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Processo Civil CEJ 9

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PROCESSO CIVIL – Celso Belmiro – 2007 – página � PAGE �197�
9ª aula (04/05/2007)
	Estamos falando de tutela antecipada. Falamos do caput do artigo 273 do CPC, das questões relevantes dentro do caput; falamos dos requisitos para a concessão da tutela antecipada e começamos a ver os parágrafos do artigo 273 do CPC. 
	Falamos da inutilidade do parágrafo 1º. 
	Falamos do parágrafo 2º, da reversibilidade dos efeitos da decisão e chegamos a falara do princípio da proporcionalidade. Vamos então, agora, falar do parágrafo 3º do artigo 273 do CPC. 
	O parágrafo 3º do artigo 273 do CPC é importantíssimo, pois é ele que vai possibilitar a eficácia da tutela antecipada. A redação desse parágrafo 3º foi dada pela lei 10.444/2002. Esse parágrafo diz que a tutela antecipada observará as normas previstas nos arts. 588, 461, §§ 4o e 5o, e 461-A. 
	O artigo 461, parágrafos 4º e 5º tratam de obrigação de fazer. O artigo 461 – A trata de obrigação para a entrega de coisa. 
	A lei 10.444/02 ela alterou bastante o processo de execução e a sistemática do cumprimento das obrigações de entrega de coisa. Já desde a primeira reforma em 1994 foi criada a tutela específica das obrigações de fazer. Por quê? O que havia antes dessa reforma de 1994? O sujeito que era credor de uma obrigação de fazer não tinha meios de obter que aquela obrigação de fazer fosse cumprida, A essência é que o credor em uma obrigação de fazer quer aquela obrigação de fazer cumprida e até 1994 não havia meios para o credor obter aquela obrigação de fazer. 
	Como não havia meios, essas obrigações de fazer, uma vez descumpridas, acabavam desembocando em indenização. Então, na primeira reforma de 1994 foi introduzida a tutela específica da obrigação de fazer, dando meios ao Juiz para que se eventualmente a obrigação de fazer fosse descumprida, no próprio curso do processo de conhecimento obrigasse o sujeito a cumprir a obrigação de fazer. Isso, só existia após 1994 para a obrigação de fazer. 
	A lei 10.444/02 criou a chamada tutela específica também para as obrigações de entrega de coisa diferente de dinheiro. A efetivação de uma obrigação para a entrega de coisa passou a ser feita no curso do próprio processo de conhecimento. Com isso o que aconteceu já em 2002? Deixou de existir processo de execução para entrega de coisa. Mas ainda havia processo de execução de sentença. Para que tipo de obrigação havia processo de execução de sentença? Para as obrigações de entrega de dinheiro, obrigação pecuniária. 
	Com a grande reforma que houve no processo de execução, com a lei 11.382/06, acabou com o processo de execução também para as obrigações de entrega de dinheiro. Hoje, salvo exceções de hipóteses específicas, não existe processo de execução de sentença. 
	A redação do parágrafo 3º do artigo 273 do CPC foi dada pela lei 10.444/02. Qual é a mensagem que se quer passar com o parágrafo 3º? Esquece o artigo 461 e 461-A do CPC, vamos ficar com o artigo 588 do CPC. Este artigo trata da execução provisória. 
	O que está sendo dito é que a decisão que concede a tutela antecipada ela autoriza a execução provisória, ou mais propriamente ainda, a decisão que concede a tutela antecipada gera efeitos imediatos. 
	Muitas vezes você não tem propriamente um processo de execução. O que se quer dizer com o parágrafo 3º do artigo 273 do CPC é que a decisão que concede a tutela antecipada produz efeitos imediatos. O sujeito que é beneficiado por uma decisão dessa pode imediatamente buscar a efetivação dela. Eventualmente, até pode ser através de um processo de execução, mas muitas vezes nem será necessário, pode se dar através de um ofício. 
	A execução definitiva é execução lato sensu e exige uma decisão transitada em julgado ou diante de título extrajudicial. 
	E execução provisória, existe quando? Quando estamos buscando executar uma decisão que ainda não é definitiva porque está sujeita a recurso, mas este recurso é sem efeito suspensivo. 
	Podemos nos utilizar da execução provisória de uma sentença ou acórdão quando a decisão está sendo atacada por um recurso que não tem efeito suspensivo, isto estava no artigo 588 do CPC. 
