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Aula 5 on line O Marxismo e a História

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – EAD
LICENCIATURA EM HISTÓRIA 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA HISTÓRIA
sábado, 26 de setembro de 2015
Aula 5: O Marxismo e a História
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Compreender o que foi o marxismo; 
2. Identificar o contexto histórico presente durante o período no qual Karl Marx desenvolveu suas principais teorias; 
3. Relacionar os pensamentos de Marx com o estudo da História; 
4. Entender o que foi o materialismo histórico.
Marx foi um autor muito importante para disciplina da História e em suas obras desenvolveu uma concepção para a teoria da histórica. Sua interpretação acerca dessa disciplina, entretanto, foi muito influenciada pela ideia de filósofos como Saint Simon, Fleuerbach e, sobretudo, Hegel.
Sua noção da história inserida em uma ideia de processo e progresso como algo que surge a partir do próprio desenvolvimento dos acontecimentos. De forma dialética, é bastante Hegeliana, contudo, o autor não se limitou a apenas isso.
Saint Simon - Conde de Saint-Simon nasceu em 17 de outubro de 1760, em Paris, e faleceu em 19 de maio de 1825. Foi economista e filósofo e fundou as bases para o socialismo utópico.
Fleuerbach - Ludwig Andreas Feuerbach nasceu em 28 de julho de 1804 em Landshute e faleceu em Rechenberg, Nuremberg, no dia 13 de setembro de 1872. Foi um filósofo alemão, discípulo de Hegel, que ficou conhecido pela teologia humanista e seu pensamento foi definidor para a construção do pensamento marxista.
Hegel - Para conhecer mais sobre Hegel, veja a aula 4.
Marx trouxe o conceito de Revolução para a História e suas análises foram fortemente influenciadas pelo pensamento positivista que rejeitava conceitos metafísicos ou qualquer ideia parecida com o pensamento hegeliano de “espírito da época”. A concepção histórica marxista voltava-se para fatos reais e concretos da existência humana. 
Dessa forma, observa-se a inovação de Karl Marx em relação à filosofia da história: a criação do materialismo histórico, que trazia um conceito novo para a interpretação dos acontecimentos sociais, pois chamava fatores técnicos e econômicos para a leitura e compreensão da história. Na verdade, o idealismo dialético de Hegel foi lido, criticado e transformado no materialismo dialético.
Para José D’ Assunção Barros, o materialismo histórico de Marx seria o terceiro grande paradigma historiográfico que surgiu no século XIX e que se estende até os dias de hoje como um âmbito teórico em permanente discussão. Ainda de acordo com o autor, trata-se de uma teoria da história cuja influência não se dá à própria historiografia marxista, mas em relação a várias correntes historiográficas, uma vez que diversos dos conceitos consolidados pelo materialismo histórico são hoje parte integrante de repertório da comunidade de historiadores como um todo.
BARROS, José D´Assunção. Teoria da História: paradigmas revolucionários. Rio de Janeiro: Vozes, 2011. P.17.
Segundo a concepção da história de Hegel, existia a ideia de um espírito absoluto nas sociedades, que tornou a humanidade apenas uma massa que o possuía e o transportava de forma consciente e inconsciente, por isso, a história da humanidade, para Hegel, estava além da história do homem real, trazia uma ideia metafísica. 
Marx, crítico dessa concepção, partia da premissa de que toda a história humana é baseada na existência de indivíduos humanos e vivos, e acredita que é fundamental essa compreensão, a fim de que se possa entender a relação existente entre o homem e a natureza.
Para o autor, é a partir dessa percepção que se pode distinguir inclusive o homem da natureza, pois se torna possível perceber que o ser humano apresenta uma concepção de religião e, mais importante, a noção da necessidade de produção do seu meio de subsistência, ou seja, de sua vida material.
Enquanto Hegel propunha um sistema de compreensão da sociedade e do mundo dialético e idealista, Marx formulava sua visão de mundo a partir de um sistema dialético e materialista. De acordo com o historiador José D’Assunção Barros, esse esquema representa uma síntese dos fundamentos e conceitos centrais do materialismo histórico.
MATERIALISMO HISTÓRICO - Aqui se encontram tudo aquilo que seria mais inseparável do materialismo histórico como campo teórico-metodológico específico que permite compreender a história e a dinâmica das sociedades humanas.
