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ORTOPEDIA Mariana Righetto COMO AS FRATURAS CURAM?! CONSOLIDAÇÃO ÓSSEA! ! ! É o processo de regeneração/cicatrização óssea pós fratura. Há uma reação inflamatória local, acelerada e controlada e produz cura de uma fratura pela formação de tecido ósseo igual ao original. Ou seja, a regeneração é mediada por uma reação inflamatória local a partir do trauma. Portanto, a partir do momento do trauma existe já o início da consolidação.! ! O osso é um dos únicos tecidos que ao regeneram, formam o mesmo tecido. Os demais, ao regenerarem, formam um tecido fibrótico. ! Principais Fatores Envolvidos! * Vascularização local: O tecido ósseo é ricamente vascularizado. A circulação do ósseo ocorre pelo endósteo e pelo periósteo. Portanto, quando há fratura, há um grande sangramento e por isso que faz o aumento de volume local, o hematoma. ! * Estabilidade entre os fragmentos: Estabilidade é sinônimo de imobilidade. A estabilidade proporcionado pelo gesso é relativa, não sendo 100% imóvel. ! ! Para que haja consolidação, é necessário vascularização local e estabilidade. Sem esses dois fatores, a fratura não consolida. ! TRATAMENTO! ! O tratamento de uma fratura pode ser incruento, que significa uma terapêutica não cirúrgica, como o uso de gesso e talas, ou cruento, que significa um tratamento cirúrgico, introduzindo placas, hastes e fixadores por exemplo. Ressalta-se que incruento também pode ser denominado de conservador - Conserva-se a forma original. ! FASES DO CALO ÓSSEO! * Inflamação! * Reparação! * Remodelação! ! Calo ósseo é o osso que é formado para consolidar a fratura. A fase de inflamação ocorre logo após o trauma. A fase de reparação é a fase intermediária e a remodelação é a fase final. ! Fase Inflamatória! ! Ocorre nos 3-4 primeiros dias após o trauma. Na fratura ocorre o sangramento, e esse sangramento local é denominado de hematoma fraturário. Esse sangramento gera no paciente dor e aumento de volume. O organismo envia uma resposta inflamatória ao local, com células mesenquimais pluripotentes, com capacidade de diferenciação, que habitualmente são os histiócitos. Essas células que invadem o hematoma fraturário, tornarão-se futuramente células regeneradoras/produtoras de osso. ! ! O antiinflamatório na primeira fase do trauma é receitado para inibir o excesso de resposta inflamatória, a fim de diminuir a sintomatologia. O antiinflamatório não deve ser utilizado por tempo prolongado, devendo ser usado apenas nos primeiros 3-4 dias, pois o uso por longos períodos pode causar inibição da consolidação óssea, uma vez que a fase inflamatória faz parte do processo de regeneração - A formação do calo ósseo é mediado pela fase inflamatória que forma um tecido inflamatório ao redor do osso que posteriormente será o calo ósseo. Depois desse período, se houver quadro doloroso, utiliza-se analgésicos, que não atrapalha a regeneração.! * Pacientes com artrite reumatóide, por exemplo, que utiliza antiinflamatórios frequentemente por muito tempo, tem uma lenificação do processo regenerativo. ! Fase de Reparação! ! Ocorre após as 72 horas iniciais e é um processo que dura cerca de 3 semanas, que inicia-se. É quando o tecido/região inflamatório, que contêm células mesenquimais, é substituído pelo calo fibroso - formação de fibroblastos. O que ocorre é a diferenciação dos histiócitos em fibroblastos, que proporcionarão mais estabilidade ao foco da fratura. ! Fase Proliferativa! ! É quando o calo fibroso é substituido pelo calo cartilaginoso. Depois da 8º semana ocorre deposição de cálcio no calo, formando o calo ósseo. ! Fase de Remodelação (36 meses)! ! É quando ocorre a formação do calo ósseo. Quando há o calo ósseo, o calo torna-se visível ao raio- X, uma vez que é radiopaco. Em geral, quando há calo ósseo aparente no raio-X e retira-se o gesso e o paciente encontra-se sem dor, o tratamento com gesso é encerrado, passando a ter um tratamento de reabilitação, como por exemplo a