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Contratos - Plano de aula 23 - Seguro

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CURSO DE DIREITO
DIREITO DOS CONTRATOS
PROFESSOR: LAURICIO ALVES CARVALHO PEDROSA
Plano de aula 23 – Seguro
(CC, arts. 757 a 802)
Conceito. Características.
Consiste no contrato em que um dos contratantes (segurador) se obriga, mediante o recebimento de uma determinada importância, denominada prêmio, a garantir interesse legítimo de uma pessoa em relação aos prejuízos que possa vir a sofrer em decorrência de riscos futuros, incertos e expressamente previstos no contrato (CC, art. 757).
O referido dispositivo ressalta também que as seguradoras somente podem atuar mediante autorização administrativa.
Busca-se neste contrato uma garantia contra riscos previstos e não uma transferência dos riscos�.
Trata-se de uma garantia contra o risco de perder o patrimônio, a saúde e a vida.
A expressão “sinistro” é utilizada tecnicamente para designar a realização do evento incerto previsto no contrato.
No seguro não há propriamente uma indenização (ligada a inadimplemento e culpa), mas contraprestação contratual.
Trata-se de contrato bilateral, oneroso, tipicamente aleatório.
Há divergência acerca da natureza consensual� ou formal� do contrato, tendo em vista o legislador ter estabelecido que o contrato prova-se mediante documento escrito (CC, art. 758).
Apresenta-se, em regra, como contrato de adesão.
Acentua-se a importância da boa-fé no contrato de seguro (CC, art. 765); declarações falsas ou omissões poderão fazer o segurado perder a garantia e ainda ser obrigado a pagar o prêmio vencido (CC, art. 766).
Proíbe-se ao segurado agravar os riscos, sob pena de perder o direito à contraprestação (CC, art. 768); qualquer evento que agrave os riscos deve ser comunicado ao segurador (CC, art. 769).
Por outro lado, o segurador deverá pagar em dobro o prêmio, caso já soubesse, no momento da contratação, da inexistência do risco (CC, art. 773).
 Pela própria natureza, consiste em contrato de execução continuada.
A recondução tácita do contrato, por expressa cláusula contratual, somente pode ocorrer por uma vez.
Objeto
O seguro tem como objeto a proteção de uma coisa, risco ou um interesse.
No seguro sobre a vida de outros, o proponente é obrigado a declarar, sob pena de falsidade, o interesse pela preservação da vida do segurado (CC, art. 790).
Risco
Representa o acontecimento futuro e incerto previsto no contrato e deve estar expressamente previsto na apólice (CC, art. 760).
Deve ter interpretação restritiva, não se admitindo alargamento dos riscos.
Nulo será o contrato que tenha como objeto a garantia de risco proveniente de ato doloso do segurado, do beneficiário ou de quaisquer representantes (CC, art. 762).
Embora o risco não possa ser alargado, são incluídos na cobertura todos os prejuízos dele resultantes ou conseqüentes, salvo expressa restrição na apólice (CC, art. 779).
Espécies
Seguros pessoais (CC, art. 789 a 802)
Busca garantir danos ocorridos com a pessoa.
Os seguros de vida buscam proteger a pessoa em sua existência e saúde�.
Podem ser classificados como individuais ou coletivos
No seguro coletivo, o estipulante não representa o segurador perante o grupo segurado e a modificação da apólice apenas pode ocorrer com a anuência de três quartos dos segurados (CC, art. 801).
No seguro de vida ou de pessoa busca-se garantir um pagamento de quantia em dinheiro para uma ou mais pessoas, no caso de morte ou de sobrevida até certa idade.
Neste caso, será nula qualquer transação para pagamento reduzido do capital segurado (CC, art. 795).
O seguro de vida pode ser convencionado por prazo limitado ou por toda a vida do segurado e o inadimplemento do segurado gera o direito à devolução da reserva já formada ou a redução proporcional do capital garantido (CC, art. 796).
No seguro de vida para o caso de morte, é lícito estipular-se um prazo de carência (CC, art. 797).
No seguro de pessoas, o capital é fixado livremente pelo proponente (CC, art. 789).
Na falta de indicação do beneficiário, o capital será pago por metade ao cônjuge não separado judicialmente e o restante aos herdeiros do segurado (CC, art. 792).
