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Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Unidade 1 Por que avaliar? Aula 1 Por que avaliar? Introdução da aula Olá, estudante, seja muito bem-vindo! O processo de educação sustenta-se em um processo dialético que envolve o ensinar e o aprender em mútua interação. Após realizar o processo de ensino, como saber se os educandos estão, de fato, aprendendo? É preciso que eles consigam evidenciar as transformações que a aprendizagem trouxe em termos de produção de conhecimento, do desenvolvimento de habilidades e da mudança de atitude. Neste sentido, a avaliação é um processo intencional, organizado pelos professores, que permitem que o aluno possa demonstrar aquilo que aprendeu. Nesta aula, você estudará sobre a evolução do processo de aprendizagem, sobre o signi�cado da avaliação global e da avaliação integral e sobre as diferenças entre avaliação diagnóstica e Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM avaliação formativa. Bons estudos! Um pouco de história: a evolução do processo de avaliação Olá, estudante! Vamos revisitar nossas memórias em relação ao processo de avaliação? Convido você a fazer uma revisão dos seus primeiros anos escolares. Era comum realizar uma prova sem consulta no modelo de teste? Como você se sentia em relação a isso? Era um momento em que você realmente conseguia demonstrar o que tinha aprendido ou era um momento de tensão? Alguma vez você precisou decorar respostas ou chegou a esquecer alguma coisa simples em uma prova? Os modelos de avaliação mais antigos possuíam características mais coercitivas, em que o educando, mesmo criança, precisava demonstrar seus conhecimentos em algumas questões que o professor escolhia a seu critério, ou seja, nem sempre o professor escolhia os temas principais. Ele podia muito bem fazer uma prova simples ou complexa, dependendo exclusivamente da sua maneira de entender o processo. Neste sentido, a avaliação estava muito mais relacionada ao professor e menos relacionada ao processo de ensino e aprendizagem, pois o docente que reprovava seus alunos era entendido como o mais sério e mais competente. Era o professor temido. Atualmente, os estudos sobre avaliação trazem uma conotação totalmente diferente, em termos de avaliar a aprendizagem de forma coletiva e individual, em um tempo maior e empregando diversos instrumentos ao longo de um processo amplo e complexo. Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Avaliação era sinônimo de exame, pois a ideia de medida gerava consequências como aprovação ou reprovação e a integração ou exclusão no tocante à sociedade (…). Nesse contexto entende-se que os erros dos alunos não evidenciavam nada mais do que a sua defasagem na aprendizagem, sendo de sua responsabilidade promover as correções necessárias à sua efetividade, visto que, neste modelo, a aprendizagem é concebida pelo aluno como objeto transmitido pelo professor. Esse tipo de avaliação atende a uma demanda que não se preocupa com o desenvolvimento do processo que é a aprendizagem, além de responsabilizar somente a �gura do aluno pelo seu desempenho. (FREIRE; CARVALHO; RIBEIRO, 2013, p. 29-30) Este tipo de avaliação, o exame métrico, embora ainda seja uma forma de avaliação, foi e é alvo de críticas porque é �nita em si mesma, não trazendo elementos importantes para compreender o porquê houve ou não a aprendizagem. Um aluno com facilidade para decorar informações tende a ser tão bem ou melhor sucedido quanto aquele que desenvolveu outros desdobramentos sobre o conhecimento estudado. Assim, percebe-se que o modelo mais tradicional de avaliação (prova sem consulta, modelo de teste, repetição dos conteúdos tratados) não permite que o professor consiga identi�car a real aprendizagem, a aquisição de conhecimentos e o desenvolvimento das competências, habilidades e atitudes dos educandos. O processo de avaliação tem, basicamente, três funções: 1. Estimular que o educando organize seu conhecimento de forma clara e objetiva, re�etindo sobre suas aprendizagens e seus desdobramentos, aprimorando suas competências, habilidades e atitudes, demonstrando a �nalização de um ciclo de aprendizagem. 2. Evidenciar ao professor os aspectos que precisam ser retomados, melhorados e aprofundados (replanejamento), bem como se seu plano de ensino foi e�caz. 3. Sinalizar os desdobramentos que precisam ser implementados: revisão e aprofundamento, avanço do processo de ensino e aprendizagem e compreensão cada vez melhor das potencialidades dos educandos. Atualmente, a avaliação é entendida como um processo global e integral e é o que estudaremos no próximo bloco. Avaliação global e integral Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Você já deve ter percebido que as questões sobre avaliação da aprendizagem são profundas e complexas. Para compreender melhor o processo de avaliação de aprendizagem, é preciso entender como a educação escolar se organiza a partir da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL, 2018), um documento normativo que apresenta o conjunto de aprendizagens a serem desenvolvidas na educação básica em todo o território nacional, a partir de dez competências essenciais voltadas à articulação entre a construção dos conhecimentos e o desenvolvimento de habilidades e atitudes e valores. A BNCC propõe o compromisso com a educação integral: Reconhece, assim, que a Educação Básica deve visar à formação e ao desenvolvimento humano global, o que implica compreender a complexidade e a não linearidade desse desenvolvimento, rompendo com visões reducionistas que privilegiam ou a dimensão intelectual (cognitiva) ou a dimensão afetiva. Signi�ca, ainda, assumir uma visão plural, singular e integral da criança, do adolescente, do jovem e do adulto – considerando-os como sujeitos de aprendizagem – e promover uma educação voltada ao seu acolhimento, reconhecimento e desenvolvimento pleno, nas suas singularidades e diversidades. (BRASIL, 2018, p. 14) Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Se a educação é realizada de forma integral, não linear, compreendendo a complexidade do processo, envolvendo tanto a dimensão cognitiva quanto a afetiva e visando ao desenvolvimento das competências propostas, o processo de avaliação também precisa ser global e integral. Uma avaliação global e integral do educando é aquela que consiste em analisar as diversas dimensões da aprendizagem, por exemplo: o avanço cognitivo em relação a um conhecimento, o emprego deste conhecimento em situações práticas, a capacidade de o educando estabelecer relações deste conhecimento com outros que ele já possui e com aqueles que ainda não estão sedimentados e, acima disso, desenvolver consciência crítica sobre aquilo que está aprendendo, o desenvolvimento socioemocional (que abarca o desenvolvimento das próprias emoções e das relações inter e intrapessoais), a proatividade, a coautoria no processo educativo, o empenho e a dedicação aos estudos (envolvimento), o respeito para consigo e para com os outros etc. Assim, o processo de avaliação global e integral precisa compreender mais do que simples perguntas e testes sobre determinado assunto. A avaliação é realizada o tempo todo, de forma intencional e ampla, considerando todas as possibilidades nas quais o educando pode se desenvolver. Vamos a um exemplo? Na aula de Geogra�a, o professor propôs o estudo do ciclo da água na natureza, explicando que a água de rios, mares e lagoas evapora; depois, é condensada nas altas altitudes e cai em forma de chuva, retornando ao estado líquido. Imediatamente, os alunos comentaram que anda chovendo muito e que há o perigo de enchente nas ruas mais próximas ao rio. Alguns já se pronti�caram a ajudar os colegas que podem vir a sofrer com a enchente, oferecendo suas casas. Outros alunos chamaram a atenção para a necessidade de não jogar lixo no rio, para não entupir os canais de escoamento em caso de chuva forte. Frente a esta situação, os alunos consolidaram várias informações, associando o ciclo da águae produtividade da educação (PARO, 1998) e ajudam a reorganizar os modos de trabalhar o conhecimento, interferindo, muitas vezes, nas práticas escolares. Mas, seriam esse o sentido (ranquear) da avaliação? O sentido da avaliação, como processo inerente à aprendizagem, tem se destacado no cenário das pesquisas de educação nos últimos anos, potencializando esse instrumento como um aliado tanto para reconhecer os avanços de aprendizagem dos estudantes como para auxiliar no planejamento do trabalho docente. Unido a essa argumentação, a avaliação em processo considera a individualidade e a complexidade das experiências de aprendizagem de cada estudante (ESTEBAN, 2002). Retomando a história da avaliação no Brasil, pelas correntes pedagógicas, partimos de uma concepção tecnicista, no início do século XX, quando a avaliação estava relacionada à aplicação de provas escritas e orais. Nessa vertente, a memorização tornava-se norteadora da compreensão da aprendizagem, mas não garantia a aprendizagem signi�cativa do conteúdo. A Escola Nova trouxe um outro modo de conceber a avaliação e seus instrumentos, dando ênfase ao processo autônomo do estudante. Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Dada essa contradição, a prova escrita ainda é vista como diretiva e restritiva, porém a sua utilização pode receber um outro sentido a depender do modo como o docente compreende esse instrumento (não como o principal, mas como uma ação possível e contextualizada). Tomando a avaliação como processo, a prova escrita pode ser assumida como uma etapa a ser considerada, mas não a única ou determinante do progresso de aprendizagem dos estudantes. Um fator muito importante é o docente saber quais instrumentos avaliativos podem auxiliar no planejamento do ensino e da organização das atividades a serem oferecidas aos estudantes, e para isso pode se questionar: o que você deseja que eles aprendam? Como saber se os estudantes se apropriaram do conteúdo trabalhado em aula? Como saber se há avanços? Cada indagação direciona para o que o docente deseja alcançar ou conhecer com a avaliação. Se for saber o quanto os estudantes entenderam o conteúdo, a elaboração de um texto ou uma situação problema pode ser interessante. Se quer saber o quanto entenderam um conceito, uma avaliação discursiva pode ajudar. Nesse sentido, o conceito de avaliar é ampliado, não sendo assumido mais com o sentido restritivo ou determinista dos que sabem e dos que não sabem o conteúdo. Avaliar se torna mais uma etapa que ajuda a potencializar aquilo que os alunos podem aprender. A avaliação e os objetivos de aprendizagem Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL, 2018) é o documento que norteia o ensino básico no Brasil atualmente. Ela traz uma questão muito importante para pensarmos na atuação do professor, seja em seu planejamento ou no modo como problematiza o conhecimento apropriado pelos estudantes: a garantia de que os objetivos de aprendizagem e o desenvolvimento sejam alcançados para cada área temática sugerida. Mas, como essa relação se torna possível? Alinhar o planejamento e a avaliação daquilo que as normas e diretrizes educacionais indicam para cada fase escolar é um caminho pertinente e fecundo. Então, de que modo podemos organizar a avaliação para que esse �m seja alcançado? Primeiro, torna-se importante o professor se reconhecer em uma prática pedagógica, ou seja, saber a epistemologia do desenvolvimento e ensino na qual se a�lia. O modo de olhar para o desenvolvimento psicológico e a aprendizagem direcionará um modo de mediar o processo de aprendizagem e avaliação. Se entendo que a aprendizagem mobiliza o desenvolvimento (VYGOTSKY, 1991), a intervenção será de um modo; se compreendo que seja o inverso (o desenvolvimento ocorre sem relação com a aprendizagem), a intervenção será de outro modo. Lembrando que as escolhas de atividade pedagógicas e os modos de avaliar o conteúdo trabalhado precisam estar em sintonia, ou seja, a escolha do instrumento avaliativo deve estar de acordo com o que você deseja que seu estudante se aproprie. A BNCC indica “conceber e pôr em prática situações e procedimentos para motivar e engajar os alunos nas aprendizagens” (BRASIL, 2018, p. 17). Uma forma de escolher o modo de avaliar a turma é elaborar previamente um roteiro de observação, re�exão e análise. A imagem a seguir traz algumas questões que podem nortear sua elaboração. Figura 1 | Etapas para a elaboração de uma avaliação. Fonte: elaborada pela autora. Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM A elaboração desses instrumentos avaliativos levará em consideração as características da turma e quais tarefas, dentre as oferecidas, os estudantes se envolvem mais e quais se envolvem menos. En�m, essa postura revela que a avaliação padronizada, com questões repetidas ano após ano, para turmas diferentes, �ca aquém de uma aprendizagem signi�cativa, que leva em consideração os processos avaliativos. Muitos são os modos de promover uma avaliação continuada, que ajuda a tornar visível os avanços da aprendizagem dos estudantes. Destacamos alguns deles, como: elaboração textual após as aulas, confecção de portfólios, seminários, resolução de situações-problema, podendo ser em grupo ou individuais. Lembrando que todos eles podem ser articulados ao longo do processo de ensino e aprendizagem, sendo que cada um contribui de um modo para a realização da avaliação como um todo: Texto livre ou direcionado: esse instrumento pode ajudar o professor e o estudante a indagar sobre o que pode compreender do conteúdo, bem como os conceitos que precisam ser esclarecidos. Portfólio: pasta ou lugar em que reúnem as produções dos estudantes, de forma a deixar visível o processo de aprendizagem, os progressos e as indagações; podem ser compostos por fotos, re�exões, atividades direcionadas, entre outros elementos (VIEIRA, 2002). Seminários: estudo e apresentação de um determinado tema em grupo. Situações-problema: inserido na perspectiva das metodologias ativas de ensino e aprendizagem, esse recurso ajuda a inserir o estudante em um processo de elaboração, re�exão e análise diante de uma situação a ser resolvida (GUEDES-GRANZOTTI et al., 2015). Diante dessas propostas, cabem as seguintes indagações de Candau e Koff (2015, p. 335): “que educação queremos construir? Que sujeitos/atores desejamos ajudar a formar? Ou, em outras palavras, que prática escolar desejamos realizar a serviço de quem e do quê?”. Questões pertinentes quando nos ancoramos numa educação emancipadora. Prova e portfólio: relações possíveis? Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Nesse bloco, dialogaremos sobre tipos de avaliação continuada que podem ser elaboradas com vistas a melhorar o processo de ensino e aprendizagem dos estudantes. Pensaremos em dois tipos de instrumentos: a prova, que é controversa, mas tem seu potencial frente ao trabalho realizado na escola, e o portfólio, um instrumento que contribui para a autonomia do estudante, bem como para o seu processo de avaliação. Pensemos juntos na seguinte situação: você elaborou uma avaliação escrita sobre um conteúdo trabalhado nas últimas três aulas. Esse modo de avaliar foi explicitado no início do ano, como uma forma de compreender o processo de aprendizagem dos estudantes. Para essa prova, você elaborou questões de múltipla escolha e questões dissertativas, com graus de di�culdade diferentes, diante do que se pode observar do nível de aprendizagem de seus alunos, e não atribuiu, a priori, valores para as questões em caso de acerto. Os alunos �caram tensos no dia de aplicação, e a maior parte das respostas não atingiu o nível de conhecimento esperado. Você observa que a turma traz questões importantes para o diálogo em aula, tornando-se participativa e com um olhar re�exivo sobre os conhecimentos cientí�cos. Você é um professor que diversi�ca o modo de avaliar e, diante do resultado, como a prova poderiaser potencializada como instrumento avaliativo? Pensando nas indagações de Candau e Koff (2015) sobre que tipo de estudante queremos formar (para que e como) e na realização de práticas pedagógicas signi�cativas para os alunos, como você poderia ressigni�car o conceito de prova? Re�etindo sobre o processo avaliativo contínuo, a prova é mais um instrumento possível e que está em relação com outros que possam ser desenvolvidos, por isso o seu resultado não será o de�nidor da etapa de aprendizagem de seus alunos (CANDAU; KOFF, 2015). Então, partindo do Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM resultado dessa avaliação, você pode sugerir ao estudante que, em grupo ou individualmente, pesquise para elaborar respostas sobre as dúvidas que ainda permanecem e os conteúdos que ainda não foram apreendidos de modo signi�cativo. Tal processo pode compor um portfólio avaliativo, assim como incentivar a autoavaliação como meio para alcançar os objetivos do conhecimento do estudante na disciplina. Nesse sentido, a prova impulsiona um outro modo de compreender a avaliação, porque pode-se retomá-la e reorganizá-la. É importante destacar que o professor é um importante mediador nesse processo (VYGOTSKI, 1991), orientando ao mesmo tempo que direciona os saberes que podem ser potencializados. Um roteiro com as etapas a serem realizadas pode ser de grande ajuda para o estudante. Tendo como objetivo a elaboração de um portfólio físico, a partir da releitura da prova, sugerimos como exemplo as seguintes questões norteadoras: 1. Em quais questões as respostas não condizem com a esperada? 2. Quais conhecimentos poderiam ser aprofundados? 3. Quais materiais visuais poderiam compor o meu modo de explicar o estudo do tema? 4. Algum outro material complementar poderia me auxiliar nesse processo? Nessa perspectiva, o sentido da prova como avaliação é redimensionado para um instrumento que ajuda o professor e o estudante a compreenderem o que já sabem e quais conhecimentos podem aprofundar. Videoaula: Avaliação continuada e objetivo pedagógico da escola Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Caro estudante, nessa videoaula, trabalharemos a temática da avaliação em seu aspecto histórico, considerando as diferentes possibilidades de se avaliar e os impactos que elas causam no processo de ensino e aprendizagem, assim como a importância de elaborar instrumentos avaliativos que ajudem tanto o processo como os estudantes a compreenderem o que já sabem e as temáticas que podem ser aprofundadas de um conteúdo trabalhado em aula. Saiba mais Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Caro estudante, neste vídeo, você poderá conhecer duas pesquisas sobre a avaliação da aprendizagem pela perspectiva de duas turmas de alunos do ensino fundamental. Uma abordagem interessante para pensarmos sobre o tema e como esse processo impacta na formação de nossas crianças. https://eaulas.usp.br/portal/video?idItem=3129 Neste artigo, você poderá conhecer um relato de experiência no qual a avaliação formativa ocorre no ensino fundamental com tecnologias virtuais, tendo em vista o ensino remoto pós- pandemia. https://publicacoes.fcc.org.br/eae/article/view/8329 Neste texto, você poderá conhecer três instrumentos de avaliação escolar que estão em sintonia com a BNCC. https://educacao.imaginie.com.br/instrumentos-de-avaliacao-escolar/ Referências https://eaulas.usp.br/portal/video?idItem=3129 https://publicacoes.fcc.org.br/eae/article/view/8329 https://educacao.imaginie.com.br/instrumentos-de-avaliacao-escolar/ Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versao�nal_site.pdf. Acesso em: 12 jan. 2023. CANDAU, V. M. F.; KOFF, A. M. N. S. A didática hoje: reinventando caminhos. Educação & Realidade, v. 40, n. 2, p. 329-348, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.1590/2175-623646058. Acesso em: 13 dez. 2022. ESTEBAN, M. T. A avaliação no processo ensino/aprendizagem: os desa�os postos pelas múltiplas faces do cotidiano. Revista Brasileira de Educação, n. 19, p. 129-137, 2002. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1413-24782002000100011. Acesso em: 13 dez. 2022. GUEDES-GRANZOTTI, R. B. et al. Situação-problema como disparador do processo de ensino- aprendizagem em metodologias ativas de ensino. Revista CEFAC, v. 17, n. 6, p. 2081-2087, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1982-021620151768015. Acesso em: 13 dez. 2022. KRAEMER, M. E. P. Avaliação da aprendizagem como construção do saber. 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O tema dessa aula é justamente os modos de avaliação que podem ser realizados em sala de aula, que se sustentam pelo pressuposto de avaliação como processual: avaliação diagnóstica, formativa e somativa. A intenção do diálogo é que possamos identi�car as diferenças e os contextos que elas podem ser desenvolvidas, a intenção pedagógica com o uso de cada uma delas e como esses modos de olhar o processo avaliativo signi�cou mudanças substanciais no conceito de avaliação no ambiente escolar. Problematizando o conceito de avaliação Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Muitos são os conceitos e as formas de se avaliar o percurso de aprendizagem dos estudantes no ambiente escolar. Com isso, indagamo-nos: as formas de avaliar a aprendizagem atualmente são as mesmas utilizadas quando frequentamos a escola? O que mudou? Se constatarmos que são as mesmas, elas são adequadas para os sujeitos formados na ambiência cultural da atualidade? Ainda encontramos em metas e planejamentos de ensino a avaliação cujo intuito é medir ou mensurar o conhecimento do aluno, prática e concepção muito presente na história pedagógica brasileira. Nesse bloco, aprofundaremos sobre os outros modos de teorizar e realizar a avaliação, a qual, vinculada ao pressuposto da veri�cação da aprendizagem, passa a ser compreendida como processo. Os modos culturais de vivência, assim como as múltiplas relações sociais que constituem nossa sociedade, indicam as transformações ocorridas ao longo da história humana; produzimos sentidos sobre a realidade diferentemente da humanidade no séculopassado. O desenvolvimento cultural relaciona-se ao desenvolvimento psicológico, com isso os sentidos da aprendizagem e os modos de se aprender também se modi�cam. Quando o professor não problematiza as condições concretas de sua prática, que tangem às condições sociais de aprendizagem dos estudantes, ao conhecimento já adquirido e às novas tecnologias, tão presentes nas relações humanas atualmente, corre o risco de elaborar estratégias de ensino que não correspondem ou contribuem para uma aprendizagem signi�cativa (VYGOTSKI, 1991). A visão do estudante também como protagonista de sua aprendizagem traz contradições, tais Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM como considerar que ele sozinho daria conta de organizar o conteúdo, as estratégias e a avaliação dessa aprendizagem. Ser protagonista signi�ca dar voz ao estudante e, ao ser considerado nesse processo, a avaliação como único objetivo de mensurar o conhecimento deixa de ser signi�cativa no contexto escolar formado pela pluralidade de experiências que cada sujeito traz. Um exemplo de avaliação que contempla o protagonismo dos alunos e representa o conceito de avaliação como processo é a elaboração de projetos. Segundo Silva, Menezes e Fagundes (2017, p. 30), No trabalho com Projetos de Aprendizagem, os conteúdos formais e descontextualizados não são a prioridade, mas sim, proporcionar que os conteúdos sejam aprendidos de forma que possa dar continuidade à construção de conhecimento pelo próprio aluno. Ou seja, o que se pretende, é que o aluno desenvolva a capacidade de continuar aprendendo, buscar soluções para uma situação e a partir daí resolver situações ainda mais complexas. Esse modo de conduzir as tarefas que visam a um ensino signi�cativo se insere nas três formas de se avaliar que estão presentes no contexto escolar atualmente: a avaliação diagnóstica, a formativa e a somativa, que contribuem para realizar uma avaliação processual. A de�nição e os tipos relacionados a cada uma delas serão detalhados no próximo bloco. Enquanto isso, podemos indagar: considerando que a avaliação é parte integrante do trabalho pedagógico do professor e diante das transformações no modo como se teoriza e indaga a avaliação, como podemos elaborar estratégias que ajudem tanto o aluno em seu processo de aprendizagem como o professor em sua constituição docente? Professor re�exivo e tríade avaliativa: relações possíveis? Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM No bloco anterior, conversamos um pouco sobre os princípios que norteiam um processo avaliativo, destacando a importância de se considerar, na prática pedagógica, o per�l do estudante da turma, que traz experiências sociais e culturais diferentes das do professor, pois viveram em épocas históricas diferentes. Quando indagamos sobre a avaliação como processo, adentramos na possibilidade de elaboração de estratégias pertinentes a esse conceito. Isso não quer dizer que se trata de um percurso linear e sem limitações para o professor, considerando que, em sua história de formação, há sua história de vida e os impactos que a trajetória escolar lhe imputou. Melhor dizendo, um curso de licenciatura, de acordo com Pimenta (2008), não dá conta de rede�nir conceitos de avaliação e modos de ensinar que o licenciando vivenciou se não provocar mudanças no olhar e na concepção dessas experiências. A re�exão, conceito inicialmente apresentado por Jewey e reelaborado por Shön (2000), torna-se uma alternativa para essa problemática: ao indagar sobre o que viveu, coloca em perspectiva o que será vivenciado como estagiário/professor. Conversaremos um pouco sobre a tríade avaliativa, composta pela diagnóstica, formativa e somativa. Todas elas, aos serem planejadas como fases de um processo, ajudam o professor a observar o desenvolvimento da aprendizagem dos estudantes, assim como tornam fecundas as problematizações sobre a sua própria experiência docente. A avaliação diagnóstica é realizada no início do período de cada ciclo de aprendizagem. Trata-se de um tipo de sondagem para observar o que os estudantes já sabem sobre o conteúdo a ser Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM ensinado, como também compreender as di�culdades e as possibilidades de avanço. Essa avaliação pode ser de caráter individual e coletivo, assim, facilita a observação da turma de alunos como um todo. Prova escrita, entrevistas, questionários e roda de conversa são estratégias que podem ser assumidas como instrumentos nesse processo. A avaliação formativa é composta por estratégias mais complexas, que se interrelacionam às metas de aprendizagem dos estudantes (COSTA, 2017). Ela ajuda o professor a compreender como a aprendizagem ocorre, por isso, é um momento que se estende ao longo do ano letivo, por meio de diversas estratégias que possam alcançar a heterogeneidade de experiências e saberes da turma. Seminário, portfólio, projetos, relatórios, textos livres, trabalhos em grupo, debates, entre outros, são tarefas pertinentes a esse momento. Já a avaliação somativa é realizada ao �nal de cada ciclo de aprendizagem e ajuda o professor a conhecer os saberes que foram apropriados e consolidados sobre o conteúdo curricular desenvolvido em um período. A escolha das tarefas avaliativas referentes a essa etapa precisa contemplar o modo como a avaliação formativa foi desenvolvida ao longo do período. Se a habilidade desenvolvida foi dialógica, re�exiva e crítica, uma prova escrita, que traga questões distantes desse modo de trabalho, estará além e em dissonância com a proposta inicial de uma aprendizagem signi�cativa. Motivos para se avaliar continuamente Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Caro estudante, neste bloco, re�etiremos sobre os modos de elaborar tarefas avaliativas com vistas à promoção do desenvolvimento docente, em toda a sua potencialidade, assim como sobre os modos singulares de desenvolvimento dos estudantes, focando também no percurso de aprendizagem que pode ser mais signi�cativo para eles. Pensaremos um pouco nas questões do seguinte infográ�co: Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Figura 1 | Avaliação como processo contínuo. Fonte: elaborada pela autora. Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Para que, para quem, como e porque são indagações que ajudam o professor a contextualizar seu planejamento em relação à heterogeneidade de conhecimento e experiências culturais de sua turma de alunos. É importante ressaltar que não se trata de imputar ao docente toda a responsabilidade no êxito da aprendizagem, na verdade, a palavra êxito nos remete ao ensino como via de mão única, o professor ensina e o aluno aprende, logo, se ele não ensina corretamente, o aluno não aprenderá? A relação entre ensino e aprendizagem é muito mais complexa do que se observa cotidianamente, pois passa por processos psicológicos de signi�cação e apropriação dos sentidos sociais sobre o que é aprender e ensinar. Por isso, considerar o contexto da sala de aula como relação (SMOLKA, 1996) ajuda a ampliar os sentidos das práticas escolares e da aprendizagem como um processo de desenvolvimento psicológico humano. Re�etindo sobre as etapas de um processo de avaliação contínua (diagnóstica, formativa e somativa), como tais perguntas, expressas na Figura 1, poderiam lhe ajudar na elaboração de tarefas avaliativas? Focaremos nas avaliações diagnóstica e somativa, ações que iniciam e �nalizam um processo. As questões “para quê?” e “por quê?” podem ser guias no entendimento do quanto o aluno avançou em sua aprendizagem, assim ajudará o professor a elaborar estratégias no processo que �nda um ciclo de trabalho com um determinado conteúdo curricular. As questões “para quem?” e “como?” sinalizam o per�l dos estudantes e podem ajudar na elaboração de tarefas posteriores ao processo de diagnóstico e na sondagem do conhecimento já aprendido, ou seja, direcionarão as escolhas do professor frente ao percurso formativo. Atentemosum pouco mais para a última questão da imagem: “Por quê? Quais são os motivos de se elaborar um processo avaliativo?”. Essa questão se relaciona diretamente ao princípio de formação humana que tange a todo o processo educativo. Se o conceito for de educação emancipatória, re�exiva, com vistas à formação de um aluno crítico às condições de sua realidade, os modos de organizar o ensino serão de um jeito. Mas, se essas questões passam desapercebidas ou não compõem o referencial ideológico do professor, um processo avaliativo contínuo passa a não ter um sentido em sua prática, o que pode contribuir para esse docente reproduzir práticas excludentes e mensuráveis. E você, caro aluno, já pensou qual é o per�l de estudantes que deseja formar em suas aulas? Videoaula: Tipos de avaliação Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Nesta videoaula, conversaremos um pouco mais sobre o conceito de professor re�exivo e como a organização da avaliação por processo, considerando a tríade avaliativa (diagnóstica, formativa e somativa), é um instrumento que ajuda o professor em seu percurso pedagógico re�exivo, levando a considerar o seu planejamento e a ação como fundamentais e mediadoras do processo educativo de seus estudantes. Saiba mais Neste texto, as autoras dialogam, a partir de uma pesquisa empírica com professores, os limites e as possibilidades do conceito de avaliação como processo e como essa concepção pode impactar o trabalho pedagógico do professor. Boa leitura! UHMANN, R. I. M.; RUDEK, K. M. Avaliar, ensinar e aprender: diálogos constitutivos na formação de professores. Revista Temas em Educação, João Pessoa, v. 28, n. 1, p. 41-59, jan./abr. 2019. Disponível em: https://www.proquest.com/openview/ff6f46ea5ee4e44e0c49ba8a678413e1/1? pq-origsite=gscholar&cbl=4514812. Acesso em: 30 dez. 2022. Neste vídeo, do site Nova Escola, você poderá ter acesso ao diálogo sobre os desa�os do professor em relação à defasagem na aprendizagem dos alunos, ou seja, daqueles que chegam a uma determinada turma sem conhecerem os tópicos mínimos para o seu ano escolar. O tema disparador é a pandemia, porém essa produção contribui para re�etirmos sobre tal aspecto presente no cotidiano de ensino. Disponível em: https://especial.novaescola.org.br/recomposicao-de-aprendizagem/ https://www.proquest.com/openview/ff6f46ea5ee4e44e0c49ba8a678413e1/1?pq-origsite=gscholar&cbl=4514812 https://www.proquest.com/openview/ff6f46ea5ee4e44e0c49ba8a678413e1/1?pq-origsite=gscholar&cbl=4514812 https://especial.novaescola.org.br/recomposicao-de-aprendizagem/ Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Referências BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versao�nal_site.pdf. Acesso em: 12 jan. 2023. COSTA, O. S. Avaliação formativa na educação: um passo para o sucesso. Revista de Gestão e Avaliação Educacional, v. 6, n. 13, p. 137-141, 2017. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/regae/article/view/23138. Acesso em: 30 dez. 2022. GATTI, B. A. Avaliação: contexto, história e perspectivas. Olhares: Revista do Departamento de Educação da Unifesp, v. 2, n. 1, p. 8-26, 2014. Disponível em: https://periodicos.unifesp.br/index.php/olhares/article/view/202. Acesso em: 20 dez. 2022. OLIVEIRA, R. G. de; MOTA, A. A.; SOUSA, J. A. de. Avaliação educacional: uma breve análise das modalidades: diagnóstica, formativa e somativa. Cadernos da Pedagogia, v. 16, n. 34, 2022. Disponível em: https://www.cadernosdapedagogia.ufscar.br/index.php/cp/article/view/1814. Acesso em: 28 dez. 2022. PIMENTA, S.; GHEDIN, E. Professor re�exivo no Brasil: gênese e crítica de um conceito. São Paulo, SP: Cortez, 2008. SHÖN, D. A. Educando o pro�ssional re�exivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre, RS: Artmed, 2000. 256p. SILVA, P. F.; MENEZES, C. S. de; FAGUNDES, L. da C. Avaliação processual no contexto de projetos de aprendizagem. Informática na educação: teoria & prática, Porto Alegre, v. 20, n. 1, jan./abr. 2017. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/InfEducTeoriaPratica/article/view/70617. Acesso em: 27 dez. 2022. http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf https://periodicos.ufsm.br/regae/article/view/23138 https://periodicos.unifesp.br/index.php/olhares/article/view/202 https://www.cadernosdapedagogia.ufscar.br/index.php/cp/article/view/1814 Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM VYGOTSKI, L. A formação social da mente. 4. ed. São Paulo, SP: Martins Fonte, 1991. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/plugin�le.php/3317710/mod_resource/content/2/A%20formacao%20 social%20da%20mente.pdf. Acesso em: 12 jan. 2023. Aula 3 Avaliação como construção do processo de aprendizagem Introdução Prezado estudante, nesta aula, daremos ênfase a temas relacionados ao modo formativo de se avaliar, buscando de�nir esse conceito, assim como o conceito de representações sociais, que tangem e sustentam as práticas avaliativas na escola. Além desse tópico, dialogaremos sobre a possível relação entre avaliação formativa e somativa, uma interação pertinente e fecunda ao tomarmos o processo de ensino e aprendizagem como modo de desenvolvimento psicológico, tanto para o professor, que medeia e organiza todo o ensino, como para o estudante, que também pode participar ativamente desse processo, conferindo a ele um sentido único, de avaliação como parte integrante de seu processo de aprendizagem. Bons estudos! https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3317710/mod_resource/content/2/A%20formacao%20social%20da%20mente.pdf https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3317710/mod_resource/content/2/A%20formacao%20social%20da%20mente.pdf Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM A construção das representações sociais da avaliação Caro estudante, neste bloco, aprofundaremos o conceito de representações sociais relacionadas à avaliação, para compreendermos o quanto a prática docente pode ser reprodutora ou produtora da emancipação humana. Luckesi (2002), ancorado em diversos autores de sociologia, psicanálise e desenvolvimento humano, de�ne as representações sociais como crenças que atribuem um certo valor à realidade. São modos inconscientes de atribuir valor a determinadas práticas sociais e individuais. O autor ainda de�ne que “são crenças ou práticas que, por si e aparentemente, não têm razão de ser, mas que se dão, se realizam e permanecem como um padrão de conduta dos indivíduos e/ou de coletividades, sem que se tenha de dar justi�cativas de por que elas são como são” (LUCKESI, 2002, p. 79). Essas se manifestam pela fala, pelas atitudes e pelas ações frente às experiências da realidade. As representações sociais podem estar presentes em muitos aspectos do cotidiano escolar, seja no que se conhece como planejamento, ensino signi�cativo e conceito de avaliação. É importante ressaltar que tais representações podem sofrer alterações ao longo da história, o que as faz inerentes aos modos de viver em sociedade e produzir sentidos sobre a experiência. Algumas dessas representações estão fortemente ligadas ao senso comum, conhecimento veiculado sem respaldo cientí�co sobre algum tema. Em relação à educação, uma representação social recorrente é a a�rmativa que, se o aluno tem um resultado ruim em um exame, signi�ca Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM que ele não aprendeu. Lembrando que o conceito de exame parte da mensuração de um conhecimento e reforça a memorização, e não necessariamente a aprendizagem. O processo de aprendizagem envolve processos psicológicos, ou seja, são complexos e inerentes aos modos de vida em sociedade e as experiências dos sujeitos, então, não irbem em um exame apresenta apenas uma parte dessa aprendizagem, e não necessariamente a real. Além disso, transtornos, traumas, entre outras experiências, podem afetar um resultado quando o que se testa é a memorização. Avaliar no sentido de aplicar exames é um equívoco, segundo Luckesi (2002), e é uma representação social que permanece em muitos discursos docentes. O autor de�ne que Avaliar é o ato de diagnosticar uma experiência, tendo em vista reorientá-la para produzir o melhor resultado possível; por isso, não é classi�catória nem seletiva; ao contrário, é diagnóstica e inclusiva. O ato de examinar, por outro lado, é classi�catório e seletivo e, por isso mesmo, excludente, já que não se destina à construção do melhor resultado possível; tem a ver, sim, com a classi�cação estática do que é examinado. (LUCKESI, 2002, p. 84) Então, avaliar é uma ação que contempla muitos outros processos, que apresenta como foco principal a melhoria dos resultados possíveis. Outro aspecto que Luckesi (2002) aponta como representação social que permanece em muitas práticas docente é a relação entre nota e avaliação, que para ele não se equivalem. Re�etindo sobre o conceito de representação social na prática docente, nas experiências que constituem sua história acadêmica, quais poderiam ser de�nidas como representações sociais ligadas ao senso comum? Como poderíamos transpor essas representações e como elas afetam o cotidiano das práticas escolares? Avaliação formativa como recurso pedagógico Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Neste bloco, conversaremos um pouco mais detidamente sobre a avaliação formativa e como esse modo de compreender a avaliação pode ajudar na ressigni�cação de representações sociais ligadas à avaliação como classi�catória ou de mensuração. Se retomarmos o sentido de avaliação como classi�cação, o sentido da avaliação formativa não coaduna com esse pressuposto. A avaliação com vistas à formação do estudante requer estratégias que o ajudem nesse processo, ou seja, que também contribuam para que ele compreenda o que já conhece e quais conceitos ainda podem ser aprofundados, para uma aprendizagem signi�cativa, desvinculada da memorização (LUCKESI, 2002). O conceito de formação se refere a um processo do vir a ser, ou seja, uma dinâmica que permite o desenvolvimento do sujeito em diferentes aspectos. Todos estamos em constante formação – acadêmica, social, humana –, por isso, com o processo avaliativo não é diferente. Se a concepção docente passa pelo movimento da aprendizagem, ou seja, por avanços e retrocessos, seu posicionamento frente ao tipo de instrumentos e dos resultados alcançados será um; se o conceito de aprendizagem estiver relacionado a um resultado único ou estático, a ação docente passará por outros tipos de escolhas. Re�etindo sobre sua trajetória acadêmica, você conseguiria nomear práticas pedagógicas relacionadas ao processo formativo? Foi mais comum recordar situações nas quais a avaliação foi utilizada como mensuração ou classi�cação? Santos (2016) traz importantes considerações para ajudar o professor a articular a avaliação formativa com a somativa, ou seja, a avaliação realizada por um longo processo, que pode sofrer mudanças em sua organização, metas e tarefas, e a avaliação com vistas a identi�car os Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM conhecimentos consolidados. Considerando essa relação, Santos (2016, p. 638) explica que “a clari�cação da articulação entre estas duas práticas avaliativas poderá ser um contributo para a alteração da realidade atual, oferecendo novas pistas aos professores para encontrarem meios para ajudar os alunos a aprender”. A primeira consideração da autora trata-se dos benefícios que uma avaliação continuada traz para os alunos e professores: a compreensão do processo, e não apenas a identi�cação do produto dessa avaliação; a identi�cação do potencial de aprendizagem, entre outros. Destaca, ainda, que por se tratar de um modo de avaliação que fomenta e ancora uma forma de agir que apoia o aluno em sua aprendizagem, valoriza a mediação docente e o processo re�exivo inerente às estratégias que visam à continuidade do trabalho com o conhecimento cientí�co referente ao ano escolar no qual os estudantes estão inseridos. O propósito formativo da avaliação tangencia todas as modalidades de ensino, inclusive o ensino a distância/remoto, que se tornou familiar e necessário pelas condições concretas de vida. Compreendendo uma relação possível entre o conjunto de tarefas que compõem a avalição formativa e a necessidade de se realizar a avaliação somativa, no �nal de cada ciclo de aprendizagem, cabe indagarmos como essa interação pode ser realizada em sala de aula. Quais saberes e habilidades o professor pode e precisa articular na realização delas? Avaliação formativa em relação à somativa: questões práticas Caro estudante, neste bloco, o foco será o diálogo sobre a relação entre a avaliação formativa e somativa. Problematizaremos os modos de escolher e organizar tais tarefas, assim como Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM daremos um exemplo de quais instrumentos pedagógicos ajudam o professor nesse momento. Relembrando que a avaliação formativa se refere a um processo, ou seja, a um conjunto de tarefas que completam e facilitam o olhar do professor e do aluno para o processo de aprendizagem e reorganização do ensino, respectivamente. Então, após a avaliação diagnóstica, a avaliação formativa surge como uma estratégia que visa à continuidade da aprendizagem, podendo readequar as tarefas escolhidas à medida que o professor compreenda que aquelas que ele escolheu não potencializam o seu trabalho mediador. A avaliação somativa entra como coadjuvante, aquela que contribui para que tanto aluno como professor acessem os conhecimentos apropriados e reconheçam os erros e as potencialidades do aprender. De acordo com Santos (2016,), “a avaliação formativa terá obrigatoriamente que contar com uma intervenção ativa do aluno, quer total, quer parcial”. Considerando essa participação ativa do estudante e a relação processual entre as tarefas, quais instrumentos pedagógicos poderiam compor uma avaliação formativa? Re�etiremos um pouco. Muitas tarefas, se signi�cadas como instrumentos de um processo, podem ser escolhidas e, com isso, o recurso da prova escrita pode surgir como complemento, caso o professor perceba que alguns estudantes apresentam facilidade de realizar tal tarefa. Dentre as atividades formativas, podemos elencar: relatórios pós-aula, seminário, debates, diário de aprendizagem, portfólio, trabalho em grupo, textos livres, resenhas, entre outras. É importante esclarecer que a aula expositiva também pode entrar como recurso de ensino, quando o professor compreender que se faz necessária uma explicação mais aprofundada sobre um tema de estudo. Mas, como relacionar avaliações cujos objetivos se diferem (somativa e formativa)? Para tanto, é importante que se entenda que é possível uma interação entre elas, ou como de�ne Santos (2016, p. 642): “Uma forma possível de potenciar a articulação entre a avaliação somativa e a formativa é a de aproximar os propósitos associados a cada uma destas modalidades.Por outras palavras, alterar ou ajustar os signi�cados habitualmente atribuídos”, ou seja, que elas dialoguem, que apontem para os mesmos objetivos. Se durante um período letivo o professor lança mão de atividades re�exivas, de elaboração de textos discursivos pelos alunos, de diálogos e seminários e, ao �nal, solicita uma prova escrita, as duas esferas de avaliação não conversaram entre si. Ou ainda, se o foco foram trabalhos individuais, provas e relatórios individuais e, ao �nal, o docente solicita um trabalho em grupo, também há diferenças entre esses dois momentos. Devemos sempre lembrar que o sentido do processo avaliativo, ao passar pela continuidade das ações, expressa uma relação de complementaridade. Assim, avaliar, uma ação tão presente no cotidiano escolar,torna-se diferencial e potencializadora do desenvolvimento psíquico humano. Videoaula: Avaliação como construção do processo de aprendizagem Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM para assistir mesmo sem conexão à internet. Caro estudante, na videoaula, aprofundaremos os conceitos de representações sociais e avaliação formativa, explicando a origem deles, bem como oferecendo exemplos de tarefas que compõem esse tipo de conceber e teorizar o processo avaliativo. Sem dúvida, um tema atual e recorrente no contexto escolar, a avaliação formativa representa modos processuais de organizar e de�nir metas de ensino e aprendizagem. Saiba mais Neste artigo, você encontrará uma re�exão sobre as representações sociais em professores. Trata-se de um texto que se ancora em uma pesquisa em teses e dissertações relacionadas ao tema. Boa leitura! MENIN, M. S. de S.; SHIMIZU, A. de M.; LIMA, C. M. de. A teoria das representações sociais nos estudos sobre representações de professores. Cadernos de Pesquisa, v. 39, n. 137, p. 549-576, 2009. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0100-15742009000200011. Acesso em: 30 dez. 2022. Referências https://doi.org/10.1590/S0100-15742009000200011 Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM CERNY, R. Z.; ERN, E. Uma re�exão sobre a avaliação formativa na educação a distância. In: REUNIÃO ANUAL DA ANPED, 24., 2001, Caxambu. Anais [...]. Caxambu, MG: ANPED, 2001. Disponível em: http://www.muda.ufba.br/twiki/pub/GEC/TrabalhoAno2001/uma_re�exao_sobre_a_avaliacao_for mativa_na_ead.pdf. Acesso em: 1º jan. 2023. LUCKESI, C. Avaliação da aprendizagem na escola e a questão das representações sociais. EccoS Rev. Cient., São Paulo, v. 4, n. 2, p. 79-88, 2002. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=71540206. Acesso em: 30 dez. 2022. SANTOS, L. A articulação entre a avaliação somativa e a formativa, na prática pedagógica: uma impossibilidade ou um desa�o?. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 24, n. 92, p. 637-669, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-40362016000300006. Acesso em: 1º jan. 2023. Aula 4 Instrumento de avaliação Introdução http://www.muda.ufba.br/twiki/pub/GEC/TrabalhoAno2001/uma_reflexao_sobre_a_avaliacao_formativa_na_ead.pdf http://www.muda.ufba.br/twiki/pub/GEC/TrabalhoAno2001/uma_reflexao_sobre_a_avaliacao_formativa_na_ead.pdf https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=71540206 https://doi.org/10.1590/S0104-40362016000300006 Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Olá, estudante! Nesta aula, o tema será a prova escrita como instrumento que possui fragilidades e não contribui, por si só, para um processo contínuo de avaliação. Nesse sentido, traremos para o debate o tema da avaliação por mensuração, tão comum e norteadora das avaliações em larga escola, cujos resultados tendem a mascarar a realidade concreta das escolas, padronizando uma solução de educação que não contempla a diversidade brasileira. Por �m, buscaremos dialogar que inserir tarefas avaliativas diversi�cadas não signi�ca que o professor esteja realizando um processo contínuo de avaliação, é preciso re�etir sobre esse processo e interligar esses instrumentos com vistas a um planejamento signi�cativo para o professor e para o estudante. Bons estudos! Olhares sobre a avaliação escrita Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Caro estudante, a intenção de diálogo nesse bloco é sobre os recursos avaliativos que podem ajudar a fomentar um processo de ensino e aprendizagem e que estejam interrelacionados, ou seja, que sustentem a apropriação do conhecimento cientí�co como algo contínuo, sujeito às transformações durante o período letivo. Lembrando que as relações interpessoais na escola são relações sociais, ou seja, se produzem dados sentidos das experiências entre os sujeitos, por isso também se transformam num dado período. Mas, como essa informação contribui para pensar uma avaliação contínua? A noção de processo, ou seja, de uma construção das ações com vistas às metas de aprendizagem, �exibiliza o olhar para os modos distintos de aprendizagem dos estudantes, tendo em vista a heterogeneidade de uma sala de aula. Nem todos os estudantes aprendem do mesmo modo e/ou possuem familiaridade com apenas um tipo de avaliação. Além da heterogeneidade da experiência pessoal, existe a diferença na apropriação do conhecimento. Tudo isso nos leva a indagar se a utilização de um mesmo instrumento avaliativo contempla a diversidade de uma sala de aula. Será que a avaliação escrita, tomada como um único recurso, contribui para reconhecer e analisar um processo psicológico tão complexo como a aprendizagem de um conteúdo cientí�co? Como recurso para averiguar o desempenho em larga escala e inserida na perspectiva da Pedagogia Diretiva, a prova escrita surge como protagonista, o que, na maioria das vezes, não permite acesso à realidade concreta de ensino e aprendizagem dos estudantes, fornecendo apenas dados estatísticos (que podem Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM ser ou não usados para o benefício educacional) (FREITAS et al., 2009). No entanto, para o cotidiano escolar, que é dinâmico e múltiplo de experiências, tê-la como única alternativa seria a melhor opção? Já estudamos, nas aulas anteriores, que as escolhas avaliativas dos professores passam por suas crenças: avaliação como promoção, relacionado às notas, entre outras. De acordo com Faleiros e Pimenta (2013, p. 225), Educar, então, pressupõe bem mais do que a assimilação de conteúdos. É modi�car estados e processos mentais, é oferecer um espaço produtivo para que os estudantes criem novas realidades e se desenvolvam, promovendo modi�cações signi�cativas e duradouras em suas vidas. Na pesquisa realizada com professores sobre a concepção de avaliação, as autoras observaram que, mesmo que em muitas falas docentes a avaliação seja defendida como um processo, uma signi�cativa parte da dinâmica de aprendizagem, o que ocorre é um uso em demasia da prova escrita como recurso avaliativo. Isso demonstra que a signi�cação de uma crença não depende apenas de conhecer as modi�cações da área, mas passa pela apropriação dos sentidos das novas práticas. Nesse sentido, a formação docente precisa estar vinculada às experiências práticas dos professores, para que possam ser problematizadas. O fortalecimento de um coletivo docente com vistas ao diálogo das experiências, à análise dos documentos norteadores do currículo e ao acompanhamento do trabalho docente são estratégias que ajudam nesse processo de signi�cação das práticas avaliativas consolidadas. Processos de Avaliação Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM O debate sobre os processos avaliativos tem ganhado força no meio educacional nos últimos anos. Em especial, análises e pesquisas sobre as avaliações em larga escola apontam que, ao se buscar uma padronização dos resultados, mascaram-se ou não se identi�cam as reais necessidade de aprendizagem dos estudantes. Além disso, tais instrumentos ajudam para que haja a competição entre escolas, o julgamento daquelas que não alcançam o índice desejado, desconsiderando as condições concretas e sociais que tangem ao funcionamento da instituição. Somado a isso, Bauer, Alavarse e Oliveira (2015, p. 1374) apontam que [...] tem se alertado para o fato de que a de�nição de padrões (standards) de pro�ciência gera um empobrecimento curricular, impulsionando redes de ensino a direcionarem esforços para garantir o ensino do que é cobrado nas avaliações, deixando de lado outros conteúdos fundamentais para a educação básica. Uma questão pertinente é: a avaliação na forma escrita acaba assumindo, no contexto de sala de aula, os mesmos sentidos que a avaliação de larga escala? Se ela for assumida com a mesma intenção,podemos de�nir que mascara os resultados, ou seja, não apresenta o que realmente os alunos aprenderam. Considerando a perspectiva de uma avaliação integral e contínua, para Uhmann e Rudek (2019, p. 46), é preciso que haja uma investigação dos processos que constituem essa dinâmica, além disso, as autoras atentam que diversi�car os instrumentos não garante a realização de um processo de avaliação contínua, o que se precisa é “que os instrumentos sejam discutidos e Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM negociados em classe escolar para que os alunos se insiram no processo de aprender com mais responsabilidade”. Então, assumir os pressupostos de uma avalição processual e contínua relaciona-se à inclusão dos alunos (adaptação de formas avaliativas para que a participação seja igualitária e justa); à adequação dos instrumentos para aquilo que os alunos conseguem realizar e o que ainda podem conseguir; à relação dos instrumentos escolhidos, ou seja, que tenham um sentido de continuidade pedagógica e estejam em consonância com as metas do planejamento do professor; aos resultados das avaliações, para que ajudem no próprio processo didático, ou seja, que contribuam para a reformulação dos modos de se avaliar, dos conteúdos pertinentes e da inserção do estudante como atuante nesse processo; entre outros. A centralidade dos exames escritos como forma de avaliação provoca outra problemática, de acordo com Rossit e Storani (2010): a atividade de estudo, como atividade principal de desenvolvimento psicológico, perde sua função para a atividade de memorização, que nada contribui para uma aprendizagem signi�cativa, além de deixar de contribuir para que as relações de ensino e aprendizagem sejam incipientes. Vale a pena problematizarmos a realidade que encontramos em nossas escolas: a prova escrita tem sido o centro do ensino? Como os docentes desenvolvem seus planejamentos e suas escolhas com vistas a um ensino signi�cativo e contínuo? Como relacionar as tarefas avaliativas com vistas à continuidade da aprendizagem? A interrelação entre tarefas avaliativas: possibilidades e desa�os Caro aluno, neste bloco, o foco será a interrelação entre tarefas avaliativas com o propósito de realização de uma avaliação formativa. Primeiro, vale a pena pensarmos que a escolha das Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM estratégias que tangem às práticas pedagógicas precisa estar articulada com as metas e propostas curriculares de cada ano escolar. O conteúdo pode ser interpretado como algo rígido, porém o modo como ele pode ser desenvolvido precisa estar relacionado à realidade social e às experiências com o conhecimento que seus alunos possuem. Se a turma de estudantes apresenta di�culdade em dialogar em grupo e fazer pesquisas, solicitar um trabalho em grupo pode prejudicar as habilidades e competências que o professor deseja desenvolver. Esse tipo de tarefa pode ser ressigni�cada se o professor, compreendendo as limitações e os progressos dos estudantes, apresentar outros modos de realizá-la, com ações que compõem essa estratégia, por exemplo, um debate, no qual a turma toda pode falar sobre um tema importante para ela. Essa experiência em tecer opiniões e chegar a um consenso pode ajudar futuramente na realização de um trabalho em grupo. Trazendo para o debate a avaliação escrita, mesmo que o sentido de seu uso esteja vinculado à mensuração, esse recurso pode fazer parte de um planejamento contínuo. Re�etiremos um pouco sobre como podemos elaborar um planejamento no qual a avaliação formativa esteja presente. Vale a pena questionarmos primeiramente: quem são nossos alunos, o que eles já sabem, o que conseguem realizar e quais conhecimentos podem ser aprofundados. Após a avaliação diagnóstica, que oferece ao professor informações importantes sobre o que os alunos já sabem, o professor pode escolher quais instrumentos podem ajudá-lo em sua ação pedagógica. Observe algumas informações para nos ajudar nesse planejamento. Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Figura 1 | Infográ�co Avaliação Formativa. Fonte: Elaborado pela autora Elencando os principais processos, seriam: Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM 1. Pesquisar sobre o tema a ser trabalhado. 2. Escolher o tempo que esse conteúdo será trabalhado (dias, semanas, ao longo do ano). 3. De�nir quais estratégias metodológicas serão pertinentes (aula expositiva, debate, resumo pós-pesquisa ou pós-aula, seminários, portfólio, entre outros). 4. Realizar as primeiras ações planejadas. 5. Analisar e avaliar os resultados e as interrelações entre as atividades. �. Reorganizar as estratégias, caso necessário. 7. Analisar os resultados com vistas à potencialização do trabalho do professor e do processo de aprendizagem dos alunos. Martins (2010, p.25) destaca que a avaliação precisa estar vinculada aos objetivos estabelecidos pelos processos de ensino-aprendizagem, mediante ao planejamento curricular da escola e dos planejamentos de ensino de cada professor [...] além de fornecer informações sobre até que ponto os objetivos estão sendo alcançados. Nesse sentido, a mediação docente e o modo de compreender o processo de ensino e aprendizagem direcionam os modos de organizar a avaliação com vistas à continuidade. Videoaula: Instrumento de avaliação Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Nesta videoaula, conversaremos sobre a avaliação formativa, sua importância no processo de ensino e aprendizagem tanto para o professor re�etir sobre seu planejamento como para o estudante conhecer seus limites e suas possibilidades de aprendizagem. Dialogaremos também sobre modos de realizar um avaliação formativa com vistas a uma aprendizagem signi�cativa. Saiba mais Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM O professor Dr. Luiz Carlos de Freitas é um estudioso da área de avaliação que possui um blog no qual insere muitos artigos analisando os impactos das avaliações em larga escala. Vale a pena, para se fomentar o debate e o sentido crítico sobre o assunto, navegar por suas palavras. Boas pesquisas! https://avaliacaoeducacional.com/author/freitaslc/ Neste artigo, você encontrará re�exões sobre mudanças na concepção de avaliação quando um professor de Matemática problematiza o seu modo de elaborar provas. Vale a pena ler! Boa leitura! ANTUNES, T. P.; MENDES, M. T. Desenvolvimento pro�ssional de um professor ao (re) elaborar uma prova escrita de matemática. Amazónia: Revista de Educação em Ciências e Matemáticas, v. 14, n. 31, p. 22-38, 2018. Disponível em: http://funes.uniandes.edu.co/29491/1/Antunes2018Desenvolvimento.pdf. Acesso em: 3 jan. 2013. Referências https://avaliacaoeducacional.com/author/freitaslc/ http://funes.uniandes.edu.co/29491/1/Antunes2018Desenvolvimento.pdf Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM BAUER, A.; ALAVARSE, O. M.; OLIVEIRA, R. P. de. Avaliações em larga escala: uma sistematização do debate. Educação e Pesquisa, v. 41, p. 1367-1384, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1517-9702201508144607. Acesso em: 5 jan. 2023. FALEIROS, T. H.; PIMENTA, M. A. A. A avaliação da aprendizagem em tempos de prova escrita. RIEE - Revista Iberoamericana de Evaluación Educativa, v. 6, n. 2, p. 221-244, 2013. Disponível em: https://repositorio.uam.es/bitstream/handle/10486/661814/RIEE_6_2_14.pdf? sequence=1. Acesso em: 3 jan. 2023. FREITAS, L. C. et al. Avaliação educacional: caminhando pela contramão. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. 