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Manual Caseiro - Direito Penal II 2019

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Atualizado conforme: 
 
Lei 13.769/2018 - altera o CPP para estabelecer a substituição da 
prisão preventiva por prisão domiciliar da mulher gestante ou que for 
mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência. 
 
 Lei 13.721/2018 - altera o CPP para estabelecer prioridade à 
realização do exame de corpo de delito nos crimes de violência contra 
mulher, criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência. 
 
Lei 13.718/2018 – alteração a espécie de ação penal nos crimes 
contra a dignidade sexual. 
 
Lei 13.641/2018 - tipifica o crime de descumprimento de medidas 
protetivas de urgência. 
 
 
 
Manual Caseiro 
 
de 
 
Processo Penal I 
 
 
 
Edição 2019.1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Manual Caseiro 
 
 
 
 
Edição 2019.1 
Direito Penal II 
 
 
de 
Atualizado conforme: 
 Lei 13.772/2018 - registro não autorizado da intimidade sexual 
Lei 13.771/2018 - causas de aumento para o feminicídio 
Lei 13.718/2018 - altera disposições sobre os crimes contra a dignidade sexual 
Lei 13.654/2018 - dispõe sobre os crimes de furto qualificado e roubo. 
 
 
 
 
1 
1 
 
Sumário 
Conteúdo 01: Crimes Contra a Pessoa ......................................................................................................................... 2 
Conteúdo 02: Crimes Contra a Honra ....................................................................................................................... 65 
Conteúdo 03: Crimes Contra o Patrimônio ............................................................................................................. 108 
Conteúdo 04: Crimes Contra a Dignidade Sexual ................................................................................................... 171 
Conteúdo 05: Crimes Contra a Paz Pública ............................................................................................................. 203 
Conteúdo 06: Crimes Contra a Fé Pública .............................................................................................................. 212 
Conteúdo 07: Crimes Contra a Administração Pública ........................................................................................... 241 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
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DIREITO PENAL II – PARTE ESPECIAL 
Conteúdo 01: Crimes Contra a Pessoa 
Homicídio 
1. Conceito de Homicídio 
Segundo o Professor Rogério Sanches, trata-se da injusta morte de uma pessoa praticada por outrem. Conforme 
proclama Nelson Hungria, homicídio é o tipo central dos crimes contra a vida. É o ponto culminante na orografia 
dos crimes. É o crime por excelência. 
2. Topografia do Homicídio 
➢ Caput: homicídio doloso simples 
➢ § 1º: Homicídio doloso privilegiado 
➢ § 2º: Homicídio doloso qualificado 
➢ § 3º: Homicídio culposo 
➢ § 4º: Majorantes de pena 
➢ § 5º: Perdão judicial 
➢ § 6º: Majorante do grupo de extermínio ou milícia armada (Lei nº 12.720/12) 
➢ § 7º: Majorante para o feminicídio. 
 
2.1 Observações (você não pode deixar de saber!) 
➢ Homicídio preterdoloso 
O homicídio preterdoloso não está previsto ao teor do art. 121 do Código Penal, mas trata-se de uma espécie 
qualificada de lesão corporal, lesão corporal seguida de morte. In casu, o resultado morte ocorre a título de 
culpa. 
Configura lesão corporal seguida de morte, prevista ao teor do art. 129, §3º, do Código Penal, e não sendo crime 
doloso contra a vida, NÃO É JULGADO perante o Tribunal do Júri. 
➢ Homicídio versus Genocídio 
Não se pode confundir homicídio com genocídio! 
O crime de GENOCÍDIO tutela a diversidade humana e, por isso, tem caráter coletivo ou transindividual, não 
atraindo, por si só a competência do Tribunal do Júri. Ocorre que uma das formas de praticar genocídio é por 
meio da morte de membros do grupo. 
A competência constitucional para o julgamento de crimes contra a vida é do júri. Sendo o delito de genocídio 
atraído pelo Tribunal do Júri. 
STF, já decidiu que no caso de genocídio com morte, o agente responde por homicídio mais genocídio, em 
concurso formal impróprio. São bens jurídicos próprios/distintos. 
 
 
 
 
3 
3 
Lei nº 2889/56 – Genocídio 
“Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, 
como tal: 
a) matar membros do grupo; 
Será punido: 
Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da letra “a”. 
3. Homicídio (art. 121 do Código Penal) 
Homicídio simples 
Art. 121. Matar alguém: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
3.1 Conduta 
No direito, a morte ocorre com o fim das atividades encefálicas. 
Trata-se de crime de conduta livre. É classificado como crime de conduta livre porque não existe no art. 121 do 
CP um meio específico para se praticar o crime de homicídio. 
O homicídio pode ser praticado tanto por meio de ação quanto por omissão. No tocante a omissão, será praticado 
pelo denominado garantidor, isso porque ele devendo e podendo agir, nada o faz (art. 13, §2º do Código Penal). 
3.2 Sujeito 
3.2.1 Ativo 
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime. Não se exige qualidade especial do 
agente. 
3.2.2 Passivo 
Qualquer pessoa viva pode ser sujeito passivo (vítima) do homicídio. 
O homicídio protege a vida humana extrauterina. Nessa vertente, Rogério Sanches (Código Penal para 
Concursos, 2016, pág. 345) “tutela-se a vida extrauterina, iniciada com o parto”. 
Obs.1: É necessário pelo menos o início do parto para que o crime de homicídio seja possível. Antes do início 
do parto a vida humana intrauterina não é protegida pelo art. 121, mas pelo crime de aborto, conforme será visto 
em sequência. 
 
 
 
 
 
4 
4 
Aborto Homicídio (ou infanticídio) 
Vida intrauterina Vida extrauterina 
 
Obs.2: Quanto ao início do parto, parte da doutrina afirma que ele se dá com a dilatação do colo do útero, 
enquanto outra parcela da doutrina defende que será com o início das contrações. Por fim, doutrina minoritária 
exige o início do desprendimento das entranhas maternas. 
Conforme Rogério Sanches, nas hipóteses em que o nascimento não se produzir espontaneamente, pelas 
contrações uterinas, como ocorre em se tratando de cesariana, por exemplo, o começo do nascimento é 
determinado pelo início da operação, ou seja, pela incisão abdominal. De semelhante, nas hipóteses em que as 
contrações expulsivas são induzidas por alguma técnica médica, o início do nascimento é sinalizado pela 
execução efetiva da referida técnica ou pela intervenção cirúrgica (cesárea). 
Nesse sentido, o STJ – 5ª Turma já se manifestou no HC 228.998-MG, “iniciado o trabalho de parto, não há 
falar mais em aborto, mas em homicídio ou infanticídio, conforme o caso, pois não se mostra necessário que o 
nascituro tenha respirado para configurar o crime de homicídio, notadamente quando existem nos autos outros 
elementos para demonstrar a vida do ser nascente” – Informativo 507, STJ. 
3.3 Tipo Subjetivo 
O homicídio poderá ser praticado tanto de forma dolosa (simples, privilegiado e qualificado) quanto culposa 
(culposo). 
Obs.: O homicídio culposo que se dá na direção de veículo automotor, encontra-se tipificado no art. 302 do CTB. 
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: 
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para 
dirigir veículo automotor. 
3.4 Consumação 
Trata-se de crime material, consumando-se com o fim das atividades encefálicas, conforme determinado pela 
lei de transplante de órgãos. Assim, de acordo com a Lei nº 9.434, que trata sobre a remoção de órgãos, tecidos 
e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento, a morte acontece com a morte encefálica (art. 
3º, da Lei nº 9.434). 
É crime não transeunte – aquele que deixa vestígios, desafiando exame de corpode delito, direto ou indireto, 
nos termos do art. 158 e ss do CPP. 
 
 
 
 
5 
5 
3.5 Ação Penal e Competência 
Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada. 
A competência é do Tribunal do Júri para as modalidades dolosas, e do juiz singular para o homicídio culposo. 
3.6 Observações (você não pode deixar de saber): 
➢ O homicídio contra o presidente da República, da Câmara, do Senado ou do STF que tem motivação 
política encontra-se regulamentado ao teor do art. 29 da Lei nº 7.170/83. A motivação política nessa 
conduta é essencial para a caracterização do delito em comento. 
➢ O crime de homicídio simples só será HEDIONDO quando praticado em atividade típica de grupo de 
extermínio. Para o Bitencourt, grupo de extermínio é aquele que mata generalizadamente indivíduos 
pertencentes a determinados grupos. 
4. Homicídio Privilegiado 
Caso de diminuição de pena 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de 
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a 
um terço. 
4.1 Natureza jurídica – causa de redução de pena 
Não obstante a nomenclatura de homicídio privilegiado, trata-se, em verdade, de hipótese de diminuição de pena. 
Assim, segundo ensina Rogério Sanches privilégio, nesse contexto, equivale a causa de diminuição de pena. 
Obs.1: Uma vez presentes os requisitos, o juiz DEVE reduzir a pena. A discricionariedade do juiz recai apenas 
quanto ao quantum da diminuição, mas não quanto a sua aplicação. 
4.2 Análise das Causas Privilegiadoras 
a) Motivo de Relevante Valor Social 
Cuidado: é imprescindível que o motivo seja relevante! 
Por valor social, deve-se interpretar a situação em que o agente mata alguém para atender aos interesses da 
coletividade. Por exemplo: matar perigoso bandido que ronda a vizinhança. 
Corresponde assim, ao interesse de toda comunidade. O agente mata para preservar os interesses da comunidade. 
Exemplo: indivíduo que mata o traidor da pátria. 
b) Motivo de Relevante Valor Moral 
 