	Só que o artigo 588 do CPC foi revogado pela lei 11.382/06, ele dispunha: 
Art. 588. A execução provisória da sentença far-se-á do mesmo modo que a definitiva, observadas as seguintes normas: (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002) (Revogado pela Lei nº 11.232, de 2005)
        I - corre por conta e responsabilidade do exeqüente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os prejuízos que o executado venha a sofrer; (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002) (Revogado pela Lei nº 11.232, de 2005)
        II - o levantamento de depósito em dinheiro, e a prática de atos que importem alienação de domínio ou dos quais possa resultar grave dano ao executado, dependem de caução idônea, requerida e prestada nos próprios autos da execução; (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002) (Revogado pela Lei nº 11.232, de 2005)
        III - fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior; (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002) (Revogado pela Lei nº 11.232, de 2005)
        IV - eventuais prejuízos serão liquidados no mesmo processo. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002) (Revogado pela Lei nº 11.232, de 2005)
        § 1o No caso do inciso III, se a sentença provisoriamente executada for modificada ou anulada apenas em parte, somente nessa parte ficará sem efeito a execução.(Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002) (Revogado pela Lei nº 11.232, de 2005)
        § 2o A caução pode ser dispensada nos casos de crédito de natureza alimentar, até o limite de 60 (sessenta) vezes o salário mínimo, quando o exeqüente se encontrar em estado de necessidade. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002) (Revogado pela Lei nº 11.232, de 2005)
	O artigo 588 do CPC foi revogado, mas não alteraram a redação do parágrafo 3º do artigo 273 do CPC. 
	Não houve modificação do conteúdo da execução provisória, mas agora ela está prevista no artigo 475-O e 475 – I parágrafo 1º, ambos do CPC: 
“Art. 475-O. A execução provisória da sentença far-se-á, no que couber, do mesmo modo que a definitiva, observadas as seguintes normas: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
I – corre por iniciativa, conta e responsabilidade do exeqüente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
II – fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidados eventuais prejuízos nos mesmos autos, por arbitramento; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
III – o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem alienação de propriedade ou dos quais possa resultar grave dano ao executado dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
§ 1o No caso do inciso II do caput deste artigo, se a sentença provisória for modificada ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará sem efeito a execução. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
§ 2o A caução a que se refere o inciso III do caput deste artigo poderá ser dispensada: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
I – quando, nos casos de crédito de natureza alimentar ou decorrente de ato ilícito, até o limite de sessenta vezes o valor do salário-mínimo, o exeqüente demonstrar situação de necessidade; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
II – nos casos de execução provisória em que penda agravo de instrumento junto ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça (art. 544), salvo quando da dispensa possa manifestamente resultar risco de grave dano, de difícil ou incerta reparação. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
§ 3o Ao requerer a execução provisória, o exeqüenteinstruirá a petição com cópias autenticadas das seguintes peças do processo, podendo o advogado valer-se do disposto na parte final do art. 544, § 1o: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
I – sentença ou acórdão exeqüendo; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
II – certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
III – procurações outorgadas pelas partes; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
IV – decisão de habilitação, se for o caso; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
V – facultativamente, outras peças processuais que o exeqüente considere necessárias. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)”. 
“Art. 475-I. O cumprimento da sentença far-se-á conforme os arts. 461 e 461-A desta Lei ou, tratando-se de obrigação por quantia certa, por execução, nos termos dos demais artigos deste Capítulo. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
§ 1o É definitiva a execução da sentença transitada em julgado e provisória quando se tratar de sentença impugnada mediante recurso ao qual não foi atribuído efeito suspensivo. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)”
	Por que isso saiu do artigo 588 do CPC e foi para o artigo 475-O? Porque a efetivação do que está numa sentença não se dá mais através de processo de execução, mas sim através do cumprimento de sentença. O artigo 588 do CPC topograficamente está no livro que trata do processo de execução. Se eu digo que a efetivação da sentença não se dá mais através de processo de execução eu tenho que deslocar a idéia do livro de processo de execução e colocar a idéia no livro que trata do processo de conhecimento. É por isso que o artigo 475 do CPC ganhou várias letras. 
	O artigo 273, parágrafo 3º do CPC está dizendo que a decisão que concede a tutela antecipada é gera execução provisória, ela produz efeitos imediatos. 
	
	Momento da concessão da tutela antecipada 
	Com base nisso vamos ver o momento para a concessão da tutela antecipada. Quando deve ser concedida a tutela antecipada? Quando é possível, no aspecto temporal, a concessão da tutela antecipada? 
	É possível a concessão de tutela antecipada inaudita altera parte? 
	Hoje a doutrina é quase uníssona no sentido de que sim.
	Mas, não devemos deixar de registrar a opinião de Sérgio Bermudes, de Wilson Marques, no sentido de que não seria possível. E eles entendem assim porque o conteúdo da decisão da tutela antecipada é o mesmo da sentença, é uma decisão de mérito. Admitira a concessão sem a oitiva da outra parte eu estou admitindo a concessão de uma decisão de mérito sem sequer ouvir a outra parte o que violaria o contraditório. Para esses autores a concessão da tutela antecipada só seria possível depois de respeitado o contraditório. Isso hoje já está superado, admite-se que com base na urgência, mesmo antes do Réu ser citado o que Juiz possa conceder a tutela antecipada. 
	Mas, digamos, que a tutela antecipada foi requerida na inicial e o Juiz não concedeu de pronto. Pode o Juiz conceder depois que o Réu é citado? Pode depois da contestação? Pode depois da audiência e da instrução probatória? Pode um dia antes da sentença? Pode no momento em que vai proferir a sentença? 