88p. MARTINS, J. do P. Considerações sobre avaliação no Ensino Superior. In: ROSSIT, R. A. S.; STORANI, K. (Ed.). Avaliação nos processos educacionais. São Paulo, SP: Unifesp, 2010. ROSSIT, R. A. S.; STORANI, K. (Ed.). Avaliação nos processos educacionais. São Paulo, SP: Unifesp, 2010. Aula 5 Revisãoda unidade Uma re�exão sobre a avaliação – Conceito, história e aplicabilidade https://doi.org/10.1590/S1517-9702201508144607 https://repositorio.uam.es/bitstream/handle/10486/661814/RIEE_6_2_14.pdf?sequence=1 https://repositorio.uam.es/bitstream/handle/10486/661814/RIEE_6_2_14.pdf?sequence=1 Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Olá, estudante! Chegamos ao �m desta unidade de estudos! Relembraremos um pouco nesse texto os principais conteúdos desenvolvidos ao longo das quatro aulas. Estudamos sobre os sentidos que permearam e ainda permeiam a utilização da avaliação no ambiente escolar, como mensuração, classi�cação e ranqueamento dos saberes dos alunos (GATTI, 2014). Ao longo da própria história educacional brasileira, seja por pesquisas vinculadas aos temas, seja pela reorganização curricular, podemos observar que o conceito de avaliação se modi�cou. O modo processual e o sentido de instrumento auxiliar no processo de ensino e aprendizagem direcionam para escolhas metodológicas avaliativas que inserem os estudantes em seu processo de apropriação do conhecimento cientí�co. Assim, encontramos a de�nição de uma tríade avaliativa que contribui para tal processo: a avaliação diagnóstica (realizada no início de cada ciclo de estudos como forma de compreender o que os estudantes já conhecem do conteúdo), a avaliação formativa (conjunto de ações avaliativas, realizadas por um período, com o objetivo de compreender o caminho pelo qual os estudantes aprendem) e a avaliação somativa (avaliação realizada ao �nal de um ciclo de estudos, com a �nalidade de conhecer o que os alunos aprenderam) (OLIVEIRA; MOTA; SOUSA, 2022). É importante ressaltar a necessidade de uma relação entre essas três esferas avaliativas, ou seja, que elas sejam complementares, e não apenas sequenciais, tendo em vista que são ações que contribuem para a reorganização do planejamento docente, assim como ajudam o estudante Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM a entender o processo. Por isso, o sentido processual de continuidade e complementariedade são fundamentais nessa perspectiva avaliativa. Estudamos também sobre as representações sociais que permeiam as práticas docentes, como ideias, ações, muitas vezes inconscientes, oriundas do senso comum, sobre os modos de dar sentido tanto à participação do aluno nas atividades como ao trabalho pedagógico do professor. Algumas dessas crenças estão tão arraigadas que o próprio docente não percebe. Como exemplo, trazemos a questão da prova escrita como centralidade do ensino, o resultado dela como determinante do sucesso escolar do aluno, ou ainda, se ele não foi bem é porque não aprendeu. Note que o sentido dessas crenças passa pela mensuração do resultado, e a atribuição de uma nota acaba sendo determinante para a aprendizagem. Dialogamos também sobre o conceito de professor re�exivo, um modo de agir docente que o ajuda a re�etir sobre o realizado para problematizar questões oriundas de sua prática (PIMENTA; GEDIN, 2008; SHÖN, 2000). Lembrando que a re�exão na coletividade docente é potencializada, sendo uma ação almejada quando o conceito da re�exão em trabalho é proposto em cursos de formação. Videoaula: Revisão da unidade Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Caro estudante, nesta aula, retomaremos alguns conceitos trabalhados na disciplina, como o papel da avaliação por mensuração, a problemática em se adotar apenas a prova escrita como forma de veri�cação da aprendizagem e a tríade avaliativa (diagnóstica, formativa e somativa) como recurso que contribui para um processo avaliativo. Relembraremos o conceito de professor re�exivo e sua relação com o conceito de continuidade avaliativa. Estudo de caso Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Caro estudante! Imagine que você iniciou em uma escola que está propondo mudanças estruturais no modo de conceber a avaliação, que estava centrada na avaliação como prova escrita, classi�catória e mensurativa. A ideia da equipe gestora é trabalhar com a avaliação continuada, para que se diversi�quem os instrumentos utilizados pelos professores em seus planejamentos. Porém, você observa que alguns docentes que trabalham há mais tempo na instituição demonstram resistência à ideia proposta pela equipe gestora. Alguns defendem que o uso da prova escrita permite a compreensão da aprendizagem dos alunos, enquanto outros argumentam que a tradição da escola, de qualidade no ensino, pode ser prejudicada com os modismos educacionais. Sabendo que não se trata de modismo, mas de mudança de paradigma no modo de conceber e teorizar a avaliação, você expressa, em uma reunião pedagógica, os sentidos de uma avaliação processual. Alguns professores �cam interessados nessa temática e propõem à equipe gestora que a elaboração do planejamento do bimestre seja feita em grupo, para que possam estudar a proposta. Diante de seu posicionamento, a equipe gestora sugere que você elabore, junto aos docentes interessados, um planejamento com vistas a analisar o processo de aprendizagem dos alunos. Para tanto, ofereceu a sala de informática da escola como recurso para os dias de reuniões, que seriam realizadas nos horários de trabalho individual de planejamento dos professores, que são responsáveis por turmas diferentes. Os demais docentes, ainda resistentes, poderiam elaborar atividades relacionadas ao modo como já conduzem o ensino, porém haveria a necessidade de re�etirem sobre essas atividades com a equipe gestora, que ajudaria a problematizar os resultados. Esse modo de acolhimento da resistência tem a intenção de mostrar, na prática, como a avaliação por processo, contínua e interligada, potencializa a aprendizagem dos estudantes e o planejamento docente. Tendo em vista o conteúdo trabalhado na unidade, os modos de realizar um planejamento signi�cativo com vistas a compreender, e não mensurar, o processo de aprendizagem dos Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM estudantes, quais sugestões de atividades ou modos de organização do ensino você indicaria para seus colegas de grupo? Por onde começariam? Quais atividades poderiam compor esse planejamento? Como os resultados seriam trabalhados? _______ Re�ita A situação-problema apresentada pode ser facilmente encontrada no ambiente escolar: a proposta por mudanças estruturais e a resistência de alguns docentes frente às mudanças em sua prática de ensino. É importante, para a resolução do problema, que você re�ita sobre o que aprendeu sobre a avaliação processual, como ela pode ser apresentada para um grupo de professores que não conhece muito bem essa proposta e assume que elabora sua prática com vistas à realização de provas, mas que possui interesse em conhecer esse novo modo de realizar o processo avaliativo. Articule, em sua resolução, aquilo que compreendeu durante as aulas da disciplina, interrelacionando os instrumentos avaliativos, assim como os modos de trabalho, com o resultado das avaliações. Caso sinta necessidade, retome alguns textos sugeridos na disciplina, leia as indicações no Saiba mais e re�ita sobre as possibilidades de trabalho. Lembre- se de que a atuação do professor como protagonista de seu planejamento pode ajudá-lo na apropriação de uma nova temática relacionada à ação docente, por isso, a re�exão, como conceito de formação docente, pode ajudá-lo na elaboração em conjunto dessa proposta de ensino. Bom trabalho! Videoaula: Resolução do estudo de caso Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Caro estudante, pensaremos juntos nas possibilidades de resolução desse estudo de caso. Considerando que se trata de uma reformulação estrutural pedagógicada escola, não será uma tarefa simples, pois, como você observou, alguns docentes se mostram resistentes ao novo e aos modos de realizar o trabalho pedagógico diferentemente daquilo que já conhecem, pois elaboraram um sentido de e�ciência, no caso, a prova escrita como opção avaliativa. Trata-se de uma crença ou representação social da avaliação, podendo torná-la o centro do processo educativo (COSTA, 2017). Centralizaremos o nosso olhar para o grupo de docentes que gostaria de conhecer e planejar coletivamente. Se há esse interesse, há o reconhecimento de que as práticas já cristalizadas no cotidiano escolar podem ser modi�cadas. Mas, por onde poderíamos começar? A primeira opção poderia ser pesquisar, junto aos seus colegas, já que podem utilizar a sala de informática, alguns Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM relatos em blogs de educação que explicitam as contribuições desse novo paradigma avaliativo e como ele potencializa (e não diminui) a importância do trabalho do professor com sua turma. Feito isso, seria interessante conversar sobre a tríade avaliativa e quais tarefas poderiam compor cada uma delas, lembrando da necessidade em serem interrelacionadas. Conhecendo um pouco o conceito que sustenta esse novo modo de avaliar, bem como um caminho possível de realização, será interessante escolher o tema a ser planejado. Busquem o conteúdo curricular a ser trabalhado no bimestre para a sala de aula na qual cada professor está responsável. O trabalho coletivo se dá na organização e na discussão das formas de elaboração e realização desse planejamento, e haverá a necessidade de um trabalho individual, visto que o grupo de professores é heterogêneo. Caso seja um tema comum para os anos escolares, pode haver uma adaptação, com vistas a alcançar as habilidades e a aprendizagem de cada período. Feita essa primeira pesquisa do conteúdo, organize as demais ações: escolher as atividades, a forma de conduzi-las (metodológica), os instrumentos avaliativos pertinentes ao processo (nesse momento, é essencial re�etir sobre quais tarefas comporão cada momento da tríade avaliativa) e o tempo que esse planejamento será realizado. Após a �nalização desse documento, será necessário realizar tal proposta e analisar os resultados. Toda essa mobilização, com o coletivo docente, ajudará o processo de aprendizagem de um novo conceito avaliativo. Resumo visual Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Referências Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versao�nal_site.pdf. Acesso em: 13 jan. 2023. COSTA, O. S. Avaliação formativa na educação: um passo para o sucesso. Revista de Gestão e Avaliação Educacional, v. 6, n. 13, p. 137-141, 2017. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/regae/article/view/23138. Acesso em: 30 dez. 2022. GATTI, B. A. Avaliação: contexto, história e perspectivas. Olhares: Revista do Departamento de Educação da Unifesp, v. 2, n. 1, p. 8-26, 2014. Disponível em: https://periodicos.unifesp.br/index.php/olhares/article/view/202. Acesso em: 20 dez. 2022. OLIVEIRA, R. G. de; MOTA, A. A.; SOUSA, J. A. de. Avaliação educacional: uma breve análise das modalidades: diagnóstica, formativa e somativa. Cadernos da Pedagogia, v. 16, n. 34, 2022. Disponível em: https://www.cadernosdapedagogia.ufscar.br/index.php/cp/article/view/1814. Acesso em: 28 dez. 2022. PIMENTA, S.; GHEDIN, E. Professor re�exivo no Brasil: gênese e crítica de um conceito. São Paulo, SP: Cortez, 2008. SHÖN, D. A. Educando o pro�ssional re�exivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre, RS: Artmed, 2000. 256p. SILVA, P. F. da; MENEZES, C. S. de; FAGUNDES, L. da C. Avaliação processual no contexto de projetos de aprendizagem. Informática na educação: teoria & prática, Porto Alegre, v. 20, n. 1 jan./abr. 2017. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/InfEducTeoriaPratica/article/view/70617. Acesso em: 27 dez. 2022. VYGOTSKI, L. A formação social da mente. 4. ed. São Paulo, SP: Martins Fonte, 1991. , http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf https://periodicos.ufsm.br/regae/article/view/23138 https://periodicos.unifesp.br/index.php/olhares/article/view/202 https://www.cadernosdapedagogia.ufscar.br/index.php/cp/article/view/1814 https://seer.ufrgs.br/index.php/InfEducTeoriaPratica/article/view/70617 Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Unidade 3 O trabalho docente e a re�exão sobre os resultados avaliativos Aula 1 A organização de dados de avaliação Introdução Na educação tradicional, os resultados da avaliação, divulgados a partir das notas atribuídas, têm como mero objetivo veri�car se o aluno pode ser promovido ou não ao �nal de um determinado ciclo de estudos. Contudo, em uma perspectiva mais inovadora de educação, os sentidos da avaliação são muito mais amplos, menos arbitrários e mais coerentes com uma educação humanizadora e cidadã. Nesse contexto, nesta aula, convidamos você a pensar a avaliação como uma prática pedagógica, a partir da qual você pode elaborar um plano de ação que implique melhorias em todo os processos de ensino e aprendizagem. E aí, �cou curioso? Então, vamos lá! Avaliação como prática investigativa Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Entender a avaliação como uma forma de veri�car se o aluno passou ou não em uma disciplina já �cou para trás. Essa é uma prática do modelo tradicional de educação que já não faz mais sentido. Atualmente, a avaliação é entendida como uma prática que possibilita diagnosticar problemas educacionais e planejar como corrigi-los. Essa é a percepção da avaliação como prática investigativa. Conforme Leite e Kager (2009), na avaliação tradicional, quem era avaliado era sempre o aluno. Ele recebia um conjunto de questões, e o professor atribuía uma nota a partir de seus erros e acertos. Hoje, sabemos que a avaliação não tem como ponto focal apenas o aluno, mas todo o sistema de ensino. Mas, por quê? Pensaremos juntos em um exemplo ilustrativo. Considere um aluno do sexto ano do fundamental que tem bastante di�culdade nas aulas de Língua Portuguesa. Ele é um aluno tímido, que copia tudo que a professora coloca na lousa, mas evita se comunicar com ela. No �nal do primeiro bimestre letivo, ele faz uma prova da disciplina e tira zero. A escola tradicional tende a olhar para esse aluno e culpá-lo pelo fracasso na nota. Contudo, a avaliação como prática investigativa não entende que o aluno fracassa, e sim que o fracasso é do sistema. Talvez, esse aluno tenha tido um processo de alfabetização muito ruim e tenha trazido para a sexta série problemas de leitura. É possível que esse aluno esteja enfrentamento problemas familiares, violência psicológica ou psíquica, ou não esteja se alimentando direito. Talvez, esse aluno tenha dislexia, ou seja autista. As possibilidades são in�nitas, mas o fato é que a escola não o acolheu, qualquer que seja o problema. Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Notas baixas também são indicativos de problemas nos processos de ensino-aprendizagem, desde a escolha dos conteúdos a serem ensinados, até as metodologias de ensino. Podemos ter professores não preparados, uma gestão escolar autoritária, práticas de violência escolar entre alunos e professores, entre tantos outros problemas. Dizer simplesmente que o aluno “foi mal na prova porque não estudou” é simpli�car um problema e é um olhar determinista para o papel da avaliação. A avaliação precisa problematizar todo o sistema educacional do qual esse aluno faz parte. E, ao olhar esse zero, várias perguntas precisam ser respondidas: 1. Esse aluno foi observado em sua individualidade, de tal forma que um processo comunicativo foi estabelecido entre ele e atores escolares, para acolhê-lo? 2. O professor está preparado paraministrar a disciplina, é bem pago, tem qualidade de vida no trabalho e não tem uma jornada de trabalho devastadora? 3. O professor tem autonomia em sua sala de aula e pode adaptar seu plano de aula conforme as demandas que surgem no dia a dia da sala de aula? 4. O professor considera cada estilo de aprendizagem ao preparar a sua aula, respeitando as individualidades? 5. A gestão escolar é democrática e está aberta a criar diálogos entre alunos, família e comunidade? �. O currículo faz sentido para a vida desse aluno e é capaz de potencializar processos de emancipação e transformação individual e social? Certamente, poderíamos fazer muitas outras questões, mas o objetivo destas é começar uma re�exão sobre a avaliação diagnóstica. No próximo tópico, pensaremos sobre as possíveis respostas a essas perguntas. A escola e a desigualdade Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Bourdieu (2014) desenvolveu a teoria da reprodução, para explicar como os sistemas de ensino reproduzem as desigualdades da sociedade dos quais fazem parte. Nesse contexto, a escola cria e reproduz esses sistemas de desigualdades, dos quais as avaliações são o ápice. A escola, segundo Bourdieu (2014), de�ne um determinado capital cultural que considera legítimo. Os currículos de educação básica, por exemplo, são a legitimação disso. A escola privilegia determinados conteúdos em detrimento de outros e, ao fazer isso, acaba valorizando a cultura das elites econômicas. Dessa forma, o aluno que adentra os portões da escola sem ter vivenciado, por questões de classe social, esse capital cultura de elite, é imediatamente marginalizado. Pensaremos em um exemplo juntos, para �car mais claro: a escola ensina a versão da Língua Portuguesa dita “culta” pelos gramáticos. Contudo, toda língua tem suas versões, desde essa chamada de culta até as versões populares, que utilizamos no dia a dia. Não há língua correta e incorreta, há variações e espaços sociais em que determinada versão é privilegiada. A escola privilegia essa língua dita “culta” e a�rma categoricamente que qualquer outra versão da língua está errada. Mas, será que todas as crianças têm acesso a esse padrão dito “culto” da língua? Certamente, não, o que cria uma imensa marginalização delas, que têm toda a sua identidade cultural considerada “errada”. Isso é uma forma clara de violência em relação a essas crianças. Não há cultura legítima ou cultura ilegítima, a�rma Bourdieu (2014). O que temos são identidades culturais, que re�etem a trajetória de um grupo social e sua consciência coletiva. A escola não pode deslegitimar a cultura popular, por exemplo, desvalorizando outros modos de vida. Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Bourdieu (2014) explica que os �lhos das elites econômicas têm, desde a primeira infância, acesso a esse capital cultural legitimado pela escola. Eles têm pais alfabetizados, acesso a livros, visitam zoológicos, museus, viajam, aprendem outras línguas, ou seja, mesmo nos espaços de ludicidade e lazer, eles ganham repertórios culturais muito valorizados pela escola. Ao adentrarem os espaços escolares, aquele padrão cultural já é parte da sua história de vida e enfrentam uma avaliação com muito mais destreza do que a criança que teve acesso a diferentes formas de capital cultural, tão importantes quanto quaisquer outras, mas desvalorizadas pela escola. Dessa forma, esse aluno que nunca teve acesso a esse capital cultural herdado, usando um termo de Bourdieu (2014), não vai “mal na prova porque não estudou” ou “porque é preguiçoso”. O fato é que há um sistema de ensino que marginalizou o aluno e que o insere em seu contexto dentro de uma lógica excludente. Dessa forma, você, futuro professor, precisar entender que as respostas àquelas perguntas que lançamos no bloco anterior envolvem uma percepção sobre a escola enquanto resultado de uma sociedade excludente e que, portanto, também exclui. Planos de ação Voltaremos ao nosso aluno tímido que tem muita di�culdade com Língua Portuguesa. Esse aluno não deve ser punido por não ir bem na prova. Na verdade, a prova é um diagnóstico de um contexto muito maior e de um sistema que traz em seu bojo a reprovação e o fracasso escolar, porque nega a individualidade de cada aluno, porque privilegia um capital cultura elitista e Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM desvaloriza qualquer outro e porque marginaliza aquele aluno que não tem o capital cultural herdado. Dessa forma, um plano de ação que crie soluções satisfatórias para essa situação demanda olhar para além dos mitos do “aluno que não se esforça” e do “aluno que não presta atenção na aula” e olhar para todo o sistema que gerou esse zero. Um plano de ação requer uma re�exão sobre o que é ensinado, como é ensinado e como é avaliado o que foi ensinado. Então, há três dimensões a serem contempladas em um plano de ação: 1. Os conteúdos ensinados privilegiam apenas uma forma de pensar a cultura. Um exemplo muito comum disso é a música. Por que privilegiar a música erudita europeia em detrimento da música popular brasileira, como o pagode e o samba? Por que hierarquizamos os estilos musicais? Ao fazê-lo, o aluno que cresceu em sua comunidade ouvindo samba e criando sua identidade e subjetividade a partir desse estilo musical se sentirá excluído. Dessa forma, os conteúdos precisam partir da realidade do aluno e devem ser transformados em conhecimento cientí�co, sem julgamentos de valores. 2. Não há uma única forma de aprendizado. Cada indivíduo, em sua subjetividade e cognição, aprende diferente. Dessa forma, cabe uma re�exão se a escola mantém os estilos tradicionais de ensinar, com o professor centralizando o processo e exigindo do aluno a mera reprodução, ou se a escola já inverteu esse processo e colocou o aluno como protagonista. Não se trata de reproduzir o conteúdo “da lousa”, mas, sim, de ensinar o aluno a problematizar a realidade e a pensar a partir do método cientí�co. 3. Uma avaliação legítima não é aquela na qual o aluno é chamado a reproduzir o que está na apostila ou o que o professor disse em aula. A avalição é o momento de o aluno mostrar o desenvolvimento cognitivo que foi motivado nas aulas. Dessa forma, a avalição deve dar a possibilidade de o aluno solucionar problemas, criando hipóteses e resoluções. Contudo, esse modelo de avaliação só fará sentido se, em sala de aula, ele já foi instigado a solucionar problemas. Futuro professor, convidamos você a pensar sobre essas três dimensões antes de elaborar uma prova, antes de preparar um plano de aula e antes de adentrar uma sala de aula. Pense que seu papel nunca será excluir, mas será sempre de fazer o aluno se sentir parte de um processo incrível, que é o aprendizado. Videoaula: A organização de dados de avaliação Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Olá, estudante! Nesta aula, estudamos o pensamento de um dos maiores autores da sociologia da educação, que é Pierre Bourdieu. Sua teoria da reprodução foi uma ruptura nos estudos educacionais e até hoje ele é estudado com profundidade para entender o sistema educacional brasileiro. Que tal aprender mais sobre ele? Então, te convido a assistir a essa videoaula sobre o autor. Saiba mais No texto indicado a seguir, a autora cria um resumo muito didático e profundo sobre a teoria da reprodução de Bourdieu, que estudamos nessa aula. Dessa forma, para conhecer mais sobre nosso autor, divirta-se com essa leitura: VALLE, I. R. A obra do sociólogo Pierre Bourdieu: uma irradiação incontestável. Educação e Pesquisa, v. 33, n. 1, p. 117-134, 2007. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1517- https://doi.org/10.1590/S1517-97022007000100008 Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM 97022007000100008.na natureza aos impactos sociais da população ribeirinha. É correto que, em uma avaliação formal, o professor apresente apenas uma pergunta: “Explique como funciona o ciclo da água na natureza”? Claro que não, houve muito mais desdobramentos do que o esperado e isso pode ser avaliado. A avaliação diagnóstica e a avaliação formativa Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Voltaremos ao exemplo anterior, que tratava do ciclo da água na natureza. Gostaria de re�etir com você a seguinte situação: o professor pode tratar desta temática de forma simples, partindo de imagens que ele apresenta com a água dos rios evaporando e, depois, caindo como chuva. Mas, ele também pode planejar para que esta aula tenha outras abordagens que permitam aos educandos ampliarem seus conhecimentos. Desta forma, ele pode enfocar questões, como: qual a importância do ciclo da água para as plantações? O que acontece em anos mais chuvosos e em anos mais secos? O que acontece em territórios onde há pouca chuva? De quem é a culpa em caso de enchente: da natureza, da população os dos órgãos públicos? Como a sociedade pode trabalhar para evitar danos em casos de enchente? Veja como um conhecimento simples se torna complexo e abrange o desenvolvimento de várias competências, habilidades e atitudes. Porém, pode ser que estes alunos já tenham estudado este tema no ano anterior e até mesmo pode ser que este tema seja simples para este público, que já lida com a situação de enchente no bairro. Como o professor pode se preparar melhor para esta turma? Como ele pode saber se a turma já possui os conhecimentos sobre este tema? Realizando o que chamamos de avaliação diagnóstica. Santos e Varela (2007, p. 4) apontam que a avaliação diagnóstica é constituída por uma sondagem, projeção e retrospecção da situação de desenvolvimento do aluno, dando-lhe elementos para veri�car o que aprendeu e como aprendeu. É uma etapa do processo educacional que tem por objetivo veri�car em que medida os conhecimentos anteriores ocorreram e o que se faz necessário planejar para selecionar di�culdades encontradas. Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Assim, o professor pode realizar um momento ou uma atividade na qual interpela os educandos (de forma escrita ou oral) sobre o que já aprenderam em relação a determinado assunto, permitindo que ele possa ter um ponto de partida mais coerente com a realidade de sua turma. Uma avaliação diagnóstica pode ser composta de vários instrumentos e ser desenvolvida em vários momentos, de forma individual ou coletiva, é o que normalmente acontece quando se faz o diagnóstico do processo de escrita e leitura e de raciocínio lógico-matemático. Os resultados da avaliação diagnóstica demonstrarão ao professor: O ponto de partida do seu trabalho de planejamento e de docência. O ponto de aprendizagem em que se encontra cada aluno. Os temas que os educandos mais e menos apreciam. O conhecimento prático sobre o tema. O que pensam sobre o tema (posição crítica). Com estes dados em mãos, o professor pode elaborar seu planejamento, elencando as atividades que desenvolverá e o processo de avaliação, agora formativa, e não mais diagnóstica. Após o diagnóstico, o professor desenvolverá o processo de ensino e aprendizagem e precisará avaliar os resultados deste processo. Esta proposta de avaliação é chamada formativa e tem o objetivo de indicar as aprendizagens ocorridas (conhecimentos, habilidades e atitudes) em relação aos objetivos de ensino propostos pelo professor. A avaliação formativa ocorre ao longo de todo processo de ensino e aprendizagem e pode ser realizada a partir de vários instrumentos, como realização de atividades periódicas, observação em sala de aula, debates, pesquisas, seminários, entre outros. Videoaula: Por que avaliar? Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Olá, estudante! Neste vídeo, você estudará a evolução do processo de avaliação, compreendendo o motivo pelo qual ela passou a ser global e integral, perdendo a força de ser classi�catória e punitiva. Também, estudará a proposta da Base Nacional Comum Curricular para a avaliação da aprendizagem e estudará dois tipos importantes de avaliação: a diagnóstica e a formativa. Saiba Mais Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Indicação 1: Nesta entrevista, Cipriano Carlos Luckesi, um dos maiores especialistas em avaliação no Brasil, apresenta uma análise sobre o processo de avaliação escolar e indica as vantagens da avaliação diagnóstica. Ele trata de temas relacionados ao currículo, à atribuição de notas e menções e à necessidade de um olhar tanto individualizado quanto coletivo para o processo de avaliação. FERRARI, M. Entrevista com Cipriano Carlos Luckesi. Nova Escola, 2006. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/190/cipriano-carlos-luckesi-qualidade-aprendizado. Acesso em: 20 dez. 2022. Indicação 2: Neste artigo, as autoras apresentam referências signi�cativos para a discussão sobre a avaliação, compreendendo sua importante função de mediadora do processo de ensino e aprendizagem. Questionam a necessidade de realizar exames para a obtenção de notas e defendem a participação dos educandos no processo avaliativo. CARMINATTI, S. S. H.; BORGES, M. K. Perspectivas da avaliação da aprendizagem na contemporaneidade. Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 23, n. 52, p. 160-178, maio/ago. 2012. Disponível em: https://www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/eae/arquivos/1734/1734.pdf. Acesso em: 20 dez. 2022. Referências https://novaescola.org.br/conteudo/190/cipriano-carlos-luckesi-qualidade-aprendizado https://www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/eae/arquivos/1734/1734.pdf Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versao�nal_site.pdf. Acesso em: 13 dez. 2022. FREIRE, E. S.; CARVALHO, A. O. P.; RIBEIRO, A. P. de M. Avaliação educacional: uma dimensão histórica. In: ENCONTRO NACIONAL DO NÚCLEO DE HISTÓRIA E MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO, 2., 2013, Fortaleza. Anais [...]. Fortaleza, CE: ENHIME, 2013. Disponível em: https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/39108/1/2013_eve_apmribeiro.pdf. Acesso em: 13 dez. 2022. SANTOS, M. R. da; VARELA, S. A avaliação como um instrumento diagnóstico da construção do conhecimento nas séries iniciais do ensino fundamental. Revista Eletrônica de Educação. ano I, n. 1, ago./dez. 2007. Disponível em: https://web.uni�l.br/docs/revista_eletronica/educacao/Artigo_04.pdf. Acesso em: 14 dez. 2022. Aula 2 Estratégias educativas para o mapeamento dos conhecimentos prévios dos estudantes Introdução da aula https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/39108/1/2013_eve_apmribeiro.pdf https://web.unifil.br/docs/revista_eletronica/educacao/Artigo_04.pdf Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Olá, estudantes, seja bem-vindo! A avaliação diagnóstica é o ponto de partida para o processo de planejamento da ação didática, e ela se torna extremamente relevante no momento da alfabetização. A avaliação diagnóstica permite que você tenha um registro bem acurado do momento de cada aluno em relação à aprendizagem em questão e traz detalhes que podem ser compartilhados com os educandos e com seus familiares. Nesta aula, tomaremos como ponto de início o processo de alfabetização e aprenderemos a realizar a avaliação diagnóstica, partindo da sua elaboração e passando pelo momento de aplicação e subsequente análise e registro. Daremos enfoque aos instrumentos que, normalmente, compõem este tipo de avaliação. Espero que você tenha excelentes aprendizagens! Foco na avaliação diagnóstica Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Você já parou para re�etir sobre a atuação do professor alfabetizador?Acesso em: 8 dez. 2022. Referências BOURDIEU, P. A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. Rio de Janeiro, RJ: Vozes, 2014. LEITE, S. A. da S.; KAGER, S. Efeitos aversivos das práticas de avaliação da aprendizagem escolar. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 17, n. 62, p. 109-134, 2009. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-40362009000100006. Acesso em: 8 dez. 2022. Aula 2 Avaliação na prática Introdução https://doi.org/10.1590/S1517-97022007000100008 https://doi.org/10.1590/S0104-40362009000100006 Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Na aula anterior, você aprendeu que a avaliação investigativa é um sistema avaliativo que cria um diagnóstico sobre todo o sistema educacional, inclusive, currículo e gestão. Aprendeu também que o resultado da avaliação investigativa deve ser usado como forma de criação de um plano de ação, de melhorias no processo de ensino-aprendizagem. Assim, nessa aula, convidamos você a aprender sobre o planejamento do cotidiano educacional a partir dos resultados das avaliações investigadas, de forma a causar impactos positivos nos seus alunos e gerar sentidos positivos e duradouros na aprendizagem. Dessa forma, lembre-se de que o resultado da avaliação é mais do que uma nota no boletim, mas é, especialmente, uma forma de avaliação do seu trabalho como docente. Planejamento do cotidiano escolar Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Geralmente, pensamos o planejamento como algo que se realiza antes da ação, não é mesmo? Aqui, pensaremos o planejamento como aquele que se organiza depois da avaliação. A avaliação trará resultados sobre todo o sistema de ensino, e esses resultados precisam ser utilizados para melhorar todas as práticas educacionais. Dessa forma, para começar essa discussão, de�niremos avaliação: Planejamento de ensino consiste em processo de tomada de decisões, a partir de análise de informações coletadas e/ou disponíveis, de forma a racionalizar uso de meios e recursos para atingir objetivos especí�cos pré-determinados, em situação de ensino/aprendizagem, controlando a marcha do processo instrucional. Neste conceito teve-se o cuidado de não especi�car a quem compete tomar essas decisões, porque a responsabilidade é de todos os envolvidos nos propósitos da instituição educacional como um todo. (GARCIA, 1984, p. 11) Quando um professor planeja o processo de ensino-aprendizagem, ele não deve fazer isso apenas pela intuição ou pelo bom senso, e sim baseado em dados e indicadores. A prova pode ser utilizada como uma fonte de dados para o planejamento educacional, e indicadores podem ser construídos a partir desse instrumento. Então, suponha que toda uma classe tenha errado um exercício em uma prova de Química. Na educação tradicional, era comum que os professores responsabilizassem os alunos com a�rmações, como: “esses alunos não prestam atenção”, “esses alunos não estudam” e “esses Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM não alunos não querer saber de nada”. Essas a�rmações, tão comuns nas salas dos professores, contêm graves juízes de valor e o perigoso determinismo de não reconhecer que o processo de ensino-aprendizagem não depende apenas do aluno, mas de todo o sistema de ensino. Dessa forma, o que esse exercício de Química promove de re�exão: será que efetivamente ninguém “prestou atenção”, ou talvez outros problemas tenham ocorrido? Nesse contexto, o professor pode levantar algumas hipóteses: Será que a estratégia de ensino utilizada nesse conteúdo especí�co foi efetiva? Será que, do ponto de vista cognitivo dos alunos, essa atividade é adequada para essa etapa do ensino? Os alunos possuem o conhecimento prévio necessário para resolver o exercício? Este conteúdo foi ensinado de maneira prática, de forma que os alunos atribuíssem sentido a ele, ou foi estimulada apenas a reprodução? Esse conteúdo deveria estar no currículo dessa etapa de ensino? Essas são algumas das diversas questões que devem ser objeto de re�exão do docente. E qual é o plano de ação para toda essa turma que não acertou o exercício? Tirar a nota, como faz a educação tradicional? A lógica do “tirar a nota” não produz aprendizagem, apenas medo. Cabe ao professor planejar as próximas aulas a partir desse dado que esse tópico especí�co da Química não foi compreendido. Nesse caso, o professor deve mudar sua estratégia de ensino e aprendizagem e criar maneiras de ensinar. O importante é lembrar que aprender não é reproduzir, mas atribuir sentido à realidade. Resultados da avaliação e sucesso escolar Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM É comum esse tratamento da aprendizagem em termos de “sucesso” e “fracasso”. Pense por um minuto. Quando você pensa a sua trajetória escolar, como você a considera? Você foi bem- sucedido? Essa pergunta é bastante difícil de ser respondida porque a trajetória de qualquer educando nunca é linear, ou seja, há acertos e erros. Contudo, sucesso e fracasso são conceitos típicos do mercado, muito utilizados no mercado de trabalho, então, por que os usamos para pensar em educação e aprendizagem? Sucesso e fracasso são conceitos neoliberais e são utilizados na lógica do mercado. Quem é uma pessoa bem-sucedida no mercado de trabalho? Provavelmente, uma pessoa que tem um cargo bem remunerado e de prestígio dentro de uma empresa. Esse conceito foi transposto para a educação para se referir aos alunos que “tiram boas notas”. Mas, en�m, o que signi�ca efetivamente “tirar uma boa nota”? No âmbito da educação tradicional, a boa nota implica que o aluno reproduziu o conteúdo, mas será que efetivamente houve aprendizado? E o aluno realmente atribuiu sentido àquilo que foi ensinado? O aluno foi transformado pelo conhecimento obtido ou continua o mesmo? Se o aluno não foi transformado, o que efetivamente signi�ca