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384 SO CI O LO G IA Na França do século XVIII, filósofos iluministas, como Montesquieu e Rousseau, estabeleceram, respectivamente, os conceitos de divisão dos poderes e da Constituição e do direito do povo de se sublevar contra o governante que não respeitar a lei maior. Todas essas contribuições são reco- nhecidas como pertencentes ao arcabouço do pensamento liberal, mas foram incorporadas pela democracia moderna, reinventada pelos Estados Unidos, que, ao se tornarem inde- pendentes da Inglaterra, adotaram, na sua primeira e única Constituição, os ideais e princípios iluministas. Porém, a cidadania foi negada aos afro-americanos, uma das razões da ocorrência da Guerra de Secessão (1861- 1865). O povo afro-americano só conseguiu conquistar seus direitos nos anos 1960 (a luta pelos direitos civis). No caso brasileiro, os traços deixados por séculos do tra- balho escravo e a grande desigualdade social, uma das maio- res inimigas da democracia, devem ser combatidas para que a democracia se torne mais forte e enraizada em nossa so- ciedade. Caso contrário, as instituições, como o Estado, que devem garantir e reforçar a cidadania e a democracia, muitas vezes se ausentam de suas funções, restando para os excluí- dos apenas a possibilidade de viver à margem da sociedade. Os direitos civis compreendem um conjunto significativo de direitos individuais, como os direitos da pessoa sobre seu corpo, seus pensamentos, sua vida. Abrangem a liber- dade de expressão, a liberdade de ir e vir, a liberdade de associar-se com outros indivíduos. Requerem a igualdade jurídica dos cidadãos. Os direitos políticos envolvem os direitos de participação, direta ou indireta, nos processos decisórios da vida em so- ciedade, por exemplo, o direito de eleger representantes para o Legislativo e para o Poder Executivo, bem como o direito de ser eleito para cargos públicos. Os direitos sociais reportam-se à satisfação das necessi- dades básicas dos seres humanos, como trabalho, alimen- tação, habitação, transporte, saúde, educação, lazer, opor- tunidades de desenvolvimento intelectual e profissional. 8. Cultura e sociedade Para as Ciências Sociais, cultura diz respeito a toda mani- festação material e não material de um povo ou grupo social. Logo, cultura é tudo aquilo que passa pela ação do trabalho humano, através do qual somos capazes de transformar a natureza. Sendo assim, toda produção, seja ela material (artesanato, comidas, roupas, moradias, ferramentas, entre outros) ou não material (linguagem, ideias, danças, rituais) é não natural ou cultural. A diversidade cultural é um fato relativo à própria es- pécie humana que, através do surgimento e formação de sociedades variadas, tem produzido uma série de culturas diferentes. Por exemplo, não exageramos ao afirmar que exista uma cultura latino-americana, mas é errôneo pensar que as realidades distintas como a brasileira, a mexicana e a argentina possam ser de todo iguais. Sem dúvida, existem muitas semelhanças, mas todas as culturas das sociedades modernas buscam – ao mesmo tempo em que buscam in- teragir no processo de globalização – preservar suas par- ticularidades culturais, como se isso fosse, mais que uma resistência, uma preservação da identidade nacional. A ciência social encarregada de estudar a cultura é a Antro- pologia, que nasceu na Europa na segunda metade do século XIX, ainda sob o peso do etnocentrismo, ou seja, o princípio de que a cultura europeia era colocada no centro como a única correta, sendo imposta, então, sobre outros povos não euro- peus. Por etnia podemos considerar exatamente o conjunto de valores e crenças (a cultura) manifestado por um determi- nado povo. Por se tratar de uma imposição feita por dominado- res sobre dominados, o etnocentrismo gera situações de dis- criminação e preconceito étnico, o que, infelizmente, pode ser presenciado em nossa realidade social até os dias atuais. Por se tratar de um etnocentrismo específico da visão europeia podemos classificá-lo como eurocentrismo. Os pioneiros da Antropologia também se embasaram no evolucionismo, como Edward Tylor (1832-1917), James Frazer (1854-1941) e Lewis Morgan (1818-1881). Nas dis- cussões presentes nesses autores existe algo comum: o re- baixamento cultural das culturas “exóticas” e o destaque evo- lutivo das sociedades modernas, numa visão etnocêntrica em relação à observação das outras culturas. Utilizam o método de comparar as sociedades de cultura não europeias com as sociedades ditas modernas, ou seja, aquelas de cultura euro- peizada. Com base no método comparativo, classificavam as sociedades não adeptas da cultura europeia como formações sociais primitivas, de religiosidade mítica e com uma estrutu- ra de parentesco que possibilitava as relações incestuosas. Essas são as características centrais do método compara- tivo: o progressivismo