No seguro de vida ou de acidentes pessoais, o capital segurado não está sujeito às dívidas do segurado, nem se considera herança (CC, art. 794).
Seguro de dano (CC, art. 778 a 788)
São também denominados seguros materiais e buscam proteger risco de danos a coisas, provenientes de incêndio, intempéries, transportes, roubos, acidentes etc.
 Nesta modalidade, limita-se o valor segurado ao do interesse no momento da conclusão do contrato (CC, art. 778).
Somente pode ser contratado mais de um seguro desde que se respeite o valor do interesse garantido e deve-se comunicar previamente essa intenção junto ao segurador (CC, art. 782).
Salvo disposição em sentido contrário, admite-se a cessão da posição contratual (CC, art. 785).
Prêmio
Consiste na prestação devida pelo segurado, independentemente de contraprestação do segurador (CC, art. 764).
O prêmio é devido por inteiro, ainda que o risco não se tenha implementado.
A mora do segurado autoriza o segurador a não pagar ou a reter a indenização.
O prêmio é calculado em função do risco (cálculo atuarial).
O contrato pode prever o pagamento do prêmio no prazo de 30 dias da assinatura da proposta ou emissão da apólice. Ocorrido o sinistro, a indenização é devida.
Caso o segurado esteja inadimplente, não será devida a indenização (CC, art. 763).
Entretanto, entende-se que a seguradora não pode rescindir unilateralmente o contrato e deve interpelar o segurador, para que este purgue a mora.
Indenização
A indenização decorre de danos materiais; caso se trate de seguro de vida, denomina-se prestação.
No seguro de coisas, proíbe-se o seguro por valor maior do que o da coisa (CC, art. 778).
O pagamento deve ser feito em dinheiro, salvo convenção em sentido diverso (CC, art. 776).
Se for contratado o seguro parcial, a contraprestação também o será (cláusula de rateio (CC, art. 783)).
Partes
Segurador – pessoa jurídica que recebe o prêmio, assume o risco e obriga-se a realizar a contraprestação, caso se verifique o risco.
Os seguradores devem ser sociedades por ações (S/A), autorizadas pelo Ministério da Fazenda e fiscalizadas pela SUSEP.
Segurado – pessoa natural ou jurídica em nome de quem é expedida a apólice.
Obrigações do segurado
Não agravar os riscos, salvo quando o contrato autorizar expressamente (CC, art. 768).
Deve comunicar o sinistro ao segurador “logo que saiba”, sob pena de perder o direito à indenização (CC, art. 771).
Tem a obrigação de proteger os salvados e de comprovar o sinistro perante o segurador..
No seguro de responsabilidade civil, o segurado não pode reconhecer sua responsabilidade, confessar a ação ou transigir com terceiro, sem a anuência expressa do segurador (CC, art. 787).
Obrigações do segurador
O segurador é obrigado a pagar em dinheiro o prejuízo resultante do risco assumido, salvo se convencionada a reposição da coisa (CC, art. 776).
O segurador em mora pagará atualização monetária segundo índices oficiais, sem prejuízo dos juros moratórios (CC, art. 772).
Não existe responsabilidade do segurador, se o dano decorre de vício já existente na coisa segurada (CC, art. 784).
Se houver uma redução considerável do risco o segurado poderá exigir a redução do prêmio ou a resolução do contrato (CC, art. 770).
Nos seguros obrigatórios, a indenização será paga diretamente pelo segurador ao terceiro prejudicado (CC, art. 788).
Paga a indenização, o segurador se sub-roga integralmente nos direitos e ações que ao segurado competirem contra o autor do dano (CC, art. 786).
Morte voluntária do segurado
Salvo se houver premeditação, o suicídio do segurado não exime o segurador do pagamento do seguro (STF, Súmula 105)
Será tida como ineficaz a cláusula que excluir o suicídio da indenização
O art. 798 estabelece que o beneficiário não tem direito a indenização, caso se suicide nos dois primeiros anos de vigência do contrato ou do início da recondução, caso tenha sido suspenso.
Instrumentos contratuais
A relação pode conter dois instrumentos: a proposta e aapólice ou bilhete de seguro.
A proposta é vinculativa e obrigatória (CC, art. 427).
Há seguros que podem ser concluídos por meio de bilhetes, como ocorre com seguros obrigatórios de automóveis.
O contrato de seguro se prova com a exibição da apólice ou bilhete de seguro.
