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Neurulação A neurulação é o processo embrionário responsável pela formação do tubo neural, que dará origem ao sistema nervoso central (encéfalo e medula espinhal). Esse processo ocorre durante a 3ª e 4ª semanas do desenvolvimento embrionário e pode ser dividido em duas fases: neurulação primária e neurulação secundária. 1. Neurulação primária Na neurulação primária, a placa neural (derivada do ectoderma) sofre modificações para formar o tubo neural. Esse processo ocorre em cinco etapas principais: 1. Indução da placa neural: A notocorda e o mesoderma paraxial liberam sinais indutores (como proteínas da família BMP), levando a uma espessamento do ectoderma sobrejacente, formando a placa neural. 2. Modelagem da placa neural: A placa neural se alonga e adquire um formato oval. 3. Dobramento da placa neural: As margens laterais da placa neural se elevam, formando os dobros neurais e deixando uma depressão central chamada sulco neural. 4. Fusão dos dobras neurais: As dobras neurais começam a se fundir na linha média, fechando o tubo neural. O fechamento começa na região cervical e se estende em direção cranial e caudal. 5. Separação do ectoderma superficial: O ectoderma superficial se desprende do tubo neural e se funde novamente sobre ele. A falha no fechamento do tubo neural pode levar a defeitos do tubo neural (DTN), como anencefalia (não fechamento da porção cranial) e espinha bífida (não fechamento da porção caudal). 2. Neurulação secundária Após a neurulação primária, ocorre a neurulação secundária, que forma a parte mais caudal do tubo neural: • O mesoderma caudal forma um aglomerado celular chamado eminência caudal, que sofre cavitação e se conecta com o tubo neural primário. • Essa etapa é essencial para a formação da porção sacral e coccígea da medula espinhal. Células da Crista Neural Durante o fechamento do tubo neural, um grupo de células na borda da placa neural sofre transição epitélio-mesenquimal e se dispersa pelo corpo. Essas células, chamadas células da crista neural, são responsáveis por formar diversas estruturas, como: • Gânglios sensoriais e autonômicos • Células da medula adrenal • Melanócitos • Cartilagens do arco faríngeo Vesículas Encefálicas: Formação do Encéfalo Durante o desenvolvimento embrionário, o tubo neural sofre expansões na sua região cefálica, dando origem às vesículas encefálicas, que posteriormente formarão as principais estruturas do sistema nervoso central (SNC). Esse processo ocorre de forma progressiva e pode ser dividido em vesículas primárias e secundárias. 1. Formação das Vesículas Encefálicas Primárias (3ª Semana) Por volta da 3ª semana de desenvolvimento, o extremo cranial do tubo neural se expande e forma três dilatações, chamadas de vesículas encefálicas primárias: 1. Prosencéfalo (Encéfalo Anterior) 2. Mesencéfalo (Encéfalo Médio) 3. Rombencéfalo (Encéfalo Posterior) A porção caudal do tubo neural não se expande e dará origem à medula espinhal. 2. Formação das Vesículas Encefálicas Secundárias (5ª Semana) À medida que o embrião se desenvolve, por volta da 5ª semana, duas das vesículas primárias (prosencéfalo e rombencéfalo) se subdividem, originando cinco vesículas encefálicas secundárias: Vesícula Primária Vesícula Secundária Estruturas que Derivam Cavidade Ventricular Prosencéfalo Telencéfalo Hemisférios cerebrais, córtex cerebral, corpo estriado Ventrículos laterais Diencéfalo Tálamo, hipotálamo, epitálamo, glândula pineal Terceiro ventrículo Mesencéfalo Mesencéfalo (permanece) Teto e tegmento do mesencéfalo, colículos superior e inferior Aqueduto cerebral de Sylvius Rombencéfalo Metencéfalo Ponte e cerebelo Parte do quarto ventrículo Mielencéfalo Bulbo (medula oblonga) Parte do quarto ventrículo 3. Curvaturas do Encéfalo em Desenvolvimento À medida que o SNC cresce, surgem curvaturas no tubo neural que ajudam a organizar a estrutura do encéfalo: • Curvatura cervical: Localiza-se entre o rombencéfalo e a medula espinhal. • Curvatura cefálica: Ocorre entre o prosencéfalo e o mesencéfalo, permitindo a flexão do encéfalo. • Curvatura pontina: Surge dentro do rombencéfalo, contribuindo para a separação entre o metencéfalo e o mielencéfalo. 