 
 
 
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O relevante valor moral está relacionado a existência de sentimentos nobres de natureza individual. Entende-se 
que há valor moral, quando o agente mata para atender interesses particulares, normalmente relacionados a 
sentimentos de piedade, misericórdia e compaixão. Exemplo: Eutanásia. 
A eutanásia pode ser ativa ou passiva. 
Ativa: quando presentes atos positivos com o fim de matar alguém, eliminando ou aliviando o sofrimento de 
alguém. 
Passiva: se dá com a omissão de tratamento ou de qualquer meio capaz de prolongar a vida humana, 
irreversivelmente comprometida, acelerando a sua morte. 
c) Domínio de Violenta Emoção, causada por injusta provocação da vítima 
A última privilegiadora relaciona-se com o estado anímico do agente, conhecido por parte da doutrina como 
homicídio emocional. 
Da simples leitura do dispositivo legal, retiramos os seus requisitos, quais sejam: 
➢ Domínio de violenta emoção; 
➢ Reação imediata; 
➢ Injusta provocação da vítima. 
c.1) Domínio de violenta emoção: domínio não se confunde com mera influência de violenta emoção. A 
influência meramente é causa atenuante (art. 65, CP). Com isso quer dizer que a emoção não deve ser leve e 
passageira ou momentânea. 
 ASSERTIVA CESPE: Delegado de Polícia de Alagoas: Considere que José, penalmente imputável, 
horas após ter sido injustamente provocado por João, agindo sob a influência de violência emoção, tenha 
desferido uma facada em João, o que resultou em sua morte. Nessa situação, impõe-se em beneficio de 
José, o reconhecimento do homicídio privilegiado. ERRADO por dois fatos! Primeiro, para que seja 
considerado o privilégio deve ocorrer LOGO EM SEGUIDA, e não horas depois, como afirma a questão. 
No mais, o sujeito estava apenas sob influência e nos termos da legislação é imprescindível que esteja 
sob o DOMÍNIO DE VIOLENTA EMOÇÃO. 
c.2) Reação imediata (logo em seguida a injusta provocação da vítima): para a configuração do privilégio se 
exige que o revide seja imediato, ou seja, sem intervalo temporal. A reação será considerada imediata, enquanto 
perdurar o domínio da violenta emoção. 
c.3) Injusta provocação da vítima: não significa necessariamente uma agressão, mas qualquer conduta 
desafiadora, mesmo que atípica. 
 
 
 
 
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Exemplo1: Pai que mata o estuprador da filha. 
Exemplo2: Marido surpreende a esposa com outro ou (outra) na cama. 
4.2.1 Observações (você não pode deixar de saber!) 
➢ A emoção deve ser capaz de retirar o autocontrole do agente. O DOMÍNIO de violenta emoção 
mencionado no §1º não se confunde com a mera influência do estado anímico do agente 
➢ Não pode haver lapso temporal entre a provocação e o homicídio. O dolo necessariamente será de ímpeto. 
➢ A jurisprudência afirma ser obrigatória a aplicação da causa de diminuição de pena quando incidente 
uma das privilegiadoras, inobstante o artigo de lei mencione “pode”. Atenção para o caso que a questão 
exigir tão somente a literalidade da lei. 
 
5. Homicídio Qualificado 
O homicídio qualificado encontra previsão ao teor do art. 121, §2º, do Código Penal. 
A pena passará a ser de reclusão de 12 a 30 anos. 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
II - por motivo futil; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa 
resultar perigo comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a 
defesa do ofendido; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
Feminicídio 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema 
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra 
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela 
Lei nº13.142, de 2015). 
 
 
 
 
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Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
§ 2º - A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: 
I - violência doméstica e familiar; 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
Em 2015 as hipóteses de homicídio qualificado foram alteradas pelo advento das leis nº 13.104 e 13.142. 
Atenção: Diferentemente do homicídio simples, o homicídio qualificado é sempre hediondo, não importando a 
qualificadora. Nesse sentido, a Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos). 
Art. 1º - Lei nº 8072/90 - São considerados hediondos os seguintes crimes: I - homicídio (art. 121), quando 
praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio 
qualificado (art. 121, § 2º, I, II, III, IV, V, VI e VII). 
Observação 
➢ O homicídio pode ser qualificado e privilegiado, quando a qualificadora for de natureza objetiva, ou seja, 
quando diz respeito ao meio através do qual o homicídio é praticado. 
5.2 Análise das Qualificadoras 
a) Mediante Paga ou Promessa de Recompensa, ou POR OUTRO MOTIVO TORPE 
O homicídio realizado mediante paga ou promessa de recompensa é denominado de homicídio mercenário. 
Trata-se de crime de concurso necessário ou plurissubjetivo (número plural de agentes obrigatório), posto que 
deverá ter, necessariamente, a figura do mandante e do executor. 
Nessa modalidade, o executor pratica o crime movido pela ganância do lucro, é dizer, em troca de alguma 
recompensa prévia ou expectativa do seu recebimento (matador profissional ou sicário). Trata-se de delito de 
concurso necessário (ou bilateral), no qual é indispensável a participação de, no mínimo, duas pessoas(mandante 
e executor: aquele paga ou promete futura recompensa; este aceita, praticando o combinado), conforme ensina 
Rogério Sanches. 
Observações: 
Qual a natureza da paga ou promessa de recompensa? 
➢ Para parte da doutrina, a recompensa deve ser de natureza econômica, enquanto que outra parcela defende 
que esta pode ser de qualquer natureza, até mesmo sexual. 
Prevalece o entendimento que deve ser necessariamente de natureza econômica. 
 
 
 
 
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Entende-se como motivo torpe, o motivo vil, ignóbil, repugnante, abjeto (quase sempre espelhando ganância). 
O legislador contemplou exemplos de torpeza, e encerrou elencando uma abertura, ou por outro motivo torpe, 
utilizando-se de interpretação analógica (formula casuística seguida de uma forma genérica). 
Desse modo, contemplamos que o inciso trabalha com interpretação analógica (exemplos seguidos de 
encerramento genérico). Cumpre destacar que não fere o princípio da legalidade, mas novos casos devem guardar 
similitude com os exemplos dado pelo legislador. 
A qualificadora da torpeza se aplica ao mandante, ao executor ou a ambos? 
A jurisprudência majoritária entende que a qualificadora é aplicada tanto ao mandante quanto ao executor, 
corrente minoritária defende que ela só deveria ser aplicada ao executor. 
1ª Corrente: entende que a qualificadora abrange somente o executor, salvo se o mandante também age com 
torpeza. 
2ª Corrente: a qualificadora se aplica ao executor e ao mandante. É a corrente que prevalece, segundo Sanches. 
Todavia, o STJ decidiu – Info. 575 que havendo essa comunicação (possibilidade), ela não será automática. 
Nesse sentido, vejamos o teor do Informativo. 
 
O que decidiu o STJ? 
➢ "A paga ou a promessa de recompensa" é uma circunstância acidental do delito de homicídio, de 
caráter pessoal e, portanto, incomunicável automaticamente aos coautores do homicídio. 
➢ No entanto, não há proibição de que esta circunstância se comunique entre o mandante e o 
executor do crime, caso o motivo que levou o mandante a encomendar a morte tenha sido torpe, 
desprezível ou repugnante. 
➢ Em outras palavras, o mandante poderá responder pelo inciso I do § 2º do art. 121 do CP, desde 
que a sua motivação, ou seja, o que o levou a encomendar a morte da vítima seja algo torpe. Ex: 
encomendou a morte para ficar com a herança da vítima. 
 
 
 
 
10 
10 
➢ Por outro lado, o mandante, mesmo tendo encomendado a morte, não responderá pela 
qualificadora caso fique demonstrado que sua motivação não era torpe. Ex: homem que contrata 
pistoleiro para matar o estuprador de sua filha. Neste caso, o executor responderá por homicídio 
qualificado (art. 121, § 2º, I) e o mandante por homicídio simples, podendo até mesmo ser 
beneficiado com o privilégio do § 1º. 
Fonte: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2016/03/info-575-stj2.pdf 
#Vingança e ciúme são motivos torpes? 
A verificação deve ser feita com base nas peculiaridades do caso concreto. 
Assim, a vingança pode ou não ser torpe, dependendo do caso concreto, embora seja um ato reprovável. Já se 
decidiu quem se vinga da morte do filho, matando o assassino, não age por motivo torpe. (Código Penal para 
Concursos, Rogério Sanches, 2016). Assim, não há uma prévia tipificação, dependendo valoração da causa. 
b) Por motivo fútil 
O motivo fútil é o motivo desproporcional, insignificante, caso em que o agente executa o crime por 
mesquinharia. Por exemplo, homicídio em decorrência de briga de trânsito ou discussão por cobrança de pequeno 
valor. 
É assim, aquele motivo pequeno demais para causar um homicídio. 
Ausência de motivo e não incidência da qualificadora 
➢ Prevalece que a ausência de motivo não qualifica o homicídio, por constituir-se em analogia in malam 
partem, vedada pelo Ordenamento Jurídico Brasileiro. 
Ausência de Motivo equipara-se ao motivo fútil qualificando o homicídio? 
1ª Corrente: a ausência de motivos, 
equipara-se ao motivo fútil. Para referida 
corrente, seria um contrassenso qualificar 
um homicídio quando presente o motivo 
pequeno, e não qualificar quando ausente 
qualquer motivo. 
2ª Corrente: A ausência de motivo, por falta de 
previsão legal, não se equipara ao motivo fútil. Sob 
os fundamentos de violação ao princípio da 
legalidade e proibição de analogia in malam 
partem. 
 
