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DIREITO PENAL II – 1º BIMESTRE Dia 19/02/2010 Homicídio (art. 121) - O crime de homicídio é um crime material, porque tem conduta e resultado, e, portanto, admite tentativa. - Formas de homicídio: a) Homicídio Simples (art. 121, caput): - Se o homicídio for cometido na direção de veículo automotor, aplica-se, via de regra, o CTB (Lei nº. 9.503/97); - Se o sujeito passivo do homicídio for o chefe de um dos três poderes, aplica-se a Lei de Segurança Nacional (Lei nº. 7.170/83); - O homicídio simples pode ser considerado crime hediondo se praticado na modalidade típica de grupo de extermínio. * O STJ entende que no caso de homicídio cometido por ciúmes há ausência de motivos, por isso, o homicídio não é privilegiado, nem qualificado, não constituindo nem relevante valor moral e motivo fútil, configurando, então, homicídio simples. b) Homicídio Privilegiado (art. 121, § 1º): - Este parágrafo traz casos de diminuição de pena (um sexto à um terço) do crime de homicídio simples, que a doutrina batizou de homicídio privilegiado; - São os casos em que o agente comete o crime: - impelido por motivo de relevante valor social: a circunstância é idêntica à atenuante genérica do art. 65, III, “a”, logo, não pode ser aplicada tanto na 2ª quanto na 3ª fase de aplicação da pena; - impelido por motivo de relevante valor moral; - sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima: a circunstância é diferente da atenuante genérica do art. 65, III, “c”, logo, pode ser aplicada tanto na 2ª quanto na 3ª fase de aplicação da pena; - Todas as circunstâncias do homicídio privilegiado são de caráter subjetivo, relativas, portanto, ao sujeito ativo. - Está na lei que a diminuição é uma faculdade do juiz, no entanto, é uma obrigação, uma vez que a expressão correta seria “deve”, ao invés de “pode”. Justifica-se isso no fato de que o reconhecimento da causa de diminuição de pena, isto é, do homicídio privilegiado é feito pelo Tribunal de Júri, cabendo apenas ao Juiz aplicar a pena. - Pode o homicídio privilegiado ser qualificado? Sim, desde que as qualificadores sejam de caráter objetivo (incisos III e IV do § 2º do art. 121). c) Homicídio Qualificado (art. 121, § 2º): - É crime hediondo, aplicando-se a Lei nº. 8.072/90; - O homicídio é qualificado, se cometido: I – mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe = caráter subjetivo e interpretação analógica quanto ao outro motivo torpe; II - por motivo fútil = caráter subjetivo; III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum = caráter objetivo e interpretação analógica quanto aos outros meios: * A caracterização do emprego de veneno depende do não conhecimento do veneno pela vítima; caso a vítima saiba do veneno, e seja obrigado a ingerir, caracteriza-se o meio cruel; * O homicídio praticado com emprego de fogo ou explosivo é praticado em concurso formal com o crime de incêndio ou de explosão, que é crime de perigo comum, todavia, embora seja concurso formal, aplica-se a regra do concurso material; * A crueldade é um meio desnecessário, já a tortura é um meio cruel prolongado; * O crime de homicídio praticado com tortura é diferente do crime de tortura da Lei nº. 9.455/97; IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido = caráter objetivo referente aos modos de execução do crime e interpretação analógica quanto aos outros recursos: * A traição se caracteriza pela falsa amizade; * A emboscada se caracteriza pela espera, pela vigília, para a prática do crime; V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime = caráter subjetivo: * Há uma conexão teleológica instrumental ou probatória (art. 76, CPP); * No caso de ocultação, a autoria é desconhecida e o crime é conhecido, ao contrário da impunidade, na qual a autoria é conhecida, mas o crime é desconhecido. Dia 23/02/2010 d) Homicídio Culposo (art. 