As apólices podem ser nominativas, à ordem ou ao portador (CC, art. 760).
Multiplicidade de seguros
a) Ocorre multiplicidade de seguros quando há mais de um segurador.
Co-seguro
Proíbe-se o seguro de dano por valor maior do que o interesse segurado
Co-seguro é uma modalidade de seguro múltiplo em que a cobertura é repartida entre vários seguradores.
Resseguro
Consiste na transferência de parte ou de toda a responsabilidade do segurador para o ressegurador.
Perante o segurado, quem responde é o segurador.
Trata-se do seguro feito entre seguradores.
O Instituto de Resseguros do Brasil foi criado com o objetivo de nacionalizar o mercado securitário nacional e é uma sociedade de economia mista.
Extinção do contrato de seguro
O seguro se extingue: 1) pelo decurso do prazo do contrato; 2) por mútuo consentimento; 3) em regra, pela ocorrência do evento; 4) pela cessação do risco; pela inexecução das obrigações contratuais; por nulidade ou anulabilidade.
Prescrição
O prazo prescricional para a cobrança de seguro é de um ano (CC, art. 206, §1º, II)
Para os seguros de responsabilidade civil, conta-se o prazo da data em que é citado para responder pela indenização; ou da data em que indenizou, com a anuência do segurador.
Nos demais seguros, o prazo se conta da ciência do fato gerador da pretensão.
O STJ editou a Súmula n. 229 com o seguinte teor: “O pedido do pagamento de indenização à seguradora suspende o prazo de prescrição até que o segurado tenha ciência da decisão”.
O STJ defende também que o prazo prescricional para a cobrança de complemento da indenização prescreve no prazo dos direitos pessoais e não no prazo de um ano (REsp 474.147/MG. (CAVALIERI, op,. Cit. P. 456)
 Há ainda entendimento do STj no sentido de que terceiro beneficiário de seguro de vida não se sujeita ao prazo anuo de prescrição (REsp 525.881/RJ) (CAVALIERI, op,. Cit. P. 456)
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Jurisprudência
SEGURO. VIDA. POLICIAL CIVIL. ACIDENTE IN ITINERE.
Trata-se de REsp em que a questão consiste em saber se é cabível a indenização securitária de policial que vem a falecer no trajeto trabalho/residência. A seguradora recorrente sustenta, em síntese, que a referida indenização decorreria de eventual sinistro quando o policial civil estivesse exclusivamente em serviço. Contudo, no julgamento do especial, ressaltou o Min. Relator que o agente policial civil, militar ou federal, pela natureza de suas atividades, está obrigado, a todo tempo e momento, a servir à sociedade e aos cidadãos, não podendo omitir-se diante da prática de um delito, como na espécie, mesmo que se encontre fora de seu horário regular de trabalho ou mesmo no trajeto residência/trabalho, desde que, evidentemente, esteja no exercício de suas obrigações legais. Na verdade, se ele presencia um delito, é seu dever funcional, como garantidor da segurança pública nos termos do art. 144 da CF/1988, agir de modo a evitar que este se consuma ou mesmo a mitigar suas consequências. É que tais profissionais estão sujeitos, além de regime e condições especiais de trabalho, a responsabilidades peculiares. Lembrou, por oportuno, o disposto no art. 301 do CPP, pelo qual não há discricionariedade ao agente policial em sua atuação na medida em que se depara com situações aptas à consumação de qualquer espécie de delito. Em outras palavras, cuida-se de dever funcional de agir, independentemente de seu horário ou local de trabalho, ao contrário dos demais cidadãos, realizando-se seu mister ainda que fora da escala de serviço ou mesmo em trânsito, como ocorreu na hipótese, visto que o policial, filho da recorrida, faleceu, vítima de disparo de arma de fogo, quando se dirigia à sua residência para alimentar-se e, posteriormente, retornar ao seu local de trabalho para cumprir o restante de sua jornada. Assim, estando coberto pelo seguro, obriga-se a seguradora, ora recorrente, a indenizar. Observou ser certo que o seguro de vida, notadamente aquele realizado em grupo, tem suas limitações. Todavia, elas devem constar de forma expressa, clara e objetiva a fim de evitar qualquer dúvida em sua aplicação, sob pena de inversão em sua interpretação a favor do aderente, da forma que determina o art. 423 do CC/2002, decorrentes da boa-fé objetiva e da função social do contrato. No caso, como consta do próprio acórdão recorrido, a ora recorrente não demonstrou, efetivamente, a existência de cláusula contratual apta a excluir eventuais acidentes denominados in itinere. Diante dessas considerações, entre outras, a Turma conheceu parcialmente do recurso, mas lhe negou provimento. REsp 1.192.609-SP, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 7/10/2010.