 
 
 
 
 
11 
11 
Caso concreto julgado pelo STF: 
A vítima iniciou uma discussão com algumas outras pessoas por causa de uma mesa de bilhar. Tal discussão é 
boba, insignificante e, matar alguém por isso, é homicídio fútil. No entanto, segundo restou demonstrado nos 
autos, o crime não teria decorrido da discussão sobre a ocupação da mesa de bilhar, mas sim do comportamento 
agressivo da vítima. Isso porque a vítima, no início do desentendimento, poderia deixar o local, mas preferiu 
enfrentar os oponentes, ameaçando-os e inclusive, dizendo que chamaria terceiros para resolverem o problema. 
Logo, a partir daí os agentes mataram a vítima, não mais por causa da mesa de sinuca e sim por conta dos fatos 
que ocorreram em seguida. 
Segundo noticiado no Informativo, o STF entendeu que “o evento ‘morte’ decorreu de postura assumida pela 
vítima, de ameaça e de enfrentamento”. Logo, não houve motivo fútil. Info 716, STF. 
 
Se o fato surgiu por conta de uma bobagem, mas depois ocorreu uma briga e, no contexto desta, houve o 
homicídio, tal circunstância pode vir a descaracterizar o motivo fútil. Info 524, STJ. 
Cleber Masson fornece um exemplo: 
“Depois de discutirem futebol, “A” e “B” passam a proferir diversos palavrões, um contra o outro. Em seguida, 
“A” cospe na face de “B”, que, de imediato, saca um revólver e contra ele atira, matando-o. Nada obstante o 
início do problema seja fútil (discussão sobre futebol), a razão que levou à prática da conduta homicida não 
apresenta essa característica.” (Direito Penal esquematizado. 3ª ed., São Paulo: Método, 2011, p. 31). 
Vale ressaltar, no entanto, que “a discussão anterior entre vítima e autor do homicídio, por si só, não afasta a 
qualificadora do motivo fútil” (AgRg no REsp 1113364/PE, Rel. Ministro Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, 
julgado em 06/08/2013). Assim, é preciso verificar a situação no caso concreto. Info 524, STJ. 
Obs.: Dolo eventual e motivo fútil é compatível? 
 
 
 
 
12 
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Antes desta última decisão da 6ª Turma, prevalecia no STJ a primeira corrente, ou seja, a compatibilidade entre 
dolo eventual e motivo fútil. 
Obs.: Motivo fútil em homicídio decorrente da prática de racha 
 
c) Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa 
resultar perigo comum. 
Este inciso também emprega a fórmula casuística inicial e, ao final, usa fórmula genérica, permitindo ao seu 
aplicador encontrar casos outros que denotem insídia, crueldade ou perigo comum advindo da conduta do agente 
(interpretação analógica). – Trabalha com interpretação analógica (exemplos seguidos de encerramentos 
genéricos). 
Observações 
 
 
 
 
13 
13 
Obs.1: Asfixia é qualquer método para se impedir a respiração. 
Obs.2: Veneno é qualquer substancia capaz de matar quando inoculada no corpo da vítima. 
Segundo Rogério Sanches, o veneno consiste em qualquer substancia biológica ou química, animal, mineral ou 
vegetal capaz de perturbar ou destruir funções vitais do organismo humano. O açúcar, por exemplo, empregado 
em face de um diabético, pode ser considerado um veneno. 
Atenção! Para caracterizar a qualificadora do veneficio, é imprescindível que a vítima desconheça nela está 
sendo ministrada a substância letal. 
➢ Prevalece que por ser exemplo de meio insidioso, o veneno só qualifica quando a vítima não sabe que 
está ingerindo. 
➢ O homicídio praticado por meio da ingestão de veneno é denominado de Venefício. 
Obs.3: A tortura é a imposição de sofrimento desnecessário. 
No homicídio qualificado pela tortura existe dolo de torturare de matar. Enquanto que na tortura qualificada 
pela morte existe preterdolo, ou seja, dolo na tortura e culpa na morte. 
Obs.3: Utiliza-se também a técnica da interpretação analógica: “ou outro meio insidioso...”. 
d) A traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a 
defesa do ofendido 
Trabalha com a interpretação analógica (exemplos seguidos de encerramentos genéricos). 
Traição, Emboscada e Dissimulação são apenas exemplos de modos que dificultam a defesa do ofendido. 
➢ Traição: é o ataque desleal, por exemplo, atirar na vítima pelas costas. A traição é marcada pela 
deslealdade. 
➢ Emboscada: pressupõe ocultamento do agente, que ataca a vítima com surpresa. 
➢ Dissimulação: o agente oculta sua intenção. 
Observação: Não se aplica esta qualificadora - recurso que torne impossível a defesa do ofendido - quando a 
vítima é criança ou pessoa enferma, pois o inciso IV diz respeito ao meio praticado para matar e não a 
característica da vítima. 
A idade da vítima torna o crime qualificado? 
Registramos que a idade da vítima (tenra ou avançada), por si só, não possibilita a aplicação da presente 
qualificadora, porquanto constitui uma característica da vítima, e não um recurso procurado pelo agente. A idade 
é uma característica, condição da vítima! 
 
 
 
 
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Desse modo, o fato de a vítima ter 80 anos de idade ou 2 anos de idade não induz a aplicação da qualificadora 
do recurso que impossibilita ou torna dificultosa a defesa do ofendido, pois a idade da vítima não é recurso, mas 
sim uma condição desta. Então, a idade da vítima, por si só, não possibilita a aplicação da qualificadora, pois 
constitui característica da vítima, e não recurso utilizado pelo agente. 
d) Para assegurar a ocultação, vantagem ou impunidade de outro crime 
Trata-se do homicídio qualificado pela conexão, a qual poderá ser teleológica ou consequencial. 
Nesse sentido, a doutrina subdivide a conexão em teleológica (homicídio praticado para assegurar a execução 
de outro crime, futuro) e consequencial (quando o homicídio visa assegurar a ocultação, a impunidade ou 
vantagem de outro crime, passado). 
a. Conexão teleológica: o agente mata para assegurar a execução de outro crime (futuro). 
Ex.1: A mata segurança para estuprar o artista “B”. 
Obs.1: o crime de homicídio será qualificado ainda que o crime futuro não aconteça. 
Obs.2: o crime futuro não precisa necessariamente ser praticado pelo homicida. 
b. Conexão consequencial: o agente mata para assegurar a ocultação ou impunidade ou vantagem de outro 
crime que já aconteceu. 
Ex.2: “A” mata testemunha de crime passado em que figura como suspeito. 
Obs.1: o crime passado não exige identidade de sujeito ativo com o homicídio. Nesse ponto, importante 
salientar que não incide a qualificadora da conexão quando, por exemplo, o crime é praticado para ocultar, 
assegurar a impunidade ou a vantagem de uma contravenção penal. Pois o legislador se restringiu à expressão 
"outro crime", sendo, assim, impossível aplicação da analogia in malam partem. 
c. Conexão ocasional: o homicídio é praticado por ocasião de outro crime, sem vínculo finalístico. 
A doutrina aponta a Conexão ocasional como sendo aquela em que o crime é praticado em virtude da facilidade, 
da ocasião proporcionada pela prática crime anterior. Essa conexão não qualificaria o homicídio também por 
ausência de previsão legal 
Ex.: O agente está estuprando uma pessoa, entra seu desafeto no local e o agente o mata (não há vínculo entre 
os crimes). 
Não se aplica esta qualificadora quando a outra infração for contravenção. Assim, matar para assegurar a 
execução, ocultação, impunidade ou vantagem de contravenção penal não qualifica o homicídio pelo inciso V 
(mas pode caracterizar os demais incisos). 
 
 
 
 
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e) Feminicídio 
Obs.: Prezado candidato, recentemente tivemos alteração legislativa sobre o tema, em específico, novas 
majorantes ao tipo penal foram inseridas. Dessa forma, chamo a atenção para o conteúdo a seguir exposto. 
 
