haverá de estar obrigado para que seja convalidada a obrigação do seu avalista. Não se pode negar que, havendo assinatura de avalizado incapaz ou assinatura falsa, falsificada, de pessoa inexistente ou de quem não pode, por qualquer maneira, obrigar-se em título cambial, não poderá o avalista desobrigar-se, diante da boa-fé do possuidor do título, que não está obrigado a ficar conferindo assinaturas de obrigados, o que até mesmo contraria toda a teoria dos títulos de crédito. Dessa forma, se existe assinatura do avalizado, em face da aparência da exatidão que decorre da assinatura, a falsidade da assinatura ou incapacidade dos signatários não desobriga o avalista.
2.5 Marcelo M. Bertoldi e Márcia Carla Pereira Ribeiro 	
	Pode ser o aval dado mesmo antes da constituição formal da obrigação a ser assumida pelo avalizado, ou seja, antes do aceite do título – o chamado aval antecipado. Veja-se que o art. 30 da Lei Uniforme estabelece que o pagamento de uma letra pode ser garantido por aval. Se é assim, o aval não garante a obrigação pendentemente do aceite da letra, na medida em que as obrigações cambiárias são independentes umas em relação às outras. Contudo, não há falar em aval antecipado se acaso o título efetivamente não venha a se formar validamente, como no caso do aval passado em favor do emitente que não apõe sua assinatura no título – sem tal assinatura não teremos a constituição valida do título, logo, sem título não há aval.
2.6 João Eunápio Borges	
	O aval pode ser firmado antes da obrigação a que o avalista pretende equiparar-se. Obrigações autônomas, entre as quais não existe nenhuma relação de acessoriedade, não é contra os princípios do nosso direito cambial que a firma do avalista seja cronologicamente anterior à da pessoa a que se equipara. LACERDA ensina que “não é só a uma obrigação cambiária já firmada que se pode prestar aval. Este é possível, também, em relação à obrigação cambiária ainda não firmada, futura”. Condicionado, porém, a validade do aval à existência futura, sobre o título, da firma avalizada porque, afirma LACERDA “o aval foi dado sob condição; não cairá, porém, o aval, se o avalizado assumir nulamente a obrigação, bastando a existência formal da cambial e do ato cambiário do avalizado”.
	No mesmo sentido, CARVALHO DE MENDONÇA, porque, sendo permitido o giro da letra em branco, nada impede que o aval seja dado nesta fase embrionária do título, correndo os mesmos riscos das demais obrigações que aí figuram. Acrescentando que se o aceitante, antecipadamente avalizado, só aceitou com modificação ou limitação, também o avalista fica obrigado somente nos termos em que foi dado o aceite.
	WHITAKER, que é também pelo aval antecipado, analisa separadamente o caso do aval pelo sacado, distinguindo as diversas hipóteses que podem ocorrer. Se o sacado não aceitar, nem por isso ficará prejudicada a declaração do avalista, porque, independentes e autônomas as obrigações cambiais, nenhuma divida, no caso, sobre a extensão que aquele quis dar ao aval. Se a letra for aceita parcialmente, a responsabilidade do aval ficará dependendo da atitude do portador: se este protestar contra a limitação, a posição do avalista será a mesma que no caso de recusa absoluta; se não protestar, não poderá exigir do avalista mais do que concordou receber de seu avalizado.
	MAGARINOS é da mesma opinião de Lacerda: “é lícito o aval antecipado, condicionando-se, porém, a validade dele à existência futura, formalmente válida, do ato cambial do avalizado. O aval pelo sacado será, pois, ineficaz, se a letra não for aceita.
	No mesmo sentido a lição de PAULO J. DA SILVA PINTO e GONÇALVES DE OLIVEIRA.
