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Arroz 
( Oryza sativa L.) 
Plínio César Soares, Moizés de Sousa Reis, Va11dn Mo rin de Oliveira Com élio, 
A11tô11io Rodrigues Vieim, Elifns N1111es de A/câ11 t,1m, P11 11/o Rebe/les Reis, Více11/e Luiz de Cnrvnlho 
O Brasil ocupa a décima posição entre os 
maiores produtores de arroz e o primeiro fora 
dos países asiáticos, principalmente China, 
Índia e Indonésia, líderes na produção deste 
cereal e que, juntos, detêm 60% da produção 
mundial. O consumo de arroz no Brasil cor­
responde a 67,7 kg por habitante por ano do 
produto em casca, ou 48,7 kg por habitante por 
ano do produto beneficiado polido. A produção 
brasileira de arroz é destinada ao consumo 
interno, ocorrendo, também, eventuais impor­
tações para complementar o abastecimento. Os 
maiores Estados produtores são Rio Grande do 
Sul, Santa Catarina, Tocantins e Mato Grosso. 
Minas Gerais situa-se em 112 I ugar; na safra 
de 2016, o Estado produziu apenas 15.300 t 
em 6.100 ha. As instituições de pesquisa têm 
procurado gerar novas tecnologias, visando au­
mento de produtividade, melhoria da qualidade 
e rentabilidade no cultivo dessa gramínea nos 
ecossistemas de várzeas e de terras altas, o que 
poderá permitir ao País a autossuficiência e até 
mesmo exportar arroz em prazo relativamente 
curto. 
EXIGÊNCIAS CLIMÁTICAS 
E ÉPOCAS DE PLANTIO 
As condições ecológicas para produção 
de arroz são diversas. O arroz é cultivado desde 
o Equador até grandes latitudes (norte e sul); 
ao nível do mar e até nas elevadas altitudes 
do Himalaia; em solos mais diversos, tanto 
nos mais argilosos como nos mais limosos; e 
tanto em cultivo irrigado como em cultivo de 
terras altas. A cultura do arroz é mais adaptada 
a regiões de altas temperaturas e prolongada 
luminosidade. Para expressão de seu potencial 
produlivo, a cultura requer temperaturas em 
torno de 24 ºC a 30 ºC e radiação solar eleva­
da. A quantidade e a distribuição de chuvas 
1 O l Cullur J5 EPJ\MIG 
1 '\ J ' ' 
durante todo o desenvolvimento ela cultura em 
terras altas, sem irrigação, são os fatores mais 
limitantes para a produção de grãos. Para o 
arroz de terras altas não deve ocorrer menos de 
200 mm de chuvas por mês, durante o ciclo da 
cultura. A duração do ciclo de desenvolvimento 
do arroz varia de 110 a 140 dias para a maioria 
das cultivares utilizadas em Minas Gerais. A 
maior parte da variação entre cultivares ocorre 
na fase vegetativa. 
Na região central do Brasil, a estação 
chuvosa ocorre normalmente de outubro a 
março, havendo, no entanto, períodos de pouca 
ou nenhuma chuva, denominados "veranicos", 
mais frequentes nos meses de janeiro e feverei­
ro e que podem provocar prejuízos elevados na 
cultura ou até mesmo a sua perda total. Assim, 
é fundamental realizar a semeadura do arroz de 
terras altas em época propícia, de modo que, 
especialmente as fases de formação da panícu­
la, da floração e de enchimento dos grãos, não 
ocorram durante os veranicos. A semeadura 
deve ser feita, de preferência, na segunda quin­
zena de outubro e em todo o mês de novembro 
para todas as cultivares, podendo-se estender 
até a primeira quinzena de dezembro para as 
cultivares precoces (105 a 120 dias de ciclo). 