A Lei nº 13.104 de 2015 inseriu o inciso VI para incluir no art. 121 o feminícidio, entendido como a morte 
de mulher em razão da condição de sexo feminino, leia-se, violência de gênero quanto ao sexo. 
Entrou em vigor em 10 de Março de 2015. Em se tratando de uma lei que agrava a situação do réu, consagra 
uma nova hipótese qualificadora, não pode ser aplicada a conduta praticada antes da referida data. 
Trata-se de homicídio cometido por razões de gênero do sexo feminino (preconceito, descriminação, desprezo 
pela condição de mulher). 
Sujeito passivo 
Para a invocação do crime de feminicídio, há três correntes discutindo o termo mulher. 
Nesse sentido, para uma primeira corrente, mulher para fins de aplicação da qualificadora deve ser empregado 
em seu conceito jurídico, ou seja, aquela definida no registro civil (é a corrente que prevalece). 
Segundo Rogério Sanches (Código Penal para Concursos, Rogério Sanches, 2016) a mulher que trata a 
qualificadora é aquela assim reconhecida juridicamente. No caso de transexual, que formalmente obtém o direito 
de ser identificado civilmente como mulher, não há como negar a incidência da lei penal porque, para todos os 
efeitos, está pessoa será considerada mulher. 
Pode figurar como vítima do feminicídio pessoa transexual? 
Sim, desde que, depois da operação cirúrgica altere seus registros para o sexo feminino. Desse modo, se tiver 
seus registros alterados, poderá ser vítima do crime de feminicídio. 
Por outro lado, há doutrinadores que defendem que deve ser observado o conceito biológico de mulher, sob o 
argumento de que a lei penal demanda aplicação restritiva. Não se inclui, portanto, os transexuais mesmo que a 
mudança de registro tenha sido efetuada. 
Por fim, há os defensores de aplicação do conceito psicológico de mulher. Argumentam assim que, mulher é o 
ser humano que possui identidade de gênero do sexo feminino. Assim, deve-se identificar o gênero conforme a 
identidade psíquica do agente. 
O mero homicídio da mulher, é denominado de femicídio. Haverá feminicídio quando estiverem presentes as 
razões do sexo feminino como causa do delito. 
 
 
 
 
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§ 2º-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: 
I - violência doméstica e familiar; 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
Para parte da doutrina a violência doméstica deve ter sempre uma motivação de gênero, ou seja, é necessário o 
dolo de explorar situação de vulnerabilidade da vítima mulher. 
O crime de feminicídio poderá ser praticado, inclusive, por outra mulher. 
Nesse sentido, expõe Rogério Sanches “a incidência da qualificadora reclama situação de violência praticada 
contra a mulher, em contexto caracterizado por relação de poder e submissão, praticado por homem ou por 
mulher sobre mulher em situação de vulnerabilidade”. 
A novel legislativa, contemplou uma hipótese de causa de aumento ao teor do §7º, do art. 121, do Código Penal. 
Senão, vejamos: 
A pena será aumentada no feminicídio, quando praticado contra gestante ou nos três meses posteriores ao parte. 
Cumpre destacar que, o agente deve conhecer desta condição, sob pena de caracterizar responsabilidade objetiva, 
vedada pelo Ordenamento Jurídico Brasileiro. 
É possível ainda aplicar a majorante, quando a vítima é menor de 14, maior de 60 ou portadora de deficiência 
(tanto a deficiência física quanto mental, pode levar a incidência da causa de aumento). É imprescindível que o 
agente conheça dessa característica, caso contrário, não haverá a aplicação da majorante. 
Por fim, é também causa de aumento, quando este for praticado na presença de descendente ou ascendente da 
vítima. 
No tocante a presença, questiona-se: deve ser física ou pode ser também virtual? 
Para a 1ª Corrente, defendida por Bitencourt a presença deve ser necessariamente física, pois em se tratando dedireito penal, deve ser feita uma interpretação restritiva. Por outro lado, para uma 2ª Corrente e majoritária 
(Rogério Greco; Rogério Sanches) defende ser possível a presença virtual, desde que simultânea/contemporânea, 
por exemplo, por Skype. 
Com as alterações oriundas da Lei nº 13.771 de 2018, a divergência perde o sentido tendo em vista 
que a própria legislação passou a reconhecer que a presença poderá ser tanto FÍSICA quanto VIRTUAL. 
A Lei nº 13.771/2018 alterou três causas de aumento de pena do feminicídio (art. 121, § 7º do 
Código Penal). 
 
 
 
 
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Vejamos as hipóteses anteriores ao advento da lei e o cenário atual. 
 
Antes da Lei 13.771/2018 ATUALMENTE 
Art. 121 (...) 
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 
(um terço) até a metade se o crime for 
praticado: 
Art. 121 (...) 
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 
(um terço) até a metade se o crime for 
praticado: 
I – durante a gestação ou nos 3 (três) meses 
posteriores ao parto; 
Não foi alterado. Continua a mesma redação. 
II – contra pessoa menor de 14 (quatorze) anos, 
maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência; 
II – contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, 
maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou 
portadora de doenças degenerativas que 
acarretem condição limitante ou de 
vulnerabilidade física ou mental; 
III – na presença de descendente ou de 
ascendente da vítima. 
III – na presença física ou virtual de 
descendente ou de ascendente da vítima; 
Não havia inciso IV. IV – em descumprimento das medidas 
protetivas de urgência previstas nos incisos I, 
II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 
7 de agosto de 2006. 
 
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: (Incluído 
pela Lei nº 13.104, de 2015); 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de 
doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; (Redação 
dada pela Lei nº 13.771, de 2018); 
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; (Redação dada pela Lei nº 
13.771, de 2018); 
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 
da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Incluído pela Lei nº 13.771, de 2018) 
 
A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (UM TERÇO) ATÉ A METADE se o crime for praticado: 
 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; 
 
 
 
 
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Segundo leciona Rogério Sanches, aplica-se a majorante desde o momento em que gerado o feto até três 
meses após o nascimento. O aumento da pena se justifica inclusive nas situações em que demonstrada a 
inviabilidade do feto, pois o objeto da proteção especial é a mulher em fase de gestação, não exatamente o feto. 
 
II – contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de 
doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; 
O legislador ao se referir à idade da vítima (menor de catorze ou maior de sessenta anos) o dispositivo 
repete o § 4º do art. 121. Ressalta-se, porém, que, nesta majorante, diferentemente daquela do § 4º, em que o 
aumento é fixo em um terço, o aumento é variável de um terço à metade. 
Outra figura da causa de aumento contempla a vítima com deficiência (física ou mental). 
Nessa linha, o conceito de pessoa portadora de deficiência é trazido pelo art. 2º da Lei nº 13.146, de 06 
de julho de 2015. E, com a alteração promovida pela Lei 13.771/18, majora- se também a pena se a vítima tem 
alguma doença degenerativa que provoque limitação ou vulnerabilidade física ou mental, como esclerose 
múltipla, esclerose lateral amiotrófica, Parkinson, Alzheimer, osteoporose, arteriosclerose, diabetes e alguns tipos 
de câncer. 
 
III – na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; 
Expressa o texto legal que o comportamento criminoso ocorra na presença do ascendente ou do 
descendente da vítima. 
A pena imposta ao feminicídio será aumentada se o delito foi praticado na presença (física ou virtual) 
de descendente ou de ascendente da vítima. Aqui a razão do aumento está no intenso sofrimento que o autor 
provocou aos descendentes ou ascendentes da vítima que presenciaram o crime, fato que irá gerar graves 
transtornos psicológicos. 
Diante do atual estágio de interação humana, em que ambientes de presença virtual são capazes de tornar 
a comunicação por meio de áudio e vídeo muito próxima da realidade, já sustentávamos, quando o § 7º foi 
incluído pela Lei 13.104/15, a possibilidade de interpretação extensiva do vocábulo presença para nele abarcar 
outras formas de interação que não a física, como chamadas com vídeo pela internet (Skype, por exemplo). 
Nessa linha, com a modificação promovida pela Lei 13.771/18, a majoração pela presença virtual é 
expressa. 
 
 
 
 
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IV – em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 
da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. 
Por meio da Lei 13.771/18, inseriu-se nova majorante para as situações em que o homicida comete o 
crime apesar da existência de medidas protetivas contra si decretadas nos termos da Lei Maria da Penha. O inciso 
I do art. 22 estabelece a medida de suspensão da posse ou restrição do porte de armas; o inciso II consiste no 
afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; e no inciso III temos a proibição de 
determinadas condutas, entre as quais: a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando 
o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas 
por qualquer meio de comunicação; c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade 
física e psicológica da ofendida. 
Desde a entrada em vigor da Lei 13.641, em abril de 2018, o descumprimento de medidas protetivas é 
crime punido com detenção de três meses a dois anos, mas, se ocorre no mesmo contexto da prática do homicídio, 
incide apenas a causa de aumento, afastando- se a figura criminosa autônoma diante do bis in idem provocado 
pela imputação simultânea. 
 
Vamos entender melhor esse inciso com um exemplo: 
Carla decidiu se separar de Pedro. Este, contudo, continuou a procurá-la insistentemente e a fazer 
ameaças caso ela não reatasse o relacionamento. 
Diante disso, Carla procurou a Delegacia pedindo que fossem tomadas providências. 
A autoridade policial lavrou o boletim de ocorrência e enviou um expediente ao juiz com o pedido de 
Carla para que Pedro não se aproximasse mais dela (art. 12, III, da Lei nº 11.340/2006). 
O juiz deferiu o pedido da ofendida e determinou, como medidas protetivas de urgência, que Pedro 
mantivesse distância mínima de 500 metros de Maria e não tentasse nenhum contato com ela por qualquer meio 
de comunicação, conforme autoriza o art. 22, III, “a” e “b”, da Lei nº 11.340/2006: 
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o 
juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de 
urgência, entre outras: 
(...) 
 