	Na doutrina italiana, BONELLI admite aval antes da firma avalizada, de cuja existência futura não fica dependendo a validade do aval. Se o aval for puro e simples (em branco), lançado em cambial ainda não aceita e se o sacado apenas aceitar parcialmente, o aval se reputará pelo aceitante, na parte aceita, e pelo sacador pela parte restante, não aceita, porque, como vimos, no antigo direito italiano, o aval em branco era sempre pelo sacador, antes do aceite, e pelo aceitante, depois daquele ato. Se, porém, o aval houver sido dado expressamente pelo sacado, será sempre válido pela soma total, no caso de falta de aceite, tanto parcial, como total.
	VIVANTE não é do mesmo parecer, condicionando a eficacia do aval à declaração cambial, formalmente válida, do avalizado. Como vimos, Vivante assim como NAVARRINI, sempre sustentaram a doutrina – acolhida na Lei Uniforme – de ser o aval formalmente acessório da obrigação principal, não podendo, pois, subsistir, no caso de inexistência, ou nulidade formal daquela obrigação.
	Há, pois, acordo na doutrina, quanto à possibilidade de ser dado o aval a uma obrigação ainda não firmada. A divergência existe apenas quanto a ser ou não ser a validade e eficácia deste aval independente da existência futura da obrigação avalizada. Para Vivante, Navarrini e, entre os nossos, Carvalho de Mendonça, Lacerda, Magarinos Torres, trata-se de uma obrigação condicional, não produzindo nenhum efeito cambial se vier a faltar, formalmente válida, a obrigação que visou garantir. Bonelli e Whitaker não exigem, para que tenha plena eficácia, esse aval, senão o requisito da validade formal da parte do título sobre a qual for lançado, mesmo que a pessoa indicada pelo avalista não assumir a obrigação.	
	Seria nulo evidentemente o aval que, sobre uma formula em branco, fosse dado pelo sacador, se este não firmar o saque; porque, neste caso, não haveria cambial. Como seria ineficaz o aval dado por um endossador cuja firma não constar do título, porque o aval figuraria, então, em parte da cambial tornada imprestável devido à interrupção da série dos endossos.
	Inclino-me à opinião dos dois últimos, sem acolher no entanto, a restrição de Whitaker segundo a qual, aceita a letra com restrição, não poderá o portador exigir do avalista senão a importância do aceite, no casode não levar a letra a protesto. Penso que nem essa restrição se pode admitir, em nosso direito. O aval só difere, como garantia, do endosso e do aceite, em ser exclusiva e unicamente garantia, ao passo que endosso e aceite desempenham funções outras no mecanismo cambial.
	Qualquer assinatura sobre a letra acarreta a responsabilidade cambial do signatário e, no direito cambial, a forma, a aparência superam o fundo, a substância: o aval destina-se, exclusivamente, a garantir o pagamento da letra, não constitui garantia à obrigação pessoal de um dos obrigados. É essa equiparação, como vimos, se refere à ordem, à posição cambial que ele ocupa na cadeia, cujos anéis são graus sucessivos de responsabilidade. Nenhum laço, porém, de acessoriedade, entre as duas declarações. O aval garante o pagamento da letra – diz o art. 14 – como o garante o endosso e o aceite. Todas as obrigações são autônomas e independentes, completa o art. 43.
	Firmando, pois, o aval pelo aceitante, a única conclusão é que o avalista quis garantir o pagamento da letra como obrigado principal, colocando sua responsabilidade no mesmo posto que teria o sacado, se aceitasse. Se a recusa do aceite importasse a imprestabilidade do aval, falharia a garantia justamente no momento em que era mais necessária à vida e ao crédito do título. Que tal solução não pode se admitir, basta considerar no logro que representaria para a boa-fé de terceiros, que podem haver negociado a letra, exclusivamente confiados no pagamento garantido por um avalista que, de modo expresso, declarou equiparar-se ao aceitante, assumindo-lhes as vestes e a responsabilidade. Isso, evidentemente, em face de nossa Lei nº 2044. Na Lei Uniforme, a solução não é a mesma, porque a dependência formal entre o aval e a declaração avalizada é princípio legal afirmado expressamente no art. 32 da referida lei.
