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Da Agência, Distribuição e Corretagem

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DA AGÊNCIA
Noções Introdutórias do Contrato de Agência
O contrato de agência foi disciplinado no CC conjuntamente com o contrato de distribuição. Por meio do contrato de agência uma pessoa assume, em caráter não eventual e sem vínculos de dependência, a obrigação de promover, à conta de outra, mediante retribuição, a realização de certos negócios, em zona determinada. Ver Lei nº 4886/65 com alterações promovidas pelas Leis nº 8420/92 e 12.246/2010.
As partes no contrato de Agência
As partes envolvidas no contrato de agência são o agente e o proponente, de tal modo que o primeiro agenciará interesses do segundo em determinada região.
Natureza Jurídica
O contrato de agência é BILATERAL, na medida em que ambos possuem obrigações recíprocas, ONEROSO, vez que ambos tem sacrifício patrimonial, CONSENSUAL, porque perfaz pelo simples consentimento, PERSONALÍSSIMO, já que o traço de confiança se mostra preponderante na esfera negocial.
DIREITOS E OBRIGAÇÕES AGENTE
Não assumir encargo de em determinada zona tratar de negócios do mesmo gênero, à conta de outros proponentes;
Arcar com todas as despesas com a agência, que geram por conta própria, inclusive funcionários e terceiros;
Agir com diligência, atendo-se as instruções do proponente;
Ter exclusividade de atuação em determinada zona;
Receber remuneração correspondente aos negócios concluídos, futuros sem sua culpa, dispensados em caso de justa causa, além dos negócios pendentes, sem prejuízos de perdas e danos a que não der culpa;
Receber indenização correspondente aos serviços realizados, cabendo esse direito aos herdeiros em caso morte, se o agente não puder continuar o trabalho por motivo de força maior;
Receber indenização se o proponente, sem justa causa, cessar o atendimento das propostas ou reduzi-lo tanto que se torne antieconômica a continuação do processo;
Extinguir o contrato a qualquer tempo, mediante aviso prévio de 90 dias ao proponente, em se tratando de negócio por prazo indeterminado.
DIREITOS E OBRIGAÇÕES PROPONENTE
Arcar com todas as remunerações previstas em lei;
Respeitar a autonomia do agente, sem ingerências em sua atividade;
Respeitar a exclusividade do agente em determinada área de atuação;
Dar poderes ao agente para que este o represente na conclusão dos contratos;
Exigir indenização por perdas e danos pelos prejuízos causados pelo agente;
Em se tratando de contrato por prazo indeterminado, extinguir o contrato a qualquer tempo, desde que transcorrido prazo compatível com a natureza e vulto do investimento, mediante aviso prévio de 90 dias.
DA DISTRIBUIÇÃO
Noções Introdutórias do Contrato de Distribuição
A distribuição apresenta um perfil parecido com o contrato de agência, porém, enquanto na agência o agente apenas intermédia o negócio que será feito entre o proponente e o consumidor, no contrato de distribuição, o próprio distribuidor adquire o bem do fabricante para repassá-lo ao consumidor por conta própria. 
O contrato de distribuição se materializa comumente nas atividades de concessionárias de veículos e nas distribuidoras de combustíveis.
Partes no contrato de Distribuição
De um lado atuará o concedente que seria o fabricante do bem, e de outro, estaria o concessionário, que seria o distribuidor responsável por sua revenda. É de se notar que na distribuição deve ser vislumbrada uma venda sucessiva: o fabricante (concedente) venderá para o concessionário (distribuidor) e este, por sua vez, revenderá para um terceiro consumidor.
Natureza Jurídica
Com o contrato de distribuição temos a seguinte natureza: BILATERAL, vez que repassa obrigações para ambas partes; ONEROSO, vez que há sacrifício patrimonial de ambas partes; TÍPICO, uma vez que portador de disciplina mínima especificada no CC e na Lei nº 6729/79 com alterações posteriores.
Objeto no contrato de Distribuição
Para relacionarmos o objeto do contrato de distribuição apresentamos as palavras certeiras de Victor Kümpel: “ O contrato tem por objeto a colocação de produto no mercado consumidor, transferindo a mercadoria do fabricante para o distribuidor e deste ao consumidor. O produto adquirido pelo distribuidor presta-se apenas à revenda, não podendo ter nenhuma outra finalidade, nem servir de matéria-prima ou uso do concessionário. O distribuidor pode manter um estoque com a única finalidade de satisfazer a clientela. O contrato nada mais é do que uma compra e venda sucessiva, sendo livre o preço da venda do concessionário ao consumidor. O concedente apenas precisa ter um preço fixo para seus concessionários”. (Kümpel, 2005, p-213).
DO CONTRATO DE CORRETAGEM
Noções Introdutórias 
No contrato de corretagem uma pessoa obriga-se a obter para outra um ou mais negócios, conforme as instruções recebidas. Nessa figura negocial, as partes não estão vinculadas em virtude de um mandato, ou de um contrato de prestação de serviços ou de qualquer relação de dependência. 
 
