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109 CO N H EC IM EN TO S ES PE CÍ FI CO S ‐ T ÉC N IC O E M E N FE RM AG EM a) Hipertensão arterial: a hipertensão arterial, tam‐ bém conhecida como pressão alta, é uma doença crônica que se manifesta pela elevação da pressão arterial. Quando não controlada, pode afetar di‐ versos órgãos e gerar graves complicações, como acidente vascular cerebral (AVC), infarto e morte. Geralmente de origem genética (maior parte dos casos), o aumento da pressão arterial também pode estar relacionado: a distúrbios da tireoide ou em glândulas endocrinológicas; ao consumo de bebidas alcoólicas; a obesidade; a idade avançada (a hipertensão acomete principalmente indivíduos com mais de 50 anos); ao consumo elevado de sal; e ao sedentarismo. FIQUE ATENTO! Uma pessoa é considerada hipertensa quan‐ do apresenta pressão arterial igual ou maior que 140/90 mmHg (14 por 9). b) Diabetes mellitus: o diabetes mellitus consiste em um grupo de doenças metabólicas resultantes da falta ou do mau funcionamento da insulina no organismo. A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas que permite a entrada da glicose (carboidrato obtido a partir da ingestão dos ali‐ mentos) nas células. Dentro das células, a glicose passa por uma série de processos metabólicos que geram a energia necessária para a manuten‐ ção de todas as funções vitais do corpo. Quando o organismo não produz a insulina ou não con‐ segue utilizá‐la, ocorre o aumento da quantidade de glicose no sangue, causando o que chamamos de hiperglicemia. Caso os níveis de glicose no san‐ gue não voltem ao normal, os órgãos e vasos san‐ guíneos são comprometidos, resultando em uma série de problemas de saúde, como insuficiência renal, cegueira, amputação de membros inferio‐ res, doenças cardiovasculares e até a morte. Assim como acontece na hipertensão arterial, o desen‐ volvimento do diabetes também está associado a presença de fatores de risco, dentre os quais estão: a obesidade; o histórico familiar da doença; o se‐ dentarismo; a hipertensão arterial; e o colesterol/ triglicerídeos elevados. Dependendo das características que apresenta, o dia‐ betes pode ser classificado em três tipos: diabetes tipo 1, diabetes tipo 2 e diabetes gestacional. a) Diabetes tipo 1: representa de 5 a 10% dos casos da doença. Nele, acontece a destruição das células beta do pâncreas e, consequentemente, a insulina não é produzida no organismo. Pode afetar crian‐ ças, adolescentes e adultos sem excesso de peso, se manifestando por sintomas como vontade de urinar várias vezes ao dia, fome e sede constan‐ tes, perda de peso, fraqueza, cansaço, nervosismo, alterações de humor, náuseas e vômito. Após ser diagnosticado, o diabetes tipo 1 é tratado com a administração de insulina, aliada a fatores como planejamento alimentar e prática de atividades fí‐ sicas, que ajudam a controlar a quantidade de gli‐ cose no sangue no paciente. b) Diabetes tipo 2: representa cerca de 90% dos ca‐ sos da doença. Esse tipo pode acontecer quando o organismo produz a insulina, porém não consegue usá‐la de forma adequada ou quando o organis‐ mo não produz quantidade suficiente de insulina para controlar as taxas de glicose. O diabetes tipo 2 se manifesta com maior frequência em adultos com excesso de peso, mas também pode aparecer em crianças. Normalmente de início assintomático (sem sintomas), a doença pode se manifestar por sinais e sintomas como infecções frequentes, re‐ tardo na cicatrização de feridas, alterações visuais, formigamento nos pés, vontade de urinar várias vezes no dia e fome/sede constantes. O tratamen‐ to do diabetes tipo 2 consiste em controlar as ta‐ xas de glicose no sangue e evitar o surgimento de possíveis complicações da doença. Para isso, é in‐ dicado praticar exercícios físicos, planejar a alimen‐ tação, monitorar a glicemia entre outros. c) Diabetes gestacional: ocorre durante a gestação quando o pâncreas da mulher grávida não produz insulina em quantidade suficiente para manter os níveis de glicemia estáveis. Nem sempre a doen‐ ça apresenta sintomas. Assim, é