Em Minas Gerais, deve-se plantar o arroz 
irrigado em várzeas nos meses de outubro e 
novembro, de preferência. Nas regiões mais 
quentes do Estado, a semeadura pode esten­
der-se até o final de dezembro, sem prejuízos à 
cultura. Onde o plantio for efetuado por mudas, 
recomenda-se fazer a semeadura no viveiro, nos 
meses de setembro e outubro, e o transplante 
quando as mudas estiverem com 25 a 30 dias 
de idade. 
CULTIVARES 
As cultivares de arroz indicadas pela 
Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas 
Gerais (EPAMIG) para plantio em Minas Gerais 
encontram-se no Quadro 1. Todas as cultivares 
1 () 1 (_ ul1u1 u ', [ i>AMI -' 
125 
listadas podem ser cultivadas em todas as re­
giões fisiográficas do Estado, ou seja, possuem 
ampla adaptabilidade. Além disso, apresentam 
alto potencial genético para produção de grãos 
e elevada estabilidade de comportamento pro­
dutivo ao longo dos anos, devido, principal­
mente, à boa resistência às principais doenças 
que atacam a cultura e à resistência à seca das 
cultivares de terras altas. 
SEMENTES 
Minas Gerais é um dos principais produ­
tores de sementes certificadas e/ou fiscalizadas 
de arroz do país. A produção de sementes no 
Estado tem se destacado pela excelente qua­
lidade; destina-se a atender às demandas dos 
produtores mineiros e o excedente é vendido 
principalmente para outros Estados do Sudeste 
e Centro-Oeste. No processo de produção estão 
envolvidos aEPAMIG, que multiplica e fornece 
as sementes das classes genética e básica, pro­
dutores de sementes (sementes certificadas e/ 
ou fiscalizadas) e o Ministério da Agricultura, 
Pecuária e Abastecimento (MAPA) (registro, 
credenciamento de produtores, acompanha­
mento). 
ESPAÇAMENTO E DENSIDADE DE PLANTIO 
Para a cultura de sequeiro, em terras 
altas, onde as condições de umidade frequen­
temente são deficientes, deve-se evitar grandes 
populações de plantas. Os espaçamentos entre 
fileiras devem ser de 40 a 50 cm. Em solos 
férteis, onde o desenvolvimento vegetativo é 
maior, deve-se adotar o espaçamento maior, 
de 50 cm. Em solos pobres, deve-se usar 50 
cm entre fileiras quando se pretende controlar 
as plantas espontâneas com cultivadores tra­
torizados, ou 40 cm, no caso do cultivo com 
enxada ou aplicação de herbicidas. Recomen­
dam-se 70 a 80 sementes viáveis/m ou 10 a 12 
sementes/cova, independente do espaçamento 
utilizado. Essa densidade corresponde a cerca 
l ?ó 
QU ·\IJRO 1 - Vnricdndes c'1• ·11Tnz rer.r - _ ,_ ----~ r- ~. i~ , J lllC_IH~ ª :U~rrt_J 11111S erars 
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1 1 M' C . (201 7) 
Tipo de 1\110 de Tipo de 
Rendimento QualidadP. 
\'miedadr.s lnstituiçiio Cir. lo de griios culturn lança mento rcs ponsóvel vegeta ti vo griios inte iros de griios ' 
Curinga Ti\ , V 2004 EPJ\l'vllG. EMl3RAPJ\, UfLJ\ M Longofino Alto 8 
Cara vera Ti\ 2007 EPJ\MIG, EMl3RAPJ\ . UFLJ\ p Longofino Alto o 
Relâmpago Ti\ 2007 EPAtvUG. EMI3RJ\PA, UFLJ\ p Longofino Alto o 
Caçula TA 2012 EPAMIG, EMBRAPA, UFLA SP Longofino Alto o 
Ourominas 1, V 2001 EPAMIG, EMBRAPA M Longofino Alto o 
Seleta I, V 2004 EPJ\MIG, EMBRAPA M Longofino Alto o 
Predileta !,V 2007 EPAMJG, EMBRAPA M Longofino Alto o 
Rubelita !,V 2012 EPAMIG, EM13RAPA M Longofino Alto o 
Alterosa I.V 2017 EPAMIG, EM13RAPA M Longofino Alto o 
NOTA: TA - Terras al tas; I - Irrigado por inundação contínua; V - Várzea úmida; SP - Ciclo superprecoce; P - C1cl? 
