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A Emergência do Papel do Historiador

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Janainna Zanella Gomes 3º ano noturno
Teoria da Historia I
Fichamento do texto: Hartog,François .As primeiras escolhas.In:Evidência da Historia:O que os Historiadores vêem.Belo Horizonte: Autêntica Editora,2011,p.19-36.
No primeiro capitulo, As primeiras escolhas, o autor conta como foi surgindo o papel do historiador e também antes de seu surgimento.Antes mesmo de Heródoto ser considerado o pai da Historia na Grécia, no mundo oriental já havia muito cedo uma literatura incontestavelmente histórica, porem estas eram escritas muitas vezes por escribas e isso fazia a figura do historiador subjetiva e ausente dessa historiografia.
Antigamente a historia não era estudada tão afundo, escreviam se historias conforme o caso, explicava-se em um prefacio como convinha proceder , mas nunca ocorria o questionamento da historia enquanto total , ou seja suas evidências não eram questionadas.
Já nos dias de hoje sabemos que devemos sim questionar os escritos, levando em consideração a época e a cultura em que foram escritos. Por exemplo, a historiografia grega é formada por muitos mitos, então devemos analisar o que realmente foi verdadeiro, e não simplesmente consentir com ela.Heródoto foi considerado na Grécia o pai da historia, porem o certo seria dizer que ele foi o primeiro entre os historiadores, pois ele foi desde narrador-autor presente desde as primeiras palavras da primeira frase de suas historias.
Servindo-se as escritas modernas sobre a antiguidade, conseguimos entender melhor o que ela não era e o que não podia ser no mediterrâneo da antiguidade.Pois a operação da historiografia moderna, esta colocada em primeiro lugar,sob signo da separação entre o passado e o presente, entre a historia e seu objeto, entre os vivos e os mortos. Então podemos ver com facilidade os problemas que seriam encontrados ao iniciar uma pesquisa sobre as maneiras de se escrever historia e das maneiras de aculturar a morte.Como exemplo na Grécia os cantos épicos que celebravam a gloria dos heróis que morriam em combate, forjando assim algo de memorável para uma nova memória social.
Antes de se falar na figura do historiador muitas historias foram escritas, por escribas que em sua maioria não assinavam seus nomes ou não colocavam seus nomes verdadeiros, neste momento o autor faz um questionamento: quem seriam esses historiadores? Será que eles existiram realmente?
Enquanto que na Grécia, a figura do historiador vem com mais força, pois estes assinavam seus nomes em suas narrativas e reivindica um lugar eis que surge a distinção, a alternativa entre fazer a historia e fazer historia, sob figura do historiador e do político.
Ao longo dos séculos, tornou-se evidente que a historia se escrevia, que um poder, um grupo,uma sociedade tinha o cuidado ou até mesmo o dever de registrar sua memória e de escrever sua historia.Porem não foi sempre assim.
A escrita da historia teria aparecido como uma singularidade ocidental, ou seja, como vestígio e a expressão de uma relação particular com a memória e ao tempo, assim como a morte. 
Ao chamar atenção para alguns problemas da historia, são citados dois exemplos de historia Índia e Israel.
Sobre a Índia Louis Dumont, se dedicou a mostrar a necessidade de “construir os dados Indianos em suas próprias coordenadas em vez de projetá-las nas nossas” (Dumont 1964, p33), caso contrario tornar-se impossível escapar as considerações sobre um mundo indiano sem historia.Assim na Índia Bramânica, a índia não se preocupava com o encadeamento das lembranças, nem com a distribuição segundo uma cronologia, procurava-se inutilmente, a idéia de um “mundo de memória”.
O livro sagrado do veda, que se encontra escrito desde o século III antes da nossa era, serve como suporte para a transmissão, não da escrita, mas em primeiro lugar da memória e da voz, os brâmanes garantem de fato, sua progressiva incorporação a pessoa do aluno. Até que a recitação possa ser feita sem faltas: um erro seria um pecado e ao mesmo tempo uma catástrofe no plano ritual.Sem visar a apreensão de um individuo por si mesmo,em e através de uma cronologia.
