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Programa de Pós-Graduação em Educação Inclusiva – PROFEI Mestrado Profissional em Educação Inclusiva Pré-Projeto de Pesquisa O PAPEL DO ARTE EDUCADOR NA INCLUSÃO: ADEQUAÇÕES NO ENSINO DA ARTE PARA ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA. Candidato: Robson Canteiro Valenzuela Instituição: Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) Linha de Pesquisa: Práticas e Processos Formativos de Educadores para a Educação Inclusiva Data: 27 de outubro de 2024. INTRODUÇÃO A inclusão de estudantes com deficiência em ambiente escolar é um tema em destaque na educação contemporânea. No contexto das artes, essa inclusão se torna particularmente significativa, pois as práticas artísticas servem como poderosos instrumentos de expressão, de comunicação e de socialização. Nesse sentido, o papel do arte-educador é fundamental nesse processo, uma vez que sua atuação pode facilitar o acesso e a participação de todos os alunos, independentemente de suas habilidades. Barbosa (2001) enfatiza que a Metodologia Triangular no ensino de arte envolve a interação entre a produção artística, a leitura da imagem e a história da arte, promovendo um aprendizado integrado e contextualizado que coloca a imagem como centro da experiência educacional. Essa abordagem propõe uma metodologia inclusiva que permite que estudantes com deficiência se sintam valorizados e reconhecidos em suas potencialidades. Logo, ao considerar as diferentes formas de aprendizado e expressão, o educador pode adequar suas práticas para atender às necessidades individuais de cada estudante, promovendo, assim, um ambiente que respeite e celebre a diversidade. Além disso, Hernández (2000), ressalta como a cultura visual pode descontruir representações sociais, incentivando uma compreensão mais ampla e reflexiva do mundo. Essa perspectiva apoia a inclusão no ensino de arte, pois valorizar a diversidade de percepções e olhares permite que todos os alunos – independentemente de suas habilidades – desenvolvam autonomia e possam expressar suas identidades de maneira única. Para Mantoan (2003) o conceito de inclusão escolar vai muito além da presença física de estudantes com deficiência nas salas de aula. A autora aponta que esse modelo de inclusão exige uma reestruturação das práticas pedagógicas e do papel do professor, assim como maior flexibilidade nos critérios de admissão e permanência, de modo a garantir qualidade de ensino para todos. Manzini (2007) reforça a importância de uma formação contínua e colaborativa entre os professores, promovendo um espaço de troca de experiências e de reflexão conjunta, o que permite que os educadores desenvolvam as competências necessárias para lidar com as demandas de uma educação inclusiva e adaptada às necessidades específicas de cada aluno. Nessa conjuntura, autores como Mantoan (2003) e Manzini (2007) argumentam que a inclusão no ensino da arte deve considerar as particularidades de cada deficiência. Isso envolve adaptações físicas e sensoriais nos espaços educativos e requer uma formação contínua e colaborativa para o arte-educador, promovendo um ambiente de trocas e de reflexões. Portanto, essas medidas garantem que os professores estejam preparados para lidar com a diversidade e para explorar ao máximo as habilidades e interesses dos alunos. Diante desse panorama, este projeto visa investigar como a atuação do arte-educador pode promover a inclusão artística, focando nas práticas pedagógicas necessárias no ensino da arte para estudantes com deficiência. Dessa forma, a pesquisa buscará responder à seguinte questão: de que maneira o arte-educador pode implementar adequações que assegurem a inclusão efetiva de estudantes com deficiência no ensino da arte, e quais desafios enfrentados nesse processo? Para tanto, serão analisados casos práticos, entrevistas com educadores e revisão da literatura sobre educação inclusiva na perspectiva e o ensino das artes. Assim, ao aprofundar o entendimento sobre o papel do arte-educador e suas práticas pedagógicas inclusivas no ensino da arte, será possível contribuir para a construção de um ambiente escolar mais equânime e acolhedor, onde todos os estudantes tenham a oportunidade de desenvolver suas habilidades artísticas e expressar sua identidade. 