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Na França do século XVIII, filósofos iluministas, como 
Montesquieu e Rousseau, estabeleceram, respectivamente, 
os conceitos de divisão dos poderes e da Constituição e do 
direito do povo de se sublevar contra o governante que não 
respeitar a lei maior. Todas essas contribuições são reco-
nhecidas como pertencentes ao arcabouço do pensamento 
liberal, mas foram incorporadas pela democracia moderna, 
reinventada pelos Estados Unidos, que, ao se tornarem inde-
pendentes da Inglaterra, adotaram, na sua primeira e única 
Constituição, os ideais e princípios iluministas.
Porém, a cidadania foi negada aos afro-americanos, uma 
das razões da ocorrência da Guerra de Secessão (1861-
1865). O povo afro-americano só conseguiu conquistar 
seus direitos nos anos 1960 (a luta pelos direitos civis).
No caso brasileiro, os traços deixados por séculos do tra-
balho escravo e a grande desigualdade social, uma das maio-
res inimigas da democracia, devem ser combatidas para que 
a democracia se torne mais forte e enraizada em nossa so-
ciedade. Caso contrário, as instituições, como o Estado, que 
devem garantir e reforçar a cidadania e a democracia, muitas 
vezes se ausentam de suas funções, restando para os excluí-
dos apenas a possibilidade de viver à margem da sociedade.
Os direitos civis compreendem um conjunto significativo 
de direitos individuais, como os direitos da pessoa sobre 
seu corpo, seus pensamentos, sua vida. Abrangem a liber-
dade de expressão, a liberdade de ir e vir, a liberdade de 
associar-se com outros indivíduos. Requerem a igualdade 
jurídica dos cidadãos.
Os direitos políticos envolvem os direitos de participação, 
direta ou indireta, nos processos decisórios da vida em so-
ciedade, por exemplo, o direito de eleger representantes 
para o Legislativo e para o Poder Executivo, bem como o 
direito de ser eleito para cargos públicos.
Os direitos sociais reportam-se à satisfação das necessi-
dades básicas dos seres humanos, como trabalho, alimen-
tação, habitação, transporte, saúde, educação, lazer, opor-
tunidades de desenvolvimento intelectual e profissional.
8. Cultura e sociedade
Para as Ciências Sociais, cultura diz respeito a toda mani-
festação material e não material de um povo ou grupo social. 
Logo, cultura é tudo aquilo que passa pela ação do trabalho 
humano, através do qual somos capazes de transformar 
a natureza. Sendo assim, toda produção, seja ela material 
(artesanato, comidas, roupas, moradias, ferramentas, entre 
outros) ou não material (linguagem, ideias, danças, rituais) é 
não natural ou cultural.
A diversidade cultural é um fato relativo à própria es-
pécie humana que, através do surgimento e formação de 
sociedades variadas, tem produzido uma série de culturas 
diferentes. Por exemplo, não exageramos ao afirmar que 
exista uma cultura latino-americana, mas é errôneo pensar 
que as realidades distintas como a brasileira, a mexicana e 
a argentina possam ser de todo iguais. Sem dúvida, existem 
muitas semelhanças, mas todas as culturas das sociedades 
modernas buscam – ao mesmo tempo em que buscam in-
teragir no processo de globalização – preservar suas par-
ticularidades culturais, como se isso fosse, mais que uma 
resistência, uma preservação da identidade nacional.
A ciência social encarregada de estudar a cultura é a Antro-
pologia, que nasceu na Europa na segunda metade do século 
XIX, ainda sob o peso do etnocentrismo, ou seja, o princípio 
de que a cultura europeia era colocada no centro como a única 
correta, sendo imposta, então, sobre outros povos não euro-
peus. Por etnia podemos considerar exatamente o conjunto 
de valores e crenças (a cultura) manifestado por um determi-
nado povo. Por se tratar de uma imposição feita por dominado-
res sobre dominados, o etnocentrismo gera situações de dis-
criminação e preconceito étnico, o que, infelizmente, pode ser 
presenciado em nossa realidade social até os dias atuais. Por 
se tratar de um etnocentrismo específico da visão europeia 
podemos classificá-lo como eurocentrismo.