	Vamos pensar. A decisão que concede a tutela antecipada antecipa os efeitos da sentença de procedência. Então, faz sentido que o Juiz conceda antes da sentença para efetividade do processo. Agora se eu já estou preparado, já estou no momento de proferir a sentença porque não proferir logo a sentença e se manifestar nesse momento sobre a tutela antecipada? Vai conceder a tutela antecipada pelo seguinte: e o Juiz e limitar a conceder, julgar procedente o pedido essa sentença estará sujeita a apelação, que, como regra, tem efeito suspensivo. Se nada se fala sobre tutela antecipada, se o Juiz simplesmente profere a sentença julgando procedente o pedido e condenando o Réu, este vai apelar e a sentença devido ao efeito suspensivo da apelação impede que a sentença produza efeitos. Aí para que servirá essa sentença para o Autor? Para nada. 
	Então, faz sentido que o Juiz no momento da sentença o Juiz conceda a tutela antecipada e profira a sentença. Existe a necessidade desta decisão concedendo a tutela antecipada ainda que no momento de proferir a sentença, pois a decisão que concede a tutela antecipada é decisão interlocutória, contra a qual caberá agravo que não possui efeito suspensivo como regra, o Autor com a decisão que concede a tutela antecipada consegue o que quer, ainda que provisoriamente. Essa decisão produzirá efeitos independentemente da sentença contra a qual se recorreu. 
	Se dentro da sentença vem a concessão da tutela antecipada começa o problema. Qual é o recurso cabível? Existe divergência: Para uma primeira corrente deve-se observar o que está sendo decidido, deve-se olhar o conteúdo da decisão. Levando - se em conta o conteúdo da decisão, a parte que trata da tutela antecipada é um provimento típico de que tipo de ato judicial? Decisão interlocutória, Logo contra esse conteúdo, contra essa parcela da sentença caberia agravo de instrumento. E contra a parte que julga procedente o pedido, que tem conteúdo de sentença, cabe apelação. 
Para essa corrente desconsidera-se que é um ato só. Vê o conteúdo. 
	Essa primeira solução traz dois inconvenientes: viola o princípio da unirrecorribilidade, estou usando dois recursos para atacar um mesmo ato ou decisão. Além disso, viola o princípio da correspondência, pois interponho agravo de instrumento contra o ato judicial que é uma sentença e contra qual cabe apelação. Agravo de instrumento não é recurso para atacar sentença. 
	Para a segunda corrente, o recurso cabível é a apelação. E para que a decisão judicial possa produzir efeitos, já que a apelação é um recurso com efeito suspensivo e, portanto, que impede que a sentença produza efeitos, a apelação que caberia contra essa sentença seria uma apelação diferente. Por que uma apelação diferente? Porque o que o que se quer é fazer com que essa decisão que concede a tutela antecipada produza efeitos imediatos, gere execução provisória. E quando eu tenho execução provisória mesmo? Quando eu tenho um recurso que não tem efeito suspensivo. Logo, essa é uma apelação sem efeito suspensivo. 
	
	O apelante entra com apelação, não entra com apelação com efeito suspensivo ou sem efeito suspensivo. Quando o Juiz concede a tutela antecipada na sentença ele está afirmando que a apelação será recebida sem efeito suspensivo. O efeito do recurso quem dá é o Juiz. 
	O Réu tem uma sentença que já está produzindo efeitos contra ele. O que ele pode fazer? Ele pode apelar, mas essa apelação não produz efeito suspensivo. O que ele tem que fazer? Ele terá que buscar a obtenção do efeito suspensivo. Como? Existem diversos instrumentos que veremos quando tratarmos de apelação. Ele pode pleitear esse efeito suspensivo na própria apelação; pode através de agravo de instrumento específico para obter o efeito suspensivo da apelação tentar obter tal efeito; pode ajuizar uma ação cautelar no Tribunal (ação para obter o efeito suspensivo da apelação) e pode até impetrar mandato de segurança (para obter o efeito suspensivo da apelação). Então, instrumentos não faltam ao Réu para obter efeito suspensivo da apelação. 
	Isso tudo é uma outra história, o que queremos deixar claro é que a sentença que dentro dela concede tutela antecipada produz efeitos imediatos. 
	Seria muito simples se a lei expressamente previsse isso. Mas a lei, em seu artigo 520 do CPC, que diz que a apelação tem efeito suspensivo, elenca algumas situações em que a apelação não terá efeito suspensivo. Assim dispõe o artigo 520 do CPC: 
“Art. 520. A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será, no entanto, recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
I - homologar a divisão ou a demarcação; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
II - condenar à prestação de alimentos;(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
III - julgar a liquidação de sentença; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) (Revogado pela Lei nº 11.232, de 2005)
IV - decidir o processo cautelar; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
V - julgar improcedentes os embargos opostos à execução. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
V - rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes; (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem. (Incluído pela Lei nº 9.307, de 23.9.1996)
VII - confirmar a antecipação dos efeitos da tutela; (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)”
	O que significa a expressão “somente em seu efeito devolutivo”? O legislador é malvado, é cruel. Ele não abre a boca para dizer sem efeito suspensivo. Toda vez que quer dizer sem efeito suspensivo ele diz: só no efeito devolutivo. 