4. Desenvolvimento das Estruturas Adultas Cada vesícula encefálica secundária dá origem a estruturas específicas do encéfalo adulto: Prosencéfalo (Encéfalo Anterior) • Telencéfalo → Hemisférios cerebrais, córtex cerebral, corpo estriado e ventrículos laterais. • Diencéfalo → Tálamo, hipotálamo, epitálamo e glândula pineal. Mesencéfalo (Encéfalo Médio) • Mantém o nome de mesencéfalo e origina os colículos superior e inferior, além do aqueduto cerebral (de Sylvius). Rombencéfalo (Encéfalo Posterior) • Metencéfalo → Origina o cerebelo e a ponte. • Mielencéfalo → Forma o bulbo (medula oblonga). 5. Alterações no Desenvolvimento das Vesículas Encefálicas Defeitos na formação das vesículas encefálicas podem resultar em malformações congênitas graves, como: • Holoprosencefalia → Falha na divisão do prosencéfalo em telencéfalo e diencéfalo, resultando em fusão dos hemisférios cerebrais. • Hidrocefalia congênita → Pode ocorrer por obstrução do aqueduto cerebral, impedindo a circulação do líquido cefalorraquidiano (LCR). • Malformação de Arnold-Chiari → Anormalidade no desenvolvimento do rombencéfalo, resultando em herniação das estruturas cerebelares. Histogênese do Sistema Nervoso Central A histogênese do sistema nervoso central (SNC) é o processo pelo qual as células do tubo neural se diferenciam para formar os diversos tipos celulares do encéfalo e da medula espinhal. Esse processo envolve proliferação, migração, diferenciação e maturação celular, dando origem aos neurônios, astrócitos, oligodendrócitos e células ependimárias. 1. Origem e Camadas do Tubo Neural O SNC se origina do ectoderma neural, que forma o tubo neural durante a neurulação. Inicialmente, o tubo neural possui uma camada única de células neuroepiteliais, que dará origem a três camadas principais: 1. Camada ventricular (germinativa): • É a camada mais interna e altamente proliferativa. • Contém células neuroepiteliais, que se diferenciam em neuroblastos (neurônios imaturos) e glioblastos (células da glia). • Origina as células ependimárias que revestem os ventrículos e o canal central da medula. 2. Camada do manto (intermediária): • Contém neuroblastos em diferenciação. • Forma a substância cinzenta do SNC. 3. Camada marginal (externa): • Contém prolongamentos neuronais e dará origem à substância branca do SNC. • As fibras nervosas são progressivamente envolvidas por mielina, produzida pelos oligodendrócitos no SNC. 2. Diferenciação Celular À medida que as células neuroepiteliais proliferam e migram, elas se diferenciam em diversos tipos celulares especializados: Neurônios • Originam-se dos neuroblastos, que migram da camada ventricular para a camada do manto. • Desenvolvem prolongamentos citoplasmáticos, formando os axônios e dendritos. • Os corpos celulares dos neurônios se localizam na substância cinzenta, enquanto os axônios formam a substância branca. Células da Glia • Os glioblastos se diferenciam em: • Astrócitos: responsáveis pela sustentação e regulação do ambiente neuronal. • Oligodendrócitos: produzem a mielina que reveste os axônios no SNC. Células Ependimárias • Permanecem na camada ventricular e revestem os ventrículos encefálicos e o canal central da medula espinhal. 3. Organização da Medula Espinhal Na medula espinhal, a histogênese das camadas do tubo neural resulta na formação de áreas funcionais bem definidas: • Placa Alar (dorsal) → Origina os neurônios sensitivos. • Placa Basal (ventral) → Origina os neurônios motores. • Sulco limitante → Separa as placas alar e basal. • Placa do assoalho e placa do teto → Estruturas de sustentação e condução. Essa organização funcional se mantém ao longo do desenvolvimento e é essencial para a transmissão de sinais sensoriais e motores. 