	Em síntese, pois, afirmamos: é valido o aval em favor do sacado, antes do aceite. A recusa total ou parcial do aceite nenhuma influencia exercerá sobre a responsabilidade do avalista, que independente do aceite assumiu a obrigação de garantir o pagamento do título.
2.7 Marlon Tomazette	
	Embora exista uma presunção para a identificação do avalizado, é certo que o avalista tem amplos poderes para identificar por quem se dá o aval, definindo se será equiparado ao sacador, a um endossante ou aceitante. Nesse ponto, resta a duvida se ele pode dar o aval pelo sacado, que não é devedor do título, na medida em que ainda não o assinou.
	Para parte da doutrina, o aval dado pelo sacado produziria efeitos sempre. Uma vez que a obrigação do avalista é autônoma e subsiste a vícios na obrigação do avalizado, não haveria a necessidade da obrigação do avalizado existir no título, nem aparentemente. A intenção do avalista foi assumir a obrigação, logo, não se pode subordinar sua validade a qualquer condicionante.
	De outro lado, afirma-se que o aval pode ser dado a favor do sacado, mas só produzirá efeitos caso o mesmo se torne aceitante, pois só assim o avalizado assumirá obrigações e consequentemente o avalista, pois o mesmo assume obrigações da mesma natureza que o avalizado. PONTES DE MIRANDA afirma que “se não vem a compor-se a vinculação do avalizado, falta eficácia ao aval.”
	Com efeito, o aval pressupõe ao menos a aparência da existência da obrigação do avalizado. A autonomia, que efetivamente existe, significa apenas que problemas na obrigação do avalizado não atingem o avalista, mas não dispensa a aparência de que tal obrigação exista. Não é necessário que a obrigação exista, mas apenas que haja uma aparência de que ela exista, isto é, a garantia cambiária “necessariamente se apoia na declaração de outro obrigado, que pelo menos exteriormente se manifesta subsistente”.
	Outrossim, ao se afirmar que o avalista responde da mesma forma que o avalizado, fica difícil imaginar como aplicar tal regra se o avalizado for o sacado, porquanto ele não responde de forma nenhuma. Desse modo, entendemos que o aval a favor do sacado só produzirá efeitos, se houver ao menos aparência do aceite.
2.8 Fernando Netto Boiteux	
	O aval antecipado é aquele aposto à cambial em branco, ou antes do aceite. Em razão do silencio da Lei Uniforme, vige em nosso direito o Decreto nº 2044/1908, art. 14, admitindo que o pagamento da letra de câmbio, independentemente de aceite ou endosso, pode ser garantido por aval.
2.9 Tavares Paes	
	Em virtude da autonomia das obrigações cambiárias, o aval pode ser aposto antes de ser firmada a obrigação principal. JOÃO EUNÁPIO BORGES escreveu que: "Obrigações autônomas, entre as quais não existe nenhuma relação de acessoriedade, não é contra os princípios do nosso Direito Cambiário que a do avalista seja cronologicamente anterior à da pessoa a que se equipara".	
	Na doutrina, há unanimidade na aceitação do aval antecipado. Divergência há apenas no concernente à validade deste aval ântumo independentemente da existência da posterior firma do avalizado. Para Vivante, Magarinos Torres, Lacerda e Carvalho de Mendonça, o aval antecipado não pode ter efeito se a obrigação que ia garantir vier a faltar, pois, para eles, é uma obrigação condicional. Mas o aval é válido, em favor do sacado, antes do aceite. Na falta deste, persiste a obrigação do avalista que se obrigou a garantir o pagamento do título de credito, o que está, inclusive, em consonância com a Lei Uniforme, pois o dador do aval é responsável da mesma maneira que a pessoa por ele avalizada.
