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Parâmetros genéticos e Herdabilidade Norma Eliane Pereira Profa.DCAA/UESC norma@uesc.br Parâmetros genéticos É utilizado para caracterizar uma população utilizadas em melhoramento, particularmente a média, a variância e quanto delas poderá ser herdável. Os parâmetros de interesse são de duas naturezas: genética e não genética. A estimação dos parâmetros genéticos é necessária para: (a) obter informações sobre a natureza da ação dos genes envolvidos na herança dos caracteres sob investigação; (b) escolha dos métodos de melhoramento aplicáveis à população e c) estimar os ganhos genéticos possíveis de serem obtidos. Herdabilidade “Avaliar a herdabilidade de um caráter, é avaliar o papel que as diferenças nos genes cumprem em relação às diferenças fenotípicas entre indivíduos ou grupos” (Suzuki, 1989). Caso em que a herdabilidade seja de 100% (H2=1,0), isto significa um caso em que o meio ambiente não influencia a manifestação do caráter. A medida que a herdabilidade decresce o desvio padrão tirado a partir da média fenotípica inerente a cada genótipo passa a ser maior que zero. Herdabilidade DESVIO PADRÃO = medida de dispersão dos dados tomando como base a média. Herdabilidade X (X - X) (X - X)2 7 -4,12 16,97 8 -3,12 9,73 9 -2,12 4,49 9 -2,12 4,49 10 -1,12 1,25 10 -1,12 1,25 10 -1,12 1,25 10 -1,12 1,25 10 -1,12 1,25 10 -1,12 1,25 11 -0,12 0,01 11 -0,12 0,01 11 -0,12 0,01 11 -0,12 0,01 11 -0,12 0,01 11 -0,12 0,01 12 0,88 0,77 12 0,88 0,77 12 0,88 0,77 13 1,88 3,53 13 1,88 3,53 13 1,88 3,53 14 2,88 8,29 14 2,88 8,29 16 4,88 23,81 Somatória = 278 96,64 N = 25 Média =278/25 = 11,12 Variância =96,64/N-1 = 4,03 Desvio padrão = raiz da variância = 2,01 Cálculo da Média, Variância e Desvio Padrão Herdabilidade Cada genótipo poderá resultar em vários fenótipos, tanto maiores quanto menor for a herdabilidade do caráter. Isto trará problemas ao melhorista no momento da seleção. Maior herdabilidade = maior coincidência entre genótipos e fenótipos, maiores os ganhos de seleção. Herdabilidade Exemplo de herdabilidades: Herdabilidade Ação Gênica e variâncias Componentes de variância fenotípica. F= G + E Onde F= fenótipo; G= genótipo e E= ambiente. Se representarmos a interação genótipo – ambiente por GE, teremos então: F=G + E + (GE), o GE se torna desnecessário quando se considera somente um ambiente. Diferenças no ambiente podem “mascarar” o processo de seleção de genótipos superiores, assim a seleção seria otimizada se o melhorista conseguisse discernir entre o mérito genético e o mérito ambiental, durante a avaliação fenotípica. Herdabilidade Componentes de variância fenotípica. Em linguagem estatística o somatório dos desvios da média elevados ao quadrado corresponde a soma dos quadrados em uma análise de variância. A variância seria o quadrado médio destes desvios. Conjunto de diferenças fenotípicas expresso pela variância fenotípica (s2F). As diferenças genéticas serão expressas pela variância genética (s2G). s2F= s2G quando todas as plantas tiverem exatamente as mesmas condições ambientais para se desenvolver e s2E for igual a 0. Herdabilidade s2F= s2G + s2E s2E= componente também designado como erro experimental ou variância ambiente. s2G= componente causado pelas diferenças genéticas entre os indivíduos. Herdabilidade INTERAÇÕES ALÉLICAS A semelhança do que ocorre com os caracteres de herança qualitativa, os poligenes também apresentam interações alélicas, que podem ser Aditivas ou Dominantes. Herdabilidade INTERAÇÕES ALÉLICAS Alelos B1 e B2 a= mede o afastamento entre cada genótipo homozigótico em relação a média; d= mede o afastamento do heterozigoto em relação a média; Utilizando-se estes desvios pode-se avaliar os diferentes casos de interação alélica. Herdabilidade INTERAÇÕES ALÉLICAS Alelos B1 e B2 d=0 não há dominância e a interação alélica é aditiva; d=a interação alélica é de dominância completa; d<a interação alélica de dominância parcial; d>a interação alélica de sobre dominância. Herdabilidade INTERAÇÕES ALÉLICAS Relação d/a mede o grau de dominância de um gene o qual dá ideia da interação alélica. Como caráter quantitativo é controlado por muitos genes, o que se procura determinar é o tipo de interação alélica predominante. Herdabilidade INTERAÇÕES ALÉLICAS Interação aditiva: Se os genes expressam efeitos aditivos, o valor