4. Mielinização e Maturação do SNC Após a diferenciação celular, os neurônios e seus prolongamentos precisam ser mielinizados para garantir a condução eficiente dos impulsos nervosos: • No SNC, a mielina é produzida pelos oligodendrócitos. • Na medula espinhal, a mielinização ocorre primeiro nas regiões motoras e depois nas sensitivas. • O processo continua até os primeiros anos de vida pós-natal, sendo essencial para o desenvolvimento da função neurológica. 5. Defeitos no Desenvolvimento do SNC Alterações na histogênese do SNC podem resultar em diversas malformações neurológicas: • Espinha bífida → Defeito no fechamento do tubo neural na região caudal. • Anencefalia → Falha no fechamento do tubo neural na região cranial. • Microcefalia → Deficiência na proliferação neuronal. • Hidrocefalia congênita → Obstrução do fluxo do líquido cefalorraquidiano, prejudicando o desenvolvimento cerebral. Formação das Meninges As meninges são membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, proporcionando proteção, sustentação e nutrição ao sistema nervoso central (SNC). Elas são formadas a partir do mesênquima circundante e possuem três camadas principais: 1. Dura-máter (mais externa) 2. Aracnoide (intermediária) 3. Pia-máter (mais interna) 1. Origem Embriológica As meninges se desenvolvem a partir de duas fontes principais: • Mesoderma → Origina a dura-máter. • Cresta Neural → Origina a pia-máter e aracnoide (conhecidas em conjunto como leptomeninge). Inicialmente, o tubo neural é cercado por um tecido mesenquimal indiferenciado. Esse tecido mesenquimal se diferencia progressivamente, formando duas camadas: • A camada externa se torna fibrosa e espessa, originando a dura-máter. • A camada interna permanece mais fina e se divide em duas partes: • A pia-máter, que fica aderida ao SNC. • A aracnoide, que fica suspensa sobre a pia-máter e forma o espaço subaracnoideo, onde circula o líquido cefalorraquidiano (LCR). 2. Desenvolvimento das Meninges O processo de formação das meninges ocorre entre a 4ª e 5ª semanas do desenvolvimento embrionário: 1. 4ª Semana • O mesênquima ao redor do tubo neural se condensa, formando a meninge primitiva, um tecido indiferenciado. 2. 5ª Semana • A meninge primitiva se diferencia em duas camadas: • Camada externa → Dura-máter • Camada interna → Leptomeninge (pia-máter + aracnoide) • Pequenos espaços começam a se formar entre a aracnoide e a pia-máter, dando origem ao espaço subaracnoideo. 3. Final do período embrionário • O espaço subaracnoideo se expande e passa a conter o líquido cefalorraquidiano (LCR), que começa a ser produzido pelo plexo coróide. 3. Estrutura e Função das Meninges Cada camada meníngea tem características específicas: 1. Dura-máter (Pachimeninge) • Camada mais externa, fibrosa e resistente. • Derivada do mesoderma. • Forma estruturas como o septo do cérebro e a foice do cérebro, que ajudam na sustentação encefálica. 2. Aracnoide • Camada intermediária, delicada e avascular. • Derivada da crista neural. • Contém as granulações aracnoides, responsáveis pela reabsorção do LCR. 3. Pia-máter • Camada mais interna, muito fina e aderida ao SNC. • Também derivada da crista neural. • Contém vasos sanguíneos que nutrem o encéfalo e a medula espinhal. 4. Malformações Associadas Alterações no desenvolvimento das meninges podem resultar em defeitos congênitos, como: • Meningocele → Herniação das meninges por um defeito ósseo. • Mielomeningocele → Herniação das meninges junto com a medula espinhal. • Hidrocefalia congênita → Obstrução na circulação do LCR devido a alterações nas meninges. Plexo Coróide, Meninges e Canal Ependimário: Localização, Importância e Histologia O plexo coróide, as meninges e o canal ependimário são estruturas essenciais para a proteção, nutrição e manutenção do sistema nervoso central (SNC). Elas participam do controle do líquido cefalorraquidiano (LCR), da barreira hematoencefálica e da proteção mecânica e imunológica do encéfalo e medula espinhal. 