 
	O inciso VII do artigo 520 do CPC, que foi incluído em 2001 pela lei 10.325/2001, fala em a sentença que confirmar a antecipação dos efeitos da tutela. Confirmar pressupõe uma concessão anterior. Nessa situação não há a menor dúvida de que a apelação não terá efeito suspensivo. 
	A situação onde a sentença é que concede a tutela antecipada não está prevista expressamente na lei. A jurisprudência e a doutrina sustentam que o recurso cabível contra a sentença que ao mesmo tempo julga procedente o pedido e concede a tutela antecipada é uma apelação que não tem efeito suspensivo e cabe ao Réu buscar obter o efeito suspensivo para essa apelação. 
	Situação proposta por aluno: O Autor ajuizou ação e requereu a tutela antecipada, o Juiz indeferiu a antecipação da tutela. Da decisão que indeferiu a antecipação de tutela o Autor interpõe agravo de instrumento no Tribunal. O relator do agravo concede a tutela antecipada. O processo seque. A antecipação da tutela pelo Relator faz com que o pedido da ação seja antecipado e produza efeitos. Ao final do processo, a sentença julga improcedente o pedido. E aí? A tutela antecipada continua a produzir efeitos ou ela para de produzir efeitos? Existem duas saídas. Ou se compara os cargos, a sentença foi proferida pelo Juiz e o acórdão foi proferido pelo Relator e quando a apelação subir ao Tribunal será julgada pelo Relator que já emitiu sua convicção ao conceder a antecipação de tutela. Então, se compararmos os cargos, mesmo com a existência da sentença a antecipação da tutela continuará a produzir efeitos. 
	Se compararmos as cognições, o Relator a conceder a tutela antecipada ele exerceu a cognição sumária, a mesma exercida pelo Juiz quando indeferiu a antecipação. O Juiz quando proferiu a sentença exerceu a cognição exauriente. Neste caso deve prevalecer a cognição exauriente e, portanto, que prevalece é a sentença. 
	A opção correta é a segunda, ou seja, não se compara cargos, mas sim, cognições. Quando o Juiz julga improcedente o pedido na sentença os efeitos da tutela antecipada concedida pelo Tribunal cessam. Caberá ao Autor então na apelação pleitear o restabelecimento daquela tutela antecipada. 
	Pergunta de aluno: O Juiz concede a tutela antecipada, Na sentença, no entanto, revoga tal concessão, julga improcedente o pedido. O Autor apela e o Juiz recebe essa apelação no duplo efeito, ou seja, suspende os efeitos da sentença, como fica? Cuidado! O que fez cessar os efeitos da tutela antecipada foi a sentença. A apelação tem efeito suspensivo, esse efeito impede que a sentença produza efeitos, então é como se aquela sentença não existisse. Se a sentença não existe significa que a antecipação de tutela volta a produzir efeitos? Não. Por quê? Porque o Juiz quando concedeu a tutela antecipada exerceu a cognição sumária, quando proferiu a sentença exerceu cognição exauriente. O que deve prevalecer? A cognição exauriente. Se o Juiz julgou improcedente o pedido, acabou a tutela antecipada. Não é o efeito suspensivo da apelação que vai restabelecer a tutela antecipada. O que pode restabelecer os efeitos da antecipação da tutela é uma nova concessão de tutela antecipada pelo Tribunal. O sujeito quando apelar pede ao Relator a concessão da tutela antecipada. Se não houver nenhuma manifestação na apelação pelo restabelecimento da tutela antecipada vale a cognição exauriente do Juiz enquanto o Tribunal não se manifestar, não há mais tutela antecipada. 
	O parágrafo 4º do artigo 273 do CPC trata da revogabilidade da tutela antecipada. O Juiz pode a qualquer tempo revogar, juízo de retratação, a tutela antecipada por ele concedida. 
	Existe algum condicionamento para que isso aconteça? Existe algum limite para essa revogação? A revogação está sujeita a discricionariedade ou arbitrariedade do Juiz? Para evitar a arbitrariedade do Juiz, alguns autores entendem que existe um requisito para que o mesmo possa revogar a tutela que concedeu: deve haver um fato novo, um dado novo para que o Juiz possa revogar a tutela antecipada. Em outras palavras, se nenhum elemento novo foi levado aos autos, se nenhum elemento novo foi levado aos autos, o Juiz não pode cismar e revogar a tutela antecipada. 
	Quando um Juiz não pode mexer numa decisão que tenha proferido, que nome se dá a isso? Preclusão pro judicato. Quando sustentamos que uma vez proferida a decisão não é possível o Juiz alterá-la dá-se a isso o nome de preclusão pro judicato. 
	A concessão da tutela antecipada está sujeita a isso. Ou seja, o Juiz não pode a seu bel prazer revogar uma tutela antecipada que tenha anteriormente concedido, para isso há necessidade de um dado novo, de um elemento novo ser levado aos autos. Esse dado pode ser até mesmo a comunicação de interposição do agravo de instrumento. 
