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O r d e m d o s A d v o g a d o s d o B r a s il C o n s e l h o F e d e r a l A d v o c a c ia -C id a d a n ia Discursos Reginaldo O scar de Castro Rubens A pprobate M achado Solenidade de posse da Diretoria do Conselho Federal da O rdem dos Advogados do Brasil Triênio 2001-2004 Brasília, DF - 2001 © O rdem dos Advogados do Brasil Conselho Federal, 2001 Distribuição; Gerência de D ocumentação e Informação Setor de Autarquias Sul - Q . 5 - Lote 1 - Bloco M - 7 ' andar Brasília - DF CEP 70438-900 Fones: (61) 316-9631 e316-9605 Fax; (61)316-9632 e-mail: webmasterfe-oab.org.br Organização editorial; Luiz Carlos Maroclo Capa: Forum Propaganda Tiragem: 3.000 exemplares F ic h a C a t a l o g r á h c a Castro, Reginaldo Oscar de Advocacia-cidadania : discursos / Reginaldo O scar de Castro, Rubens Approbate M achado.Brasília; OAB, Conselho Federal, 2001. 32 p . , il. Posse da D ire to ria do C o n se lh o Federal da O AB, tr iên io 2001-2004. 1. O rdem dos Advogados do Brasil (OAB) - Presidente - Posse. - Discursos. I. Machado, Rubens Approbato. II. Ordem dos Advogados do Brasil. Conselho Federal. IIL Tftulo. CDD.'341.41504 üD I/C F -O A B /L u i: Carlos M aroclo SUMÁRIO Discurso do advogado Reginaldo O scar de Castro no ato de transferência da Presidência do Conselho Federal da O rdem dos Advogados do B ras il..................................................... 5 Discurso de posse do advogado Rubens A pprobato M achado na Presidência do Conselho Federal da O rdem dos Advogados do B ras il................................................... 17 ÍNTEGRA DO DISCURSO PROFERIDO PELO ADVOGADO REGJNALDO OSCAR DE CASTRO NO ATO EM QUE TRANSMITIU A PRESIDÊNCIA DO C O N SE LH O FEDERAL DA ORDEM DOS A D V O G A D O S DO BRASIL AO A D V O G A D O RUBENS APPROBATO MACHADO, EM DE FEVEREIRO DE 2001, N O A U D IT Ó R IO DO EDIFÍCIO SEDE DA OAB, EM BRASÍLIA. 5 Presidir o Coní^elho Federal da O rdem dos Advogados do Brasil é m otivo de honra e júbilo para nós queprezamos o Direito e a cidadania. Q u an d o assumi o m anda to que hoje concluo, não fazia idéia de q uan to os advogados brasileiros honram e prestigiam quem os preside. Só o exercício do cargo dá a dimensão de sua importância e influência, dentro e fora do âmbito da classe. A O rdem , além de casa do Advogado, espaço cívico em que todos nós nos reconhecemos, independentem ente de raça, credo ou ideologia, é um a das mais tradicionais instituições de nosso País. Sua natureza plural e, simultaneamente, combativa tom ou- a paradigmática na sociedade brasileira, a que tem servido de zelosa e fiel interlocutora nos m om entos de desafios, ameaças e perplexidades, ao longo destes setenta anos de sua existência. Somos instituição avessa a sectarismos, preconceitos ou discriminações. Somos, sobretudo, instituição democrática, no sentido amplo da palavra. Neste m om ento solene em que, com a consciência do dever cumprido, transm ito o cargo de presidente do Conselho Federal ao m eu colega Rubens A pprobato M achado, quero agradecer a todos que compartilharam, quer no Conselho Federal, quer nas diversas funções adm inistrativas da O rdem , dos deveres do exercício deste m andato. A gradeço a cada servidor, do m ais m odesto ao mais graduado, pelo espírito de equipe que sempre pau tou nossas atividades ao longo destes três anos. Solidariedade e colaboração foram palavras-chaves, que resum em o am biente que tive o privilégio de desfrutar. D en tro desse contexto, não posso deixar tam bém de agradecer à m inha m ulher Fátima, com panheira de 7 todas as horas, inestimável colaboradora, que, nos m om entos mais difíceis e adversos, jamais me faltou com uma palavra decisiva de compreensão, estímulo e coragem. Q uero também, nesta oportunidade, reiterar o apoio que recebi das seccionais e dos conselheiros federais, que honraram, não raro afrontando interesses poderosos, o compromisso histórico de nossa entidade com a defesa do Estado democrático de Direito e de suas instituições. Som os a ú n ica e n tid a d e co rp o ra tiv a que , por dever estatutário, não se ocupa apenas dos interesses de seus filiados. N o sso E s ta tu to nos c o m p ro m e te co m a d efesa da C onstitu ição , da ordem ju ríd ica dem ocrá tica , dos direitos h u m a n o s e da ju s t iç a so c ia l, e c o m a lu ta p e la rá p id a administração da Justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas. Essas atribuições tornam nossa entidade um espaço público não-estatal sem similar no panoram a institucional brasileiro. N ão podemos deixar de reconhecer que, nestes 16 anos em que o País recuperou suas liberdades fundamentais, registraram- se consideráveis avanços. Em que pesem as dificuldades de ordem econômica, agravadas pelo modelo perverso de globalização que se ten ta impor aos países do Terceiro M undo, o Brasil hoje, sem dúvida, está mais m aduro, mais consciente