1. Plexo Coróide Localização O plexo coróide está localizado dentro das cavidades ventriculares do cérebro, sendo encontrado nos seguintes locais: • Ventrículos laterais → Um em cada hemisfério cerebral, formando extensões no teto dos ventrículos. • Terceiro ventrículo → No diencéfalo, suspenso na linha mediana. • Quarto ventrículo → Entre o cerebelo e o tronco encefálico. Importância O plexo coróide é a principal estrutura responsável pela produção do líquido cefalorraquidiano (LCR). Suas funções incluem: • Produção e secreção do LCR → Regula o ambiente químico do SNC. • Filtragem de substâncias → Atua como uma barreira seletiva entre o sangue e o LCR. • Participação na homeostase → Mantém equilíbrio eletrolítico e metabólico no cérebro. • Defesa do SNC → O fluxo contínuo do LCR ajuda na remoção de metabólitos e resíduos. Histologia O plexo coróide possui três componentes principais: 1. Células ependimárias especializadas → Células cúbicas ou colunares com microvilosidades e cílios, que facilitam a movimentação do LCR. Essas células também possuem junções intercelulares que controlam a passagem de substâncias. 2. Tecido conjuntivo da pia-máter → Contém fibras colágenas e fibroblastos, além de vasos sanguíneos. 3. Capilares fenestrados → Permitem a passagem seletiva de moléculas do sangue para as células ependimárias, onde ocorre a formação do LCR. 2. Meninges As meninges são membranas conjuntivas que revestem o SNC, protegendo o cérebro e a medula espinhal contra impactos e infecções. Elas são compostas por três camadas: dura-máter, aracnoide e pia-máter. Localização As meninges envolvem todo o SNC, desde o córtex cerebral até a extremidade da medula espinhal. Elas são distribuídas da seguinte forma: 1. Dura-máter → Camada externa, aderida ao crânio e às vértebras. 2. Aracnoide → Camada intermediária, situada entre a dura-máter e a pia-máter. 3. Pia-máter → Camada interna, diretamente aderida ao tecido nervoso. Importância As meninges desempenham funções essenciais: • Proteção mecânica → Absorvem impactos e evitam danos diretos ao tecido neural. • Barreira imunológica → Auxiliam na defesa contra patógenos. • Circulação do LCR → O espaço subaracnoideo permite o fluxo do líquido cefalorraquidiano. • Suporte vascular → A pia-máter contém vasos sanguíneos que nutrem o cérebro e a medula. Histologia 1. Dura-máter (Pachimeninge) • Camada fibrosa e espessa, composta por tecido conjuntivo denso rico em fibras colágenas. • Contém dois folhetos no crânio: • Periósteo → Aderido ao osso craniano. • Folheto meníngeo → Contato com a aracnoide. • Na medula espinhal, a dura-máter forma o espaço epidural, preenchido por gordura e vasos. 2. Aracnoide • Tecido conjuntivo avascular composto por células achatadas unidas por junções de oclusão. • Possui trabéculas aracnoides, que conectam a aracnoide à pia-máter, formando o espaço subaracnoideo, onde circula o LCR. • As granulações aracnoides facilitam a absorção do LCR para os seios venosos. 3. Pia-máter • Camada delgada e vascularizada, composta por tecido conjuntivo frouxo. • Contém vasos sanguíneos que penetram no SNC para nutrir os neurônios. • Forma a membrana limitante glial, junto com prolongamentos de astrócitos, regulando a interface entre o SNC e o LCR. 3. Canal Ependimário Localização O canal ependimário percorre longitudinalmente a medula espinhal, estando localizado no centro da substância cinzenta. Ele é uma continuação do sistema ventricular do cérebro e conecta os ventrículos cerebrais ao terminus medular, na região do cone medular. Importância • Circulação do LCR → Permite o fluxo do líquido cefalorraquidiano ao longo da medula. • Homeostase do SNC → Facilita trocas de substâncias entre o LCR e o tecido neural. • Neurogênese em algumas espécies → Em mamíferos, há indícios de células-tronco neurais residuais no canal ependimário. Histologia O canal ependimário é revestido por células ependimárias, que possuem características específicas: 1. Epitélio simples cúbico ou colunar → Com células unidas por junções aderentes e desmossomos. 