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CURSOS ON LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR 
PROF. RONALD A. SHARP JUNIOR 
www.pontodosconcursos.com.br 1
AULA 6 
Olá outra vez e seja bem vindo! 
Em nossa aula 6 trataremos da primeira parte dos Títulos de Crédito, onde 
verificaremos sua Teoria Geral, o que inclui as Noções Gerais, Conceito e 
características, o Aval e a Fiança, e, por fim, o Endosso e a Cessão de Crédito. 
Podemos começar? 
 
SUMÁRIO 
1. 1. Noções iniciais 
1.2. Conceito e características 
2. Classificação dos Títulos de Crédito 
3. Aval e Fiança 
4. Endosso e Cessão de Crédito. 
 
Noções Iniciais 
Antes de lhe apresentarmos uma definição para título de crédito você sabe o 
que é crédito? A origem latina de crédito vem de “creditum”, “credere” que 
significa confiança, crença. Em termos econômicos possui uma ampla 
significação,1 mas um estreito sentido jurídico. Importa num ato de fé do 
credor que acredita na promessa de pagamento que lhe faz o devedor. 
Sob o aspecto jurídico caracteriza a realização de uma prestação presente, 
executada pelo credor, tendo como contrapartida a promessa de realização de 
uma prestação futura, a ser cumprida pelo devedor. 
O grande comercialista J. X. Carvalho de Mendonça diz que crédito é "A 
operação mediante a qual alguém efetua uma prestação presente, contra a 
promessa de uma prestação futura...”. Trata-se, numa síntese perfeita, de 
troca de bens presentes por bens futuros”.2 
O crédito era inicialmente estático, estando restrito apenas aos próprios 
sujeitos, credor e devedor, que o constituíram. Com a evolução houve uma 
desvinculação da obrigação, passando o então o crédito a ser visto sob o 
enfoque de sua patrimonialidade ou economicidade exterior aos sujeitos. 
Assim, tornou-se possível a sua incorporação em um documento suscetível de 
transferência de modo totalmente separado da relação jurídica original, de tal 
modo que a transferência do documento significa a transmissão do direito de 
crédito nele representado. 
Atualmente, com o comércio eletrônico, os documentos que eram em papéis 
(ou seja, físicos) assumiram a forma eletrônica. A prática corrente do uso de 
 
1 Segundo De Plácido e Silva “Crédito: Em sua acepção econômica significa confiança que uma 
pessoa deposita em outra, a quem entrega coisa sua, para que, em futuro, receba dela coisa 
equivalente”., in Dicionário Jurídico. 12ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1993. 
2 Daí decorrem os seguintes elementos do conceito econômico de crédito: confiança (entrega 
da mercadoria ou dinheiro e a crença do pagamento) e tempo (o intervalo entre a prestação – 
mercadoria ou dinheiro – realizada pelo credor e aquela a ser desempenhada pelo devedor). 
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cheques “pré-datados”, (na verdade, pós-datados), acabou substituindo 
diversos títulos (as Notas Promissórias, as Letras de Câmbio). Inclusive as 
Duplicatas passaram a ser virtuais (apesar de ainda existirem as sob a forma 
física), ante a possibilidade do protesto de títulos por via eletrônica. 
Os tempos mudam as formas, mas a essência continua a mesma, ou seja, 
direito que resulta da operação de crédito se fixa num documento, seja físico 
ou eletrônico, sem o qual ele não pode ser exercido. 
O direito cambiário, ou direito relativo aos títulos de crédito, tem agora com o 
NCC uma sistematização de suas normas gerais, regendo também os títulos 
impróprios, como os representativos de mercadorias (art. 894). Mas o NCC 
somente é aplicável quando não contrariar os dispositivos de leis especiais 
(art. 903 NCC).3 
Os títulos de créditos de existência anterior ao NCC se regulam pelas leis 
especiais. Assim, apesar do NCC não admitir (arts. 890, 897, § 2º, e 914), 
continua possível que tenhamos, em razão de lei especial, a Lei Uniforme, 
títulos com cláusula de juros remuneratórios (na letra de câmbio à vista ou a 
tempo certo de vista, art. 5º), o aval parcial (art. 30), a cláusula proibitiva de 
endosso (art. 11), a cláusula pela qual o endossante não responde pelo 
pagamento (art. 15). 
Com propriedade, pode-se afirmar que o NCC incidirá sobre os títulos novos, 
os que vierem a ser criados, e quando houver compatibilidade. Enfim, o NCC 
veio sistematizar as normas gerais existentes e reger os títulos impróprios, 
como os representativos de mercadorias (art. 894), mas isto desde que não 
contrarie as normas especiais, as quais sobre ele prevalecerão. 
 
1.2. Conceito e características 
 
Conceito: segundo a renomada lição do Professor Cesare Vivante, título de 
crédito “é o documento necessário para o exercício do direito literal e 
autônomo nele mencionado”. 
Essa enunciação de maneira singela expressa as características principais 
desses instrumentos, tendo sido incorporada ao NCC em seu art. 887. Quando 
você for ler na doutrina, como também nas provas, poderá encontrar no lugar 
de “características”, “atributos” ou “princípios”, não havendo unanimidade no 
seu emprego. 
O documento para ter a natureza de título de crédito deve preencher os 
requisitos previstos na lei, pois é um documento que corporifica um crédito 
(é a materialização do crédito num documento físico ou virtual), valendo por 
aquilo que está nele escrito. Assim, se for extraviado o documento, ou se não 
preencher algum dos requisitos legais, prejudicada estará sua cobrança como 
título de crédito. 
Como veremos adiante, tais exigências são justificáveis, já que o título 
desvincula-se da causa que o originou (é autônomo frente à relação jurídica 
 
3 Veja o Enunciado 52 da I Jornada de Direito Civil do Centro de Estudos do Conselho da 
Justiça Federal. 
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originária, contando com uma série de obrigações juridicamente destacadas 
que vão sendo assumidas nos títulos de crédito independente das outras). Por 
isso, deve vir regularmente preenchido e de acordo com os todos os requisitos 
exigidos pela lei (literalidade), bem como deverá ser apresentado no 
momento da cobrança (cartularidade). 
A falta dos requisitos faz o título perder essa qualidade, valendo como outro 
negocio. Determina o artigo 888 do NCC que a omissão de qualquer requisito 
legal, que tire ao escrito a sua validade como título de crédito, não implica a 
invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem, o que permite a cobrança 
de acordo com esse negócio, embora dissociada dos títulos de crédito. 
Finalmente, é importante destacar que a circulação (ou negociabilidade) é 
uma das funções econômicas dos títulos de crédito. É tido como um 
instrumento de circulação de riquezas, permitindo que um direito a vencer 
(pendente de vencimento), possa ser imediatamente negociado e o titular já 
receba (mesmo que parcialmente), o valor nele representado.4 Como regra 
geral das obrigações, o credor não está obrigado a receber pagamentos 
parciais (NCC, art. 314). Distanciando-se dessa diretriz, em matéria de títulos 
de crédito o NCC assegura ao devedor o direito de efetuar o pagamento 
parcial, nos termos do art. 902, § 1º. 
 
Apesar de ainda não termos aprofundado muito o tema, você já é capaz de 
enfrentar o desafio a seguir. Vejamos: 
 
DESAFIO 
1 - Questão elaborada pela FAURGS em 2006: O direito de crédito do portador 
de boa-fé de um título de crédito deve ser exercido mediante apresentação do 
documento, de acordo com o que nele estiver inserido e este direito não 
poderá ser restringido ou destruído em virtude de relações existentes entre o 
devedor do título de crédito e o possuidor anterior. Pela ordem, o texto refere-
se aos seguintes princípios cambiais: 
(A) autonomia, literalidade e cartularidade. 
(B) literalidade, cartularidade e autonomia. 
(C) cartularidade, literalidade e autonomia. 
(D) cartularidade, autonomia e literalidade. 
(E) autonomia, cartularidadee literalidade. 
 
 
 
4 O cheque, tal como foi originariamente concebido, é considerado título de crédito impróprio, 
justamente porque não traz consigo o elemento tempo. Sua vida é de curta duração (é ordem 
de pagamento à vista), sofre restrições em sua circulação (admite apenas um endosso), 
cumprindo a função de instrumento pagamento, e não de circulação (transferência) do valor 
nele contido. 
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Cartularidade: o NCC dispõe em seu art. 887: “O título de crédito, 
documento necessário”, destacando o princípio/atributo da cartularidade, 
pelo qual o título de crédito se materializa num documento (isso é, num 
certificado, numa cártula) seja físico ou virtual. Este é o motivo pelo qual se 
diz que o título de crédito é um título de apresentação de seu documento, sem 
o qual o direito nele contido não se exerce. 
Mas por que se diz que é um título de apresentação? Porque sem o título não 
se constitui, como também não se prova a qualidade de credor. Para que o 
credor possa exercer o direito que resulta do título é indispensável que ele 
exiba o título, porque a prova de que ele é credor não está num elemento fora 
do título; está contida no corpo do próprio título.5 Não é possível, por exemplo, 
que seja o título substituído por uma cópia autenticada por cartório (que tem 
fé pública). Imagine que a pessoa pode tirar cópia, autenticar e, em seguida, 
endossar o original título, permanecendo com cópia.6 
A obrigação contida na cártula, via de regra, é uma obrigação quesível,7 
conforme o art. 2º da Lei Uniforme e o art. 889 do NCC, porque embora possa 
nascer com determinado credor originário, o título é feito para entrar em 
circulação através de endosso. 
O credor do título, portanto, não é uma pessoa certa e determinada, mas 
pessoa determinável e identificável pelo devedor no momento em que o título 
lhe for exibido para pagamento. 
Como o devedor sabe a quem pagar? Ele não sabe ao certo. Contraiu a 
obrigação em favor de uma pessoa, mas o título está circulando.... Irá pagar a 
quem? Cabe ao credor se dirigir ao devedor e demonstrar, pela cadeia 
sucessiva de endossos (claro, se o título houver sido endossado), que é ele o 
portador legítimo. Nesse caso, o devedor faz o pagamento ao credor do título, 
o portador que está legitimado a exigir e receber aquele pagamento. 
Todavia, a cartularidade vem sofrendo certa relativização, uma flexibilização, 
que vêm revolucionando a teoria dos títulos de crédito, tanto do ponto de vista 
da cartularidade, quanto da literalidade, por meio de documentos eletrônicos, 
virtuais. Atualmente é uma realidade comum no país a Duplicata virtual. A 
Duplicata virtual faz parte do fenômeno chamado “desmaterialização dos 
títulos de crédito”. 
 
5 Questão do 17º Concurso da Defensoria Pública do Rio de Janeiro: Qual o princípio cambial 
que justifica que o juiz exija que a execução judicial seja instruída com o original dos títulos? A 
Resposta é o princípio da cartularidade, porque sem o título de crédito a pessoa não tem como 
provar a qualidade de credora. O título é elemento constitutivo do direito do credor. Sem o 
título não se exerce o direito nele contido. O título de crédito é um título de apresentação, o 
credor tem que provar a sua qualidade e essa prova se faz através do elemento constitutivo 
que é o próprio título. O título de crédito é um documento que representa um direito sem o 
qual não se exerce esse direito, ao mesmo tempo em que permite a sua circulação econômica. 
6 Por medida de cautela os advogados até instruem os processos de execução com cópia, mas 
o juiz pode pedir o original para comprovar, que será mostrado ao escrivão, certificado se 
conferir com os originais, ou, então, o juiz manda depositá-lo em cofre no cartório, ficando o 
escrivão fica como depositário do título. 
7 Veja a diferença: Obrigações portáveis são pagas no domicílio do credor. O devedor tem 
que procurar o credor para pagar-lhe. E Obrigações quesíveis são aquelas em que o 
pagamento é feito no domicílio de devedor. O credor tem que procurar o devedor para receber. 
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Segundo o NCC, essa vertente de títulos de crédito virtuais poderá ser 
largamente ampliada pelo art. 889 § 3º, que dispõe que os títulos poderão ser 
criados e emitidos por meio de computadores, ou meios equivalentes. Ainda 
que a legislação específica não contemple ou preveja a possibilidade de um 
determinado título ser emitido escrituralmente,8 a norma geral do art. 889, § 
3º, comporta aplicação e torna viável a emissão virtual. Apenas para que você 
tenha uma idéia de como o princípio da cartularidade foi atenuado, basta se 
dizer que agora na prática em 98% dos casos os bancos e as empresas não 
operam mais com a duplicata em papel, e sim com a virtual. 
Literalidade: Quando o NCC diz, no art. 887, “ao exercício do direito literal” 
refere-se à literalidade. Segundo essa característica, só poderá ser oposto ao 
credor àquilo que estiver expressamente mencionado no título de crédito. O 
que não consta do corpo do título de crédito não poderá ser exigido. Pela 
literalidade, não há obrigação assumida fora do título (o devedor só se obriga 
pelo que está na cártula) e nem tudo, só porque está contido no título, vai ter 
automaticamente a natureza e eficácia própria dos títulos de crédito, mas 
somente aquilo que a lei reconhecer como tal. 
A literalidade funciona, portanto, como uma garantia para o devedor que 
estará obrigado tão-somente àquilo que o título contiver. Desta forma as 
obrigações assumidas externamente ao contexto material do título não 
vinculam o devedor segundo a ótica cambial, isto é, de acordo com o direito 
cambiário. Também representa uma garantia para o credor, na medida em que 
o devedor não o pode surpreender com alegações ou circunstâncias que não 
fazem parte do título. 
As obrigações que eventualmente estejam fora do título não são atraídas nem 
reguladas pelo direito cambiário. Prova disso é a Súmula 26 do STJ: O avalista 
do Título de Crédito vinculado a contrato de mútuo também responde pelas 
obrigações pactuadas quando no contrato figurar como devedor solidário. 
Assim se o credor quiser receber juros moratórios, cláusula penal, ou uma 
comissão de permanência, o fato de figurarem no título tais cláusulas não 
permite que sua cobrança seja regida pela legislação dos títulos de crédito.9 
É possível que se estipule no título de crédito, além do pagamento de um 
determinado valor, juros se forem remuneratórios ou compensatórios como na 
letra de câmbio a vista ou a tempo certo de vista (art. 5º da Lei Uniforme – 
 