evolucionista, o etnocentrismo me- todológico, a preferência pelo estudo das estruturas de pa- rentesco e dos mitos e rituais religiosos mágicos. O método comparativo julgava as culturas primitivas como modelos sociais presos à antiguidade histórica. No início do século XX, um pensador chamado Franz Boas (1858-1942) revolucionou a prática antropológica, criticando a Antropologia exercida até então. Para Boas, ao analisar as outras culturas para compreender a diferença, o antropólogo não deve partir do ponto de vista de sua cultura e sociedade; pelo contrário, o antropólogo deve partir para a convivência direta com a cultura a ser pesquisada, a fim de perceber as suas peculiaridades, colocando o trabalho de campo como prática necessária para a compreensão neutra das outras culturas; a prática etnográfica torna-se fundamental, pois a etnografia proporciona uma descrição antropológica densa. Dessa forma, as culturas exóticas perdem o aspecto de culturas desconexas e incompreensíveis e passam a receber uma coerência e funcionalidade, e o conceito de desigualda- de cultural é substituído pelo conceito de diversidade cultu- ral; agora, as sociedades devem ser compreendidas nas suas especificidades. Desde então, o princípio da diversidade cul- tural tem sido atuante na Antropologia. 9. O capitalismo e a cultura Com o advento do capitalismo em sua fase industrial, a cultura das sociedades industriais passa a ter uma nova 701360214 DB EM PV ENEM 91 AN LV 01 TE TEOR UN_MIOLO.indb 384 24/01/2019 09:09 MATERIA L D E U SO E XCLU SIV O SIS TEMA D E E NSIN O D OM B OSCO 385 SO CI O LO G IA dimensão: a cultura de massa. É importante salientar que a cultura de massa não pode ser confundida com a cultura popular. Enquanto esta é a expressão de resistência das ca- madas mais populares frente ao domínio da cultura erudita, a cultura de massa é típica das sociedades que passaram por uma mercantilização da produção cultural. Em outras palavras, toda expressão simbólica ou material (a moda, por exemplo) produzida para o mercado consumidor é cultura de massa, como ocorre com o cinema, em que veri- ficamos haver um circuito comercial e um circuito alternativo ou não comercial. A cultura de massa é uma conjunção da cultura elitizada e da cultura do povo, conjunção essa que está orientada para a produção de uma expressão cultural que possa ser consumida na sua totalidade, consumida tanto pelo povo, quanto pela eli- te. A cultura de massa promove uma interação da cultura polida e ilustrada com a cultura informal e não instituída, com a fina- lidade de provocar o consumo extensivo dos bens simbólicos. A cultura de massa é aquilo que também podemos chamar de indústria cultural. Esse conceito foi usado pela primeira vez por Theodor Adorno e Max Horkheimer, integrantes do instituto de pes- quisa social que ficaria conhecido internacionalmente como Esco- la de Frankfurt, em sua obra Dialética do esclarecimento (1947). Para esses autores, a indústria cultural é prejudicial, pois promove a alienação cultural ou perda dos referenciais históri- cos e sociais dasformas tradicionais de cultura. Podemos apon- tar como principais fontes de propagação da indústria cultural o rádio, a televisão, o cinema, as revistas, a indústria fonográfica e, mais recentemente, a internet. É claro que nem todos esses meios de comunicação estão a serviço do capital, pois existem excelentes produções cinematográficas que escapam à sim- ples finalidade do lucro, assim como há canais de televisão e mesmo vários programas exibidos cujo fim último é a informa- ção e o entretenimento desvinculados da cultura fabricada. Po- demos citar ainda as rádios comunitárias atuais, que, em geral, primam pela divulgação da cultura da própria comunidade. Entretanto, pensemos nas novelas e em boa parte do cine- ma hollywoodiano como expressões dos meios de comunica- ção a serviço do capital, pois são concebidos enquanto objetos de consumo. A finalidade desses produtos não é necessaria- mente contar uma história verdadeira que possa ampliar o co- nhecimento das pessoas acerca dos fatos, mas, pelo contrário, busca-se transformar certas realidades em puro entretenimen- to vazio de conteúdo. Dessa forma, o discurso agradável e fácil de ser assimilado aliena o ouvinte e o transforma em mero con- sumidor daquele produto e da publicidade contida nele. A indústria cultural vende cultura. Para ven- dê-la, deve seduzir e agradar o consumidor. Para seduzi-lo e agradá-lo, não pode chocá-lo, provo- cá-lo, fazê-lo pensar, fazê-lo ter informações no- vas que o perturbem, mas deve devolver-lhe, com nova aparência, o que ele já sabe, já viu, já fez. A “média” é o senso comum cristalizado que a in- dústria cultural devolve com cara de coisa nova. CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. 