precoce; M - Ciclo médio - J\lto Rendimento de grãos inteiros no beneficiamento, acima de 55%. (1) Refere-se a 
qualidade física, qu ímica e culinária dos grãos. 13 - Boa; O - Ótima. 
de 40 a 50 kg de sementes/ha. A profundidade 
de plantio deve ser de 3 a 5 cm. 
No caso de arroz irrigado em várzeas, o 
plantio pode ser feito de diferentes maneiras: 
a) por semeadura a lanço em tabuleiros 
submersos (sementes pré-germina­
das): sementes acondicionadas em 
sacos de aniagem são submersas em 
água corrente por 24 a 36 horas e 
posteriormente colocadas em local 
sombreado e arejado por 24 horas. A 
semeadura deve ser realizada quando 
o coleóptilo e a radícula atingirem 
cerca de 2 mm. Gasta-se de 120 a 
150 kg de sementes/ha, dependendo 
da cultivar e do poder germinativo 
da semente; 
b) por semeadura em linhas: sugere-se o 
espaçamento entre as linhas de arroz 
de 30 cm para solos férteis e de 20 cm 
para solos fracos. Recomenda-se dis­
tribuir 80 a 100 sementes/m ou 10 a 
12 sementes/cova, o que corresponde 
a aproximadamente 90 a 120 kg ele 
sementes/h a. A profundidade de 
plantio deve ser de 3 a 5 cm ; 
c) plantio por mudas: gastam-se até 200 g 
de sementes/m2 e 200 m2 de semen­
teira para 1 ha de lavoura. Sugere-se o 
espaçamento de 30 x 20 cm para solos 
férteis e 20 x 20 cmpara solos fracos, 
recomendando-se colocar cerca de 
cinco a oito mudas/cova. Gastam-se 
em torno de 60 kg de sernentes/ha. 
PREPARO DO SOLO 
No caso do arroz de terras altas, reco­
menda-se fazer urna aração profunda, que 
tem por finalidade a descompactação do solo, 
a promoção de melhor desenvolvime nto ra­
dicular e o armazenamento de água no solo. 
Pouco antes da semeadura, deve-se realizar o 
preparo definitivo do solo, com uma gradagem 
que garanta bom destorroamento. No sistema 
de plantio direto, não há revolvimento do solo 
e a semeadura é realizada sobre uma cobertura 
vegetal previamente dessecada por herbicidas. 
No sistema irrigado em várzeas, a aração 
deve ser realizada duas semanas antes da se-
meaclura ou cio lransplanlio das mudas, com 
o terreno umedecido pelas ch uvas ou por 
irrigação. Seguem-se uma ou duas gradagens, 
com o inlervalo de uma semana, visando ob ler 
deslorroamenlo adequado e eliminm grande 
parle das plantas esponlâneas. Em seguida, 
deve-se aplainar o lerreno, o que resulta em 
uma série de vanlagens: maior uniformidade 
na altura da lâmina d'água, maior facilidade de 
irrigação, maior uniformidade no crescimento 
e na maturação das plantas e maior facilidade 
na drenagem superficial antes da colheita. No 
sistema pré-germinado, as operações de pre­
paro do solo têm por finalidade a formação de 
lama e o perfeito nivelamento e alisamento da 
superfície do solo. A maioria dos produtores, 
após o alisamento final, faz pequenos sulcos na 
superfície do solo para melhor escorrimento da 
água no momento da drenagem, normalmente 
três a cinco dias após a semeadura. No sistema 
de plantio direto, a semeadura do arroz é feita 
sobre a resteva de uma cultura anterior, pasta­
gem ou flora de sucessão, dessecada por herbi­
cida de ação total, sem nenhum revolvimento 
do solo. No plantio direto com cultivo mínimo 
são feitas, normalmente, duas gradagens leves 
e aplainamento do solo. As operações são fei­
tas no final do inverno e/ou primavera, com o 
objetivo principal de forçar a emergência das 
plantas espontâneas, especialmente do arroz 
vermelho, que são controladas pelo uso de 
herbicidas de ação total, antes da semeadura 
direta do arroz, normalmente realizada dos 30 
aos 45 dias após o preparo do solo. 
