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contrafazer, de forma a criar documento que até então não existia; já alterar deve ser entendido como modificar o conteúdo de documento já existente. Trata-se de crime comum, já que o tipo penal não impõe nenhuma qualidade ao sujeito ativo. Se o agente for funcionário público, como é o caso de Tirso, a pena, conforme previsão contida no art. 295 do CP, deve ser aumentada de sexta parte, desde que o intraneus se valha desta condição para a prática do crime (não é o caso de Tirso). Em outras palavras, embora Tirso seja funcionário público, ele não se prevaleceu de tal condição para a prática do crime, razão pela qual não poderá ser a ele imputada a causa de aumento de pena do art. 295 do CP. (TJ/SP – 2019 – VUNESP) A doutrina dominante define tipicidade como (A) a adequação de um ato praticado pelo agente com as características que o enquadram à norma descrita na lei penal como crime. (B) um juízo de valor negativo ou desvalor, indicando que a ação humana foi contrária às exigências do Direito. (C) a voluntária omissão de diligência em calcular as consequências possíveis e previsíveis do próprio fato. (D) um juízo de reprovação pessoal que recai sobre o autor do crime, que opta em praticar atos ou omissões de forma contrária ao Direito. (E) uma ação delitiva de maneira consciente e voluntária. A tipicidade, assim entendida como o enquadramento da conduta à norma penal descrita em abstrato (subsunção da conduta ao tipo penal), constitui um dos elementos do fato típico, a ser analisado no contexto do critério analítico de crime, que se funda nos elementos que compõem a estrutura do delito. Vale lembrar que o fato típico é composto, em regra, por conduta, resultado, relação de causalidade e tipicidade. No Brasil, adotou-se, no que Gabarito “B” toca à tipicidade, a teoria indiciária, segundo a qual a tipicidade gera uma presunção jures tantum de ilicitude, que será afastada diante da existência de prova de que o agente estava autorizado a praticar a conduta tida como típica. É o caso, por exemplo, da legítima defesa: embora a conduta seja típica, a lei autoriza o agente a defender-se de agressão injusta, desde que presentes os demais requisitos contidos no art. 25 do CP. A tipicidade pode ser formal, material ou conglobante. Tipicidade formal é a singela adequação do fato à norma penal incriminadora. Trata-se, portanto, do mero mecanismo de enquadramento da conduta à descrição típica. Sucede que o emprego tão somente desta modalidade de tipicidade não satisfaz a tendência hoje tão preconizada de evitar a incidência do direito penal, dado o seu caráter eminentemente subsidiário. Em razão disso, deve-se agregar à tipicidade formal uma nova dimensão, de sorte a somente ser considerada como típica a conduta que gere ameaça ou lesão relevante a bens jurídicos. É nisso que consiste a acepção material de tipicidade. É o que se verifica, somente a título de exemplo, na incidência do chamado princípio da insignificância, que constitui causa supralegal de exclusão da tipicidade (material), atuando como instrumento de interpretação restritiva do tipo penal. Pela teoria da tipicidade conglobante, concebida por Eugenio Raúl Zaffaroni, a tipicidade penal deve ser avaliada de forma conglobada, ou seja, deve ser cotejada com o ordenamento jurídico como um todo. Para esta teoria, é insuficiente a violação da lei penal. É ainda necessária a ofensa a todo o ordenamento jurídico (antinormatividade). (TJ/SP – 2019 – VUNESP) O servidor público que, por indulgência, deixar de responsabilizar o subordinado que cometeu infração no exercício do cargo, cometerá o crime de (A) peculato mediante erro de outrem. Gabarito “A” (B) prevaricação. (C) condescendência criminosa. (D) excesso de exação. (E) emprego irregular de verbas públicas. O funcionário público que, por indulgência (clemência, tolerância), deixar de promover a responsabilização de funcionário subordinado que tenha praticado infração no exercício do cargo, ou, caso incompetente, deixar de levar o fato ao conhecimento da autoridade com competência punitiva, responderá pelo crime de condescendência criminosa (art. 320 do CP). Perceba que, para a configuração deste crime, é de rigor, conforme consta de sua descrição típica, que a infração não apurada seja cometida no exercício do cargo. Cuida-se de crime próprio, na medida em que somente pode figurar como sujeito ativo o funcionário público, em especial o superior hierárquico. É crime omissivo próprio, cuja consumação é alcançada no instante da omissão, consistente em deixar de responsabilizar ou de levar o fato ao conhecimento da autoridade que detenha atribuição para proceder à apuração. (TJ/SP – 2019 – VUNESP) A conduta que se amolda ao crime de “inscrição de despesas não empenhadas em restos a pagar” é (A) deixar de ordenar, de autorizar ou de promover o cancelamento do montante de restos a pagar inscrito em valor superior ao permitido em lei. (B) ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar de despesa que exceda o limite estabelecido em lei. (C) ordenar, autorizar ou executar a inscrição em restos a pagar que acarrete aumento de despesa total com pessoal, nos sessenta dias anteriores ao final do mandato. Gabarito “C”