importante que, a partir do 6º mês de gestação, a mulher realize exames para verificar sua glicemia (nível de glicose no sangue). Na maior parte das vezes, o controle do diabetes gestacional é realizado com a adoção de uma dieta adequada, com a quantidade ideal de nutrientes calculada para cada período da ges‐ tação. Outra medida eficaz é a prática de atividade física, feita somente após uma minuciosa avaliação médica dos riscos (por exemplo, parto prematuro) e contraindicações para cada caso. O uso de in‐ sulina é indicado apenas para os casos em que a glicemia da gestante não é totalmente controlada com dieta e atividade física. Tanto a hipertensão quanto o diabetes pode ser pre‐ venido com a adoção de medidas simples, como: adotar hábitos alimentares saudáveis; reduzir ou cessar o con‐ sumo de bebidas alcoólicas; e praticar atividades físicas regularmente. As estratégias utilizadas pelo Ministério da Saúde para controlar a hipertensão e o diabetes no país são desenvolvidas, respectivamente, por meio do Programa Nacional de Controle da Hipertensão Arterial e do Pro‐ grama Nacional de Controle do Diabetes. Dentre as atividades realizadas nas unidades básicas de saúde (UBS) para controle das doenças crônicas, es‐ tão: a educação em saúde; a aferição da pressão arterial em pessoas com idade igual ou maior que 20 anos; e a verificação da glicemia (nível de glicose no sangue) em indivíduos com idade igual ou maior que 30 anos. Programa de atenção à saúde da mulher No Brasil, a atenção à saúde da mulher está organiza‐ da no Programa de Assistência Integral à Saúde da Mu‐ lher (PAISM). 110 CO N H EC IM EN TO S ES PE CÍ FI CO S - T ÉC N IC O E M E N FE RM AG EM Visando melhorar as condições da mulher e diminuir as taxas de morbidade e mortalidade maternas, esse programa prevê a assistência à mulher nas várias fases de sua vida (desde a adolescência até a menopausa), in‐ cluindo: a) Assistência clínico-ginecológica: destinado, prin‐ cipalmente, para a prevenção do câncer de mama e do câncer do colo de útero, dois graves proble‐ mas de saúde pública que causam a morte de um número significativo de mulheres na fase adulta. b) Planejamento familiar: garante a todas as mu‐ lheres, o acesso igualitário à informações, meios, métodos e técnicas para controle da fecundidade (ciclo reprodutivo), incluindo a esterilização volun‐ tária para homens e mulheres. c) Assistência ao ciclo gravídico-puerperal: acom‐ panha a mulher nas fases de pré‐natal e parto, visando reduzir as complicações durante a gesta‐ ção que podem provocar a morte da mãe e/ou do bebê. Também garante assistência no puerpério, auxiliando a mulher em relação ao aleitamento materno, ao planejamento familiar e ao retorno à vida sexual após o parto. d) Assistência à mulher no climatério: visa garan‐ tir maior qualidade de vida à mulheres diante das transformações que ocorrem no climatério (queda hormonal, ressecamento da mucosa vaginal, de‐ pressão e maior risco de DST/Aids - muitas mu‐ lheres no climatério deixam de usar preservativo por não se preocuparem mais com uma possível gravidez). e) Assistência à mulher vítima de violência sexual: atende mulheres vítimas de violência sexual, ga‐ rantindo atendimento psicológico, prevenção de DST/Aids, contracepção de emergência, alívio de dor, tratamento das lesões, a realização de exames laboratoriais e exame de corpo delito. FIQUE ATENTO! A lei brasileira permite que mulheres víti‐ mas de violência sexual interrompa uma gravidez indesejada, com até 20 semanas de gestação. Caso a mulher decida pros‐ seguir com a gestação, mas não queira assumir a maternidade da criança, ela ser orientada sobre o processo de adoção. Programa de atenção à saúde da criança Com o objetivo de reduzir a mortalidade infantil por doenças (infecciosas ou respiratórias) e/ou distúrbios nu‐ tricionais, foi criado o Programade Assistência Integral à Saúde da Criança (PAISC). Esse programa tem como focos de atenção: o cres‐ cimento e desenvolvimento da criança, o aleitamento materno, a orientação nutricional, a assistência às doen‐ ças