121, § 3º): ocorre nos casos em que há ausência de vontade do agente à prática do crime, ou seja, o crime é praticado a titulo de culpa (negligência, imprudência e imperícia), pela inobservância de um dever geral de cuidado. - Se o homicídio culposo for praticado na direção de veículo automotor, não se aplica o art. 121, § 3º, mas sim, o art. 302 da Lei 9507/97, em obediência ao princípio da especialidade. - Causas de Aumento de Pena: - No homicídio culposo (art. 121, § 4º, 1ª parte): a doutrina chama de “homicídio culposo qualificado”; a pena é aumentada de 1/3 (um terço): i) se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício; * Na inobservância de regra técnica, o agente conhece a regra, mas quer inobservá-la; já na imperícia, o agente deveria conhecer a regra, mas não a conhece. ii) se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. - No homicídio doloso (art. 121, § 4º, 2ª parte): a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos: por se tratar de causa de aumento de pena, impede a aplicação da agravante genérica do art. 61, II, “h”. - Perdão Judicial (art. 121, § 5º): - Natureza jurídica: causa extintiva da punibilidade ou da pena (art. 107, IX); - É ato unilateral, pois, independente da aceitação do réu; - Só existe perdão judicial no homicídio culposo; - Perdão judicial é diferente de perdão do ofendido: este ocorre nos crimes de Ação Penal Privada, constituindo ato bilateral, dependendo de aceitação, enquanto aquele ocorre nos crimes de Ação Penal Pública; - A pena não será aplicada se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária; - Não é faculdade do magistrado, o perdão judicial é direito do réu, ficando obrigado o juiz a concedê-lo, desde que presentes os requisitos; - Súmula 18 do STJ: “A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório”. Participação em Suicídio (art. 122) - O suicídio é fato atípico, não constituindo crime. - A participação em suicídio é crime comum, podendo o sujeito ativo e passivo serem qualquer pessoa, devendo ter pessoa ou pessoas determinadas. - A participação é crime misto, alternativo e de conteúdo variado. - Consumação: morte ou lesão corporal de natureza grave (art. 129, §§ 1º e 2º). - O crime é condicionado à morte ou à lesão corporal de natureza grave, caso esses resultados não ocorram o fato será atípico. - A tentativa é punida como crime consumado, por isso, diz-se que a tentativa não é admitida. - Existe tentativa de suicídio, no entanto, como o suicídio não é crime, não há punição para a tentativa de suicídio. - Delito de tipo misto (presença de três núcleos), alternativo e conteúdo variado. - Induzir ao suicídio é fazer nascer a idéia de se suicidar. - Instigar ao suicídio é dar apoio a idéia, ou seja, a idéia é preexistente na mente do suicida. - O induzimento e a instigação têm cunho moral. - Já o auxílio tem cunho material, e se refere ao meio utilizado para o suicídio, p. ex.: emprestar a arma; comprar a corda. - Se o participante que auxilia o suicídio pratica atos executórios do crime, este responde por homicídio, e não pela participação. - A participação em suicídio é crime comissivo, não podendo ser praticado mediante omissão, podendo constituir o crime de omissão de socorro, com resultado morte, ou se for garantidor, por crime de homicídio. - A competência para o julgamento do crime de participação em suicídio é do Tribunal do Júri. - Causas de aumento de pena(art. 122, § único): A pena é duplicada: I - se o crime é praticado por motivo egoístico; II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência: * Menor: 14 à 18 anos. Se o menor for menor de 14 anos, não haverá participação em suicídio, e sim homicídio. A idade do menor é retirada do texto do art. 217-A do CP, já que o inciso não diz qual é a idade. * Se a diminuição da capacidade de resistência for relativa, ocorrerá participação em suicídio, já se a