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DIREITO DOS CONTRATOS 
Aula 02
PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
O princípio da dignidade da pessoa humana é um princípio fundamental do Estado Democrático de Direito que reconhece o valor intrínseco de cada indivíduo e estabelece que todas as pessoas devem ser tratadas com respeito, igualdade e liberdade. O princípio da dignidade da pessoa humana garante a todos os seres humanos o direito de levar uma vida digna, independentemente de características pessoais, como diferenças físicas, psicológicas ou étnicas. 
O princípio da dignidade da pessoa humana orienta a proteção dos direitos humanos e busca uma sociedade justa e inclusiva. É um dos fundamentos da Constituição Federal de 1988, previsto no artigo 1º, inc. III. 
O princípio da dignidade da pessoa humana está vinculado a valores como liberdade, justiça e solidariedade, que constituem condições para a sua efetivação. 
PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE
PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE
O princípio da autonomia da vontade, segundo Carlos Roberto Gonçalves, é fundamental no Direito Contratual e se baseia na ampla liberdade contratual, onde as partes têm o poder de disciplinar seus interesses por meio de acordos de vontades, gerando efeitos que são protegidos pela ordem jurídica. Este princípio garante que as partes possam celebrar ou não contratos sem interferência do Estado e que têm a liberdade de criar tanto contratos típicos (nominados) quanto atípicos (inominados).
Em resumo, a autonomia da vontade permite que as partes contratantes moldem suas obrigações de acordo com seus interesses, mas sempre dentro dos limites estabelecidos pela lei para garantir a justiça e a equidade nos contratos
O PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE E OS CONTRATOS ATÍPICOS
Os contratos atípicos são aqueles que não possuem uma regulamentação específica na legislação. Ou seja, são contratos que não estão tipificados no Código Civil ou em outras leis, diferentemente dos contratos típicos, que têm suas características e efeitos previstos expressamente na legislação.
A existência de contratos atípicos se fundamenta no Princípio da autonomia da vontade.
LIBERDADE CONTRATUAL NO CÓDIGO CIVIL: Art. 425
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código.
Ex: Pacto de Corvina (Art. 426)
EXEMPLO DE CONTRATO ATÍPICO
Contratos de Franquia (Franchising):Nesse contrato, o franqueador cede ao franqueado o direito de usar sua marca ou sistema de negócio em troca de uma remuneração. Embora não esteja tipificado no Código Civil, é um contrato amplamente utilizado e regulamentado por leis específicas, como a Lei de Franquias (Lei nº 13.966/2019).
EXEMPLO DE CONTRATO ATÍPICO
Contrato de Comodato com Cláusula de Acessoriedade:
Um contrato de empréstimo gratuito de bens móveis ou imóveis, em que as partes estipulam uma cláusula de acessoriedade, vinculando o contrato a outro acordo principal, como um contrato de trabalho ou parceria.
AUTONOMIA DA VONTADE NO CÓDIGO CIVIL: ART. 421
Art. 421.  A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019)
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual. 
A LEI DA LIBERDADE ECONÔMICA NO CÓDIGO CIVIL - Art. 421-A
Art. 421-A.  Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a presença de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais, garantido também que: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
I - as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação das cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de resolução; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
II - a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
III - a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
LIMITAÇÕES À AUTONOMIA DA VONTADE: DIRIGISMO ESTATAL
Atualmente o Estado assume uma função protetiva ao favorecer os economicamente mais fracos, para estabelecer o equilíbrio, mitigando o Princípio da força obrigatória dos contratos e ajustando os contratos à nova realidade social. 
O contrato passa a ser dirigido, regulamentado e fiscalizado em certa medida, pelo poder público, de acordo com o interesse social. 
O contrato sofre limitações devido à função social do contrato, à boa-fé objetiva e supremacia da ordem pública. 
LIMITAÇÕES À LIBERDADE DE CONTRATAR
- LIMITAÇÕES ÀS LIBERDADES DE CONTRATAR: ex. contratos ditados.
- LIMITAÇÕES À LIBERDADE DE NEGOCIAÇÃO PELAS PARTES: contratos de telefonia, contratos de adesão.
- FORMAS E EFEITOS DOS CONTRATOS: ex. contrato de prestação de serviço.
Art. 598. A prestação de serviço não se poderá convencionar por mais de quatro anos, embora o contrato tenha por causa o pagamento de dívida de quem o presta, ou se destine à execução de certa e determinada obra. Neste caso, decorridos quatro anos, dar-se-á por findo o contrato, ainda que não concluída a obra.
PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DA ORDEM PÚBLICA
PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DA ORDEM PÚBLICA
A AUTONOMIA DA VONTADE É LIMITADA PELO PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DA ORDEM PÚBLICA.
Historicamente, o Direito compreendeu que a ordem pública prometia a igualdade política, mas não estava assegurando a igualdade econômica. Surgiram movimentos em prol dos direitos sociais e a defesa destes nas encíclicas papais. Começaram a ser editadas leis destinadas a garantir a supremacia da ordem pública, a moral e os bons costumes:
Ex: diversas leis do inquilinato, Lei da usura, Código de defesa do consumidor.
PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DA ORDEM PÚBLICA
Jus publicum privatorum pactis derrogares non potest. 