2.10 Dylson Doria	
	Indaga-se sobre a possibilidade de o aval ser prestado antes de completada a obrigação cambiária a que ele serve de garantia. Os autores, de um modo geral, não divergem quanto à possibilidade. Mesmo a cambial emitida em branco pode ser, de regra, avalizada, embora a validade da garantia fique condicionada a que a cártula cambiária venha a ser eficazmente completada. Dissentem, contudo, os doutrinadores quanto à eficácia do aval, na hipótese de não se completar a obrigação a que se refere. Pense-se com efeito, no caso de alguém que avalize a obrigação a ser assumida pelo sacado, para indagar-se, em seguida, se subsistirá ou não o aval, e o sacado não vier a aceitar o saque. Eis, pois, a questão sobre a qual se controverte a doutrina. Para uns, como Magarinos Torres, o aval dado em tais condições seria eficaz, pois se não teria realizado a condição a que se subordinaria a produção de seus efeitos. Outros, todavia, como João Eunápio Borges e Rubens Requião, sustentam a plena eficácia de semelhante aval, ainda que deixe de assinar o título a pessoa cuja obrigação se garantiu.
	Esse último entendimento, a que nos filiamos, resulta da independência das assinaturas, encontrado decisivo apoio na Lei Uniforme, quando expressa a subsistência do aval, na hipótese, pagando o avalista pelo sacado que não aceitou a letra. A única condição a que se sujeita a persistência do aval antecipado é a validade formal da parte do título em que foi lançado, como no caso do aval antecipadamente prestado a favor de endossador que não venha a firmar o título. Tem-se que, não se verificando o endosso, nenhuma obrigação surgiria para o avalista do endossante.
2.11 Ricardo Rodrigues Gama	 
 O aval antecipado é aposto na cambial antes dela ser endossada ou receber o aceite. Embora o avalizado não tenha se obrigado, já consta o aval em seu favor. Cronologicamente, a aposição do aval antecede o momento em que o avalizado se obriga. Quando o avalizado não figura na cambial como endossante ou não aceita a ordem que lhe foi dirigida, questiona-se sobre a eficácia da obrigação do avalista. Subsistiria os efeitos do aval antecipado?
 A doutrina autorizada diverge para os extremos em relação ao sacado que não aceita a cambial. De um lado, Paulo da Silva Pinto, Vivante, Magarinos Torres, Carvalho de Mendonça, Fran Martins e Paulo de Lacerda, apregoando contra a geração de efeitos, tendo por fundamento o aval antecipado estaria submetido a condição de o título ser aceito pelo avalizado. Doutro lado, atribuindoefeitos ao aval antecipado, a nosso ver com razão, estão Bonelli, Whitaker, João Eunápio Borges, Rubens Requião e Dylson Doria, os quais entendem que o avalista assumiu a obrigação pelo pagamento da letra de câmbio.	
	Acerca da falta de endosso futuro, a situação é outra, porque surge um vício de forma que prejudica a garantia do que não existe. Em reforço, pela Lei Uniforme, ainda que a obrigação garantida seja nula por qualquer razão que não seja um vício de forma, continua a valer o aval.
2.12 Luiz Emygdio Franco da Rosa Júnior	
	O aval antecipado é aquele em que o avalista assume a obrigação antes da pessoa a ser avalizada. O art. 14 do Decreto 2.044/1908, vigente em razão da omissão da LUG, reza expressamente que o pagamento da letra de câmbio, independente de aceite e endosso, pode ser garantido por aval. Não se discute pois que o aval possa ser dado antes de formalmente assumida obrigação do avalizado, entretanto, dissentem os autores quanto à eficácia ou não deste aval, quando o avalizado não assumir a obrigação cambiária.	
	A corrente que considera eficaz o aval mesmo que a pessoa indicada como avalizada não assuma obrigação cambiária, o faz sob os seguintes argumentos: a) autonomia das obrigações cambiárias; b) o aval em favor do aceitante, antes deste obrigar-se, quis garantir o pagamento da letra, colocando-se como responsável no mesmo grau que teria o aceitante; c) se a recusa de aceita invalidasse o aval, a garantia falhara no momento em que é mais necessária, frustrando a confiança de terceiros de boa fé; d) o avalista não garante o avalizado, mas o pagamento da soma no seu vencimento. Essa eficácia, contudo, depende da validade formal do título.	