fenotípico da característica em questão pode ser aumentado ou reduzido pela substituição de um alelo. Tomando o gene B como exemplo podemos representar seu efeito do seguinte modo: a= 25 unidades; d=0 (valor fenotípico do heterozigoto é a média dos genitores) d/a=0 interação aditiva. Herdabilidade INTERAÇÕES ALÉLICAS Interação aditiva: Exemplo: Caráter com dois genes Genes A e B de efeitos iguais com dois alelos cada e as seguintes contribuições: A1=B1= 30 unidades A2=B2= 5 unidades Se os efeitos dos locos são somados então: A1A1B1B1 e A2A2B2B2, são respectivamente 120 e 20 unidades. Herdabilidade INTERAÇÕES ALÉLICAS P: genótipos: A1A1B1B1 (P1) x A2A2B2B2 (P2) Fenótipos: 120 unidades 20unidades F1: genótipo: A1A2B1B2 Fenótipo: 70 unidades F1= média de P1 + Média de P2 2 INTERAÇÕES ALÉLICAS Observar agora com os dois genes: verifica-se que a média da geração F2 é também igual a média dos genitores na geração F1. Herdabilidade INTERAÇÕES ALÉLICAS Outra característica da interação aditiva é que é que a descendência de um indivíduo ou grupos de indivíduos tem média igual a este indivíduo ou média do grupo. Herdabilidade INTERAÇÕES ALÉLICAS Quando a interação alélica é aditiva a seleção é facilitada, porque um ou um grupo de indivíduos superiores quando selecionados produzirão uma descendência também superior. Interação dominante: Alguns genes expressam efeito dominante de forma que a presença de um alelo resulta no aumento do valor genotípico. Herdabilidade INTERAÇÕES ALÉLICAS Nesta situação é utilizada a contribuição de cada loco e não de cada alelo. Assim, AA=Aa=BB=Bb=60 unidades e aa=bb= 10 unidades, conforme o esquema abaixo, vê- se que: Herdabilidade INTERAÇÕES ALÉLICAS Conforme pode-se observar a média da geração F2 é diferente da geração F1. Com este tipo de interação alélica a seleção de tipos superiores não leva necessariamente a produção de uma descendência semelhante ao indivíduo selecionado. Exemplo: indivíduo selecionado AaBB (120 unidades) quando autofecundado produzirá a seguinte descendência: ¼ AABB, 2/4 AaBB e ¼ aaBB cuja média será igual a 107,9 unidades. Herdabilidade INTERAÇÕES ALÉLICAS Sobredominância Neste caso o desempenho do heterozigoto (Aa e Bb) é superior ao dos genitores. Assim a relação d/a é superior a 1. Exemplo: AA=BB= 60 unidades, aa=bb= 10 unidades e Aa=Bb= 80 unidades. Herdabilidade INTERAÇÕESALÉLICAS Quando há predominância de interação alélica dominante ou de sobredominância a seleção de indivíduos superiores não é a melhor estratégia a ser adotada em um programa de melhoramento. Ao contrário, a atenção do melhorista deve ser voltada a obtenção de híbridos. A superioridade deve-se ao fenômeno denominado de heterose ou vigor híbrido o qual é definido pela expressão: H=F1 – P1+P2 2 Herdabilidade INTERAÇÕES ALÉLICAS *Com esta expressão entende-se que a heterose ocorre sempre que se observar interação alélica de dominância. * A heterose depende dos genótipos heterozigóticos em relação aos homozigóticos, isto é só há heterose se existir heterozigose. *F1 apresenta o máximo de heterozigose que vai diminuindo ao longo das demais gerações de autofecundação a metade. Assim: Média de F2=F1 – h ; F3= F2 - h ;Fx= Fx-1 - h 2 4 2x-1 Ou média Fx= P1 + P2 + h 2 2x-1 Cruzamento de duas linhagens contrastantes AA x aa; 1 gene A, com dois alelos envolvidos no controle do caráter do questão; AA x aa Herdabilidade INTERAÇÕES ALÉLICAS Exemplo: P: genótipos AABB x aabb Fenótipos 120 unidades 20 unidades F1: genótipo: AaBb Fenotipo: 120 unidades H= 120 - 120 + 20= 120 – 70 = 50 2 F2 = 120 – 50= 95 unidades (o mesmo valor estimado 2 pelos genótipos possíveis em 12.7) É fácil deduzir por estes resultados que o aproveitamento da heterose máxima só será obtido se utilizar a geração F1. COMPONENTES DA VARIÂNCIA FENOTÍPICA Se chamarmos o fenótipo de uma i-ésima planta de Fi, seu genótipo de Gi e o ambiente onde ela vive de Ei, um grupo e n indivíduos terá as seguintes relações: A estimativa da variância genética obtida por médias é bem mais próxima da variância real (s2G) do que a obtida em nível de plantas individuais. F1= G1 + E1 F2= G2 + E2 F3= G3 + E3 Fn= Gn + En ---------------- s2F= s2G + s2E/r Herdabilidade Como pode ser visto a variância genética obtida por médias é bem mais próxima da real (s2G) do que a obtida em plantas individuais, já que no último caso s2E/r é menor que