diminuição for absoluta, ocorrerá homicídio. - Se o agente praticou as três condutas do tipo, o crime continuará sendo único, no entanto, haverá contra o agente o reconhecimento de uma circunstância judicial desfavorável (personalidade). Dia 26/02/2010 Infanticídio (art. 123) - É crime próprio, que depende de uma condição especial do agente, no caso, ser mãe. - Sujeito Ativo: mãe. - Sujeito Passivo: nascente ou recém-nascido. - Objetividade jurídica: vida. - O infanticídio é um homicídio privilegiado, com algumas condições específicas. - Elementares do tipo: matar o filho; sob a influência de estado puerperal; durante ou logo após o parto. Não presentes estas elementares, o fato será atípico ou transformando em outro tipo penal. * Na ausência do estado puerperal, será crime de homicídio; * Sendo antes do parto, será crime de aborto. - O terceiro que participa do crime de infanticídio também responde pelo mesmo crime (art. 29 e 30). Para o professor Nelson Hungria, trata-se de uma circunstância personalíssima, assim sendo, o terceiro que participa de infanticídio responderá pelo crime de homicídio, no entanto, esse posicionamento está ultrapassado. - Estado puerperal é uma perturbação psíquica transitória que a mulher tem no momento do parto ou logo após (até o primeiro contato que a mãe tem com a criança). - O estado puerperal é diferente da depressão pós-parto, que é uma doença mental, aplicando-se a regra do art. 26, tendo, então, a mulher pratica fato típico, ilícito, mas não culpável. - O puerpério, também é conhecido como pós-parto ou resguardo, durando em torno de 6 a 8 semanas. - Puerpério (art. 121); Influência do estado puerperal (art. 123); Depressão pós-parto (art. 26, não há culpabilidade). - O infanticídio só existe na forma dolosa, não há modalidade culposa. - O crime de infanticídio é crime material, e, portanto, admite tentativa. - A mulher que queria matar o próprio filho e acaba por matar o filho da outra, incorre em erro sobre a pessoa, e responde por infanticídio. Dia 03/03/2010 Aborto (art. 124-128) - Conceito: é a interrupção da gravidez, com a morte do nascituro. - Formas: a) Aborto natural ou espontâneo: fato atípico; b) Aborto culposo ou acidental: fato atípico; c) Aborto criminoso: são as espécies previstas no CP, arts. 124, 125 e 126. d) Aborto legal ou permitido: são as hipóteses previstas no art. 128, I e II, constituindo fato atípico. - Sujeito Ativo: para o art. 124 é a gestante, já para os arts. 125 e 126 é o terceiro que provoca o aborto. - Sujeito Passivo: é o nascituro em ambos os casos. - Classificação Doutrinária do Aborto: * crime de mão própria (art. 124) ou crime comum (art. 125 e 126); * crime material (tem conduta, e necessariamente resultado), portanto, admite tentativa. - Crime de auto-aborto (art. 124, caput): é crime de mão própria, no qual a mulher pratica aborto em si mesma ou consente para que outro o faça. - Exceção pluralista da teoria monista: cada um responde pelo seu tipo penal, ou seja, a mulher que consente que terceiro faça seu aborto responde pelo crime de auto-aborto (art. 124), e o terceiro (executor do aborto com o consentimento) responde pelo crime de aborto provocado por terceiro (art. 126). - Aquele que instiga a mulher a permitir que outro faça o aborto, responde pelo crime de aborto, na forma do art. 124, 2ª parte, c/c art. 29. Assim como, aquele que auxilia terceiro a praticar o aborto na gestante responde na forma do art. 126 c/c art. 29. - O terceiro não pode ser co-autor do crime de aborto, mas, pode ser partícipe do crime. - Não há aborto culposo, só admite punição a título de dolo. - Se o terceiro desconhece o estado de gravidez da mulher, e lhe causa um aborto, ele não responde pelo aborto na forma do art. 125, mas sim pela lesão corporal, conforme art. 129. - Conforme art. 126, § único, aplica-se a pena do art. 125 (aborto provocado por terceiro