CALAGEM E ADUBAÇÃO 
Em lavoura de terras altas, com solos are­
jados, um dos efeitos da aplicação de calcário é 
a neutralização do alumínio Lóxico. Em cultu­
ras irrigadas por submersão continua, devido 
à elevação natural do pH do solo, o que por 
si só inibe a ação do alumínio, a aplicação ele 
calcário torna-se desnecessária. Considerando 
1 1 , l r I ·, , , , f í ' t. \ 1o arrozal permaneça 
infestado de mato neste período, significativa 
redução na produtividade poderá ocorrer. 
O controle das plantas espontâneas po­
derá ser feito de diversos métodos. 
a) preventivo: com o emprego de semen­
tes de arroz livres de propágulos de 
plantas espontâneas, e com O uso de 
equipamento de plantio limpo. 
b) cultura l: com o uso de ra lação de 
culturas, espaça mento e menor den­
sidade de p lantas nas linJrns, de modo 
que haja menor espaço livre para o 
crescimen to das espontâneas. 
c) mecânico: quando se utiliza a capina 
manual e ou carpideiras que promo­
vem o cultivo nas entrelinhas. 
d) químico: que utiliza, herbicidas de 
pós e ou de pré-emergência. 
e) a combinação desses métodos. 
O controle químico tem sido um dos mé­
todos mais utilizados na cultura do arroz, devido 
à maior praticidade e à grande eficiência no 
controle das diversas plantas espontâneas. Por 
outro lado, a capina manual tem custo elevado 
e rendimento baixo. Apesar de mais eficientes 
que a capina manual, a capina com carpideiras 
tracionadas também é onerosa, pois há necessi­
dade de se controlar as plantas espontâneas no 
mínimo até 40 dias após o plantio. Desta forma o 
método de controle que apresenta melhor resul­
tado é o uso de herbicida de pré-emergência logo 
após o plantio e um repasse com um herbicida 
de pós emergência que elimina as espontâneas 
que porventura tenham escapado do controle 
de pré-emergência, quando não se trata de arroz 
inundado. Neste caso, a lâmina d'água mantém 
a lavoura livre de espontâneas. 
PRAGAS 
O fato do arroz ser cultivado em condi­
ções de terras altas e irrigadas por inundação ou 
várzeas úmidas, faz com que haja variação na 
incidência de pragas sobre a cultura, principal­
mente aquelas que ocorrem no solo. As pragas 
da parle aérea geralmente são as mesmas nos 
diferentes sistemas de cultivo. No Quadro 4• 
são apresentadas as principais pragas do arroz. 
DOENÇAS 
As doenças que atacam a cultura nos 
três sistemas de cultivo (terras altas, várzea 
l lJ l ( u i! 1 1 o:, f P.AMICJ 
129 
úmida e irrigado) são praticamente as mesmas, 
exis linclo, porém, variações na severidade. A 
ocorrência e o prejuízo que elas podem causar 
dependem da interação entre os fatores que 
afetam o desenvolvimento do patógeno, do grau 
de resistência do hospedeiro e das condições do 
ambiente. Esses fatores são variáveis entre regi­
ões e dentro de uma mesma região. No Quadro 
5, encontram-se resumidas as descrições das 
principais doenças que ocorrem na cultura do 
arroz, as condições favoráveis e os principais 
métodos de controle. 
