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Ortopedia ! ! ! ! ! Síndrome Compartimental!! ! ! Criança de 6 anos, masculino.! Trauma direto por peso de papel no dorso da mão esquerda ha 6 horas.! Dor intensa aos movimentos dos dedos! Incapacidade para pinçar o polegar/dedos.! Incapacidade para pinca polegar/dedos e flexão das MFs.!! ! É visível um grande edema na mão da criança, que permanece em semiflexão de dedos e extensão das metacarpofalanges, que deveriam estar em flexão para fazer o pinçamento com o polegar. O antebraço também está edemaciado e existem bolhas, chamadas de Flictenas (bolhas advindas de edema), preenchidas de líquido intersticial. Isso ocorre pois o edema está tão grande que o líquido passa para um terceiro espaço, que será resultado de um descolamento da epiderme.! ! Toda vez que estivermos em local de trauma com flictenas, podemos dizer que o local está sendo submetido a um grande edema. É um dos sinais que esse edema deve ser acompanhado. !! O que fazer? ! - Radiografias! - Analgesia: podem ser utilizados analgésicos comuns, dando dipirona VO 1 gota/kg. Não utilizar medicamentos muito potentes pois podem mascarar os sintomas.! - Elevar o membro para ocorrer uma drenagem do edema pelo próprio peso distal-proximal. Além disso pode-se tentar fazer a movimentação da mão tentando movimentar passivamente os dedos. !! * Em geral, nesse tipo de trauma contuso não existe fratura. Mas como pode ocorrer, faz-se o raio-x em incidências AP e oblíqua. !! Se nada diminuir o edema (pós ser feita drenagem, analgesia com dor intensa persistindo), deve ser realizada uma Fasciotomia, em que se abre os músculos da palma, musculatura tenar, musculatura hipotenar gerando 2 incisões no dorso da mão, entre o 4 e 5 dedo e a outra entre o 2 e 3; perfurando a fáscia e abrindo a pinça. Eventualmente não se fecha as incisões nas primeiras 24 horas.!!! Sindrome compartimental:! ! É um grupo de sinais e sintomas resultante do aumento da pressão dentro de um espaço limitado, comprometendo a circulação e função dos tecidos. !! No MMSS:! ! Ligada a fratura supracondiliana umeral, embora isso tenha ocorrido mais no passado do que nos dias atuais. Antigamente se reduzia a fratura e colocava gesso; como deve-se manter a região flexionada, aumentava-se a pressão sobre as artérias locais e consequentemente ocorria mais SC. Hoje em dia há fixadores externos que garantem uma melhor posição do cotovelo, tornando esse acontecimento mais raro (1%). ! ! A criança é a mais atingida, porém qualquer trauma pode causar síndrome compartimental, com edema e compressão de compartimentos. ! No antebraço temos 3 compartimentos:! - Volar: musculos flexores e pronadores.! - Dorsal: musculos extensores e supinadores (ECD, ELP, EUC). ! - Mobile Wad (compartimento móvel): ERCC, ERLC e BR (extensão e desvio radial do punho). Quando você faz supinação ele segue em sentido da palma, quando faz pronação, ele vem para o dorso.!! Compartimentos da mão: dez! - Quatro interosseos (IO) dorsais! - Três IO palpares! - Tenar! - Hipotenar! - Adutor do polegar (inervação ulnar pois e comporta como um IO)! * Podemos ter uma sd compartimental de mão que não atinge o antebraço. ! � 1 Ortopedia ! Membro Inferior:! ! ! Fraturas dos ossos da perna fechada são as que mais causam SC, principalmente em adultos jovens e as fraturas de maior associação com a síndrome são do 1/3 proximal.! - 5 compartimentos da perna:! ! A: anterior (m. tibial anterior, extensores dos dedos)! ! B: lateral: músculos fibulares (curto e longo)! ! C: Tibial posterior (gastrocnêmio). Alguns autores juntam esse compartimento com o superficial.! ! D: Posterior Profundo (Gastrocnêmio e Sóleo)! ! E: Posterior Superficial (Gastrocnêmio e Sóleo)!! SD COMPARTIMENTAL AGUDA! É pouco frequente, mas muito grave, pois causam alterações funcionais muito expressivas.! - Tem repercuções funcionais importantes! - Pode ter implicação legal – iatrogenia! - Qualquer idade, sexo! - Pode afetar tanto MMSS como MMII! - Várias causas, mais frequente, fraturas! ! As alterações funcionais decorrentes de uma SC tanto no MS como MI são muito grandes. Toda vez que existe um edema precisa-se realizar investigação. As fraturas muitas vezes geram uma dor desproporcional ao trauma, portanto é necessária a investigação sempre.!! Etiologias:! Diminuição do tamanho do compartimento! - Alguma coisa que por fora aperte o local; ex. gesso! - Lesão por esmagamento! - Queimadura/congelamento: geram uma rigidez na pele, ela fica dura ! - Pressão externa localizada: ex. quando o paciente coloca uma agulha de crochê dentro do gesso para coçar a região. !! Aumento do volume do conteúdo! - Lesão vascular; exemplo de lesão da art. femoral em que se usou uma veia para revascularizar, o paciente pode desenvolver uma sd compartimental de perna.! - Distúrbios da coagulação/hemofilia: grande sangramento próximo do cotovelo ou joelho.! - Infecção: edema, produção de secreção. ! - Síndrome Nefrótica: excesso de edema corporal.! ! Fisiopatologia! ! Pode ser por diminuição do compartimento ou aumento do conteúdo (o mais frequente é o trauma), causando alteração de fluxo