8 A Lei nº. 10.931/04 estabelece, entre outros, regras sobre a cédula de crédito imobiliária, 
prevendo o art. 18, § 3º, que ela poderá ser emitida sob a forma escritural. Do mesmo modo, 
a Lei nº. 11.076/04, que dispõe sobre os chamados títulos do agro negócio, disciplina o 
Certificado de Depósito Agropecuário (CDC) e do Warrant Agropecuário, os quais são títulos de 
crédito de emissão sob a forma escritural. 
9 Por exemplo, se Banco celebra um contrato e quer que as obrigações sejam asseguradas 
através de um título vinculado ao contrato, não basta que o avalista assine apenas o título de 
crédito, pois terá que assinar também o contrato, para se sujeitar o às cláusulas contratuais. É 
muito comum o contrato estipular a cláusula pela qual “Em garantia do cumprimento deste 
contrato são emitidas x Notas Promissórias nos mesmos valores em iguais datas de 
vencimento das obrigações aqui previstas...”. E se o contrato não for honrado, o credor que 
quiser cobrar do avalista cláusula penal, de foro, juros, comissão de permanência (mais um 
monte de coisas que não estão notítulo), deverá ter tido o cuidado de exigir que o avalista 
também tenha assinado as tais notas promissórias, sob pena de somente poder cobrar dele 
apenas as obrigações do título de crédito, que não incluem os encargos mencionados. 
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Decreto 55.663/1966), embora o NCC o proíba totalmente (art. 890). Na letra 
de câmbio com vencimento a dia certo não cabe fixação de juros. 
Nesse caso, se há uma cláusula estipulando juros, tal cláusula não é regida, 
disciplinada, pelo direito que trata dos títulos de crédito por causa da 
literalidade. Literalidade no sentido de exigir os requisitos mínimos do título, de 
que só aquilo que consta do título tem natureza cambial. Mas ao mesmo tempo 
tem sentido excludente, porque nem tudo que consta do título tem natureza 
cambial, mas apenas aquilo que a lei cambial diz passa a ter a regência dos 
títulos de crédito, 
Seria possível que um determinado título de crédito tivesse seu valor a pagar 
expresso em indexadores, índices de reajustes, de obrigações, de reajuste de 
valores, ou seja, poderia um título expresso em IGP-M? Por exemplo: “Pagarei 
por esta Nota Promissória a quantia que no dia do seu vencimento 
corresponder a tantos índices acumulados do IGP-M”. Isso não afetaria a 
literalidade, uma vez os valores que compõem os índices estão fora dele e pelo 
art. 1º da Lei Uniforme a quantia a pagar tem que estar contida no próprio 
título? 
Respondendo à questão,10 O STJ pacificou as discussões vencendo a tese de 
que o título já é substancialmente liquido (apurado em seu montante), uma 
vez que os índices são facilmente encontrados, já que divulgados por 
instituições ou oficiais ou publicamente conhecidas e demandam elementar 
operação matemática (soma, subtração, multiplicação e divisão), não 
causando ofensa ou comprometimento ao princípio da literalidade. 
Observe, contudo, que a literalidade também sofre relativização. Isto porque a 
Duplicata admite o aceite tácito (sem estar expresso no título). Bem, não está 
no título, então como poderá o credor executá-lo? É através do protesto desse 
título e do recibo da entrega da mercadoria ou do comprovante da prestação 
do serviço. Veja que esse recibo e esse protesto não estão incluídos no corpo 
da Duplicata, por isso estamos também quebrando a literalidade. O título está 
se completando por dados externos, exteriores a ele, pois o aceite está sendo 
suprido por elementos que estão em outro documento, que vai aperfeiçoar a 
executividade da Duplicata. Essa complementação com elementos de fora da 
cártula é uma relativização da literalidade, porque a idéia inicial é a de que o 
título baste por si só, seja completo, independendo de elementos de fora. 
Porém aí, nesse caso, a lei abriu uma exceção. 
 
Autonomia: ainda pelo art. 887 temos a expressão “autônomo”, remetendo-
nos a característica da autonomia, que significa que as disposições que 
constam na cártula não se vinculam à causa (ao negócio) que as originou. 
Adquirem autonomia a partir da expedição do título e sua circulação pelo modo 
típico, que é o endosso. As obrigações cambiais assumidas no título são novas, 
originárias e independentes uma das outras. Ao contrário do que ocorre com 
as relações tipicamente civis. Por exemplo, uma fiança é acessória à uma 
obrigação principal; já o aval numa cártula é independente em relação às 
 
10 Que caiu no 4º concurso para Procurador do Estado do Rio de Janeiro. 
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demais obrigações, o qual pode ser exigido, mesmo que a obrigação avalizada 
seja nula, salvo se o título não chegou a circular por endosso. 
Todas as obrigações valem por si, como obrigações novas, originárias, 
próprias, independente das demais. Isso conduz à abstração da relação jurídica 
inicial, do motivo que deu causa e que justificou a emissão do título. Gera, ao 
mesmo tempo, a impossibilidade de o devedor alegar ao portador de boa-fé do 
título defesa os argumentos ligados à relação jurídica inicial. Cada vez que 
alguém coloca o aval ou endossa um título, assume na verdade uma obrigação 
desvinculada da ou das anteriores11. 
Essa circunstância faz com que o título se desprenda da relação jurídica que 
permitiu que ele fosse criado, e, a partir daí, cada possuidor tem o seu direito 
marcado por uma aquisição nova, originária, autônoma, separada das outras 
(tal como na usucapião, ou na desapropriação, hipóteses de aquisição 
originária; já quando se vende uma casa, isso gera uma aquisição derivada, 
que é um fenômeno de passagem de um bem do patrimônio do transmitente 
para o do adquirente). 
A autonomia significa independência das obrigações afirmadas na cártula ou 
nos direitos constantes da mesma. Como conseqüência o devedor do título não 
pode alegar ao portador legítimo (que é o endossatário, a quem o título foi 
transmitido) problemas relativos à relação jurídica inicial, que permitiu que o 
título de crédito fosse criado. Ainda que tenha uma rede de endossos (cadeia 
de sucessivas transmissões do título), cada endossatário é considerado 
portador legítimo, autônomo e originário, independente da relação dos 
anteriores. E a obrigação decorrente do título é devida, ainda que o ele tenha 
sido colocado em circulação contra a vontade do emitente (NCC, art. 905, § 
único). 
Da autonomia decorrem os sub-princípios da abstração e da inoponibilidade 
das exceções. Pelo princípio da abstração o título é abstrato frente à sua 
causa de emissão. Cada obrigação assumida no título é independente, sendo 
esta a razão pela qual não podem ser argüidas perante o credor ou portador 
 
11 Em lição preciosa para o tema diz o emérito jurista João Eunápio Borges: É nas relações 
entre o devedor e terceiros que se afirma, com toda a sua nitidez e plenitude, a autonomia do 
direito capitular. Autonomia que, sob esse segundo aspecto, significa independência dos 
diversos e sucessivos possuidores do título em relação a cada um dos outros. É o princípio da 
inoponibilidade das exceções - lenta e segura conquista da prática cambial - que o direito 
acolheu como norma fundamental dos títulos de créditos. (...)... de acordo com as várias 
teorias que explicam essa autonomia ou independência, o que é objeto de transferência é o 
título e não o direito que nele se contém. Como o direito cartular não pertence, a rigor, a 
pessoa determinada, mas a sujeito indeterminado, e só determinável pela sua relação real 
com o título, cada possuidor é titular do direito autônomo e originário afirmado no título e não 
de um direito derivado e a ele transmitido pelos seus antecessores na posse do título. E assim 
o direito de cada legítimo possuidor repousa inteiro no próprio título que, destinado a circular, 
se desprende da relação fundamental que lhe deu origem, que foi a causa de sua emissão. Tal 
direito é o direito cartular, constituído pelo próprio título. (...)E é por isso que autônomo e 
independente o direito de cada um dos possuidores do título: aquela relação fundamental - 
pessoal, imóvel e não circulante - só é fonte de exceções entre as partes que dela participaram 
diretamente, constituindo, para terceiros, res inter alios acta. In: Títulos de Crédito. 2ª ed. Rio 
de Janeiro: Forense, pp. 15/16. 
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de boa-fé os argumentos de defesa que o devedor teria contra o beneficiário 
original (princípio da inoponibilidade das exceções pessoais)12. 
Você pode visualizar a autonomia, por exemplo, na compra de uma mercadoria 
numa loja que é paga com um cheque. Se você devolver à loja a mercadoria, o 
cheque que o estabelecimento recebeu e endossou a terceiros não pode ser 
sustado, pois as relações entre o novo credor(como um banco que o recebeu 
para desconto) são independentes e autônomas. Você, emitente do cheque, 
deve pagá-lo ao legítimo credor apresentante e cobrar o respectivo 
ressarcimento junto lojista. O endossatário (nesse exemplo, o banco) passou a 
ter direito autônomo, originário, distinto daquele relativo à compra e devolução 
da mercadoria. O endossatário de boa-fé é estranho à relação mantida com o 
lojista e não poderá haver a alegação perante este de problemas que afetem a 
relação jurídica originária, a partir da qual o cheque foi emitido.13 
Mas se você, também emitindo um cheque, o vincula ao cumprimento de um 
determinado (colocando isso escrito no verso do cheque) isso quebra a 
abstração. E assim, o título, ao ser endossado, passa a ser transferido junto 
com a sua causa, junto com a relação jurídica fundamental que o justificou. É 
uma conveniência de a pessoa receber um título de crédito. Ninguém é 
obrigado a receber título de crédito. Se você concorda em receber o título 
com a causa expressamente vinculada a ele, então estará permitindo que o 
devedor do título alegue a sua causa, ou seja, argumente para quem recebeu 
o título as alegações de defesa que ele tinha lá contra o credor originário da 
relação jurídica. 
Nesse sentido temos inclusive a súmula 258 do STJ. Se o título de crédito tiver 
uma vinculação expressa a um determinado contrato ou a uma determinada 
relação jurídica, isto afeta a abstração e conseqüentemente prejudica a sua 
autonomia. 
Assim, mesmo nos títulos cambiariformes, ou títulos causais que 
correspondem a títulos ligados a uma causa específica de emissão (que 
veremos mais adiante), essa causa só é importante no primeiro momento. 
Depois o título se desvincula de sua causa originária e abre espaço para a 
autonomia, donde decorrem a abstração e a inoponibilidade das exceções. 
 