sem consentimento), se a gestante é menor de quatorze anos, ou é idiota (idade mental: 0 a 3 anos), alienada (idade mental: 3 a 7 anos) ou débil mental (idade mental: 7 a 12 anos), ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. - Aumento de pena (art. 127): As penas cominadas nos arts. 125 e 126: * são aumentadas em 1/3, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave, e; * são duplicadas, se, por consequência do aborto ou dos meios empregados para causá-lo, a gestante morre. * Para caracterizar o aumento de pena, a lesão corporal grave ou a morte tem que ocorrer a título de culpa, ficando o dolo apenas para o aborto. - Excludentes de tipicidade ou de ilicitude – divergência doutrinária (art. 128): Não se pune o aborto praticado por médico: I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante: é o aborto necessário ou terapêutico, que independe de autorização judicial e do consentimento da gestante ou de representante legal; II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz (menor de 18 anos), de seu representante legal: é o chamado aborto humanitário, sentimental ou ético, que também independe de autorização judicial. * O terceiro que pratica o aborto necessário, pratica o crime com a excludente de ilicitude do estado de necessidade. Dia 05/03/2010 - Espécies de aborto proibido: - Aborto por anencefalia: má formação do cérebro, ou não existência; no STF, há uma decisão isolada permitindo o aborto por anencefalia. - Aborto eugênico: má formação do feto. - Aborto a prazo: é o aborto realizado até a 12ª semana de gestação. - Aborto econômico ou social: realizada devido à situação financeira. - Aborto por redução embrionário: é o caso da mulher que estava grávida de 10, e, abortou 8, para nascerem apenas 2. * Foro Competente para o julgamento dos Crimes Dolosos contra a vida: Tribunal do Júri (CF, art. 5º, XXXVIII, “d”), exceto para o crime do art. 124 (auto-aborto), que por ter pena mínima igual ou inferior a 1 ano, admite suspensão condicional do processo (art. 88, Lei 9099/95), sendo competente para seu julgamento o juiz singular. * Ação Penal dos crimes dolosos contra a vida: Ação Penal Pública Incondicionada, já que a lei não diz expressamente qual a ação penal, presume-se que seja incondicionada. Lesão Corporal (art. 129) - Conceito: é a alteração física ou mental dolosa ou culposa. - Por ser crime material e deixar vestígios, o crime exige a produção de exame de corpo de delito, realizados pelos médicos legistas. - Se a lesão corporal for leve, basta o atendimento médico de emergência, para comprovar a lesão, suprindo o exame de corpo de delito, sendo dispensável, neste caso. - Objetividade jurídica: integridade e saúde física ou mental da vítima. - Sujeito ativo: qualquer pessoa. - Sujeito passivo: via de regra, qualquer pessoa; exceção: a mulher no caso do art. 129, § 9º, por força do Lei 11340/06. - Admite tentativa, por ser crime material, possuindo conduta e resultado, exceto nos casos do art. 129, § 1º, II, § 2º, V, e § 3º, pois são crimes preterdolosos, que necessitam de culpa no conseqüente. Dia 10/03/2010 - Espécies de Lesão Corporal: * Lesão Corporal Qualificada: abrange as lesões grave, gravíssima, seguida de morte, e, doméstica. 1 – Lesão Corporal Levíssima: fato atípico face a aplicaçãodo princípio da insignificância, conforme entendimento do STJ. 2 – Lesão Corporal Leve (art. 129, caput): é aferida por exclusão, caso a lesão não seja qualificada, será leve; ex.: pequena escoriação, equimose; 3 – Lesão Corporal Grave (art. 129, § 1º): Se resulta: I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; II - perigo de vida; III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; IV - aceleração de parto: 4 – Lesão Corporal Gravíssima (art. 129, § 2º): Se resulta: I - incapacidade permanente para o trabalho; II - enfermidade incurável; III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função; IV - deformidade permanente; V - aborto. 