1. Tema O tema deste projeto abordará sobre a inclusão de estudantes com deficiência no ensino de arte, tendo como foco as adequações pedagógicas necessárias para garantir sua plena participação. Nesse contexto, a arte, como defende Ana Mae Barbosa, apresenta um ambiente de inclusão por meio da produção artística, da leitura de imagens e da reflexão crítica sobre o contexto sociocultural. Desse modo, a pesquisa visa explorar as práticas pedagógicas dos docentes de arte, investigando como essas práticas são implementadas e sua eficácia, considerando a diversidade de deficiências presentes em um ambiente escolar multicultural e se essas práticas estão adequadas ao contexto da educação inclusiva. 2. Justificativa A educação inclusiva é garantida por meio de legislações, como a Lei Brasileira de Inclusão (2015), que garante a igualdade de condições para o acesso à educação por parte de pessoas com deficiência. Entretanto, a realidade nas escolas ainda apresenta desafios para que essas leis se tornem práticas efetivas no dia a dia, especialmente em disciplinas como arte, a qual demandam adequações tanto nos materiais quanto nas abordagens pedagógicas. Segundo Barbosa (2001), a arte se apresenta como uma linguagem acessível e inclusiva, permitindo que alunos, independentemente de limitações, possam desenvolver uma visão crítica e criativa do mundo. A autora reforça que o ensino da arte deve promover um entendimento crítico que ultrapasse a simples expressão, ajudando os alunos a decodificar e compreender as múltiplas significações das obras de arte, o que favorece o desenvolvimento da criatividade e a construção de um conhecimento mais profundo sobre o mundo ao seu redor. Complementando a visão de Barbosa, Michels (2017), reforça que a educação especial deve ser compreendida como parte constituinte da educação e não isolada como um subsistema. Esse entendimento reforça a importância de práticas pedagógicas adequadas no ensino de arte para garantir a plena inclusão dos alunos com deficiência. Além disso, o ensino de arte desempenha um papel crucial no desenvolvimento motor, cognitivo e social dos estudantes. Para alunos com deficiência, essas atividades podem ser ainda mais importantes, contribuindo para sua autonomia e sua integração. Segundo Barbosa (2010), sem o conhecimento de arte e história, não é possível desenvolver a plena consciência da identidade nacional, e o acesso à educação artística conecta o indivíduo à continuidade histórica, promovendo um sentido de unidade e estabelecendo a arte como uma poderosa ferramenta para a construção de uma educação inclusiva. Assim, o projeto proposto tem como objetivo investigar as adequações pedagógicas utilizadas no ensino de arte, buscando compreender como essas metodologias se adequam e se tornam mais acessíveis a todos os alunos com deficiência. Esta pesquisa permitirá identificar práticas efetivas que favoreçam o progresso de estudantes com deficiências e apoiar os arte- educadores na construção de uma sala de aula mais inclusiva e acolhedora. 3. Objetivos Objetivo Geral Investigar como as adequações nas práticas pedagógicas de arte podem facilitar a inclusão de estudantes com deficiência, promovendo um ambiente de aprendizagem mais acessível. Objetivos Específicos § Identificar os desafios e as oportunidades enfrentadas pelos estudantes com deficiência e pelos educadores de arte na rede pública de ensino. § Descrever e analisar a implementação das aulas de arte para estudantes com deficiência em duas unidades escolares darede pública de ensino no município de Cuiabá (MT). § Examinar as práticas pedagógicas e as adequações utilizadas para o ensino de arte a alunos com deficiência. § Levantar e analisar as diretrizes presentes na literatura especializada para o ensino de estudantes com deficiência. 4. Procedimentos Metodológicos Investigar os desafios enfrentados por professores de arte e as estratégias pedagógicas que utilizam com estudantes com deficiência. Esta análise busca compreender, também, como as dinâmicas de ensino, os recursos educacionais e as formas de interação influenciam no processo de ensino-aprendizagem desses alunos, identificando dificuldades e propondo melhorias. Público-alvo O público-alvo da pesquisa incluirá educadores de arte de duas unidades da rede pública de ensino, formados em Licenciatura em Teatro, Música, Dança e Artes Visuais, que tenham experiência no ensino de estudantes com deficiência, abrangendo desde a educação infantil até o