	O Tribunal concedeu a tutela antecipada, o Juiz pode revogar a decisão do Relator? Não. Se não houver nada de novo, nada de diferente, o Juiz não pode, por mais de uma razão até, revogar a decisão do Desembargador Relator do Agravo. Primeiro por uma questão de hierarquia, segundo porque sem fato novo não se pode revogar. 
	Se houver fato novo poderá proferir decisão que revogue a tutela antecipada. 
	A partir de 1995 o Agravo de instrumento é interposto diretamente no Tribunal, devendo quem quiser agravar tirar as cópias que devem acompanhar o recurso e ir ao Tribunal interpor o agravo. Depois de interposto o Agravo no Tribunal comunica ao Juiz da 1ª Instância que o agravo foi interposto. E em função dessa comunicação o Juiz poderá exercer o juízo de retratação. É por isso que essa comunicação ao Juízo depois de interposto o agravo é uma exigência legal, para possibilitar o juízo de retratação. 
	Não é normal que um Juiz revogue uma tutela antecipada concedida pelo Tribunal. Existe essa possibilidade, entretanto, diante do aparecimento de um dado que não foi levado aos autos do agravo de instrumento. E aí, diante disso, seria excepcionalmente, sim, essa revogação. 
	O parágrafo 5º do artigo 273 do CPC, assim como o parágrafo 1º, é irrelevante, se fosse retirado do artigo não faria a menor diferença. 
	Em 2002 o artigo 273 do CPC ganhou mais dois parágrafos o 6º e o 7º. 
	O parágrafo 6º do artigo 273 do CPC estabelece que a tutela antecipada poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos ou parcelas deles mostrar-se incontroverso. Isso veio solucionar um problema antigo. 
	Hipóteses: 
	1) A ajuíza uma ação em face de B querendo R$ 1.000,00 (mil reais). B diz que só deve R$ 400,00 (quatrocentos). 
	2) A ajuíza uma ação em face de B pleiteando X + Y. B diz que só é cabível o pedido X, o pedido Y não. 
	O que acontece nessas duas hipóteses? Por mais espumando que o Réu esteja com a contestação que apresenta ele cria uma parte controvertida e outra parte incontroversa. 
	Em relação ao pedido ou a parte do pedido que é incontroversa, mas o Réu não paga, tem porque o processo ir adiante em relação a isso? Tem porque fazer o Autor esperar o fim do processo para que receba este pedido ou parte do pedido incontroverso? Não. 
	Então o que oJuiz irá fazer? O Juiz pode proferir sentença em relação à parte do pedido incontroverso ou em relação a um dos pedidos formulados? Não, pois a sentença que irá extinguir o processo é uma só. Vai julgar antecipadamente a lide em relação a parte incontroversa? Também não, pois o julgamento antecipado da lide também vem ao mundo através de sentença. A solução encontrada pelo legislador para essas situações foi o parágrafo 6º do artigo 273 do CPC, a chamada tutela antecipada quanto à parte incontroversa da demanda. 
	Então, nestas situações o Juiz pode conceder a tutela antecipada em relação à parte incontroversa do pedido. Era uma criação doutrinária que foi acolhida pela lei. Desde maio de 2002 foi incluída como parágrafo 6º do artigo 273 do CPC. 
	A execução dessa antecipação de tutela do pedido ou parte do pedido incontroverso será provisória ou definitiva? Eu sei que a tutela antecipada produz efeitos imediatos, posso através da tutela antecipada buscar a execução provisória. Por que a execução é provisória? Porque não é definitiva, porque decisão posterior pode alterar a situação estabelecida pela tutela antecipada. 
	A execução dessa antecipação de tutela de pedido ou parcela de pedido incontroverso possui todos os elementos para dizer que a execução é provisória e que a execução é definitiva. Por que definitiva? Porque a parte já é incontroversa, não será mais modificada, o Autor disse e o Réu concordou. Por que provisória? Porque é execução de uma antecipação de tutela e, além disso, não é impossível que haja a modificação, pois pode, por exemplo, o Juiz entender que falta uma condição da ação ou um pressuposto processual e ser extinto o processo sem resolução do mérito. 
	Celso Belmiro prefere adotar o seguinte entendimento, é uma execução provisória, mas que tem toda a “cara” de execução definitiva. 
Ações onde é cabível a tutela antecipada 
	Que tipo de ação, que tipo de processo cabe tutela antecipada? 
	Cabe tutela antecipada em processo de conhecimento? Sim. 
	Cabe tutela antecipada em processo de execução? Não cabe, por dois motivos: primeiro porque a finalidade da execução é a expropriação de bens, e não se tem como expropriar provisoriamente e segundo porque a tutela antecipada é uma antecipação da sentença de procedência do pedido, e no processo de execução não temos procedência ou improcedência do pedido. Então, por esses dois motivos não tem como num processo de execução falarmos em tutela antecipada. 