5 – Lesão Corporal Seguida de Morte (art. 129, § 3º): * é crime preterdoloso por excelência, no qual há dolo no crime antecedente (lesão corporal) e culpa no crime consequente (homicídio). * é diferente do crime de homicídio culposo, pela ausência do dolo de lesionar. 6 – Lesão Corporal Culposa (art. 129, § 6º): * é a lesão que resulta da inobservância de um dever de cuidado, por meio de imprudência, imperícia ou negligência; * não há gradação (leve, grave, etc...); * a lesão corporal culposa praticada na direção de veiculo automotor aplica-se o CTB, art. 303. 7 – Lesão Corporal Doméstica (art. 129, § 9º): * esse tipo penal apresenta como elementar do tipo a circunstância de que o crime seja “praticado contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro”, o que impede a aplicação da agravante genérica do art. 61, II, “e”. * é a lesão corporal leve, tendo como sujeito passivo a mulher, e, a prática do crime no âmbito doméstico. 8 – Lesão Corporal Privilegiado (art. 129, § 4º): * o artigo reproduz o art. 121, § 1º, portanto, tudo o que for aplicado quanto ao homicídio privilegiado, é aplicado quanto à lesão corporal privilegiado. * a única diferença é que no homicídio, o privilégio é reconhecido pelo Tribunal de Júri, e na lesão corporal, o juiz é quem reconhece o privilégio. - Substituição da Pena (art. 129, § 5º): no caso de lesão corporal leve, o juiz pode substituir a pena de detenção por multa, se: I - ocorre qualquer dos casos do art. 129, § 4º; II - as lesões corporais são recíprocas: nesse caso, não havendo prova de quem iniciou a agressão, a doutrina reconhece que pode ser concedido o perdão judicial. - Causa de Aumento de Pena (art. 129, § 7º): a pena é aumentada de 1/3 se ocorre qualquer das hipóteses do art. 121, § 4º. - Perdão Judicial (art. 129, § 8º): o perdão judicial do art. 121, § 5º, é aplicado ao crime de lesão corporal culposa. Não pode ocorre perdão judicial na lesão corporal dolosa. - Causa de Aumento de Pena para a Lesão Doméstica (art. 129, §§ 10 e 11): * Nos casos dos §§ 1º a 3º, e o crime for praticado na forma do § 9º, aumenta-se a pena em 1/3. * No caso do § 9º (lesão leve doméstica), aumenta-se a pena em 1/3 se a vítima era portadora de deficiência. Dia 12/03/2010 - Ação Penal: * Pública Incondicionada: é a regra. * Pública Condicionada à Representação: é a exceção nos art. 129, caput (leve) e § 6º (culposa), por força da Lei 9099/95; e art. 303 do CTB (direção de veículo). * Observação: lesão corporal doméstica (art. 129, § 9º): - regra: ação penal pública incondicionada; - exceção: ação penal pública condicionada à representação – recente entendimento do STJ. Periclitação da vida e da saúde (arts. 130-136) - Objetividade Jurídica: vida e saúde. - São crimes de perigo: - crimes de perigo individual: atinge pessoa determinada. Ex.: arts. 130-136. - crimes de perigo coletivo: atinge diversas pessoas. Ex.: art. 250. - Esses crimes só terão aplicado se não for produzido resultado mais grave; Perigo de contágio venéreo (art. 130) - Trata-se de norma penal em branco em sentido estrito, pois, a fonte complementadora é diferente da forma complementada. - É crime de forma vinculada, já que só vai ser transmitido através da relação sexual ou de um ato de libidinagem. - Caso o agente saiba que tem a moléstia, age com dolo direto (teoria da representação – art. 18, 1ª parte); caso o agente deva saber que tem a moléstia age com dolo indireto ou eventual (teoria do assentimento – art. 18, 2ª parte). - Para a doutrina majoritária, trata-se de crime comum, assim, o sujeito ativo e o sujeito passivo podem ser qualquer pessoa. Para Rogério Greco, trata-se de crime próprio, pois, para cometer o crime do art. 130, o sujeito tem que estar contaminado. - Constitui crime de perigo concreto, em razão de necessitar da prova de