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Capacidade Civil e Empresarial

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3. A capacidade para ser empresário:
3.1. A relação com a capacidade civil;
A capacidade para ser empresário se relaciona diretamente com a capacidade civil. Isso está no art. 972 do Código Civil, ao referir que podem exercer a atividade empresarial os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil. Isso aqui não surpreende, porque, como foi visto anteriormente, a prática de atividade econômica significa a prática de uma ação enquanto ato jurídico. E, se é ato jurídico, no plano da validade, é sabido que um dos requisitos é a condição de agente capaz. Então, a capacidade civil ser um requisito para a prática da atividade empresarial é decorrência da sua natureza.
Com relação ao fato de a pessoa natural praticar atividade empresarial, isso significa que essa pode sozinha reunir e organizar os fatores de produção e praticar uma atividade econômica, normalmente adotando no passado o que se qualificava como uma firma individual.
A pessoa natural pratica a atividade empresarial de um modo singular porque não tem um sócio. Essa circunstância sempre levou a pessoa natural a buscar uma certa equiparação à pessoa jurídica, inclusive pela obtenção da inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), o que se revela somente como um referencial de natureza tributária. Agora, sob o ponto de vista societário obrigacional, se verifica que essa concepção não traz nenhuma diferença. Se um empresário individual vai comprar um imóvel, o registro do bem vai ser feito em nome de quem? Dele mesmo. Por quê? Porque não há diferença patrimonial entre o plano empresarial e o plano pessoal do empresário individual. Por exemplo, por uma questão relacionada à atividade negocial, é possível acionar a pessoa natural? Claro que sim. Há legitimidade passiva, porque é a mesma pessoa. Por isso que se chega à conclusão - e o que está posto é isto - de que o empresário individual, a antiga firma individual, para fins do direito societário, do direito empresarial, não faz a menor diferença da pessoa natural. Faria diferença se não tivesse sido vetado o dispositivo (art.69) da Lei Complementar n°123/2006 que dizia que é possível criar uma limitação de responsabilidade da prática da atividade enquanto firma individual.
 
Se houvesse a separação patrimonial entre a atividade empresarial e a vida pessoal do empresário, se poderia atribuir à atividade empresária um determinado capital, e as pessoas que se relacionassem com o empresário saberiam que aquela é limitação de responsabilidade, como se tem na sociedade limitada. Isso para evitar situações como a seguinte: um empresário brigou com seu sócio e, querendo continuar gozando do benefício da sociedade limitada, pela inexistência da firma individual limitada, colocou a filha de três meses de idade de sócia dele para poder ter a pluralidade, que é inerente às sociedades. É óbvio que ele fez isso quase como um abuso de forma, porque a filha de três meses não pode ter affectio societatis com ele. Ou seja, ela só está ali para permanecer a pluralidade que anteriormente existia e poder permanecer o benefício da limitação de responsabilidade.
3.2. Sócio versus administrador;
Como a relação dela é eminentemente patrimonial – se questiona: uma criança de três meses de idade pode ser titular de quotas em uma sociedade? Claro que pode, ela inclusive pode herdar essa participação. Como isso é possível? O seu responsável, nesse caso o pai, manifesta a vontade, assina por ela. Então, no exemplo supra, ele assinou por ele e assinou por ela, porque ele era o pai. 
Isso é muito importante para a presente abordagem no momento de separar a figura do sócio da figura do administrador, da figura do empresário. A figura de sócio é relevante quando se diz que A se reuniu com o B para constituir uma sociedade (pessoa C). 
Qual é a natureza da relação do sócio com essa pessoa “C”? A natureza é exclusivamente patrimonial. Da mesma forma que se tem um carro, uma casa, é possível se ter uma participação societária. é isso que justifica a possibilidade da menina de três meses poder ter uma participação societária mesmo sendo incapaz.
Quando se tem esse ente personificado “C”, quem é que pratica a atividade empresarial? É o sócio ou é o ente personificado? É o ente personificado “C”.
Diante da condição abstrata desse ente personificado se define uma pessoa natural que irá manifestar a vontade pelo ente personificado, ou seja. essa pessoa natural, ao se manifestar no âmbito da atividade empresarial, não estará falando por si, mas pelo ente personificado que representa. Tanto é verdade que, se essa pessoa natural for substituída por outra, as obrigações da pessoa de papel permanecem intactas. Tanto é verdade que, se a sociedade falir, o sócio, o administrador, salvo as exceções da lei, poderão continuar relações semelhantes em outra sociedade
Essa separação é fundamental para melhor entender o direito societário, vez que ser sócio não significa ter a iniciativa de organização dos fatores de proteção, ser administrador de entes personificados não significa qualificar essa pessoa como empresário, por que empresário é o ente.
3.3. Impedimentos.
A questão dos impedimentos à atividade empresarial está referenciada no art.972 do CC, que diz que não pode praticar atividade empresarial quem for legalmente impedido. Como exemplo disso se tem o juiz, o promotor de justiça que tendo dedicação integral, estão impedidos à pratica de atividades dessa natureza. Existem ainda algumas situações, por exemplo, de o médico não poder ter um vínculo com alguma sociedade que aplique vacinas ou algo assim dentro do próprio consultório, enfim, existem alguns elementos funcionais, de categoria, como impeditivos. De qualquer modo, vai se verificar que o impedimento, quando se fala de pessoa natural, está relacionado exatamente com a pessoa do empresário. Quando se fala do ente personificado, o impedimento não está destinado exclusivamente à pessoa jurídica, já que também estará dirigido para o administrador, porque ele é que manifesta a vontade pela sociedade. 
Quem é que não pode ser administrador e, por conseqüência, também não poderá ser empresário? O § 1º do art. 1.011 do Código Civil, especifica que: “Não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei especial, os condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação”. 
Portanto, não pode ser administrador - porque é ele que pratica os atos em nome da sociedade - nem empresário aqueles que forem condenados, além dos impedidos por lei especial, por crimes enquanto perdurar a condenação. Isso justifica, por exemplo, que, quando o administrador vai assumir a atribuição que lhe é destinada, ele declare no se termo de investidura que não está incurso em nenhum dos crimes que vede, ainda que temporariamente, a prática da atividade empresarial. Ou seja, ele só poderá ser administrador ou empresário se efetivamente não estiver incurso, com condenação definitiva e pelo prazo de perdurar a condenação, em nenhum desses crimes.
Qual a sanção pelo desrespeito dessa regra? A pessoa responderá com seu patrimônio pessoal pelas irregularidades que cometer, além dos efeitos na seara criminal por eventuais falsas declarações prestadas.
Pode acontecer também que, no curso de sua condição de administrador ou empresário, pessoa individualmente considerada, ele venha a ser condenado, até pela sua própria condição, pelos crimes qualificadores do impedimento, o que implicará na sua necessária desvinculação da condição de administrador ou de empresário e simplesmente permanecer, se for o caso, com a relação de sócio, lembrando que enquanto não houver o trânsito em julgado da sentença condenatória, ele não estará respondendo pelo crime,por isso a expressão “enquanto perdurar a condenação”. Enquanto pender de julgamento, não há condenação.

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