de seus desafios, limitações e potencialidades. Já não lutamos contra a truculência de um a ditadura militar, que suprimia direitos constitucionais elem entares. A quela luta, nós a ven cem o s: re s ta b e le c e m o s o reg im e d e m o c rá tic o , elaboramos um a Constituição e desfrutamos hoje de algumas prerrogativas fundam entais, com o o direito de voto, a liberdade de expressão, o direito de ir-e-vir. Mas resta um desafio não m enos grandioso, que é o de dar conteúdo social à democracia que estamos construindo. O que conseguim os a té aqui foi estabe lecer as condições básicas, preliminares, para dar início a esse em preendim ento. É preciso levá-lo adiante, e a OAB, como interlocutora da sociedade civil, precisa fazer-se cada vez mais presente e atuante. Sem vínculos partidários, sem sectarismos ou predisposições ideológicas, a O rdem vem m arcando presença em numerosos fronts onde a defesa dos direitos hum anos, da ética, da cidadania e do Estado dem ocrático de Direito, se faz necessária. A luta por ética na política, por exemplo - sobretudo, por é tica nas eleições - nos mobiliza periodicam ente no Fórum N ac io n a l pela É tica n a Política, que reú n e , no curso das cam panhas eleitorais, entidades e personalidades da sociedade civil, que com partilham do mesmo objetivo de com bater a fraude e a trapaça. D o m esm o m odo, insistim os na urgência absolu ta da reform a política, sem a qual as demais reformas já nascem comprom etidas por um quadro representativo precário, em que o fisiologismo é a m oeda de troca. Essas iniciativas, embora importantes, estão longe de esgotar as providências necessárias para coibir a violência institucional, sobretudo co n tra as cam adas mais hum ildes da população. Enquanto o País m antiver excluída da cidadania parcela tão expressiva de sua população, a violência persistirá. Sabemos, por exemplo, que o acesso à Justiça é o mais elem entar dos direitos do cidadão. N o Brasil, no en tan to , esse acesso é restrito. Sem Justiça, não há dem ocracia digna desse nom e. D aí resu lta que som os um País in justo , com o já o reconheceu o próprio presidente da República. U m País rico, mas injusto. Se estamos en tre as oito maiores econom ias do 9 m undo, essa performance não se reproduz quando se tra ta de medir indicadores sociais. Aí, lam entavelm ente, estamos entre as últimas. A precariedade estru tural da Justiça brasileira to rna-a ineficaz, acessível apenas aos mais afortunados. Por essa razão, um a das mais obstinadas lutas desta gestão que hoje se encerra foi a reforma do Poder Judiciário. O p ro je to ap rovado n o ano passado n a C âm ara dos Deputados e queaguarda votação no Senado Federal está longe de ser o dos nossos sonhos. Mas é preciso registrar que há avanços, e 0 principal é a criação do Conselho Nacional de Justiça, antigo pleito da O A B e da sociedade civil brasileira. Esse C o n se lh o d a rá a t ra n sp a rê n c ia ad m in is tra t iv a indispensável à credibilidade e eficácia do Judiciário. O uso dizer que esse Conselho é a pedra de toque de toda a reforma, e é a partir dele que será possível identificar as demais carências daquele Poder. O Conselho funcionará tam bém como instância disciplinar, pondo fim à impunidade e ao espírito de corpo, inevitáveis em qualquer instituição incum bida de julgar a si própria. Convém ressaltar que a reforma do Judiciário ainda tramita no Congresso. Está neste m om ento no Senado, onde poderoso lobby conservador se em penha por suprimir conquistas obtidas n a C âm ara dos D ep u tad o s. A O A B , n ã o te n h o dúvidas, c o n tin u a rá v ig ilan te em defesa dessas co n q u is ta s . N ossa mensagem aos senadores é um a só: que atendam aos interesses da sociedade e da cidadania, não apenas os da advocacia, do Ministério Público ou da Magistratura. Em m inha adm inistração, procurei exerc itar algo que considero fundam ental ao convívio democrático: o direito de crítica. O melhor serviço que uma entidade como a nossa, dotada 10 de saber jurídico e vivência política, pode prestar às instituições e aos governos é o convívio franco, sem adulações ou hostilidades, dentro de um espírito de independência e colaboração. N em sempre, porém, essa atitude é com preendida. H á um desvio cu ltu ral, fru to p rovave lm en te dos diversos estágios autoritários de nossa história republicana, segundo o qual quem critica é adversário. A O A B não é partido político, nem disputa espaço com o poder político. N ão é contra, nem a favor de governos. E a favor da sociedade, do bem comum , da ordem jurídica do Estado dem ocrático de Direito - e é por ele que trabalha. Foi assim no passado, é assim no presente e não tenho dúvida de que será sempre assim no futuro. Creio que, com o am adurecim ento de nossa democracia, esse convívio há de ser m elhor compreendido e desfrutado, em proveito da sociedade. E é dentro dessa missão de funcionar