Os pioneiros da Antropologia também se embasaram 
no evolucionismo, como Edward Tylor (1832-1917), James 
Frazer (1854-1941) e Lewis Morgan (1818-1881). Nas dis-
cussões presentes nesses autores existe algo comum: o re-
baixamento cultural das culturas “exóticas” e o destaque evo-
lutivo das sociedades modernas, numa visão etnocêntrica em 
relação à observação das outras culturas. Utilizam o método 
de comparar as sociedades de cultura não europeias com as 
sociedades ditas modernas, ou seja, aquelas de cultura euro-
peizada. Com base no método comparativo, classificavam as 
sociedades não adeptas da cultura europeia como formações 
sociais primitivas, de religiosidade mítica e com uma estrutu-
ra de parentesco que possibilitava as relações incestuosas.
Essas são as características centrais do método compara-
tivo: o progressivismo evolucionista, o etnocentrismo me-
todológico, a preferência pelo estudo das estruturas de pa-
rentesco e dos mitos e rituais religiosos mágicos. O método 
comparativo julgava as culturas primitivas como modelos 
sociais presos à antiguidade histórica.
No início do século XX, um pensador chamado Franz Boas 
(1858-1942) revolucionou a prática antropológica, criticando 
a Antropologia exercida até então. Para Boas, ao analisar as 
outras culturas para compreender a diferença, o antropólogo 
não deve partir do ponto de vista de sua cultura e sociedade; 
pelo contrário, o antropólogo deve partir para a convivência 
direta com a cultura a ser pesquisada, a fim de perceber as 
suas peculiaridades, colocando o trabalho de campo como 
prática necessária para a compreensão neutra das outras 
culturas; a prática etnográfica torna-se fundamental, pois a 
etnografia proporciona uma descrição antropológica densa.
Dessa forma, as culturas exóticas perdem o aspecto de 
culturas desconexas e incompreensíveis e passam a receber 
uma coerência e funcionalidade, e o conceito de desigualda-
de cultural é substituído pelo conceito de diversidade cultu-
ral; agora, as sociedades devem ser compreendidas nas suas 
especificidades. Desde então, o princípio da diversidade cul-
tural tem sido atuante na Antropologia.
9. O capitalismo e a cultura
Com o advento do capitalismo em sua fase industrial, 
a cultura das sociedades industriais passa a ter uma nova 
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dimensão: a cultura de massa. É importante salientar que 
a cultura de massa não pode ser confundida com a cultura 
popular. Enquanto esta é a expressão de resistência das ca-
madas mais populares frente ao domínio da cultura erudita, 
a cultura de massa é típica das sociedades que passaram por 
uma mercantilização da produção cultural.
Em outras palavras, toda expressão simbólica ou material 
(a moda, por exemplo) produzida para o mercado consumidor 
é cultura de massa, como ocorre com o cinema, em que veri-
ficamos haver um circuito comercial e um circuito alternativo 
ou não comercial.
A cultura de massa é uma conjunção da cultura elitizada e 
da cultura do povo, conjunção essa que está orientada para a 
produção de uma expressão cultural que possa ser consumida 
na sua totalidade, consumida tanto pelo povo, quanto pela eli-
te. A cultura de massa promove uma interação da cultura polida 
e ilustrada com a cultura informal e não instituída, com a fina-
lidade de provocar o consumo extensivo dos bens simbólicos.
A cultura de massa é aquilo que também podemos chamar de 
indústria cultural. Esse conceito foi usado pela primeira vez por 
Theodor Adorno e Max Horkheimer, integrantes do instituto de pes-
quisa social que ficaria conhecido internacionalmente como Esco-
la de Frankfurt, em sua obra Dialética do esclarecimento (1947).