REGRESSIVA. SEGURADORA. PRESCRIÇÃO. PROTESTO INTERRUPTIVO. TERMO INICIAL.
A quaestio juris consiste em definir qual o prazo e o termo inicial da prescrição para a seguradora recorrente requerer o ressarcimento do valor da indenização pago à sociedade empresária (frigorífico) devido ao desvio de carga terrestre segurada ocorrido por culpa da transportadora. Consiste, também, em definir o momento em que ocorre a interrupção da prescrição diante da existência de protesto judicial. Observa o Min. Relator que a seguradora, ao integralmente indenizar a sua cliente, assumiu seu lugar para cobrar a transportadora, portanto sub-rogou-se nos direitos e deveres dessa nos limites da sub-rogação. Por outro lado, pelo contrato de transporte, obriga-se, mediante retribuição, a transportar pessoas ou coisas de um lugar para outro (art. 730 do CC/2002), o que, em regra, leva a aplicar o CC e o CDC e, no que não for incompatível ou se houver lacuna, aplica-se a legislação específica (art. 732 do CC/2002). Explica, entretanto, que, quando se tratar de transporte de carga, averigua-se primeiro se há relação de consumo; se houver, aplica-se a regra geral (CC, CDC e legislação especial); caso contrário, ausente a relação de consumo, afasta-se o CDC, aplicando-se as regras não revogadas do Código Comercial, as regras gerais do CC e a legislação específica. Anota que, no caso dos autos, não incidiu o CC em vigor porque os fatos ocorreram em 1994 e 1995, tampouco incidiu a Lei n. 11.442/2007. Também não incidiu o CDC, por não se cuidar de relação de consumo, visto que houve uma relação comercial entre o frigorífico e a transportadora, formalizando contrato de transporte de mercadorias devidamente seguradas a serem entregues para determinado cliente. De outro lado, não existem restrições quanto à aplicação, no caso, da legislação específica relativa ao contrato de transporte rodoviário. Assim, no que se refere à prescrição, segundo a Súm. n. 151-STF, o segurador sub-rogado tem um ano para ajuizar a ação de ressarcimento pela perda da carga extraviada contra transportadora. Também a jurisprudência do STF há muito sedimentou entendimento de que, em caso de furto ou perda da mercadoria transportada, a prescrição tem início a partir do 30º dia contado de quando a mercadoria deveria ser entregue, pois se aplica o art. 9º do Dec. n. 2.681/1912. Quanto ao momento de interrupção do lapso prescricional, já que houve ajuizamento de protesto interruptivo, a jurisprudência do STJ entende que a prescrição se interrompe pela intimação da pessoa contra quem a medida for requerida (art. 171, I e II, do CC/1916). Dessa forma, o início do termo prescricional são datas das notas fiscais referentes às cargas, ou seja, após trinta dias (11/6/1994, 21/6/1994 e 26/5/1994), sendo que houve o ajuizamento do protesto em 23/5/1995, com a intimação realizada em 2/6/1995, quando o prazo ânuo foi interrompido e a ação indenizatória foi ajuizada em 29/5/1996, quando ainda não estava efetivada a prescrição. Diante do exposto, a Turma deu provimento ao recurso, determinando o retorno dos autos ao TJ a fim de que julgue o mérito. Precedentes citados doSTF: RE 31.922, DJ 16/11/1956, e do STJ: REsp 195.195-PR, DJ 8/4/2002; REsp 958.833-RS, DJ 25/2/2008; REsp 40.164-SP, DJ 29/9/1997, e REsp 19.295-SP, DJ 31/8/1992. REsp 705.148-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 5/10/2010.
ACIDENTE. TRÂNSITO. DENUNCIAÇÃO. SEGURADORA.