DESAFIO 
2 - Questão elaborada pela CESPE em 2004: Em relação aos títulos de crédito, 
julgue os itens a seguir. 
 
12 Não confunda as exceções reais são as que afetam o título em si, de regularidade formal do 
próprio título. Por exemplo, não tem por extenso o valor a pagar, só por numeral, ou falta à 
assinatura do devedor ou outro requisito extrínseco de forma, considerado essencial pelo arts. 
1º e 2º da Lei Uniforme. Estes são problemas ou vícios que comprometem o próprio título, e a 
não relação jurídica fundamental, que alguns chamam de exceções formais ou reais Ou seja, 
não estão ligadas à relação jurídica fundamental, inicial. Relacionam-se ao rigor formal do 
título. 
13 O devedor do cheque não pode opor as defesas ou exceções pessoais. Veja a decisão do 
Superior Tribunal de Justiça, no Recurso Especial nº. 50607, relator o Ministro Aldir Passarinho 
Junior, em: www.stj.gov.br. 
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- O título de crédito abstrato dá origem a obrigações desvinculadas da causa 
que o gerou. Assim, nas obrigações cambiais, a causa que lhes deu origem não 
constitui meio de defesa. 
 
3 - Questão elaborada pela CESPE em 1997: O jurista italiano Cesare Vivante 
definiu título de crédito como o documento necessário ao exercício do direito 
literal e autônomo nele mencionado. Esta definição tornou-se clássica por 
indicar duas das várias características aplicáveis aos títulos de créditos. Acerca 
das características dos títulos de credito, julgue os itens a seguir. 
1. A literalidade está relacionada ao fato de que o credor de título de crédito 
somente pode exercer os seus direitos mediante a apresentação do título ao 
devedor. 
2. A inoponibilidade de exceções em embargos propostos contra ação cambial 
é decorrência do princípio da autonomia das relações jurídicas. 
3. A afirmação de que os títulos de crédito valem pelas informações nele 
mencionadas está vinculada a sua cartularidade. 
4. A abstração é a principal característica da duplicata mercantil. 
5. Em decorrência da autonomia das relações jurídicas, o avalista de um título 
de crédito não pode alegar defeito de forma. 
 
 
 
 
2. Classificação dos Títulos de Crédito 
Podemos classificar os títulos de Crédito quanto sua estrutura, sua forma de 
circulação e quanto à sua causa de emissão. 
Quanto à estrutura podemos ter a ordem ou a promessa de pagamento: 
Nos títulos que sejam ordem de pagamento a vinculação do devedor-sacado 
só ocorre após o aceite, salvo o cheque, que já é emitido pelo devedor. 
São a ordem de pagamento: o cheque, letra de câmbio e duplicata. 
O cheque é uma ordem de pagamento feita pelo emitente ao banco, para 
que este pague a quem apresentar o cheque (credor). 
A letra de câmbio e a duplicata são títulos criados pelo credor, que os emite 
(saca) e dirige essa ordem de pagamento ao devedor, para que pague à 
pessoa que está mencionada no título. Após emitir o título, o credor deveria 
enviá-lo para aceite (do devedor), mas na prática não se vê muito isso, pelo 
trabalho que dá. O que acontece efetivamente é a emissão de duplicata e o 
suprimento do aceite, que se dá pelo comprovante de entrega da mercadoria 
ou da prestação dos serviços e pelo protesto.14. 
 
14 A duplicata é a única hipótese em que há a possibilidade de suprimento do aceite pelo 
protesto mais aquele recibo da entrega da mercadoria. 
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Nos títulos em que há uma promessa de pagamento quem emite o título é o 
próprio devedor, que, o criando, já se vincula e se obriga ao pagamento. 
São promessa de pagamento a nota promissória, a cédula de crédito bancário, 
a cédula de crédito industrial e rural. 
Na Nota Promissória, como na Cédula de crédito bancário15 temos no título a 
inscrição: “prometo pagar...”. Igualmente como temos a Cédula de crédito 
industrial (muito usada pelo BNDES em seus financiamentos), conforme o 
Decreto Lei 413/69, e Cédula de crédito rural e comercial. 
DESAFIO 
4 – Questão elaborada pela ESAF em 1992: A nota promissória se distingue da 
letra de câmbio por: 
a) Usualmente vir ligada a contratos de financiamento; 
b) Ser promessa de pagamento; 
c) Ser título a vista de apresentação; 
d) Admitir cláusula de juros moratórios; 
e) Representar obrigação líquida. 
 
 
Quanto à circulação: os títulos podem ser nominais (à ordem, não à ordem), 
nominativos e ao portador. 
São Nominais aqueles que levam o nome do beneficiário ou tomador. 
Pode-se identificar o beneficiário ou constar à expressão “ou à sua ou 
ordem”, que significa que ele pode ser endossado. “À ordem” admite 
endosso em preto, ou em branco, este quando não se menciona o 
endossatário e o título passa a circular ao portador. 
Endosso em preto é aquele em que há identificação da pessoa a quem está se 
endossando (o endossatário) 
Endosso em branco é o que quando não se menciona o beneficiário 
(endossatário), assim o título que vira ao portador. 
Você na prática já deve ter visto isso. Quando recebe um cheque nominal, 
raramente alguém faz o endosso em preto. Simplesmente você assina atrás, 
deixando de indicar o nome do beneficiário no momento do endosso. O título 
acaba circulando ao portador e, no ato de sua apresentação, quem o detém 
insere o nome do beneficiário. 
No caso do título com a cláusula “não à ordem”, está proibido o endosso. 
Quer um exemplo? Quando eu, Ronald, dou um cheque para alguém pagar 
uma conta por mim, costumo tomar algumas providências: cruzo o cheque 
(para que somente seja depositado em conta bancária) e escrevo no verso a 
 
15 A Cédula de crédito bancário veio para substituir os contratos de abertura de crédito - art. 
26 da Lei nº. 10.931/04. 
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que ele se refere (porque, se posteriormentefor endossado, a causa estará 
atrelada ao título, não se aplicando a inoponibilidade das exceções) e risco 
onde está grafado “ou à sua ordem”, escrevendo “não à ordem”, com isso eu 
proibi a transferência por endosso (no máximo o que pode ocorrer é uma 
cessão de crédito, mas não o endosso). 
São nominativos: a) os títulos emitidos em favor de certa pessoa e que 
constem em registro do emitente e que são transferidos mediante termo, 
naquele registro, assinado pelo proprietário e pelo adquirente (que é o 
mecanismo próprio de transferência dos valores mobiliários, como as ações 
das S/A).16. Estão disciplinados pelos arts. 921 a 926 do NCC. Essa força 
decorrente do registro do emitente manifesta-se nos gravames ou restrições 
que afetem o título. Pelo art. 926 do NCC, qualquer negócio ou medida judicial 
que tenha por objeto o título, somente produzirá efeito perante o próprio 
emitente ou terceiros, uma vez feita a uma averbação no registro ele por 
mantido. 
São ao portador quando não se menciona o endossatário, se transferindo o 
título por simples tradição (manual ou entrega física). 
Os títulos ao portador foram extintos e proibidos pelo Plano Collor, Lei nº. 
8.021/90, com o fim de permitir a identificação de credores e combater a 
informalidade. Mas o NCC os re-introduziu no ordenamento, mas dependente 
de lei especial autorizadora (arts. 904 e 907), sem a qual será nulo o título 
emitido sob a forma ao portador. 
Ainda não temos essa lei especial. O que ocorre com o cheque ou qualquer 
título de crédito emitido em branco ou com omissões é sua posterior 
complementação na hora de pagar, indicando o beneficiário. Nesse sentido 
vejam a Súmula 387 do STF, cujos fundamentos constam expressamente do 
art. 891 do NCC.17 Aliás, o título emitido em branco ou com omissões deve ser 
preenchido posteriormente pelo credor ou portador de boa-fé de acordo com o 
ajuste (pacto adjeto ou complementar) feito entre as partes originárias. Caso o 
credor termine o preenchimento contrariamente ao estipulado entre as partes, 
o devedor não poderá opor ao endossatário de boa-fé, a quem o título tenha 
sido transferido de modo já preenchida, a alegação de divergência entre os 
valores (NCC, art. 891, § único). O risco do devedor não é total, mas apenas 
quando o credor preenche o título em desconformidade com os valores 
 