	Cabe tutela antecipada em processo cautelar? A tutela antecipada que queremos saber se é cabível é a do artigo 273 do CPC, é a tutela antecipada genérica. Sempre que aquela ação, aquele determinado procedimento possuir um instrumento próprio para dar ao Autor alguma coisa que ele pretenda, não há que se falar na aplicação do artigo 273 do CPC. No processo cautelar, no procedimento cautelar existe alguma coisa parecida? Existe a liminar, que está prevista no artigo 804 do CPC. Então, não tem porque eu me preocupar em aplicar o artigo 273 do CPC dentro do procedimento cautelar, que já é dotado de um instrumento próprio que é a medida liminar. 
	A tutela antecipada do artigo 273 do CPC é cabível no processo de conhecimento. Dentro do processo de conhecimento faremos duas análises, primeiro em relação às tutelas cognitivas e outra em relação a determinados procedimentos especiais. 
	Em relação às tutelas cognitivas: que tipo de sentença temos? Sentença condenatória, sentença constitutiva e sentença declaratória. 
	Cabe tutela antecipada numa ação condenatória? Cabe. Foram feitas uma para a outra. 
	Cabe tutela antecipada numa ação constitutiva ou em ação declaratória? Em relação há essas existe uma grande divergência. Por que essa divergência? 
	O que se quer com a tutela antecipada é uma execução provisória. Que tipo de sentença dentro do processo de conhecimento vai gerar execução? Sentença condenatória. A sentença do processo de conhecimento que gera execução é a condenatória. 
	Além disso, a concessão da tutela antecipada decorre de uma cognição sumária. Por que sentenças constitutivas, sentenças declaratórias elas não geram execução posteriormente? Porque o Autor já obtém o que quer com a própria sentença. Por isso as decisões declaratórias e constitutivas elas não podem ser provisórias, elas geram efeitos imediatos e exigem, por conta disso, cognição exauriente. 
	Cabe tutela antecipada em ação constitutiva e em ação declaratória? 
	Uma primeira corrente entende que não. As decisões declaratórias e constitutivas, por produzirem efeitos imediatos, exigem certeza jurídica para serem proferidas, o que é incompatível com a probabilidade que autoriza a concessão de tutela antecipada. 
	Uma segunda corrente entende que cabe, uma vez que não há proibição legal, além do que, a tutela antecipada, por atender ao princípio da efetividade deve ser incentivada e não restringida. 
	A posição que está prevalecendo na doutrina é que é cabível tutela antecipada nas ações declaratórias e constitutivas. 
	No entanto, não podemos confundir é uma situação muito parecida com tutela antecipada numa ação declaratória, quando na verdade não é. 
	Hipótese: A empresta dinheiro a B. B paga, Só que A não reconhece esse pagamento, continua exigindo o pagamento. Diante dessa situação o que B, que já pagou pode fazer? Ingressar com uma ação declaratória de inexistência de débito. 
	Só que A levou o documento de dívida a protesto e B está com o nome inscrito nos órgãos de cadastro de inadimplentes. B ajuíza a ação declaratória de inexistência da dívida e requere a tutela antecipada para que seja sustado o protesto contra ele. Os autores costumam dar esse exemplo como sendo clássico de tutela antecipada em ação declaratória. Celso Belmiro sustenta que há um detalhe: Como se verifica a existência de tutela antecipada? Se a tutela antecipada é a concessão provisória do pedido do Autor, a tutela antecipada tem o mesmo conteúdo da sentença de procedência. E no caso, qual é o pedido da ação? Declaração de inexistência da dívida. Qual é o requerimento como tutela antecipada feita? A sustação do protesto. Há identidade entre o pedido e o requerimento da tutela antecipada? Não. Logo, o requerimento de sustação do protesto não é uma antecipação de tutela, mas sim uma medida cautelar. O que o Autor quer e chamou de tutela antecipada é, na verdade, uma medida cautelar. 
	As medidas cautelares são concedidas onde? Qual é a sede própria para a concessão de uma medida cautelar? Um processo cautelar. Mas o legislador sabiamente pensou: a tutela cautelar dá mais coisa para o Autor do que a medida cautelar. Se eu admito que o Juiz dentro de um processo de conhecimento possa conceder uma tutela antecipada que é mais, por que se o Autor quiser menos, quiser uma simples medida cautelar terá que ajuizar ação cautelar só para isso? Então, o legislador vislumbrou a solução e acrescentou ao artigo 273 do CPC o parágrafo 7º. E esse parágrafo é o caminho para num futuro próximo não termos mais processo cautelar. 
	O artigo 273, parágrafo 7º do CPC permite que o Juiz conceda uma medida cautelar dentro do próprio processo de conhecimento. Na verdade o parágrafo 7º fala de uma situação onde o Autor erra, o Autor chama de tutela antecipada aquilo que na verdade tem natureza cautelar. Mas o Juiz concede. E se o sujeito pedir cautelar mesmo? O que o Juiz deve fazer? Conceder a cautelar. Se dissermos que o Juiz não concede, que ele só poderia conceder a cautelar se o Autor errar, você está obrigando o Autor a errar, você cria uma relação de estúpidos. 