	Àqueles que consideram ineficaz o aval se a pessoa indicada como avalizada não assumir a obrigação cambiária, defendem a tese de que a validade do aval antecipado fica condicionada à formalização assunção da obrigação pelo avalizado. A obrigação do avalista não será eficaz por não ter ocorrido o evento futuro e incerto pertinente ao aceite, que consistiria condição suspensiva que tornaria eficaz o aval. Se o avalista pagasse o título estaria impossibilitado de exercitar regresso contra o avalizado. Por fim, alegam que não seria possível saber a extensão da obrigação do avalista.	
	Entende Luiz Emygdio que o aval antecipado em favor do sacado tem eficácia mesmo que este não aceite a letra, conforme previsto no art. 14 do Decreto 2.044/1908, vez que LUG foi silente nessa matéria. Primeiro, porque o avalista garante o pagamento do título e não a obrigação avalizada, portanto não tem o aval natureza subsidiária. Segundo, em decorrência da autonomia das declarações cambiais, que objetiva principalmente proteger o terceiro de boa-fé. Terceiro, porque ao tentar condicionar o aval ao aceite esbarra-se na incondicionalidade das obrigações cambiárias, que não podem subordinar seus efeitos a evento futuro e incerto. Quarto, a garantia do aval é dada ao valor da letra e não determinada pessoa, cuja referência é para determinar a extensão e não essência da obrigação. Quinto, todos os devedores cambiários tem responsabilidade solidária.	
	Aval antecipado em favor de endossante que não venha a formalizar o endosso não obriga o avalista em razão de vício de forma, pois interrompida a cadeia de endossos. Em favor de sacador de letra ou emitente de promissória, que não aponha sua firma no título, não obriga o avalista pois o documento não é título de crédito, vez que o saque ou emissão são declarações necessárias. 	
	Em duplicatas não existem divergências quanto ao aval antecipado dado em favor do comprador de mercadoria ou beneficiário de serviço (sacados) que não venham a aceitá-la, pelas seguintes razões: a) a própria lei prevê que na falta de indicação do avalizado considera-se em favor do comprador que não aceitou a duplicata; b) confirmada a entrega e recebimento da mercadoria e o protesto do título, 	presume-se o aceite; c) a lei de duplicatas prevê que os coobrigados respondem solidariamente pelo aceite e pagamento.		
	 
	
3. JURIPRUDÊNCIA 	
RE 99523 / AM – AMAZONAS	
RECURSO EXTRAORDINÁRIO	
Relator(a): Min. OSCAR CORREA	
Julgamento: 12/06/1984	 
Órgão Julgador: Primeira Turma 	
RECTES: DANTONALDO JOSÉ OBÃO DA CRUZ E OUTRO
ADV: JOSÉ PAIVA DE SOUZA FILHO
RECDO: BANCO DO BRASIL S/A
ADV: HARLEY VERAS DE MENESES E OUTROS
Ementa: DUPLICATA. AVAL. DE ACORDO COM O ART-12, DA LEI N. 5474, DE 18.7.1968, O PAGAMENTO DA DUPLICATA PODERA SER ASSEGURADO POR AVAL, SENDO O AVALISTA EQUIPARADO AQUELE CUJO NOME INDICAR; NA FALTA DE INDICAÇÃO, AQUELE ABAIXO DE CUJA FIRMA LANCAR A SUA; FORA DESSES CASOS, AO COMPRADOR. EM FACE DA AUTONOMIA DAS OBRIGAÇÕES, A DO AVALISTA SUBSISTE, QUANDO SE TRATA DE AVAL ANTECIPADO AO ACEITE DO TÍTULO, MESMO SE ESSE NÃO OCORRER. HÁ, AI, OBRIGAÇÃO DE GARANTIR O PAGAMENTO DA CARTULA. SEM PROVA CABAL DE QUE O AVAL FOI DADO AO ENDOSSANTE, EMPRESTA-SE VALIDADE AO CARIMBO DO BANCO ENDOSSATARIO, QUE DECLARA TER SIDO APOSTO COMO GARANTIA A OBRIGAÇÃO DO SACADO. NÃO SE FEZ, NO CASO, COMO SERIA CURIAL, SE DE AVAL A SACADORA- ENDOSSANTE SE COGITASSE, O LANCAMENTO DAS ASSINATURAS DOS AVALISTAS, LOGO ABAIXO DA DO REPRESENTANTE DA FIRMA SACADORA-ENDOSSANTE. RAZOAVEL E A INVOCAÇÃO, DESSARTE, DO DISPOSTO NAS PARTES PRIMEIRA E FINAL DO REFERIDO ART-12, DA LEI DAS DUPLICATAS. E INCABIVEL, EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO, REAPRECIAÇÃO DE FATOS E PROVAS. SÚMULA 279. RECURSO EXTRAORDINÁRIO NÃO CONHECIDO.