 
 
 
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III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: 
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância 
entre estes e o agressor; 
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação; 
(...) 
Na decisão, o magistrado consignou ainda que, em caso de descumprimento de quaisquer das medidas 
impostas, seria aplicada ao requerido multa diáriade R$ 100, conforme previsto no § 4º, do art. 22 da Lei nº 
11.340/2006. 
Quais as consequências caso o indivíduo descumpra as medidas protetivas de urgência? 
• é possível a execução da multa imposta; 
• é possível a decretação de sua prisão preventiva (art. 313, III, do CPP); 
• o agente responderá pelo crime do art. 24-A da Lei Maria da Penha: 
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. 
Continuando em nosso exemplo: 
Pedro foi regularmente intimado. Apesar disso, uma semana depois procurou Carla em sua casa pedindo 
para que ela retomasse o relacionamento. Como ela não aceitou, Pedro a matou com uma faca. 
Neste caso, Pedro responderá por feminicídio e incidirá a causa de aumento de pena prevista no art. 121, 
§ 7º, IV, do CP. 
Pergunta: responderá também pelo art. 24-A do CP? 
NÃO. Isso porque o delito do art. 24-A do CP é absorvido pela conduta mais grave, qual seja, a prática 
do art. 121, § 7º, IV, do CP. 
Fazer incidir o art. 24-A da Lei nº 11.340/2006 e também pelo inciso IV do § 7º do art. 121 do CP 
representaria punir duas vezes o agente pelo mesmo fato (bis in idem), o que é vedado. 
Fonte: https://www.dizerodireito.com.br/2018/12/comentarios-lei-137712018-altera-as.html 
 
f) Homicídio funcional 
 
 
 
 
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A Lei 13.142/15 alterou o art. 121, § 2º, do CP, nele acrescentando mais uma circunstância qualificadora (VII), 
assim redigida: 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema 
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra 
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3º grau, em razão dessa condição. 
A Lei alterou, ainda, o art. 129, acrescentando ao tipo um novo parágrafo (§12), majorando a pena da lesão 
corporal (dolosa, leve, grave, gravíssima ou seguida de morte) de um a dois terços quando praticada contra 
autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da 
Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, 
companheiro ou parente consanguíneo até 3º. grau, em razão dessa condição. 
Por fim, foi alterada a Lei 8.072/90. De modo que, o homicídio e a lesão corporal gravíssima ou seguida de 
morte, quando praticados contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, 
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em 
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3º. grau, em razão dessa 
condição passam a ser etiquetados como hediondos (inc. I-A). 
A justificativa apresentada pelo Congresso para aprovar a novel Lei pode assim ser resumida: tentar prevenir ou 
diminuir crimes contra pessoas que atuam na área de segurança pública, pessoas que atuam no “front” no 
combate à criminalidade. A mudança, de acordo com a Casa de Leis, é crucial para fortalecer o Estado 
Democrático de Direito e as instituições legalmente constituídas para combater o crime, em especial o 
organizado, o qual planeja criar pânico e o descontrole social, quando um ator do combate à criminalidade é 
vítima de homicídio. 
Além dos motivos expostos, a regulamentação do denominado homicídio funcional é resultado da valorização 
do funcionário público que trabalha com a segurança pública. 
Vejamos as circunstâncias que justificam a punição mais severa. 
a) contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal 
Trata-se de uma norma penal em branco, pois o art. 121, §2º, VII será complementado pela Constituição Federal. 
O art. 142 da CF/88 abrange as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, 
instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a 
autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes 
constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. 
 
 
 
 
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Já o art. 144 disciplina os órgãos de segurança pública: polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia 
ferroviária federal, polícias civis, polícias militares e corpos de bombeiros militares. 
Abrange os guardas civis (municipais ou metropolitanos)? 
Segundo o professor Rogério Sanches, entende-se que estariam englobados os guardas civis. (Art. 144, §8º, da 
Constituição Federal). Além disso, o Estatuto das guardas municipais enquadra os guardas civis como 
colaboradores dos órgãos de segurança pública. 
➢ A guarda municipal encontra-se previsto ao teor do art. 144, §8º da CF, logo, o homicídio praticado em 
face deste por razões de sua função, será, igualmente, qualificado. 
b) integrantes do sistema prisional 
Abrange não apenas os agentes presentes no dia-a-dia da execução penal (Diretor de Presídio, agentes 
penitenciários, etc), mas também aqueles que atuam em etapas determinadas, por exemplo, membros do 
Conselho Penitenciário, Membros da Comissão de Exame Criminológico. 
➢ Nos integrantes do sistema prisional englobam-se, conforme entendimento da doutrina majoritária, tanto 
os agentes que atuam diretamente na execução (agentes penitenciários, diretor) quanto indiretamente no 
sistema prisional (membros do Conselho Penitenciário, Membros da Comissão de Exame 
Criminológico). 
c) integrantes da Força Nacional de Segurança Pública; 
O Departamento da Força Nacional de Segurança Pública ou Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), 
criado em 2004, com sede em Brasília/DF, é um programa de cooperação de segurança pública brasileiro, 
coordenado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), do Min. da Justiça. 
- Polícia da União. 
Atenção: Nos três casos a qualificadora pressupõe que o crime tenha sido cometido contra agente no exercício 
da função ou em razão dela. 
Observação 
Policial Aposentado 
➢ Segundo Rogério Greco, e compartilhando desse mesmo entendimento o professor Rogério Sanches, o 
policial aposentado também pode ser sujeito passivo do homicídio funcional, desde que a conduta que 
motivou o homicídio seja praticada quando este ainda se encontrava no exercício de suas funções. In 
 
 
 
 
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casu, o homicídio terá sua aplicação em virtude da segunda modalidade possível de ser praticado do 
homicídio, qual seja, “em razão da função”. 
 
Exemplo: Policial realizou a prisão de determinado sujeito no último dia de seu exercício. Dois anos depois, 
após ser solto aquele procura o policial, e em virtude da prisão realizada a época, realiza o homicídio do policial. 
No exemplo, fica nítido que o homicídio foi em decorrência da função, ainda que praticado só mais adiante 
quando o sujeito livrou-se solto. 
Para uma segunda corrente, minoritária não compartilha desse entendimento, argumentando que o policial 
aposentado não é mais considerado autoridade, assim, não poderia ser vítima do homicídio funcional. 
d) contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3º. grau. 
Os crimes de homicídio e lesão serão punidos mais severamente, de acordo com a Lei 13.142/15, quando 
cometidos contra o cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3º grau dos agentes descritos nas alíneas 
anteriores. 
É indispensável que o crime tenha sido praticado em razão daquela condição, por exemplo, matou para atingir 
indiretamente a figura da autoridade. 
O filho adotivo está abrangido na proteção conferida por este inciso VII? Se um filho adotivo do policial é morto 
como retaliação por sua atuação funcional haverá homicídio qualificado com base no art. 121, § 2º, VII, do 
CP? 
Obs.: Os filhos adotivos não foram abrangidos pela referida lei, estando assim excluídos. 
Observações finais 
➢ É possível que um homicídio seja qualificado-privilegiadose a circunstância qualificadora for de 
natureza objetiva, lembrando que o privilégio tem sempre natureza subjetiva. 
- Todo privilégio é de natureza subjetiva. 
➢ Segundo posicionamento do STJ, com relação ao motivo torpe, a vingança pode ou não configurar a 
qualificadora, a depender da causa que a originou. 
➢ O STJ tem posicionamento de que a qualificadora da paga ou promessa de recompensa é elementar e, 
por isso, comunica-se ao mandante. AgRg no REsp 912491. 
➢ De acordo com o entendimento majoritário, a ausência de motivo não se confunde com o motivo fútil. 
➢ TJDFT – Decisão - Acordão 90.47181– divergindo da doutrina majoritária, discorreu que a qualificadora 
do homicídio pelo feminicídio seria de natureza objetiva. 
 
 
 
 
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6. Homicídio Culposo 
§ 3º Se o homicídio é culposo: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
Trata-se de infração penal de médio potencial ofensivo, admite suspensão condicional do processo – art. 89 da 
Lei dos Juizados Especiais Criminais. 
Aumento de pena 
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra 
técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura 
diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena 
é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 
(sessenta) anos. 
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração 
atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
6.1 Conceito 
Segundo ensina Rogério Sanches, o homicídio culposo ocorre quando o agente, com manifesta imprudência, 
negligencia ou imperícia, deixa de aplicar a atenção ou diligência de que era capaz, provocando, com sua 
conduta, o resultado morte, previsto (culpa consciente) ou previsível (culpa inconsciente), jamais querido ou 
aceito. 
a) Imprudência: precipitação, afoiteza. 
Obs.: a imprudência se manifesta concomitantemente ação, ou seja, está presente no decorrer da conduta que 
comina no resultado involuntário. Ex.: conduzir veículo em alta velocidade em dia de chuva. 
b) Negligência: ausência de precaução. 
Obs.: ao contrário da imprudência, a negligência revela-se ANTES de se iniciar a conduta. Ex.: conduzir veículo 
automotor com pneus gastos. 
c) Imperícia: falta de aptidão técnica para o exercício de arte ou profissão. Ex.: condutor troca o pedal do 
freio por pedal da embreagem, não conseguindo parar o automóvel. 
ATENÇÃO! Na denúncia, o Ministério Público deve apontar a forma de violação do dever de diligência, 
descrevendo no que consiste. 
 