Para esses autores, a indústria cultural é prejudicial, pois 
promove a alienação cultural ou perda dos referenciais históri-
cos e sociais dasformas tradicionais de cultura. Podemos apon-
tar como principais fontes de propagação da indústria cultural o 
rádio, a televisão, o cinema, as revistas, a indústria fonográfica 
e, mais recentemente, a internet. É claro que nem todos esses 
meios de comunicação estão a serviço do capital, pois existem 
excelentes produções cinematográficas que escapam à sim-
ples finalidade do lucro, assim como há canais de televisão e 
mesmo vários programas exibidos cujo fim último é a informa-
ção e o entretenimento desvinculados da cultura fabricada. Po-
demos citar ainda as rádios comunitárias atuais, que, em geral, 
primam pela divulgação da cultura da própria comunidade.
Entretanto, pensemos nas novelas e em boa parte do cine-
ma hollywoodiano como expressões dos meios de comunica-
ção a serviço do capital, pois são concebidos enquanto objetos 
de consumo. A finalidade desses produtos não é necessaria-
mente contar uma história verdadeira que possa ampliar o co-
nhecimento das pessoas acerca dos fatos, mas, pelo contrário, 
busca-se transformar certas realidades em puro entretenimen-
to vazio de conteúdo. Dessa forma, o discurso agradável e fácil 
de ser assimilado aliena o ouvinte e o transforma em mero con-
sumidor daquele produto e da publicidade contida nele.
A indústria cultural vende cultura. Para ven-
dê-la, deve seduzir e agradar o consumidor. Para 
seduzi-lo e agradá-lo, não pode chocá-lo, provo-
cá-lo, fazê-lo pensar, fazê-lo ter informações no-
vas que o perturbem, mas deve devolver-lhe, com 
nova aparência, o que ele já sabe, já viu, já fez. A 
“média” é o senso comum cristalizado que a in-
dústria cultural devolve com cara de coisa nova.
CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. 3. ed. São Paulo: Ática, 2003. p. 292.
A indústria cultural reforça a visão de ideologia de Karl Marx, 
na qual a realidade é vista de maneira invertida. Ela mantém as 
pessoas condicionadas ao senso comum, não permitindo que 
se desenvolva o senso crítico. Sendo assim, a arte fabricada tem 
uma dupla função: impulsionar o consumo e evitar o desenvolvi-
mento crítico das sociedades movidas pelo capitalismo.
Muitos estudiosos, jornalistas e políticos cos-
tumam dizer que a mídia – ou meios de comu-
nicação de massa – representa um quarto poder 
(além dos poderes governamentais do judiciário, 
do legislativo e do executivo). Isto porque influen-
cia comportamentos, opiniões e atitudes de forma 
constante e permanente.
OLIVEIRA, L.F.; COSTA, R.C.R. Sociologia para jovens do século 
XXI. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2007. p. 158.
10. Concepções teóricas sobre 
a sociedade brasileira
Compreender o processo de constituição da sociedade brasi-
leira era uma preocupação já presente no final do século XIX e no 
início do século XX em alguns intelectuais brasileiros. Ao analisar-
mos esse período, é importante ressaltar dois dados: primeiro, a 
abolição do modelo escravista em 1888, lançando o negro numa 
sociedade autoritária e racista; segundo, a predominância das 
teorias evolucionistas europeias. É esse panorama histórico que 
marca as primeiras reflexões de brasileiros sobre a sua sociedade.
Alguns intelectuais brasileiros como Sílvio Romero e Nina 
Rodrigues discutiam nesse período a problemática da iden-
tidade nacional e da cultura brasileira. Ficam claras nesses 
pensadores as influências das teorias racistas e evolucionis-
tas; percebe-se um impacto muito grande do positivismo de 
Comte e do darwinismo social.
Nesse sentido, os temas analisados por esses pensado-
res, como a religião africana, os movimentos messiânicos e a 
composição racial do brasileiro, são tratados sempre à luz de 
conceitos racistas e evolucionistas.