3. ed. São Paulo: Ática, 2003. p. 292. A indústria cultural reforça a visão de ideologia de Karl Marx, na qual a realidade é vista de maneira invertida. Ela mantém as pessoas condicionadas ao senso comum, não permitindo que se desenvolva o senso crítico. Sendo assim, a arte fabricada tem uma dupla função: impulsionar o consumo e evitar o desenvolvi- mento crítico das sociedades movidas pelo capitalismo. Muitos estudiosos, jornalistas e políticos cos- tumam dizer que a mídia – ou meios de comu- nicação de massa – representa um quarto poder (além dos poderes governamentais do judiciário, do legislativo e do executivo). Isto porque influen- cia comportamentos, opiniões e atitudes de forma constante e permanente. OLIVEIRA, L.F.; COSTA, R.C.R. Sociologia para jovens do século XXI. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2007. p. 158. 10. Concepções teóricas sobre a sociedade brasileira Compreender o processo de constituição da sociedade brasi- leira era uma preocupação já presente no final do século XIX e no início do século XX em alguns intelectuais brasileiros. Ao analisar- mos esse período, é importante ressaltar dois dados: primeiro, a abolição do modelo escravista em 1888, lançando o negro numa sociedade autoritária e racista; segundo, a predominância das teorias evolucionistas europeias. É esse panorama histórico que marca as primeiras reflexões de brasileiros sobre a sua sociedade. Alguns intelectuais brasileiros como Sílvio Romero e Nina Rodrigues discutiam nesse período a problemática da iden- tidade nacional e da cultura brasileira. Ficam claras nesses pensadores as influências das teorias racistas e evolucionis- tas; percebe-se um impacto muito grande do positivismo de Comte e do darwinismo social. Nesse sentido, os temas analisados por esses pensado- res, como a religião africana, os movimentos messiânicos e a composição racial do brasileiro, são tratados sempre à luz de conceitos racistas e evolucionistas. Essa visão perdurou mais ou menos de 1890 até 1930, quando surgiram no Brasil alguns pensadores críticos do ra- cismo evolucionista e adeptos do culturalismo, que dispensa- vam o fenômeno raça como fator determinante e colocavam a cultura como centralidade. Em 1933, surge no Brasil uma obra inaugural sobre a socie- dade brasileira vista pelo viés cultural: Casa-grande e senzala, de Gilberto Freyre (1900-1987). Essa obra resultou da tese de dou- torado de Freyre, cuja orientação coube a Franz Boas. Nesse livro, Gilberto Freyre procura se afastar da visão evolucionista sobre a sociedade brasileira e a analisa exatamente pela miscigenação cultural, afirmando ser essa a nossa principal característica. Segundo Freyre, a formação da cultura brasileira é o resul- tado do sincretismo cultural processado entre o português, o índio e o africano escravo, que acabou originando uma cultura ímpar, diferente na sua formação, fortemente mestiçada e sin- cretizada, uma cultura marcada pela diversidade de contribui- ções culturais do negro, do índio e do português, que acabou por constituir um conjunto de expressões culturais diversas. A constituição da cultura brasileira seria resultado desse processo de sincretismo e miscibilidade; o brasileiro seria resultado de um intercurso racial e cultural democratizado, resultado do encontro das culturas, um encontro democráti- co, ausente de conflitos. 701360214 DB EM PV ENEM 91 AN LV 01 TE TEOR UN_MIOLO.indb 385 24/01/2019 09:09 MATERIA L D E U SO E XCLU SIV O SIS TEMA D E E NSIN O D OM B OSCO 386 SO CI O LO G IA Entretanto, há uma forte crítica à ideia de democracia racial devido ao fato da mesma deixar de lado o fenômeno do pre- conceito racial e cultural existentes no Brasil; um precon- ceito talvez não declarado, mas inculcado no inconsciente coletivo. Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) foi outro inte- lectual que abriu uma nova discussão acerca da sociedade brasileira na década de 1930. Em 1936, ele publicou Raízes do Brasil, uma obra de orientação weberiana que enfatiza os aspectos culturais do Brasil para compreender nosso desen- volvimento social, político e econômico. É dele o conceito de “homem cordial” para caracterizar o brasileiro. O “homem cordial” é um indivíduo que não consegue sepa- rar o público do privado, que não consegue entender que a vida no Estado burocrático deve ser impessoal, e não pessoal. O “homem cordial” é a contribuição do Brasil para a civilização. Em 1933, Caio Prado Júnior (1907-1990) publicou o livro Evolução política do Brasil, uma obra cuja percepção acerca da evolução política e social do Brasil se dava pelo viés economicista (marxismo). Em 1942, Caio Prado publi- cou Formação do Brasil contemporâneo e, em 1945, História econômica no Brasil. A leitura marxista da sociedade brasi- leira abriu a possibilidade de entendimento da formação do Brasil a partir da exploração econômica mercantilista portu- guesa. Nesse caso, questões como a extração de riquezas da colônia pela metrópole, a criação