Cuida-se de ação de indenização ajuizada por companheira, filho e mãe de falecido em consequência de atropelamento na calçada ocasionado por caminhão conduzido por preposto de sociedade empresária. Discute a empresa, no REsp, entre outras matérias, sua condenação solidária com a seguradora denunciada e o termo final para a pensão. Quanto à idade para o término da pensão, explica o Min. Relator que este Superior Tribunal tem adotado a tabela de provável sobrevida utilizada pela Previdência Social, que, por sua vez, segue a tabela do IBGE, que calcula a longevidade com base no tempo de vida já decorrido de cada pessoa. Quanto à solidariedade entre a empresa denunciante e a seguradora denunciada, assevera que, assumindo a seguradora a condição de litisconsorte em razão da denunciação da lide, a responsabilidade dela passa a ser solidária em relação à empresa segurada, de sorte que a condenação no processo de conhecimento forma título executivo judicial cuja execução pode ser dirigida a ambos ou a qualquer uma delas. Com esse entendimento, a Turma deu parcial provimento ao recurso, reconhecendo a pensão até a longevidade provável da vítima segundo a tabela da Previdência Social, baseada nos cálculos do IBGE, se a tanto sobreviverem os recorridos, e a solidariedade entre a recorrente e a seguradora. Precedentes citados: REsp 886.084-MS, DJe 6/4/2010; REsp 670.998-RS, DJe 16/11/2009; AgRg no REsp 792.753-RS, DJe 29/6/2010, e REsp 698.443-SP, DJ 28/3/2005. REsp 736.640-RS, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em 5/10/2010.
SÚMULA N. 465-STJ.
Ressalvada a hipótese de efetivo agravamento do risco, a seguradora não se exime do dever de indenizar em razão da transferência do veículo sem a sua prévia comunicação. Rel. Min. João Otávio de Noronha, em 13/10/2010.
SEGURO. INDENIZAÇÃO. CORRETORA.
A inicial, após narrar que a seguradora não honrou a cobertura securitária, pede a condenação dela e da corretora ao pagamento da indenização. Assim, não há que se falar em responsabilidade por fato do serviço e em consequente responsabilidade solidária da corretora (arts. 7º, parágrafo único, 14 e 25, § 1º, do CDC), pois o que se busca é a própria prestação contratual, o pagamento do seguro diante da ocorrência de sinistro, e não a indenização de danos causados ao consumidor porventura decorrentes de conduta culposa da corretora. Precedentes citados: REsp 149.977-RJ, DJ 29/6/1998; REsp 202.613-ES, DJ 12/6/2000, e REsp 476.472-SC, DJ 26/4/2004. REsp 1.190.772-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 19/10/2010.
SÚMULA N. 470-STJ.
O Ministério Público não tem legitimidade para pleitear, em ação civil pública, a indenização decorrente do DPVAT em benefício do segurado. Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, em 24/11/2010.
CLÁUSULA LIMITATIVA. COBERTURA. SEGURO. VALIDADE.
Foi celebrado contrato de seguro de vida e, apenas quando da entrega do manual, enviado após a assinatura da proposta, é que foi informada ao segurado a cláusula restritiva de direito. Assim, a Turma deu provimento ao recurso por entender afrontado o art. 54, § 4º, do CDC, uma vez que a cláusula restritiva de direitos deveria ter sido informada de forma clara e precisa, no momento da contratação. É inegável que a conduta da recorrida malferiu o princípio da boa-fé contratual consignado não apenas no CDC, mas também no CC/2002. Precedente citado: REsp 485.760-RJ, DJ 1º/3/2004. REsp 1.219.406-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 15/2/2011.
PLANO DE SAÚDE. CLÁUSULA LIMITATIVA. FORNECIMENTO. PRÓTESE.
A Turma deu provimento ao recurso e restabeleceu a sentença por reconhecer que a jurisprudência entende não ter validade a limitação imposta por cláusula de plano de saúde que veda o fornecimento de prótese, quando a colocação dela for considerada providência comprovada e necessária ao sucesso de intervenção cirúrgica. No caso dos autos, apesar de o associado do plano de saúde ter sofrido acidente e ter firmado contrato desde abril de 1993, há mais de dez anos, o hospital conveniado não pôde iniciar sua cirurgia diante da negativa de autorização da seguradora ao argumento de que o contrato não previa cobertura para fornecer prótese considerada indispensável para o êxito da cirurgia de fratura de tíbia e maléolo. Para o Min. Relator, essa recusa fere o art. 51, IV, do CDC (Lei n. 8.078/1990), bem como a exigência de comportamento pautado pela boa-fé objetiva por conferir ao hipossuficiente desvantagem desproporcional. Ainda, tem a cláusula limitativa alcance bem maior daquele inicialmente imaginado pelo segurado, pois atinge, inclusive, os procedimentos cobertos pelo plano ou seguro (explica que essas últimas colocações eram vigentes antes mesmo da edição do CDC). Precedentes citados: REsp 811.867-SP, DJe 22/4/2010; REsp 735.168-RJ, DJe 26/3/2008, e REsp 519.940-SP, DJ 1º/9/2003. REsp 873.226-ES, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 8/2/2011.
