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TEORIA GERAL DO PROCESSO AULA 5 BREVE ABORDAGEM DE COMPETÊNCIA Jurisdição não se confunde com competência, sendo aquela o dever do Estado de dizer o direito em litígios que lhe forem levados a apreciação e para que tal prestação seja possível, necessário a divisão, organização da divisão do trabalho entre os diversos membros que compõem o Poder Judiciário, de acordo com critérios predeterminados. Assim, as normas de competência atribuem concretamente a função de exercer a jurisdição dos diversos órgãos do Poder Judiciário, sendo assim, o instituto que define o âmbito de exercício da atividade jurisdicional de cada órgão dessa função encarregado. A competência é assim a atribuição do órgão jurisdicional e não do agente. JURISDIÇÃO - CONCEITO Do Latim “iuris dictio”, que significa “dizer o direito”. Tem-se como jurisdição a atuação do Estado com a função de resolver conflitos que lhes sejam levados a conhecimento. Importante ressaltar que a atuação jurisdicional na atualidade não se limita a declaração de um direito, mas também a própria efetivação do direito declarado, motivo pelo qual cabe também ao Poder Judiciário a execução de decisões judiciais. Podem exercer o direito de ação as pessoas naturais, as pessoas jurídicas, sejam elas de direito público ou privado, e ainda os entes despersonalizados (espólio, massa falida, condomínio). O Estado, por meio do Poder Judiciário, exerce sua jurisdição a fim de que se retome a paz social, o que faz com a aplicação das normas jurídicas e outras fontes do direito, atuando, aplicando para tanto, eventuais sanções previstas na legislação ou ainda declarando direitos e obrigações, esclarecendo, assim eventuais dúvidas das partes litigantes. O Poder Judiciário, por meio de seus juízes (organização singular ou colegiada), deve solucionar as demandas que lhe são levadas a apreço de forma imparcial. É uma das atividades estatais desenvolvidas pelo Estado no exercício de sua soberania. JURISDIÇÃO - CARACTERÍSTICAS Cumpre-nos analisar as características da jurisdição: - SUBSTITUTIVIDADE: Com o sentido de substituição, parte da doutrina entende se caracterizar pelo fato de que, tendo em vista que as partes não conseguem se resolver sem auxílio de terceiro, o Estado se faz substituir para então resolver o litígio. No entanto, parte da doutrina entende ser mais amplo esse conceito, haja vista que existem demandas, como por exemplos, o divórcio, onde as partes talvez nem estejam em litígio, mas necessitam da prestação jurisdicional, não tendo que se falar em substituição das partes pelo Estado. Sendo de toda sorte, o Estado, terceiro alheio ao processo, às partes, mesmo que o ente público integre um dos polos da demanda, deve se manter imparcial, sendo esta atuação mais do que isenção pessoal do magistrado, mas sim no sentido de não ser parte, e devendo assim, avaliar as provas e a aplicação da melhor norma ao caso em apreço. - IMUTABILIDADE ou DEFINITIVIDADE: A decisão proferida pela prestação jurisdicional, é imutável, não podendo qualquer outro ente particular ou até mesmo o Estado, alterá-la, se já feito coisa julgada. Evidentemente que é necessário o respeito aos princípios do contraditório e da ampla defesa, mas não havendo mais possibilidade de reexame da matéria em instância superior, ou ainda não tendo a parte interesse na nova apreciação, estamos diante do instituto da coisa julgada, que é amparado por Nossa CF/88. Importante destacar que existem meios de rever decisões transitadas em julgado, como as ações rescisória (civil) e revisão criminal (penal), havendo forte tendência processual no sentido de maior relativização da coisa julgada, sendo inclusive meio eficaz de aplicação da norma jurídica. JURISDIÇÃO – PRINCÍPIOS - INAFASTABILIDADE: Tendo em vista que a CF/88 destaca que é dever do Estado a prestação jurisdicional, bem como que o juiz não pode se eximir de analisar o caso concreto (non liquet), tem-se como característica a inafastabilidade da jurisdição. - INDELEGABILIDADE: A CF/88 e apenas ela pode criar ou alterar novos órgãos capazes para a prestação jurisdicional, sendo indelegável tal obrigação. - JUIZ NATURAL: Visa a criação dos tribunais de exceção a fim de trazer ao jurisdicionado segurança e imparcialidade nas decisões proferidas. - INVESTIDURA: Apenas as pessoas físicas investidas no poder de juiz, podem julgar, devendo ainda, para julgar, estar no exercício de sua função.Quem não é investido no cargo, não pode julgar. - TERRITORIALIDADE: Ao juiz, investido no cargo, cumpre a aplicação da legislação nacional, na apreciação do caso concreto. Em eventual possibilidade de aplicação de lei estrangeira, indispensável a homologação do STJ. - IMPERATIVIDADE: As decisões tomadas em um processo judicial, após respeitado o contraditório e trânsito em julgado, ou ainda em casos de tutelas diferenciadas (liminar, por exemplo), devem ser respeitadas pelas partes, posto que são uma ordem, mesmo que a parte com ela não concorde. - INÉRCIA: Cabe ao magistrado, ser provocado, não podendo oferecer, por qualquer motivo, a prestação jurisdicional.Tal característica contribui para a imparcialidade da prestação jurisdicional. - CORRELAÇÃO ou RELATIVIDADE ou CONGROÊNCIA: Estabelece que é imperioso que haja correspondência entre a sentença e o constante da petição inicial. É, sem dúvida, um meio garantidor do direito de defesa, haja vista que o requerido em ação judicial sabe que não poderá ser condenado por mais do que lhe foi imputado. JURISDIÇÃO – DIFERENÇA EM RELAÇÃO ÀS DEMAIS FUNÇÕES PRESTADAS PELO ESTADO Tendo em vista as diferentes funções exercidas pelos Poderes Estatais, do Judiciário, Executivo e Legislativo, bem como a tripartição dos poderes, o que é inalterável, há de se ter em mente que o Poder Legislativo, tampouco o Poder Executivo, podem atuar como se Judiciário fosse. A cada um dos Poderes cabe a atuação em seu campo de atividade, não tendo que se falar em atuação de um na esfera de outro. TUTELA DIFERENCIADA – ANTECIPAÇÃO DA TUTELA Há a possibilidade de ver a tutela pretendida antecipada, se cumpridos os requisitos da verossimilhança das alegações, perigo na demora e a fumaça do bom direito. Importante questionamento versa sobre se a concessão da antecipação da tutela fere o princípio constitucional do contraditório, sendo pacífico o entendimento negativo, por ser uma tutela diferenciada. Os procedimentos, são autônomos, são independentes, não havendo impedimento de um pela existência de outro, justamente pelo princípio básico do processo de acesso à justiça. Ex. A discussão judicial acerca da validade de uma cobrança, não impede que o credor ingresse com demanda judicial de execução de título.
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