como consciência crítica perante as instituições que centrei lu ta sem trégua contra essa excrescência que são as medidas provisórias. S in to-m e tranqü ilo em saber que m eu sucessor nesta p residência co locou tam bém essa lu ta com o um a de suas prioridades. As medidas provisórias usurpam prerrogativa do Legislativo e conferem con teúdo autoritário ao atual regime, erigindo a figura do legislador solitário, que põe e dispõe a respeito do que quiser, sem sequer a ten tar para a exigência constitucional de u rg ên c ia e re le v â n c ia . C riam tam b é m um q u a d ro de conflitividade jurídica e de estado de delinqüência perm anente de poder. Basta dizer que, apenas nestes três anos de m eu m andato, o Supremo Tribunal Federal reconheceu liminarmente nada menos que 20 violações à Constituição, em 26 ações diretas de inconstitucionalidades julgadas, de um total de 40, propostas pelo Conselho Federal. 11 Concordo, em gênero, núm ero e grau, com o presidente do Supremo, m inistro Carlos Velloso, quando diz que as medidas provisórias são ainda mais nocivas e autoritárias que os decretos- leis do regime militar. Enquanto os decretos se restringiam a questões econôm icas e de segurança nac ional, as m edidas provisórias versam sobre tudo e todos, desde a m udança de moeda até a punição de procuradores da República. A O rdem , estou certo, con tinuará nessa gestão que se inaugura seu trabalho de proselitismo jun to à sociedade. N ão há outro m odo de lutar pela justiça e pela cidadania, senão pelo e n g a ja m e n to d a so c ie d a d e em d e fe sa de seus v a lo re s fundam entais. N ão pretendem os tutelá-la nessa luta, mas temos o dever de contribuir para despertá-la, para que se invista na posse de seus mais elem entares direitos. Penso que, neste m om ento em que se busca edificar um Estado materialmente justo, poderemos contribuir de forma ainda mais significativa nessa discussão, com o espaço de reflexão insuspeito porque, com o já disse, descom prom etido de teses partidárias. N ã o significa, po rém , que c o n s tru ire m o s p ropostas desprovidas de ideologia. Todo ato hum ano afinal expressa ideologia. Nossa ideologia é a da transformação dem ocrática e positiva da vida dos cidadãos brasileiros. M in h a g e s tã o t ra v o u o u t r a lu ta de f u n d a m e n ta l im p o rtâ n c ia pa ra a A d v o cac ia e pa ra o País; a busca de aprimoramento dos cursos jurídicos. Essa é um a de nossas missões estatutárias e a vertiginosa proliferação de cursos de Direito improvisados, indústrias de ensino, desserve o País e desserve a advocacia. N o m om ento em que as transformações impostas pela globalização exigem m elhor formação técnica, especialização e reciclagem constan te do profissional, esses cursos estão a 12 conspirar con tra a qualidade do serviço jurisdicional e contra o País, que se vê e n fra q u e c id o nos a m b ie n te s o n d e são indispensáveis os juristas. Para enfrentar esse problema, criamos o selo de qualidade denom inado “O A B recom enda”, com que distinguimos os cursos que oferecem padrão de excelência aos seus alunos. Nosso objetivo não é excluir, mas, inversam ente, incluir no rol de eficiência e com petência as demais instituições de ensino. Nossa m eta, como é óbvio, é um dia poder recom endar a todas. O u t r o p o n to que dese jo d e s ta c a r n e s ta g es tão é a construção desta nossa nova sede, projeto do grande O scar Niemeyer, a quem nunca é demais louvar e homenagear. N ão obstante sua im portância no cenário institucional do País, a O rdem não possuía um a feição física n a capital da República. E stava in sta lada em um edifício com ercial, de m ane ira já insuficiente para as suas dem andas atuais. M inha posse, por exemplo, deu-se nas instalações do auditório Petrônio Portella, no Senado Federal. A de meu sucessor já está ocorrendo em nossas próprias instalações. Aqui, os advogados brasileiros, que custearam a totalidade da obra, estarão atendidos em suas necessidades por muitas e muitas décadas. A nova sede funcionará não apenas como espaço burocrático, mas tam bém com o cen tro irradiador de cultura jurídica. E aí quero m encionar outra iniciativa relevante, ainda no cam po do ensino jurídico: a criação da Escola N acional de Advocacia. Seu conselho consultivo foi empossado em outubro e pode ser considerado desde já um m arco. A Escola não reproduzirá o modelo das Escolas Superiores de A dvocacia das seccionais. Enquanto essas desenvolvem atividades acadêmicas voltadas para a atualização profissional, a Escola N acional de 13 Advocacia se propõe a desem penhar papel de articuladora de um a política de formação do advogado. A O rdem não pode estar fora do circuito internacional, nestes tempos de globalização. Somos o segundo colégio de advogados do Ocidente, atrás apenas dos Estados Unidos. E, não obstante, a língua portuguesa não tinha acolhida nos fóruns