16 Na verdade, a ação de S/A não é título de crédito, mas título de participação. O NCC, de 
forma atípica, adotou uma forma de transferência de título de crédito própria para valores 
mobiliários e outros títulos negociados no mercado de capitais, onde não estão presentes 
aqueles atributos de cartularidade, literalidade e autonomia. 
17 Veja o Resp 204.595 no STJ, cuja decisão é citada pelo Prof. Fábio Ulhoa Coelho, lecionando 
que: (...) nada impede que se pratique o endosso em branco, aquele que não identificou o 
endossatário e que transforma a letra de câmbio em título ao portador; nada obsta, também, 
que a letra circule, a partir de então, por mera tradição, que é o ato próprio de circulação dos 
títulos a portador. Contudo, para obedecer ao ditame legal de identificação da pessoa para 
quem o título é pago, o endosso deve necessariamente ser convertido em endosso em preto, 
no vencimento. Esse procedimento é inteiramente harmonizado com o previsto pela Lei 
Uniforme (LU, artigo 14), com a lei cambial interna (Dec. 2.044/1908), o artigo 19 da Lei nº. 
8.088/90 e a Súmula 387 do STF, além de se traduzir num mecanismo que atende aos 
objetivos de controle fiscal da lei do Plano Collor, in: Curso de Direito Comercial, vol. 1, 2º ed.. 
São Paulo: Saraiva,1999, pp. 402/403 
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pactuados e o endossa, caso em que o endossatário de boa-fé tem direito a 
não ser alegado essa circunstância junto a ele. Entre o credor originário, o 
devedor poderá alegar a diferença ocorrida no preenchimento. 
 
DESAFIO 
5 – Questão elaborada pela CESPE em 1997: A disciplina que rege os títulos de 
crédito norteia-se por uma série de princípios, como os princípios de 
literalidade, autonomia, abstração e inoponibilidade das exceções pessoais. De 
acordo com tais princípios julgue os itens seguintes. 
- Considere a seguinte situação: firmado um contrato entre A (obrigação de 
pagar) e B (obrigação de entregar coisa certa), A emitiu nota promissória 
consignando a promessa de pagar; B endossou a nota para C; executado por 
inadimplência, A defendeu-se, recusando o pagamento a C, alegando não ser 
obrigado em face do descumprimento do contrato por parte de B. Nesse caso, 
é correta a decisão do juiz que acata a defesa de A e indefere o pedido de C. 
- Considere que seja emitida uma nota promissória por A em favor de B, e este 
a endosse para um C, que, por sua vez, apresenta o avalista X, endossando, 
em seguida, o título a D. Se for executado, o X pode se recusar ao pagamento, 
alegando que sua obrigação, por ser vinculada à de C, é invalida. 
- O avalista que também é fiador do contrato ao qual está vinculada nota 
promissória obriga-se nos termos do contrato. 
 
6 – Questão elaborada pela ESAF em 1992: A circulação de títulos de crédito 
ao portador decorre, após 1990, no Brasil, de (da): 
a) Estarem incompletos; 
b) Costume; 
c) Fraude; 
d) Simulação; 
e) Forma do título. 
 
7 – Questão elaborada pelo FEPESE em 2005: A propósito dos títulos de 
crédito, assinale a alternativa correta de acordo com o Código Civil. 
a) O possuidor de título ao portador tem direito à prestação nele indicada, 
mediante a sua simples apresentação ao devedor, salvo se o titulo tiver 
entrado em circulação contra a vontade do emitente. 
b) Ressalvada cláusula expressa em contrário, inserida no endosso, o 
endossante responde pelo cumprimento da prestação constante do título, 
c) É permitido o aval parcial para garantir o pagamento de titulo de crédito que 
contenha obrigação de pagar soma determinada. 
d) Qualquer negócio ou medida judicial, que tenha por objeto título 
nominativo, só produz efeito perante o emitente ou terceiros, uma vez feita a 
competente averbação no registro do emitente. 
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Quanto à causa de emissão os títulos podem ser abstratos ou não causais 
ou causais ou cambiariformes. 
Os títulos abstratos ou não causais são os que podem ser criados a partir de 
qualquer relação jurídica, sem que a sua emissão esteja condicionada a 
alguma situação prevista em lei. Podem, por exemplo, a letra de cambio e a 
nota promissória ser sacadas diante que qualquer hipótese. Consider-se a 
hipotética situação de aquisição de um empréstimo. 
Enquanto os títulos causais ou cambiariformes são aqueles que somente 
podem ser criados a partir da ocorrência de uma situação expressa e 
legalmente prevista. Todavia como vimos ao estudar a autonomia depois de 
criado e completo o título se desprende da causa originária. Por exemplo, a 
duplicata, que, nos termos do art. 2º da Lei de Duplicatas (Lei nº. 5.474/68) 
só pode ser emitida diante de uma compra e venda de mercadorias ou uma 
prestação de serviços (duplicação da fatura/nota fiscal). Depois de sacada e 
aceita, pode circular livremente por via de endosso. 
 
DESAFIO 
8 – Questão elaborada pela ESAF em 1998: Nos títulos de crédito causais, 
como a duplicata mercantil por exemplo: 
a) Inexiste abstração da obrigação cambiária. 
b) A literalidade do título está vinculada à operação subjacente. 
c) A circulação não se faz via endosso do título. 
d) A circulação da duplicata corresponde à cessão de crédito civil. 
e) A apresentação a protesto depende de aceite. 
 