 
	No recurso em questão fora endossada ao Banco do Brasil uma duplicata mercantil na qual constava em seu verso (local próprio para endossos) assinaturas tidas como aval. Os avalistas alegaram que o aval fora prestado ao endossante, e portanto, não poderiam ser executados tendo em vista ausência de protesto em tempo hábil. O tomador, instituição financeira, alegara que a execução aos avalistas se deu tendo em vista que não havia indicação do avalizado e, nos termos do art. 12 da lei 5474/68, o aval sem indicação do avalizado reputasse como dado em favor do sacado.	
	Nesse intento, o tomador, instituição financeira, apôs um carimbo com os dizeres “por aval ao sacado” e defende sua prática balizando-a no art. 12 da lei supracitada, uma vez que como não haveriam provas de que o aval fora em favor do endossante, empresta-o ao sacado. Na prática, um aval ao sacado, garante a executividade em face do avalista independente de protesto em tempo hábil.	
	No que concerne ao tema tratado neste trabalho, AVAL ANTECIPADO, não resta grande dúvida por parte da jurisprudência de que o aval dado ao aceitante, além de válido, produz plenos efeitos, independentemente do aceite posterior. Essa validade dá-se em decorrência da autonomia da declaração em relação a do avalizado.	
4. CONCLUSÃO	
	O tema aval antecipado é pacífico em nossa literatura quanto a dois aspectos: primeiro, no que diz respeito a sua validade como declaração cambial e segundo, no que diz respeito a seus efeitos quando dado em favor do sacador, emitente ou de endossante. Nesse último caso, é cediço que não apostas as firmas do sacador ou emitente não há obrigação ao avalista pela própria inexistência de título de crédito, já que saque e emissão são declarações necessárias. Quanto ao endossante, a ausência de sua firma caracterizará quebra da cadeia de endossos, e portanto, não obrigaria o avalista nem seu avalizado.	
	Quanto ao aval antecipado em favor do aceitante, não nos parece adequado subordinar a eficácia dessa declaração, unilateral e facultativa ao eventual aceite do título. O avalista, ao comparecer no contexto cambial, manifesta vontade de forma voluntária, ainda que seu garantido não o faça.	Além disso, a voluntariedade da declaração deve ser entendida como conhecimento da lei pertinente ao tema, já que sua escusa por desconhecimento é inadmissível, e em matéria cambial sabe-se que a única conduta cabível ao aceitante é o cumprimento da obrigação expressa na cártula. Quem garante este, garanteesse cumprimento.
	A dinâmica das relações cambiárias e da construção do instituto dos títulos de crédito nos leva a interpretar o aval dado ao sacado (possível aceitante) como autônomo em relação a este. Quem presta garantia a um sujeito cuja declaração que o vincularia é meramente facultativa não pode se escusar de cumprir os deveres da posição que assumiu.	
	Nesse sentido, temos que o aval antecipado é declaração válida e eficaz, independente do aceite posterior.	
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	
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