COLHEITA E TRILHA 
O arroz atinge a maturidade fisiológica 
com 28-30% de umidade, o que ocorre entre 30 
e 35 dias após a floração, quando as panículas 
apresentam 2/3 dos grãos já maduros. Entre­
tanto, a colheita deve ser processada quando 
os grãos apresentarem 20-22% de umidade e 
nunca exceder os limites de 18 e 25%. As des­
vantagens da colheita com umidade acima de 
25% são: maior porcentagem de grãos gessados 
e de espiguetas vazias; problemas de limpeza e 
perdas na batedura, consequentemente, menor 
produção de grãos. Na colheita com umidade 
abaixo de 18%, pode ocorrer maior acamamen­
to das plantas e debulha natural, trincamento 
de grãos, com menos inteiros no beneficiamen­
to. Ademais, a colheita tardia expõe a lavoura a 
riscos climáticos, ataque de insetos, doenças e 
pássaros, reduzindo a produção. Outro aspecto 
importante a ser considerado é o horário da 
colheita. Deve-se evitar colher pela manhã, 
quando os grãos ainda se encontram umede­
cidos pelo orvalho. Recomenda-se que seja 
feita a partir de 10 h. Se ocorrer chuva, deve-se 
esperar que o arroz fique seco para ser colhido. 
A colheita pode ser realizada manual e mecani­
camente, de acordo com o sistema de cultivo, 
relevo e tamanho da área. Na colheita manual, 
a operação de Lrilha pode ser manual (por meio 
de bateção), mecânica (com trilhadora eslacio-
,::, 
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QUADRO 4 - Principais pragas da cultura do arroz, descrição, danos, sintomas de aloque e medidas de controle (continua) 
Nome comum 
(nome cientifico) 
Lagarla-elasmo ou broca­
do-colo (Elasmopalpus 
lignosellus) 
Cupins rizófagos 
(Proconílermes sp., Syntermes 
sp., Cornitermes sp. e outros) 
Cigarrinhas-das-paslagens 
(Deois flavopícta e Notozulia 
entreriana) 
Formigas cortadeiras 
(Acromyrmex spp., Alta spp. 
e outras) 
Lagarta-das-folhas 
(Spodoptera frugiperdo) 
Lagarla-dos-capinzais 
(Moeis Jatipes) 
Percevejo-do-grão 
(Oebalus spp.) 
Traça-dos-cereais 
(Sitotroga cerealella) 
Descrição Dano e sintomas de ataque Medidas de controle 
Lagarta verde-azulada (15 a 17 mm) com lis­
tras transversais pardo-escuras, com cabeça 
marrom-escura e movimentos ágeis. 
Perfura os colmos na região do colo, produzindo Tratamento qu1m1co de sementes; destrui­
galerias que atingem as folhas centrais, que se- ção dos reslos culturais ; semeadura em solo 
cam dando origem ao sintoma conhecido como úmido. 
"coração-morto"; amarelecimento, murcha e 
morte das plantas. 
Insetos mastigadores, de coloração branco­
amarelada, que habitam o solo. 
Danificam o sistema radicular. As plan tas ataca- Aração profunda do solo; destruição dos res­
das secam e desprendem-se facilmente do solo, tos culturais; rotação de cultura; tratamento 
quando puxadas. Atacam também as sementes, de sementes. 
causando falhas nas fileiras. 
Insetos sugadores (7 a 12 mm), corpo ovalado, 1 As cigarrinhas adultas sugam a seiva de folhas e 
coloração preta, marrom ou vermelha com !is- colmos; amarelecimento e secamento das folhas, 
Lras amarelas. seguidos de morte das plantas. 
A formiga do gênero Acromyrmex (formiga- São mais prejudiciais quando as plantas têm em 
quenquém) constrói formigueiros pequenos torno de 15 ilias. Muitas planlas cortadas canse­
com até três câmaras pouco profundas. Os guem brotar e produzir panículas. Porém, essas 
formigueiros da formiga do gênero Alia (saú- ficam menores. 
vas) são constituídos de câmaras subterrâneas 
interligadas entre si. 