HISTORICIDADE RADICAL- Na parte superior interna do círculo, segundo o autor, estão os fundamentos centrais do materialismo histórico: a “Dialética”, o “Materialismo” e a “Historicidade Radical”. Vale ressaltar que o conceito de dialética refere-se a ideia de conceber a realidade como um dever, onde este aconteceria a partir da existência de contradições, ou seja, esse conceito está diretamente ligado à concepção de transformação.
Enquanto Hegel situava o processo dialético existente na sociedade no Espírito, Marx o situava na matéria, na realidade concreta, como resultado das contradições na qual se encontravam os homens no momento histórico no qual estão inseridos. Por isso, a importância da análise material e objetiva. O conceito de Historicidade Radical está ligado à ideia de que tudo pode ser analisado historicamente.
PRÁXIS - Existem também três conceitos fundamentais sem os quais não se poderia compreender. A noção de “Práxis” como algo que reúne teoria e prática, ou o pensamento em ação em um todo coerente é, de certo modo, de acordo com Barros, um desdobramento da dialética. O conceito de “Luta de classes” desdobraria-se diretamente da combinação entre historicidade e dialética.
E, “Modo de produção” constitui-se um conceito que busca expressar o núcleo mínimo de Materialidade de determinada formação social, embora esse conceito dependa diretamente de dois fatores – a Dialética e a Historicidade.
A partir da compreensão do esquema e de suas explicações, percebe-se que para Marx a concepção de história localizava-se em duas dimensões diferentes, mas relacionadas: a “História da Luta de classes” e a “História da sucessão dos modos de produção”.
Ao fazer essa leitura, em pleno século XIX, no qual predominava uma visão de história ligada a Escola metódica, Marx inaugurava uma nova abordagem historiográfica que trazia a importância da leitura social e econômica e não apenas política para a historiografia.
A partir de agora, você conhecerá alguns dos conceitos mais importantes trabalhados por Marx e Engels e que passaram a compor o materialismo histórico.
O conceito de modo de produção
Marx acreditava que a produção do meio de subsistência de uma sociedade dependia das características dos meios de subsistência já existentes em determinada organização. Dessa maneira, se torna possível compreender de que forma os indivíduos são, pois sua existência estaria ligada à produção. 
Assim, é imprescindível compreender o que produzem e como produzem. Dessa forma, se torna possível entender quais são as condições materiais de produção que possibilitam a existência e permanência no mundo de determinada organização social
Cada fase da história possui um resultado material reflexo do somatório de forças de produção, criados entre os indivíduos e a sua relação com a natureza. 
Nesse sentido, cada sociedade herda daquela que a precedeu características produtivas, as transforma e assim o processo histórico se dá evolutivamente em um caráter sucessivo, pois a geração seguinte também herdará determinadas características produtivas e a transformará para as próximas. 
O autor inova com esse pensamento, pois traz para a análise histórica a importância da relação entre o homem e a natureza que, segundo ele, teria sido deixada de lado por outros historiadores preocupados apenas com a política e as sucessões religiosas.
O conceito de modo de produção surge, assim, a partir da combinação entre as forças de produção e as relações de produção existentes em uma sociedade. Para explicar esses conceitos, José D’Assunção Reis utiliza como exemplo o mundo medieval - o chamado “modo de produção feudal” constituídopor “relações de produção” e “forças de produção” bem específicas.
No campo das forças de produção estariam a materialidade e força vital, toda a tecnologia e modos de apropriação da natureza e otimização do trabalho de que dispunha o homem medieval para reproduzir a existência de uma sociedade diante das condições que lhe eram oferecidas.
Constituem, por exemplo, a totalidade das “forças de produção” o arado e a charrua. Os meios de produção seriam os ambientes dos quais os homens medievais poderiam extrair materiais para a sua própria vida e também transformar em ambientes para o seu trabalho e, por fim, os “agentes de produção”, coincidiam com a sociedade que trabalhava, no caso da Idade Média, de forma simplificada, os servos.
Instrumentos, técnicas, meios e agentes de produção estão sempre em expansão, às vezes em ritmo mais lento, às vezes em ritmo mais acelerado. 
A certa altura, com a invenção de novas técnicas, ocorre uma melhoria da agricultura que causaria excedentes e melhoria na qualidade de vida, possibilitando com que a quantidade de trabalhadores camponeses fosse diminuindo, abrindo a possibilidade para o desenvolvimento de outras atividades, como o comércio. Isso possibilitaria um desenvolvimento cada vez maior da vontade de transformações nas relações de produção e logo essa organização social teria que dar lugar à outra.
