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roteiro_semana_3[1]

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HISTÓRIA DO DIREITO NO BRASIL - SEMANA 3 : O DIREITO NO MOMENTO QUE PRECEDE À INDEPENDÊNCIA 
1. O ANTIGO SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS: PACTO COLONIAL= GRANDES LATIFUNDIÁRIOS, MONOCULTURA, MÃO DE OBRA ESCRAVA. 
2. LEIS QUE REGULAMENTARAM A ECONOMIA DA COLÔNIA.
1591: decreto fecha os portos do Brasil aos navios estrangeiros. 
1603: o governo português decreta o monopólio real da pesca da baleia. 
1642: a Coroa portuguesa estabelece o monopólio sobre o tabaco. 
1658: é imposto pela Coroa o monopólio do sal. 
1682: o governo português cria a Companhia de comércio do Maranhão. 
1731: Carta Régia estabelece o monopólio sobre a extração de diamantes. 
1785: o governo português proíbe as manufaturas de tecidos no Brasil. 
3. A ORGANIZAÇÃO DO ESTADO PORTUGUÊS NO BRASIL.
1. A Expansão Napoleônica 
Napoleão chegou ao poder através do golpe de 18 Brumário, em 1799, que pôs fim à Revolução Francesa . Em 1804, proclamou-se imperador da França.
2. O Bloqueio Continental 
Com a Revolução Francesa havia se iniciado uma longa luta entre a França revolucionária e os países absolutistas que se sentiam ameaçados pelo seu exemplo. Com a ascensão de Napoleão,essa luta ganhou um novo impulso.Para fazer face ao poderio britânico, Napoleão decretou o Bloqueio Continental em 1806, fechando o continente europeu à Inglaterra.
3. Vinda da Família Real para o Brasil 
A economia portuguesa havia muito se encontrava subordinada à inglesa. Daí a relutância de Portugal em aderir incondicionalmente ao bloqueio. Napoleão resolveu o impasse ordenando a invasão do pequeno reino ibérico. Sem chances de resistir ao ataque, a família real transferiu-se para o Brasil em 1808, sob proteção inglesa. Começou então, no Brasil, o processo que iria desembocar, finalmente, na sua emancipação política. 
4. O fim do Pacto Colonial
A vinda da família imperial para o Brasil e a conseguinte abertura dos portos (1808) jogou por terra o chamado "pacto colonial". O comércio da produção brasileira já não era intermediado por Portugal. Posteriormente, o Brasil passou a ser conhecido como reino unido a Portugal e Algarves. O regente e a Corte, instalados no Rio de Janeiro, objetivavam administrar todo o Império, inclusive as possessões em África e Ásia.
* Alguns aspectos da Organização Judiciária durante a permanência da família real no Brasil:
No nível dos tribunais superiores, a administração de D. João criou a MESA DO DESEMBARGO DO PAÇO, DA CONSCIÊNCIA E ORDENS, pela fusão do DESEMBARGO DO PAÇO com a MESA DE CONSCIÊNCIA E ORDENS, pelo alvará de 22/04/1808 ;
Transformação do TRIBUNAL DA RELAÇÃO DO RIO DE JANEIRO em CASA DE SUPLICAÇÃO para todo o Reino, pelo Alvará de 10/05/1808;
Criação das RELAÇÕES DO MARANHÃO (1812) e de PERNAMBUCO (1821).
4. O Direito no Brasil de 1808 a 1823: os tratados comerciais, a elevação do Brasil a Reino Unido.
4.1 Abertura dos portos às nações amigas: 
- O decreto de 1808 possuiu um caráter geral, abrindo o comércio brasileiro a todos os países que estivessem em paz com Portugal. 
 Trecho desta Carta Régia de 28 de janeiro de 1808, promulgada pelo príncipe regente D. João:
  
[...]”Primo: que sejam admissíveis nas Alfândegas do Brasil todos e quaisquer gêneros,fazendas e mercadorias transportadas, ou em navios estrangeiros das Potências, que se conservam em paz e harmonia com a minha leal Coroa, ou em navios dos meus vassalos, 
[...] Segundo: que não só os meus vassalos, mas também os sobreditos estrangeiros possam exportar para os Portos, que bem lhes parecer a benefício do comércio e agricultura, que tanto desejo promover, todos e quaisquer gêneros e produções coloniais, a exceção do pau-brasil, ou outros notoriamente estancados.[...]” 