	Por que é um caminho aberto para acabar com a cautelar? Porque numa situação dessas para que obrigar o sujeito a instaurar um processo cautelar? Lembre-se que quando falamos em processo cautelar, falamos em petição inicial, nova citação, contestação... Isso só tem sentido se eu estou diante de um procedimento cautelar preparatório. Mas a tendência é que as medidas cautelares incidentais sejam concedidas no curso dopróprio processo. 
	O artigo 273 do CPC se complementa com o artigo 461 e 461-A, também do CPC, tanto que o artigo 273 em seu parágrafo 3º faz menção a estes artigos. 
	O que não pode e, aí sim, há um desvirtuamento é transformar uma obrigação pecuniária numa obrigação de fazer, que fazer é esse? Pagar. Obrigação pecuniária não é uma obrigação de fazer. 
	Em que tipos de procedimentos cabe tutela antecipada? Temos que tipos de procedimento? 
									ORDINÁRIO
						COMUM 
	PROCEDIMENTOS				 SUMÁRIO
						ESPECIAIS
 
	Cabe tutela antecipada no procedimento comum ordinário? Cabe. Aliás, a tutela antecipada veio para solucionar um problema verificado no procedimento ordinário. 
	Cabe tutela antecipada no procedimento sumário? Cabe. Cabe, inclusive, nos Juizados Especiais. 
	Cabe tutela antecipada em procedimento especial? Depende do procedimento especial. Por exemplo, mandato de segurança tem procedimento especial, cabe aplicar o artigo 273 do CPC no mandato de segurança? Não. Por quê? Porque dentro do procedimento do mandato de segurança existe a previsão de concessão de liminar. 
	Vamos falar de dois procedimentos especiais, especificamente: ação rescisória e ações possessórias. 
	Cabe tutela antecipada numa ação rescisória? Durante muito tempo isso foi objeto de discussão, hoje nem tanto. Qual era a discussão anterior? Se eu tenho uma ação rescisória, eu tenho o que antes? Eu tenho uma sentença de mérito transitada em julgado, portanto uma cognição exauriente. Ajuizada a ação rescisória no Tribunal, a tutela antecipada que se quer que o Relator conceda é uma tutela antecipada baseada numa cognição sumária. Eu posso com base na cognição sumária do Relator tornar em efeito tudo que aconteceu antes no processo? Esse era o óbice que se colocava. O artigo 489 do CPC, que teve sua redação modificada em fevereiro de 2006, dispõe: 
‘Art. 489. A ação rescisória não suspende a execução da sentença rescindenda.
Art. 489. O ajuizamento da ação rescisória não impede o cumprimento da sentença ou acórdão rescindendo, ressalvada a concessão, caso imprescindíveis e sob os pressupostos previstos em lei, de medidas de natureza cautelar ou antecipatória de tutela. (Redação dada pela Lei nº 11.280, de 2006)”
	O que a redação anterior do artigo 489 do CPC queria dizer é que a simples propositura de uma ação rescisória não suspende a execução da sentença rescindenda, não faz com que a decisão anterior pare de produzir efeitos. Mas o artigo 489 do CPC não impedia a concessão de uma tutela antecipada. Existem alguns casos de ação rescisória que não e analisará de novo o mérito do processo anterior, por exemplo, inciso I do artigo 485 do CPC (prevaricação, corrupção do Juiz). Já se admitia antes a concessão de tutela antecipada em uma ação rescisória. Hoje já não existe mais dúvida porque no artigo 489, que foi reformulado, isso é expressamente contemplado. A discussão que havia antes deixa de ser relevante. 
	E as ações possessórias? Cabe tutela antecipada em ação possessória? As ações possessórias também têm um instrumento próprio, também tem liminar. A liminar das possessórias tem previsão no artigo 928 do CPC: 
“Art. 928. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração; no caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada.
Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais.”
	Só que o artigo 924 do CPC ele condiciona a concessão dessa liminar. Não é sempre que haverá a concessão dessa liminar nas possessórias: 
“Art. 924. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da seção seguinte, quando intentado dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho; passado esse prazo, será ordinário, não perdendo, contudo, o caráter possessório.”
	A liminar encontra-se na seção seguinte que dispõe o artigo 924 do CPC. 
	Se a ação possessória é proposta antes de 1 ano e dia da turbação ou do esbulho, seguirá o procedimento especial e será possível a concessão da liminar prevista no artigo 928 do CPC. 
	Mas se a ação possessória for ajuizada depois desse prazo de ano e dia (que não é um prazo prescricional para ajuizar a possessória, é apenas definidor do procedimento a ser utilizado) o procedimento será o ordinário e não o especial. A ação continua sendo possessória só que o procedimento é o ordinário. 
	Cabe tutela antecipada numa ação possessória? Se a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou esbulho, não, pois essa ação seguirá procedimento especial onde está previsto a possibilidade de concessão de liminar. No entanto, se a ação for proposta depois de ano e dia da turbação ou esbulho, esta ação seguirá o procedimento ordinário onde é cabível a tutela antecipada. 