prática da fisioterapia. ! *** 24-36 meses: Fim da consolidação. Ou seja, a fratura continua remodelando até 2-3 anos após o episódio do trauma, sendo necessário um acompanhamento por todo esse período. ! *** Hematoma fraturário ➞ calo fibroso ➞ calo cartilaginoso ➞ calo ósseo!!! ORTOPEDIA Mariana Righetto FATORES QUE ALTERAM A CONSOLIDAÇÃO! * Locais: Presença de infecção concomitantemente com a fratura e lesão de partes moles. Infecção é um fator que altera a consolidação, assim como lesão de partes moles(lesão de músculo por exemplo), uma vez que para consolidar precisa de vascularização e estabilidade. Se há lesão de tecidos moles, há um menor fornecimento de sangue ao osso uma vez que o sangue chega ao osso através da musculatura. Por isso, em geral, uma fratura exposta é mais difícil de consolidar do que uma fratura fechada.! * Sistêmicos: DM descompensado, sepsis, IRC, desnutrição, tabagismo e etilismo. ! TIPOS DE CONSOLIDAÇÃO! Direta! ! É a fixação cirurgia, com esvaziamento do hematoma fraturário. Nesse tipo de conslidação, não há formação de calo fribrocartilaginoso. Quando há abordagem cirúrgica, há uma estabilização imediata, pulando algumas fases. As 4 fases não ocorre de maneira sequencial - Antecipa-se o processo de cura, sem passar pelo calo fibrocartilaginoso. ! * Há um realinhamento dos canais de Havers e de Volkmann.! Indireta! ! Ocorre naturalmente como processo de cura das fraturas. Ocorre quando não há abordagem do foco da fratura através de cirurgia. Ou seja, é uma consolidação por tratamento conservador. Visualiza-se o calo ósseo no raio x. ! *** Não existe um melhor tipo de consolidação. Tanto a forma direta quando a indireta são válidas. O que existe é fraturas que são operadas e fraturas que não são operáveis. ! *** Fratura de colo do fêmur em idosos e fratura de ulna na criança são 100% operáveis. Há também fraturas que pode se optar por consolidação direta ou indireta - O úmero, por exemplo, pode ser tratado dos dois jeitos.! RETARDO/ATRASO DE CONSOLIDAÇÃO! ! É quando ocorre uma consolidação lenta, postergando o período de 3 meses (4-8 meses). Ocorre no adulto, em média em 3-10% dos pacientes. Há uma estabilização progressiva mas não chegou a completar a formação do calo ósseo. Esses pacientes continuam com dor local, aumento de volume e de temperatura local, mesmo após a aplicação de tratamento. Não há evolução no raio X - A interlinha não desaparece, os bordos encontram-se acentuados e não há formação de calo.! ! O tratamento para o retardo de consolidação baseia-se em melhorar a estabilidade no foco de fratura. Caso o paciente, por exemplo, esteja com tratamento indireto com o uso de gesso, opta-se pela consolidação direta com o uso de uma placa. Troca-se o método para consolidação. ! PSEUDATROSE! ! Ausência total de consolidação, mesmo após 6-8 meses de tratamento adequado. Ausência de evolução em 3 meses no RX seriado. No foco da fratura há formação de um calo fibroso intenso, causando instabilidade/impotência funcional. Entretanto, o paciente não sente dor, apenas instabilidade uma vez que não há fixação entre os ossos. ! * RX: Persistência do foco; Fechamento do canal medular; Esclerose Subcondral! * Causa: Não consolidou por instabilidade e ausência de vascularização. ! * Tratamento: Estabilização + aporte biológico! ! O que pode ser feito nesses casos é o enxerto ósseo. Este, pode ser um enxerto autólogo (curetagem da medular da crista ilíaca*** - Osso esponjoso com capacidade de diferenciação, que é colocado na fratura), ou então, um enxerto homólogo, provindo de outra pessoa ou até de um cadáver/ banco de ossos(transplante de osso). Antes da realização do enxerto homólogo, deve-se testar esse enxerto, para eliminar possibilidade de doenças transmissíveis, e outros. Há também o enxerto artificial, entretanto, por não possuir capacidade indutora/osteoindução, não é tão bom. De preferência utiliza-se o enxerto autólogo. ! !
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