4.2 Tratados comerciais com a Inglaterra
O inegável predomínio que a Inglaterra exercia sobre o governo de D. João levou à assinatura dos Tratados de 1810. 
O denominado por Tratado de Comércio e Navegação estabelecia tarifas preferenciais de 15% para os produtos britânicos. 
Já o Tratado da Aliança e Amizade estipulava a diminuição do tráfico negreiro para o Brasil. Ambos os acordos continham, ainda, outras cláusulas de menor importância. 
* A Revolução Liberal do Porto.
A burguesia mercantil se ressentia dos efeitos do Decreto de Abertura dos Portos às Nações Amigas (1808), que deslocara para o Brasil parte expressiva da vida econômica metropolitana, o movimento logo se espalhou, sem resistências, para outros centros urbanos de Portugal, com a adesão de Lisboa.
A guarnição do Porto, irritada com a falta de pagamento, e comerciantes descontentes daquela cidade, conseguiram apoio de quase todos: o Clero, a Nobreza e o Exército português. Exigia:
 imediato retorno da Corte para o reino, visto como forma de restaurar a dignidade metropolitana; 
o estabelecimento, em Portugal, de uma Monarquia constitucional; e 
a restauração da exclusividade de comércio com o Brasil (reinstauração do Pacto Colonial). 
A junta governativa de Lord Beresford foi substituída por uma junta provisória, que convocou as Cortes Gerais Extraordinárias e Constituintes para elaborar uma Constituição para Portugal. Enquanto esta carta magna estava sendo redigida, entrou em vigor uma Constituição provisória, que seguia o modelo espanhol.
Como conseqüências, a Corte retornou a Portugal no ano de 1821 e, diante do progressivo aumento da pressão para a recolonização do Brasil, este proclamou a sua independência em 1822.
5. O processo de independência
Com a volta de D. João VI para Portugal e as exigências para que também o príncipe regente voltasse, a aristocracia rural passa a viver sob um difícil dilema: conter a recolonização e ao mesmo tempo evitar que a ruptura com Portugal assumisse o caráter revolucionário-republicano que marcava a independência da América Espanhola, o que evidentemente ameaçaria seus privilégios.
A maçonaria (reaberta no Rio de Janeiro com a loja maçônica Comércio e Artes) e a imprensa uniram suas forças contra a postura recolonizadora das Cortes.
D. Pedro é sondado para ficar no Brasil, pois sua partida poderia representar o esfacelamento do país. Era preciso ganhar o apoio de D. Pedro, em torno do qual se concretizariam os interesses da aristocracia rural brasileira. Um abaixo assinado de oito mil assinaturas foi levado por José Clemente Pereira (presidente do Senado) a D. Pedro em 9 de janeiro de 1822, solicitando sua permanência no Brasil. Cedendo às pressões, D. Pedro decidiu-se: "Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto. Diga ao povo que fico".
Independencia ou morte?
Em 3 de junho foi convocada uma Assembléia Geral Constituinte e Legislativa e em primeiro de agosto considerou-se inimigas as tropas portuguesas que tentassem desembarcar no Brasil.
São Paulo vivia um clima de instabilidade para os irmãos Andradas, pois Martim Francisco (vice-presidente da Junta Governativa de São Paulo) foi forçado a demitir-se, sendo expulso da província. Em Portugal, a reação tornava-se radical, com ameaça de envio de tropas, caso o príncipe não retornasse imediatamente.
José Bonifácio, transmitiu a decisão portuguesa ao príncipe, juntamente com carta sua e de D. Maria Leopoldina, que ficara no Rio de Janeiro como regente. No dia sete de setembro de 1822 D. Pedro que se encontrava às margens do riacho Ipiranga, em São Paulo, após a leitura das cartas que chegaram em suas mãos, bradou: "É tempo... Independência ou morte... Estamos separados de Portugal".Chegando no Rio de Janeiro (14 de setembro de 1822), D. Pedro foi aclamado Imperador Constitucional do Brasil. 