2. Microvilosidades e cílios → Auxiliam na movimentação do LCR. 3. Tanicitos → Células ependimárias especializadas, presentes no assoalho do terceiro ventrículo, que regulam a troca de substâncias entre o LCR e o sangue. Em algumas regiões, o epitélio ependimário está em contato direto com processos de astrócitos, formando a membrana glial limitante. Líquido Cefalorraquidiano (LCR): Função, Produção, Circulação e Reabsorção O líquido cefalorraquidiano (LCR) é um fluido biológico fundamental para a homeostase do sistema nervoso central (SNC). Ele atua na proteção mecânica, transporte de nutrientes e remoção de metabólitos, garantindo um ambiente estável para os neurônios. 1. Funções do Líquido Cefalorraquidiano O LCR possui várias funções essenciais para o funcionamento do SNC: 1.1. Proteção Mecânica • Atua como amortecedor, reduzindo o impacto de traumas na cabeça e na coluna vertebral. • Mantém o encéfalo em suspensão, diminuindo a pressão sobre as estruturas inferiores. 1.2. Homeostase e Transporte de Nutrientes • Regula o equilíbrio eletrolítico e osmótico do SNC. • Transporta glicose, oxigênio, hormônios e outras moléculas essenciais para os neurônios e células da glia. 1.3. Remoção de Metabólitos e Resíduos • Facilita a eliminação de metabólitos e substâncias tóxicas, prevenindo acúmulo de compostos neurotóxicos. • Auxilia na clearance de proteínas anormais, como aquelas envolvidas em doenças neurodegenerativas. 1.4. Regulação da Pressão Intracraniana • Ajusta o volume do LCR conforme necessário, evitando aumento excessivo da pressão intracraniana (PIC). • Contribui para a distribuição da pressão dentro do SNC, prevenindo lesões por compressão. 1.5. Função Imunológica • Contém células do sistema imune, como linfócitos, que ajudam na defesa contra patógenos. • Atua como uma barreira protetora, limitando a entrada de microrganismos no SNC. 2. Produção do Líquido Cefalorraquidiano O LCR é produzido principalmente pelo plexo coróide, localizado nos ventrículos cerebrais. 2.1. Estruturas Responsáveis pela Produção • Plexo coróide → Produz cerca de 70% do LCR por secreção ativa de íons e transporte de água. • Células ependimárias → Contribuem para a regulação da composição do LCR. • Capilares cerebrais → Participam do intercâmbio de substâncias com o LCR. 2.2. Mecanismo de Produção • O LCR é formado por um processo ativo de transporte de íons, principalmente Na⁺, Cl⁻ e HCO₃⁻, promovendo a osmose da água para o interior do ventrículo. • O movimento dos íons cria um gradiente osmótico, facilitando a passagem de água para a luz ventricular. • O fluxo contínuo do LCR mantém a composição ideal para a função neuronal. 2.3. Volume e Taxa de Produção • Volume total de LCR: 90 a 150 mL em adultos. • Produção diária: 500 mL/dia, sendo renovado cerca de 3 a 4 vezes por dia. 3. Circulação do Líquido Cefalorraquidiano O LCR circula através dos ventrículos cerebrais, do canal ependimário da medula espinhal e do espaço subaracnoideo. O fluxo segue a seguinte trajetória: 1. Ventrículos laterais → Produção inicial pelo plexo coróide. 2. Forame interventricular (de Monro) → Conduz o LCR ao terceiro ventrículo. 3. Terceiro ventrículo → Recebe mais LCR do plexo coróide. 4. Aqueduto cerebral (de Sylvius) → Transporta o LCR ao quarto ventrículo. 5. Quarto ventrículo → Última região de produção do LCR. 6. Forames de Luschka e Magendie → O LCR sai do sistema ventricular para o espaço subaracnoideo. 7. Espaço subaracnoideo → Banha todo o SNC, incluindo o encéfalo e a medula espinhal. 8. Reabsorção pelas granulações aracnoides → O LCR é drenado para os seios venosos. O fluxo é impulsionado por pulsos arteriais, pressão do LCR e movimentação ciliar das células ependimárias. 4. Reabsorção do Líquido Cefalorraquidiano A reabsorção do LCR ocorre principalmente através das granulações aracnoides, estruturas especializadas localizadas nos seios venosos da dura-máter. 4.1. Mecanismo de Reabsorção • A pressão do LCR (≈10 mmHg) é maior que a dos seios venosos (≈5 mmHg), favorecendo o fluxo unidirecional do fluido. • As granulações aracnoides permitem a passagem seletiva do LCR para o sangue venoso, evitando refluxo. • Pequenos canaliculi nas granulações aracnoides facilitam a remoção de proteínas e células. 