Essa visão perdurou mais ou menos de 1890 até 1930, 
quando surgiram no Brasil alguns pensadores críticos do ra-
cismo evolucionista e adeptos do culturalismo, que dispensa-
vam o fenômeno raça como fator determinante e colocavam a 
cultura como centralidade. 
Em 1933, surge no Brasil uma obra inaugural sobre a socie-
dade brasileira vista pelo viés cultural: Casa-grande e senzala, de 
Gilberto Freyre (1900-1987). Essa obra resultou da tese de dou-
torado de Freyre, cuja orientação coube a Franz Boas. Nesse livro, 
Gilberto Freyre procura se afastar da visão evolucionista sobre a 
sociedade brasileira e a analisa exatamente pela miscigenação 
cultural, afirmando ser essa a nossa principal característica.
Segundo Freyre, a formação da cultura brasileira é o resul-
tado do sincretismo cultural processado entre o português, o 
índio e o africano escravo, que acabou originando uma cultura 
ímpar, diferente na sua formação, fortemente mestiçada e sin-
cretizada, uma cultura marcada pela diversidade de contribui-
ções culturais do negro, do índio e do português, que acabou 
por constituir um conjunto de expressões culturais diversas.
A constituição da cultura brasileira seria resultado desse 
processo de sincretismo e miscibilidade; o brasileiro seria 
resultado de um intercurso racial e cultural democratizado, 
resultado do encontro das culturas, um encontro democráti-
co, ausente de conflitos.
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Entretanto, há uma forte crítica à ideia de democracia racial 
devido ao fato da mesma deixar de lado o fenômeno do pre-
conceito racial e cultural existentes no Brasil; um precon-
ceito talvez não declarado, mas inculcado no inconsciente 
coletivo.
Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) foi outro inte-
lectual que abriu uma nova discussão acerca da sociedade 
brasileira na década de 1930. Em 1936, ele publicou Raízes 
do Brasil, uma obra de orientação weberiana que enfatiza os 
aspectos culturais do Brasil para compreender nosso desen-
volvimento social, político e econômico. É dele o conceito de 
“homem cordial” para caracterizar o brasileiro.
O “homem cordial” é um indivíduo que não consegue sepa-
rar o público do privado, que não consegue entender que 
a vida no Estado burocrático deve ser impessoal, e não 
pessoal. O “homem cordial” é a contribuição do Brasil para 
a civilização.
Em 1933, Caio Prado Júnior (1907-1990) publicou o 
livro Evolução política do Brasil, uma obra cuja percepção 
acerca da evolução política e social do Brasil se dava pelo 
viés economicista (marxismo). Em 1942, Caio Prado publi-
cou Formação do Brasil contemporâneo e, em 1945, História 
econômica no Brasil. A leitura marxista da sociedade brasi-
leira abriu a possibilidade de entendimento da formação do 
Brasil a partir da exploração econômica mercantilista portu-
guesa. Nesse caso, questões como a extração de riquezas da 
colônia pela metrópole, a criação de latifúndios por meio das 
sesmarias, a ausência de integração social provocada pela 
dispersão e pelo isolamento dos núcleos de povoamento, a 
característica essencialmente agrária, com produção para o 
mercado externo e ausência de mercado interno substancial 
seriam indispensáveis no processo de compreensão de nos-
sa realidade social, assim como do nosso atraso econômico 
em relação a outros países.
Além disso, a formação da mão de obra brasileira, calcada 
no escravismo até o século XIX e no “assalariamento-imi-
gração” a partir do fim desse século, estaria intimamente 
relacionada com algumas características de nossa forma-
ção social: a exclusão do negro e a presença marcante do 
imigrante, principalmente o europeu.