As partes no contrato de corretagem
O contrato de corretagem é celebrado entre duas pessoas: o corretor e o comitente. A obrigação do corretor é exatamente a de conectar um terceiro ao comitente para que com este se faça determinado negócio jurídico.
Natureza Jurídica
O contrato de corretagem é BILATERAL, diante do surgimento de obrigações para ambas partes, ONEROSO, vez que as duas partes se submetem a sacrifício patrimonial, ACESSÓRIO, pois a sua base repousa em outro contrato que irá ser celebrado, CONSENSUAL, pois se aperfeiçoar com o simples consentimento, ALEATÓRIO, uma vez que ainda que o corretor empregue toda diligência possível, se outro contrato não for celebrado entre o comitente e terceiro, não cabe remuneração ao corretor.
A corretagem como Obrigação de Resultado
Viés inviolável no contrato de corretagem é a percepção de que não importa o tamanho do trabalho ou dispêndio empregado pelo corretor para o cumprimento da obrigação. O papel do corretor é exatamente o de ligar duas pessoas para que estas possam celebrar futuro contrato. Portanto, quanto o corretor empregou de sacrifício para o cumprimento do contrato não vem ao caso, fazendo jus à remuneração, apenas após a celebração do contrato entre comitente e terceiro. Desse modo, a corretagem não pode ser vista como obrigação de meio, e sim, de resultado ou fim.
A Remuneração do Corretor
Ao corretor caberá a obrigação de executar a mediação com diligência e prudência, e a prestar ao cliente, espontaneamente, todas as informações sobre o andamento do negócio. Além disso, sob pena de responder por perdas e danos, o corretor prestará ao cliente todos os esclarecimentos acerca da segurança ou dos risco do negócio, das alterações de valores e de outros fatores que possam influir nos resultados da incumbência (art. 723, CC).
Em contrapartida, diante da celebração de outro contrato entre comitente e terceiro, surgirá para o corretor o direito de receber a remuneração, que, se não estiver fixada em lei nem tiver sido ajustada entre as partes, será arbitrada segundo a natureza do negócio e usos locais.
É interessante notar que a remuneração será devida em outra situação também: caso o contrato entre comitente e terceiro não seja realizado em virtude de arrependimento das partes. Art 725, CC: “A remuneração é devida ao corretor uma vez que tenha conseguido o resultado previsto no contrato de mediação, ou ainda que este não se efetive em virtude de arrependimento das partes”.
A redação mencionada não trata do arrependimento injustificável, quando, de fato, o corretor não pode, após aproximação das partes e conclusão do negócio, responsabilizar-se por um injustificado arrependimento de uma delas. Nesse caso, ainda assim, merecerá a remuneração devida.
Todavia, se o arrependimento se fundar em alguma coisa plausível, ou seja, for justificável, por exemplo as informações passadas pelo corretor ao terceiro sobre o negócio não corresponderem à realidade, culminando no arrependimento, nesse caso não será cabível remuneração ao corretor.
O negócio celebrado sem intermediação do corretor
É evidente
que, ainda que haja um corretor constituído, se o negócio for feito entre o comitente e o terceiro sem a intermediação do corretor, não lhe caberá remuneração alguma.
Mas atenção: se no contrato de corretagem houver previsão de exclusividade em relação ao corretor, e o contrato tiver sido celebrado entre comitente e terceiro, ainda que sem a intermediação do corretor, caberá a este a remuneração avençada. É a redação do art. 726, CC.
Aplicação de outras normas de Legislação Especial
O Código Civil deixa bem claro que, além dos arts. 722 ao 729, aplicáveis ao contrato de corretagem, outras leis especiais poderão ser chamadas à baila, como, por exemplo, a lei nº 6530/78, que regulamenta a profissão de Corretor de Imóveis e disciplina o funcionamento de seus órgãos de fiscalização.
 Direitos e deveres decorrentes da corretagem
A Lei 12.236/2010 deu nova redação ao art. 723 do Código Civil e estabeleceu que o corretor é obrigado a executar a mediação entre o interessado na corretagem e o sujeito que figurará no contrato principal com diligência e prudência.
Deve o corretor, nesse sentido, prestar ao interessado, sempre de forma espontânea, todas as informações sobre o andamento do negócio.
Ademais, deve o corretor esclarecer o interessado acerca da segurança, dos riscos, das alterações de valores, de todo e qualquer fato que possa influir nos resultados esperados da corretagem, sob pena de arcar com perdas e danos.
A corretagem assenta-se em uma verdadeira obrigação de resultado, pela qual o corretor compromete-se pela efetiva realização do contrato principal entre interessado e pessoa identificada. Caso não haja a conquista do resultado, o corretor não será remunerado.
Contudo, o Código Civil traz uma exceção a esta situação, estabelecendo que caso o negócio não se realize por arrependimento das partes, ainda assim a remuneração é devida (art. 725, segunda parte, CC).
Caso o negócio seja entabulado diretamente entre as partes, o corretor não terá direito à remuneração, salvo cláusula de exclusividade, hipótese na qual terá o corretor direito à remuneração integral, ainda que realizado o negócio sem a sua mediação, salvo se comprovada sua inércia ou ociosidade (art. 726, CC).
Na hipótese de haver mais de um corretor aos quais foram atribuída a mesma incumbência e o negócio for celebrado em virtude da atuação de todos, a remuneração será prestada em partes iguais, salvo se expressamente previsto de forma contrária (art. 728, CC).
 Extinção da corretagem
O contrato de corretagem extingue-se com a conclusão do negócio, por perda de seu objeto. Haverá também a extinção em virtude de escoamento do prazo para atuação do corretor, caso haja previsão contratual nesse sentido. O distrato, por representar livre disposição da vontade de ambas as partes, também enseja a extinção da corretagem.
Ademais, poderá haver a revogação dos poderes outorgados pelo interessado ao corretor, a quem socorre, também, hipóteses que também ensejam a extinção do contrato em comento.

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