4.2. Locais de Reabsorção • Granulações aracnoides → Responsáveis pela maior parte da reabsorção. • Vasos linfáticos perivasculares → Complementam a drenagem do LCR. • Plexo venoso espinhal → Absorve pequenas quantidades de LCR. 4.3. Consequências da Obstrução da Reabsorção Se a reabsorção do LCR for bloqueada, pode ocorrer hidrocefalia, caracterizada pelo acúmulo excessivo de LCR nos ventrículos cerebrais, levando ao aumento da pressão intracraniana. 5. Conclusão O líquido cefalorraquidiano (LCR) é um componente vital do sistema nervoso central, exercendo funções essenciais como proteção mecânica, regulação homeostática e transporte de substâncias. • Produzido pelo plexo coróide, o LCR percorre os ventrículos cerebrais e o espaço subaracnoideo antes de ser reabsorvido pelas granulações aracnoides. • Sua circulação contínua assegura a eliminação de resíduos metabólicos e a manutenção do ambiente ideal Ventrículos e Cavidades do Encéfalo Os ventrículos cerebrais são cavidades interconectadas dentro do encéfalo, preenchidas pelo líquido cefalorraquidiano (LCR). Eles desempenham um papel essencial na circulação do LCR, que protege e nutre o sistema nervoso central (SNC). 1. Estrutura e Localização dos Ventrículos O sistema ventricular do encéfalo é composto por quatro ventrículos principais e suas conexões: 1. Ventrículos laterais (1º e 2º) • Localização → Um em cada hemisfério cerebral, nas porções do telencéfalo. • Divisão: • Corpo (região parietal). • Átrio (junção entre corpo e cornos). • Cornos anterior (frontal), posterior (occipital) e inferior (temporal). • Conexão → Se comunicam com o terceiro ventrículo pelo forame interventricular (de Monro). 2. Terceiro ventrículo • Localização → No diencéfalo, entre os tálamos. • Conexão → Liga-se ao quarto ventrículo pelo aqueduto cerebral (de Sylvius). 3. Quarto ventrículo • Localização → Entre o tronco encefálico (ponte e bulbo) e o cerebelo. • Conexões: • Liga-se ao terceiro ventrículo pelo aqueduto cerebral (de Sylvius). • Comunica-se com o espaço subaracnoideo pelos forames de Luschka (laterais) e Magendie (mediano). • Continua inferiormente como o canal ependimário da medula espinhal. Resumo da Comunicação entre os Ventrículos 1. Os ventrículos laterais se comunicam com o terceiro ventrículo pelo forame interventricular (de Monro). 2. O terceiro ventrículo se conecta ao quarto ventrículo pelo aqueduto cerebral (de Sylvius). 3. O quarto ventrículo se abre para o espaço subaracnoideo pelos forames de Luschka e Magendie. 4. O canal ependimário dá continuidade ao sistema ventricular na medula espinhal. 2. Funções dos Ventrículos Cerebrais Os ventrículos desempenham um papel crucial no funcionamento do SNC: • Produção do LCR → O plexo coróide, presente nos ventrículos, secreta o líquido cefalorraquidiano. • Circulação do LCR → Os ventrículos servem como um sistema de transporte para o fluido, garantindo a homeostase do encéfalo. • Proteção contra impactos → O LCR atua como um amortecedor, protegendo o cérebro de lesões mecânicas. • Troca de substâncias → O LCR transporta nutrientes e remove metabólitos do tecido neural. 3. Relação entre as Cavidades do Encéfalo e o Sistema Ventricular Além dos ventrículos, outras cavidades importantes do encéfalo incluem: 3.1. Espaço Subaracnoideo • Localizado entre a aracnoide e a pia-máter. • Contém LCR, vasos sanguíneos e trabéculas aracnoides. • Comunicação direta com os ventrículos pelo forame de Magendie e os forames de Luschka. 3.2. Seios Venosos da Dura-Máter • Cavidades formadas pela divisão da dura-máter, responsáveis pela drenagem venosa do encéfalo. • As granulações aracnoides absorvem o LCR e o direcionam para a circulação venosa. 4. Importância Clínica Alterações nos ventrículos podem levar a diversas patologias: • Hidrocefalia → Acúmulo de LCR devido à obstrução do fluxo ou diminuição da absorção, causando aumento da pressão intracraniana. • Meningite → Inflamação das meninges que pode afetar a circulação do LCR e comprometer o funcionamento do SNC. • Malformações congênitas → Como a estenose do aqueduto de Sylvius, que pode impedir a drenagem normal do LCR. image1.png image2.png image3.png image4.png