 
3. Aval e Fiança 
O aval é um garantia autônoma prestada em um título de crédito. Por meio 
dele, determinada pessoa (avalista) garante, assegura o cumprimento de uma 
obrigação cambial (pagamentodo valor mencionado no título), seja em favor 
do devedor principal ou de algum coobrigado (que se denomina avalizado). O 
aval é dado para a garantia da dívida do aceitante, principal devedor. Não 
estando ainda aceito o título, garante-se o sacador/emitente. 
Como vimos, em razão da autonomia das obrigações cambiais, nada impede 
de o aval ser válido e a obrigação avalizada ser nula ou anulável. Ou seja, uma 
eventual nulidade da obrigação do avalizado não contamina a obrigação 
assumida pelo avalista. 
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Os requisitos para sua validade são a emissão de um título de crédito no qual é 
dado (o aval é prestado apenas em título de crédito) e capacidade de seu 
prestador ou dador. Importante observar que as pessoas casadas não podem, 
salvo no regime da separação absoluta, prestar aval ou fiança sem o 
consentimento do cônjuge - art. 1.647, III, do NCC. 
O avalista equipara-se, em sua posição jurídica, ao avalizado. São coobrigados 
no mesmo grau, solidários, não havendo beneficio de ordem. Não é possível 
alegar exceção pessoal para não se cumpri-lo. Contudo o STJ entende que no 
caso do título ainda não ter circulado, isso é, se continua entre as partes 
originárias, o avalista pode alegar em sua defesa as exceções pertinentes à 
relação jurídica causal. 
O aval pode ser em preto, quando indicar o avalizado e em branco sem essa 
indicação (o aval será em favor do sacador, aquele que primeiro se obriga). 
Desde que exista expressa menção no título, o aval pode ser parcial, apesar 
de, em regra, as obrigações cambiais não ser condicionadas ou limitadas. A Lei 
Uniforme, em seu art. 30, e a Lei do Cheque, em seu art. 29, admitem o aval 
limitado à certa quantia. Em sentido oposto, o NCC não admite aval parcial 
(art. 897, § único), o qual é vedado. 
Um título pode receber vários avais, que podem ser a) simultâneos: 
avalistas que em conjunto se obrigam cambialmente, havendo solidariedade 
interna (entre os avalistas) e externa (entre os avalistas e demais 
coobrigados). Os avais branco (sem indicação da pessoa avalizada) e 
superpostos (um sobre o outro) se consideram simultâneos (Súmula STF nº. 
189), ou b) sucessivos: produzem apenas solidariedade externa (o avalista 
que pagar o título só poderá exigir o reembolso dos que lhe são anteriores). O 
avalista que pagar o título tem o direito de se ressarcir junto ao avalizado e/ou 
aos demais avalistas pelas respectivas quotas, se simultâneos, ou 
integralmente dos avalistas anteriores, se sucessivos. Regendo-se as relações 
entre os avalistas no mesmo plano pela solidariedade civil, poderá ser exigido 
o ressarcimento integral do avalista a quem interessar a dívida na sua 
totalidade (art. 285 do NCC). 
Ser simultâneo ou sucessivo na verdade se restringe às relações internas entre 
os avalistas, na medida em que para o portador do título as obrigações são 
autônomas e exigíveis de quaisquer deles. Todavia, se se quiser assegurar o 
direito de regresso cambial contra os avalistas do endossante, no aval 
sucessivo, o protesto do título deverá ser promovido em tempo hábil. 
O aval pode ser antecipado (artigo 14, do Decreto Lei 2.044/1908), quando é 
prestado antes da data do aceite do título (como obrigação autônoma o 
avalista responde mesmo no caso de o avalizado recusar o aceite do título de 
crédito). Ou pode ser dado posteriormente ao vencimento e tem os mesmos 
efeitos do anteriormente dado (art. 900 do NCC). Idêntica solução foi adotada 
no art. 12, § único da Lei 5.474/68 (Lei de Duplicatas). 
Finalmente, as diferenças entre aval e fiança estão esquematizadas no quadro 
a seguir. Sendo de se observar que uma distinção que existia e agora, com o 
NCC, desapareceu é a exigência de outorga do cônjuge, art. 1647, III, em 
qualquer regime que não seja o da separação absoluta. Antes o aval não exigia 
a outorga e a fiança, para ser válida, exigia. Vejamos: 
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Aval Fiança 
Pertence exclusivamente ao 
direito mercantil 
É comum ao direito mercantil e ao civil. 
O aval é declaração unilateral 
de vontade 
A fiança é contrato. 
O aval é obrigação autônoma, 
não se admitindo defesas 
baseadas nas relações entre 
o avalizado e o credor 
(exceções pessoais), 
A fiança é obrigação acessória (art. 837 NCC). 
Assim se o contrato principal for nulo ou 
anulável, a fiança segue a mesma sorte. Como 
a fiança é acessória, se o fiador for acionado 
ele pode alegar defesas pessoais dele e 
também pode as defesas do afiançado. 
O aval não admite benefício 
de ordem, que consiste na 
possibilidade de serem 
indicados primeiramente os 
bens livres do devedor 
principal 
 A fiança inclui o benefício de ordem (NCC, art. 
827), salvo nas situações descritas no art. 828 
do NCC. 
 
DESAFIO 
9 – Questão elaborada pela ESAF em 2006: Com base no que dispõe o Código 
Civil Brasileiro sobre Títulos de Crédito, julgue os itens a seguir, assinalando, 
ao final, a opção com a resposta correta. 
( ) A omissão de algum requisito legal que tire do documento sua validade 
como título de crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico que lhe deu 
origem. 
( ) Invalida o título de crédito a cláusula que exclua ou restrinja direitos e 
obrigações além dos limites fixados em lei. 
( ) O pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar soma 
determinada, pode ser garantido por aval, total ou parcial. 
( ) O aval posterior ao vencimento do título de crédito não produz efeitos. 
( ) O pagamento parcial do título não pode ser recusado pelo credor, se no seu 
vencimento. 
a) V, F, F, F, F 
b) V, F, V, V, V 
c) F, V, F, V, V 
d) V, F, F, F, V 
e) V, V, V, F, F 
 
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10 – Questão elaborada pela ESAF em 2006: Considere-se um título de crédito 
emitido parcialmente em branco, devendo ser preenchido pelo portador 
segundo os termos de um pacto adjecto. Nesse caso, 
a) o devedor poderá impugnar perante terceiro, em qualquer situação, o seu 
preenchimento em desconformidade com os ajustes realizados. 
b) se o preenchimento se deu em desconformidade com os ajustes e depois foi 
assim endossado a terceiro, o devedor poderá impugnar o pagamento apenas 
em relação ao favorecido original. 
c) o portador do título, preenchido indevidamente e objeto de uma série 
regular de endossos, poderá sofrer oposição do devedor, pois as transmissões 
ficaram contaminadas pelo vício referido. 
d) se o pacto adjecto não acompanhar a circulação do título, jamais qualquer 
credor poderá sofrer impugnação por parte do devedor diante do 
descumprimento indevido. 
e) a emissão de um título incompleto é risco absoluto que o emitente assume 
ao fazê-lo. 
 
11 – Questão elaborada pela CESPE em 2003: Acerca das obrigações, julgue 
os itens a seguir. 
- O avalista de título de crédito vinculado a um contrato, no qual se tenha 
inserido cláusula de responsabilidade do avalista, passa a ser solidariamente 
obrigado pelo pagamento do débito no valor total do contrato e não somente 
pelo valor inserido na cártula. 
 
12 – Questão elaborada pela TRT/SE em 2004: De acordo com o Código Civil 
de 2002, o pagamento de título de crédito, em geral, que contenha obrigação 
de pagar soma determinada: 
(a) não pode ser garantido por aval; 
(b) pode ser garantido por aval parcial, sendo dado no verso ou no anverso do 
próprio título; 
(c) pode ser garantido por aval parcial, uma vez dado no verso do próprio 
título, não sendo válido quando dado no anverso; 
(d) pode ser garantido por aval, vedado que este seja parcial, devendo ser 
dado apenas no anverso do próprio título, para a sua validade; 
(e) pode ser garantido por aval, vedado que este seja parcial, sendo dado no 
verso ou no anverso do próprio título, bastando,neste último caso, a simples 
assinatura do avalista para a sua validade. 
 
13 – Questão elaborada pela CESPE em1997: O aval pode ser entendido como 
o ato por meio do qual determinada pessoa passa a responder, em face de 
determinado título de crédito, nas mesmas condições que a pessoa por ele 
avalizada. Observa-se, portanto, certa semelhança em seu funcionamento, 
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quando comparado com a fiança. A propósito das peculiaridades desses dois 
institutos, julgue os itens a seguir (certo ou errado). 
1. A validade tanto do aval quanto da fiança depende de outorga do cônjuge. 
2. O aval possui natureza de ato unilateral de vontade. 
3. O benefício de ordem é comum a ambos os institutos. 
4. O aval, assim como a fiança, possui natureza contratual. 
5. O avalista pode ser demandado independentemente de o avalizado ter sido 
demandado. 
 
14 – Questão elaborada CESGRANRIO em 2006: João Carlos, casado sob o 
regime de comunhão parcial de bens, avalizou obrigação representada em nota 
promissória emitida por seu amigo Márcio, sem o consentimento de sua 
mulher, Maria. Em razão do não-pagamento da nota promissória, João Carlos 
foi executado pelo credor, que penhorou bem imóvel do casal. Maria poderá: 
(A) opor embargos de devedor, tendo em vista a unidade dos interesses dos 
cônjuges. 
(B) postular a exclusão da meação, através de embargos de terceiro, desde 
que provado o prejuízo sofrido. 
(C) pleitear a anulação do aval dado sem seu consentimento. 
(D) pedir a declaração da nulidade absoluta do ato, pois pouco importa o 
regime de bens do casamento, será sempre necessária a outorga uxória. 
(E) regredir contra João Carlos, pois, em relação ao credor, prevalece a 
autonomia das obrigações cartulares e nada poderá ser feito. 
 