diarreicas e infecções respiratórias agudas (IRAs) e imunização. Para acompanhar as questões relacionadas à saúde da criança, os profissionais da equipe de saúde contam com a Caderneta de Saúde da Criança, um documento composto por: a) Dados de identificação e do nascimento: inclui nome completo, endereço e informações relativas ao nascimento da criança. b) Gráficos de crescimento: mostram por meio de curvas, se o estado nutricional da criança (peso, al‐ tura e Índice de Massa Corporal - IMC) estão com‐ patíveis com os apresentados por outras pessoas com a mesma idade. c) Atividades: permite avaliar e acompanhar o desen‐ volvimento da criança de acordo com as atividades que ela é capaz de realizar em diferentes idades. d) Vacinas da criança: permite que o profissional da saúde verifique a situação da criança em relação ao calendário vacinal. A vacinação constitui uma das estratégias mais importantes para reduzir o núme‐ ro de casos e mortes por doenças infecciosas. Programa de atenção à saúde do adolescente A adolescência é a fase de transição entre a infância e a vida adulta que ocorre dos 12 até os 18 anos de idade. Durante ela, o adolescente passa por diversas alterações físicas, metais e sociais. Nessa fase da vida, a promoção da saúde e a pre‐ venção de agravos deve ser desenvolvida pela equipe de saúde em articulação com escolas, grupos de jovens, grupos de capoeira etc. Para auxiliar nesse processo, foi criado o Programa de Atenção à Saúde do Adolescente, que tem como objeti‐ vos: promover a saúde na adolescência, realizar o diag‐ nóstico precoce e o tratamento de doenças e recuperar a saúde do adolescente. Por meio desse programa, o Ministério da Saúde (através do SUS) visa solucionar os principais problemas identificados na adolescência, dentre os quais estão a(s): a) Violência (sexual, doméstica, homicídios e uso de drogas): pode ser solucionada com a vigilância contínua, a realização de ações educativas/infor‐ mativas para os jovens, as famílias e a sociedade. b) Mortes por causas externas (acidentes de trân- sito, principalmente): pode ser solucionada por ações integradas com a educação e serviços de trânsito. c) Gravidez não planejada e o risco de DST/Aids: podem ser solucionados com ações educativas, orientação sexual e acesso facilitado e contínuo aos métodos contraceptivos, incentivando a dupla proteção. d) Baixa escolaridade e inserção precoce no mer- cado de trabalho: podem ser solucionados com inclusão na escola, capacitação profissional e edu‐ cação em saúde. FIQUE ATENTO! Os casos de violência, as mortes por causas externas, a gravidez não planejada, a ocor‐ rência de DST/Aids, a baixa escolaridade e a inserção precoce no mercado de trabalho durante a adolescência são, muitas vezes, re‐ sultantes da falta de informação e do uso de bebidas alcoólicas e/ou drogas. 111 CO N H EC IM EN TO S ES PE CÍ FI CO S ‐ T ÉC N IC O E M E N FE RM AG EM Programa de atenção à saúde do idoso Para que, apesar das progressivas limitações, os ido‐ sos possam continuar vivendo ativamente na sociedade com qualidade de vida, dignidade e autonomia, foi cria‐ do pelo Ministério da Saúde, o Programa de Atenção In‐ tegral à Saúde do Idoso (PAISI). Esse programa possui como objetivos: promover a saúde do idoso, prevenir agravos e garantir assistência à pessoas com mais de 60 anos. a) Atividades relacionadas à promoção da saúde: devem ser voltadas para a divulgação de informa‐ ções sobre o processo de envelhecimento e que estimulem a adoção de hábitos saudáveis (alimen‐ tação equilibrada e prática de atividades físicas/de lazer). b) Prevenção de agravos: deve orientar idosos, fa‐ miliares e cuidadores sobre a prevenção de doen‐ ças crônicas (hipertensão arterial e diabetes), DST e doenças infecciosas (podem ser evitadas com a vacinação) na terceira idade. c) Assistência aos idosos: visa acompanhar a saúde do idoso, atendendo suas necessidades; identificar as situações de risco para pessoas idosas, orien‐ tando familiares/cuidadores sobre as modifica‐ ções necessárias para evitar acidentes (retirada de tapetes, uso de iluminação