Classes sociais e lutas de classes
Observe essa citação de Karl Marx existente no Manifesto Comunista:
“A história de todas as sociedades, até hoje, têm sido a história das lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, membro especializado das corporações e aprendiz, em suma, opressores e oprimidos estiveram permanentemente em oposição; travaram uma luta sem trégua, ora disfarçada, ora aberta, que terminou sempre com a transformação revolucionária da sociedade inteira ou com o declínio conjunto das classes em conflito.”. (MARX; ENGELS. Manifesto Comunista, 1848)
No trecho que você acabou de ler estão presentes alguns dos principais conceitos para o paradigma marxista: “classe social”, “luta de classe” e “consciência de classe”, pois é a partir deles que se pode perceber como a história caminha, pois são os verdadeiros agentes da história. 
O modo de produção e as suas transformações estão associados ao macro e à longa duração. Já as relações entre os seres humanos, a relação entre os grupos sociais estaria mais ligada a uma média duração, embora a história desses grupos estivesse diretamente relacionada ao desenvolvimento dos modos de produção.
De acordo com José D’Assunção Barros:
“Uma classe social’, ao menos em uma perspectiva possível, ocupa sempre uma posição específica no “modo de produção”, na formação social a ser examinada. Sua História - a das classes sociais em confronto, aliança e luta- é ditada por um ritmo histórico mais agitado: ela se agita a partir de eventos, assiste à eclosão de revoluções, vê-se atravessada por manifestações ideológicas que podem assumir a forma de produtos culturais específicos. 
As lutas dão-se nas ruas, nas relações de trabalho, no confronto cotidiano, mas também por meio de textos, discursos, preconceitos, permanências e inovações. 
O modo de produção é estrutura e cenário para a atuação das classes sociais, verdadeiros sujeitos da história, de acordo com as proposições que fundamentam o Materialismo Histórico.”
Para Marx e Engels, as sociedades são divididas em classes sociais, onde existem as classes dominantes e as classes oprimidas. As ideias das classes dominantes são, para ele, em todas as épocas, as ideias dominantes, ou seja, a classe que controla os meios de produção e a força material dominante também é a que controla a força dominante intelectual e os indivíduos que possuem essa dominação têm a consciência disso.
Embora esses autores não tenham sido os primeiros a formularem essa ideia de classe social, foram eles os primeiros a analisá-las à luz do materialismo histórico, onde o indivíduo possui a consciência de pertencimento a um determinado grupo, diferenciando-se de outro. Na verdade, a ideia de classe social está diretamente relacionada a estratificação social, fruto da divisão do trabalho e da posse dos meios de produção. A existência desse conceito também está ligada a hierarquia e posse de status, privilégios, distribuição de bens, ligação com poder etc.
A definição segundo a concepção marxista para classe seria a de que elas se constituem a partir das relações de produção e são fortemente marcadas pela dicotomia entre os detentores dos meios de produção e os que vendem a força de trabalho, que são representados no capitalismo burguesia e proletariado. O fator econômico é a característica central dessa definição de classe.
Mas, a classe não surge a partir do nada, ela é resultado de experiências comuns (herdadas ou partilhadas) de homens e mulheres e que, a partir desses elementos, geram a identidade de seus interesses entre si.
a mesma forma, esse grupo que se forma ao redor da classe é contra outros homens cujos interesses diferem dos seus.
 Para o autor inglês Eduard Thompson, a experiência de classe é determinada, em grande medida, pelas relações de produção nas quais os homens nasceram – ou entraram involuntariamente.
A consciência de classe é o resultado dessas experiências. “Se a experiência aparece como determinada, o mesmo não ocorre com a consciência de classe. Podemos ver uma lógica nas reações de grupos profissionais semelhantes que vivem experiências parecidas, mas não podemos predicar nenhuma lei. A consciência de classe surge da mesma forma em tempos e lugares diferentes, mas nunca exatamente da mesma forma.”
THOMPSON, E.P. A Formação da Classe Operária Inglesa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. v. 1. A árvore da liberdade. 
http://www.sinprorp.org.br/clipping/2008/081.htm
	O que é classe social? 