s2E. Estimar a herdabilidade de um caráter em uma população consiste e avaliar o papel que as diferenças genéticas entre os indivíduos cumprem em relação ao total de diferenças fenotípicas, que pode ser expressos como: H2= s2G/ (s2G + s2E) Herdabilidade Herdabilidade A herdabilidade de um mesmo caráter estimada por meio de médias (H2m) é maior que a herdabilidade estimada individualmente (H2), pois s2E/r é inferior s2E. Daí decorre que a seleção baseada em médias é mais precisa do que a baseada em parcelas ou plantas individuais. Herdabilidade Exemplo de estimativa de herdabilidade: Supor uma população W de tomate, constituída por 16 plantas, cuja produção individual de frutos em kg/planta seja: 4,0 6,5 5,2 9,0 7,2 5,4 10,0 2,5 3,8 4,0 8,6 7,2 6,4 3,0 6,7 2,3 Média da pop. = 5,74 kg/planta S2F = 5,55 = (S2F=Σ (xi – x) 2 ) n-1 Herdabilidade Se pensarmos em fazer seleção devemos escolher sementes de plantas superiores diferentes para que tenhamos variabilidade visto que o tomate é autógamo (quase 100% homozigoto) e diminuir erro decorrente da interação genótipos por ambientes. Considerando-se a população W estima-se a S2E calculando-se a variância da descendência de uma única planta, como no exemplo em que foram tomadas 12 sementes de uma única planta, descendência W1: 5 4,0 3,0 5,8 6,4 7,3 3,9 4,4 6,8 7,0 8,0 6,5 No caso, S2F= S2E=2,5, como na população original W, S2F= S2G + S2E, então S2G = 5,5 – 2,5 = 3,05 Herdabilidade A obtenção de estimativas corretas das variâncias acima citadas exige que o plantio da população original W seja simultâneo a da descendência de uma única planta W1. Então, se S2G= 3,05, então H2= S2G/ S2F, tal que H2= 3,05/5,55= 0,55 ou 55%. Conclui-se que 55% de toda a variabilidade fenotípica para a produção individual de frutos nesta população provém de diferenças genéticas pertinentes aos genes que governam tal caráter. Herdabilidade Exemplo 2: Dados de eucalipto de empresa privada referente ao diâmetro da árvore e altura do peito (DAP), aos 78 meses de idade. As árvores da população foram obtidas por sementes e intercaladamente foram colocadas plantas de um clone. Herdabilidade No caso do clone não há variação genética, apenas ambiental. Assim Herdabilidade s2c = s 2 E= 2,30; As plantas provenientes de sementes apresentam variação genética e ambiental. s2G= s 2 F - s 2 E ...... s 2 G= 8,33 - 2,3 = 6,03 h2= (s2G/s 2 F) x 100 = [(s 2 F - s 2 E)/ s 2 F] x 100 No caso... h2= (6,03/8,33) x 100 = 72,39%, ou seja 72, 39% da variação do diâmetro da árvore de eucalipto é de herança genética. Herdabilidade GANHO DE SELEÇÃO Como a estimativa anterior auxilia ao melhorista de eucalipto? Seleção de indivíduos superiores: 5= 15,92 cm 13= 17,83 cm 15= 18,78 cm 16= 16,23 cm 53= 15,6 cm 76= 16,23 cm 90= 15,60 cm Ms= (15,92 +....+ 15,60)/7= 16,6 cm Herdabilidade Se apenas estas árvores forem utilizadas para propagação na etapa seguinte, qual deverá ser o diâmetro médio das árvores da nova população, ou seja , a média da população melhorada ? O cálculo para estimativa da média da população melhorada Mm será a média original (Mo) mais o ganho esperado de seleção (GS), ou seja Mm = Mo + (GS); O ganho esperado de seleção é obtido da seguinte forma: GS= h2 x ds Herdabilidade ds= diferencial de seleção; ou seja, a superioridade dos indivíduos selecionados em relação a todos os indivíduos da população; ds= Ms - Mo, assim ds= 16,6 -11,3= 5,3 cm O ganho esperado será: GS= ds x h2= 5,3 x 0,7239= 3,84 cm ou 33, 98%. Herdabilidade Observar que pela expressão do ganho genético a estimativa da herdabilidade pode garantir o sucesso de uma programa de melhoramento. Se h2 for igual a zero, não existindo variação genética, a seleção será efetuada mas não ocorrerá nenhum ganho, pois toda a diferença entre árvores é ambiental. No outro extremo se h2 for 100% toda a diferença entre plantas é genética e como a propagação é vegetativa ela será integralmente repassada aos filhos. Herdabilidade Porque não selecionar um indivíduo superior? Primeiro porque a h2 não é 100%, este indivíduo pode ter expressado genótipo extremo por ação do meio ambiente; segundo é que normalmente o melhorista realiza vários ciclos de seleção, e deste modo seria exaurida a variabilidade genética sem possibilidade de sucesso nos ciclos seletivos subseqüentes. Herdabilidade
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