Lagartas lêm cinco pares de pernas abdomi- Lagartas alimentam-se de folhas e reduzem a 
nais e podem ser verde-claras, marrom-escu- área foliar das plantas. Alacam o arroz ainda 
rasou quase pretas, com estrias longiluclinais. novo, podendo consumir as planlas Lolalmente. 
Lagartas Lêm cor parda com listra escura no 
dorso. Possuem dois pares de falsas pernas 
abdominais e sua locomoção é do Upo me­
de-palmos 
Percevejos medindo 7-8 mm de comprimento 
por 4 mm de largura, que podem apresentar 
manchas amarelas, e atacam os grãos no cam­
po. 
Os adultos são pequenas mariposas (16 a 18 
mm). As lagartas e pupas vivem no interior 
de sementes. 
Lagartas alimentam-se de folhas e causan1 re­
dução da área foliar das plantas; alimenlam-se 
de planlas já perfilhadas; em ataques severos, as 
folhas ficam reduzidas às nervuras principais. 
Formas jovens e adultas sugam conlinuamen­
te os grãos, causando seu chochamenlo e ges­
samento, o que resulto em quebra de grãos no 
beneficiamento. 
Tanlo o arroz beneficiado como o arroz em casca 
são danificados, especialmente com temperatu­
ras de 23 a 25 ºC e umidade dos grãos de 12 a 
15%. 
Evitar o plantio próximo a pastagens inies­
Ladas; incorporação profunda dos restos cul­
turais; tratamento de semenles; pulverização 
foliar. 
Arações anuais profundas, manter o solo 
livre de gramíneas; plantas provenientes de 
sementes tratadas com inseticida têm efeito 
repelente sobre as formigas: no controle cli­
reto dos formigueiros podem ser uLilizados 
formicidas em iscas e pós-secos. 
Destruição dos restos culturais; manutenção 
do interior e das margens do campo livres de 
plantas hospedeiras da praga; inseticidas em 
pulverização foliar. 
Destruição dos restos culturais; manutenção 
do interior e das margens do campo livres de 
plantas hospedeiras da praga; inseticidas em 
pulverização foliar. 
Evilaro plantio escalonado e a colheita tar­
dia; controle químico com pulverização fo­
liar; destruição de restos culturais. 
Limpeza dos depósitos antes do armaze­
namenlo; utilização de cultivares de casca 
perfeita; armazenamento em casca: controle 
químico. 
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(conclusão) 
Nome comum 
Descrição Dano e sintomas de ataque Medidas de controle 
(nome científico) 
Gorgulhos aquálicos do Larvas branco-amareladas, ligeiramente re- Praga específica do arroz irrigado por inunda- Destruição de restos culturais; lâmina d'água 
arroz - bicheira-da-raiz curvadas. Os adultos são coleópteros com ção. Adultos alimentam-se do parênquima das uniforme em toda a área; retirada da água 
(Ory zophagus oryzae) 3-3,5 mm de comprimento e 1-1,5 mm de lar- folhas, deixando cicatrizes na parte superior, por 7 a 15 dias; u lilização de cultivares perfi-
gura. São de cor marrom-escura e geralrnen- que são escuras quando novas, tornando-se lhadoras; tra tamento químico das sementes; 
te com o corpo coberto por escarnas cerosas brancas após alguns dias. Os maiores danos aplicação de inseticidas nas reboleiras, sobre 
acinzentadas com manchas brancas. As fême- são causados pelas larvas nas raízes: as plantas a lâmina d'água. 
as são maiores que os machos. atacadas ficam menores, amarelecidas e com a 
extremidade das folhas murchas. O ataque ge-
ralmente ocorre em reboleiras. 