Art. 2.035. Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos.
LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO
Art. 17.  As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes. 	
PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS EFEITOS DO CONTRATO
PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS EFEITOS DO CONTRATO
Os efeitos de um contrato vinculam apenas as partes que o celebraram, ou seja, apenas aqueles que participaram da formação do acordo, não afetando terceiros nem seu patrimônio.
Apesar dessa regra geral, há algumas situações excepcionais em que os efeitos de um contrato podem atingir terceiros. 
Ex: Sucessão empresarial, beneficiário de seguro.
PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DOS CONTRATOS
PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DOS CONTRATOS
O Princípio da obrigatoriedade dos contratos estabelece que os contratos válidos e legalmente celebrados têm força de lei entre as partes. Isso significa que, uma vez que as partes expressam seu consentimento e firmam um contrato, elas estão vinculadas às suas cláusulas e devem cumprir as obrigações estabelecidas.
“Pacta sunt servanda“.
ESSÊNCIA DO PRINCÍPIO: irreversibilidade da palavra empenhada. 
FUNDAMENTOS DO PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DOS CONTRATOS
A) Necessidade de segurança jurídica.
B) Imutabilidade do contrato.
PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DOS CONTRATOS NO CÓDIGO CIVIL: Art. 389
Art. 389.  Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros, atualização monetária e honorários de advogado. 
LIMITAÇÃO AO PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DOS CONTRATOS NO CÓDIGO CIVIL: Art. 393 CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR
LIMITAÇÃO AO PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DOS CONTRATOS: 
CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR
SEGUNDO A TEORIA CLÁSSICA, HAVERIA LIMITAÇÃO AO PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DOS CONTRATOS DIANTE DO CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR.
Art. 393. O devedornão responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.
LIMITAÇÃO AO PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DOS CONTRATOS NO CÓDIGO CIVIL: Arts. 478 a 480
CLÁUSULA REBUS SIC STANTIBUS
PRINCÍPIO DA REVISÃO DOS CONTRATOS OU DA ONEROSIDADE EXCESSIVA
PRINCÍPIO DA REVISÃO DOS CONTRATOS OU DA ONEROSIDADE EXCESSIVA
Esse princípio se opõe ao Princípio da Obrigatoriedade, pois permite aos contraentes recorrerem ao judiciário, para obterem alterações nas convenções e condições mais humanas, em determinadas situações.
ORIGEM: Idade Média. Neratus. REBUS SIC STANTIBUS
Fatores externos podem gerar, quando da execução da avença, uma situação muito diversa da que existia no momento da celebração, onerando excessivamente o devedor. 
REBUS SIC STANTIBUS 
A teoria Rebus Sic Stantibus presume que nos contratos comutativos, de trato sucessivo ou execução diferida, a existência implícita de uma cláusula, pela qual a obrigatoriedade de seu cumprimento pressupõe a inalterabilidade da situação de fato. 
Se a situação de fato se modifica em razão de acontecimentos extraordinários, que tornem excessivamente oneroso para o devedor o seu adimplemento, poderá este requerer ao juiz que o isente da obrigação, parcial ou totalmente. 
TEORIA DA IMPREVISÃO NO BRASIL
ARNOLDO MEDEIROS:
Devido a resistência da sociedade diante da Teoria da cláusula Rebus Sic Stantibus, Arnoldo Medeiros acrescentou a imprevisibilidade para possibilitar a sua adoção. 
Passou a ser exigido que o fato extraordinário fosse imprevisível. 
Ex: Alguns tribunais não aceitam a inflação e as alterações na economia como causa para a revisão dos contratos. Tais fenômenos são considerados previsíveis. 
Seção IV
Da Resolução por Onerosidade Excessiva
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as condições do contrato.
Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva.
ENUNCIADO 175 DA JORNADA DE DIREITO CIVIL
A menção à imprevisibilidade e à extraordinariedade, insertas no art. 478 do Código Civil, deve ser interpretada não somente em relação ao fato que gere o desequilíbrio, mas também em relação às consequências que ele produz.
ENUNCIADO 17 DA JORNADA DE DIREITO CIVIL
A interpretação da expressão "motivos imprevisíveis" constante do art. 317 do novo Código Civil deve abarcar tanto causas de desproporção não-previsíveis como também causas previsíveis, mas de resultados imprevisíveis.
A REVISÃO CONTRATUAL NO CÓDIGO CIVIL: Art. 317
Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.
CONCLUSÕES SOBRE A REVISÃO CONTRATUAL:
Fato superveniente que desvirtue a finalidade social, agrida a boa-fé e signifique o enriquecimento indevido para uma das partes poderá gerar:
1 – Pedido judicial de revisão de negócio jurídico.
2 – Resolução contratual.
REFERÊNCIAS:
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil brasileiro. v. 3: contratos e atos unilaterais. 21ª ed. São Paulo: Saraiva, 2024. 
SCHREIBER, Anderson [et al.]. Código Civil Comentado: doutrina e jurisprudência. 2ª edição. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2020.
FORGIONI, Paula A. Contratos empresariais: teoria geral e aplicação. 8ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2023
GOMES, Orlando. Contratos. 27ª ed. Rio de Janeiro: Forense. 2022.

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