arterial e edema, o que resulta em isquemia muscular.! ! A isquemia muscular aumenta a liberação das substâncias vasoativas (histamina) que desencadeiam o aumento da permeabilidade capilar, aumento do edema e pressão intramuscular, o que causa maior edema. Há maior compressão arterial e maior compressão do retorno venoso e linfático, reduzindo o retorno microcirculatório, aumentando a liberação de histamina. A partir de então entra-se em um ciclo vicioso.! ! Neste ponto, onde se tem aumento de pressão, não adianta colocar a perna ou mão para cima pois já está instalada a síndrome. A solução é a Fasciotomia, em que, novamente, abre-se a musculatura que então irá liberar a pressão.! ! A fasciotomia é feita quando se tem certeza que não há como reverter esse processo de dor com analgésicos e de edema com elevação do membro, movimentação dos dedos. Se houver redução de sensibilidade como queixa e cianose, a sd está instalada. !! Clínica: 5 Ps! - Dor! - Edema! - Diminuição da sensibilidade! � 2 Ortopedia - Cianose! - Pulso! ! Em geral, ocorre quando há aumento da dor e redução do movimento ativo mesmo depois da imobilização da fratura.! * Dor e edema são os sintomas principais.!! Exame Complementar: ! Infelizmente não existem outros métodos complementares de diagnóstico além do raio-x. !! - Método de Whitesides: Em 1975, um método em que a medida da pressão intramuscular poderia nos levar a uma condução mais rápida da sd compartimental foi criada. Uma agulha é colocada dentro de um compartimento ligado a uma coluna de água que mede a pressão do compartimento corporal. Se pressão estivesse acima de 30mmHg seria dx de síndrome compartimental. Porém, muitos pacientes com sd compartimental tinham medida menor, e muitos que estavam apenas com edema da fratura estavam maiores, portanto não é exato. Não utilizado, já que não é fidedigna e de difícil realização. ! ! A conclusão é que o que é levado para diagnóstico são os sinais clínicos. !! Fasciotomia do antebraço! ! Toda vez em que vamos abrir uma fascia muscular devemos faze-la de forma ampla. Então se tivermos que abrir o antebraço, devo fazer um acesso amplo como…! - Acesso de Henry! - Willis e Rorabeck! ! …em que vou entrar ou entre o flexor radial do carpo e os flexores dos dedos, ou entre estes e o flexor ulnar do carpo. O importante é que deve-se abrir a fscia bicipital e o túnel do carpo, pois os músculos flexores dos dedos estão passando pelo túnel. ! ! Depois da abertura, deve-se fechar as incisões apenas com aproximação, deixando o máximo aberto (deixando a musculatura “respirar") desde que dificultando a exposição de nervos (por isso os cortes não são feitos em linha reta), e depois de cerca de 24 - 72 horas vai se diminuindo o espaçoe suturando a pele.!! Fasciotomia da perna ! ! O acesso também é longo, na face posterior da fibula. !! Tratamento:! Descompressão imediata é emergencial pois as lesões teciduais ocorrem: ! - Múscular: após 5 hs de início, e em 8h lesão irreversível! - Nervo: 4h neurapraxia; e em 8h lesão irreversível! * Não estamos falando do edema pós fratura que reduz em algumas horas, mas sim do edema que continua, forma flictena, e nada melhora a dor. !! Conceitos sobre fasciotomia:! - Ampla! - Aproximação da pele iniciando após 24hrs! - Curativos diários! - Segunda intenção. Algumas áreas ficam em segunda intenção, ou seja, abertas, pois não conseguimos fechar totalmente a pele, assim ela irá cicatrizar de dentro para fora. Em seguida esse espaço ou é enxertado ou deixa-se aberto quando o espaço for menor que 1 cm.! - Enxerto de pele! ! ! Tratamento após fasciotomia! ! Reabilitação para que ele volte a ter uma função do membro. Se este edema ainda assim não se resolver, temos uma sd compartimental crônica.!! Sd de Volkmann: é uma síndrome que ocorre quando temos um compartimento submetido a uma pressão muito grande, o membro superior fica afinado, o punho assume posição flexionada, a mão fica em extensão e o polegar em adução. É esse tipo de situação que queremos evitar com o dx precoce. ! ! O tratamento dessa isquemia é cirúrgico, baseado em ressecção do � 3 Ortopedia tecido fibroso, alongamento tendinoso, retalhos microcirúrgicos, neurólise, enxerto de nervo.!! Conclusão da Sd. Compartimental Aguda! - Dx clínico precoce, dor, edema.! - Acima de 8hrs há possibilidade de lesão irreversível! - Reabilitação precoce, evitar as posições antifuncionais. !! Sindrome Compartimental Crônica! ! Aumento transitório da pressão intracompartimental: compressão menor, relacionada a uma falta de alongamento de músculo não preparado para o exercício feito. Um exemplo eventual é quando a pessoa está correndo e tem dor na face anterolateral da perna, esta é uma dor por conversão do músculo tibial anterior e dos extensores dos dedos. Também pode ocorrer no MS, em pessoas que fortalecem demais o triceps e bíceps, fazendo uma dor muito grande no momento do exercício, curando com cãibras. Cede com repouso.! ! Raramente há indicação cirúrgica, deve ser feita a reabilitação/fortalecimento muscular e redistribuição da carga.!!! ! ! ! ! � 4
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