internacionais de Direito, dada a escassa presença brasileira. Essa deficiência, felizmente, já está suprida, desde a última reunião da U nião Internacional dos Advogados, em Buenos Aires, no final do ano passado. Quero, antes de concluir, dizer que me sinto honrado em pertencer a essa vasta galeria de ex-presidentes da Ordem. Nomes ilustres e que tan to honraram este País - alguns, inclusive, já inscritos em sua história - a integram.Sinto-m e pequeno diante deles. Quero dizer tam bém que me sinto tranqüilo em estar sendo sucedido por um hom em com a grandeza moral e a estatura in te lec tua l de Rubens A pprobato M achado, cuja gestão na seccional de São Paulo o credenciou a um a vitória retum bante por 27 a zero. Agradeço a confiança em mim depositada nesta eleição que acabou tendo sabor especial. Pensava em responder aos agravos que me foram assacados no curso do processo eleitoral pelo candidato derrotado. Acabei, no en tan to , reconsiderando a idéia, a partir do conselho que recebi de um amigo, Carlos Henrique Alm eida Santos, experiente jornalista de Brasília, que me enviou a seguinte mensagem: “Mais do que aquilo que devem fazer, a ética impõe aos hom ens de bem o que não devem fazer. N ão devemos, por exemplo, responder ao que os fatos já responderam por nós. Vinte e sete a zero. 14 A zero, eu repito, é o quan to valem as palavras vazias. Portanto, vamos ao que interessa. Tratemos do futuro da Ordem, do futuro do Brasil”. E é com estas palavras e com esta determ inação de olhar para a frente que me despeço do cargo e ten h o a honra de transmiti-lo ao meu colega c amigo Rubens A pprobato Machado. M uito obrigado e que Deus ilumine o presidente que agora assume a direção da nossa OAB. 15 ÍNTEGRA DO DISCURSO PROFERIDO PELO ADVOGADO RUBENS APPROBATO MACHADO, NA CERIMÔNIA DE DA POSSE NO CARGO DE PRESIDENTE DO C O N SE LH O FEDERAL DA ORDEM DOS A D V O G A D O S DO BRASIL, EM DE FEVEREIRO DE 2001, NO AUDITÓRIO DO EDIFÍCIO SEDE DA OAB, EM BRASÍLIA. 17 Assumir a presidência do Conselho Federal da O rdem dos L. Advogados do Brasil, em um a quadra em que o País registra significativos avanços no processo de institucionalização social e política, é um a das maiores responsabilidades na vida de um advogado que se dispõe a emprestar sua colaboração à causa da coletividade. Sei que aqui estou, ju n ta m en te com meus companheiros de Diretoria e de Conselho, para cumprir uma missão. Sei que aqui estou para, com muita intensidade, desfraldar a bandeira da Advocacia. Se olharmos para as páginas do passado, ao abrirmos o livro da história do Brasil, veremos que a bandeira da Advocacia tem as cores verde, amarela, azul e branca da bandeira da Pátria. E sabido que a pena dos advogados e, mais que isso, a criatividade, a coragem e a mobilização cívica de nossa classe foram responsáveis por algumas das mais belas páginas da cultura, da política e das tradições nacionais. Nas lutas memoráveis travadas ao longo dos nossos 500 anos de vida, as grandes causas do País sempre se valeram das forças da Advocacia. Foi assim na Independência, na elaboração da primeira Constituição, de 1824, na Lei do Ventre Livre, em 1871, na Lei Áurea, de 1888, n a Proclam ação da República, em 1889. É sempre oportuno relembrar que os advogados deixaram sua m arca na definição das fronteiras nacionais, nas C artas C o n s t i tu c io n a is , n a v a s ta s e m e a d u ra de n o ssa c u l tu r a institucional e política, onde foram plantadas as sementes da liberdade de expressão e de associação, o esta tu to do habeas corpus, o m andado de segurança, o direito de greve, os direitos trabalhistas. Justiça, Direito, Liberdade, Ordem, Democracia inspiraram, ontem , as lutas da nossa classe. A O A B e os advogados, com 19 força, coragem e tenacidade, sempre estiveram presentes contra o arbítrio, o autoritarismo e os regimes ditatoriais. E por que não hão de inspirar, hoje, as novas lutas, as novas frentes de batalha, se con tinuam a ser essas as dem andas prim ordiais de nossa sociedade? Senhores, Dignas autoridades presentes, senhores e senhoras: A g randeza de um país n ão é s inôn im o de tax a de crescim ento econôm ico. O conceito de um país não resulta exclusivamente dos índices que atestam o tam anho do Produto Nacional Bruto. O desenvolvim ento da econom ia não deve ser o ópio de um povo e jamais deve servir de escudo para encobrir lacunas n a área social. Por que exprimir tais observações? Porque o Brasil não deve ser reduzido a um a equação econômica. Faço estas p o n tu aç õ e s com a c o n v ic ç ã o de q u e a O rd e m dos Advogados do Brasil, por sua tradição de entidade que lu ta na vanguarda da defesa social, tem um papel fundam ental a cumprir na redefinição das temáticas que devem ocupar a atenção da sociedade. E o centro da discussão nacional, não há como deixar de reconhecer, co n tin u a sendo a in justa e pérfida equação da distribuição de renda, que divide a sociedade brasileira em com partim entos, onde estão sitiados cidadãos de prim eira, segunda e terceira classes. Q ue adianta expor o painel da riqueza econômica, se debaixo dele esconde-se o colchão esburacado dos miseráveis? Lembremo-nos, a propósito, da citação de John Kennedy: “se uma sociedade livre não pode ajudar os muitos pobres, não poderá salvar os poucos ricos". 20 Somos obrigados a dizer que um País que elege o vetor econômico como a base de sua identidade está fadado a esmaecer o ideal de grandeza. A maior riqueza de um País é a sua cultura, a sua história, os valores e princípios que sedim entam o civismo e a cidadania. Os direitos fundam entais da pessoa hum ana não podem perm anecer paralisados. Devem sair dos textos escritos, tom ando-se reais. Infelizmente, temos assistido a um processo de deterioração de valores sociais e culturais. N em sempre é perceptível tal processo, mas ele se diz presente nos grandes eventos que fluem na esteira da globalização e da interpenetraçâo das economias, com o as privatizações aceleradas, a migração in ternacional de patrimônios históricos e a fusão no campo dos e m p re e n d im e n to s , q u e a c a b a m e l im in a n d o um a base considerável de reservas históricas. N ão se tra ta de parar o fluxo da m odernidade. N ão se trata de defender o conservadorismo ou pregar a xenofobia. Trata-se, isso sim, de evitar que vazem pelos ralos da globalização aspectos culturais tão caros para nós. Urge trabalhar pela consolidação de nossas instituições. Mas a condição sine qua para a consolidação institucional e política é o respeito à Constituição. Lá estão cravadas as estacas da Nação. Lá estão perenizados dispositivos constitucionais, que devem ser invioláveis e imortais. Sabemos que o verdadeiro progresso de um País brota do desenvolvim ento da ordem. E aqui cabe um a inflexão. A ordem constitucional brasileira tem sido freqüentem ente violada. A té parece que o dito do grande tim oneiro Simon Bolívar, expresso há mais de 150 anos, tom a- se profecia entre nós. Dizia ele que na Am érica Latina, percebe- se um a propensão para a fragilização institucional em função do descom promisso e da falta de seriedade dos atores sociais e políticos. “Os tratados são papéis, as Constituições não passam 21 de livros, as eleições são batalhas, a liberdade é anarquia e a vida, um tormento”, lamentava-se Bolívar. Com o podem ser analisados, por exemplo, os princípios da autonom ia, independência e harm onia entre os Poderes? É dever reconhecer que um estado de tensão quase perm anente reina en tre os Poderes da República, fru to de um clim a de instabilidade que tem a ver, entre outros fatores, com a falta de clareza normativa, a invasão de espaços institucionais, as mazelas de natureza política que se arrastam ao longo de nossa história, a a lta co n cen tração de poder do sistem a presidencialista , as deficiências de estrutura do Judiciário, a cultura de desconfiança e emboscada que persiste no âmbito do Poder Legislativo e a fragilidade do sistema partidário. Exemplo de distorção é o estatuto das MedidasProvisórias, criado para ser usado n a excepcionalidade. A edição e a reedição continuadas de M edidas Provisórias se constituem em um a v io lê n c ia in o m in á v e l aos p re c e ito s c o n s ti tu c io n a is e ao verdadeiro Estado dem ocrático de Direito. De tan to abuso das M edidas Provisórias, acaba-se criando um a nova figura na m oldura dos sistemas de governo: o parlam entarism o enviesado, o parlamentarismo em que o Executivo opera o arsenal legislativo que ele mesmo estabelece. E por que não se dá um basta a este famigerado estatuto, quando os discursos em todos os recantos institucionais são unânim es em condená-lo? E porque o verbo tem perdido o sentido em nosso País. H á um hiato en tre a idéia e a ação. Promete-se muito, faz-se pouco. Diagnostica-se em excesso, age- se pouco. A noção de tempestividade, simultaneidade, cai no esquecimento. Protelam-se ações, adiam-se decisões. N ão por acaso, o projeto do novo Código Civil tram ita h á 25 anos no 22 Congresso Nacional. A N ação tem pressa mas as reformas não ocorrem no ritmo desejado. N ã o p o d e m o s d e ix a r de r e c o n h e c e r o e s fo rç o do Parlam ento Nacional no estabelecim ento e consecução de uma agenda positiva, lançada na Câm ara Federal pela inspiração e determ inação do seu digno presidente, que in terpreta o conceito de um novo tem po, cuja gestão contabiliza inúm eros feitos, dentre os quais leis moralizadoras como a da Responsabilidade Fiscal, a intensificação da reform a do Judiciário, a reforma Tributária, pela qual toda a sociedade vem batalhando , sem solução por falta de vontade política do Governo. Reconhecemos o esforço do Congresso Nacional na luta para se restringir o uso das Medidas Provisórias, cujo projeto, inicialm ente aprovado na Câm ara, foi ao Senado, onde recebeu modificações que têm gerado conflitos, obrigando, assim, seu re to rn o para nova apreciação. Senhor Presidente: conte com a O A B no sentido de colocar em votação a limitação das Medidas Provisórias, agora na convocação extraordinária. A N ação tem pressa e quer a im plantação de todas as reformas necessárias para a refundação do Estado brasileiro. Refundação que parte da política, direcionando-a para o seu legítimo conceito, aquele de que nos fala Karl Deutsch: “a política inclui a autodireção de comunidades, a alocação e a busca de padrões legítimos e de programas de ação com eles compatíveis, a arte do possível e, por vezes, um reescabruimento fundamental de prioridades; implica ainda a coordenação da aprendizagem social, a prossecução dos objetivos de uma sociedade, a alteração deles, o estabelecimento de outros novos e, até, a autotransformação de um País inteiro, de seu povo e de sua cultura. Mas todos eles são aspectos diferentes de um só processo: o das decisões comuns de homens e mulheres acerca de seus destinos”. 23 Se procurarmos conferir à política tal dimensão, estaremos redefin indo os padrões e costum es, ab rindo os espaços da participação social, possibilitando, assim, o fortalecimento de um poder descendente, aquele que provém das bases da sociedade. N a interpretação de Bobbio, esse tam bém seria o cam inho, o ún ico cam inho para transform ar súditos em cidadãos, pois estaríamos lhes dando aquelas condições que os escritores de D ire ito P úb lico do sécu lo passado c h a m a v a m de activae civitatis - a cidadania ativa. Temos de ampliar as bases da cidadania ativa, m elhorando 0 desem penho da dem ocracia rep resen ta tiva , sob pena de con tinuarm os a c o n s ta ta r a indesejável d ico tom ia en tre o em penho de poucos e a indiferença de muitos. Temos de abrir os porões do poder invisível, que estende suas garras pelas malhas administrativas nas três esferas de poder, adensando espaços de co rrupção e co o p tação , m u ltip lican d o pólos de in teresse , estabelecendo no País um duplo estado, um obscuro estado invisível corroendo as entranhas do estado visível. D a mesma forma, não podemos aceitar a entronizaçâo do Estado opressor, simbolizado pelo olho do Grande Irmão da novela de Orwell, aquele que espiona tudo, aprisionando os cidadãos nas garras da voracidade estatal. N ão há como aceitar a volta do Estado absolutista, mesmo camuflado, escondido na idéia absurda e presunçosa de que todos os cidadãos são suspeitos, até que se prove o contrário. Urge resguardar o princípio constitucional do sigilo de dados e da inviolabilidade da intimidade. O ingresso do País no novo milênio exige dos hom ens públicos o sentido do compromisso com o aperfeiçoamento e a estabilidade institucional, com as dem andas de um a sociedade ainda muito carente, com aqueles valores que ítalo Calvino tanto ansiava ver implantados no milênio, entre os quais a exatidão - 24 que nos traz a verdade, a ética e a honradez; a rapidez - que nos ajuda a decidir sob a urgência do presente; a multiplicidade de olhares sobre o mundo - que amplia o grau de participação social no processo de transformação social, política e cultural; a leveza, que nos dá segu rança e equilíb rio ; e a v is ib ilid a d e , cu ja conseqüência m aior é a transparência dos atos públicos, tão necessária para combaterm os o poder invisível. A sociedade, por todas as suas manifestações, entre as quais as mais recentes nos foram brindadas pelo último pleito eleitoral, anuncia querer andar na trilha de Zaratustra: “nows caminhos sigo, uma nova fala me empolga: como todos os criadores, cansei-me das velhas línguas. Não quer mais o meu espírito caminhar com solas gastas”. O Brasil quer m udanças. Advogados e advogadas, senhores e senhoras Neste m om ento, ao ressaltar o compromisso da O rdem dos Advogados do Brasil com as causas maiores da sociedade, não posso deixar de lado aspectos e questões pontuais assumidas com a classe dos advogados brasileiros. Vou cumpri-los com a força de um a vontade, que é coletiva, e com a consciência de que temos de contem plar as reais dem andas da classe, dentro do esforço de aproximar a entidade de todos os segmentos, espaços e setores da Advocacia brasileira. Pela experiência de vida, ao longo de 44 anos do efetivo exercício da advocacia, e tendo percorrido todo este País, pude sentir de perto a multiplicidade de temas e demandas de interesse dos advogados, que estão, a cada dia, exigindo com urgência o tra tam ento adequado e as soluções necessárias. Sem querer esgotá-los neste curto espaço, traço um rápido panoram a das idéias e ações que, em conjunto com a Diretoria, o Conselho Federal e 25 OS C o n s e lh o s S e c c io n a is , p e n sa m o s le v a r a d ia n te . A Advocacia, por seu ideário, por suas funções constitucionais, constitui um a das principais ferram entas para a viabilização da cidadania. Por isso a equação advocacia-cidaãania estabelece um a relação indissolúvel. O fortalecim ento de um a implica o fortalecim ento da outra. E a forma concreta de dar vazão a essa expressão simbiótica é a inserção da O rdem nos movimentos institucionais, lu tando pela sociedade, colocando o advogado nas frentes de luta, abrindo a locução de indignação con tra a corrupção, os atos de improbidade, desfraldando as bandeiras do civismo. Trabalharem os para que o advogado, com sua capacitação profissional, seja um quadro ativo nos movimentos sociais, grupais, comunitários. O advogado há de ser um partícipe perm anente em todas as atividades sociais. A integração nacional da classe funcionará como condão no esforço de participação nas batalhas pelas causas cívicas e sociais. Integração, na prática, significa a união das estruturas, dos órgãos, dos C onselhos Seccionais, das Subsecções, dos Tribunais de Ética, das Comissões. C adaSeccional se far-se-á presente no em preendim ento de mobilização, iluminando, com suas idéias, projetos, ações e parcerias, os espaços regionais. Entendem os que onde há um advogado, ali se faz presente a Ordem, e a presença da O rdem é uma luz para clarear os caminhos da sociedade. Essa mobilização quer significar a presença ativa das Seccionais na pressão pelas reformas que ainda estão por vir e pelo credo que juramos cumprir. Tem os um c o m p ro m isso co m o a p e r fe iç o a m e n to p rofissional, que passa pe la req u a lif icação do advogado . Consolidaremos a Escola N acional de Advocacia, integrando-a com as Escolas Superiores de Advocacia e ampliando os caminhos para uma perm anente busca de elevada capacitação profissional. C ontinuarem os a com bater a proliferação indiscrim inada de 26 faculdades de Direito ou da utilização desenfreada da extensão do “campus” universitário. N ão daremos trégua àqueles que, com a m e rc a n ti l iz a ç ã o do e n s in o , f ra u d a re m as e x p e c ta tiv a s educacionais. N inguém é con tra o ensino, em qualquer grau. Somos con tra o m au ensino, que obriga sejam estabelecidos c o n tro le s sob re os e m p re e n d im e n to s que se p reo c u p a m fundam entalm ente com o lucro. Vamos propugnar por mudanças no ensino jurídico, im plantando um sistema já adotado com sucesso em outros países, pelo qual o aluno, em um primeiro m o m e n to , c o n c lu i seu b a c h a re la d o . Se o p ta r p e la sua profissionalização, c tornar-se um operador de Direito, deverá realizar um segundo grau, em um tempo necessário para sua efetiva formação profissional. Assim, com a especialização profissional, poderá concorrer às carreiras jurídicas. Esse segundo grau terá, necessariamente, a presença das Escolas Superiores da Advocacia, do M inistério Público c da M ag is tra tu ra , na e laboração e fiscalização das grades curriculares, dos planos de aula e do exame final. S into a necessidade de o C onselho Federal dar apoio substantivo às Seccionais, em especial às Comissões que trabalham nas áreas das prerrogativas, dos advogados assalariados, dos advogados públicos, dos jovens advogados e às demais áreas que se voltam à atividade profissional. Vamos lutar de forma persistente para se dar cum prim ento à disposição constitucional de prestação de assistência jurídica mais aperfeiçoada aos carentes, buscando e exigindo as condições necessárias à defensoria pública; às Procuradorias de Assistência Judiciária e aos advogados que, nos locais em que inexiste a Defensoria Pública ou onde ela é insuficiente, substituem o Estado, a fim de que esses defensores possam, efetivam ente, desincumbir-se de forma produtiva dessa relevantíssima tarefa. 27 As Seccionais terão as suas dem andas aferidas, tratando- se cada um a dentro de suas especiíicidades, não havendo qualquer tipo de discriminação ou de priorização a regiões em detrim ento de outras. Comissões de suporte serão criadas nas áreas de prerrogativas, de aspectos éticos, no campo do ensino jurídico, da cap ac itação profissional, pa ra um a rea l valorização do advogado. Senhores e senhoras. Sou um d e m o c ra ta . Em m in h a v ida púb lica , te n h o procurado dar demonstrações n a linha de defesa do Estado de Direito. T enho apregoado o conceito de que só é salu tar o progresso que deriva do desenvolv im ento da ordem . Tenho defendido a idéia de que para a ordem existir, é preciso haver justiça, não a justiça que se decreta, mas a que se observa, a que se cumpre. N u n c a aco lh i co n ce ito s , in s in u açõ es e observações emitidas sob a batu ta da hipocrisia. N ão faz parte de m eu credo a com unhão com oportunistas que se escondem sob as vestes de democratas. Para atingir o mais alto grau n a condução de nossa entidade, participei de um pleito aberto, plural e ético. A m inha candidatura e a dos meus companheiros de chapa nasceram de um processo democrático. De escolha prévia através do voto. Em seguida, nos submetemos ao Código Eleitoral, com propostas, assumindo compromissos e em itindo conceitos e idéias. Hoje, aqui estamos pela indicação de todas as Seccionais. Desde o início de cam panha, contei com a expressiva maioria de apoios. A nossa vitória foi um a dem anda acalentada e consagrada pela vontade da classe. 28 Procuraremos zelar pela grandeza da Ordem. Procuraremos defender a O rdem contra aqueles, uns poucos, cada vez mais escassos, que se diminuem jogando contra a entidade as pedras de seu rancor, os tiros de sua fru s tração , n u m a ex ib ição inequívoca de despreparo, de ausência de padrões éticos, de ausência de compromisso com os valores da própria democracia, valores que pressupõem o debate franco e plural, a submissão ao sufrágio das um as, a hum ildade para reconhecer a força das maiorias. O que podemos, porém, dizer daquela classe de pessoas que faz do mal o seu pedestal? Talvez recitar com o Epicteto: “se for absolutamente necessário que o mal em outrem te faça experimentar um sentimento contrário à natureza, que seja antes a piedade que o ódio.” Talvez dizer com o o im perador M arco Aurélio; ‘'instrui esses homens maldosos, ou suporta-os'\ O u, em última análise, dizer como Cristo: “Paí, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem". E não sabem, porque preferem cultivar a ignorância. N ão permitiremos, também, que estranhos à classe queiram se assenhorear na entidade, utilizando-se de mãos de terceiros descompromissados com a Advocacia. Autoridades presentes, senhores e senhoras. Por último, desejo m anifestar um reconhecim ento de toda a classe. A O rdem dos Advogados do Brasil ganhou, na gestão de Reginaldo O scar de Castro, um lugar de honra na moldura institucional do País. Esteve presente na vanguarda das questões nacionais. Teve voz ativa na tribuna de defesa social. A tuante , não transigiu com a quebra da ordem constitucional. Foi dinâmica e pró-ativa a sua ação. Eficaz e conseqüente. Por isso, Reginaldo O scar de Castro há de ser elevado ao padrão das grandes figuras 29 da Advocacia que deixam sua m arca na história da O rdem . Equilibrado, sereno, sincero, utilizou de form a exem plar a autoridade do cargo para exprimir o sentido correto do cam inho a ser seguido, sempre inspirado pela bússola da razão e da ordem, do direito e da justiça, da liberdade e da democracia. Obrigado, m eu caro amigo e com panheiro Reginaldo, pela capacidade, eficiência, firmeza, liderança, valores que deram grandeza à O rdem . Sucedê-lo é um a honra ímpar. Difícil será continuar sua obra. Iremos nos esforçar para não defraudar o seu apoio. A o agradecer a todos pela presença, o faço n a convicção de que a O rdem dos Advogados do Brasil contará com o apoio de todos os advogados e advogadas, de todos os brasileiros, em sua missão de defesa perm anente dos valores nacionais e do ideário social. Q ue devo dizer em palavras finais, se não recitar as palavras do mestre dos mestres, do nosso patrono maior. Rui Barbosa, em sua histórica oração aos moços? Pois não h á com o deixar de reconhecer o brilho da bela lição, ainda hoje, um hino de civismo e de cidadania: "legalidade e liberdade são as tábuas de vocação do advogado. Nelas se encerra, para ele, a síntese de todos os Trmndamentos. Não desertar a justiça, nem cortejá-la. Não lhe faltar com a fidelidade, nem lhe recusar o conselho. Não transfugar da legalidade para a violência, nem trocar a ordem pela anarquia. Não antepor os poderosos aos desvalidos, nem recusar patrocínio a estes contra aqueles. Não servir sem independência à justiça, nem quebrar da verdade ante o poder. Não se subtrair à defesa das causas impopulares, nem à das perigosas, quandojustas. Onde for apurável um grão, que seja, de verdadeiro direito, não regatear ao atribulado 0 consolo do amparo judicial. Não proceder, nas consultas, senão com a imparcialidade do juiz rias sentenças. Não fazer da banca balcão, ou da ciência mercatura. Não ser baixo com os grandes, nem 30 arrogante com os miseráveis. Servir aos opulentos com altivez e aos indigentes com caridade. A m ar a Pátria, estremecer o próximo, guardar fé em Deus, na verdade e no hem'\ Agradeço a Deus por ter me tom ado advogado; por permitir que, nesta altura da vida, pudesse eu, após 50 anos de estar integrado à família forense, dos quais 44 anos no exercício da advocacia e só da Advocacia, perm anecer com o mesmo jovial espírito, ardor e amor pelo Direito, pela Justiça e pela Advocacia. A gradeço a D eus pela família que tenho. N as m inhas constantes dúvidas e dificuldades hum anas, a Ele busco e sou socorrido; à Sua p o rta ba to e sou recebido. Por isso, neste m om ento de elevada responsabilidade, oro e rogo a Deus pedindo que m e ilumine, me inspire e me dê sabedoria para levar a bom term o a missão à frente de um a OAB, pela dignidade e grandeza da Advocacia! M uito obrigado! 31
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