 
 
 
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Obs.1: A culpa concorrente da vítima não exime o agente de responsabilidade. O direito penal, diferentemente 
do direito civil, não admite compensação de culpas. 
Obs.2: A culpa exclusiva da vítima, não gera qualquer responsabilidade para o agente. 
6.2 Homicídio culposo do CP versus Homicídio culposo do CTB 
O homicídio culposo previsto no código penal não deve ser confundido com o homicídio culposo praticado na 
direção de veículo automotor previsto ao teor do art. 302 do CTB. Na hipótese do art. 302 do CTB, a morte 
deverá ocorrer na CONDUÇÃO do veículo automotor. 
➢ O homicídio culposo do Código Penal admite, em face do quantum de sua pena, a suspensão condicional 
do processo (art. 89, Lei nº 9.099/95), ao passo que, o homicídio culposo do CTB não permite, posto que 
nos termos do art. 89 somente será aplicado quando a pena mínima não ultrapassa um ano, e o art. 302 
do CTB possui pena mínima de 2 anos. 
➢ É imprescindível para a tipificação do homicídio culposo do CTB que o indivíduo esteja na condução do 
veículo automotor. 
6.3 Causa de aumento 
Nos termos do §4º do Código Penal, no homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime 
resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato 
socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. 
a) Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício (negligência profissional) 
Negligência Profissional Imperícia 
O agente tem aptidão para o exercício do mister, 
mas não observa os conhecimentos que possui. 
O agente não tem aptidão para o exercício. 
Demonstra a falta de conhecimento técnico. 
 
A negligência profissional, que tipifica a conduta e majora a pena, caracteriza “bis in idem”? 
1ª Corrente: O STF, no HC 86.969/RS afastou a tese do bis in idem. 
Nessa situação, não há que se falar em bis in idem. Isso porque o legislador, ao estabelecer a circunstância 
especial de aumento de pena prevista no referido dispositivo legal, pretendeu reconhecer maior reprovabilidade 
à conduta do profissional que, embora tenha o necessário conhecimento para o exercício de sua ocupação, não 
o utilize adequadamente, produzindo o evento criminoso de forma culposa, sem a devida observância das regras 
técnicas de sua profissão. De fato, caso se entendesse caracterizado o bis in idem na situação, ter-se-ia que 
concluir que essa majorante somente poderia ser aplicada se o agente, ao cometer a infração, incidisse em pelo 
 
 
 
 
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menos duas ações ou omissões imprudentes ou negligentes, uma para configurar a culpa e a outra para a 
majorante, o que não seria condizente com a pretensão legal. Informativo 520, STJ. 
 
2ª Corrente: O STF, no HC 95.078/RJ reconheceu bis in idem. 
b) Omissão de Socorro 
“...ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, 
ou foge para evitar prisão em flagrante”. 
Na hipótese da omissão de socorro servir como causa de aumento, não poderá também configurar o art. 135 do 
Código Penal, evitando-se bis in idem. Trata-se de caso de crime culposo majorado dolosamente. O crime é 
culposo, mas esse é majorado por um crime doloso (omissão de socorro). 
Obs.1: Na hipótese da vítima ser socorrida imediatamente por terceiros, não incide a majorante. Salvo, se 
evidente a omissão por parte do agente. 
Obs.2: Morte instantânea da vítima 
Se a vítima tiver morte instantânea, tal circunstância, por si só, é suficiente para afastar a causa de aumento de 
pena prevista no § 4º do art. 121? NÃO. No homicídio culposo, a morte instantânea da vítima não afasta a causa 
de aumento de pena prevista no art. 121, § 4º, do CP, a não ser que o óbito seja evidente, isto é, perceptível por 
qualquer pessoa. STJ. 5ª Turma. HC 269.038-RS, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 2/12/2014 (Info 554, 
STJ). 
Cuidado! Se o autor do crime, apesar de reunir condições de socorrer a vítima, não o faz, concluindo pela 
inutilidade da ajuda em face da lesão provocada, não escapa do aumento de pena (STF HC 84.380/MG). 
c) Não procura diminuir as consequências do comportamento 
d) Fuga para evitar a prisão em flagrante 
Segundo a doutrina, duas são as razoes da referida causa de aumento. 1º) o agente que foge demonstra a sua 
ausência de escrúpulo; 2º) fica mais difícil investigação e incerta a punição. 
Há doutrina argumentando que essa majorante é inconstitucional, isso porque obrigar o individuo a permanecer 
no local do crime é obriga-lo a produzir prova contra si mesmo, desrespeitando assim o princípio do nemo tenetur 
se detegere. 
 
 
 
 
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Em consonância ao disposto, o STF no Informativo 923 se manifestou sobre a matéria porém no âmbito do CTB, 
mas que pode ser aplicado ao caso em comento. 
O art. 305 do CTB é constitucional e não viola o princípio da não autoincriminação 
A regra que prevê o crime do art. 305 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) é constitucional, posto não infirmar 
o princípio da não incriminação, garantido o direito ao silêncio e ressalvadas as hipóteses de exclusão da 
tipicidadee da antijuridicidade. STF. Plenário. RE 971.959/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 14/11/2018 
(repercussão geral) (Info 923). 
Em que consiste o crime? 
O agente se envolve em um acidente de trânsito e foge do local para não ser identificado e não ter que responder 
a um processo criminal ou uma ação de indenização. 
“(...) o condutor, uma vez verificado o acidente, simplesmente abandona o local, não aguardando a realização 
das providências de identificação dos veículos, dos condutores, e demais anotações, a cargo da autoridade de 
trânsito, e mesmo dos outros envolvidos.” (RIZZARDO, Arnaldo. Comentários ao Código de Trânsito brasileiro. 
9ª ed., São Paulo: RT, 2013, p. 627). 
Discussão quanto à constitucionalidade deste crime 
Os Tribunais de Justiça dos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul possuíam 
entendimento no sentido de que este crime do art. 305 do CTB seria inconstitucional ou, pelo menos, 
inconvencional. Isso porque ele violaria o direito à não autoincriminação. 
O direito à não autoincriminação é uma decorrência da ampla defesa, prevista no art. 5º, LV e LXIII. 
Além disso, o Pacto de San José da Costa Rica (Convenção Americana de Direitos Humanos), que vige em nosso 
ordenamento jurídico com caráter supralegal, estabelece em seu artigo 8º, inciso II, alínea “g”, que “toda pessoa 
tem direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a declarar-se culpada”. 
Essa discussão chegou finalmente ao STF. O que decidiu o STF? O art. 305 do CTB é constitucional ou 
não? 
O art. 305 do CTB é constitucional. 
O STF, em repercussão geral, fixou a seguinte tese: A regra que prevê o crime do art. 305 do Código de Trânsito 
Brasileiro (CTB) é constitucional, posto não infirmar o princípio da não incriminação, garantido o direito ao 
silêncio e ressalvadas as hipóteses de exclusão da tipicidade e da antijuridicidade. STF. Plenário. RE 971.959/RS, 
Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 14/11/2018 (repercussão geral) (Info 923). 
 
 
 
 
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Sendo doloso, por sua vez, o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra 
pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 
 
6.4 Perdão judicial 
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração 
atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
O §5º do art. 121 do Código Penal consagra o perdão judicial, que será aplicado quando o homicídio culposo e 
o atinge o agente de forma tão grave que a pena torna-se desnecessária (bagatela impropria). 
Exemplo: Pai que esquece o filho dentro do carro e este vem a falecer. 
Conforme ensina Rogério Sanches, o perdão judicial é o instituto pelo qual o juiz, não obstante a pratica de um 
fato típico e antijurídico por um sujeito comprovadamente culpado, deixa de lhe aplicar, nas hipóteses 
taxativamente previstas em lei, o preceito sancionador cabível, levando em consideração determinadas 
circunstâncias que concorrem para o evento. 
Ao conferir o perdão judicial, o Estado está demonstrando a sua ausência de interesse de punir, sendo causa 
extintiva da punibilidade. 
Observações 
➢ O perdão judicial dispensa relação de parentesco ou amizade entre o agente e a vítima. 
➢ O art. 121, §5º do CP, permite o perdão judicial quando o agente sofre as consequências do homicídio 
culposo tornando a pena desnecessária. Permite-se, jurisprudencialmente a aplicação do perdão no crime 
do art. 302 do CTB (homicídio culposo no trânsito), pois o art. 300 que tratava do perdão neste Código 
foi vetado por não ser abrangente o bastante. Assim, aplica-se por analogia o citado §5º do art. 121 do 
Código Penal. 
➢ A sentença que concede o perdão judicial é extintiva da punibilidade e não gera qualquer efeito penal ou 
extrapenal. Nesse sentido, a súmula 18 do STJ: 
A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, 
não subsistindo qualquer efeito condenatório. 
 