Texto publicado em 17 de Junho de 2008 - 01h05
	
por Carla Diéguez *
	
	
	O conceito de classe social tornou-se senso comum na atualidade. Falamos de classe na economia, na educação, na cultura; as pesquisas nos classificam em classes, porém, muitas vezes, não sabemos o real significado e construção desse conceito. Classe social é um conceito construído sociologicamente, a partir de observações empíricas e teóricas e nesse sentido, vale a pena vermos como ele se constitui, para que possamos utilizá-lo da melhor forma possível.
O conceito comumente conhecido refere-se ao conceito de classe social construído por Karl Marx. Vale atentar para o fato que Marx não definiu realmente o que seja a classe social. Esse estaria no famoso capítulo incompleto de O Capital, a sua obra-prima. Porém, seus escritos nos ajudam a delinear um conceito. O que podemos ver que o conceito de classe de Karl Marx é dado como histórico. Para ele, as classes são determinadas historicamente e produtos da sociedade em questão. Porém, as classes sociais propriamente ditas são relacionadas à sociedade moderna, que advém da Revolução Industrial. Sendo assim, para Marx, as classes são produtos da sociedade capitalista.
Ainda na definição marxista de classe, essas se constroem nas relações de produção, ou seja, no âmbito econômico. Para ele, as relações de produção constituem as relações de classe, marcadas fortemente pelo antagonismo entre os detentores dos meios de produção e os portadores da força de trabalho, representados em burguesia e proletariado. O fator econômico é a característica central desta definição de classe.
Porém, apesar do uso de observações empíricas em seus textos, tal como em O Capital, Marx criou categorias abstratas para desenvolver sua teoria econômica. As classes como apresentadas por ele são categorias analíticas que nos permitem visualizar diferenças entre grupos sociais separados por fatores econômicos, nos quais a posição nas relações de produção é fundamental. Este fator é essencial, pois Marx detecta a existência de outros grupos econômicos, como pequenos artesãos e camponeses, que não estão inseridos no modo de produçãocapitalista e por tal razão, não submetidos à estrutura de classes da sociedade capitalista. Este fato pode ser constatado em A Luta de Classes na França e O 18 Brumário de Luis Bonaparte, quando Marx mostra a ação dos camponeses enquanto grupo.
Esta ação conjunta é chamada ação coletiva. A ação coletiva é a principal expressão da classe social. É através dela que podemos enxergar a classe social, pois a ação seria a conjunção de interesses de uma determinada classe. Estes interesses podem ser imediatos ou em longo prazo. Os interesses imediatos são aqueles traduzidos em reivindicação salarial, melhores condições de trabalho, baixa no custo de vida, etc; interesses que regem a vida de todos os trabalhadores, independente da posição na produção. São interesses que de uma forma espontânea e sem reflexão une um determinado grupo de indivíduos. A partir do momento que este grupo passa a refletir sobre suas condições de vida, trabalho, social e que a sua relação com o grupo detentor dos meios de produção é de explorado, os interesses passam a ser conduzidos para ações de maior vulto. Estes são considerados interesses em longo prazo e podem ser vistos como frutos da consciência de classe. São esses interesses que movem as classes sociais, no caso marxista, o proletariado, a uma ação coletiva que visa o fim do regime capitalista. Sendo assim, a consciência de classe é que gera a ação coletiva.
As classes menores que estão situadas estruturalmente entre a burguesia e o proletariado, com relação a ação coletiva, podem dirigir-se a uma determinada ação por simpatia a causa ou igualdade de interesse compartilhado com a classe portadora da ação. Estas aproximações podem, em muitos casos, serem determinadas por questões culturais e não econômicas, tal como proposto por Marx. Thompson nos mostra como o cultural é importante na formação das classes e, que apesar do econômico prevalecer, o simbólico é importante na difusão da cultura de classe.
A classe se delineia segundo o modo como homens e mulheres vivem suas relações de produção e segundo a experiência de suas situações determinadas, no interior do "conjunto de suas relações sociais", com a cultura e as expectativas a eles transmitidas e com base no modo pelo qual se valeram dessas experiências em nível cultural. (THOMPSON, 2001, p. 277)
Segundo a citação acima, podemos perceber apesar da predominância do econômico, a importância do fator cultural na constituição da classe. Porém, para Thompson este é um dos pontos que contribuem para a formação da classe. Para ele, o principal é a questão da consciência de classe, que gera a luta de classes. Sem consciência a classe não existe. Ela existe apenas como categoria analítica, heurística, e não como categoria real, histórica. Sem consciência não se empreende a luta de classes. A luta de classes é fruto da ação coletiva empreendida pela classe através da consciência de si mesma.