a “nota alta”? Frangella e Mendes (2018, p. 301) �zeram um estudo sobre o conceito de “bom resultado”, para entender políticas educacionais e explicam: A avaliação dos alunos tornou-se uma forma de introduzir fatores relativos ao mercado no sistema educativo, quando os resultados de provas, principalmente em âmbito internacional, são utilizados como meio de alocação de recursos às escolas e como forma de responsabilização dos professores. Como consequência, a preocupação com as necessidades dos estudantes foi substituída pela ênfase Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM nas performances e a cooperação entre as escolas deu lugar à competição. O investimento em critérios empresariais de e�ciência, “qualidade total” e competitividade se desenvolvem no setor público em áreas como a educação e se instauram como problemática neoconservadora para que a escola pública se estruture e seja avaliada dentro dos parâmetros da produtividade e da e�ciência empresarial. Essa introdução da linguagem mercadológica dentro da escola é um projeto e é intencional. Na educação neoliberal, o aluno precisa estar preparado para atender às demandas do mercado. Por isso, a escola precisa trazer essa lógica conservadora para a sala de aula, justamente para que o aluno saia pronto da escola para o mercado. Dessa forma, você, como futuro professor, estabeleça uma relação com seus alunos de tal forma que a avaliação não tenha como objetivo avaliar se eles são ou não bem ou malsucedidos, mas, sim, se aquilo que foi ensinado fez sentido para eles. Essa precisa ser a preocupação da sua aula. Supere a ideia de que o aluno que reproduziu corretamente na prova o que você disse em aula e colocou na lousa é o bem-sucedido. Re�etiremos tal situação para que você possa ampliar o olhar para o aluno dessa forma dicotômica, determinista e mecanicista. Neoconservadorismo em educação Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Você já ouviu algumas frases de efeitos em redes sociais como essas a seguir? “Seu sucesso só depende de você. Basta decidir ser bem sucedido”. “Sucesso é trabalhoduro e incessante; é devoção; é se perceber como parte de uma família corporativa, que atinge seus objetivos juntos”. “Não há sorte, há trabalho duro, muito trabalho e suor do rosto”. “O sucesso está nas suas mãos, basta dar o primeiro passo e nunca parar de se esforçar”. Talvez, você nunca tenha parado para pensar em qual é a relação dessas a�rmações com a avaliação, mas essa é a lógica do neoliberalismo, que está tão presente na educação. O neoliberalismo utiliza-se da ideologia do sucesso para que o trabalhador não se perceba explorado. Sob a falsa premissa de que o sucesso depende do comportamento individual exclusivamente, a falta de sucesso é atribuída ao indivíduo, e o trabalhador se exaure em suas forças física e mental em nome de um conceito de sucesso socialmente construído. A percepção de que o sucesso é algo que só depende do indivíduo é bastante equivocado. Vivemos em uma socialmente desigual e não há oportunidades iguais para todos. O sucesso pro�ssional, da forma como foi socialmente construído, depende de fatores sobre os quais o indivíduo não tem controle. A mesma lógica é absorvida pela escola, quando o docente reproduz o discurso de que basta o aluno estudar muito, prestar atenção na aula, �car “quietinho” e “sentado na cadeira”, que ele vai bem. Relacionamos disciplina com sucesso educacional, exatamente como o trabalhador na Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM linha de produção, que precisa fazer movimentos coordenados para produzir o número certo de mercadorias por hora. Mas, a�nal, onde queremos chegar com essas re�exões? Estamos mostrando que essas a�rmações, essa dicotomia e esse determinismo entre sucesso e fracasso são, na verdade, uma relação de dominação. Na a�rmação de que o aluno precisa ser disciplinado para ir bem na prova é algo que Foucault (2017) chama de biopoder, ou seja, é criar uma forma de controle sobre o comportamento do outro para criar subalternos, exatamente o que o mercado do capitalismo precisa: pessoas que aceitam receber ordens sem questionar a exploração por trás delas. A avaliação é uma forma de biopoder, pois se espera que o aluno tenha, durante determinado período do tempo, se disciplinado para estudar em sua casa e na escola, conforme as demandas do professor e, ao �nal, é responsabilizado caso não seja capaz de reproduzir o que o docente espera ser reproduzido. Dessa forma, futuro professor, é fundamental que olhemos os resultados da avaliação a partir do conceito de biopoder. Será que o resultado da avalição realmente espelha alunos fracassados e bem-sucedidos, ou é fruto de relações estabelecidas de controle sobre o outro? A aprendizagem efetiva ocorre em espaços de liberdade, criatividade e autonomia, e não em relações de subalternização. Videoaula: Avaliação na prática Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Estudante, ao �nal dessa aula, apresentamos o conceito de biopoder, de um epistemólogo francês chamado Michel Foucault. Ele usou esse conceito para desenvolver um estudo sobre as instituições disciplinares da sociedade contemporânea, das quais uma delas é a escola. Então, vamos conhecer mais sobre esse conceito? Assista ao vídeo a seguir! Saiba mais Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Que tal conhecer um estudo muito interessante que relaciona o conceito de biopoder e a educação brasileira? Leia o texto a seguir para conhecer mais sobre o pensamento de Michel Foucault: AZEVEDO, R. de O.; VEIGA-NETO, A. J. da. Biopoder, vida e educação. Pro-Posições, v. 30, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1980-6248-2017-0099. Acesso em: 21 dez. 2022. Referências https://doi.org/10.1590/1980-6248-2017-0099 Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM GARCIA, C. de M. Planejamento de ensino: fase de preparação. Educar em Revista, n. 3, p. 9-34, 1984. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0104-4060.037. Acesso em: 21 dez. 2022. FOUCAULT, M. A microfísica do poder. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra, 2017. FRANGELLA, R. de C. P.; MENDES, J. C. B. “O que é o bom resultado?” Indagando o sentido da avaliação e suas articulações curriculares. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 26, n. 99, p. 296-315, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104- 40362018002600982. Acesso em: 21 dez. 2022. Aula 3 Avaliação coletiva e sua potencialidade Introdução https://doi.org/10.1590/0104-4060.037 https://doi.org/10.1590/S0104-40362018002600982 https://doi.org/10.1590/S0104-40362018002600982 Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Começaremos essa aula pensando juntos sobre as práticas tradicionais de avaliação e a ideia da “avaliação individual e sem consulta”. Esse sistema de avaliação, que parece tão racional e simples, esconde diversas relações de poder, além de mitos sobre a aprendizagem. Trata-se de um modelo que repele a ideia de que a aprendizagem é um processo coletivo e comunicativo e que supõe que a aprendizagem implica memorização. Pense nos cientistas em um laboratório produzindo uma nova vacina. Eles criarão essa nova vacina utilizando dados já produzidos por outros cientistas sobre doenças e outras vacinas. Será que ele tem todo esse conhecimento decorado? O que é esperado desse cientista? Que ele tenha memorizado todo o conhecimento já produzido sobre vacinas, ou que ele tenha conhecimento do método cientí�co, para produzir novo conhecimento cientí�co? Certamente, que ele conheça o método cientí�co. Então, por que estamos esperando que nossos alunos memorizem? Com essa pergunta em mente, convidamos você a re�etir conosco nesta aula! O aprender como uma ação coletiva Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Iniciaremos pensando sobre cientistas debruçados na criação de uma nova vacina. Pense, por exemplo, no período da pandemia de Covid-19 e nas diversas universidades no mundo inteiro pesquisando dia e noite sobre a vacina. Será que cada indivíduo se escondia em um laboratório sozinho, sem poder consultar nenhuma outra pesquisa já feita na área e, sem nenhuma informação, criava estratégias para enfrentar a pandemia? Certamente, não! A construção do conhecimento é coletiva. Cientistas de diversas universidades, de forma conjunta, recuperavam o conhecimento já produzido sobre doenças e vacinas e criavam soluções. Nenhuma vacina que usamos hoje para essa doença foi descoberta por um cientista sozinho em um laboratório (LIMA; ALMEIDA; KFOURI, 2021). Se o conhecimento cientí�co é algo colaborativo e coletivo, que recupera outros conhecimentos já produzidos, porque esperamos que nossos alunos, nas avaliações, reproduzam sozinhos os conhecimentos? Por que estamos andando na contramão do que é efetivamente a produção do conhecimento? É nesse contexto que surge a ideia da avaliação por projeto, em que os alunos são chamados a construírem conhecimento de forma coletiva, não meramente reproduzir o que foi apresentado durante as aulas. Contudo, esse tipo de avaliação apenas faz sentido ocorrer em um ambiente educacional no qual os alunos, nas aulas, sejam sempre estimulados a construir conhecimento em sala de aula. Uma avaliação por projeto segue o seguinte caminho: Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Figura 1 | Trajetória pedagógica de uma avaliação por projetos. Fonte: elaborada pela autora. As avaliações por projetos são uma experiência multidisciplinar, porque a ciência é multidisciplinar. Será que as equipes que criaram a vacina para Covid-19 tinham todas a mesma formação? Não! As equipes eram multidisciplinares, formadas por médicos, biólogos, bioquímicos, engenheiros e outros. Então, por que fazemos provas em disciplinas estanques? Uma avaliação por projeto pode ser feita de forma multidisciplinar. Veja um exemplo. Um professor de História do ensino médio pode lançaro seguinte questionamento: quais são os efeitos da escravidão para o Brasil? Vamos pensar juntos? Esses efeitos são inúmeros, não é mesmo? O professor de História poderia convidar seus alunos a pensarem o racismo como efeito da escravidão, mas o professor de Língua Portuguesa poderia ir além e pedir que os alunos pensassem os efeitos na Literatura e nas artes. O currículo brasileiro está dividindo o conhecimento em áreas estanques. Isso ocorre porque as ciências têm um âmbito classi�catório, que levou à de�nição de áreas estanques do conhecimento, colocadas em caixinhas que pouco dialogam em sala de aula. Contudo, a solução de problemas cotidianos demanda conhecimentos multidisciplinares. Veja, por exemplo, o problema ambiental do mundo todo. Será que um único biólogo sozinho pode desenvolver soluções? De forma alguma! Uma equipe multidisciplinar é necessária. Então, precisamos parar de achar que a prova individual e sem consulta é efetiva. Avaliação como espaço de aprendizagem Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Para você, o que é aprender? Na escola tradicional, o aprender está centrado no professor que, à frente da sala, apresenta conteúdos, utiliza a lousa ou slides, enquanto os alunos passivamente ouvem e copiam. Ao �nal desse processo, o professor avalia se os alunos “aprenderam” por meio de exercícios, da tarefa e da temida prova! Mas, isso é realmente aprender? Para responder a essa pergunta, pensaremos no bebê. Comece observando essa imagem de um bebê brincando com um carrinho. Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Figura 2 | Bebê brincando com carrinho. Fonte: Freepik. O bebê empurra o carrinho e ele bate na parede. O bebê tem aí uma lição de física: o carrinho não passa pela parede. Ela não sabe formular isso como uma lei da física, mas ele não se surpreende mais quando o carrinho não passa pela parede das próximas vezes que ele o joga em direção a ela (COSTA; ALMEIDA, 2021). Esse exemplo muito simples nos ajuda a pensar sobre a aprendizagem. O bebê introjetou uma lei da física por meio de uma brincadeira, em uma situação de aprendizagem informal e sem que ele ainda tivesse linguagem para que pudesse entender caso alguém explicasse. E, acima de tudo, o bebê não fez prova. O que isso nos diz sobre a aprendizagem? Aprender é um encontro com a realidade e a posterior atribuição de sentido a ela. No exemplo que demos, a realidade do bebê é o carinho, o chão e a parede. Ao aplicar força no carrinho, este se movimenta pelo chão e bate na parede. O bebê, então, atribui sentido à sua realidade ao perceber que o carrinho não passa pela parede. Nisso, ele também aprende que o carrinho não se movimenta sozinho, pois ele precisa empurrá-lo para o brinquedo bater na parede. Isso é tão simples, porém tão difícil para as escolas fazerem. A escola deveria ser o espaço da problematização, da criação de hipóteses, da busca de soluções e de atribuição de sentido à realidade. Contudo, na sua perspectiva liberal, ela tem sido apenas um espaço no qual o aluno é preparado para o mercado de trabalho capitalista e ele não é estimulado à pesquisa e à Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM investigação, mas, sim, à reprodução. A prova, ao �nal desse processo, não estimula o pensamento cientí�co e crítico, mas é apenas um conjunto de exercícios avaliativos da capacidade reprodutora do aluno. Os cientistas, no laboratório, desenvolvendo uma nova vacina, nada farão se apenas reproduzirem o que já sabem. Eles precisam ir ao encontro da realidade, representada pelo vírus, e criar hipóteses e soluções diante de novos dados. Eles utilizam a sua capacidade criativa e de resolver problemas para isso. Será que estamos preparando nossos alunos para inovar e ser criativos quando esperamos que eles apenas reproduzam o que colocamos na lousa? A avaliação precisa ser construída como um espaço de aprendizagem, não de memória. Avaliação, pertencimento escolar e encontro com a realidade Leite e Kager (2009, p. 131, grifos dos autores) �zeram um estudo de caso sobre a avaliação tradicional e chegaram a resultados, no mínimo, assustadores sobre os efeitos dela nos alunos, conforme podemos observar a seguir: Os relatos dos alunos que vivenciaram feedback punitivos retratam as atitudes de professores diante da classe, no momento da devolução das avaliações, reprimindo e humilhando os alunos que não foram bem. Pode-se a�rmar que o núcleo Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM feedback punitivo apresenta dramáticos relatos de situações que mais potencializam a aversão dos alunos - eles se sentem invadidos, humilhados e totalmente constrangidos. O aluno que sente aversão aos processos de ensino e aprendizagem por conta dos sistemas punitivos de avaliação nunca terá um sentimento de pertencimento em relação à escola, que é tão importante na sua relação com o conhecimento. A escola lhe parece algo assustador, que lhe causa insegurança e o coloca em uma situação de ampla vulnerabilidade. Curiosamente, o medo da avaliação foi interpretado ao longo da história da educação como algo positivo, que supostamente faria o aluno estudar, ou seja, se debruçar sobre seu caderno e livro e memorizar aquele conteúdo. O medo da nota baixa é o que motivaria o aprendizado. Mas, será que não podemos constituir um padrão diferente? O aluno não poderia se apaixonar pelo aprendizado como o bebê que se aproxima de um objeto novo, que não conhece, por que a realidade lhe desperta surpresa e curiosidade? Para o bebê, a realidade causa um constante processo de surpresa cognitiva e tudo lhe interessa. Por que a escola se tornou o espaço do cansaço, do medo, de tal forma que as crianças não querem ir até ela? Onde cabe o erro, se a aprendizagem é algo que poderia ser mágico? Leite e Kager (2009) a�rmam que é fundamental mudar nossa forma de pensar sobre a aprendizagem e sobre a avaliação. A aprendizagem precisa deixar de estar centrada na reprodução do conteúdo, mas precisa ser um processo de desenvolvimento cognitivo e de afetividade. Por sua vez, a avaliação precisa deixar se ser punitiva e arbitrária, pautada no medo, para ser um diagnóstico do desenvolvimento cognitivo. Educar implica emancipar o indivíduo para estranhar a realidade e suas injustiças. Para os autores, essa educação reprodutora fecha os olhos das crianças e as silencia diante daquilo que lhe causa desconforto. Leite e Kager (2009, p. 132) explicam: Esses dois grupos de pedagogias - tradicionais e emancipadoras - representam concepções antagônicas. O primeiro grupo está preocupado com a reprodução e conservação da sociedade, propondo práticas autoritárias de avaliação. O segundo grupo assume uma perspectiva de transformação social, objetivo com o qual a educação formal pode contribuir, incluindo práticas de avaliação visando à autonomia do educando. Nosso papel, futuros docentes, muda nessa pedagogia emancipatória. Não somos o centro do processo, mas, sim, coadjuvantes na potencialização do nosso aluno. Videoaula: Avaliação coletiva e sua potencialidade Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM para assistir mesmo sem conexão à internet. Estudante, quantas re�exões, não é mesmo? E como colocar tudo isso em prática? Como podemos romper com esse sistema de avaliação que torna a aprendizagem algo tão aversivo para o aluno? Como trabalhar com o conceito de surpresa cognitiva e torna a educação um processo mágico? Vamos pensar juntos? Então, assista ao vídeo a seguir! Saiba mais Você já havia pensado sobre os efeitos nocivos que a avaliação tem no aluno e o quanto ela é punitiva? Ela pode afetar toda a relação que o aluno estabelece com a educação e com a ciência. Para se conscientizar sobre isso, leia o seguinte estudo de caso: LEITE, S. A. da S.; KAGER, S. Efeitosaversivos das práticas de avaliação da aprendizagem escolar. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 17, n. 62, p. 109-134, 2009. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-40362009000100006. Acesso em: 22 dez. 2022. Referências https://doi.org/10.1590/S0104-40362009000100006 Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM COSTA, E. G.; ALMEIDA, A. C. P. C. de. Ensino de ciências na educação infantil: uma proposta lúdica na abordagem ciência, tecnologia e sociedade (CTS). Ciência & Educação, Bauru, v. 27, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1516-731320210043. Acesso em: 22 dez. 2022. LEITE, S. A. da S.; KAGER, S. Efeitos aversivos das práticas de avaliação da aprendizagem escolar. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 17, n. 62, p. 109-134, 2009. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-40362009000100006. Acesso em: 22 dez. 2022. LIMA, E. J. da F.; ALMEIDA, A. M.; KFOURI, R. de Á. Vacina para COVID-19 – o Estado da Arte. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, v. 21, n. Suppl 1, p. 13-19, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1806-9304202100S100002. Acesso em: 22 dez. 2022. Aula 4 Organização de dados de avaliação Introdução https://doi.org/10.1590/1516-731320210043 https://doi.org/10.1590/S0104-40362009000100006 https://doi.org/10.1590/1806-9304202100S100002 Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Um professor de Matemática observa que um aluno não se concentra durante a sua aula e se distrai constantemente: fala com os colegas, desenha no caderno, pega escondido o celular, olha para cima e pensa em outras coisas. Na primeira avaliação do bimestre, o aluno “tira nota baixa” e o coordenador decide chamar os pais para um diálogo e a�rma categoricamente que o aluno “não presta atenção à aula” e, por isso, “tirou nota baixa”. Os pais �cam muito bravos com a criança e exigem que “melhore o seu comportamento” e que “preste atenção absoluta na aula”, mas explicam para o professor que seu �lho nunca “teve jeito com a matemática”, que ele é “mais de humanas”, e que o professor precisa ter mais paciência com o �lho. Você percebeu algo errado nessa narrativa? Sim, há muitos mitos perpetuados nesse diálogo e que causam grande prejuízos a esse aluno. Assim, convidamos você a acompanhar essa aula e romper com os mitos aqui sugeridos! Vamos lá? “O aluno não presta atenção na aula” Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM É muito comum associar notas baixas na avaliação com a baixa concentração na aula. De fato, ao longo dos séculos de educação tradicional, foi construído o mito da “atenção absoluta” na aula. Vamos entender juntos por que isso é um mito e os desdobramentos dele? Começaremos entendendo que não existe atenção absoluta. De-Nardin e Sordi (2007, p. 100) a�rmam que “(...) há um contínuo atenção-desatenção, quando a desatenção, caracterizada por uma suspensão no tempo, permite ao sujeito um momento de ruptura com o aqui e o agora sem perda da força de relação com o objeto/foco inicial”. Dessa forma, você, futuro professor, não deve esperar do seu aluno atenção absoluta, porque, conforme explicam os autores, a atenção funciona como ondas, ela vai e vem, e não há nada de errado nisso. Talvez, você se pergunta: então, o que faço? Se terei trinta ou quarenta alunos com atenção �uentes, como eles entenderão a minha aula? A resposta para isso é muito simples: não �que preso à aula expositiva. Há diversas outras metodologias de ensino e aprendizagem que você pode usar em diferentes momentos da sua aula, que atenderão a diferentes estilos de aprendizagem. A aprendizagem apenas pelo ouvir – típica da aula expositiva – pode excluir alunos que possuem outros estilos de aprendizagem. De-Nardin e Sordi (2007) também são críticos da própria expressão “prestar atenção”, como se fosse algo que os alunos devessem ao docente. Por isso mesmo, é preciso superar a ideia que o aluno aprende sendo passivo em sala de aula, atuando como aquele que “presta” algo ao docente. As autoras explicam que é a atuação do sujeito em sala de aula que o faz aprender, não o seu silêncio e as tentativas de atenção. Dessa forma, precisamos planejar nossas aulas de forma a favorecer a cognição inventiva, na qual o aluno seja chamado a problematizar. Sobre o conceito de cognição inventiva, De-Nardin e Sordi (2007, p. 101) explicam: Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM A atenção poderá ser, então, um ato de encontro com experiências pré-simbólicas e de invenção de problemas. Sendo assim, a atenção poderá ser pensada não apenas como um processo único e homogêneo, mas como um movimento que se modula em diferentes �uxos e por isto pode mostrar-se funcionando de formas distintas. O tema da atenção coloca o problema da cognição e do tempo, conforme enfatizam as autoras. A pergunta é: quanto tempo nossa cognição consegue simplesmente ouvir e aprender? Como cada aluno tem um tempo de concentração diferente, as autoras desenvolveram uma técnica, denominada de dinâmica de conversações comunicativo-dialógica. De-Nardin e Sordi (2007, p. 104) explicam esse protocolo como um “(...) encontro de uns com os outros, onde cada sujeito tem a possibilidade de mostrar-se pensando. Neste modo de operar, a atenção é compartilhada e a comunicação vai se constituindo de sentido a partir da coordenação de pontos de vista, devendo possibilitar situações para a invenção”. Dessa forma, a relação entre atenção e notas baixam precisa ser revista, e o resultado da avaliação deve promover uma re�exão sobre os processos de ensino-aprendizagem praticados. “Nunca teve jeito com matemática” Cabe à escola ensinar o conhecimento cientí�co, e isso é inquestionável. O conhecimento cientí�co tem características próprias na contemporaneidade, e uma delas é seu teor classi�catório. Por exemplo, o professor de Biologia ensina as espécies de animais, e o professor de Química ensina os elementos químicos classi�cados na tabela periódica. Essa é uma forma didática de aproximação com a realidade concreta, que é extremamente complexa. Nesse Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM âmbito, a ciência faz um exercício de classi�car a si mesma. Temos ciências de classi�cações diversas, mas há aquela usada na escola, em ciências exatas, biológicas e humanas (THEÓPHILO, 1998). Nenhuma classi�cação é natural e, certamente, essa classi�cação não é. Nossa cognição tem um potencial enorme de aprendizagem, e ela não está dividida em áreas. Por isso mesmo, a a�rmação de que “ele não tem jeito para matemática” ou “ele não tem jeito para artes” é pseudocientí�ca. A você, professor, cabe entender que seu aluno tem potencial para aprender tudo que ele desejar, mas que suas condições individuais de aprendizagem devem ser respeitadas. O aluno que constantemente “tira notas baixas em matemática” não é incapaz de aprender matemática, mas, talvez, a forma como você está ensinando não atenda às necessidades cognitivas dele. A ciência possibilita um encontro com a realidade concreta e promove meios de solução de problemas encontrados nessa realidade, mas será que esses problemas estão separados em caixinhas estanques dos saberes? Pense, por exemplo, no problema da enorme in�ação vivida no Brasil entre os anos 2021 e 2022. A in�ação é um dado que podemos usar a matemática para calcular, porém seu enfrentamento não é matemático, e sim político, econômico e social. Lembraremos, agora, da pandemia de Covid-19. Sim, precisamos de um médico para atender aos problemas imediatos de saúde pública, mas as soluções para a pandemia também passaram por conhecimentos de economia, sociologia, psicologia, entre tantas outras áreas. A realidade não é mecanicista como nossa ciência cartesiana. Se o enfrentamento dos problemas da realidade é multidisciplinar e a classi�cação cientí�ca é arti�cial, por que estamos constantemente rotulando nossos alunos a partir de um senso comum sobre aprendizagem e desconsiderando todo seu potenciala partir da a�rmação “ele não tem jeito para....”, ou o que é ainda pior, “ele nunca vai aprender...”? Nós, professores, precisamos desenvolver estratégias de aprendizagem que atendam às demandas cognitivas de nossos alunos. Por isso, conhecer sua turma de estudantes é tão importante. O seu aluno precisa ser protagonista da aprendizagem, então planeje suas aulas para que assim seja. Você não precisa dar uma aula expositiva para que seu aluno aprenda. Você pode apresentar problemas da realidade e pedir que o aluno o problematize a partir do conhecimento cientí�co e, nesse contexto, você medeia o acesso do aluno à aprendizagem. O mito da “nota baixa” Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Até agora você aprendeu que a atenção não é algo que se “presta” ao professor, mas, sim, algo que é conquistado por meio de atividades que façam sentido aos alunos, a partir da sua individualidade e do seu estilo de aprendizagem. Você também aprendeu que a atenção �utua e que não se deve esperar atenção absoluta dos alunos e, �nalmente, que nossos alunos têm potencial para aprender todas as áreas de conhecimento. Então, agora, pensaremos sobre o conceito de “nota baixa” e seu signi�cado educativo. A escola tradicional usa a nota da prova como o instrumento mais importante de medida de desempenho do estudante e é critério para promoção. Contudo, a prova é resultado dos processos realizados em sala de aula e, se eles não forem efetivos e não possibilitarem aos alunos atribuírem sentido à realidade, então não medem nada e as notas apenas apontam falhas no sistema de ensino. Se o professor passou o semestre apenas aplicando aulas expositivas, pedindo que os alunos copiassem da lousa e reproduzissem o que ele dizia, provavelmente, não produziu aprendizagem. Sobre isso, Natel, Tarcia e Sigulem (2013, p. 146) explicam: “Ensinar a muitos como se fosse a um só, princípio que caracterizou a escola por muito tempo, tinha por essência a padronização, a uniformização de técnicas e procedimentos e desconsiderava os modos particulares de como cada um aprendia”. Quando não respeitamos os diversos estilos cognitivos e de aprendizagem de cada aluno, estamos apagando e silenciando o aluno em nossa aula, e isso é uma forma de violência simbólica. Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM A violência simbólica é um conceito criado por Bourdieu (2010), que se refere às formas de violência em que a vítima não se reconhece como tal, porque a relação de poder foi naturalizada em dada cultura. A escola, com seu status social, legitimou o mito do professor expositor, do aluno “que não aprende porque não presta atenção”, do aluno “que não tem disciplina”, entre tantos outros. No entanto, eles são baseados em concepções pseudocientí�cas. Ao aluno, foi inserida a responsabilidade pelo seu suposto fracasso, situação que foi avaliada com base nessas percepções falsas sobre aprendizagem e sobre violência simbólica, porque não se sabe que esse modo de olhar para a aprendizagem faz parte de um projeto de educação falho. A violência simbólica não é feita com base em coação física, mas em uma crença imposta como válida por um determinado grupo que tenha poder e legitimidade em uma sociedade e cujo discurso seja inquestionável. O discurso da escola é validado como correto, e o aluno, que é culpado pelo seu fracasso, é apenas uma vítima de um sistema que gerou esse fracasso. O sistema educacional tem um capital simbólico que foi naturalizado e espera-se que o professor aplique provas e que o aluno tenha seu desempenho medido a partir dela. É hora de nós, professores, rompermos com esses mitos, para que não sejamos nós a praticar violência simbólica. Videoaula: Organização de dados de avaliação Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Nesta aula, apresentamos o conceito de violência simbólica e como determinadas práticas de ensino e aprendizagem e avaliação podem ser consideradas formas de violência simbólica. Mas, como diferenciar outras formas de violência, como a violência simbólica? E como avaliar quais práticas escolares promovem violência simbólica? Compreenderemos tudo isso nessa aula. Vamos lá? Saiba mais Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Você estudou o conceito de violência simbólica, desenvolvido por Pierre Bourdieu, para compreender situações de violência naturalizada, em que a vítima não se percebe em uma relação de violência. Sobre isso, estude o texto a seguir: BISPO, F. S.; LIMA, N. L. de. A violência no contexto escolar: uma leitura interdisciplinar. Educação em Revista, v. 30, n. 2, p. 161-180, 2014. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102- 46982014000200008. Acesso em: 26 dez. 2022. Referências https://doi.org/10.1590/S0102-46982014000200008 https://doi.org/10.1590/S0102-46982014000200008 Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM BOURDIEU, P. O poder simbólico. São Paulo, SP: Bertrand Brasil, 2010. DE-NARDIN, M. H.; SORDI, R. O. Um estudo sobre as formas de atenção na sala de aula e suas implicações para a aprendizagem. Psicologia & Sociedade, v. 19, n. 1, p. 99-106, 2007. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-71822007000100014. Acesso em: 26 dez. 2022. NATEL, M. C.; TARCIA, R. M. L. de; SIGULEM, D. A aprendizagem humana: cada pessoa com seu estilo. Rev. psicopedag., v. 30, n. 92, p. 142-148, 2013. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 84862013000200008&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 26 dez. 2022. THEÓPHILO, C. R. Algumas re�exões sobre pesquisas empíricas em contabilidade. Caderno de Estudos, n. 19, p. 1-8, 1998. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1413-92511998000300001. Acesso em: 26 dez. 2022. Aula 5 Revisão da unidade Avaliação e emancipação https://doi.org/10.1590/S0102-71822007000100014 http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862013000200008&lng=pt&nrm=iso http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862013000200008&lng=pt&nrm=iso https://doi.org/10.1590/S1413-92511998000300001 Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Olá, estudante! Que tal revisar os conceitos que aprendemos nesta unidade? Começaremos relembrando que precisamos entender a educação brasileira e o espaço que a avalição ocupa a partir do contexto histórico, pois a educação estabelece uma relação dialética com a sociedade e, portanto, reproduz suas instituições. Hoje, a escola e suas práticas estão inseridas no contexto do neoliberalismo e da sociedade disciplinar da qual nos fala Foucault (2017). Dessa forma, precisamos entender a avaliação como um mecanismo disciplinar. Mas, como é que a prova disciplina? E por quê? E quem é disciplinado? Para entender isso, precisamos avaliar a escola como um produto do sistema capitalista e como um instrumento de preparação de mão de obra para esse sistema. Então, pensaremos juntos: de que mão de obra o capitalismo precisa? O sistema capitalista precisa de pessoas que sejam capazes de desenvolver uma atividade por oito horas, com concentração e foco, de forma a entregar resultados constantes. Desde o trabalho na fábrica até o gerente de uma grande empresa: todos têm uma ampla jornada de trabalho, da qual se esperam resultados e�cientes e ações úteis. A escola é muito boa em fazer isso, porque ela “docilizada os corpos”, conforme explica Foucault (2017, p. 234). Ela exige que o aluno �que sentado em silêncio, ouvindo o professor, copiando da lousa e fazendo exercícios. Ele precisa ter autorização para ir ao banheiro e há horários para começar e terminar de comer. O resultado que se espera é a “nota alta” na prova. Mas, como é que o aluno obtém essa nota alta? No discurso pseudocientí�co da escola, ele obtém a nota alta quando consegue cumprir todos os rituais: o silêncio, o “bom comportamento”,a “atenção absoluta” e todos esses outros conceitos que aprendemos, que são mitos. Ao �nal do processo, espera-se que o aluno seja capaz de reproduzir os conteúdos apresentados pelo docente. Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM É por isso mesmo que esse modelo arbitrário de avaliação é considerado uma forma de violência simbólica, dentro da Teoria da Reprodução de Bourdieu (2014). A escola, quando responsabiliza o aluno pela “nota baixa”, ignora que ela é resultado de todo um sistema que tem um projeto que apenas pode levar ao fracasso, porque, ainda que o aluno “tire nota boa”, isso apenas signi�ca que ele foi disciplinado, docilizado e que reproduziu adequadamente os conteúdos. Videoaula: Revisão da unidade Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Caro aluno, uma avaliação pode parecer apenas um pedaço de papel com questões impressas, porém ela é muito mais! Ela é um produto histórico de um sistema econômico que reproduz relações sociais desiguais e injustas. A prova e seus resultados re�etem essa exclusão. Então, pensaremos mais sobre isso, com base em dois importantes autores: Michel Foucault e Pierre Bourdieu. Estudo de caso Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Imaginaremos juntos que você é professor de Ciências da Natureza em uma turma do 3º ano do ensino fundamental. Suponha que você esteja trabalhando, conforme a BNCC (2018), o seguinte: Unidade Temática: Terra e Universo. Objeto de conhecimento: Usos do solo. Habilidades: (EF03CI09) Comparar diferentes amostras de solo do entorno da escola com base em características como cor, textura, cheiro, tamanho das partículas, permeabilidade etc.; (EF03CI10) Identi�car os diferentes usos do solo (plantação e extração de materiais, dentre outras possibilidades), reconhecendo a importância do solo para a agricultura e para a vida. Você tem trabalhado há diversas aulas com a temática “Uso do solo” e fez a atividade proposta pela BNCC (2018), que consistia em as crianças avaliarem o solo do parquinho da escola. Eles se divertiram muito com essa atividade e aprenderam o conceito de permeabilidade. Você mostrou que, quando a água cai na areia do parquinho, ela é absorvida pelo solo, mas que isso não acontece nas ruas, porque o piche não é permeável. Daí você explicou o papel dos bueiros, que é fazer a drenagem urbana. Agora, você dará uma prova, mas quer que seja uma prova baseada em projeto. Para isso, você criará uma problematização baseada em um problema real. Para isso, você mostra esta imagem: Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Figura 1 | Inundação. Fonte: Freepik. O objetivo dessa avaliação é que os alunos compreendam que a imagem representa uma inundação e que, a partir dos conceitos aprendidos sobre o solo, eles consigam entender por que há tantas inundações nas cidades brasileiras e como solucionar esse problema. Para problematizar ainda mais, você mostra essa imagem aos seus alunos e solicita que eles indiquem a relação entre as duas imagens: Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Figura 2 | Lixo urbano. Fonte: Freepik. O que você quer que os alunos compreendam é que o lixo urbano, criando barreiras nos bueiros, impede a drenagem da chuva e aumenta o risco de inundações. Como o solo não é permeável e os bueiros estão entupidos, então não há por onde a água ser drenada e ela se acumula nas ruas. Considerando tudo que você aprendeu nesta unidade, como elaboraria essa avaliação por projetos? E como poderia usar os resultados? ______ Re�ita A avaliação não pode ser um instrumento de mera reprodução de conhecimentos e não deve ter função punitiva. Ela deve ter um aspecto formativo e diagnóstico, para que, depois de aplicá-la, você tenha informações sobre como planejar seus próximos passos e criar um plano de ação. E então, vamos pensar em como planejar essa avaliação e como utilizar seus resultados? Videoaula: Resolução do estudo de caso Este conteúdo é um vídeo! Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. O objetivo dessa avaliação por projetos não é veri�car se o aluno consegue reproduzir as aulas que você ministrou e memorizou os tipos de solo, mas, sim, avaliar se ele consegue problematizar soluções sobre a vida urbana e seus desa�os, a partir dos problemas gerados pelo uso inadequado do solo urbano. Vamos pensar juntos: qual é o sentido de o aluno memorizar os nomes dos solos e suas características, se ele não tem uma percepção sobre a prática de todas essas informações? Dessa forma, para essa avaliação, peça que o aluno relacione estes três elementos: Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Figura 3 | Elementos a serem problematizados. Fonte: elaborada pela autora. O objetivo é que o aluno relacione que o solo urbano, o asfalto, não é permeável, e que as construções feitas pelo homem di�cultam o escoamento da água da chuva. Ele deve perceber que os bueiros é que permitem o escoamento da água, mas que, quando estão cheios de lixo, a água acaba �cando acumulada nas ruas, causando as inundações. Convide seu aluno a pensar soluções para isso e o incentive a pensar sobre a responsabilidade da própria sociedade em jogar o lixo no lugar certo. O resultado dessa avaliação é um conjunto de ideias e soluções apresentados pelos alunos. Você avaliará a capacidade deles de relacionar elementos dentro de um problema social, perceber os responsáveis pelos problemas e propor soluções. São essas operações cognitivas complexas que importam, e não se os alunos memorizaram informações. E o que você pode fazer a partir dos resultados? Você pode veri�car se os alunos já conseguem estabelecer essas relações. Se você perceber que sim, já sabe que pode ir além e apresentar conteúdos que estabeleçam relações mais complexas entre si. Caso você note que eles ainda não conseguem estabelecer essas relações, então não avalie isso como “erro” ou “fracasso escolar”, mas, sim, como uma percepção de como construir planos de ação posteriores. Se os alunos ainda não se mostrarem preparados para essa avaliação, o objetivo é fazer mais exercícios como esse em sala de aula, a partir de outras situações cotidianas e práticas, que envolvam questões que façam sentido para eles. Resumo visual Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Referências BOURDIEU, P. A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. Rio de Janeiro, RJ: Vozes, 2014. BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/. Acesso em: 22 dez. 2022. FOUCAULT, M. A microfísica do poder. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra, 2017. , Unidade 4 Resultados da avaliação: partindo para a ação Aula 1 Encontrando os dados para o planejamento Introdução http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/ Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM A aula de hoje enfoca o início do processo de gestão da aprendizagem dos educandos. O ponto de partida é conhecer e retomar algumas propostas avaliativas que servem de base para organizar o planejamento e desenvolver as práticas pedagógicas, tais como: a avaliação diagnóstica; um dos indicadores externos mais importantes: o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica); a avaliação formativa; e um dos seus instrumentos mais completos, o portfólio. Em seguida, discutiremos o desenvolvimento de competências e habilidades propostas na BNCC para que o professor possa ter mais subsídios ao preparar seu planejamento e executar práticasde ensino e aprendizagem signi�cativas. Coletando dados iniciais para o planejamento: a avaliação diagnóstica Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Você, alguma vez, já lembrou como foram os seus primeiros dias na escola, quando começava um novo ano letivo? Os professores perguntavam sobre o que você tinha estudado no ano anterior ou o que tinha aprendido? Buscar conhecer as aprendizagens consolidadas dos educandos é um processo bastante novo no cenário educacional, mas é essencial para que o professor possa gerir a aprendizagem de seus educandos. Todo processo de ensino e aprendizagem tem começo, meio e �m. Nesse processo, há objetivos a serem alcançados, ou seja, o �m. Há uma forma de alcançá-los, ou seja, o meio – proposta metodológica e práticas pedagógicas. Mas, o início do processo é o mais importante, pois é o ponto de partida, é o momento em que todos (professor, educando e família) se alinham para alcançar os objetivos. A melhor forma de fazer isso é compreendendo o que os educandos já sabem para não precisar retomar os conhecimentos, para que o processo não �que moroso, ao mesmo tempo que se evidenciam aqueles que precisam de suporte para retomar alguma aprendizagem. Essa prática pedagógica inicial é chamada avaliação diagnóstica e deve ocorrer sempre que se inicia um novo ciclo de aprendizagem, como o ano letivo, por exemplo. A avaliação diagnóstica é parte de um conjunto de avaliações no processo de ensino- aprendizagem e possui uma importância vital para sua qualidade, permite que todos (docente, discente e sistema de ensino) possam se autocompreender, diagnosticando de�ciências e capacidades e direcionando ações corretivas. É importante que os docentes tenham clara a de�nição de avaliação diagnóstica, que este é o princípio da avaliação da aprendizagem dos alunos, que através dela serão diagnosticadas Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM di�culdades e posteriormente, sanar di�culdade e promover o desenvolvimento dos discentes, oferecendo recursos para reorientá-los a uma aprendizagem satisfatória. (RIBEIRO, 2010, p. 6) Assim, o professor deve se ocupar em construir uma avaliação diagnóstica consistente e atualizada, conectada com o cotidiano e o contexto de vida dos educandos. Batista et al. (2005) indica que a construção de uma avaliação diagnóstica deve partir de uma matriz de referência, ou seja um documento que apresente as capacidades que o educando já deveria ter conquistado. Pode-se usar a própria BNCC (BRASIL, 2017) para buscar tais informações. Em seguida, o professor elabora as atividades que serão aplicadas e as desenvolve aos educandos. Deve-se cuidar para que as atividades tenham vários formatos e que permitam ao aluno se expressar de várias formas, utilizando as múltiplas linguagens. Ao �nal, o professor preenche uma tabela com as capacidades avaliadas e o nível que o educando atingiu em cada uma: se o domínio está consolidado, se é parcial ou se não há domínio. É assim que o professor obtém os dados para iniciar seu planejamento. Os resultados da avaliação diagnóstica devem ser apresentados aos educandos, para que haja clareza sobre seu momento de aprendizagem e para que ele possa participar colaborativamente do processo de construção dos novos objetivos de aprendizagem. Deve ser também apresentado aos pais ou familiares das crianças, para construir laços de parceria entre escola e comunidade. Outros dados fundamentais para a gestão da aprendizagem dos educandos: a BNCC e o IDEB Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM A gestão da aprendizagem tem início com a coleta de dados realizada na avaliação diagnóstica, que subsidia a construção do planejamento de ensino do professor. Mas, a situação que se apresenta é que a avaliação diagnóstica diz respeito à perspectiva particularizada da turma que está em análise, considerando apenas esse micro contexto. A educação escolar, de forma geral, precisa corresponder a uma perspectiva maior, em termos nacionais. Ou seja, embora o professor seja o gestor da aprendizagem e o responsável por estabelecer os objetivos de aprendizagem para sua turma, há uma diretriz maior, normativa, que aponta os objetivos educacionais que devem ser atingidos em todo o território nacional. Você encontra esses objetivos na Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2017). Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM A BNCC organiza-se por segmento (educação infantil, ensino fundamental anos iniciais e �nais e ensino médio). No caso da educação infantil, apresenta os campos de experiências para bebês, crianças bem pequenas e crianças pequenas. Nos demais segmentos, apresenta as competências, habilidades e objetivos de aprendizagem por área e componentes curriculares, indicando as séries de 1º a 9º ano do ensino fundamental e do 1º ao 3º ano do ensino médio. Quando o professor começa a juntar os elementos para construir seu planejamento, além dos resultados da avaliação diagnóstica e da proposta da BNCC, ele também precisa se preocupar, ao menos, com um indicador externo, chamado IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (INEP, 2022). Vamos esclarecer o que signi�cam esses indicadores externos de avaliação da aprendizagem. Quando uma avaliação de aprendizagem é realizada na escola, por um professor, tal como uma avaliação diagnóstica ou uma avaliação formativa, ela é entendida como um indicador interno, ou seja, os dados coletados são utilizados para compreender o panorama da aprendizagem de uma turma ou de um educando dentro da própria escola. Há avaliações amplas, realizadas por sistemas municipais, estaduais, federais e até mesmo internacionais. Essas avaliações são indicadores externos, que permitem à escola entender se está desenvolvendo a aprendizagem em um nível acima, igual ou inferior a esses indicadores. Nesses casos, as avaliações são elaboradas por consultores ou agentes de órgãos públicos especí�cos e aplicadas em um determinado número de escolas (por amostragem) ou em todas as escolas. Por exemplo: O SAEB – Sistema de Avaliação da Educação Básica é composto por avaliações aplicadas nas escolas públicas e facultativo às escolas particulares, em séries especí�cas, focalizando língua portuguesa e matemática. Os resultados do SAEB mais os resultados do Censo Escolar compõem o IDEB. Um estado também pode realizar sua avaliação de larga escala. Por exemplo, em São Paulo, há o SARESP – Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo. Há indicadores internacionais, que comparam os resultados entre diversos países. Um dos mais conhecidos é o PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes). O IDEB, como indicador externo nacional, considera que notas superiores a seis são boas, pois correspondem a médias internacionais. A média brasileira, em 2021, �cou em 5,8 em escolas públicas, e 7,1 nas particulares (INEP, 2022). Isso mostra ao professor que é importante conhecer as provas do último SAEB para entender as capacidades que foram avaliadas e nas quais os alunos não conseguiram demonstrar aprendizagem. Esses são dados importantes que precisam ser considerados no planejamento do professor. A gestão da aprendizagem e a avaliação formativa Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM A avaliação continua sendo fundamental para o processo de ensino e aprendizagem, porém não mais a diagnóstica, que já cumpriu o seu papel no início do ciclo de aprendizagem, trazendo as informações necessárias para que o professor pudesse planejar as ações pedagógicas. A prática pedagógica insere-se no campo da metodologia e da didática, que norteiam as ações do professor e que orientam para a constituição de aprendizagens signi�cativas. Para evidenciar a aprendizagem dos educandos, há uma série de instrumentos que podem ser utilizados, consistindo no que conhecemos como avaliação formativa. […] consideramos que a avaliação formativa está preocupada em compreender o que e como os alunos aprendem;do mesmo modo, o que, o porquê, o como e o para quem o professor ensina. Ao de�nir esses aspectos, de�ne-se o papel que a avaliação desempenhará no processo ensino-aprendizagem. […] a avaliação formativa pode ser considerada como uma modalidade de avaliação fundamentada no diálogo, pois implica um processo permanente de re�exão, de ação contínua, processual e permanente em que ensino e aprendizagem são avaliados e redirecionados. Caracteriza-se como processual, colaborativa, �exível, pois ultrapassa os limites da sala de aula, contribuindo para que o professor se volte tanto para os processos individuais de seus alunos, como para o grupo e para a sua prática. (CAMARGO, 2014, p. 60-61) Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Avaliação formativa é, portanto, um processo de acompanhamento do desenvolvimento da aprendizagem do educando, sobre o qual o professor deve re�etir e reorganizar a ação pedagógica, caso seja necessário. Esse tipo de acompanhamento é realizado regularmente, empregando-se vários instrumentos: exercícios, pesquisas, seminários, redações, apresentações, entre outros, mas gostaríamos de destacar o instrumento chamado portfólio. O portfólio ganha muito destaque no âmbito da avaliação formativa, pois é um método avaliativo amplo que integra uma diversidade de métodos de avaliação como, por exemplo, os registros fotográ�cos, diários de aprendizagem, relatos narrativos, registros sistemáticos de todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, registros de caso e gravações de áudio e vídeo. (CAMARGO, 2014, p. 72) Portfólio é um termo associado à apresentação de trabalhos artísticos, arquitetônicos, decorativos e até mesmo no campo da engenharia e fotogra�a. No âmbito escolar, o portfólio tem uma proposta diferenciada: trata-se de um conjunto de produções realizadas pelo educando, que ele organiza em uma pasta ou em uma caixa, podendo também ser em modelo digital (pasta, blog, site), que evidenciam os conhecimentos, as competências e habilidades construídas, e que também demonstram as estratégias utilizadas pelo professor. Não se trata de uma coleção de tudo o que foi feito, mas daquilo que foi mais signi�cativo para o educando, que ele documenta e, de alguma forma, registra a importância (CAMARGO, 2014). A partir da construção do portfólio, o professor pode acompanhar mais proximamente o percurso de aprendizagem de seus educandos e reorganizar seu planejamento, caso seja necessário, para viabilizar melhores e maiores aprendizagens, gerindo, dessa forma, o processo de aquisição de conhecimentos e de desenvolvimento de competências e habilidades dos educandos sob sua responsabilidade. Videoaula: Encontrando os dados para o planejamento Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Neste vídeo, você compreenderá a função de dois modelos de avaliação para a gestão da aprendizagem dos alunos: o modelo diagnóstico, que visa subsidiar o professor com as informações necessárias para a elaboração de seu planejamento, e o modelo formativo, cuja proposta é acompanhar o desenvolvimento da aprendizagem, proporcionando re�exão e melhorias na gestão de aprendizagem dos educandos. Você também conhecerá alguns indicadores de avaliação externos e aprofundará o estudo sobre o portfólio, um instrumento de avaliação formativa. Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Saiba Mais Neste artigo, as autoras apresentam três modalidades de avaliação: a diagnóstica, a formativa e a somativa, discutindo cada uma de suas funções. O destaque se dá na perspectiva da avaliação formativa voltada para o ensino fundamental, compreendendo sua importância para a gestão da aprendizagem dos educandos. PANTOJA, P. F.; FREITAS, S. P. da E.; SILVA, G. A. da. Avaliação formativa como ação signi�cativa do processo de aprendizagem no ensino fundamental I. Cairu em Revista - Sociedade, Educação, Gestão e Sustentabilidade. n. 11, a. 7, dez. 2018. Disponível em: https://www.cairu.br/revista/arquivos/artigos/20182/art_02.pdf Acesso em: 4 jan. 2023. Referências https://www.cairu.br/revista/arquivos/artigos/20182/art_02.pdf Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/ Acesso em: 22 dez. 2022. BATISTA, A. A. G. et al. Avaliação diagnóstica da alfabetização. Belo Horizonte : Ceale/FaE/UFMG, 2005. 88 p. (Coleção Instrumentos da Alfabetização 3). Disponível em: https://www.ceale.fae.ufmg.br/�les/uploads/instrumentos%20da%20alfabetiza%C3%A7%C3%A3 o/Col-Instrumentos-03_AvaliacaoDiagnostica.compressed.pdf Acesso em: 14 dez. 2022. CAMARGO, C. C. O. de. Métodos de avaliação formativa: desatando nós e alinhavando possibilidades. 2014. 354f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Uberlândia - MG, vinculada à Área de Concentração Saberes e Práticas em Educação, Uberlândia: UFU, 2014. Disponível em: https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/13970/1/MetodosAvaliacaoFormativa.pdf Acesso em: 4 jan. 2023. INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). 2022. Disponível em: https://www.gov.br/inep/pt- br/areas-de-atuacao/pesquisas-estatisticas-e-indicadores/ideb Acesso em: 4 jan. 2023. PANTOJA, P. F.; FREITAS, S. P. da E.; SILVA, G. A. da. Avaliação formativa como ação signi�cativa do processo de aprendizagem no ensino fundamental I. Cairu em Revista - Sociedade, Educação, Gestão e Sustentabilidade. n. 11, a. 7, dez. 2018. Disponível em: https://www.cairu.br/revista/arquivos/artigos/20182/art_02.pdf Acesso em: 4 jan. 2023. RIBEIRO, L. P. Avaliação diagnóstica: uma breve re�exão. Governo do Estado do Paraná / Dia a Dia Educação, 2010. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2010/20 10_fa�pa_ped_artigo_ledacy_paiva_ribeiro.pdf Acesso em: 4 jan. 2023. http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/ https://www.ceale.fae.ufmg.br/files/uploads/instrumentos%20da%20alfabetiza%C3%A7%C3%A3o/Col-Instrumentos-03_AvaliacaoDiagnostica.compressed.pdf https://www.ceale.fae.ufmg.br/files/uploads/instrumentos%20da%20alfabetiza%C3%A7%C3%A3o/Col-Instrumentos-03_AvaliacaoDiagnostica.compressed.pdf https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/13970/1/MetodosAvaliacaoFormativa.pdf https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/pesquisas-estatisticas-e-indicadores/ideb https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/pesquisas-estatisticas-e-indicadores/ideb https://www.cairu.br/revista/arquivos/artigos/20182/art_02.pdf http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2010/2010_fafipa_ped_artigo_ledacy_paiva_ribeiro.pdf http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2010/2010_fafipa_ped_artigo_ledacy_paiva_ribeiro.pdf Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Aula 2 Identi�cando as competências e as habilidades não atingidas Introdução Olá, estudante! Você já sabe o que acontece após a avaliação diagnóstica: o professor tem os dados para construir seu planejamento. Porém, há situações do contexto que precisam ser cuidadas, pois são os desa�os mais complexos que o professor pode enfrentar. Imagine uma sala com trinta e cinco estudantes no primeiro ano do ensino fundamental. Imagine que há cinco grupos, cada qual em um estágio de aprendizagem. Nesta aula, estudaremos o processo de gestão de aprendizagem e dois grandes desa�os: a heterogeneidade e o grande número de alunos presentes em sala de aula. Mas, será que esses são grandes desa�os ou grandes oportunidades? Descubra nesta aula! Desa�os da gestão da aprendizagem Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Olá, estudante! Para começar estaaula, convido você a fazer um processo de recordação. Você se lembra como era estudar no ensino fundamental anos iniciais, entre o primeiro e o quinto ano (talvez, entre a primeira e a quarta série)? Você se lembra de seus colegas e se todos conseguiam fazer o percurso de aprendizagem da mesma forma? Todos conseguiam aprender o que o professor ensinava e as notas que obtinham eram semelhantes? Ou será que havia um grupo que aprendia bastante e de forma rápida e outro grupo que não conseguia aprender o su�ciente para obter uma nota mediana? É capaz que você tenha vivido algumas experiências como esta, algumas vezes estando no grupo em que a aprendizagem era construída mais facilmente e, algumas vezes, participando do grupo que não tinha muita facilidade. Por que é importante fazer esta re�exão? Porque a realidade da sala de aula é mais complexa do que os estudos teóricos conseguem explanar. Assim, em uma sala de aula, há uma marcante heterogeneidade entre os alunos. Alguns precisam de menos suporte e são autodirigidos, outros precisam de um suporte maior ou de mais tempo. Alguns compreendem a linguagem oral e escrita tranquilamente, outros precisam aprender por meios diversos, através de desenhos, esquemas, raciocínio lógico, assistindo a �lmes ou mesmo ouvindo. Como o professor pode trabalhar em meio a esta grande diversidade? Como conciliar sua proposta quando sua turma possui um grande número de alunos e apresenta heterogeneidade em relação aos conhecimentos? Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Em primeiro lugar, entenderemos o motivo de estes dois aspectos serem grandes desa�os para o professor. A escola não foi preparada para atender à heterogeneidade. A forma como foi constituída ao longo dos séculos visa à formação de indivíduos de forma padronizada, isto é, acolhe quem atende a um padrão esperado e desvaloriza quem não segue o mesmo padrão. Assim, os mecanismos e as práticas pedagógicas não foram pensados para atender à heterogeneidade da sala de aula, que também pode ser considerada como diversidade ou multiculturalismo (ISHIKAWA, 2014). Neste sentido, o trabalho de atender à demanda de um público heterogêneo recai sobre a responsabilidade do professor e da equipe de gestão, que precisa pensar em práticas diversi�cadas e envolventes, compreendendo que nem todos os educandos se desenvolverão ao mesmo tempo, de forma padronizada. Assim, para o atendimento das necessidades educativas de seus alunos, muitas vezes, o professor precisa pensar em propostas mais dirigidas e, por vezes, individualizadas, o que nos conduz a outro desa�o: a quantidade de educandos em sala de aula. Como desenvolver o olhar individualizado para demandas diversi�cadas, principalmente nas séries iniciais do ensino fundamental, momento em que os educandos ainda estão desenvolvendo sua autonomia e independência? Esses desa�os re�etem não apenas a proposta de uma escola que ainda não se evoluiu para atender às demandas sociais mas também a carência na formação de professores que se sentem despreparados para enfrentar tais desa�os. No próximo bloco, discutiremos como o professor pode reverter esses desa�os e entendê-los como oportunidades. Transformando os desa�os em oportunidades pedagógicas Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL, 2018), documento normativo que orienta a proposta curricular e pedagógica em todo o território nacional, é bastante clara em relação aos objetivos da educação básica: desenvolver habilidades e competências a partir de aprendizagens essenciais. Parte-se do princípio de que as crianças possuem saberes prévios, mas nem todos foram constituídos na escola, o que gera a diversidade e a heterogeneidade entendidas como desa�antes. Atualmente, a escola não tem mais o papel de preparar os indivíduos para o mercado de trabalho, mas para a vida, para os desa�os do cotidiano e para o desenvolvimento global e integral do indivíduo, ou seja, não há mais a ideia de separar quem seguirá os estudos e quem não tem per�l ou capacidade para isso (ISHIKAWA, 2014). Esta é a grande transformação que o professor precisa compreender: não estará mais à frente de um público heterogêneo e seu trabalho não é homogeneizar este público, é respeitar as diferenças e proporcionar oportunidades para que os educandos aprimorem suas competências e habilidades, a partir de aprendizagens signi�cativas. Na verdade, a educação é um direito de todos e um dever do Estado e da família, conforme aponta a Constituição Federal (BRASIL, 1988), ou seja, não há um parâmetro que limite o acesso e a permanência na escola, por este motivo, é preciso trabalhar com o acolhimento a todos os educandos. Também aponta a BNCC: Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM A BNCC a�rma, de maneira explícita, o seu compromisso com a educação integral. Reconhece, assim, que a Educação Básica deve visar à formação e ao desenvolvimento humano global, o que implica compreender a complexidade e a não linearidade desse desenvolvimento, rompendo com visões reducionistas que privilegiam ou a dimensão intelectual (cognitiva) ou a dimensão afetiva. Signi�ca, ainda, assumir uma visão plural, singular e integral da criança, do adolescente, do jovem e do adulto – considerando-os como sujeitos de aprendizagem – e promover uma educação voltada ao seu acolhimento, reconhecimento e desenvolvimento pleno, nas suas singularidades e diversidades. Além disso, a escola, como espaço de aprendizagem e de democracia inclusiva, deve se fortalecer na prática coercitiva de não discriminação, não preconceito e respeito às diferenças e diversidades. (BRASIL, 2018, p. 14) O que parecem ser desa�os podem ser transformados em oportunidades. O número de alunos em sala de aula e a diversidade de saberes (heterogeneidade) propiciam que ocorram trocas entre educandos, em que um auxilia o outro, apoiando o professor no processo de ensino e aprendizagem e desenvolvendo a competência número nove da BNCC: Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de con�itos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. (BRASIL, 2018, p. 10) Assim, o que parece ser um desa�o é, na verdade, uma oportunidade de desenvolvimento coletivo e que atende a, no mínimo, uma proposta da BNCC. O professor precisa fazer a mediação do processo e orientar a proposta de trabalho, com práticas pedagógicas que valorizem a heterogeneidade e o número de alunos em sala de aula. É o que estudaremos no bloco seguinte. Gestão da aprendizagem: desenvolvendo competências e habilidades em turmas grandes e heterogêneas Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Olá, estudante! Já que um desa�o pode ser transformado em uma oportunidade, como o professor pode atuar pedagogicamente neste sentido? A BNCC aponta que os objetivos e �ns da educação são desenvolver competências e habilidades a partir de aprendizagens essenciais: Competência é de�nida como a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. (BRASIL, 2018, p. 8) Assim, cabe ao professor organizar práticas pedagógicas que conduzam o processo educativo ao encontro da proposta da BNCC. Ishikawa (2014) recomenda o desenvolvimento de atividades em grupos heterogêneos, nos quais estejam presentes educandos com diferentes conhecimentos. Isso proporciona trocas, crescimento coletivo, aprendizagem diversi�cada e desenvolvimento de competências e habilidades. Os trabalhos em grupo podem ser: Pesquisa: produção de um trabalho escrito em relação a um tema interessante e motivador. Seminário: apresentação oral de um trabalhoescrito – além de produzir o trabalho, o grupo pode apresentar para a sala ou outros grupos. Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Aprendizagem em pares: formar grupo de dois integrantes, para que um ajude o outro no processo de ensino e aprendizagem. Rodízio por estações: o professor forma grupos de alunos e algumas estações de aprendizagem, nas quais estão dispostas várias propostas (em uma estação, estão livros didáticos e exercícios, para que os alunos leiam e respondam; em outra estação, está um aparelho de televisão ou um projeto, que apresenta um vídeo e uma tarefa para o grupo; em outra estação, estão os materiais necessários para realizar um experimento em relação ao que se está estudando e o grupo precisa preencher um relatório etc.). Grupo de estudo extracurricular: agrupamento de educandos que se interessam por um mesmo tema e realizam pesquisas extras – não necessariamente precisam ser da mesma turma e podem realizar seus estudos além do horário escolar. Além disso, em salas numerosas, pode ser necessária uma atenção especial a um educando ou a um pequeno grupo de educandos. A avaliação formativa ajuda a identi�car estas necessidades. Nestes casos, o professor também pode realizar propostas de instrução especí�ca para educandos que precisam de um suporte pedagógico adicional, para potencializar uma aprendizagem essencial, por exemplo, melhorar a habilidade de compreensão de leitura (interpretação de texto). Para isso, o professor prepara uma série de atividades especiais e apresenta aos educandos. Essas atividades podem ser feitas em sala de aula ou em casa, com parceria da família. E colegas com mais experiência podem ajudar a desenvolvê-las. Ao �nal desta aula, é preciso re�etir sobre um detalhe a respeito da heterogeneidade em turmas numerosas. Aqui, abordamos a heterogeneidade em relação ao conhecimento, às habilidades e às competências, porém a heterogeneidade pode se relacionar a aspectos culturais, econômicos, étnicos, políticos, entre outros. O professor precisa �car atento a estas situações e promover atividades de integração, respeito e valorização às diferenças. Videoaula: Identi�cando as competências e as habilidades não atingidas Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Olá, estudante! Neste vídeo, você entenderá como os desa�os relacionados a grupos de alunos numerosos e heterogêneos podem ser transformados em oportunidades para o desenvolvimento de competências, habilidades e atitudes, além da aquisição de conhecimentos signi�cativos. Também, serão apresentadas possibilidades de práticas pedagógicas que favoreçam a Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM aprendizagem e o desenvolvimento em grupo, com respeito aos diferentes estilos de aprendizagem de cada aluno. Saiba Mais Lev Vygotsky, psicólogo e pesquisador russo, desenvolveu uma teoria de aprendizagem que você precisa se apropriar ao longo da sua formação. Este autor estuda a mediação da aprendizagem a partir de um indivíduo que sabe mais em relação ao outro que sabe menos. Para ele, esta é a melhor forma de desenvolver a aprendizagem: indivíduos com conhecimentos, competências e habilidades diferentes, que se ajudam mutuamente. Para conhecer mais sobre esta teoria, recomendamos a leitura deste artigo, que traz a explicação sobre a zona de desenvolvimento proximal, nome que Vygotsky deu ao espaço de aprendizagem mediado por um indivíduo com conhecimentos diferenciados. ALVES, J. M. As formulações de Vygotsky sobre a zona de desenvolvimento proximal. Amazônia: Revista de Educação em Ciências e Matemáticas, v. 1, n. 1, 2005. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/5870383.pdf. Acesso em: 6 jan. 2023. Referências https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/5870383.pdf Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Congresso Nacional, [2023]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 6 jan. 2023. BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/. Acesso em: 22 dez. 2022. ISHIKAWA, R. Escola e heterogeneidade: contribuições para pensar práticas pedagógicas diferenciadas. 2014. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) – Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2014. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/119462/ishikawa_r_tcc_rcla.pdf;jsessionid= 2874273EE2CDEC9D91B2AA7D55720829?sequence=1. Acesso em: 6 jan. 2023. Aula 3 Como substituir o plano de intervenção? Introdução https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/ https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/119462/ishikawa_r_tcc_rcla.pdf;jsessionid=2874273EE2CDEC9D91B2AA7D55720829?sequence=1 https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/119462/ishikawa_r_tcc_rcla.pdf;jsessionid=2874273EE2CDEC9D91B2AA7D55720829?sequence=1 Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM A prática pedagógica e a gestão da aprendizagem partem dos objetivos a serem atingidos, ou seja, são realizadas a partir do planejamento do professor, que é uma proposta construída colaborativamente com os educandos, após a avaliação diagnóstica. O planejamento expressa o desenvolvimento de competências, habilidades, atitudes e a aquisição de conhecimentos que devem ser alcançados pela turma, ao longo do ciclo de aprendizagem. No entanto, o planejamento é apenas um plano, não é a certeza de que tudo ocorrerá conforme proposto. Algumas vezes, o professor precisa de estratégias especí�cas para realizar uma intervenção direcionada a algum aspecto que não esteja evoluindo conforme o esperado. É o que vamos estudar nesta aula! Intervenção pedagógica: quando é necessária? Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Vamos re�etir um pouco mais sobre a prática pedagógica? Analise esta situação: uma sala de aula, com alunos em processo de alfabetização no primeiro ano do ensino fundamental. Como um todo, a turma evolui bem, está acompanhando os processos e apresenta evolução nas hipóteses de escrita. Porém, há dois alunos que não acompanham e mal conseguem entender que um som está associado a uma letra. O que o professor pode fazer em uma situação como essa? Para Máximo e Marinho (2021, p. 8212): Uma criança com di�culdade de aprendizagem exige intervenção pedagógica por parte dos professores, como por exemplo, oferecer ajuda tanto oral como escrita, permitir um tempo extra para a criança fazer as tarefas. Aprender deve estar ligado ao ato afetivo, deve ser gostoso e estimulante. Assim, cabe ao professor e à gestão encontrar formas de atender às necessidades de aprendizagem dos educandos, focalizando situações que podem ser uma di�culdade de aprendizagem, um transtorno de aprendizagem ou mesmo desinteresse. Conforme explicam Máximo e Marinho (2021, p.8209), “As crianças com di�culdades em aprender não são crianças incapazes, apenas necessitam de intervenção pedagógica peculiar a suas demandas e necessidades”. Crianças com di�culdades de aprendizagem são aquelas que sofrem algum impedimento momentâneo no processo de aquisição de conhecimentos. Essas di�culdades podem ser Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM causadas por algum processo cognitivo que não ocorreu conforme esperado (não houve memorização, a linguagem não �cou clara, o educando não conseguiu desenvolver uma lógica – sem que isso seja uma questão permanente, apenas uma falha). Isso acontece, por exemplo, quando o educando está em processo de aprendizagem, fazendo associações mentais, e algo distrai sua atenção, interrompendo o processo. NesseEmbora todos os professores sejam responsáveis pela alfabetização dos educandos, o professor alfabetizador é conhecido como aquele que leciona para a primeira e para a segunda série do ensino fundamental – anos iniciais. Imagine a situação: no começo das aulas em um primeiro ano do ensino fundamental, o professor se depara com uma quantidade de alunos que ele ainda não conhece, provenientes de escolas diversas, com metodologias diferentes e que chegam com conhecimentos diferentes. Como iniciar o processo de alfabetização? O que fazer com aqueles que já desenvolveram várias habilidades neste sentido, para não os desmotivar? E o que fazer com aqueles que não possuem habilidades desenvolvidas ainda, para que consigam acompanhar as etapas de aprendizagem que estão por vir? É uma situação complexa, concorda? É bastante óbvio que o professor precisa conhecer sua turma e, para isso, utiliza as primeiras duas semanas do ano para aprender sobre seus alunos. Isso pode ser feito de maneira mais informal, conversando, por exemplo, mas pode ser feito de maneira mais formal, através de avaliações diagnósticas, especi�camente para a alfabetização e para o conhecimento matemático. Trataremos da alfabetização, mas o mesmo raciocínio se aplica ao conhecimento matemático. A avaliação diagnóstica é composta por um conjunto de instrumentos que permite ao professor colher dados do momento de aprendizagem no qual o educando se encontra em relação a determinado conhecimento. No caso da alfabetização, entende-se que é importante ter um referencial bem claro, o que chamamos de matriz de referência da avaliação diagnóstica. Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Batista et al. (2005) apontam três eixos da alfabetização na construção de sua matriz de referência e as capacidades que precisam ser avaliadas antes de se iniciar o processo ensino formal: 1. Aquisição do sistema de escrita: compreender as diferenças existentes entre os sinais do sistema de escrita alfabético-ortográ�co e outras formas grá�cas e sistemas de representação; conhecer o alfabeto e os diferentes tipos de letras; dominar convenções grá�cas: orientação da escrita, alinhamento da escrita, segmentação dos espaços em branco e pontuação; reconhecer palavras e unidades fonológicas ou segmentos sonoros como rimas, sílabas (em diversas posições) e aliterações (repetições de um fonema numa frase ou palavra); dominar a natureza alfabética do sistema de escrita; dominar relações entre grafemas e fonemas, sobretudo aquelas relações que são regulares. 2. Leitura: ler e compreender palavras compostas por sílabas canônicas e não canônicas; ler e compreender frases; compreender globalmente o texto lido, identi�cando o assunto principal; identi�car diferenças entre gêneros textuais e localizar informações em textos de diferentes gêneros; inferir informações; formular hipóteses sobre o conteúdo do texto; ler com maior ou menor �uência. 3. Domínio da escrita e da produção de texto: escrever palavras de cor; escrever palavras com gra�a desconhecida; escrever sentenças; recontar narrativas lidas pelo professor; redigir textos curtos adequados: ao gênero, ao objetivo do texto, ao destinatário, às convenções grá�cas apropriadas ao gênero, às convenções ortográ�cas. Na matriz proposta por Batista et al. (2005), cada capacidade é acompanhada de um descritor e de sugestões de atividades e exercícios, que o professor pode utilizar para realizar a avaliação diagnóstica. Há outros exemplos, mais complexos e mais objetivos, que você pode pesquisar para entender a composição de uma matriz de referência da avaliação diagnóstica para a alfabetização. Construindo o processo de avaliação diagnóstica Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM A avaliação diagnóstica é uma poderosa ferramenta para nortear o trabalho do professor e é realizada uma vez por ano, logo no início das aulas. Vimos que a avaliação diagnóstica precisa ser baseada em uma matriz de referência e existem alguns modelos. A matriz proposta Batista et al. (2005) é bastante completa e o material apresenta algumas atividades e exercícios que podem ser aplicados pelo professor. Claro que os alunos que iniciam o primeiro ano do ensino fundamental não tiveram a oportunidade de desenvolver todas as capacidades elencadas na matriz, o professor precisa escolher os itens mais adequados. Por exemplo, para um primeiro ano, poderiam ser os seguintes: Quadro 1 | Capacidades avaliadas e descritores de uma avaliação diagnóstica para o primeiro ano do ensino fundamental Capacidades Descritores Compreender as diferenças existentes entre os sinais do sistema de escrita alfabético-ortográ�co e outras formas grá�cas e sistemas de representação. Veri�car se a criança faz distinções entre: letras e números sinais do sistema de escrita alfabético-ortográ�co, marcas ou sinais grá�cos, como acentos e sinais de pontuação; outros sistemas de representação. Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Conhecer o alfabeto e os diferentes tipos de letras. Veri�car se a criança identi�ca as letras do alfabeto e se faz distinção entre as letras de imprensa maiúscula e minúscula, e a cursiva, maiúscula e minúscula. Evidentemente, as distinções entre os tipos de letras constituem etapas mais avançadas do domínio da língua escrita. Dominar convenções grá�cas: orientação da escrita; alinhamento da escrita; segmentação dos espaços em branco e pontuação. Veri�car se a criança reconhece:· a direção correta da escrita (esquerda/direita, de cima/para baixo) e utiliza corretamente a folha (pautada ou não, de acordo com o planejamento do professor); as formas grá�cas destinadas a marcar a segmentação na escrita (espaçamento entre palavras e pontuação). Fonte: Batista et al. (2005, p. 15). A avaliação diagnóstica precisa ser realizada logo nos primeiros contatos do professor com seus alunos, e esta avaliação leva alguns dias, para que não se torne muito cansativa e permita que os educandos possam se expressar tranquila e honestamente. O professor constrói uma série de exercícios e atividades que sejam capazes de avaliar o quanto os alunos sabem em termos de escrita, leitura e produção de texto, utilizando palavras que sejam do repertório adequado à faixa etária investigada. No momento de aplicação, os exercícios e as atividades são apresentados, lidos e orientados pelo professor, pedindo que os educandos resolvam a questão proposta individualmente. Por exemplo, esta é uma questão relacionada à primeira capacidade do Quadro 1 (BATISTA et al., 2005, p. 44): 1. Observe o quadro abaixo: ? ; . ! : + - X $ % 216890 CANETA USE O LÁPIS PARA COLORIR DE: AZUL O QUADRINHO COM NÚMEROS; VERMELHO O QUADRINHO COM UMA PALAVRA; AMARELO O QUADRINHO COM OS SINAIS DE PONTUAÇÃO. Após a aplicação dos exercícios, o professor preenche um quadro como este: Quadro 2 | Ficha de consolidação da avaliação por aluno Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM CAPACIDADES AVALIADAS NÍVEL 1 (não desenvolvida) NÍVEL 2 (domínio parcial) NÍVEL 3 (consolidada) OBSERVAÇÕES QUANTO ÀS DIFICULDADES DO(A) ALUNO(A) 1 X 2 X 3 X 4 X Fonte: Batista et al. (2005, p. 30). O professor constrói uma atividade para a capacidade que deseja avaliar e analisa o resultado, preenchendo um quadro igual ou semelhante ao apresentado no Quadro 2. Analisando e comunicando os resultados da avaliação diagnóstica Neste momento, é importante resgatar e consolidar as informações apresentadas até aqui. Quando o ano letivo inicia, o professor tem os primeiros contatos com sua turma e, no caso da alfabetização, é importante que conheça o que seus alunos já aprenderam para ter um ponto de partida real e voltado para as necessidades dos educandos. Para tanto, ele precisará: 1. Elaborar ou escolher uma matriz de referência da avaliação diagnóstica apropriada à sua turma. Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM 2. Elaborar as atividades e os exercícios que aplicará à sua turma.caso, não é uma di�culdade permanente, mas exige uma ação especí�ca do professor, ou seja, uma intervenção. Um abalo emocional que o educando esteja atravessando também pode causar uma di�culdade de aprendizagem. Por exemplo: a separação dos pais, o nascimento de um irmão (nem sempre é tranquilo para o educando saber que terá um irmão), um falecimento, mudança de casa, mudança de escola, etc.. Todos esses fatores podem trazer uma questão emocional que interfere negativamente no processo de aprendizagem, sendo também uma questão passageira, mas que talvez precise de suporte psicológico. Quando falamos em transtorno de aprendizagem, temos uma questão neurobiológica que afeta os processos de aprendizagem que, nesse caso, não é passageira, mas pode ser trabalhada com orientações e intervenções especí�cas. Nesses casos, falamos de dislexia (transtorno da leitura e da escrita), TDAH (Transtorno do Dé�cit de Atenção e Hiperatividade), do TEA (Transtorno do Espectro Autista), entre outros – todos esses necessitam de suporte psicopedagógico que traga orientações especí�cas ao professor. Por �m, o educando pode manifestar desinteresse em aprender. Sobre isso, Raízi e Alvez (2016, p. 3) explicam que “é imprescindível conhecer os reais motivos que levam o aluno ao desinteresse pela aprendizagem para fazer a abordagem pedagógica, respeitando esse momento de con�ito intelectual e resgatando o desejo do mesmo em aprender”. O desinteresse é incompatível com os processos cognitivos. A aprendizagem é a forma de adaptação ao mundo, mecanismo utilizado desde a pré-história pelos humanos, para que entendessem a natureza e se protegessem, evitando a morte o máximo possível. Então, é preciso entender o motivo pelo qual o educando deixou de gostar de aprender e buscar resgatar seu vínculo com a aprendizagem. Intervenção pedagógica Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Re�ita comigo: quando você acha que se faz necessária uma intervenção pedagógica? É necessário realizar uma intervenção em processos que estão caminhando bem? Não. Realizamos intervenções quando algo não está acontecendo conforme o esperado e há necessidade de uma ação especial para melhorar o processo, diferenciada da ação que já está ocorrendo. Para Máximo e Marinho (2021, p. 8211) a intervenção pedagógica é: “uma forma de compreender como se dá o processo ensino e aprendizagem com verticalidade em formas de se ensinar que acessem o aluno, constituindo signi�cado, sentido e signi�cância na construção do conhecimento”. A ideia de “verticalidade em formas de ensinar” signi�ca o contrário de uma proposta horizontal (para todos), ou seja, trata-se de uma proposta individualizada, preparada pelo professor, intencional e orientada para o sucesso da aprendizagem do educando em questão. Além disso, a proposta de intervenção deve ter signi�cado para o educando, portanto deve ser envolvente e personalizada aos seus interesses e capacidades. A intervenção pedagógica precisa ser pensada como uma proposta robusta e objetiva e deve ser composta por várias ações. Vamos explorar algumas delas: 1. Ações de posicionamento do educando em sala de aula: muitas vezes, o reposicionamento do educando em sala de aula (mudar de lugar) traz excelentes resultados; colocá-lo mais perto da lousa limita as possibilidades de distração, pois sua visão estará mais dirigida à frente da sala; trazer o aluno para as primeiras carteiras também favorece a supervisão e intervenção mais próxima do professor; observe que nem sempre o educando precisa sentar na primeira carteira, isso pode intimidá-lo; da mesma forma, �car na carteira da frente na extrema esquerda ou na extrema direita, pode não ser produtivo. Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM 2. Exposição dirigida: o professor pode de�nir alguns momentos para explicar e fazer orientações especí�cas sobre algum tema, nos quais o aluno deve participar. 3. Momentos de revisão ou esclarecimento de dúvidas: ao invés de o professor estabelecer os educandos que devem participar, ele abre a oportunidade para todos os educandos, colocando-se à disposição daqueles que desejam entender melhor algum tema. Essa proposta tende a ser mais convidativa e menos intimidadora aos educandos que precisam de suporte pedagógico. 4. Estudo dirigido: o professor prepara ou seleciona uma série de atividades a serem executadas pelo educando que precisa de suporte pedagógico, estruturando um passo-a- passo que deve ser seguido pelo aluno; ao �nal, o professor avalia as atividades produzidas e analisa se há necessidade de novas intervenções. 5. Estudo em grupos ou pares: o professor pode organizar grupos de estudo ou permitir que os educandos se organizem, de forma que um auxilie o outro na aquisição de conhecimentos e realização de atividades; esses grupos podem ser formados por alunos da mesma turma ou mesclando alunos de turmas mais avançadas, como um processo de monitoria. �. Ensino híbrido: nessa proposta, o educando mescla atividades presenciais e atividades online, as quais o professor pode acompanhar no formato remoto (não presencial). Das possibilidades apresentadas, a exposição dirigida, seguida de atividades especí�cas de reforço e o ensino híbrido, permitem a aproximação entre professor e educando, ação que costuma ter efeito positivo sobre a aprendizagem, já que é uma demonstração de preocupação, afeto e compromisso com o educando. Gestão da aprendizagem: acompanhando a evolução do educando Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM A gestão da aprendizagem envolve o planejamento das atividades e o acompanhamento da progressão dos educandos. Para entender como está a progressão do educando, o professor pode empregar alguns instrumentos, que compõem a avaliação formativa e que também sinalizam ao professor quando algum educando precisa de uma intervenção pedagógica. Os instrumentos precisam ser bem escolhidos, pois devem permitir que o educando consiga evidenciar sua aprendizagem. O professor também precisa considerar que os educandos possuem formas diferenciadas de expressão, ou seja, conseguem ser mais bem sucedidos em alguns tipos de atividades. Logo, o professor deve pensar em utilizar vários instrumentos quando compõe a avaliação. Vamos conhecer alguns desses instrumentos: Observação: o professor deve observar seus alunos constantemente, entendendo como têm se apropriado do conhecimento e o empregado na forma de competências, habilidades e atitudes; por exemplo: ao estudar sobre sustentabilidade e preservação do meio ambiente, alguns alunos começam a separar resíduos, não jogam lixo no chão, comentam que ensinaram os pais em casa a economizar água e luz. Nesse caso, os educandos começam a demonstrar os impactos da educação em suas vidas, transformando-as; o professor não pode perder essas oportunidades, portanto deve registrá-las, pois, posteriormente, usará essas mesmas informações para conversar com os alunos sobre suas aprendizagens. Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Avaliações escritas: podem ser no formato de uma prova ou teste, mas esse tipo de avaliação limita as possibilidades de expressão do conhecimento, pois tendem a ser muito objetivas e conduzem à reprodução daquilo que foi trabalhado e não a uma expressão verdadeira daquilo que foi aprendido; muitas vezes uma redação com o tema dado pelo professor ou uma redação livre permitem ao educando expressar com mais profundidade, compromisso e responsabilidade as suas aprendizagens. Rodas de conversa: o professor estimula que os educandos para que se expressem oralmente, pois nem sempre o formato escrito, como uma redação, é su�ciente para que o educando possa demonstrar tudo o que aprendeu e como tem empregado seu conhecimento no dia a dia. Práticas, experiências e vivências: essas atividades permitem que os educandos demonstrem sua aprendizagem de forma prática, utilizando suas habilidades. Ensino e divulgação de conhecimento: outra forma interessante de avaliar aaprendizagem ocorre quando o professor propõe atividades nas quais os educandos são responsáveis por transmitir conhecimentos, seja por meio de palestras, na confecção de material instrutivo (folhetos, cartazes, manuais, etc.), dramatizações (encenações), para a comunidade escolar; eles podem também escrever blogs, gravar podcasts e/ou vídeos, usando ferramentas tecnológicas. Atividade artística: muitas vezes, o educando consegue expressar sua aprendizagem escrevendo poemas, letras de música, cantando, escrevendo uma peça teatral e apresentando-a, em uma dança, pintando um quadro, um mural, fazendo colagens, esculpindo, fazendo escultura etc. Autoavaliação: momento em que o aluno descreve o que aprendeu, analisando a si próprio, os avanços, o que poderia ter feito melhor e constrói um compromisso com sua aprendizagem para o próximo ciclo. O professor quali�cado consegue diversi�car sua prática pedagógica, acompanhar e registrar a aprendizagem de seus educandos, diversi�cando os instrumentos da avaliação formativa e fazendo as intervenções pedagógicas necessárias. Videoaula: Como substituir o plano de intervenção? Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Neste vídeo, você vai aprofundar os conhecimentos sobre a gestão da aprendizagem dos alunos. Vamos abordar o processo de avaliação formativa e seus múltiplos instrumentos. Também Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM enfocaremos o processo de intervenção pedagógica para os educandos que necessitam de um suporte maior em seu processo de desenvolvimento e aquisição de conhecimentos. Saiba Mais Neste artigo, as autoras demonstram a efetividade da intervenção pedagógica a partir de um experimento acadêmico. Uma turma foi separada em dois grupos para desenvolver o conhecimento e a habilidade da operação matemática de divisão. O grupo que passou pela intervenção pedagógica construiu a aprendizagem de forma mais signi�cativa. O artigo explica como foi o processo. BESSA, S.; COSTA, V. G da. Apropriação do conceito de divisão por meio da intervenção pedagógica com metodologias ativas. Bolema (Boletim de Educação Matemática), v. 33, n. 63, Jan-Abr 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/bolema/a/xVwsrLfgZZQCXJZgTcCn8Rc/abstract/?lang=pt Acesso em: 12 jan. 2023. Referências https://www.scielo.br/j/bolema/a/xVwsrLfgZZQCXJZgTcCn8Rc/abstract/?lang=pt Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM BESSA, S.; COSTA, V. G da. Apropriação do conceito de divisão por meio da intervenção pedagógica com metodologias ativas. Bolema (Boletim de Educação Matemática), v. 33, n. 63, Jan-Abr 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/bolema/a/xVwsrLfgZZQCXJZgTcCn8Rc/abstract/?lang=pt Acesso em: 12 jan. 2023. MÁXIMO, V.; MARINHO, R. A. C. Intervenção pedagógica no processo de ensino e aprendizagem. Brazilian Journal of Development, Curitiba, v. 7, n. 1, p.8208-8218, jan., 2021. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/23558/18927. Acesso em: 11 jan. 2023. RAÍZI, S. A. Z.; ALVES, F. L. Desinteresse pela aprendizagem em foco: uma proposta de intervenção pedagógica. In: PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Os Desa�os da Escola Pública Paranaense na Perspectiva do Professor PDE, 2016. Curitiba: SEED/PR., 2018. v.1. (Cadernos PDE). Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2016/20 16_artigo_ped_unioeste_soniaaparecidazorzela.pdf Acesso em: 11 jan. 2023. Aula 4 Professor: como avaliar se seu plano foi efetivo? https://www.scielo.br/j/bolema/a/xVwsrLfgZZQCXJZgTcCn8Rc/abstract/?lang=pt https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/23558/18927 http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2016/2016_artigo_ped_unioeste_soniaaparecidazorzela.pdf http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2016/2016_artigo_ped_unioeste_soniaaparecidazorzela.pdf Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Introdução Estamos chegando ao �nal desta disciplina. Parabéns! Uma proposta de ensino e aprendizagem possui um itinerário com começo, meio e �m. Você estudou a parte inicial – o processo de avaliação diagnóstica e constituição do planejamento didático ou planejamento de ensino, estudou também a importância e como conduzir um amplo processo de avaliação, bem como seus instrumentos; conheceu o processo de intervenção pedagógica e, agora, é chegado o momento de realizar outro tipo de avaliação: a avaliação sobre a efetividade do plano de trabalho, ao �nal do ciclo de aprendizagem. Nesta aula, retomaremos o papel da avaliação formativa e estudaremos o sentido e o signi�cado das certi�cações e diplomas da educação básica, completando também o seu ciclo de aprendizagem sobre as práticas pedagógicas e a gestão e aprendizagem dos educandos. A avaliação do plano de trabalho Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Esta é uma aula muito importante, pois os aspectos que vamos tratar aqui não podem ser negligenciados pelo professor. É muito comum, com o encerramento do ano letivo e a realização de atividades de documentação, recuperação, atendimento a pais e alunos, bem como início da organização do próximo ano letivo, que o professor não re�ita e não avalie os resultados do seu planejamento. Realmente, é um período muito intenso e exigente, mas o professor precisa avaliar a efetividade de sua proposta. Uma das formas de realizar essa análise é avaliar seus alunos de forma �nal, utilizando uma avaliação somativa. Freire et al. (2013, p. 33) indicam que: “a avaliação somativa é o estudo dos resultados para veri�car a e�cácia do programa e [utilizada para] tomar decisões sobre o seu futuro”. Assim, elaborar uma prova ou teste para que os educandos preencham é uma das formas de o professor perceber aquilo que foi aprendido. No entanto, sabemos que esse tipo de avaliação tem suas restrições, tais como: intimidam o educando, favorecem o processo de decoração e não de aprendizagem, limitam as formas de evidenciar as reais aprendizagens realizadas, entre outros. Outra forma de avaliar o planejamento é retomar as observações registradas, que foram realizadas durante o período, sobre a evolução da prática pedagógica, os resultados das atividades elaboradas e o desenvolvimento da aprendizagem dos educandos, e analisar estes dados em relação ao planejamento. Nesse momento, o professor descobrirá situações bem Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM interessantes, por exemplo: os momentos em que teve que alterar sua proposta inicial para atender às necessidades de aprendizagem de seus educandos. Masetto (1997) aponta que o planejamento é uma rota, uma orientação, mas não uma proposta inalterável, pelo contrário, o planejamento deve sofrer alterações sempre que necessário, visando a melhoria dos processos que levam às aprendizagens signi�cativas e desenvolvimento das competências, habilidades e atitudes. Assim, uma possibilidade de avaliar o planejamento para entender sua efetividade é comparar o que foi planejado e o que foi executado, procurando entender os motivos que levaram a alterações, sempre analisando se as transformações produziram resultados melhores na aprendizagem dos educandos. É preciso reforçar que o professor não trabalha sozinho. Os gestores escolares, principalmente o coordenador pedagógico, acompanham e orientam o professor em relação à construção do seu planejamento, à reorganização do planejamento, quando necessário, e também, ao �nal do ano, fazendo uma avaliação global dos resultados da prática pedagógica e do desenvolvimento acadêmico e social dos educandos. O professor deve fazer anotações, registros e re�etir sobre sua prática, pois ele também é um aprendiz em constantedesenvolvimento. É o trabalho do professor que conduzirá o educando em sua formação e obtenção das titulações referentes à educação básica, o que veremos nos blocos seguintes. Diplomas e certi�cados do ensino fundamental Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM A educação escolar, no Brasil, é composta de dois grandes níveis: a educação básica e o ensino superior (Brasil, 1996). Na educação básica, há três segmentos: a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio. O educando que conclui o ensino fundamental recebe o certi�cado de conclusão de curso e a instituição também pode emitir um diploma. O mesmo ocorre no ensino médio, que veremos no próximo bloco. Ao ingressar no ensino fundamental, o processo de educação começa a ser mapeado com mais rigorosidade, isto é, a vida escolar do educando passa a ser documentada ano a ano. Para isso, as escolas preenchem um documento chamado histórico escolar, que traz os dados do aluno, cada uma das séries, cada um dos componentes curriculares estudados em cada ano, a nota ou menção obtida e as faltas pontuadas. Ou seja, trata-se de um espelho ou um registro do processo de aprendizagem do educando. Ao concluir cada série, a escola preenche a coluna correspondente, anotando os valores correspondentes. Esse documento traz uma visão global do educando, permitindo observar, por exemplo, se ele se destaca mais em uma determinada área do saber (linguagem, exatas, humanas etc.). Também permite entender como tem sido o percurso escolar do educando ao longo dos anos: se ele se manteve estável em relação à sua aprendizagem, se algum ano foi particularmente difícil, se houve reprovação, recuperação e/ou aprovação por conselho de classe, se ele mudou de escola, entre outras informações. Para que o educando possa progredir no processo de educação escolar, ele precisa obter a certi�cação referente a cada nível. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) 9394, em seu capítulo II, Artigo 24 e inciso VII (Brasil, 1996): “cabe a cada instituição de ensino expedir históricos escolares, declarações de conclusão de série e diplomas ou certi�cados de conclusão de cursos, com as especi�cações cabíveis”. Ao �nal do ensino fundamental, o educando recebe o certi�cado de conclusão do segmento, que é baseado no histórico escolar e emitido pela escola na qual ele cursou o 9º ano desse ciclo. É preciso que o educando tenha o certi�cado de conclusão do ensino fundamental para dar prosseguimento aos estudos no ensino médio. Assim, a prática docente e a gestão pedagógica que o professor realiza, ano após ano, vai computando para a progressão da aprendizagem. Em processos regulares, nos quais não há interrupção da escolarização ou afastamento temporário da escola, o educando avança da educação infantil para o ensino fundamental e, em seguida, para o ensino médio, considerando que esses segmentos compõem a educação básica e obrigatória em território nacional. Quando um educando retorna à escola após afastamento temporário ou abandono escolar, normalmente são realizadas entrevistas e avaliações para que o educando seja inserido em uma turma próxima à sua idade e na qual haja menos prejuízo acadêmico. Nessas situações, caberá ao professor e aos gestores realizarem o processo de integração, adaptação, recuperação e monitoramento da aprendizagem para que o educando retome o processo regular de educação. Ensino Médio: itinerários formativos, ensino técnico, certi�cados e diplomas Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Você sabia que diplomas e certi�cados de conclusão de curso não possuem o mesmo sentido? Um certi�cado de conclusão de curso é mais consistente porque sua emissão precisa estar de acordo com algumas normativas e indica que o educando concluiu a formação escolar. Certi�cados são documentos mais formais e exigidos para a continuidade dos estudos e para o exercício de pro�ssões. Os diplomas, por sua vez, estão mais associados à formação pro�ssional, indicando que o educando é diplomado a exercer uma função. A emissão de um certi�cado não impede que haja a emissão de um diploma em qualquer nível de ensino, porém um diploma sem certi�cado tem pouco valor. Quando falamos do ensino médio, nem todas as formações desse nível de estudo estão associadas a uma pro�ssão. O ensino médio, atualmente no Brasil, está dividido em itinerários formativos, e um deles pode ser um curso técnico. Vamos entender melhor como isso funciona. Ao �nalizar o ensino fundamental, o educando recebe o seu certi�cado de conclusão de curso e precisa dele para se matricular no ensino médio. A Lei 13415, promulgada em 16 de fevereiro de 2017, promoveu mudanças no ensino médio, indicando que ele passa a ter um núcleo básico de formação, igual para todos os estudantes, e que estes precisam escolher um itinerário formativo para compor a sua formação. Então, a estrutura do curso �ca dividida em dois momentos: uma formação básica, igual para todos, seguida de uma formação especí�ca naquilo em que o jovem sente interesse em conhecer melhor e aprofundar os estudos. Os itinerários formativos correspondem a áreas do conhecimento, conforme a Lei 13415/ 2017): I - linguagens e suas tecnologias; II - matemática e suas tecnologias; III - ciências da natureza e suas tecnologias; Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM IV - ciências humanas e sociais aplicadas; V - formação técnica e pro�ssional”. (BRASIL, 2017) Ou seja, a partir de dado momento do curso de ensino médio, o educando deve decidir por uma das áreas apresentadas para �nalizar os estudos, sendo que uma delas fornecerá um diploma pro�ssional de nível médio. Ao �nal do ensino médio, o educando receberá um certi�cado de conclusão de curso, podendo igualmente receber um diploma. A continuidade dos estudos no ensino superior depende da obtenção do certi�cado de conclusão de curso do ensino médio. E, antes de �nalizar, vale a pena ressaltar que os educandos que concluem o ensino médio podem realizar um exame de larga escala nacional, chamado Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), que tem caráter somativo, ou seja, trata-se de um teste com questões de múltipla escolha, dissertativas e uma redação, que avalia a aprendizagem do educando e lhe atribui uma pontuação. Essa pontuação pode ser utilizada como um diferencial nos vestibulares do ensino superior. Todo o processo de educação é permeado por algum tipo de avaliação, começando com a diagnóstica, seguindo pela formativa e culminado com a somativa ao �nal da educação básica. A prática pedagógica e a gestão da aprendizagem devem considerar o percurso acadêmico e os desa�os da formação escolar ao longo da educação básica, independentemente da série em que o professor leciona. Esperamos que você tenha aproveitado os estudos desta disciplina para se tornar um pro�ssional cada vez mais preparado para enfrentar os desa�os da sua pro�ssão de forma ética, responsável e comprometida! Videoaula: Professor: como avaliar se seu plano foi efetivo? Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Neste vídeo, vamos entender o processo de certi�cação que ocorre ao �nal dos segmentos ou níveis da educação básica, especi�camente o ensino fundamental e o ensino médio. Para que o processo de educação básica se desenvolva da melhor forma possível e para que o educando conclua sua formação, é imprescindível que o professor re�ita e aprimore seu planejamento. Saiba Mais Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM O ensino médio pode parecer muito distante para quem ensina e para quem aprende no ensino fundamental, mas deve ser amplamente estudado e conhecido por todos, pois o resultado da prática pedagógica e da gestão da aprendizagem conduz os educandos para esse nível. Neste artigo, você conhecerá mais sobre o ensino médioe os pontos de controvérsia entre a BNCC, a política educacional e a reforma proposta pela Lei 13415/2017. SILVA, K. C. J. R. da; BOUTIN, A. C. Novo ensino médio e educação integral: contextos, conceitos e polêmicas sobre a reforma. Educação, Universidade Federal de Santa Maria, v. 43, n. 3, 2018, p. 521-534, Julho-Setembro, 2018. Disponível em: https://www.redalyc.org/journal/1171/117157485009/117157485009.pdf. Acesso em: 13 jan. 2023. Referências https://www.redalyc.org/journal/1171/117157485009/117157485009.pdf Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. Lei Federal no. 9394/1996. Brasília, 1996. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm Acesso em: 13 jan. 2023. BRASIL. Lei Federal no. 13.415, de dezesseis de fevereiro de 2017. Brasília, 2017. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm#art4 Acesso em: 13 jan. 2023. FREIRE, E. S.; CARVALHO, A. O. P.; RIBEIRO, A. P. de M. Avaliação educacional: uma dimensão histórica. Anais... XII Encontro Cearense de História da Educação - II Encontro Nacional do Núcleo de História e Memória da Educação, Fortaleza, 26 a 28 set. 2013. Disponível em: https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/39108/1/2013_eve_apmribeiro.pdf Acesso em: 13 dez. 2022. MASETTO, M. T. Didática: a aula como centro. 4. ed. São Paulo: FTD, 1997. SILVA, K. C. J. R. da; BOUTIN, A. C. Novo ensino médio e educação integral: contextos, conceitos e polêmicas sobre a reforma. Educação, Universidade Federal de Santa Maria, v. 43, n. 3, 2018, p. 521-534, Julho-Setembro, 2018. Disponível em: https://www.redalyc.org/journal/1171/117157485009/117157485009.pdf. Acesso em: 13 jan. 2023. Aula 5 Revisão da unidade https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm#art4 https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/39108/1/2013_eve_apmribeiro.pdf https://www.redalyc.org/journal/1171/117157485009/117157485009.pdf Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM A importância da avaliação para a prática pedagógica Olá, estudante! Chegamos ao �nal da unidade e da disciplina, então, agora, é o momento de consolidarmos as aprendizagens a partir da retomada dos temas principais e suas interrelações. Ao longo desta disciplina, o foco do estudo foi a avaliação da aprendizagem, seus tipos (diagnóstica, formativa e somativa) e sua importância para a construção das práticas pedagógicas e a gestão da aprendizagem. O processo de avaliação pode ser composto por um ou mais instrumentos, que permitem ao professor entender os avanços da aprendizagem de cada educando. Cada tipo de avaliação tem um objetivo para o professor: A avaliação diagnóstica é empregada quando se inicia um ciclo de aprendizagem, para identi�car os conhecimentos, as habilidades e as atitudes que já estão consolidados, fornecendo subsídios para o professor construir seu planejamento. A avaliação formativa, por sua vez, é empregada ao longo do ciclo de aprendizagem, para averiguar como o educando está avançando e permitir ao professor reorganizar seu planejamento e desenvolver processos de intervenção, quando necessários. A avaliação somativa, aquela realizada no encerramento do ciclo de aprendizagem, é indicada para que o educando crie repertório em relação a este tipo de avaliação, é a que menos contribui com o processo formativo, pois, normalmente, utiliza apenas um instrumento (prova ou exame sem consulta), conduzindo o educando a desenvolver práticas de memorização. Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM O professor é responsável por organizar o processo da avaliação e elaborar os instrumentos avaliativos que aplicará. É preciso considerar que o professor também precisa se apropriar das avaliações externas e em grande escala, tais como o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), a Prova Brasil, o Exame Internacional Pisa e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Estas avaliações, dentre outras que podem ser aplicadas pelo município ou estado, servem para que o professor tenha uma visão de como está a aprendizagem na escola em relação a outras escolas próximas, ao município, ao estado e ao Brasil. Contudo, o docente precisa avaliar que elas também indicam as falhas nas políticas educacionais e a falta de investimentos públicos em educação. Em termos de instrumentos avaliativos, discutimos a utilização de provas e exames sem consulta, elaboração de trabalhos de pesquisa, apresentação de seminários, autoavaliação, realização de exercícios e atividades, experimentos, criação artística, produção de material instrutivo, entre outros, mas o grande destaque vai para a construção do portfólio, uma forma de acompanhar a evolução da aprendizagem do educando a partir das escolhas e re�exões feitas por ele próprio. Videoaula: Revisão da unidade Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Olá, estudante! Neste vídeo, reveremos os principais temas estudados na Unidade 4, que se referem às avaliações diagnóstica e formativa; aos instrumentos de avaliação com enfoque no processo de construção do portfólio; aos desa�os da gestão da aprendizagem e à elaboração do plano de intervenção em casos de di�culdade de aprendizagem. Você também será convidado a re�etir sobre o processo completo de gestão da aprendizagem, que conduz à obtenção de certi�cação de conclusão de curso e de diploma. Estudo de caso Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Olá, estudante! Para contextualizar sua aprendizagem, vamos propor uma situação relacionada à prática educacional. Imagine que você é o docente responsável pela turma de 2º ano do ensino fundamental e sua turma encontra-se em processo de alfabetização, que é o foco de desenvolvimento para o ano letivo. O ano letivo iniciou há pouco mais de uma semana e, ao realizar a avaliação diagnóstica, você percebeu que um de seus educandos encontra-se em um momento de aprendizagem muito diferente dos demais estudantes da turma. Enquanto alguns educandos são capazes de escrever seu próprio nome e até mesmo pequenas frases, este estudante em particular não é capaz de escrever uma palavra nem seu próprio nome. Também, não conseguiu desenvolver as atividades solicitadas quando fez a avaliação diagnóstica, entregando-as cheias de desenhos. Quando você pediu a ele que procurasse determinadas letras em um texto, ele não foi capaz de localizá-las e começou a fazer desenhos nas margens do texto. Aliás, este estudante gosta muito de desenhar e passa a aula toda fazendo isso. Apesar de observar essas situações, você também percebeu que o educando se comunica bem, é extrovertido e atento, é bem recebido pelas outras crianças, estabelece relações amistosas e é tranquilo. Em Matemática, após a avaliação diagnóstica, você observou o mesmo padrão de comportamento: a criança não identi�ca números e não sabe contar, porém consegue recitar a sequência numérica corretamente. Trata-se de uma criança que entrou neste ano na escola, proveniente de uma instituição distante e não conhecida pelos demais professores ou gestores. Conversando com seus pares, vocês chegaram ao entendimento de que esta criança, provavelmente, não foi estimulada nos processos de alfabetização e de raciocínio lógico e matemático, devendo ser observada ao longo de mais um mês para veri�car se ela deve ser encaminhada a algum serviço de atendimento especializado para realização de um diagnóstico. Enquanto isso, você deve iniciar o processo de intervenção pedagógica. Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Nesta intervenção pedagógica, você precisará: Planejar um processo para sua ação e para coleta de informações sobre a evolução da aprendizagem do educando. Documentar os resultadosda intervenção pedagógica, considerando que o desenvolvimento não é linear. Avaliar com os pares se o educando precisará ser encaminhado para atendimento especializado ou não. Portanto, você precisará apresentar o planejamento da sua intervenção e escolher um ou mais instrumentos avaliativos (deverá justi�car estas escolhas), explicando como pretende empregá- lo. Bom trabalho! ______ Re�ita Olá, estudante! O que mais intriga neste estudo de caso é que a criança está à vontade com seu momento de aprendizagem e tem boa relação com seus pares, aparentando estar bem ajustada à escola, pois ela se apresenta tranquila, tem boas relações e não foge às atividades propostas. Parece mesmo que o educando não tem conhecimento de que poderia estar mais avançado no processo de alfabetização. O fato de desenhar bastante também colabora com esta visão. Desta forma, a situação se parece mais com uma lacuna na aprendizagem do que exatamente com uma di�culdade de aprendizagem. É bastante provável que, neste caso, tanto a escola quanto a família não tenham estimulado o processo de alfabetização, e o que se faz necessário, agora, é um processo mais dirigido, elaborado pelo professor para estimular sua aprendizagem. Videoaula: Resolução do estudo de caso Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Olá, estudante! Neste Mão na Massa, você é docente do 2º ano do ensino fundamental e já aplicou a avaliação diagnóstica de Língua Portuguesa e de Matemática. Os alunos de sua turma demonstraram o conhecimento mais ou menos esperado para a idade e para a turma, porém um dos educandos, que veio transferido de outra escola, não demonstra os conhecimentos e as habilidades mais simples em relação à alfabetização, por exemplo, não diferencia uma letra de um desenho ou de um símbolo. Depois de conversar com os demais professores, vocês chegaram à conclusão de que o ideal é realizar uma intervenção pedagógica e acompanhar a evolução da aprendizagem, Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM documentando-a. Após isso, decidir se o educando deve ou não ser encaminhando para o atendimento educacional especializado. Para planejar a intervenção pedagógica, você deve traçar os objetivos que pretende alcançar no período de um mês, re�etir e preparar sua ação e os instrumentos de acompanhamento, para compor a documentação. Por exemplo, você pode ter como objetivos que o educando: Diferencie letras e números. Escreva seu nome com autonomia. Escreva palavras simples à sua escolha. Conheça os princípios da contagem. Saiba escrever os números de 1 a 10. Para isso, você pode estabelecer atividades, como orientação dirigida, leituras e atividades especí�cas para serem feitas na escola e em casa com suporte dos pais, apoio dos colegas e participação ativa do educando em seu processo de aprendizagem. Conforme o educando progride em sua aprendizagem, é importante que o professor realize a documentação e, para isso, ele pode usar o portfólio, orientando o educando em sua produção. O portfólio é um excelente instrumento para que o professor possa observar o progresso da aprendizagem do educando. O mais importante dessa ferramenta é que ela demonstra para o próprio educando a sua evolução. No caso do aluno deste desa�o pro�ssional, entendendo que ele não teve o estímulo necessário para avançar, o portfólio é um instrumento que evidencia as conquistas e estabelece o vínculo afetivo com a aprendizagem, já que é todo elaborado pelo educando. Como esta criança não demonstra ansiedade, tristeza ou mesmo irritação, a tendência é que sua aprendizagem evolua rapidamente, o que também lhe dará satisfação e alegria, muito provavelmente, afastando a necessidade de atendimento educacional especializado. Olá, estudante! Clique aqui e verique as orientações para realizar sua atividade. Bons estudos! Resumo visual https://cm-kls-content.s3.us-east-1.amazonaws.com/AMPLI/PRATICAS_PEDAGOGICAS/PRATICAS_PEDAGOGICAS_GESTAO_DA_APRENDIZAGEM/PRATICA_PEDAGOGICA_GESTAO_DA_APRENDIZAGEM.pdf Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Referências Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/. Acesso em: 22 dez. 2022. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF: Presidência da República, [2023]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 13 jan. 2023. BRASIL. Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Altera as Leis n º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e 11.494, de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Pro�ssionais da Educação, a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e o Decreto-Lei nº 236, de 28 de fevereiro de 1967; revoga a Lei nº 11.161, de 5 de agosto de 2005; e institui a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral. Brasília, DF: Presidência da República, [2023]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015- 2018/2017/Lei/L13415.htm#art4. Acesso em: 13 jan. 2023. BATISTA, A. A. G. et al. Avaliação diagnóstica da alfabetização. Belo Horizonte, MG: CEALE/FAE/UFMG, 2005. Disponível em: https://www.ceale.fae.ufmg.br/�les/uploads/instrumentos%20da%20alfabetiza%C3%A7%C3%A3 o/Col-Instrumentos-03_AvaliacaoDiagnostica.compressed.pdf. 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Acesso em: 4 jan. 2023. http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/ https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm#art4 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm#art4 https://www.ceale.fae.ufmg.br/files/uploads/instrumentos%20da%20alfabetiza%C3%A7%C3%A3o/Col-Instrumentos-03_AvaliacaoDiagnostica.compressed.pdf https://www.ceale.fae.ufmg.br/files/uploads/instrumentos%20da%20alfabetiza%C3%A7%C3%A3o/Col-Instrumentos-03_AvaliacaoDiagnostica.compressed.pdf https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/13970/1/MetodosAvaliacaoFormativa.pdf https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/23558/18927 http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2010/2010_fafipa_ped_artigo_ledacy_paiva_ribeiro.pdf http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2010/2010_fafipa_ped_artigo_ledacy_paiva_ribeiro.pdf3. Preparar a turma, explicando o processo que será realizado. 4. Aplicar as atividades ao longo de alguns dias, para que não se torne cansativo demais. Os instrumentos (atividades) que o professor emprega para construir a avaliação diagnóstica são os mais diversos, tais como: Produção de texto. Leitura e interpretação de textos. Preenchimento de lacunas. Construção de listas. Alfabeto móvel. Silabário. 5. Corrigir as avaliações, quali�cando as respostas em: Nível 1 (aprendizagem não desenvolvida), Nível 2 (domínio parcial da aprendizagem) e Nível 3 (aprendizagem consolidada) e elaborando um parecer de cada educando e da sala como um todo. A partir dos resultados obtidos, o professor consegue analisar o grau de aprendizagem de cada aluno, entendendo como a turma está composta, percebendo aqueles que apresentaram resultados muito díspares e precisam de um processo de aceleração para se aproximar do nível atingido pelo grupo maior. Neste momento, o professor já tem as informações necessárias para elaborar seu planejamento, construindo as metas de aprendizagem para a turma. Digamos que a maior parte dos educandos já é capaz de entender o que são letras e diferenciá-las dos outros símbolos, mas alguns poucos ainda confundem letras e os demais símbolos. O professor pode elaborar seu planejamento a partir do conhecimento que já está consolidado pela maior parte da turma, porém precisa realizar um processo de aceleração dos educandos que ainda não estão neste nível. Após a análise completa, é chegado o momento de comunicar os resultados aos educandos, retomando as atividades aplicadas e explicando os resultados e quais serão os passos a seguir. A ideia de apresentar os resultados aos educandos não se limita a apenas dar uma satisfação sobre os resultados, mas demonstrar o que se espera que eles alcancem e explicar os passos que serão tomados para chegar até lá. Comunicar os resultados ao educando é um momento muito especial, no qual o professor favorece que o aluno crie engajamento com a aprendizagem, pois as metas de aprendizagem podem ser construídas com a participação do educando. Da mesma forma, comunicar os resultados aos pais é uma forma de criar parceria para que apoiem a aprendizagem de seus �lhos. Desta forma, o professor pode explicar as metas traçadas e orientar a família para a construção de um ambiente propício ao aprendizado em casa, explicando a importância de acompanhar e valorizar a construção da aprendizagem da criança. Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Acredito que você deve ter �cado surpreso em relação ao quanto uma avaliação diagnóstica é profunda quando bem desenvolvida. Videoaula: Estratégias educativas para o mapeamento dos conhecimentos prévios dos estudantes Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Neste vídeo, você conhecerá as etapas da avaliação diagnóstica, tendo como exemplo o processo de avaliação da alfabetização para as duas primeiras séries do ensino fundamental. O trabalho se inicia com a matriz de referência de diagnóstico da avaliação e �naliza com a comunicação dos resultados para alunos e pais. Trata-se de um processo complexo e delicado, no qual o papel do professor é de inestimável importância! Saiba Mais Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Indicação 1: Neste artigo, as autoras discutem a avaliação diagnóstica, enfocando a re�exão prévia que o professor precisa realizar para de�nir o propósito desta avaliação e para estruturar todo o processo diagnóstico. Também, aponta a necessidade de o professor conhecer os instrumentos de avalição, para poder fazer as escolhas mais apropriadas. LOBO, B. K. L.; BRITO, R. G. A avaliação diagnóstica: conceitos e práticas nas séries iniciais do ensino fundamental. Cadernos da Pedagogia, v. 16, n. 34, p. 29-38, jan.-abr. 2008. Disponível em: https://www.cadernosdapedagogia.ufscar.br/index.php/cp/article/view/1815/746. Acesso em: 20 dez. 2022. Indicação 2: O Programa Brasil Alfabetizado foi uma grande iniciativa política para combater o analfabetismo em Língua Portuguesa e Matemática. Neste material, você encontrará uma interessante e completa matriz de referência para avaliação diagnóstica em alfabetização (e, se tiver interesse, em Matemática também). BRASIL. Matriz de referência comentada: Matemática, Leitura e Escrita. Brasília, DF: Ministério da Educação; Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita – UFMG, 2007. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/brasilalfabetizado/matriz_referencia.pdf. Acesso em: 15 dez. 2022. Referências https://www.cadernosdapedagogia.ufscar.br/index.php/cp/article/view/1815/746 http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/brasilalfabetizado/matriz_referencia.pdf Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM BATISTA, A. A. G. et al. Avaliação diagnóstica da alfabetização. Belo Horizonte, MG: CEALE/FAE/UFMG, 2005. 88 p. Disponível em: https://www.ceale.fae.ufmg.br/�les/uploads/instrumentos%20da%20alfabetiza%C3%A7%C3%A3 o/Col-Instrumentos-03_AvaliacaoDiagnostica.compressed.pdf. Acesso em: 14 dez. 2022. Aula 3 Saberes dos estudantes Introdução da aula https://www.ceale.fae.ufmg.br/files/uploads/instrumentos%20da%20alfabetiza%C3%A7%C3%A3o/Col-Instrumentos-03_AvaliacaoDiagnostica.compressed.pdf https://www.ceale.fae.ufmg.br/files/uploads/instrumentos%20da%20alfabetiza%C3%A7%C3%A3o/Col-Instrumentos-03_AvaliacaoDiagnostica.compressed.pdf Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM A gestão da aprendizagem é a maior e mais nobre tarefa de um professor. Como vimos nas aulas anteriores, a avaliação não deve ser considerada como o resultado obtido pelo educando após o processo de ensino e aprendizagem. Ela representa muito mais do que isso. A avaliação é uma sinalização ao professor daquilo que foi bem aprendido e daquilo que precisa ser retomado, revisto e aprofundado. A avaliação diagnóstica, que é o tipo de avaliação que se realiza para saber o que o educando já se apropriou em relação a um conhecimento ou a uma competência, por sua característica, tem como função orientar o professor em relação ao seu planejamento. Nesta aula, compreenderemos melhor como isso ocorre partindo do exemplo do desenvolvimento da leitura. A avaliação diagnóstica da leitura Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM A leitura tem várias funções na vida do indivíduo. Ela é utilizada para se apropriar de algum conhecimento, para se aprofundar em um conhecimento que já exista, para entender ideias de outras pessoas, para construir argumentação e até mesmo para o lazer. Podemos dizer que a leitura é uma das habilidades mais importantes a ser desenvolvida na escola. Para que o professor saiba dar continuidade ao processo de desenvolvimento da leitura em sua turma, ele precisa saber de onde deve partir. Para isso, deve realizar uma avaliação diagnóstica. Considerando que esta aula tem a leitura como foco, apresentaremos algumas estratégias de avaliação diagnóstica para a leitura, com base no material norteador elaborado por Batista et al. (2005). Para a leitura, os autores apontam sete capacidades que podem ser avaliadas na perspectiva diagnóstica, devendo ser escolhidas pelo professor de acordo com o per�l da turma que leciona. Quadro 1 | As sete capacidades de leitura que podem ser avaliadas em um processo diagnóstico CAPACIDADES 1 Ler e compreender palavras compostas por sílabas canônicas e não canônicas (sílabas canônicas são aquelas formadas por consoante seguida de vogal, tal como aparece na palavra CA-VA-LO. Sílabas não canônicas são aquelas formadas apenas por uma vogal, ou por vogal seguida de consoante, ou por consoante – Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM vogal – consoante, ou por consoante – consoante – vogal, por exemplo: PA-LA- VRA). 2 Ler e compreender frases. 3 Compreenderglobalmente o texto lido, identi�cando o assunto principal. 4 Identi�car diferenças entre gêneros textuais e localizar informações em textos de diferentes gêneros. 5 Inferir informações. 6 Formular hipóteses sobre o conteúdo do texto. 7 Ler com maior ou menor �uência. Fonte: Batista et al. (2005, p. 17-18). Observe que algumas capacidades são bastante elaboradas, como a de número 4, e outras mais simples, como as de número 5 e 6. Veremos, agora, alguns tipos de atividades que podem ser utilizadas para avaliar a habilidade em leitura nas séries iniciais do ensino fundamental. Quando se ingressa no primeiro ano, não se espera que os educandos tenham grandes habilidades em leitura. Uma atividade diagnóstica que pode ser interessante para alunos desta série é esta (BATISTA et al., 2005, p. 72): Pinte o nome da �gura (atividade relacionada à capacidade 1: Ler e compreender palavras compostas por sílabas canônicas e não canônicas): Para turmas que estejam mais avançadas no âmbito da leitura, é possível desenvolver uma atividade como esta (atividade relacionada à capacidade 5: Inferir informações): Leia o texto abaixo: Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM O camaleão assume a cor do lugar em que se encontra. Ele também muda de cor em várias situações. Ele pode mudar de cor quando está com medo, quando está zangado e quando está apaixonado. (adaptado de: CIBOUL, A. As cores. São Paulo, SP: Moderna, 2003.) Responda: Qual a cor do camaleão quando ele está na grama? _________________________________________________________________________ Outra atividade diagnóstica para leitura é entender o tipo de texto veiculado. Veja este exemplo (atividade relacionada à capacidade 4: Identi�car diferenças entre gêneros textuais e localizar informações em textos de diferentes gêneros): Fonte: Batista et al. (2005, p. 30). Para que serve este texto? Estes são alguns exemplos que o professor pode usar para construir sua avaliação diagnóstica de leitura, mas ele pode utilizar muitas outras. Diferenciais para a construção da avaliação diagnóstica da leitura Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Já sabemos que a avaliação diagnóstica da leitura é fundamental para planejar as próximas ações pedagógicas com foco em aperfeiçoar a �uência leitora dos educandos. Essa avaliação pode seguir modelos mais conhecidos, mas o professor pode criar algumas oportunidades diferenciadas e direcionadas especi�camente para o público que atende. Muitas vezes, as propostas já existentes têm uma conotação própria à época em que foram criadas. Observe este exemplo: Pelo título, que informação você acha que esta notícia vai nos dar? NA VOLTA DE DAIANE, BRASIL FATURA 5 MEDALHAS NA BÉLGICA (Fonte: Folha de São Paulo, 4/9/2011. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/esporte/2011/09/970187-na-volta-de-daiane-brasil-fatura-5- medalhas-na-belgica.shtml. Acesso em: 27 dez. 2022). Muito provavelmente, as crianças que estão no primeiro ano do ensino fundamental não conhecem a medalhista esportiva de ginástica olímpica, na época jovem negra, que sobreviveu em meio ao preconceito, ao racismo e à falta de recursos �nanceiros. É capaz que as crianças não consigam deduzir muitas informações. Então, é importante que o professor que realiza a avaliação diagnóstica conheça o universo cultural de seus alunos, para que possa extrair deles sua melhor performance leitora e ter dados realistas para produzir o planejamento. Outro aspecto muito importante é que, ao construir a avalição diagnóstica da leitura, o professor tenha em mente a necessidade de trabalhar com textos e imagens que estimulem outras habilidades dos educandos e não se reduza apenas à limitação das palavras que aparecem, levando-os a re�etir e analisar o texto. Para isso, o uso de tirinhas (quadrinhos) é bem https://www1.folha.uol.com.br/esporte/2011/09/970187-na-volta-de-daiane-brasil-fatura-5-medalhas-na-belgica.shtml https://www1.folha.uol.com.br/esporte/2011/09/970187-na-volta-de-daiane-brasil-fatura-5-medalhas-na-belgica.shtml Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM interessante. Claro que uma avaliação diagnóstica de leitura deve incorporar palavras desconhecidas, para que o professor possa avaliar a capacidade de inferência e de dedução do educando. Uma avaliação diagnóstica mais completa da leitura precisa envolver: Diferentes tipos de gêneros textuais (conto, verbete de dicionário, letra de música, poema, história em quadrinhos, entre outros), mas sempre considerando o que é apropriado a cada turma. Fotos e cartazes. Pinturas e esculturas. Grá�cos e diagramas. Mapas e rotas. Embora a avaliação diagnóstica, muitas vezes, seja entendida como um processo composto por atividades a serem desenvolvidas pelos educandos, a observação da relação do aluno com a leitura, realizada em sala de aula mesmo, é uma ferramenta diagnóstica muito signi�cativa. A observação exige atenção e o acompanhamento muito próximo e dos grupos de alunos, para que o professor efetivamente possa colher informações importantes sobre o desenvolvimento da capacidade leitora dos educandos. A observação também permitirá ao professor identi�car os temas de maior interesse dos alunos, os gêneros textuais aos quais não estão habituados, o interesse pelo ato de ler e a quantidade de tempo dedicada à leitura, bem como a persistência para compreender a mensagem transmitida em materiais mais densos e complexos. O planejamento subsidiado pela avaliação diagnóstica Após o professor realizar a avaliação diagnóstica, que dura em torno de uma semana, não ultrapassando o período de duas semanas, ele terá uma perspectiva bem acurada do estágio de Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM aprendizagem no qual se encontram os alunos e as potencialidades (competências e habilidades) a serem desenvolvidas. Rauen (2010, p. 2) recomenda que: A escola pode e deve trabalhar, desde as séries iniciais, com textos de diversas naturezas; com textos que surjam do cruzamento de linguagens variadas e, evidentemente, com os textos da literatura que criam a possibilidade de o indivíduo explorar dimensões não usuais do imaginário coletivo e pessoal. Assim, o professor precisa organizar seu planejamento estabelecendo o grau de desenvolvimento de leitura que ele pretende que os educandos atinjam e tendo como ponto de partida: A �uência na leitura associada à interpretação da mensagem transmitida. A curiosidade e a persistência sobre temas que não são do universo próximo da criança. A escolha do material apropriado para a faixa etária e nível de desenvolvimento atual da leitura, visando ao progresso da capacidade leitora. O desenvolvimento de aspectos correlatos à capacidade leitora: inferência e dedução, construção de argumentação, ampliação de repertório em relação à língua materna, aprendizagem da gramática e desenvolvimento da cidadania. Como aponta Rauen (2010, p. 3): É importante ressaltar que a leitura é a base do processo de alfabetização e da formação da cidadania. Nesta perspectiva, cada professor deve ter clareza de que educa e ensina para o desenvolvimento das potencialidades do ser, tanto individual como social. Para isto, é necessário que o professor apresente uma nova postura, buscando o aperfeiçoamento e atualização dos conhecimentos aplicados à leitura e, principalmente, fazendo re�exões sobre o signi�cado do ato de ler. As leituras signi�cativas (COLOMBO, 2010) são aquelas relacionadas ao cotidiano do educando, que o coloca frente a um conhecimento a ser apropriado para a resolução de alguma situação. Também, são aquelas realizadas por prazer, curiosidade e interesse pessoal no assunto. As leituras signi�cativas promovem, além da aquisição de conhecimentos, o desenvolvimento da cidadania e da criticidade, pois, normalmente, estão associadas a um momento importante da vida do educando. As práticas de leitura podem ser desenvolvidas em processos intencionais (quando o professor determina o material a ser lido,conduz a re�exão e apresenta atividades, exercícios ou avaliação) e/ou em processos mais dialógicos, em que o educando escolhe o material a ser lido em combinação com o professor. Quando o professor desenvolve a habilidade leitora a partir de Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM processos de ordem intencional, é importante que ele consiga, de alguma forma, promover a signi�cância daquilo que o educando lê, pois o processo se torna mais relevante, expressivo e profundo. Colombo (2010, p. 5-6) sistematiza bem a importância do trabalho com leituras signi�cativas: E a escola deve ser o espaço de estímulo às relações com a leitura signi�cativa capaz de extrapolar a decodi�cação, tornando prática social, uma vez que numa sociedade desigual como 6 a nossa em relação à distribuição de rendas, bem como a distribuição de bens culturais, a participação efetiva na sociedade se limita devido ao fato do não domínio da habilidade de leitura a qual não está ao alcance de todos, nem mesmo dos que foram à escola. Ao professor, cabe desenvolver seu planejamento considerando as oportunidades formativas e aprendizagens signi�cativas para seus educandos. Videoaula: Saberes dos estudantes Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Olá, estudante! Neste vídeo, entenderemos como a avaliação diagnóstica da leitura subsidia o processo de planejamento do educador para a construção de um processo de ensino e aprendizagem que aprimore a capacidade leitora dos educandos. A leitura de textos signi�cativos é uma das estratégias mais importantes para o desenvolvimento da formação cidadã, crítica e emancipatória. Saiba Mais Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM O material escolhido para aprofundar o seu aprendizado é um relatório de prática de estágio supervisionado. O relatório traz um referencial teórico denso e apresenta o resultado de práticas de gestão de aprendizagem relacionadas ao desenvolvimento da competência leitora em alunos da educação infantil e do segundo ano do ensino fundamental. A autora analisa as práticas propostas e a construção de hábitos de leitura nos educandos. BERNARDES, C. A. A. Re�etindo sobre a prática pedagógica e analisando o contributo de um projeto de leitura no desenvolvimento dos hábitos de leitura dos alunos. Leiria: Escola Superior de Educação e Ciências Sociais - Instituto Politécnico de Leiria, 2014. Disponível em: https://www.proquest.com/openview/bb62df08c36d41e9fc5a3103050edc4f/1?pq- origsite=gscholar&cbl=2026366&diss=y. Acesso em: 21 dez. 2022. Referências https://www.proquest.com/openview/bb62df08c36d41e9fc5a3103050edc4f/1?pq-origsite=gscholar&cbl=2026366&diss=y https://www.proquest.com/openview/bb62df08c36d41e9fc5a3103050edc4f/1?pq-origsite=gscholar&cbl=2026366&diss=y Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM BATISTA, A. A. G. et al. Avaliação diagnóstica da alfabetização. Belo Horizonte, MG: CEALE/FAE/UFMG, 2005. 88 p. Disponível em: https://www.ceale.fae.ufmg.br/�les/uploads/instrumentos%20da%20alfabetiza%C3%A7%C3%A3 o/Col-Instrumentos-03_AvaliacaoDiagnostica.compressed.pdf. Acesso em: 14 dez. 2022. COLOMBO, R. M. de J. A leitura signi�cativa como instrumento de aprendizagem. Dia a Dia Educação, 2010. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/393-4.pdf. Acesso em: 21 dez. 2022. RAUEN, A. R. F. Práticas pedagógicas que estimulam a leitura. Dia a Dia Educação, 2010. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/390-4.pdf. Acesso em: 21 dez. 2022. Aula 4 Relações entre os conteúdos prévios e a aprendizagem dos estudantes Introdução da aula https://www.ceale.fae.ufmg.br/files/uploads/instrumentos%20da%20alfabetiza%C3%A7%C3%A3o/Col-Instrumentos-03_AvaliacaoDiagnostica.compressed.pdf https://www.ceale.fae.ufmg.br/files/uploads/instrumentos%20da%20alfabetiza%C3%A7%C3%A3o/Col-Instrumentos-03_AvaliacaoDiagnostica.compressed.pdf http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/393-4.pdf http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/390-4.pdf Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Olá, estudante! Nesta aula, voltaremos a tratar da avaliação diagnóstica, porém em aspectos que ainda não foram abordados, tais como a investigação do contexto ampliado da vida do educando e seu cotidiano. São temas que ampliam a função da avaliação diagnóstica, mas trazem elementos cruciais para que o professor possa desenvolver seu planejamento com mais assertividade e relacioná-lo com os conhecimentos prévios, para ter um ponto de partida mais apropriado à situação de sua turma. Além disso, estudaremos um modelo de planejamento, para que você entenda com profundidade de que forma os dados coletados na avaliação diagnóstica são convertidos em um planejamento. Desejo a você um excelente estudo! Aspectos pouco evidenciados na avaliação diagnóstica Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Olá, estudante! Você já vem estudando a avaliação diagnóstica há algumas aulas e já teve contato com os objetivos deste tipo de avaliação e a forma de realizá-la, compreendendo os preceitos básicos que são retomados por Lobo e Brito (2022, p. 32): […] é indicado que a avaliação diagnóstica seja aplicada no início de cada disciplina, conteúdo ou módulo, com intuito de saber se o estudante já possui algum tipo de conhecimento sobre os assuntos que serão abordados. Esse tipo de avaliação não pode estar relacionado à obtenção de nota, visto que a função de diagnosticar refere- se à coleta de dados, e não para atribuir uma pontuação ao aluno. O que pouco se discute em termos de avaliação diagnóstica é que ela serve ao professor para identi�car dados importantes também relacionados ao contexto de vida do aluno e sua rotina, o que facilitará a construção de um planejamento mais realista e voltado às necessidades dos educandos. Estas informações podem ser coletadas, por exemplo, em um modelo de questionário, contendo algumas perguntas, tais como: 1. Qual é a sua rotina? O que você faz de manhã, de tarde e de noite? (Esta pergunta mostra se o aluno tem outras atribuições, por exemplo: cuidar dos irmãos, limpar a casa, se tem Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM tempo para brincar etc. Esta pergunta também pode apresentar dados importantes em relação ao cotidiano do aluno e seus desa�os). 2. Você consegue estudar em casa quando tem trabalhos, exercícios ou leituras para fazer? (Esta pergunta mostra se o aluno tem seu tempo de estudo respeitado em casa e se ele tem esse hábito já constituído). 3. O que você gosta mais de assistir na TV, de fazer no computador e no celular (se tiverem acesso), de ler e de jogar? (Esta pergunta trará elementos importantes para que o professor desenvolva atividades que propiciem aprendizagem signi�cativa, partindo dos interesses do educando). 4. O que você mais gostou de estudar no ano passado e o que você mais aprendeu? (Esta pergunta permite ao professor entender como o educando avalia sua aprendizagem, retomando efetivamente o que foi mais signi�cativo para ele, seja um objeto de conhecimento ou uma prática). 5. O que você gostaria de estudar neste ano? (Esta pergunta traz elementos importantes para o professor, para que ele possa ancorar os objetos de aprendizagem aos temas que os alunos elencaram, favorecendo a aprendizagem signi�cativa). �. Como você gostaria que fossem as aulas? (Esta pergunta também trará as expectativas dos educandos para que o processo de ensino e aprendizagem seja mais leve, mais motivador e signi�cativo). Este questionário trará muitas informações importantes para o professor e é interessante que seja guardado e retomado no �nal do ano letivo, para que os próprios educandos percebam como eles eram, o que gostavam e como estão agora; será um instrumento posterior de autoavaliação.Você encontrará muitos modelos de avaliação diagnóstica, mas lembre-se de que você pode construir o seu próprio modelo e inserir os instrumentos que julgar mais interessantes, como o questionário que foi apresentado. Construindo o planejamento Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Após a aplicação da avaliação diagnóstica, o professor tabulará e analisará os dados. Por exemplo: pode chegar à conclusão de que a maior parte dos alunos de sua turma é capaz de realizar adições com facilidade, mas há pouco avanço nas subtrações (pensando em uma turma de 2º ano do ensino fundamental), ou que os alunos leem palavras desconhecidas com di�culdade e escrevem com facilidade, cometendo poucos erros gramaticais, porém a pontuação não está bem consolidada (pensando em séries mais avançadas do ensino fundamental). Além da avaliação diagnóstica, o professor precisa conhecer a proposta que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL, 2018) traz para a série pela qual é responsável. É preciso comparar se os dados obtidos na avaliação diagnóstica são compatíveis com a proposta da BNCC para a série anterior. Caso haja defasagem, entende-se que há uma lacuna de aprendizagem que precisa ser suprida na série posterior, junto à proposta que já está prevista para acontecer. Outro documento que o professor deve levar em consideração é o Projeto Pedagógico da escola, no qual estão alinhados a metodologia, a visão e os valores da instituição e que tipo de educando se deseja formar. Só a partir deste ponto é que o professor começa a elaborar seu planejamento. Cada escola possui um modelo próprio de planejamento, ou seja, uma estrutura mais ou menos formal, que é o norteador do trabalho do professor. Inclusive, o planejamento pode se chamar plano de ensino ou plano escolar. Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Normalmente, um planejamento é composto por alguns campos. Inicia-se com a parte de identi�cação (nome da escola, ano letivo, série, componente curricular, nome do professor, objetivo do componente curricular, podendo conter outras informações). Masetto (1997) aponta que o planejamento deve ser composto por, no mínimo, três grandes campos: Os objetivos: as competências e as habilidades que serão desenvolvidas. A metodologia: a forma como o professor pretende organizar suas aulas para atingir os objetivos. A avaliação: os mecanismos que serão utilizados para evidenciar a aprendizagem dos educandos. Pode-se acrescentar ainda: Os objetos de conhecimento que serão trabalhados (conteúdos). Os materiais, instrumentos e equipamentos que serão necessários. Vejamos um exemplo de planejamento do professor: Objetivo Metodologia Avaliação Instrumentos Equipamentos Objetos do conhecimento Pode ser encontrado na BNCC ou elaborado pelo professor Descrição de como as aulas serão desenvolvidas Instrumentos empregados Relação de materiais necessários Conteúdos que serão trabalhados (EF15LP01) Identi�car a função social de textos que circulam em campos da vida social dos quais participa cotidianamente (a casa, a rua, a comunidade, a escola) e nas mídias impressa, de massa e digital, reconhecendo para que foram produzidos, onde Primeiramente, apresentar textos jornalísticos, de literatura, quadrinhos, cartazes, memes, lista de mercado, letra de música etc. Leitura e análise em grupo e conclusões em relação aos textos e a função social de cada um. O professor mediará o conhecimento, fazendo as explicações necessárias. Os - Observação. - Apresentação oral dos alunos. - Sistematização das informações sobre cada estilo de texto. - Cartazes desenvolvidos em grupo. - Textos diversos (impressos). - Cartolina para confecção dos cartazes. Função social de diferentes modalidades de texto. Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM circulam, quem os produziu e a quem se destinam. (BRASIL, 2018, p. 95) alunos trarão outros exemplos de seu cotidiano para a confecção de cartazes. Trazendo o contexto do educando como ponto de partida para a aprendizagem signi�cativa Estávamos observando um exemplo de planejamento no bloco, que tratava da identi�cação da função social de diversos textos que permeiam o contexto e o cotidiano do educando. E por que estudar isso é importante? Porque a leitura se torna mais e�ciente quando o leitor sabe o propósito do texto e o tipo de informação que encontrará. Por exemplo, se está lendo um cartaz, é para ser noti�cado de algo, e não para a leitura como forma de lazer. A mesma coisa se estiver lendo um texto jornalístico: é para obter informações sobre a atualidade, e não para fazer compra no mercado. Signi�car a aprendizagem é uma das formas de torná-la mais agradável e consolidada. Como isso poderia ser feito, seguindo o exemplo do bloco anterior? Na metodologia, antes de trazer os textos escolhidos pelo professor, ele pode pedir que os educandos tragam materiais impressos que têm em sua casa. O que os educandos podem trazer: folhetos diversos e de propaganda de mercado, revista de venda de cosmético, lista de compras, livros e revistas diversos, gibis, calendário, manual de instrução de algum equipamento, Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM álbum de �gurinhas etc. Esses materiais são elementos riquíssimos para subsidiar o trabalho do professor. Para Tavares (2003, p. 56), A aprendizagem signi�cativa requer um esforço do aprendente em conectar de maneira não arbitrária e não literal o novo conhecimento com a estrutura cognitiva existente. É necessária uma atitude proativa, pois numa conexão uma determinada informação liga-se a um conhecimento de teor correspondente na estrutura cognitiva do aprendiz; e em uma conexão não literal a aprendizagem da informação não depende das palavras especí�cas que foram usadas na recepção da informação. Assim, não adianta se o aluno apenas trouxer o material de casa, sem que haja intencionalidade do professor de aprofundar a aprendizagem. Por este motivo, seguindo ainda o exemplo, o professor precisa trazer mais textos e em formatos diferentes para que desperte o processo de conexão cognitiva em relação aos novos materiais. Que tipos de textos não são tão comuns no contexto de vida do educando? O jornal impresso, o verbete do dicionário, o jornal digital, as poesias, as letras de música, os cartazes informativos… São estes que o professor traz e promove, através da percepção das características, da análise, da re�exão, um progresso na aprendizagem do educando. Considerando que a BNCC propõe o desenvolvimento de competências e habilidades, o professor poderia dar continuidade ao trabalho desenvolvido, pedindo que os educandos desenvolvam, em grupos, alguns tipos de textos, por exemplo: cartazes informando sobre reciclagem, uma matéria jornalística sobre algum evento do bairro, a resenha de um livro que tenham lido etc. Desta forma, o processo de ensino e aprendizagem, que começou com a avaliação diagnóstica, vai tomando corpo e se tornando cada vez mais satisfatório e signi�cativo para o educando. Videoaula: Relações entre os conteúdos prévios e a aprendizagem dos estudantes Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Olá, estudante! Neste vídeo, avançaremos em relação ao estudo da avaliação diagnóstica, compreendendo como ela apresenta os dados necessários para o professor construir seu Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM planejamento, buscar sanar as lacunas de aprendizagem e construir processos pedagógicos que conduzam à aprendizagem signi�cativa. Para isso, apresentaremos um modelo de planejamento e entenderemos como o professor pode desenvolver atividades que auxiliem os educandos a signi�carem suas aprendizagens. Saiba Mais Os elementos para construir um planejamento são localizados em diversos documentos, tais como a BNCC e as plataformas educacionaisque auxiliam o professor. Porém, a grande responsabilidade do professor é fazer com que a aprendizagem de seu aluno seja consolidada e duradoura. Para isso, construir propostas que favoreçam a aprendizagem signi�cativa deve ser o seu principal objetivo como professor. Nesta entrevista, o professor José Manuel Morán explica como o professor constrói contextos signi�cativos de aprendizagem. MORÁN, J. M. Aprendizagem signi�cativa. Entrevista concedida à Escola Conectada. 2008. Disponível em: http://www2.eca.usp.br/prof/moran/site/textos/educacao_inovadora/signi�cativa.pdf. Acesso em: 23 dez. 2022. Referências http://www2.eca.usp.br/prof/moran/site/textos/educacao_inovadora/significativa.pdf Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/. Acesso em: 22 dez. 2022. LOBO, B. K. L.; BRITO, R. G. A avaliação diagnóstica: conceitos e práticas nas séries iniciais do ensino fundamental. Cadernos da Pedagogia, v. 16, n. 34, p. 29-38, jan.-abr. 2022. Disponível em: https://www.cadernosdapedagogia.ufscar.br/index.php/cp/article/view/1815/746. Acesso em: 22 dez. 2022. MASETTO, M. T. Didática: a aula como centro. 4. Ed. São Paulo, SP: FTD, 1997. TAVARES, R. Aprendizagem signi�cativa. Revista Conceitos, p. 55-60, jul. 2003. Disponível em: http://www.projetos.unijui.edu.br/formacao/_medio/�sica/_MOVIMENTO/ufpb_energia/Textos/A SConceitos.pdf. Acesso em: 23 dez. 2022. Aula 5 Revisão da unidade Da avaliação diagnóstica à aprendizagem signi�cativa: trabalhando com a gestão da aprendizagem http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/ https://www.cadernosdapedagogia.ufscar.br/index.php/cp/article/view/1815/746 http://www.projetos.unijui.edu.br/formacao/_medio/fisica/_MOVIMENTO/ufpb_energia/Textos/ASConceitos.pdf http://www.projetos.unijui.edu.br/formacao/_medio/fisica/_MOVIMENTO/ufpb_energia/Textos/ASConceitos.pdf Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Olá, estudante! Nesta primeira unidade, o foco foi entender como a avaliação traz subsídios fundamentais para o professor elaborar seu planejamento de ensino. A avaliação nem sempre teve essa conotação. Ao longo do tempo, ela foi usada como um momento de �nalização de um período de estudo que servia para quanti�car a aprendizagem do aluno e atribuir-lhe uma nota. Normalmente, era realizada na forma de teste ou exame sem consulta, com o objetivo de reproduzir as partes mais importantes que foram estudadas. Hoje, já se sabe que este tipo de avalição é pouco produtivo, pois favorece a repetição a partir da decoração de textos. Recentemente, o processo de avaliação passou a ser estudado e re�etido com mais profundidade, principalmente nas modalidades diagnósticas e formativa. Para o professor, responsável pela gestão da aprendizagem de seus alunos, a avaliação diagnóstica traz elementos fundamentais para mediar a aprendizagem de seus alunos. A avaliação diagnóstica deve ser realizada sempre que se inicia um ano ou período letivo, para entender o que os educandos já aprenderam e está consolidado e para identi�car se houve lacunas em relação ao que deveria ter sido aprendido. É assim que o professor consegue perceber o ponto de onde deve partir e as aprendizagens que precisam ser recuperadas e fortalecidas. No entanto, a avaliação diagnóstica não é apenas um teste que se aplica, e sim a construção de instrumentos diversi�cados que permitem ter uma visão ampla sobre aquilo que os educandos já aprenderam. Neste sentido, o professor precisa ter conhecimento do que se propõe como Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM perspectivas de desenvolvimento na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para os componentes curriculares que ministra em relação a cada série ou ano escolar. Há matrizes de avaliação diagnóstica que trazem modelos e exemplos interessantes para subsidiar o professor, mas é importante que o docente adapte ou adeque as atividades ao momento histórico e ao contexto e cotidiano do educando. É fundamental entender que a avaliação diagnóstica não é realizada em um dia só, para não esgotar os educandos, e deve conter perguntas que ajudem o professor a conhecer o contexto de vida e o cotidiano de cada aluno. Após a aplicação das atividades, o professor deve fazer uma síntese sobre as aprendizagens consolidadas, aquelas que precisam de reforço e o que não foi aprendido. Os resultados são apresentados aos alunos e aos pais em momentos diferentes, para que se tracem coletiva e colaborativamente os objetivos de aprendizagem para o ano ou período que se inicia. A partir daí, o professor elabora seu planejamento, considerando os objetivos propostos na BNCC, a metodologia de ensino, os recursos e os processos de avaliação, partindo dos conhecimentos prévios e do contexto dos educandos, para que a aprendizagem seja realmente signi�cativa e duradoura. Videoaula: Revisão da unidade Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Olá, estudante! Neste vídeo, você retomará conceitos importantes estudados nesta unidade, tais como: a evolução do conceito de avaliação, os princípios da avaliação diagnóstica, como se constrói uma avaliação diagnóstica, como se analisam os resultados e como estes subsidiam o planejamento do professor. Também, entenderá como se constrói a aprendizagem signi�cativa, aquela que é útil aos educandos e duradoura. Estudo de caso Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Olá, estudante! É chegado o momento de re�etir sobre uma situação do contexto pro�ssional no campo da educação. Imagine que você acabou de ser contratado para lecionar para a segunda série do ensino fundamental em um colégio particular. Nesta escola, há três turmas desta série, ou seja, segunda série A, B e C. Você é o terceiro professor deste grupo e lecionará os componentes curriculares básicos para esta série, exceto Arte, Educação Física, Música e Língua Inglesa. O ano letivo terá início em breve, e a escola tem como proposta pedagógica que se realizem avaliações diagnósticas antes de os professores construírem os planejamentos. Nas avaliações diagnósticas, são contemplados dois componentes curriculares: Língua Portuguesa e Matemática. Os três professores da segunda série do ensino fundamental trabalharão em grupo para construir as respectivas avaliações diagnósticas. Em relação à Língua Portuguesa, os professores já tinham um material bem interessante do ano passado e estão fazendo pequenos ajustes. No ponto de vista de vocês, estas avaliações já estão praticamente prontas. Porém, para o componente curricular de Matemática, vocês chegaram à conclusão de que há necessidade de uma reformulação completa. A avaliação diagnóstica dessa disciplina utilizada no ano anterior traz algumas contas de adição e subtração e pede que a criança construa as tabuadas do número 2 e do número 3. Vocês, professores da segunda série, sabem que a construção do raciocínio lógico e matemático é muito mais profundo e que precisa estar alinhado aos objetivos da BNCC, ou seja, as competências a serem desenvolvidas precisam estar relacionadas ao letramento em matemática, aos processos matemáticos de entendimento e resolução de problemas, que envolvem: raciocínio lógico, representação grá�ca e/ou numérica, comunicação e argumentação, e que também enfocam: números, álgebra, geometria, grandezas e medidas e probabilidade e estatística. Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Sendo assim, considerando que o grande desa�o está em construir uma avaliação diagnóstica do componente curricular de Matemática para crianças que iniciarão os estudos na segunda série do ensino fundamental, quais seriam os primeiros passos para que os três professores possam começar a elaborar os instrumentos? E depois, como isso se desenrolaria?Escreva sua proposta e, se puder, compartilhe com seus colegas. Re�ita Olá, estudante! Vamos re�etir um pouquinho sobre a proposta apresentada no estudo de caso e a realidade pro�ssional? Talvez, você tenha se assustado um pouco e pensado que não conseguirá resolver este desa�o. E esse é, na verdade, um problema que tem origem na formação escolar de grande parte dos professores. A questão é que a Matemática, enquanto área do conhecimento, nem sempre foi desenvolvida de forma signi�cativa, ou seja, não promoveu a aprendizagem que deveria ter promovido. E isso vem se perpetuando na prática escolar há muito tempo. Matemática é um conhecimento muito importante na vida das pessoas, e não apenas para elas poderem fazer as contas no mercado. O raciocínio lógico traz uma forma de pensar rápida e prática, o que favorece a resolução dos problemas do cotidiano. Você já re�etiu sobre isso? Que tal começar estudando o que a Base Nacional Comum Curricular tem como proposta para a Matemática? Você verá que é possível vencer a insegurança com seus estudos! O Videoaula: Resolução do estudo de caso Este conteúdo é um vídeo! Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo para assistir mesmo sem conexão à internet. Olá, estudante! Aqui está uma proposta de resolução para o desa�o do estudo de caso. Espero colaborar com suas re�exões! O ponto de partida para que os professores possam realizar uma avaliação diagnóstica deve ser a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), pois lá estão descritas as dez competências básicas que devem ser desenvolvidas na educação básica, bem como as competências especí�cas por área do saber. Além disso, encontram-se descritos os objetivos de aprendizagem de cada componente curricular, organizados por ano ou série. Assim, considerando-se a necessidade de elaborar uma avaliação diagnóstica de Matemática para a segunda série do ensino fundamental, o ideal é que os professores se debrucem e estudem a BNCC, compreendendo sua proposta e investigando aquilo que precisa ser aprofundado. Especi�camente, os professores precisam olhar o componente de Matemática do Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM primeiro ano do ensino fundamental, pois lá estará descrito tudo aquilo que os educandos deveriam ter aprendido. Em seguida, o grupo pode pesquisar por algumas matrizes de referência de avaliação diagnóstica de Matemática para a segunda série do ensino fundamental. Estas matrizes trazem as capacidades a serem diagnosticadas na avaliação, os respectivos descritores e algumas propostas de atividade. Lembre-se de que você pode conhecer estas propostas, mas é importante que o professor faça os ajustes e as adaptações necessários, considerando o contexto e o cotidiano de vida de seus alunos. Por exemplo, se você quiser saber se o aluno conhece a notação monetária no Brasil, não pode usar um exemplo no qual apareça CR$ (Cruzeiro Real, que antecipou o Real) nem US$ (que é o símbolo monetário norte-americano – Dólar). Depois de elencadas as capacidades e de ter explorado algumas atividades, os professores da segunda série do ensino fundamental podem conversar com os professores da primeira série, entendendo como conduziram o processo de ensino e aprendizagem da Matemática no ano anterior. Essa conversa pode trazer elementos interessantes a serem incorporados na avaliação diagnóstica. Por �m, é hora de construir os instrumentos que serão aplicados e organizar a forma como serão aplicados. Algumas re�exões importantes serão necessárias: serão utilizados jogos? Se sim, quais? As atividades em papel serão aplicadas em grupo ou individualmente? Como o professor fará o registro das observações? Como os dados serão analisados? Como os educandos poderão participar do planejamento? Espero que estas ideias tenham trazido luz e ajudem a aprimorar os resultados do estudo de caso! Resumo visual Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Avaliação Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Avaliação diagnóstica Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Processo de diagnóstico Referências Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/. Acesso em: 13 dez. 2022. FREIRE, E. S.; CARVALHO, A. O. P.; RIBEIRO, A. P. de M. Avaliação educacional: uma dimensão histórica. In: ENCONTRO NACIONAL DO NÚCLEO DE HISTÓRIA E MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO, 2., 2013, Fortaleza. Anais [...]. Fortaleza, CE: ENHIME, 2013. Disponível em: https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/39108/1/2013_eve_apmribeiro.pdf. Acesso em: 13 dez. 2022. LOBO, B. K. L.; BRITO, R. G. A avaliação diagnóstica: conceitos e práticas nas séries iniciais do ensino fundamental. Cadernos da Pedagogia, v. 16, n. 34, p. 29-38, jan.-abr. 2022. Disponível em: https://www.cadernosdapedagogia.ufscar.br/index.php/cp/article/view/1815/746. Acesso em: 22 dez. 2022. TAVARES, R. Aprendizagem signi�cativa. Revista Conceitos, p. 55-60, jul. 2003. Disponível em: http://www.projetos.unijui.edu.br/formacao/_medio/�sica/_MOVIMENTO/ufpb_energia/Textos/A SConceitos.pdf. Acesso em: 23 dez. 2022. SANTOS, M. R. da; VARELA, S. A avaliação como um instrumento diagnóstico da construção do conhecimento nas séries iniciais do ensino fundamental. Revista Eletrônica de Educação, ano I, n. 1, ago./dez. 2007. Disponível em: https://web.uni�l.br/docs/revista_eletronica/educacao/Artigo_04.pdf. Acesso em: 14 dez. 2022. , Unidade 2 Avaliação como recurso do planejamento pedagógico http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/ https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/39108/1/2013_eve_apmribeiro.pdf https://www.cadernosdapedagogia.ufscar.br/index.php/cp/article/view/1815/746 http://www.projetos.unijui.edu.br/formacao/_medio/fisica/_MOVIMENTO/ufpb_energia/Textos/ASConceitos.pdf http://www.projetos.unijui.edu.br/formacao/_medio/fisica/_MOVIMENTO/ufpb_energia/Textos/ASConceitos.pdf https://web.unifil.br/docs/revista_eletronica/educacao/Artigo_04.pdf Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Aula 1 Avaliação continuada e objetivo pedagógico da escola Introdução Caro estudante, em sua trajetória escolar, você se recorda de quais tipos de avaliação já fez? Nessa aula, aprenderemos diversos tipos de avaliação e suas diferenças. Apresentaremos que avaliar é um processo que pode potencializar a aprendizagem dos educandos e, para tal, é importante que a avaliação esteja baseada numa perspectiva de desenvolvimento psicológico, bem como tenha um objetivo claro e de�nido a partir do nível de conhecimento dos alunos envolvidos. A avaliação pelo prisma de sua continuidade, como recurso da aprendizagem e do ensino, ajuda tanto o professor a compreender quais estratégias e atividade contribuem para a apropriação do conhecimento de sua turma como orienta sua prática de modo signi�cativo. Vamos entrar nessa jornada de aprendizagem? Bons estudos! Avaliação em seu processo histórico Disciplina PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM Avaliar é um processo presente em nossa vida cotidiana, que nos constitui social e historicamente. Se voltarmos aos primórdios da civilização, essa atividade esteve presente, mesmo que não nomeada como tal, como um modo de continuar ou não como uma ação, como a caça, a pesca, a elaboração de utensílios, entre outros. Na instituição escolar, a avaliação assumiu diferentes sentidos ao longo da histórica da educação no Brasil, sendo considerada o instrumento medidor do conhecimento do estudante, cujo resultado determinava a retenção ou a continuidade para outros anos escolares. Além dessa perspectiva, o ranqueamento dos saberes também foi foco da avaliação a nível institucional e externo, como a Prova Brasil e as avaliações pertencentes aos estados e municípios. Geralmente, essas avaliações estão vinculadas ao sentido de qualidade