6.5 Perdão Judicial versus Perdão do Ofendido 
 
 
 
 
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O perdão judicial é conferido pelo juiz, constituindo-se em ato unilateral. Cabível somente nos casos 
expressamente previstos em lei. Trata-se de causa de extinção da punibilidade. 
Por outro lado, o perdão do ofendido é oferecido pelo mesmo, sendo bilateral, sendo necessário ser aceito para 
extinguir a punibilidade, cabível nos crimes de ação de iniciativa privada. 
6.6 Natureza Jurídica da sentença concessiva do perdão judicial 
1ª Corrente: Condenatória → argumenta que a sentença, primeiramente condena, para posteriormente conceder 
o perdão. Em sendo condenatória, geraria efeitos penais, interrompe a prescrição e serve de título executivo. 
2ª Corrente: Declaratória extintiva da punibilidade → a referida sentença apenas declara. Assim, não gera efeitos 
penais e extrapenais. Não interrompe a prescrição, bem como, não serve como título executivo. 
Capez ensina que, adotando-se a segunda corrente (Sentença Declaratória Extintiva da Punibilidade), o perdão 
judicial pode ser concedido na fase de IP. 
Obs.: Rogério Sanches discorda da posição de Capez, sob o argumento de que o perdão judicial reconhece culpa. 
Logo, não se pode ser concedido na fase do Inquérito, procedimento inquisitivo. É imprescindível o devido 
processo legal. 
Prevalece a 2ª Corrente, nesse sentido, inclusive a Súmula 18 do STJ, “a sentença concessiva do perdão judicial 
é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório”. 
Por outro lado, o art. 120 do Código Penal dispõe “a sentença que conceder perdão judicial não será 
considerada para efeitos de reincidência”. 
Obs.: Segundo Rogério Sanches, o art. 120 do Código Penal só tem sentido para aqueles que defendem a natureza 
condenatória da sentença concessiva do perdão judicial. Caso fosse declaratória, não seria necessário um artigo 
dispondo que não subsistira efeitos penais, posto que se não fosse condenatória, não geraria qualquer efeito. 
7. Causa de Aumento do Homicídio Doloso 
A Lei 12.720, de 27 de setembro de 2012, acrescentou ao art. 121 mais um parágrafo (§ 6°), majorando a pena 
do homicídio doloso (simples, privilegiado ou qualificado) quando praticado por milícia privada, sob o pretexto 
de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. 
Art. 121. § 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, 
sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. 
 
 
 
 
 
 
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Induzimento , Instigação e Auxilio ao Suicídio 
 Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio 
 Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: 
 Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da 
tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. 
 Parágrafo único - A pena é duplicada: 
 Aumento de pena 
 I - se o crime é praticado por motivo egoístico; 
 II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. 
a) Conduta 
Induzimento é incutir na mente alheia a ideia do suicídio. 
Instigação é reforçar o propósito suicida preexistente. 
Auxílio é a efetiva assistência material, emprestando objetos ou indicando meios, sem 
intervir nos atos executórios. 
 
No tocante ao auxílio, este deverá ser acessório. Deixa de haver participação em suicídio quando o auxílio 
intervém diretamente nos atos executórios, caso em que o agente colaborador responderá por homicídio. 
b) Sujeitos 
Sujeito Ativo: trata-se de crime comum. Assim, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do referido crime. 
Sujeito Passivo: qualquer pessoa que possua um mínimo de capacidade de resistência e de discernimento, 
pois, em caso contrário (resistência nula), estarácaracterizado o crime de homicídio. 
Lembre-se! Sendo o sujeito passivo incapaz, o crime praticado por quem induziu, instigou ou auxiliou será 
de homicídio. 
c) Consumação e Tentativa 
Ocorre com a morte da vítima ou com a produção de lesão corporal de natureza grave (expressão que abrange a 
lesão grave e a lesão gravíssima – CP, art. 129, §§ 1º e 2º). 
 
 
 
 
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Segundo ensina Cleber Masson, não é possível a tentativa, pois a lei só pune o crime se o suicídio se consuma, 
ou se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. Cuida-se de crime condicionado, em que 
a punibilidade está sujeita à produção de qualquer dos resultados legalmente exigidos. 
Vamos lembrar?! Candidato, em que consiste o chamado crime condicionado? Excelência, são aqueles crimes 
cuja punibilidade está sujeita à produção de um resultado legalmente exigido no tipo penal, por exemplo, a 
participação em suicídio, em que só há punição se resultar morte ou lesão corporal de natureza grave. 
 
→JÁ CAIU CESPE/2015: Situação hipotética: Telma, sabendo que sua genitora, Júlia, apresentava sérios 
problemas mentais, que retiravam dela a capacidade de discernimento, e com o intuito de receber a herança 
decorrente de sua morte, induziu-a a cometer suicídio. Em decorrência da conduta de sua filha, Júlia cortou os 
próprios pulsos, mas, apesar das lesões corporais graves sofridas, ela não faleceu. Assertiva: Nessa situação, 
Telma cometeu o crime de induzimento, instigação ou auxílio a suicídio, na forma consumada. ERRADO, tendo 
em vista que a questão diz que "Júlia, apresentava sérios problemas mentais, que retiraram dela a capacidade de 
discernimento", conclui-se que ela não tinha discernimento, logo a conduta da Telma se enquadra no tipo penal 
de homicídio, e não auxilio ao suicídio. Como não logrou êxito, na modalidade tentada. Ademais, levando-se 
em consideração o motivo que ensejou a pratica do crime, qual seja, receber a herança oriunda de sua morte, o 
mesmo configura-se como torpe. Pelo exposto, deverá responder por tentativa de homicídio qualificado (pelo 
motivo torpe). 
→JÁ CAIU CESPE: Se um fanático religioso conclamar, em TV aberta, que todos os espectadores cometam 
suicídio para salvar-se do juízo final, e se, estimuladas pelo entusiasmo do orador, várias pessoas cometerem 
suicídio, ter-se-á, nessa hipótese, a tipificação da prática, pelo fanático orador, do crime de induzimento ou 
instigação ao suicídio. ERRADO, o crime de induzimento, instigação ou auxilio ao suicídio deve ser 
praticado em face de vítima determinada, e não, genericamente como no caso em questão. 
d) Causa de aumento de pena 
A pena será duplicada se o agente é movido por motivo egoístico, ou se a vítima é menor ou diminuída a 
capacidade de resistência. 
e) Ação Penal 
Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada. 
Infanticídio 
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: 
Pena - detenção, de dois a seis anos. 
 
 
 
 
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a) Conduta 
Constitui-se crime de Infanticídio, conforme prevê o art. 123, do Código Penal, “matar, sob a influência do estado 
puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após”. 
Segundo Cleber Masson, o infanticídio constitui-se em forma privilegiada de homicídio em que o legislador previu 
uma pena menor pelo fato de ser praticado ela mãe contra seu filho, nascente ou recém-nascido, durante o parto 
ou logo após, influenciada pelo estado puerperal. Possui iguais elementares do crime de homicídio, mas também 
elementos especializantes atinentes aos sujeitos, ao tempo e à motivação do crime. Não se exige qualquer finalidade 
especial para favorecer a mãe com a figura típica privilegiada, bastando esteja ela influenciada pelo estado puerperal. 
É preciso identificar o momento em que o feto passa a ser considerado nascente, a fim de diferenciar o infanticídio 
durante o parto do crime de aborto. Assim, o parto tem início com a dilatação, seguida da expulsão e terminando 
com a expulsão da placenta. A morte do ofendido, em qualquer dessas fases, tipifica o crime de infanticídio. 
O critério adotado é o fisiopsicológico, levamos em consideração se a mãe está sob o estado puerperal (perturbação 
física e psicológica que a mulher sofre por desencadeio da gravidez/parto). 
Mas o que é o estado puerperal? 
Conforme Cleber Masson, estado puerperal é o conjunto de alterações físicas e psíquicas que acometem a mulher 
em decorrência das circunstâncias relacionadas ao parto e que afetam sua saúde mental. 
“Logo após o parto” → um lapso temporal breve após o parto. 
É necessário um laudo médico pericial para averiguar se a mãe ainda estava sob o estado puerperal, visto que se 
não estiver, responderá pela delito de homicídio. Cumpre destacar, que na dúvida, ou seja, se não houver conclusão 
no laudo, responderá por infanticídio, princípio do in dubio pro reu. 
b) Sujeitos 
Sujeito ativo é a mãe, o sujeito passivo, por sua vez, é o filho que acabou de nascer. (o próprio filho, 
durante o parto ou logo após), trata-se de crime bipróprio, exigindo-se qualidade especial tanto do sujeito ativo 
quanto do sujeito passivo. 
c) Possibilidade de concurso de agentes 
Se alguém ajudar a mãe, sabendo da sua condição, responderá também pelo delito de infanticídio. 
A doutrina, em sua maioria, admite o concurso de agente? Participação e coautoria, 
concluindo que o estado puerperal é elementar subjetiva do tipo, comunicável, pois nos 
termos propostos pelo artigo 30 do Código Penal. 
d) Erro quanto à pessoa e suas consequências jurídicas no crime de Infanticídio 
 
 
 
 
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Na hipótese de erro quanto a pessoa, quando a mãe acreditando que vai matar seu próprio filho, acaba errando e 
mata outra criança, responderá ainda por infanticídio, visto que neste caso deverá se levar em consideração as 
características de quem deseja alcançar. 
Nos termos do que dispõe o artigo 20§3º do CP, o erro quanto a pessoa contra qual o crime 
é praticado não isenta o agente de pena. Contudo, neste caso, não se consideram as 
condições ou qualidades da vítima real, senão as da pessoa contra quem o agente queria 
praticar o crime (vítima virtual). Assim, se a mãe, sob influência do estado puerperal, logo 
após o parto, pensando ser seu filho – vitima virtual, acaba, por engano, matando filho 
alheio – vitima real, pratica o crime de infanticídio, posto que será considerado as 
qualidades daquele que deseja afetar. 
e) Ação Penal 
Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada. 
f) Competência 
Refere-se a crime contra a vida, assim sendo, é da competência do Tribunal do Júri. 
g) Inaplicabilidade dos institutos despenalizadores 
Trata-se de crime de maior potencial ofensivo, logo, não é cabível as medidas despenalizadoras da Lei dos Juizados 
Especiais Criminais. 
 ASSERTIVA CESPE: O infanticídio representa hipótese de homicídio privilegiado, contendo o tipo penal 
um elemento subjetivo personalíssimo, qual seja, a influência do estado puerperal. CORRETO. 
 