SEGURO. VIDA. SUICÍDIO.
Trata-se, no caso, de saber se, nos contratos de seguro de vida, o suicídio do segurado de forma objetiva, isto é, premeditado ou não, desobriga as seguradoras do pagamento da indenização securitária contratada diante do que dispõe o art. 798 do CC/2002. A Seção, por maioria, entendeu que o fato de o suicídio ter ocorrido no período inicial de dois anos de vigência do contrato de seguro, por si só, não exime a companhia seguradora do dever de indenizar. Para que ela não seja responsável por tal indenização, é necessário que comprove inequivocamente a premeditação do segurado. Consignou-se que o art. 798 do CC/2002 não vai de encontro às Súmulas ns. 105-STF e 61-STJ, mas as complementa, fixando um período de carência no qual, em caso de premeditação, a cláusula de não indenizar é válida. Registrou-se, contudo, que, segundo os princípios norteadores do novo Código Civil, o que se presume é a boa-fé, devendo a má-fé ser sempre comprovada. Assim, o referido art. 798 da lei subjetiva civil vigente deve ser interpretado em conjunto com os arts. 113 e 422 do mesmo diploma legal, ou seja, se alguém contrata um seguro de vida e, depois, comete suicídio, não se revela razoável, dentro de uma interpretação lógico-sistemática do diploma civil, que a lei estabeleça uma presunção absoluta para beneficiar as seguradoras. Ressaltou-se, por fim, que o próprio tribunal a quo, expressamente, assentou que os elementos de convicção dos autos evidenciam que, na hipótese, o suicídio não foi premeditado. Precedente citado: REsp 1.077.342-MG, DJe 3/9/2010. AgRg no Ag 1.244.022-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 13/4/2011.
SEGURO. VIDA. SUICÍDIO. PROVA. PREMEDITAÇÃO.
Trata-se, na origem, de ação de cobrança objetivando receber indenização pelo suicídio de filho, que havia contratado seguro de vida com a recorrida. A questão consiste em saber se, nos termos do art. 798 do CC/2002, o cometimento de suicídio no período de até dois anos após a contratação de seguro de vida isenta a seguradora do pagamento da respectiva indenização. A Turma deu provimento ao recurso por entender que as regras concernentes aos contratos de seguro devem ser interpretadas sempre com base nos princípios de boa-fé e da lealdade contratual. A presunção de boa-fé deverá prevalecer sobre a exegese literal do referido artigo. Assim, lastreada naquele dispositivo legal, entendeu que, ultrapassados os dois anos, presumir-se-á que o suicídio não foi premeditado, mas o contrário não ocorre: se o ato foi cometido antes desse período, haverá necessidade de a seguradora provar a premeditação. O planejamento do ato suicida, para efeito de fraude contra o seguro, nunca poderá ser presumido. Aplica-se ao caso o princípio segundo o qual a boa-fé é sempre presumida, enquanto a má-fé deve ser comprovada. Logo, permanecem aplicáveis as Súmulas ns. 105-STFe 61-STJ. Daí, a Turma deu provimento ao recurso para julgar procedente o pedido e condenar a seguradora ao pagamento da indenização prevista no contrato firmado entre as partes, acrescido de correção monetária e juros legais a contar da citação. Precedente citado: REsp 1.077.342-MG, DJe 3/9/2010. REsp 1.188.091-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/4/2011.
� Rizzardo, Arnaldo. Contratos. 6ª ed. Forense: Rio de janeiro, 2006, p. 841.
� VENOSA, Silvio. Direito civil: contratos em espécie. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 378; GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 477.
� Rizzardo, Arnaldo. Op. cit. p. 843. 
� SÚMULA N. 469-STJ. Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde. Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, em 24/11/2010.
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