 
4. Endosso e Cessão de Crédito 
O endosso é um ato cambial destinado a transferir o crédito representado por 
determinado título de crédito à ordem. 
O primeiro endossante será sempre o beneficiário (tomador) do título. O 
endossador é que inaugurará a chamada cadeia de endossos. Aquele que 
transfere o título é o endossante ou endossador. Na outra ponta está o 
endossatário, que recebe o título. 
No caso do endosso em preto (que é aquele que contiver a indicação do 
beneficiário, isto é o endossatário), cada vez que o título for endossado passa 
a ser o endossatário seguinte o seu novo titular. É legítimo proprietário do 
título o seu último endossatário. Já em se tratando de endosso em branco (que 
é aquele com a simples assinatura do endossante sem indicar a quem se 
transfere), o título passa a ser considerado ao portador, sendo esse 
considerado como o legítimo proprietário do título. Em regra, não existem 
limites para o endosso nos títulos de crédito, exceto para o cheque, que só 
pode ser endossado uma vez. 
O endosso, tal como o aval, é lançado no título. Como diferenciá-los? O 
endosso é lançado pelo endossante no verso ou anverso do próprio título, 
conforme determina o artigo 910 NCC, sendo que para validade do endosso 
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dado no verso do título é suficiente a simples assinatura do endossante. Se 
não for lançado no verso do título, pode ser confundido com o aceite ou aval. 
Assim, se lançado no anverso (frente), dever ser feito de maneira que fique 
claro que se trata de endosso do título. 
A circulação de um título por via de endosso pode ser proibida com a inserção 
da cláusula “não à ordem”, conforme o art. 11 da Lei Uniforme, caso em que a 
eventual transferência se regerá pelas regras da cessão civil de crédito. É de 
se observar, contudo que o NCC, em seu art. 890, veda cláusula proibitiva de 
endosso. 
O endosso pode ser pleno ou translativo (ou translatício), onde além de 
transferir a titularidade do crédito, torna o endossante um coobrigado ao 
pagamento do título (Lei Uniforme, art. 15). O endosso parcial é nulo porque 
fere a cartularidade que um dos princípios que regem os títulos de crédito, o 
da cartularidade. Se fosse possível eu estaria transferindo para um terceiro 
parte do crédito e ainda conservando parte desse crédito comigo. Teríamos, 
assim, dois credores e somente um título! Teríamos que cortar o título ao meio 
(que absurdo!) e deixar a metade com cada credor: endossante e 
endossatário). 
O endosso pode ser impróprio, isto ocorre quando o endossante apenas 
transfere a posse do título para fins de cobrança (endosso-mandato, arts. 18 
da Lei Uniforme e 917 do NCC) ou de constituição de um direito de penhor 
(arts. 19 da Lei Uniforme e 918 NCC), que é um direito real de garantia. 
De qualquer modo, seja pleno (ou próprio) ou impróprio, é o endosso que 
torna legítimo o seu portador, já que a cobrança do título exige a sua posse 
(princípio da cartularidade). 
O endosso pleno tem por efeito transmitir não só o título como também os 
acessórios e garantias. Também não é possível que se lance o endosso sob 
condição, que será considerada inexistente, porque a ocorrência da condição 
não está prevista no próprio título (por exemplo, endosso o título para você 
sob a condição de o aeroporto da minha cidade estar aberto amanhã, assim a 
eficácia vai depender da declaração da INFRAERO, se isso ocorrer), o que 
feriria a literalidade. 
Isso representa uma garantia para o devedor, que não corre o risco de ter 
agravada a sua obrigação (obrigado a circunstâncias fora do título), mas 
também é uma garantia para o credor (para o endossatário, o portador 
legítimo do título), porque o devedor também não pode alegar circunstâncias 
estranhas ao corpo título (art. 12 da Lei Uniforme e art. 912 do NCC). 
O direito que o credor possui de cobrar o título dos coobrigados indiretos, isto 
é, do sacador, dos endossantes e dos avalistas dos endossantes é chamado de 
direito de regresso cambial. Para tanto, será necessário que o credor 
promova o protesto do título no tempo hábil, que significa requer o protesto, 
em regra, no primeiro dia útil após o vencimento do título. Se o credor obtiver 
o pagamento do 4º endossante, este, em ação regressiva comum, poderá 
cobrar o título dos endossantes anteriores (3º, 2º, 1º), dos avalistas desses 
endossantes, do devedor principal e de seu avalista. Não poderá dirigir a 
cobrança contra os endossantes que lhe são posteriores, como o 5º, 6º etc.. 
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Caso o endosso seja efetuado após o protesto ou após o vencimento do prazo 
para o protesto, chama-se endosso póstumo, o qual terá os efeitos de uma 
cessão civil de crédito, nos termos do art. 29 da Lei Uniforme. Não se pode 
exercer, com base no endosso póstumo, a ação cambial típica do direito dos 
títulos de crédito, com os seus atributos ou princípios, pois eles não estão 
presentes na cessão de crédito. 
Interessante que façamos a diferenciação a cessão civil de crédito, estudada 
pelo direito das obrigações, e o endosso. Vejamos: 
 
Endosso Cessão de crédito 
É um instituto típico do direito 
comercial, próprio dos títulos de 
crédito 
É um contrato, um instituto regulado 
pelo direito civil. 
É declaração unilateral de vontade. É um contrato e, tal, significa negócio 
jurídico bilateral. 
O endosso gera uma aquisição 
autônoma e originária do título 
(transmitindo com o endosso apenas 
o crédito incorporado ao título, e não 
a relação jurídica que proporcionou o 
surgimento do título). 
A cessão de crédito gera uma 
aquisição derivada de um crédito 
causal (se transfere o crédito com 
todas as limitações e aspectos da 
relação jurídica onde esse crédito 
surgiu). 
Inoponibilidade de exceções pessoais, 
pois gera uma relação originária (o 
endossatário não pode se utilizar das 
alegações de defesa baseadas na 
relação causal que tinha o com 
endossante, porque o endosso 
transfereapenas o título). A não ser 
que o endossatário esteja de má-fé, 
sendo parte originária da relação ou 
tendo conhecimento dos problemas 
relacionados com a relação jurídica 
Na cessão de crédito há uma 
transmissão da relação jurídica causal, 
é uma relação derivada, logo admite a 
alegação de exceções pessoais, o 
devedor pode opor ao cessionário os 
argumentos de defesa que ele devedor 
tinha contra o cedente do crédito. 
Toda aquisição derivada é limitada e 
toda aquisição originária é plena, não 
tem restrições. A limitação se dá 
quanto aos aspectos da relação 
 
18 Interessante citar o Acórdão da 3ª Câmara Cível- TJ-SP: “Endosso - questionamento da 
causa debendi. Ainda que de boa-fé, o endossatário de notas promissórias das quais constem 
expressa vinculação ao contrato, fica sujeito à exceções que dispõe o emitente com base no 
ajuste. Os títulos em hipótese tais perdem a natureza abstrata que lhes é peculiar, sendo 
oponível ao portador, mesmo nos casos que tenham havido circulação por endosso. Recusa 
fundada em desconstituição da causa debendi. Portanto o art. 17 da Lei Uniforme de Genebra 
não incide como meio proibitivo do longo alcance da ação de rescisão contratual”. AI 243.961-
4/2 - Relator Desembargadores Ênio Zuliani e Afrânio Jurani. Julgado em 28/05/2002. Então, 
se eu tenho um contrato e esse tem uma Nota Promissória, onde consta vinculação expressa a 
tal contrato, e se o credor quiser executar a promissória, o devedor pode, uma vez que o título 
anda não circulou, levantar a discussão da causa. Já que entre as partes diretamente 
relacionadas não se aplica a inoponibilidade das exceções; só se aplica quando da circulação 
do título. 
Por que perante as partes originárias é possível alegar a defesa fundada em relação causal? 
Por vários motivos. Primeiro, porque o título prescrito não impede que seja cobrado por ação 
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originária18. jurídica de onde o crédito surgiu). 
No endosso não há a necessidade de 
notificação do devedor. Ele se perfaz 
independentemente de notificação do 
devedor (que pagará àquele que 
apresentar o título e que se encontra 
em último lugar na cadeia de 
endossos, podendo eventualmente 
cobrar a responsabilidade junto ao 
endossante com o qual mantinha 
relação jurídica direita). 
A cessão de crédito só se torna eficaz 
para o devedor quando ele é 
notificado. Para que o devedor saiba a 
quem ele deve pagar, haverá que ser 
feita a notificação. Caso contrário, a 
cessão não se torna eficaz contra ele. 
Isto se dá devido ao princípio da 
cartularidade, já que o devedor só está 
obrigado a pagar a quem lhe exibir o 
título. 
 