adequada, sinalização de degraus, etc.); e avaliar condutas terapêuticas prescritas para melhorar as condições de saúde do idoso, estimulando sempre que possível o autocui‐ dado. Uma das estratégias usadas pelo Ministério da Saúde para identificar os idosos com risco de doenças ou agra‐ vos à saúde é a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, cujo preenchimento correto permite que as equipes de saúde realizem ações de prevenção, recuperação e rea‐ bilitação. Programa de atenção à saúde bucal Cuidar da saúde bucal é essencial para melhorar a situação atual e prevenir problemas futuros. Por isso, é recomendado: a) higienizar a boca e os dentes corretamente; b) visitar regularmente o dentista, fazendo os trata‐ mentos indicados quando necessário; c) adotar hábitos alimentares mais saudáveis, redu‐ zindo o consumo de açúcar; d) evitar o uso de tabaco/derivados/bebidas alcoóli‐ cas e outras drogas; e) procurar rapidamente o serviço de saúde bucal sempre que houver cáries, dentes quebrados, pro‐ blemas com a dentadura, feridas na cavidade bu‐ cal, entre outros. Para facilitar o acesso de toda a população aos servi‐ ços de saúde bucal, as equipes da Atenção Básica contam com profissionais, como: cirurgião-dentista, técnico em saúde bucal (TSB) e auxiliar em saúde bucal (ASB). Na equipe de saúde, cada profissional desempenha uma função. a) Cirurgião‐dentista: desenvolve atividades relacio‐ nadas a saúde bucal. É responsável por definir, jun‐ tamente com o técnico em saúde bucal, o perfil epidemiológico da população sob responsabilida‐ de da UBS, buscando planejar uma programação que ofereça atenção individual e coletiva direcio‐ nadas para promoção da saúde bucal e para a pre‐ venção de doenças. Sempre que necessário, reali‐ za atendimento de urgência, pequenas cirurgias e procedimentos relacionados com a colocação de próteses dentárias. É responsável pela supervisão do técnico e do auxiliar em saúde bucal. Também deve participar ativamente, junto dos demais pro‐ fissionais da equipe, do processo de gerenciamen‐ to dos insumos essenciais para o funcionamento da UBS. b) Técnico em Saúde Bucal (TSB): sob a supervisão do cirurgião-dentista, esse profissional é respon‐ sável pelo acolhimento do paciente na unidade de saúde e pela manutenção e conservação dos equipamentos utilizados na prestação de serviços odontológicos. Também estão entre suas funções, fazer a remoção do biofilme, realizar a limpeza e a antissepsia do campo operatório (antes e após os procedimentos cirúrgicos) e observar as medidas de biossegurança de produtos e resíduos odonto‐ lógicos. O técnico em saúde bucal deve integrar ações de saúde de maneira multidisciplinar e ga‐ rantir apoio e educação permanente ao auxiliar em saúde bucal, ao ACS e a outros agentes envolvidos com a promoção da saúde e a prevenção de doen‐ ças. c) Auxiliar em Saúde Bucal (ASB): é responsável por desempenhar procedimentos regulamentados no exercício de sua profissão. Dentre esses procedi‐ mentos estão fazer a limpeza, assepsia, desinfec‐ ção e esterilização dos instrumentos odontológi‐ cos, dos equipamentos e do ambiente de trabalho, processar filmes radiográficos, selecionar moldei‐ ras e preparar modelos em gesso, além de todas as outras atividades desenvolvidas pelo TSB. O sistema imunológico tem como função reconhe‐ cer agentes agressores e defender o organismo da sua ação, sendo constituído por órgãos, células e moléculas que asseguram essa proteção. Entre as células do sistema imunológico, encontra‐ mos os glóbulos brancos, ou leucócitos. Existem vários tipos de glóbulos brancos, com fun‐ çõesimunológicas específicas e diferenciadas, nomeada‐ mente: os linfócitos, os neutrófilos polimorfonucleares, os eosinófilos, os basófilos e os monócitos. Por sua vez, os linfócitos podem ser de dois tipos: lin‐ fócitos T e linfócitos B. Os linfócitos B diferenciam‐se em plasmócitos, em resposta a elementos estranhos (os antígenos) e estes sintetizam anticorpos para combater os elementos inva‐ sores. Este tipo de resposta imunológica designa‐se por Imunidade Humoral.