	OBS: Alguns autores entendem que quando a lei fixa prazo de ano e dia para o ajuizamento da ação possessória e neste caso será cabível a liminar ele por outro lado criando uma “penalidade” para o autor “bisonho”. Que “penalidade” é essa? Se o sujeito sofre esbulho ou turbação em sua posse e não faz nada dentro de ano e dia é porque não está nada preocupado com sua posse. Se ele não está preocupado com sua posse ele não precisa de liminar nenhuma, pode muito bem esperar a sentença. 
	Aí, outros autores dizem que a utilização do procedimento ordinário possibilita a concessão de tutela antecipada, com isso o possuidor mesmo “bisonho”, terá com a tutela antecipada a posse de volta. Esse entendimento acaba com a idéia do legislador, com a penalidade para o possuidor “bisonho”, faz com que o prazo de ano e dia sirva tão somente para modificar o procedimento e mudar a liminar para antecipação de tutela. 
	Diferença entre tutela antecipada e medida cautelar 
	Existem 03 (três) diferenças, duas mais teóricas e uma, digamos que é a principal:
 
	1) O primeiro critério para distinguir uma da outra está relacionado ao principal fundamento da tutela antecipada e ao principal fundamento da medida cautelar. 
	Quando falamos dos requisitos para a concessão da tutela antecipada, vimos que no inciso I do artigo 273 era necessário o fumus boni iuris e o periculum in mora e no inciso II do artigo 273 era necessário o fumus boni iuris e a defesa protelatória. Qual é o principal fundamento para a concessão de uma tutela antecipada? É o fumus boni iuris, é o direito que se apresenta de forma evidente. Não basta o fumus boni iuris, mas ele é o principal requisito. 
	Por outro lado, qual é o principal fundamento para a concessão de uma medida cautelar? É o periculum in mora. É a situação de urgência. Não basta o periculum in mora, mas ele é o principal requisito. 
	2) O segundo critério de distinção está relacionado ao objeto, ao que se pretende tutelar com uma e com outra medida. 
	Para que serve, qual é a finalidade de uma medida cautelar? O processo é o instrumento da jurisdição, é o meio pelo qual o Estado se vale para prestar a jurisdição. Qual é a função do processo cautelar nessa história? O processo cautelar sustenta os outros, ele permite que os outros dois tipos de processo atuem, permite que as decisões de um processo de conhecimento ou de um processo de execução tenham como produzir efeitos. O processo cautelar, portanto, ele é instrumento dos outros dois tipos de processo. Quando eu concedo uma medida cautelar eu quero que a decisão que vais ser proferida tenha como produzir efeitos, portanto estou tutelando aquela decisão, aquele processo, estou tutelando a prestação jurisdicional para que ela seja eficaz, para que ela possa produzir efeitos. Então, o objeto é a tutela do processo, da prestação jurisdicional. 
E na tutela antecipada eu estou tutelando o que? O que eu entrego ao autor na tutela antecipada? Eututelo o próprio direito material. Com a tutela antecipada eu já concedo ao Autor o que ele quer, claro que provisoriamente, mas já concedo o que ele quer. Então, na tutela antecipada existe uma identidade entre o provimento antecipado e o provimento final. A tutela antecipada é uma decisão de natureza satisfativa. 
OBS: Muita gente tem implicância com a expressão satisfatividade, mais por burrice do que por técnica. Eles dizem que a decisão não pode ser satisfativa porque senão o processo não tem que ir adiante, senão esgotariam o objeto do processo. 
	“Nada a ver”. Na tutela antecipada nós temos uma satisfatividade. Uma satisfatividade provisória, claro. O processo tem que ir adiante para que essa decisão seja confirmada mais adiante na sentença. 
	Essa satisfatividade existe numa medida cautelar? Não. Quando o Juiz concede a medida cautelar ele não está reconhecendo o pedido do Autor, não está antecipando o pedido do Autor, está apenas resguardando que no momento em que for proferida a sentença, a mesma possa ter efetividade. 
	Não importa o nome que se dê a decisão, quanto à natureza ou ela é satisfativa ou ela é cautelar. Se der ao Autor o que ele quer é satisfativa, independentemente do nome que tenha. Se apenas resguardar determinada situação, é medida cautelar. 
	Atenção!!!! Liminar não é natureza de nada! A decisão não tem natureza liminar. A natureza ou é satisfativa ou é cautelar. 
	3) A reforma de 1994 inventou, criou a tutela antecipada? Não. Já havia a tutela antecipada nas ações possessórias, na ação de alimentos (alimentos provisórios), no mandato de segurança, em ação civil pública, em ação popular, em ADIn. 
	Logo, a reforma de 1994 não criou a tutela antecipada nada, a tutela antecipada já existia em todas essas situações. 
	Então, que grande inovação, que grandes vantagens foram trazidas pela reforma de 1994? Aquilo que só acontecia em determinadas ações, em alguns procedimentos específicos foi ampliado. O que era específico se transformou em genérico.
	Não houve a criação da tutela antecipada, mas a generalização da possibilidade de concessão. 
	Desde 1994, então, presentes os requisitos, em qualquer ação é possível a concessão de tutela antecipada.

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