 
DESAFIO 
15 - Questão elaborada pela ESAF em 2002: O endosso é instituto de direito 
cambiário que 
a) se aplica apenas para representar a transferência de titularidade. 
b) serve para determinar a legitimação cambiária. 
c) impõe ao endossante o dever de garantir a legitimidade dos endossos 
anteriores. 
d) deve ser em preto para garantir a formação da cadeia de regresso. 
e) serve para indicar que alguém deixa de ser titular do direito cambiário. 
 
16 - Questão elaborada pela CESGANRIO em 1992: A respeito do endosso 
parcial, pode-se afirmar que é: 
a) Anulável. 
b) Plenamente válido. 
c) Inexistente. 
d) Nulo. 
e) Considerado não escrito. 
 
17 - Questão elaborada pelo TRT/MS em 2006: Sobre os títulos de crédito, 
assinale a alternativa INCORRETA: 
a) A transferência do título de crédito implica a de todos os direitos que lhe são 
inerentes. 
 
monitória ou, antes mesmo da introdução em nosso direito da ação monitória, por ação de 
locupletamento sem causa. Mesmo no título prescrito se pode argüir na relação jurídica 
fundamental. Segundo, porque entre as próprias partes, se o título não circulou, seria um 
absurdo exigir que o devedor pagasse ao credor para depois ele cobrar do próprio credor em 
outra ação. Até por economia processual. Terceiro, porque perante o endossatário de má-fé é 
possível alegar exceções pessoais. 
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b) Para a validade do aval, dado no anverso do título, é suficiente a simples 
assinatura do avalista. 
c) O aval posterior ao vencimento produz os mesmos efeitos do anteriormente 
dado. 
d) É anulável o título ao portador emitido sem autorização de Lei 
Complementar. 
e) O endosso deve ser lançado pelo endossante no verso ou no anverso do 
próprio título. 
 
18 - Questão elaborada pela CESPE em 1997: A disciplina que rege os títulos 
de crédito norteia-se por uma série de princípios, como os princípios de 
literalidade, autonomia, abstração e inoponibilidade das exceções pessoais. De 
acordo com tais princípios julgue os itens seguintes. 
Considere que seja constituída cadeia cambial em letra de cambio, ligando em 
seqüência A, B, D, E, F e G, e que, em ação regressiva, G cobre de D, que não 
paga. Diante disso, G pode, ainda, cobrar de E e de F. 
 
19 – Questão elaborada pela CESPE em 1997: O endosso é o meio próprio de 
transferência de títulos de crédito, consistindo na assinatura do seu titular 
lançada no próprio título. Acerca do endosso, julgue os itens seguintes (certo 
ou errado). 
1. É o meio pelo qual se transfere a propriedade de títulos com a clausula não 
à ordem. 
2. É nulo o endosso parcial. 
3. A legislação uniforme em relação à letra de câmbio e à nota promissória 
admite endosso sem garantia. 
4. São modalidades de endosso impróprio o endosso – caução e o endosso – 
mandato. 
5. Letras de câmbio são endossáveis ainda que não contenham a clausula à 
ordem expressa. 
 
 
Terminamos aqui nossa aula, continue estudando e praticando exercícios. 
Vamos lá e ânimo! Já conseguimos ultrapassar mais essa etapa. Devemos ter 
bastante esforço e concentração para dominá-la, assim você terá maior 
facilidade no estudo e na solução das questões de provas e concursos. A 
regulamentação dos títulos em espécie é, no fundo, mero desdobramento 
dessa Teoria Geral. 
Em nossa próxima aula continuaremos a estudar os títulos de crédito, com a 
Letra de Câmbio. Nota Promissória. Duplicata. Cheque. E o Protesto. 
Até logo e bons estudos. 
 
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Resposta aos Desafios: 
Desafio 1: letra “c” segundo o art. 887 NCC e as explicações sobre 
cartularidade, literalidade e autonomia. 
Desafio 2: O gabarito considerou certa a assertiva. Mas se lembre de que entre 
as partes diretamente relacionadas é possível discutir a causa originária da 
dívida, conforme os três argumentos apontados quando examinamos o 
princípio da autonomia. Veja o art. 17 da Lei Uniforme. 
Desafio 3: assertiva 2 certa, uma vez que o devedor, ao apresentar sua defesa 
na ação de cobrança executiva do título, não pode opor ao endossatário de 
boa-fé argumentos pertinentes à relação jurídica originária. 
As demais assertivas estão erradas, pois: 1, trata-se da cartularidade; a 3 
trata-se da literalidade; a 4 porque a duplicata é título causal ou 
cambiariforme, que somente pode ser emitido diante da situação 
expressamente prevista em lei, que é uma compra e venda de mercadorias ou 
uma prestação de serviços; e 5, porque o avalista pode opor as exceções reais 
ou relacionadas às questões formais do título. 
Desafio 4: letra “b”. 
Desafio 5: A primeira assertiva está errada, em face da vedação a que o 
devedor oponha ao endossatário de boa-fé argumentos de defesa baseados na 
relação que o primeiro tenha mantido com o credor originário do título. E a 
segunda assertiva também está errada, porque todas as obrigações afirmadasno título são autônomas e independentes uma das outras. O aval pode ser 
válido, embora inválida a obrigação avalizada. E a terceira assertiva está certa, 
nos termos da Súmula 26 do STJ. 
Desafio 6: letra “a”. Veja a decisão do STJ, Resp 204.595, citada a ementa na 
nota de roda pé nº.17. 
Desafio 7: letra “d”, em virtude do art. 926 do NCC. A letra “a” está errada 
diante do art. 905 e seu parágrafo do NCC. A letra “b” está errada, porque 
contraria o art. 914 do NCC. Está errada a letra “c”, uma vez que o Cód. Civil 
veda o aval parcial (art. 897, § único NCC). 
Desafio 8: letra “b”, pois o título causal deve refletir as condições do negócio 
que lhe deu origem. 
Desafio 9: letra “d”. Vide arts. 888, 890, 897 § único, 900 e 902 § 1º 
Desafio 10: letra “b”. Vide art. 891, § único, do NCC 
Desafio 11: a assertiva está correta. Vide Súmula 26 do STJ. 
Desafio 12: letra “e”, nos termos no art. 887, § único, e art. 898, do NCC. 
Desafio 13: item 1. em 1997, época da prova, estava errada a afirmação. 
Contudo, de acordo com o art. 1.647, inc. III, do NCC, a outorga é exigida de 
ambos os cônjuges, salvo no regime da separação absoluta; item 2, certo, 
conforme observamos nas diferenças entre o aval e a fiança; item 3, errado, 
porque o aval é autônomo e o avalista tem a mesma posição jurídica do 
avalizado, sem a possibilidade de invocar o benefício de ordem; item 4, errado. 
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O aval é declaração unilateral de vontade, logo não pode ser contrato. Já a 
fiança constitui um contrato; e item 5, correto, já que não há benefício de 
ordem e eles, avalista e avalizado, são devedores solidários. 
Desafio 14: letra “c”, segundo o art. art. 1.647, inc. III, do NCC. 
Desafio 15: letra “b”. 
Desafio 16: letra “d”, veja o art. 12 da Lei Uniforme e art. 912, § único do NCC. 
Desafio 17: letra “d”, segundo o art. 907 do NCC. 
Desafio 18: a assertiva está certa, porque o endossante pode cobrar o título 
dos endossantes que lhes são anteriores na cadeia de endossos, mas não dos 
posteriores, que neste caso não existem. 
Desafio 19: assertiva 1, errada, nos títulos não à ordem somente são 
transferidos com as regras da cessão de crédito; assertiva 2, correta, conforme 
art. 912 do NCC e art. 12 da Lei Uniforme; 3, correta, segundo o art. 15, 
caput, da Lei Uniforme; 4, correta, segundo os arts. 917 e 918 do NCC e arts. 
18 e 19 da Lei Uniforme; e 5, correta, na forma do art. 11 da Lei Uniforme.

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