que o sujeito ativo está contaminado. - O dolo reside na vontade de expor ao perigo o sujeito passivo. - A consumação ocorre com a exposição ao perigo. - A hipótese de ambos os sujeitos – ativo e passivo – estarem contaminados pela mesma moléstia constitui crime impossível, por impropriedade absoluta do objeto. - Sendo a intenção do agente a de transmitir a moléstia, aplica-se o § 1º do art. 130, apenado com pena mais grave. - Ação Penal: Pública Condicionada à Representação (art. 130, § 2º). Perigo de contágio de moléstia grave (art. 131) - É crime comum, divergindo Rogério Greco que entender ser crime próprio. - Trata-se norma penal em branco em sentido estrito. - O dolo está na vontade de praticar que provoque o contágio. - Por ser crime formal, a produção do resultado (o contágio) é mero exaurimento da conduta. - É crime de perigo concreto - As DST’s são moléstias graves, desde que o meio de transmissão não seja relação sexual ou ato de libidinagem. - Ação Penal: Pública Incondicionada (silêncio da lei). Dia 17/03/2010 Perigo para a vida ou saúde de outrem (art. 132) - É um tipo penal subsidiário expresso, só sendo aplicado se o fato não constituir crime mais grave. - É crime comum, podendo o sujeito ativo e passivo serem qualquer pessoa. - Se a pessoa for determinada, poderá se configurar o crime do art. 132, no entanto, se a pessoa for indeterminada o fato é atípico. - A pena é aumentada de 1/6 a 1/3 se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais (art. 132, § único). - Ação Penal: Pública Incondicionada. Abandono de incapaz (art. 133) - Objetividade jurídica: incolumidade física e saúde. - É crime próprio, no qual o sujeito ativo é pessoa que tem sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade o sujeito passivo, devendo existir entre os sujeitos uma relação de assistência, originada através da lei, de contrato, de ato lícito ou ilícito. - É crime doloso, no qual o dolo consiste na vontade de abandonar o incapaz. - Abandono qualificado: se do abandono resulta: a) lesão corporal de natureza grave (art. 133, § 1º); b) morte (art. 133, § 2º). * Em ambos os casos, a lesão corporal e a morte ocorrem apenas a título de culpa, constituindo essas qualificadoras crimes preterdolosos, nos quais o dolo reside no abandono e a culpa no resultado conseqüente (lesão ou dolo). - O crime de abandono de incapaz é crime de perigo concreto, devendo ser provado a possibilidade de dano. - É tipo penal subsidiário, existindo subsidiariedade tácita, pois, a lei não prevê isto. - Causas de aumento de pena (art. 133, § 3º): As penas cominadas aumentam-se de 1/3: I - se o abandono ocorre em lugar ermo; II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima; III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos. - Ação Penal: Pública Incondicionada (silêncio da lei). Exposição ou abandono de recém-nascido (art. 134) - É crime próprio: - Sujeito ativo: mãe e pai. - Sujeito passivo: recém-nascido. - Honra própria: o artigo se refere à honra sexual, portanto, p. ex., a prostituta não pode praticar esse crime.- Recém-nascido: considera-se até o momento da queda do cordão umbilical (majoritariamente). Há quem entenda até 07 dias (Hélio Gomes) ou até 30 dias (Nelson Hungria). - A exposição ou abandono de recém-nascido também pode ser qualificada pelo resultado lesão corporal grave ou morte, aplicando-se o mesmo raciocínio do crime de abandono de incapaz. - Ação Penal: Pública Incondicionada. Omissão de Socorro (art. 135) - É crime comum, praticado por qualquer pessoa. - Se uma pessoa prestar o socorro, não há que se falar em omissão de socorro quanto aos demais que não prestaram. - O garantidor tem a obrigação de prestar o socorro, e se não prestar, responde pelo crime. - Não admite tentativa, por ser crime omissivo puro. - Ação Penal: Pública Incondicionada.
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