→JÁ CAIU CESPE: Considere que uma mulher, logo após o parto, sob a influência do estado puerperal, 
estrangule seu próprio filho e acredite tê-lo matado. Entretanto, o laudo pericial constatou que, antes da ação da 
mãe, a criança já estava morta em decorrência de parada cardíaca. Nessa situação, a mãe responderá pelo crime de 
homicídio, com a atenuante de ter agido sob a influência do estado puerperal. ERRADO, nessa hipótese haverá a 
incidência do crime impossível por absoluta impropriedade do objeto. Nesse sentido, o Art. 17 do Código Penal - 
não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é 
impossível consumar-se o crime. 
Aborto 
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento 
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: (Vide ADPF 54) 
 
 
 
 
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Pena- detenção, de um a três anos. 
Aborto provocado por terceiro 
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão, de três a dez anos. 
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: (Vide ADPF 54) 
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é 
alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência 
Forma qualificada 
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência 
do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e 
são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. 
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54) 
Aborto necessário 
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro 
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando 
incapaz, de seu representante legal. 
1. Conceito de Aborto 
Segundo ensina Rogério Sanches, o aborto é a interrupção da gravidez com a destruição do produto da 
concepção. 
É pressuposto do crime de aborto: gravidez. Nesse contexto, questiona-se, qual o termo inicial da gravidez? 
a) Fecundação? 
b) Nidação? 
Para o Ordenamento Jurídico em geral, prevalece que é com a nidação, implantação do óvulo fecundado ao 
endométrio, o que justifica a pílula do dia seguinte não ser método abortivo. 
2. Abortamento x Aborto 
Abortamento é a conduta criminosa (interrupção da gravidez) e o aborto, por sua vez, é o resultado. 
 
 
 
 
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Abortamento Aborto 
Conduta criminosa 
- interrupção da gravidez 
Resultado 
- Feto sem vida 
 
3. Espécies de Aborto 
a) Aborto natural: interrupção espontânea da gravidez. Trata-se de indiferente penal. Esse evento não interessa 
para o mundo do direito penal. 
b) Aborto acidental: por si só, não interessa para o direito penal. 
c) Aborto criminoso: aqueles tipificados pelo código penal como crime: 
d) Aborto legal ou permitido: contempla as hipóteses excepcionais em que será admitido o aborto. Por exemplo, 
aborto para salvar a vida da gestante (aborto necessário, e ainda, o aborto sentimental – decorrente de 
gravidez ocasionado por estupro). 
e) Aborto miserável ou econômico-social: trata-se de aborto praticado por razoes de miséria, incapacidade 
financeira para sustentar a vida futura. 
Segundo Cleber Masson, e interrupção da gravidez fundada em razões econômicas ou sociais, quando a gestante 
ou sua família não possuem condições financeiras para cuidar da criança, ou até mesmo por políticas públicas 
baseadas no controle da natalidade. Há crime, pois o sistema jurídico em vigor não autoriza o aborto nessas 
situações. 
Obs.: Decisão do STJ – Recente. Além disso, o projeto do Novo Código Penal, seria possível essa espécie de 
aborto até a 12ª semana. 
f) Aborto eunenésico/eugênico: praticado em face dos comprovados riscos de vida de que o feto nasça com 
graves anomalias psíquicas ou físicas. 
Observação: O STF, ao autorizar o aborto de feto anencefálico, relativizou a criminalização do aborto eugênico. 
g) Aborto “honoris causa”: realizado com a finalidade de esconder gravidez proveniente de adultério. 
Atenção! Qual infração penal pratica aquele que anuncia produtos ou métodos abortivos? 
Não pratica crime de aborto, mas contravenção penal prevista ao teor do art. 20 da LCP. Vejamos: 
Anunciar processo, substancia ou objeto destinado a provocar aborto: Pena – multa de hum 
mil cruzeiros a dez mil cruzeiros. 
→Não se esqueça! Constitui contravenção penal a conduta de anunciar processo, substância ou objeto destinado 
a provocar aborto (art. 20 do Decreto-lei 3.688/1941, LCP). 
 
 
 
 
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4. Aborto Criminoso 
4.1 Aborto provocado pela gestante ou com consentimento da gestante 
Art. 124. Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: Pena – detenção, de um a três 
anos. 
Trata-se de infração penal de médio potencial ofensivo, admite suspensão condicional do processo nos termos 
do art. 89 da Lei dos Juizados Especiais Criminais. 
a) Sujeitos 
Sujeito Ativo: Gestante. 
1ª corrente: defende que trata-se de crime de mão própria, só podendo ser praticado pela gestante. Admite-
se participação, mas não coautoria. O terceiro, responde nas penas do art. 126 do Código Penal. (Prevalece 
nos Concursos Públicos). 
 
Nessa linha, corroborando ao exposto, ensina Cleber Masson, os crimes previstos no art. 124 do Código 
Penal são de mão própria (somente a gestante pode cometê-los). Admitem apenas participação, e são 
incompatíveis com a coautoria, salvo se adotada, no tocante à autoria, a teoria do domínio do fato. 
2ª Corrente: argumenta que trata-se de crime próprio. Assim, admite participação e coautoria. Todavia, o 
coautor responde pelo crime do art. 126. Trata-se de exceção pluralista a teoria monista. 
 
Teorias sobre o Concurso de Pessoas 
Teoria monista → Todos que concorrem para a prática de um crime responderão por ele, independentemente de 
serem autores ou partícipes. A teoria monista defende que haverá um crime único para todos aqueles que praticaram 
o delito. 
Teoria pluralista → No pluralismo há múltiplas tipificações para cada um dos agentes que busca um mesmo 
resultado. Exemplo: Aborto – a gestante que autoriza responde pelo delito do art. 124 do CP e o médico que realiza 
o aborto pelo delito do art. 126 do CP. 
Sujeito passivo: 
1ª Corrente: aponta ser o Estado o titular de direitos, isso porque não sendo o feto titular de direito, salvo 
aqueles previstos na lei civil, o sujeito passivo é apenas o Estado. 
2ª Corrente: o feto é o sujeito passivo. (Prevalece)! 
 
 
 
 
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37 
A referida discussão ganha relevância quando tratamos do aborto de gêmeos, posto que se o sujeito passivo 
for o feto, estaremos diante de concurso de crimes. 
b) Conduta 
b.1 Auto-aborto: a própria gestante provoca a interrupção da gravidez (valendo-se de qualquer meio). 
b.2 Consentimento para que outrem lho provoque: a gestante apenas consente, ficando a execução a cargo 
de terceiro provocador (autor do art. 126 do CP). 
c) Consumação 
O crime de aborto consuma-se com a morte do feto. Não importa se a morte do feto ocorreu dentro ou fora do 
ventre materno, desde que em decorrência das manobras abortivas. Trata-se de crime material. 
Dá-se com a morte do feto, no útero materno ou depois da prematura expulsão provocada pelo agente. 
É plenamente possível a tentativa. 
Gestante realiza manobras abortivas 
Se em decorrência das manobras 
abortivas, o feto nasce sem vida. 
Conclusão: crime de aborto – art. 
124, CP 
Se o feto nasce com vida, mas 
morre logo após em razão das 
manobras abortivas. 
Conclusão: permanece sendo 
aborto – art. 124, CP. 
Se o feto nasce com vida e morre 
despois da gestante renovar a 
execução (vida extrauterina). 
Conclusão: homicídio – art. 121. 
Podendo ser também infanticídio, 
caso esteja no estado puerperal. 
 
4.2 Aborto provocado por terceiro 
Art. 125. Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: 
Pena – reclusão, de três a dez anos. 
No aborto provocado por terceiro, sem o conhecimento da gestante, duas situações são possíveis: (a) não houve 
efetivamente o consentimento da gestante; ou (b) houve consentimento, mas sem efeitos jurídicos válidos, pois 
incide uma das situações indicadas pelo art. 126, parágrafo único, do Código Penal. É crime de dupla 
subjetividade passiva, pois existem duas vítimas: o feto e a gestante. Se a mulher estiver grávida de gêmeos (ou 
trigêmeos), e esta circunstância for do conhecimento do terceiro, haverá dois (ou três) crimes de aborto, em 
concurso formal impróprio ou imperfeito (CP, art. 70, caput, parte final) – se esse fato não for conhecido, 
responderá

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