Gorgulhos-do-arroz 2. As duas espécies são semelhantes e têm de Tanto o arroz beneficiado como o arroz em casca Limpeza dos depósitos antes do armaze-
(Sitophilus zeamais e 2 a 4 mm de comprimento; as fêmeas colocam são danificados, especialmente com temperatu- narnento; utilização de cultivares de casca 
Silophilus oryzae) seus ovos isolados em cavidades feitas na cas- ras de 23 a 25 ºC e umidade dos grãos de 12 a perfeita ; armazenamento em casca; controle 
ca; adultos e larvas causam danos. 15%. quimice. 
QUADRO 5 - Principais doenças da cultura do arroz, patógenos causadores, sintomas, sobrevivência e meios de disseminação dos patógenos, condições favoráveis e métodos de 
controle. (continua) 
Doença (patógeno) 
Brusone (MagnaporUie 
oryzae - forma imperfeita 
Pyricularia oryzae) 
Mandrn-pardu (Drech slcrn 
or_1•zu11, /Jipoluris w:vzue) 
Principais sintomas 
Ocorre nas partes aéreas da plan­
ta, desde o estádio de plântula até 
a fase de maturação; nas folhas, 
ocorre a formação de pequenas 
lesões □ecrólicas de coloração 
marrom, que evoluem, tornando­
se elípticas, com margem marrom 
e ce□ Lro cinza ou esbranquiçado; 
a infecção panícula , é conhecida 
como bru so□e do pescoço. Pode 
causar chochamente total dos 
griios. 
Nas folhas, manchas jovens são 
urrcdomladas e ele coloração 
nrnrrom ; manchas típicus são 
ovulaclas, ue colorac,:ão marrom­
u vermclhacla e centro cinzu; 
nos grãos, rnunchus súu de cor 
m urro 111 ci;curu ou nwrrom­
u vernrnl Iwdo 
Sobrevivência 
Restos de cultura, se­
mentes, hospedeiros 
alternativos 
Res tos de cultura, se­
mentes, hospedeiros 
ai terna li vos 
Disseminação 
Vento, sementes in­
fectadas 
Sementes infectadas, 
ventos, chuvas 
Condições favoráveis 
Desequilíbrio nutricional, 
alta densidade de semea­
dura e menor de espaça­
mento, deposição orvalho 
por períodos prolongados, 
baixa luminosidade, alta 
umidade, temperatura 25-
28 ºC. 
Plantio de sementes infec­
tadas, baixa fer tilidade cio 
solo, desequil íbrio nutri­
cional. temperatura alta 
20-30 ºC, umidade, estresse 
hídrico, molhamento ela fo­
lhn 
Medidas de controle 
Cultivares resis tentes/ toleran­
tes, sementes de boa qualidade 
fis iológica e sanitária. trata­
mento ele sementes com fun­
gicidas, bom preparo do solo. 
cle□sidacle ele semeadura ideal 
para cultivar, troca de culti­
var periodicamente adubação 
equilibrada, controle químico. 
Cultivares tolerantes, trata­
mento ele sementes, p lantio 
em solos com boa fertiliclacle 
natllfal, adubação equilibrada, 
rotação ele cult llfa, controle 
químico 
w 
G 
n 
r: 
e. ., 
r n ·,., 
,)_~ 
Doença (patógeno) 
Mancha de griios (Bipolaris 
or_vzae, Phoma sorghina 
(queima das glumelas), P. 
01yzae. Drechslera aryzae 
(manchaparda), Pseudomonas 
fiscovagina e Erwinia spp. 
(descoloração dos grãos) e 
outros. 
Escaldadura 
(Ger/achía oryzae) 
Principais sintomas 
Manchas aparecem desde o iní­
cio da emissão das panículas a t é 
o amadurecimento; sintomas são 
muito variáveis, dependendo 
do patógeno predominante, do 
estágio de infecção e das condi­
ções climáticas; identificação do 
agente causal é dificil no campo; 
danos causados pelo perceveja­
da-grão (O. poecillus) facilitam a 
entrada de microrganismos cau­
sadores das manchas. 