Essa memória-rememoração não funciona absolutamente como uma memória biográfica. Pelo recurso a essa forma codificada de aprendizagem decorada, ela mantém a distancia qualquer possível de historização da tradição.
Ou seja, essa cultura da memória posicionada nos que se havia estabelecido durante muito tempo a partir de um modo critico,entre a memória e a historia no mundo europeu.Mas se a historia e a memória tiveram de saída um projeto comum, suas relações efetivas foram complexas,mutáveis e conflitantes.
No século XIX houve um favorecimento da separação entre a historia e a memória com o ideal de que a historia termina onde começa a memória. Somente há pouco tempo e que houve a invasão da historia pela memória, daí a obrigação de repensar a articulação das duas. Ao passo que entre os historiadores, a memória ate então considerada uma fonte impura, transformou-se em objeto de historia de pleno direito.
Em Israel o povo recebe incessantemente a ordem de lembrar-se, de não ceder ao esquecimento. ”Recordaras todo caminho de Javé, teu deus, te fez percorrer durante os quarenta anos no deserto [...]”. A bíblia é, em primeiro lugar um texto revelado: como o veda deve-se estudar o torah,aprende-la e memorizá-la, porem a maneira de fazê-lo e totalmente diferente daquela que é adotada em relação ao veda.
Israel aprende e ensina a aprender “quem é deus pelo que ele fez na historia”. Assim a narrativa bíblica deve ser a memória dessa marcha do tempo dos homens. 
Diferente da Índia, a injunção a se lembrar é valida não, em primeiro lugar ou exclusivamente, para um grupo ou para uma casta, mas para todo povo judeu. Em Israel o único passado importante é o das intervenções de deus na historia, assim como das reações humanas que são inerentes, deste modo o único esquecimento que se deve ter sempre na memória, ou nunca esquecer seria o esquecimento de Javé.
Avalia-se também a verdadeira distancia que há entre um “interesse civilizado: o passado” e a emergência de um “pensamento histórico”, sempre movido pela preocupação do presente. Como na mesopotâmia no final do terceiro milênio, a monarquia de Akkad, recorreu a escribas para escrever a sua historia,ou seja para legitimar seu poder no presente.
Podemos chamar atenção também para os intercâmbios que se estabeleceram entre adivinhação e historia. Na mesopotâmia a adivinhação tinha muita importância nas tomadas de decisão: eles classificavam casos,elaboravam listas e compilavam de modo que chegavam a construir verdadeiras bibliotecas.
		Essas adivinhações, no geral feitas por “oráculos históricos”,são consideradas pelos modernos como eventos realmente ocorridos. Assim alguns autores pretenderam descobrir nesse material o verdadeiro inicio da historiografia mesopotâmica.Em primeiro lugar a adivinhação e em seguida a historia. 
	Nas cidades gregas a adivinhação também estava presente,e existiam coletâneas de oráculos.Mas a historiografia, que para os gregos e em seguida para os modernos, se tornou a historia procedeu de outra maneira, ela pressupunha a epopéia. Escrever a historia era desde então,tomar como um ponto de partida o conflito e relatar uma grande guerra,fixando sua origem.De modo diferente da bíblia,que pretende ser uma historia continua desde o começo dos tempos os primeiros historiadores gregos se fixam em um ponto de partida e restringem a narrativa a uma seqüência limitada.Ao celebrar a façanha dos heróis, o Aedo da epopéia tinha a ver com a memória, com o esquecimento e com a morte.
	Para concluir este capitulo o autor diz que, em relação as historiografias orientais os gregos são retardatários, é com eles mais especificamente com Heródoto que surge a historia por como figura subjetiva.Deste modo os gregos seriam os inventores não tanto da historia, mas do historiador como sujeito que escreve,que se identifica, assina seu nome.

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