Thompson dá grande importância ao fator cultural e a experiência na formação da classe social. Apesar de sua filiação marxista, sempre pontuando as relações de produção como fatores determinantes das classes sociais, Thompson soube como poucos demonstrar como as classes sociais são reais e não apenas abstrações estruturadas para categorizar os grupos sociais. Vejamos a citação abaixo:
A classe acontece quando alguns homens, como resultado de experiências comuns (herdadas ou partilhadas), sentem e articulam a identidade de seus interesses entre si, e contra outros homens cujos interesses diferem (e geralmente se opõem) dos seus. A experiência de classe é determinada, em grande medida, pelas relações de produção em que os homens nasceram – ou entraram involuntariamente. A consciência de classe é a forma como essas experiências são tratadas em termos culturais: encarnadas em tradições, sistemas de valores, idéias e formas institucionais. Se a experiência aparece como determinada, o mesmo não ocorre com a consciência de classe. Podemos ver uma lógica nas reações de grupos profissionais semelhantes que vivem experiências parecidas, mas não podemos predicar nenhuma lei. A consciência de classe surge da mesma forma em tempos e lugares diferentes, mas nunca exatamente da mesma forma. (THOMPSON, 1987, p. 10)
Como podemos ver, a consciência de classe se constrói através das experiências vividas pelo grupo social, expressas nas formas culturais. As tradições, costumes, valores são frutos de uma vivência em comum, de um grupo social. A consciência de partilhar interesses iguais e identificar-se com estes e com os membros do grupo social é que, para Thompson, forma a classe. A classe não existe sem a consciência. Fazer parte de uma classe é identificar-se com seus valores e seus interesses, consciente de que estes são partilhados por todo o grupo.
A classe, apesar de ser um ente abstrato, que é utilizado pelos teóricos como moeda corrente, torna-se real nos escritos de Thompson. A classe, para ele, "(...) é definida pelos homens enquanto vivem sua própria história e, ao final, esta é sua única definição". (THOMPSON, 1987, p. 12)
Ou seja, a classe é um conceito, porém ela é construída no cotidiano. Sendo assim, mais do que definir a que classe pertencemos, devemos observar as ações que empreendemos, as práticas que utilizamos, pois elas refletem e constroem a nossa posição na sociedade. Mais do que estatísticas, são as nossas ações que demonstram quem realmente somos nessa sociedade.
Referências bibliográficas
FERNANDES, Florestan (org.). Marx/Engels. São Paulo: Ática, 2001. Coleção Grandes Cientistas Sociais.
MARX, Karl. O Capital: Crítica da Economia Política. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971. Livro 1
THOMPSON, E.P. A Formação da Classe Operária Inglesa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. Vol 1 A árvore da liberdade
_______________. Modos de Dominação e Revoluções na Inglaterra. In SILVA, Sérgio (org.). As Peculiaridades dos Ingleses. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2001
_______________. Algumas Observações sobre Classe e 'Falsa Consciência'. In SILVA, Sérgio, (org.). As Peculiaridades dos Ingleses. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2001
	
	
	* Carla Regina Mota Alonso Diéguez é mestre em Sociologia pela USP (2007), com ênfase em sociologia do trabalho, e bacharel em Ciências Sociais pela Unesp (2001). Atualmente é docente e pesquisadora da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com atuação nas linhas de pesquisa sociologia do desenvolvimento e sociologia do trabalho. carladieguez@hotmail.com
Marx produziu uma excelente e inovadora resposta ao contexto histórico que vivia. Tendo tido a experiência de ver os resultados da revolução industrial, ele articulou as características do pensamento filosófico do século XIX com um detalhado estudo sobre economia. Desta forma, Marx produziu uma proposta filosófica para dar resposta ao seu tempo, mas que continua influenciando vários autores ainda hoje. 
A atualidade de Marx permanece, mesmo sendo um pensador do século XIX. O modo de produção capitalista ainda predomina. Assim, a crítica de Marx foi tão contundente ao sistema capitalista que ainda não foi suplantada.

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