O PROJETO DOS LATIDUNDIÁRIOS
A aristocracia rural brasileira encaminhou a independência do Brasil com o cuidado de não afetar seus privilégios, representados pelo latifúndio e escravismo. Dessa forma, a independência foi imposta verticalmente, com a preocupação em manter a unidade nacional e conciliar as divergências existentes dentro da própria elite rural, afastando os setores mais baixos da sociedade representados por escravos e trabalhadores pobres em geral.
Era o iníciodo Império, embora a coroação apenas se realizasse em primeiro de dezembro de 1822.
A independência não marcou nenhuma ruptura com o processo de nossa história colonial. As bases sócio-econômicas (trabalho escravo, monocultura e latifúndio), que representavam a manutenção dos privilégios aristocráticos, permaneceram inalteradas. O "sete de setembro" foi apenas a consolidação de uma ruptura política, que já começara 14 anos atrás, com a abertura dos portos. 
A CONSTITUIÇÃO OUTORGADA DE 1824
O primeiro processo constitucional do Brasil iniciou-se com um decreto do príncipe D. Pedro, que no dia 3 de junho de 1822 convocou a primeira Assembléia Geral Constituinte e Legislativa da nossa história, visando a elaboração de uma constituição que formalizasse a independência política do Brasil em relação ao reino português. Dessa maneira, a primeira constituição brasileira deveria ter sido promulgada. Acabou porém, sendo outorgada, já que durante o processo constitucional, o choque entre o imperador e os constituintes, mostrou-se inevitável. 
A posição da Assembléia em reduzir o poder imperial, faz D. Pedro I voltar-se contra a Constituinte e aproximar-se do partido português que defendendo o absolutismo, poderia estender-se em última instância, à ambicionada recolonização. Com a superação dos radicais, o confronto político se polariza entre os senhores rurais do partido brasileiro e o partido português articulado com o imperador. Declarando-se em sessão permanente, a Assembléia é dissolvida por um decreto imperial em 12 de novembro de 1823. 
Perdendo o poder que vinham conquistando desde o início do processo de independência, a aristocracia rural recua, evidenciando que a formação do Estado brasileiro não estava totalmente concluída.
Com a Assembléia Constituinte dissolvida, D. Pedro I nomeou um Conselho de Estado formado por 10 membros que redigiu a Constituição.
A CONSTITUIÇÃO DE 1824 
Após ser apreciada pelas Câmaras Municipais, foi outorgada (imposta) em 25 de março de 1824, estabelecendo os seguintes pontos:
 Governo monárquico unitário e hereditário.
Voto censitário (baseado na renda), descoberto (não secreto) e indireto.
 Eleições indiretas, onde os eleitores da paróquia elegiam os eleitores da província e estes elegiam os deputados e senadores. Para ser eleitor da paróquia, eleitor da província, deputado ou senador, o cidadão teria de ter, agora, uma renda anual correspondente a 100, 200, 400, e 800 mil réis respectivamente.
 Catolicismo como religião oficial.
 Submissão da Igreja ao Estado.
 Quatro poderes: Executivo, Legislativo, Judiciário e Moderador. O Executivo competia ao imperador e o conjunto de ministros por ele nomeados. O Legislativo era representado pela Assembléia Geral, formada pela Câmara de Deputados (eleita por quatro anos) e pelo Senado (nomeado e vitalício). O Poder Judiciário era formado pelo Supremo Tribunal de Justiça, com magistrados escolhidos pelo imperador. Por fim, o Poder Moderador era pessoal e exclusivo do próprio imperador, assessorado pelo Conselho de Estado, que também era vitalício e nomeado pelo imperador. 
Bibliografia / Jurisprudência:
  
PEDROSA, Ronaldo Leite. Direito em História. 6. Ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris. 2008. (Capítulo XII – p. 351 a 364) 
CASTRO, Flávia Lages. História do Direito, Geral e Brasil. 6. ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2008. (Capítulo XIV – p. 319 a 341) 
WOLKMER, Antonio Carlos. História do Direito no Brasil. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008. ( Capítulo III – p. 91 a 114)

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