de latifúndios por meio das sesmarias, a ausência de integração social provocada pela dispersão e pelo isolamento dos núcleos de povoamento, a característica essencialmente agrária, com produção para o mercado externo e ausência de mercado interno substancial seriam indispensáveis no processo de compreensão de nos- sa realidade social, assim como do nosso atraso econômico em relação a outros países. Além disso, a formação da mão de obra brasileira, calcada no escravismo até o século XIX e no “assalariamento-imi- gração” a partir do fim desse século, estaria intimamente relacionada com algumas características de nossa forma- ção social: a exclusão do negro e a presença marcante do imigrante, principalmente o europeu. Florestan Fernandes (1920-1995), formado nos qua- dros da Universidade de São Paulo – USP, abriu caminho para análises sociológicas propriamente ditas acerca do Brasil, pesquisando sobre praticamente todos os grandes temas so- ciológicos brasileiros. Em A integração do negro na sociedade de classes (1964) posicionou-se contra a ideia de democracia racial, alertando para o fato de os negros não terem sido absor- vidos pela sociedade brasileira após a abolição, além do fato de o brasileiro praticar um racismo velado. 11. Os movimentos sociais Na linguagemsociológica, os movimentos sociais de- finem-se como ações coletivas praticadas por grupos da sociedade, com a finalidade de modificar ou conservar de- terminados aspectos culturais, econômicos e políticos ou mesmo de transformar o conjunto da realidade sociopolítica. De maneira geral, os movimentos sociais expressam alguma insatisfação sociopolítica ou características pontuais de sua organização, articulando segmentos da sociedade em pau- tas reivindicatórias que aspiram à realização de mudança ou de permanência social, econômica, política e cultural, consi- derada necessária e justa. As primeiras manifestações mais amplas de movimen- tos sociais nas sociedades industriais, anunciadas em fins do século XVIII e consolidadas ao longo do século XIX, são praticadas pelos trabalhadores assalariados, especialmente pelos operários das fábricas capitalistas, que reagem diante da precariedade de suas condições de trabalho e de vida. Submetidos a jornadas de trabalho extenuantes, a salários aviltantes e a péssimas condições materiais de existência, muitos trabalhadores envolvem-se em mobilizações conten- do diversificado repertório de reivindicações. Os movimentos sociais diversificam-se tanto em suas composições sociais quanto em seu universo temático, ao longo do século XX. Nesse sentido, modifica-se a cor- relação de forças entre diferentes grupos sociais e mul- tiplicam-se as contestações a situações consideradas injustas. Esses novos movimentos sociais, com sua di- versificação temática pelas questões culturais, étnicas, feministas, sexuais e ecológicas, dentre outras, eclodem e disseminam-se principalmente a partir da década de 1960. Esses movimentos inauguram formas de mobiliza- ção distintas, pelo menos em parte, dos tradicionais mo- vimentos sociais dos trabalhadores, convencionalmente estruturados na dimensão sindical. No Brasil, os movimentos sociais foram e continuam sendo fortes, manifestando-se tanto no campo como nas ci- dades. No campo, a questão fundiária permanece atual e po- lêmica. Na década de 1950 até 1964, vigorou a atuação das Ligas Camponesas, que pregavam a reforma agrária “na lei ou na marra”. No final dos anos 1970, inicia-se no sul do país o MST (Movimento dos Sem-Terra) que, por meio de uma ampla mobilização e conscientização, principalmente por meio de invasão de propriedades rurais e de repartições públicas, luta pela reforma agrária. O movimento estudantil, o movimento feminista e o mo- vimento negro são outros exemplos dos movimentos sociais de grande importância na história contemporânea brasileira. As políticas afirmativas (ações afirmativas) do governo bra- sileiro, a partir de 2003, refletem parte das conquistas des- ses movimentos. Ações afirmativas são definidas como medidas políticas que têm a finalidade de combater as injustiças sociais me- diante a instauração de leis que favoreçam o acesso real de determinados grupos sociais, tradicionalmente margi- nalizados, às condições básicas de cidadania, projetando- -os em situação de igualdade ou, pelo menos, atenuando sua posição de desigualdade em relação aos demais seg- mentos sociais. Contrapondo-se à discriminação social negativa, que inviabiliza a cidadania plena para segmentos específicos da sociedade – no vocabulário sociológico, as chamadas minorias sociais –, as ações afirmativas proce- dem com a discriminação social positiva, pretendendo as- segurar direitos sociais para os indivíduos pertencentes a esses grupos. 701360214 DB EM PV ENEM 91 AN LV 01 TE TEOR UN_MIOLO.indb 386 24/01/2019 09:09 MATERIA L D E U SO E XCLU SIV O SIS TEMA D E E NSIN O D OM B OSCO