ensino médio. Também serão considerados os próprios estudantes envolvidos nas aulas. A investigação será conduzida por meio de entrevistas semiestruturadas com os professores, complementada por observação participativa durante as aulas. Essa abordagem permitirá uma compreensão aprofundada das práticas pedagógicas utilizadas e suas implicações no processo de ensino-aprendizagem. Coleta de Dados A coleta de dados será realizada mediante entrevistas semiestruturadas, permitindo uma exploração aprofundada dos temas relacionados à inclusão de alunos com deficiência no ensino de arte. Embora as entrevistas sigam um roteiro previamente elaborado, o formato flexível oferecerá aos educadores de arte a oportunidade de compartilhar suas experiências e suas reflexões de maneira livre. Os principais eixos abordados nas entrevistas incluirão: § Práticas pedagógicas adotadas para garantir a participação efetiva de estudantes com deficiência nas aulas de arte. § Desafios enfrentados na comunicação e na interação com esses estudantes. § Adequações consideradas mais eficazes para promover um ambiente inclusivo. § Percepções dos educadores sobre a inclusão e sugestões de melhorias e de inovações no atendimento educacional. Essa abordagem visa capturar as nuances das experiências dos educadores, permitindo a identificação de estratégias que possam contribuir para um ambiente mais acolhedor e acessível nas aulas de arte. Análise de Dados A análise de conteúdo será realizada com base nas entrevistas, organizando as respostas em temas como metodologias pedagógicas, interação com os estudantes, adequações e desafios enfrentados. Essa abordagem qualitativa permitirá capturar detalhes e inovações nas vivências dos educadores de arte, enriquecendo a discussão sobre a inclusão de estudantes com deficiência no ensino dessa disciplina. O objetivo é compreender como podemos criar um ambiente mais acolhedor e acessível para todos os estudantes, levando em consideração suas particularidades e suas necessidades. Logo, a análise buscará identificar padrões e informações que possam contribuir para a formulação de práticas pedagógicas mais inclusivas. Recurso Educacional O produto educacional deste projeto será o Guia de Adequações Pedagógicas para o Ensino de Arte Inclusiva, um recurso detalhado que apresentará práticas e adequações pedagógicas específicas para atender às necessidades de estudantes com diferentes tipos de deficiência. Esse guia será desenvolvido a partir de observações em sala de aula e de entrevistas com arte-educadores com vivências na área de educação inclusiva. O guia terá duas seções principais: 1. Princípios da Educação Inclusiva em Arte: Uma introdução aos conceitos fundamentais de inclusão no ensino da arte, baseada em estudos e teorias de autores relevantes na área, como Ana Mae Barbosa, que destaca a importância de uma abordagem triangular e acessível da arte. 2. Propostas de Atividades Práticas Adequadas: Serão apresentadas atividades inclusivas que exploram várias modalidades artísticas (como desenho, pintura, escultura e etc.), com adaptações práticas e instruções detalhadas para cada tipo de deficiência, facilitando a execução por educadores em diferentes contextos. Ao final, o guia servirá como um recurso prático e acessível para os professores de arte, promovendo um ambiente de aprendizado mais inclusivo e motivador. Além disso, pretende-se que o guia contribua para o desenvolvimento contínuo dos arte-educadores, permitindo-lhes adaptar suas práticas pedagógicas com segurança e sensibilidade às necessidades de cada estudante. REFERÊNCIAS BARBOSA, A. M. A imagem no ensino da arte: anos oitenta e novos tempos. 4. ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 2001. BRASIL. Lei n.º 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 6 jul. 2015. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em: 30 out. 2024. HERNÁNDEZ, F. Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 2000. MANTOAN, M. T. Inclusão Escolar: A Formação de Professores. São Paulo: Moderna, 2003. MANZINI, E. J. (Org.). Inclusão do aluno com deficiência na escola: os desafios continuam. Marília: ABPEE/FAPESP, 2007. MICHELS, M. H. (Org.). A formação de professores de educação especial no Brasil: propostas em questão. Florianópolis: UFSC, Centro de Ciências da Educação, Núcleo de Publicações, 2017. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm