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Advocacia-cidadania- discursos

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O r d e m d o s A d v o g a d o s d o B r a s il
C o n s e l h o F e d e r a l
A d v o c a c ia -C id a d a n ia
Discursos
Reginaldo O scar de Castro 
Rubens A pprobate M achado
Solenidade de posse da 
Diretoria do Conselho Federal da 
O rdem dos Advogados do Brasil 
Triênio 2001-2004
Brasília, DF - 2001
© O rdem dos Advogados do Brasil
Conselho Federal, 2001
Distribuição; Gerência de D ocumentação e Informação
Setor de Autarquias Sul - Q . 5 - Lote 1 - Bloco M - 7 ' andar 
Brasília - DF 
CEP 70438-900
Fones: (61) 316-9631 e316-9605 
Fax; (61)316-9632
e-mail: webmasterfe-oab.org.br
Organização editorial;
Luiz Carlos Maroclo
Capa: Forum Propaganda
Tiragem: 3.000 exemplares
F ic h a C a t a l o g r á h c a
Castro, Reginaldo Oscar de
Advocacia-cidadania : discursos / Reginaldo O scar de Castro, 
Rubens Approbate M achado.Brasília; OAB, Conselho Federal, 2001. 
32 p . , il.
Posse da D ire to ria do C o n se lh o Federal da O AB, tr iên io
2001-2004.
1. O rdem dos Advogados do Brasil (OAB) - Presidente - Posse. - 
Discursos. I. Machado, Rubens Approbato. II. Ordem dos Advogados do 
Brasil. Conselho Federal. IIL Tftulo.
CDD.'341.41504
üD I/C F -O A B /L u i: Carlos M aroclo
SUMÁRIO
Discurso do advogado Reginaldo
O scar de Castro no ato de transferência
da Presidência do Conselho Federal da
O rdem dos Advogados do B ras il..................................................... 5
Discurso de posse do advogado 
Rubens A pprobato M achado na 
Presidência do Conselho Federal da
O rdem dos Advogados do B ras il................................................... 17
ÍNTEGRA DO DISCURSO PROFERIDO PELO 
ADVOGADO REGJNALDO OSCAR DE CASTRO 
NO ATO EM QUE TRANSMITIU A PRESIDÊNCIA 
DO C O N SE LH O FEDERAL DA ORDEM DOS 
A D V O G A D O S DO BRASIL AO A D V O G A D O 
RUBENS APPROBATO MACHADO, EM DE 
FEVEREIRO DE 2001, N O A U D IT Ó R IO DO 
EDIFÍCIO SEDE DA OAB, EM BRASÍLIA.
5
Presidir o Coní^elho Federal da O rdem dos Advogados do Brasil é m otivo de honra e júbilo para nós queprezamos o Direito e a cidadania. Q u an d o assumi o m anda to que hoje 
concluo, não fazia idéia de q uan to os advogados brasileiros 
honram e prestigiam quem os preside.
Só o exercício do cargo dá a dimensão de sua importância 
e influência, dentro e fora do âmbito da classe.
A O rdem , além de casa do Advogado, espaço cívico em 
que todos nós nos reconhecemos, independentem ente de raça, 
credo ou ideologia, é um a das mais tradicionais instituições de 
nosso País.
Sua natureza plural e, simultaneamente, combativa tom ou- 
a paradigmática na sociedade brasileira, a que tem servido de 
zelosa e fiel interlocutora nos m om entos de desafios, ameaças e 
perplexidades, ao longo destes setenta anos de sua existência.
Somos instituição avessa a sectarismos, preconceitos ou 
discriminações. Somos, sobretudo, instituição democrática, no 
sentido amplo da palavra.
Neste m om ento solene em que, com a consciência do dever 
cumprido, transm ito o cargo de presidente do Conselho Federal 
ao m eu colega Rubens A pprobato M achado, quero agradecer a 
todos que compartilharam, quer no Conselho Federal, quer nas 
diversas funções adm inistrativas da O rdem , dos deveres do 
exercício deste m andato.
A gradeço a cada servidor, do m ais m odesto ao mais 
graduado, pelo espírito de equipe que sempre pau tou nossas 
atividades ao longo destes três anos. Solidariedade e colaboração 
foram palavras-chaves, que resum em o am biente que tive o 
privilégio de desfrutar. D en tro desse contexto, não posso deixar 
tam bém de agradecer à m inha m ulher Fátima, com panheira de
7
todas as horas, inestimável colaboradora, que, nos m om entos 
mais difíceis e adversos, jamais me faltou com uma palavra decisiva 
de compreensão, estímulo e coragem.
Q uero também, nesta oportunidade, reiterar o apoio que 
recebi das seccionais e dos conselheiros federais, que honraram, 
não raro afrontando interesses poderosos, o compromisso histórico 
de nossa entidade com a defesa do Estado democrático de Direito 
e de suas instituições.
Som os a ú n ica e n tid a d e co rp o ra tiv a que , por dever 
estatutário, não se ocupa apenas dos interesses de seus filiados.
N o sso E s ta tu to nos c o m p ro m e te co m a d efesa da 
C onstitu ição , da ordem ju ríd ica dem ocrá tica , dos direitos 
h u m a n o s e da ju s t iç a so c ia l, e c o m a lu ta p e la rá p id a 
administração da Justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das 
instituições jurídicas.
Essas atribuições tornam nossa entidade um espaço público 
não-estatal sem similar no panoram a institucional brasileiro.
N ão podemos deixar de reconhecer que, nestes 16 anos 
em que o País recuperou suas liberdades fundamentais, registraram- 
se consideráveis avanços. Em que pesem as dificuldades de ordem 
econômica, agravadas pelo modelo perverso de globalização que 
se ten ta impor aos países do Terceiro M undo, o Brasil hoje, sem 
dúvida, está mais m aduro, mais consciente de seus desafios, 
limitações e potencialidades.
Já não lutamos contra a truculência de um a ditadura militar, 
que suprimia direitos constitucionais elem entares. A quela luta, 
nós a ven cem o s: re s ta b e le c e m o s o reg im e d e m o c rá tic o , 
elaboramos um a Constituição e desfrutamos hoje de algumas 
prerrogativas fundam entais, com o o direito de voto, a liberdade 
de expressão, o direito de ir-e-vir.
Mas resta um desafio não m enos grandioso, que é o de dar 
conteúdo social à democracia que estamos construindo. O que 
conseguim os a té aqui foi estabe lecer as condições básicas, 
preliminares, para dar início a esse em preendim ento. É preciso 
levá-lo adiante, e a OAB, como interlocutora da sociedade civil, 
precisa fazer-se cada vez mais presente e atuante.
Sem vínculos partidários, sem sectarismos ou predisposições 
ideológicas, a O rdem vem m arcando presença em numerosos 
fronts onde a defesa dos direitos hum anos, da ética, da cidadania 
e do Estado dem ocrático de Direito, se faz necessária.
A luta por ética na política, por exemplo - sobretudo, por 
é tica nas eleições - nos mobiliza periodicam ente no Fórum 
N ac io n a l pela É tica n a Política, que reú n e , no curso das 
cam panhas eleitorais, entidades e personalidades da sociedade 
civil, que com partilham do mesmo objetivo de com bater a fraude 
e a trapaça.
D o m esm o m odo, insistim os na urgência absolu ta da 
reform a política, sem a qual as demais reformas já nascem 
comprom etidas por um quadro representativo precário, em que 
o fisiologismo é a m oeda de troca.
Essas iniciativas, embora importantes, estão longe de esgotar 
as providências necessárias para coibir a violência institucional, 
sobretudo co n tra as cam adas mais hum ildes da população. 
Enquanto o País m antiver excluída da cidadania parcela tão 
expressiva de sua população, a violência persistirá.
Sabemos, por exemplo, que o acesso à Justiça é o mais 
elem entar dos direitos do cidadão. N o Brasil, no en tan to , esse 
acesso é restrito. Sem Justiça, não há dem ocracia digna desse 
nom e. D aí resu lta que som os um País in justo , com o já o 
reconheceu o próprio presidente da República. U m País rico, 
mas injusto. Se estamos en tre as oito maiores econom ias do
9
m undo, essa performance não se reproduz quando se tra ta de 
medir indicadores sociais. Aí, lam entavelm ente, estamos entre 
as últimas.
A precariedade estru tural da Justiça brasileira to rna-a 
ineficaz, acessível apenas aos mais afortunados. Por essa razão, 
um a das mais obstinadas lutas desta gestão que hoje se encerra 
foi a reforma do Poder Judiciário.
O p ro je to ap rovado n o ano passado n a C âm ara dos 
Deputados e queaguarda votação no Senado Federal está longe 
de ser o dos nossos sonhos. Mas é preciso registrar que há avanços, 
e 0 principal é a criação do Conselho Nacional de Justiça, antigo 
pleito da O A B e da sociedade civil brasileira.
Esse C o n se lh o d a rá a t ra n sp a rê n c ia ad m in is tra t iv a 
indispensável à credibilidade e eficácia do Judiciário. O uso dizer 
que esse Conselho é a pedra de toque de toda a reforma, e é a 
partir dele que será possível identificar as demais carências daquele 
Poder.
O Conselho funcionará tam bém como instância disciplinar, 
pondo fim à impunidade e ao espírito de corpo, inevitáveis em 
qualquer instituição incum bida de julgar a si própria.
Convém ressaltar que a reforma do Judiciário ainda tramita 
no Congresso. Está neste m om ento no Senado, onde poderoso 
lobby conservador se em penha por suprimir conquistas obtidas 
n a C âm ara dos D ep u tad o s. A O A B , n ã o te n h o dúvidas, 
c o n tin u a rá v ig ilan te em defesa dessas co n q u is ta s . N ossa 
mensagem aos senadores é um a só: que atendam aos interesses 
da sociedade e da cidadania, não apenas os da advocacia, do 
Ministério Público ou da Magistratura.
Em m inha adm inistração, procurei exerc itar algo que 
considero fundam ental ao convívio democrático: o direito de 
crítica. O melhor serviço que uma entidade como a nossa, dotada
10
de saber jurídico e vivência política, pode prestar às instituições 
e aos governos é o convívio franco, sem adulações ou hostilidades, 
dentro de um espírito de independência e colaboração.
N em sempre, porém, essa atitude é com preendida. H á um 
desvio cu ltu ral, fru to p rovave lm en te dos diversos estágios 
autoritários de nossa história republicana, segundo o qual quem 
critica é adversário.
A O A B não é partido político, nem disputa espaço com o 
poder político. N ão é contra, nem a favor de governos. E a favor 
da sociedade, do bem comum , da ordem jurídica do Estado 
dem ocrático de Direito - e é por ele que trabalha. Foi assim no 
passado, é assim no presente e não tenho dúvida de que será 
sempre assim no futuro. Creio que, com o am adurecim ento de 
nossa democracia, esse convívio há de ser m elhor compreendido 
e desfrutado, em proveito da sociedade.
E é dentro dessa missão de funcionar como consciência 
crítica perante as instituições que centrei lu ta sem trégua contra 
essa excrescência que são as medidas provisórias.
S in to-m e tranqü ilo em saber que m eu sucessor nesta 
p residência co locou tam bém essa lu ta com o um a de suas 
prioridades. As medidas provisórias usurpam prerrogativa do 
Legislativo e conferem con teúdo autoritário ao atual regime, 
erigindo a figura do legislador solitário, que põe e dispõe a respeito 
do que quiser, sem sequer a ten tar para a exigência constitucional 
de u rg ên c ia e re le v â n c ia . C riam tam b é m um q u a d ro de 
conflitividade jurídica e de estado de delinqüência perm anente 
de poder. Basta dizer que, apenas nestes três anos de m eu 
m andato, o Supremo Tribunal Federal reconheceu liminarmente 
nada menos que 20 violações à Constituição, em 26 ações diretas 
de inconstitucionalidades julgadas, de um total de 40, propostas 
pelo Conselho Federal.
11
Concordo, em gênero, núm ero e grau, com o presidente 
do Supremo, m inistro Carlos Velloso, quando diz que as medidas 
provisórias são ainda mais nocivas e autoritárias que os decretos- 
leis do regime militar. Enquanto os decretos se restringiam a 
questões econôm icas e de segurança nac ional, as m edidas 
provisórias versam sobre tudo e todos, desde a m udança de moeda 
até a punição de procuradores da República.
A O rdem , estou certo, con tinuará nessa gestão que se 
inaugura seu trabalho de proselitismo jun to à sociedade. N ão há 
outro m odo de lutar pela justiça e pela cidadania, senão pelo 
e n g a ja m e n to d a so c ie d a d e em d e fe sa de seus v a lo re s 
fundam entais. N ão pretendem os tutelá-la nessa luta, mas temos 
o dever de contribuir para despertá-la, para que se invista na 
posse de seus mais elem entares direitos.
Penso que, neste m om ento em que se busca edificar um 
Estado materialmente justo, poderemos contribuir de forma ainda 
mais significativa nessa discussão, com o espaço de reflexão 
insuspeito porque, com o já disse, descom prom etido de teses 
partidárias.
N ã o significa, po rém , que c o n s tru ire m o s p ropostas 
desprovidas de ideologia. Todo ato hum ano afinal expressa 
ideologia. Nossa ideologia é a da transformação dem ocrática e 
positiva da vida dos cidadãos brasileiros.
M in h a g e s tã o t ra v o u o u t r a lu ta de f u n d a m e n ta l 
im p o rtâ n c ia pa ra a A d v o cac ia e pa ra o País; a busca de 
aprimoramento dos cursos jurídicos. Essa é um a de nossas missões 
estatutárias e a vertiginosa proliferação de cursos de Direito 
improvisados, indústrias de ensino, desserve o País e desserve a 
advocacia. N o m om ento em que as transformações impostas pela 
globalização exigem m elhor formação técnica, especialização 
e reciclagem constan te do profissional, esses cursos estão a
12
conspirar con tra a qualidade do serviço jurisdicional e contra 
o País, que se vê e n fra q u e c id o nos a m b ie n te s o n d e são 
indispensáveis os juristas.
Para enfrentar esse problema, criamos o selo de qualidade 
denom inado “O A B recom enda”, com que distinguimos os cursos 
que oferecem padrão de excelência aos seus alunos. Nosso 
objetivo não é excluir, mas, inversam ente, incluir no rol de 
eficiência e com petência as demais instituições de ensino. Nossa 
m eta, como é óbvio, é um dia poder recom endar a todas.
O u t r o p o n to que dese jo d e s ta c a r n e s ta g es tão é a 
construção desta nossa nova sede, projeto do grande O scar 
Niemeyer, a quem nunca é demais louvar e homenagear. N ão 
obstante sua im portância no cenário institucional do País, a 
O rdem não possuía um a feição física n a capital da República. 
E stava in sta lada em um edifício com ercial, de m ane ira já 
insuficiente para as suas dem andas atuais.
M inha posse, por exemplo, deu-se nas instalações do 
auditório Petrônio Portella, no Senado Federal. A de meu sucessor 
já está ocorrendo em nossas próprias instalações.
Aqui, os advogados brasileiros, que custearam a totalidade 
da obra, estarão atendidos em suas necessidades por muitas e 
muitas décadas. A nova sede funcionará não apenas como espaço 
burocrático, mas tam bém com o cen tro irradiador de cultura 
jurídica.
E aí quero m encionar outra iniciativa relevante, ainda no 
cam po do ensino jurídico: a criação da Escola N acional de 
Advocacia. Seu conselho consultivo foi empossado em outubro 
e pode ser considerado desde já um m arco. A Escola não 
reproduzirá o modelo das Escolas Superiores de A dvocacia das 
seccionais. Enquanto essas desenvolvem atividades acadêmicas 
voltadas para a atualização profissional, a Escola N acional de
13
Advocacia se propõe a desem penhar papel de articuladora de 
um a política de formação do advogado.
A O rdem não pode estar fora do circuito internacional, 
nestes tempos de globalização. Somos o segundo colégio de 
advogados do Ocidente, atrás apenas dos Estados Unidos. E, 
não obstante, a língua portuguesa não tinha acolhida nos fóruns 
internacionais de Direito, dada a escassa presença brasileira. Essa 
deficiência, felizmente, já está suprida, desde a última reunião 
da U nião Internacional dos Advogados, em Buenos Aires, no 
final do ano passado.
Quero, antes de concluir, dizer que me sinto honrado em 
pertencer a essa vasta galeria de ex-presidentes da Ordem. Nomes 
ilustres e que tan to honraram este País - alguns, inclusive, já 
inscritos em sua história - a integram.Sinto-m e pequeno diante 
deles. Quero dizer tam bém que me sinto tranqüilo em estar sendo 
sucedido por um hom em com a grandeza moral e a estatura 
in te lec tua l de Rubens A pprobato M achado, cuja gestão na 
seccional de São Paulo o credenciou a um a vitória retum bante 
por 27 a zero.
Agradeço a confiança em mim depositada nesta eleição 
que acabou tendo sabor especial. Pensava em responder aos 
agravos que me foram assacados no curso do processo eleitoral 
pelo candidato derrotado. Acabei, no en tan to , reconsiderando 
a idéia, a partir do conselho que recebi de um amigo, Carlos 
Henrique Alm eida Santos, experiente jornalista de Brasília, que 
me enviou a seguinte mensagem:
“Mais do que aquilo que devem fazer, a ética impõe aos 
hom ens de bem o que não devem fazer. N ão devemos, por 
exemplo, responder ao que os fatos já responderam por nós.
Vinte e sete a zero.
14
A zero, eu repito, é o quan to valem as palavras vazias. 
Portanto, vamos ao que interessa. Tratemos do futuro da Ordem, 
do futuro do Brasil”.
E é com estas palavras e com esta determ inação de olhar 
para a frente que me despeço do cargo e ten h o a honra de 
transmiti-lo ao meu colega c amigo Rubens A pprobato Machado.
M uito obrigado e que Deus ilumine o presidente que agora 
assume a direção da nossa OAB.
15
ÍNTEGRA DO DISCURSO PROFERIDO PELO 
ADVOGADO RUBENS APPROBATO MACHADO, 
NA CERIMÔNIA DE DA POSSE NO CARGO DE 
PRESIDENTE DO C O N SE LH O FEDERAL DA 
ORDEM DOS A D V O G A D O S DO BRASIL, EM 
DE FEVEREIRO DE 2001, NO AUDITÓRIO DO 
EDIFÍCIO SEDE DA OAB, EM BRASÍLIA.
17
Assumir a presidência do Conselho Federal da O rdem dos L. Advogados do Brasil, em um a quadra em que o País registra significativos avanços no processo de institucionalização 
social e política, é um a das maiores responsabilidades na vida de 
um advogado que se dispõe a emprestar sua colaboração à causa 
da coletividade. Sei que aqui estou, ju n ta m en te com meus 
companheiros de Diretoria e de Conselho, para cumprir uma 
missão. Sei que aqui estou para, com muita intensidade, desfraldar 
a bandeira da Advocacia. Se olharmos para as páginas do passado, 
ao abrirmos o livro da história do Brasil, veremos que a bandeira 
da Advocacia tem as cores verde, amarela, azul e branca da 
bandeira da Pátria.
E sabido que a pena dos advogados e, mais que isso, a 
criatividade, a coragem e a mobilização cívica de nossa classe 
foram responsáveis por algumas das mais belas páginas da cultura, 
da política e das tradições nacionais.
Nas lutas memoráveis travadas ao longo dos nossos 500 
anos de vida, as grandes causas do País sempre se valeram das 
forças da Advocacia. Foi assim na Independência, na elaboração 
da primeira Constituição, de 1824, na Lei do Ventre Livre, em 
1871, na Lei Áurea, de 1888, n a Proclam ação da República, em 
1889. É sempre oportuno relembrar que os advogados deixaram 
sua m arca na definição das fronteiras nacionais, nas C artas 
C o n s t i tu c io n a is , n a v a s ta s e m e a d u ra de n o ssa c u l tu r a 
institucional e política, onde foram plantadas as sementes da 
liberdade de expressão e de associação, o esta tu to do habeas 
corpus, o m andado de segurança, o direito de greve, os direitos 
trabalhistas.
Justiça, Direito, Liberdade, Ordem, Democracia inspiraram, 
ontem , as lutas da nossa classe. A O A B e os advogados, com
19
força, coragem e tenacidade, sempre estiveram presentes contra 
o arbítrio, o autoritarismo e os regimes ditatoriais. E por que não 
hão de inspirar, hoje, as novas lutas, as novas frentes de batalha, 
se con tinuam a ser essas as dem andas prim ordiais de nossa 
sociedade?
Senhores,
Dignas autoridades presentes, senhores e senhoras:
A g randeza de um país n ão é s inôn im o de tax a de 
crescim ento econôm ico. O conceito de um país não resulta 
exclusivamente dos índices que atestam o tam anho do Produto 
Nacional Bruto. O desenvolvim ento da econom ia não deve ser 
o ópio de um povo e jamais deve servir de escudo para encobrir 
lacunas n a área social. Por que exprimir tais observações? Porque 
o Brasil não deve ser reduzido a um a equação econômica. Faço 
estas p o n tu aç õ e s com a c o n v ic ç ã o de q u e a O rd e m dos 
Advogados do Brasil, por sua tradição de entidade que lu ta na 
vanguarda da defesa social, tem um papel fundam ental a cumprir 
na redefinição das temáticas que devem ocupar a atenção da 
sociedade.
E o centro da discussão nacional, não há como deixar de 
reconhecer, co n tin u a sendo a in justa e pérfida equação da 
distribuição de renda, que divide a sociedade brasileira em 
com partim entos, onde estão sitiados cidadãos de prim eira, 
segunda e terceira classes. Q ue adianta expor o painel da riqueza 
econômica, se debaixo dele esconde-se o colchão esburacado 
dos miseráveis? Lembremo-nos, a propósito, da citação de John 
Kennedy: “se uma sociedade livre não pode ajudar os muitos pobres, 
não poderá salvar os poucos ricos".
20
Somos obrigados a dizer que um País que elege o vetor 
econômico como a base de sua identidade está fadado a esmaecer 
o ideal de grandeza. A maior riqueza de um País é a sua cultura, 
a sua história, os valores e princípios que sedim entam o civismo 
e a cidadania. Os direitos fundam entais da pessoa hum ana não 
podem perm anecer paralisados. Devem sair dos textos escritos, 
tom ando-se reais. Infelizmente, temos assistido a um processo 
de deterioração de valores sociais e culturais. N em sempre é 
perceptível tal processo, mas ele se diz presente nos grandes 
eventos que fluem na esteira da globalização e da interpenetraçâo 
das economias, com o as privatizações aceleradas, a migração 
in ternacional de patrimônios históricos e a fusão no campo dos 
e m p re e n d im e n to s , q u e a c a b a m e l im in a n d o um a base 
considerável de reservas históricas.
N ão se tra ta de parar o fluxo da m odernidade. N ão se trata 
de defender o conservadorismo ou pregar a xenofobia. Trata-se, 
isso sim, de evitar que vazem pelos ralos da globalização aspectos 
culturais tão caros para nós.
Urge trabalhar pela consolidação de nossas instituições. 
Mas a condição sine qua para a consolidação institucional e 
política é o respeito à Constituição. Lá estão cravadas as estacas 
da Nação. Lá estão perenizados dispositivos constitucionais, que 
devem ser invioláveis e imortais. Sabemos que o verdadeiro 
progresso de um País brota do desenvolvim ento da ordem. E 
aqui cabe um a inflexão. A ordem constitucional brasileira tem 
sido freqüentem ente violada. A té parece que o dito do grande 
tim oneiro Simon Bolívar, expresso há mais de 150 anos, tom a- 
se profecia entre nós. Dizia ele que na Am érica Latina, percebe- 
se um a propensão para a fragilização institucional em função do 
descom promisso e da falta de seriedade dos atores sociais e 
políticos. “Os tratados são papéis, as Constituições não passam
21
de livros, as eleições são batalhas, a liberdade é anarquia e a vida, 
um tormento”, lamentava-se Bolívar.
Com o podem ser analisados, por exemplo, os princípios 
da autonom ia, independência e harm onia entre os Poderes? É 
dever reconhecer que um estado de tensão quase perm anente 
reina en tre os Poderes da República, fru to de um clim a de 
instabilidade que tem a ver, entre outros fatores, com a falta de 
clareza normativa, a invasão de espaços institucionais, as mazelas 
de natureza política que se arrastam ao longo de nossa história, a 
a lta co n cen tração de poder do sistem a presidencialista , as 
deficiências de estrutura do Judiciário, a cultura de desconfiança 
e emboscada que persiste no âmbito do Poder Legislativo e a 
fragilidade do sistema partidário.
Exemplo de distorção é o estatuto das MedidasProvisórias, 
criado para ser usado n a excepcionalidade. A edição e a reedição 
continuadas de M edidas Provisórias se constituem em um a 
v io lê n c ia in o m in á v e l aos p re c e ito s c o n s ti tu c io n a is e ao 
verdadeiro Estado dem ocrático de Direito. De tan to abuso das 
M edidas Provisórias, acaba-se criando um a nova figura na 
m oldura dos sistemas de governo: o parlam entarism o enviesado, 
o parlamentarismo em que o Executivo opera o arsenal legislativo 
que ele mesmo estabelece.
E por que não se dá um basta a este famigerado estatuto, 
quando os discursos em todos os recantos institucionais são 
unânim es em condená-lo? E porque o verbo tem perdido o 
sentido em nosso País. H á um hiato en tre a idéia e a ação. 
Promete-se muito, faz-se pouco. Diagnostica-se em excesso, age- 
se pouco. A noção de tempestividade, simultaneidade, cai no 
esquecimento. Protelam-se ações, adiam-se decisões. N ão por 
acaso, o projeto do novo Código Civil tram ita h á 25 anos no
22
Congresso Nacional. A N ação tem pressa mas as reformas não 
ocorrem no ritmo desejado.
N ã o p o d e m o s d e ix a r de r e c o n h e c e r o e s fo rç o do 
Parlam ento Nacional no estabelecim ento e consecução de uma 
agenda positiva, lançada na Câm ara Federal pela inspiração e 
determ inação do seu digno presidente, que in terpreta o conceito 
de um novo tem po, cuja gestão contabiliza inúm eros feitos, 
dentre os quais leis moralizadoras como a da Responsabilidade 
Fiscal, a intensificação da reform a do Judiciário, a reforma 
Tributária, pela qual toda a sociedade vem batalhando , sem 
solução por falta de vontade política do Governo. Reconhecemos 
o esforço do Congresso Nacional na luta para se restringir o uso 
das Medidas Provisórias, cujo projeto, inicialm ente aprovado na 
Câm ara, foi ao Senado, onde recebeu modificações que têm 
gerado conflitos, obrigando, assim, seu re to rn o para nova 
apreciação. Senhor Presidente: conte com a O A B no sentido 
de colocar em votação a limitação das Medidas Provisórias, agora 
na convocação extraordinária.
A N ação tem pressa e quer a im plantação de todas as 
reformas necessárias para a refundação do Estado brasileiro. 
Refundação que parte da política, direcionando-a para o seu 
legítimo conceito, aquele de que nos fala Karl Deutsch: “a política 
inclui a autodireção de comunidades, a alocação e a busca de padrões 
legítimos e de programas de ação com eles compatíveis, a arte do 
possível e, por vezes, um reescabruimento fundamental de prioridades; 
implica ainda a coordenação da aprendizagem social, a prossecução 
dos objetivos de uma sociedade, a alteração deles, o estabelecimento 
de outros novos e, até, a autotransformação de um País inteiro, de 
seu povo e de sua cultura. Mas todos eles são aspectos diferentes de 
um só processo: o das decisões comuns de homens e mulheres acerca 
de seus destinos”.
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Se procurarmos conferir à política tal dimensão, estaremos 
redefin indo os padrões e costum es, ab rindo os espaços da 
participação social, possibilitando, assim, o fortalecimento de um 
poder descendente, aquele que provém das bases da sociedade. 
N a interpretação de Bobbio, esse tam bém seria o cam inho, o 
ún ico cam inho para transform ar súditos em cidadãos, pois 
estaríamos lhes dando aquelas condições que os escritores de 
D ire ito P úb lico do sécu lo passado c h a m a v a m de activae 
civitatis - a cidadania ativa.
Temos de ampliar as bases da cidadania ativa, m elhorando 
0 desem penho da dem ocracia rep resen ta tiva , sob pena de 
con tinuarm os a c o n s ta ta r a indesejável d ico tom ia en tre o 
em penho de poucos e a indiferença de muitos. Temos de abrir os 
porões do poder invisível, que estende suas garras pelas malhas 
administrativas nas três esferas de poder, adensando espaços de 
co rrupção e co o p tação , m u ltip lican d o pólos de in teresse , 
estabelecendo no País um duplo estado, um obscuro estado 
invisível corroendo as entranhas do estado visível.
D a mesma forma, não podemos aceitar a entronizaçâo do 
Estado opressor, simbolizado pelo olho do Grande Irmão da novela 
de Orwell, aquele que espiona tudo, aprisionando os cidadãos 
nas garras da voracidade estatal. N ão há como aceitar a volta do 
Estado absolutista, mesmo camuflado, escondido na idéia absurda 
e presunçosa de que todos os cidadãos são suspeitos, até que se 
prove o contrário. Urge resguardar o princípio constitucional do 
sigilo de dados e da inviolabilidade da intimidade.
O ingresso do País no novo milênio exige dos hom ens 
públicos o sentido do compromisso com o aperfeiçoamento e a 
estabilidade institucional, com as dem andas de um a sociedade 
ainda muito carente, com aqueles valores que ítalo Calvino tanto 
ansiava ver implantados no milênio, entre os quais a exatidão -
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que nos traz a verdade, a ética e a honradez; a rapidez - que nos 
ajuda a decidir sob a urgência do presente; a multiplicidade de 
olhares sobre o mundo - que amplia o grau de participação social 
no processo de transformação social, política e cultural; a leveza, 
que nos dá segu rança e equilíb rio ; e a v is ib ilid a d e , cu ja 
conseqüência m aior é a transparência dos atos públicos, tão 
necessária para combaterm os o poder invisível.
A sociedade, por todas as suas manifestações, entre as quais 
as mais recentes nos foram brindadas pelo último pleito eleitoral, 
anuncia querer andar na trilha de Zaratustra: “nows caminhos 
sigo, uma nova fala me empolga: como todos os criadores, cansei-me 
das velhas línguas. Não quer mais o meu espírito caminhar com solas 
gastas”. O Brasil quer m udanças.
Advogados e advogadas, senhores e senhoras
Neste m om ento, ao ressaltar o compromisso da O rdem dos 
Advogados do Brasil com as causas maiores da sociedade, não 
posso deixar de lado aspectos e questões pontuais assumidas com 
a classe dos advogados brasileiros. Vou cumpri-los com a força de 
um a vontade, que é coletiva, e com a consciência de que temos 
de contem plar as reais dem andas da classe, dentro do esforço de 
aproximar a entidade de todos os segmentos, espaços e setores 
da Advocacia brasileira.
Pela experiência de vida, ao longo de 44 anos do efetivo 
exercício da advocacia, e tendo percorrido todo este País, pude 
sentir de perto a multiplicidade de temas e demandas de interesse 
dos advogados, que estão, a cada dia, exigindo com urgência 
o tra tam ento adequado e as soluções necessárias. Sem querer 
esgotá-los neste curto espaço, traço um rápido panoram a das idéias 
e ações que, em conjunto com a Diretoria, o Conselho Federal e
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OS C o n s e lh o s S e c c io n a is , p e n sa m o s le v a r a d ia n te . 
A Advocacia, por seu ideário, por suas funções constitucionais, 
constitui um a das principais ferram entas para a viabilização da 
cidadania. Por isso a equação advocacia-cidaãania estabelece 
um a relação indissolúvel. O fortalecim ento de um a implica o 
fortalecim ento da outra. E a forma concreta de dar vazão a essa 
expressão simbiótica é a inserção da O rdem nos movimentos 
institucionais, lu tando pela sociedade, colocando o advogado 
nas frentes de luta, abrindo a locução de indignação con tra a 
corrupção, os atos de improbidade, desfraldando as bandeiras 
do civismo. Trabalharem os para que o advogado, com sua 
capacitação profissional, seja um quadro ativo nos movimentos 
sociais, grupais, comunitários. O advogado há de ser um partícipe 
perm anente em todas as atividades sociais.
A integração nacional da classe funcionará como condão 
no esforço de participação nas batalhas pelas causas cívicas e 
sociais. Integração, na prática, significa a união das estruturas, 
dos órgãos, dos C onselhos Seccionais, das Subsecções, dos 
Tribunais de Ética, das Comissões. C adaSeccional se far-se-á 
presente no em preendim ento de mobilização, iluminando, com 
suas idéias, projetos, ações e parcerias, os espaços regionais. 
Entendem os que onde há um advogado, ali se faz presente a 
Ordem, e a presença da O rdem é uma luz para clarear os caminhos 
da sociedade. Essa mobilização quer significar a presença ativa 
das Seccionais na pressão pelas reformas que ainda estão por vir 
e pelo credo que juramos cumprir.
Tem os um c o m p ro m isso co m o a p e r fe iç o a m e n to 
p rofissional, que passa pe la req u a lif icação do advogado . 
Consolidaremos a Escola N acional de Advocacia, integrando-a 
com as Escolas Superiores de Advocacia e ampliando os caminhos 
para uma perm anente busca de elevada capacitação profissional. 
C ontinuarem os a com bater a proliferação indiscrim inada de
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faculdades de Direito ou da utilização desenfreada da extensão 
do “campus” universitário. N ão daremos trégua àqueles que, com 
a m e rc a n ti l iz a ç ã o do e n s in o , f ra u d a re m as e x p e c ta tiv a s 
educacionais. N inguém é con tra o ensino, em qualquer grau. 
Somos con tra o m au ensino, que obriga sejam estabelecidos 
c o n tro le s sob re os e m p re e n d im e n to s que se p reo c u p a m 
fundam entalm ente com o lucro. Vamos propugnar por mudanças 
no ensino jurídico, im plantando um sistema já adotado com 
sucesso em outros países, pelo qual o aluno, em um primeiro 
m o m e n to , c o n c lu i seu b a c h a re la d o . Se o p ta r p e la sua 
profissionalização, c tornar-se um operador de Direito, deverá 
realizar um segundo grau, em um tempo necessário para sua efetiva 
formação profissional. Assim, com a especialização profissional, 
poderá concorrer às carreiras jurídicas. Esse segundo grau terá, 
necessariamente, a presença das Escolas Superiores da Advocacia, 
do M inistério Público c da M ag is tra tu ra , na e laboração e 
fiscalização das grades curriculares, dos planos de aula e do exame 
final.
S into a necessidade de o C onselho Federal dar apoio 
substantivo às Seccionais, em especial às Comissões que trabalham 
nas áreas das prerrogativas, dos advogados assalariados, dos 
advogados públicos, dos jovens advogados e às demais áreas que 
se voltam à atividade profissional.
Vamos lutar de forma persistente para se dar cum prim ento 
à disposição constitucional de prestação de assistência jurídica 
mais aperfeiçoada aos carentes, buscando e exigindo as condições 
necessárias à defensoria pública; às Procuradorias de Assistência 
Judiciária e aos advogados que, nos locais em que inexiste a 
Defensoria Pública ou onde ela é insuficiente, substituem o 
Estado, a fim de que esses defensores possam, efetivam ente, 
desincumbir-se de forma produtiva dessa relevantíssima tarefa.
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As Seccionais terão as suas dem andas aferidas, tratando- 
se cada um a dentro de suas especiíicidades, não havendo qualquer 
tipo de discriminação ou de priorização a regiões em detrim ento 
de outras. Comissões de suporte serão criadas nas áreas de 
prerrogativas, de aspectos éticos, no campo do ensino jurídico, 
da cap ac itação profissional, pa ra um a rea l valorização do 
advogado.
Senhores e senhoras.
Sou um d e m o c ra ta . Em m in h a v ida púb lica , te n h o 
procurado dar demonstrações n a linha de defesa do Estado de 
Direito. T enho apregoado o conceito de que só é salu tar o 
progresso que deriva do desenvolv im ento da ordem . Tenho 
defendido a idéia de que para a ordem existir, é preciso haver 
justiça, não a justiça que se decreta, mas a que se observa, a que 
se cumpre.
N u n c a aco lh i co n ce ito s , in s in u açõ es e observações 
emitidas sob a batu ta da hipocrisia. N ão faz parte de m eu credo 
a com unhão com oportunistas que se escondem sob as vestes de 
democratas. Para atingir o mais alto grau n a condução de nossa 
entidade, participei de um pleito aberto, plural e ético. A m inha 
candidatura e a dos meus companheiros de chapa nasceram de 
um processo democrático. De escolha prévia através do voto. 
Em seguida, nos submetemos ao Código Eleitoral, com propostas, 
assumindo compromissos e em itindo conceitos e idéias. Hoje, 
aqui estamos pela indicação de todas as Seccionais. Desde o 
início de cam panha, contei com a expressiva maioria de apoios. 
A nossa vitória foi um a dem anda acalentada e consagrada pela 
vontade da classe.
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Procuraremos zelar pela grandeza da Ordem. Procuraremos 
defender a O rdem contra aqueles, uns poucos, cada vez mais 
escassos, que se diminuem jogando contra a entidade as pedras 
de seu rancor, os tiros de sua fru s tração , n u m a ex ib ição 
inequívoca de despreparo, de ausência de padrões éticos, de 
ausência de compromisso com os valores da própria democracia, 
valores que pressupõem o debate franco e plural, a submissão ao 
sufrágio das um as, a hum ildade para reconhecer a força das 
maiorias.
O que podemos, porém, dizer daquela classe de pessoas 
que faz do mal o seu pedestal? Talvez recitar com o Epicteto: 
“se for absolutamente necessário que o mal em outrem te faça 
experimentar um sentimento contrário à natureza, que seja antes 
a piedade que o ódio.” Talvez dizer com o o im perador M arco 
Aurélio; ‘'instrui esses homens maldosos, ou suporta-os'\ O u, em 
última análise, dizer como Cristo: “Paí, perdoa-lhes, porque não 
sabem o que fazem". E não sabem, porque preferem cultivar a 
ignorância. N ão permitiremos, também, que estranhos à classe 
queiram se assenhorear na entidade, utilizando-se de mãos de 
terceiros descompromissados com a Advocacia.
Autoridades presentes, senhores e senhoras.
Por último, desejo m anifestar um reconhecim ento de toda 
a classe. A O rdem dos Advogados do Brasil ganhou, na gestão 
de Reginaldo O scar de Castro, um lugar de honra na moldura 
institucional do País. Esteve presente na vanguarda das questões 
nacionais. Teve voz ativa na tribuna de defesa social. A tuante , 
não transigiu com a quebra da ordem constitucional. Foi dinâmica 
e pró-ativa a sua ação. Eficaz e conseqüente. Por isso, Reginaldo 
O scar de Castro há de ser elevado ao padrão das grandes figuras
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da Advocacia que deixam sua m arca na história da O rdem . 
Equilibrado, sereno, sincero, utilizou de form a exem plar a 
autoridade do cargo para exprimir o sentido correto do cam inho 
a ser seguido, sempre inspirado pela bússola da razão e da ordem, 
do direito e da justiça, da liberdade e da democracia. Obrigado, 
m eu caro amigo e com panheiro Reginaldo, pela capacidade, 
eficiência, firmeza, liderança, valores que deram grandeza à 
O rdem . Sucedê-lo é um a honra ímpar. Difícil será continuar sua 
obra. Iremos nos esforçar para não defraudar o seu apoio.
A o agradecer a todos pela presença, o faço n a convicção 
de que a O rdem dos Advogados do Brasil contará com o apoio 
de todos os advogados e advogadas, de todos os brasileiros, em 
sua missão de defesa perm anente dos valores nacionais e do ideário 
social.
Q ue devo dizer em palavras finais, se não recitar as palavras 
do mestre dos mestres, do nosso patrono maior. Rui Barbosa, em 
sua histórica oração aos moços? Pois não h á com o deixar de 
reconhecer o brilho da bela lição, ainda hoje, um hino de civismo 
e de cidadania: "legalidade e liberdade são as tábuas de vocação 
do advogado. Nelas se encerra, para ele, a síntese de todos os 
Trmndamentos. Não desertar a justiça, nem cortejá-la. Não lhe faltar 
com a fidelidade, nem lhe recusar o conselho. Não transfugar da 
legalidade para a violência, nem trocar a ordem pela anarquia. Não 
antepor os poderosos aos desvalidos, nem recusar patrocínio a estes 
contra aqueles. Não servir sem independência à justiça, nem quebrar 
da verdade ante o poder. Não se subtrair à defesa das causas 
impopulares, nem à das perigosas, quandojustas. Onde for apurável 
um grão, que seja, de verdadeiro direito, não regatear ao atribulado 
0 consolo do amparo judicial. Não proceder, nas consultas, senão 
com a imparcialidade do juiz rias sentenças. Não fazer da banca 
balcão, ou da ciência mercatura. Não ser baixo com os grandes, nem
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arrogante com os miseráveis. Servir aos opulentos com altivez e 
aos indigentes com caridade. A m ar a Pátria, estremecer o próximo, 
guardar fé em Deus, na verdade e no hem'\
Agradeço a Deus por ter me tom ado advogado; por permitir 
que, nesta altura da vida, pudesse eu, após 50 anos de estar 
integrado à família forense, dos quais 44 anos no exercício da 
advocacia e só da Advocacia, perm anecer com o mesmo jovial 
espírito, ardor e amor pelo Direito, pela Justiça e pela Advocacia.
A gradeço a D eus pela família que tenho. N as m inhas 
constantes dúvidas e dificuldades hum anas, a Ele busco e sou 
socorrido; à Sua p o rta ba to e sou recebido. Por isso, neste 
m om ento de elevada responsabilidade, oro e rogo a Deus pedindo 
que m e ilumine, me inspire e me dê sabedoria para levar a bom 
term o a missão à frente de um a OAB, pela dignidade e grandeza 
da Advocacia!
M uito obrigado!
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