(conclusão) 
Sobrevivência Disseminação Condições favoráveis Medidas de controle 
Restos de cultura, se- Principalmente pe- Ocorrência de chuvas e Cultivares resistentes/ toleran­
mentes, hospedeiros las sementes infec- alta umidade durante a tes, tratamento de sementes. 
alternativos. tadas. fase de formação dos grãos, práticas culturais adequadas, 
acamamento das plantas controle químico. 
permitindo o contato das 
panículas com o solo, tem-
peraturas baixas (15-17 ºC) 
Sintomas ti picos nas folhas se ini- Restos de cultura, se- 1 Sementes infectadas, 
ciam pelas extremidades apicais mentes, hospedeiros água, vento. 
Plantio de sementes infec­
tadas, molhamento foliar, 
altas densidades de plantio, 
desequilíbrio nutricional. 
Uso de sementes de boa quali­
dade fitossanitária, tratamento 
de sementes, espaçamento e 
densidade de plantio adequa­
dos, adubação equilibrada 
ou pelas bordas das lâminas f o - alternativos. 
liares; manchas não apresentam 
margens bem definidas e são de 
cor verde-oliva; mais tarde, áreas 
afetadas apresentam sucessões 
de faixas concêntricas com alter-
nância de faixas marrom-claras e 
marrom-escuras; grãos também 
são afetados 
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nária acoplada ao lralor) ou ulilizanclo pisoleio 
ele animais ou lralor. Já na colheila mecanizada, 
as colhecloras au lomolri zes realizam o corte e 
a Lrilha imediata em uma só operação. É hoje o 
método mais utilizado, sobretudo nas grandes 
áreas cultivadas. 
SECAGEM, BENEFICIAMENTO E 
ARMAZENAMENTO 
O arroz precisa ser secado adequada­
mente após a colheita e a trilha, para a sua boa 
conservação durante o armazenamento. Tan_to 
para o arroz armazenado a granel quanto em 
sacarias, a umidade de grãos ou semente deve 
ser de 13 a 14%. A secagem deve ser imediata, 
pois no arroz recém-colhido, com alto teor de 
umidade, ocorre aquecimento natural da massa 
de grãos (fermentação). Na secagem, podem ser 
utilizados os métodos: 
a) natural: feita em terreiros, por meio do 
vento e do calor do sol. Nesse método, · 
o arroz é espalhado em uma camada _ 
não superior a 10 cm e revolvido 
periodicamente em intervalos de ·30 
minutos para uniformizar a secagerri,_ -­
Esse método é geralmente utilizado · -
em pequenas áreâs ou par.a pequeno _ 
volume de pr~dução; 
b) artificial: com secadores, onde é 
possível manipular a temperatura 
e a velocidade do ar, facilitando a 
secagem. Esse método é utilizado 
em grandes áreas ou para grandes 
volumes de produção. No caso de 
sementes, a temperatura da secagem 
1 (J I r Jlt,1• .i [ PAMIC 
133 
não deve ser superior a 45 ºC. O bene­
ficiamento de sementes tem por obje­
tivo melhorar a aparência e a pureza 
dos lotes, além de protegê-los contra 
pragas e doenças. Durante o benefi­
ciamento, são utilizados máquinas e 
equipamentos específicos para a se­
paração adequada de contaminantes, 
assim CO arroz deve ser armazenado 
com teor de umidade entre 12 e 14%, 
em local fresco, arejado e limpo. Pode 
ser armazenado tanto a granel (em 
silos graneleiros) quanto em sacos 
dispostos sobre estrados de madeira 
(prática mais usada hoje no Brasil). 
Nesse tipo de armazenamento, tem­
se utilizado sacaria de papel multi­
foliado para sementes e de ráfia ou 
juta para grãos. Nessa etapa, deve-se 
realizar periodicamente o controle de 
carunchos, evitando perdas na quan­
tidade e, sobretudo, na qualidade do 
produto.

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