Florestan Fernandes (1920-1995), formado nos qua-
dros da Universidade de São Paulo – USP, abriu caminho para 
análises sociológicas propriamente ditas acerca do Brasil, 
pesquisando sobre praticamente todos os grandes temas so-
ciológicos brasileiros. Em A integração do negro na sociedade 
de classes (1964) posicionou-se contra a ideia de democracia 
racial, alertando para o fato de os negros não terem sido absor-
vidos pela sociedade brasileira após a abolição, além do fato de 
o brasileiro praticar um racismo velado.
11. Os movimentos sociais
Na linguagemsociológica, os movimentos sociais de-
finem-se como ações coletivas praticadas por grupos da 
sociedade, com a finalidade de modificar ou conservar de-
terminados aspectos culturais, econômicos e políticos ou 
mesmo de transformar o conjunto da realidade sociopolítica. 
De maneira geral, os movimentos sociais expressam alguma 
insatisfação sociopolítica ou características pontuais de sua 
organização, articulando segmentos da sociedade em pau-
tas reivindicatórias que aspiram à realização de mudança ou 
de permanência social, econômica, política e cultural, consi-
derada necessária e justa.
As primeiras manifestações mais amplas de movimen-
tos sociais nas sociedades industriais, anunciadas em fins 
do século XVIII e consolidadas ao longo do século XIX, são 
praticadas pelos trabalhadores assalariados, especialmente 
pelos operários das fábricas capitalistas, que reagem diante 
da precariedade de suas condições de trabalho e de vida. 
Submetidos a jornadas de trabalho extenuantes, a salários 
aviltantes e a péssimas condições materiais de existência, 
muitos trabalhadores envolvem-se em mobilizações conten-
do diversificado repertório de reivindicações.
Os movimentos sociais diversificam-se tanto em suas 
composições sociais quanto em seu universo temático, 
ao longo do século XX. Nesse sentido, modifica-se a cor-
relação de forças entre diferentes grupos sociais e mul-
tiplicam-se as contestações a situações consideradas 
injustas. Esses novos movimentos sociais, com sua di-
versificação temática pelas questões culturais, étnicas, 
feministas, sexuais e ecológicas, dentre outras, eclodem 
e disseminam-se principalmente a partir da década de 
1960. Esses movimentos inauguram formas de mobiliza-
ção distintas, pelo menos em parte, dos tradicionais mo-
vimentos sociais dos trabalhadores, convencionalmente 
estruturados na dimensão sindical.
No Brasil, os movimentos sociais foram e continuam 
sendo fortes, manifestando-se tanto no campo como nas ci-
dades. No campo, a questão fundiária permanece atual e po-
lêmica. Na década de 1950 até 1964, vigorou a atuação das 
Ligas Camponesas, que pregavam a reforma agrária “na lei ou 
na marra”. No final dos anos 1970, inicia-se no sul do país o 
MST (Movimento dos Sem-Terra) que, por meio de uma ampla 
mobilização e conscientização, principalmente por meio de 
invasão de propriedades rurais e de repartições públicas, luta 
pela reforma agrária.
O movimento estudantil, o movimento feminista e o mo-
vimento negro são outros exemplos dos movimentos sociais 
de grande importância na história contemporânea brasileira. 
As políticas afirmativas (ações afirmativas) do governo bra-
sileiro, a partir de 2003, refletem parte das conquistas des-
ses movimentos.
Ações afirmativas são definidas como medidas políticas 
que têm a finalidade de combater as injustiças sociais me-
diante a instauração de leis que favoreçam o acesso real 
de determinados grupos sociais, tradicionalmente margi-
nalizados, às condições básicas de cidadania, projetando-
-os em situação de igualdade ou, pelo menos, atenuando 
sua posição de desigualdade em relação aos demais seg-
mentos sociais. Contrapondo-se à discriminação social 
negativa, que inviabiliza a cidadania plena para segmentos 
específicos da sociedade – no vocabulário sociológico, as 
chamadas minorias sociais –, as ações afirmativas proce-
dem com a discriminação social positiva, pretendendo as-
segurar direitos sociais para os indivíduos pertencentes a 
esses grupos.
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