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VERA LUCIA MESSIAS FIALHO CAPELLINI 
OLGA MARIA PIAZENTIN ROLIM RODRIGUES 
 
Organizadoras 
 
 
 
 
 
 
 
 
VIVÊNCIAS DO CURSO DE PRATICAS EDUCACIONAIS 
INCLUSIVAS NA MODALIDADE EAD: 
RELATOS DOS CURSISTAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNESP/FC 
BAURU 
2012 
 
 
@ 2012 - Faculdade de Ciências. Bauru/UNESP – ISBN 978-85-99703-66-3 
www.fc.unesp.br 
Av . Eng. Luiz Edmundo C. Coube, 14 -01 
17033-360 - Bauru-SP-Brasil 
Telef. (14) 3103 6000 
 
Permitido a reprodução desde que citada a fonte 
 
UNESP – Universidade Estadual Paulista 
Vice-reitor no exercício da Reitoria – Prof. Dr. Julio Cezar Durigan 
 
Campus de Bauru 
Faculdade de Ciências – FC 
Diretor: Prof. Dr. Olavo Speranza de Arruda 
Vice Diretor: Profª Adj. Dagmar Aparecida Cynthia França Hunger 
 
Programa de Pós-graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem 
Coordenadora: Profª. Drª. Tânia Gracy Martins do Valle 
Vice-Coordenadora: Profª Drª Ana Cláudia Bortolozzi Maia 
 
Curso de Aperfeiçoamento em “Práticas Educacionais Inclusivas na área de 
Deficiência Intelectual” na modalidade EaD 
Coordenadora: Vera Lucia Messias Fialho Capellini 
 
Revisora de Língua Portuguesa 
Vera Lucia Spezi Pereira 
 
Design gráfico 
Ana Laura Rolim Rodrigues 
 
Editoração e Normalização Técnica 
Glória Georges Feres 
 
 
Dados para catalogação 
371.9 Vivências do curso de praticas educacionais inclusivas na modalidade EaD: relatos 
dos cursistas. / Vera Lucia Messias Fialho Capellini e Olga Maria Piazentin Rolim 
Rodrigues, organizadoras.-- Bauru: UNESP/FC, 2012. 
 237 p. 
 
 ISBN 978-85-99703-66-3 
 
 1. Práticas educacionais inclusivas. 2. Deficiência intelectual. 3. Relatos de 
experiências. 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
APRESENTAÇÃO 
Vera Lucia Messias Fialho Capellini 
7 
PREFÁCIO 
Leda Maria Borges da Cunha Rodrigues 
13 
PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS NA ÁREA DA DEFICIÊNCIA 
INTELECTUAL 
Irení Aparecida Basso 
16 
DUAS BOAS NOVIDADES: CURSO EAD É MUITO BOM E A INCLUSÃO PODE SER 
UMA REALIDADE PARA TODOS 
Lívia Maria e Silva Galvão 
17 
MEUS CAMINHOS PELA INCLUSÃO 
Marina Rossi Melo 
21 
APERFEIÇOANDO A MINHA PRÁTICA INCLUSIVA: RELATO DE EXPERIÊNCIA 
Alcides Pereira da Silva Junior 
28 
PRÁTICA INCLUSIVA: O APRENDIZADO GERANDO MUDANÇAS 
Amanda Nolasco de Oliveira Santos 
32 
PRÁTICAS INCLUSIVAS: UM DIREITO DOS ALUNOS 
Ana Paula Souza Báfica 
35 
PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS – DEFICIÊNCIA INTELECTUAL 
Mirian Coelho de Oliveira 
38 
ENTENDENDO A INCLUSÃO PARA GARANTIR E RESPEITAR OS DIREITOS DOS 
ALUNOS COM DEFICIÊNCIA 
Josiani Aparecida Julio de Oliveira 
43 
ERA O QUE FALTAVA: INFORMAÇÃO PARA O EDUCADOR 
Hélvia Garcia Casadore Alberganti 
45 
INCLUSÃO: DISCUSSÃO ANTIGA – CONHECIMENTO NOVO 
Adriana Costa Ferreira 
46 
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: AMPLIANDO HORIZONTES E POSSIBILIDADES 
Adriana Lemos de Carvalho Soares 
48 
PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS E A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL 
Ana Paula Radó Donnini 
51 
UM NOVO OLHAR PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ESCOLA INCLUSIVA 
Andreza Patrícia Balbino Cezário 
53 
NENHUMA DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E TÃO GRAVE AO PONTO DE IMPEDI-
LO A TER AMIGOS 
Elaine Marques Santo Urbano 
56 
TECER UM NOVO OLHAR ATRAVÉS DE NOSSAS EXPERIÊNCIAS 
Maria Cristina de Andrade Silva 
57 
INTERVENÇÕES PEDAGÓGICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO ALUNO COM 
DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: A CONTRIBUIÇÃO DE VIGOTSKI 
Maria das Graças Estanislau de Mendonça Mello de Pinho 
61 
O PROCESSO EDUCACIONAL INCLUSIVO EM SALA DE AULA 
Débia Régia Silva Guimarães Borges 
65 
EDUCAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL: NOSSO PAPEL COMO EDUCADOR 
Deize Mara Cecconi 
68 
A INFLUÊNCIA DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO 
AFETANDO NOSSOS HÁBITOS, MODOS DE TRABALHAR E DE APRENDER 
Leila Paim de Souza 
71 
MINHA EXPERIÊNCIA COM O CURSO EAD 
Liliane Mendonça da Silva Nascimento 
75 
IMPORTÂNCIA DO CURSO E SEGURANÇA PROFISSIONAL 
Eliane de Almeida de Souza Valadão 
80 
APRENDER E APAIXONAR-SE FAZ TODA DIFERENÇA NA EDUCAÇÃO 
INCLUSIVA 
Ivone Maria de Moura 
84 
MUDANÇA NA FUNÇÃO PEDAGÓGICA DE PROFESSOR DE EDUCAÇÃO 
ESPECIAL: UMA REFLEXÃO 
Mariza Conceição Viana 
88 
O DESAFIO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA 
Claudete Beatris Romani¹ 
92 
REFLEXÕES, DÚVIDAS E CERTEZAS 
Ana Mara Galasso Romera 
96 
INCLUSÃO: UMA LIÇÃO DE AMOR 
Michele Vieira Ribeiro Doneda 
98 
SUPERANDO DESAFIOS EM CURSOS A DISTÂNCIA 
Rosana de Cássia Aparecida Rodrigues Moura 
102 
APRENDENDO SEMPRE PARA AGIR COERENTEMENTE 
Vanessa Aparecida Domingues Moreira 
105 
INTEGRAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA EM SALA REGULAR 
Maria Valéria Polla Rodrigues 
107 
SOMOS TODOS IGUAIS NA DIFERENÇA 
Cristiane Covolan Luvisotto 
110 
REFLETINDO SOBRE NOSSA PRÁTICA NA DIVERSIDADE DA EDUCAÇÃO 
Keila Maria Bordignon 
114 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UMA MUDANÇA DA VISÃO DO SISTEMA 
EDUCACIONAL PARA SUPRIR UMA CARÊNCIA EDUCACIONAL 
Kátia Regina Silva Silveira. 
117 
UMA BOA AVALIAÇÃO COMO SENDO PONTO DE PARTIDA PARA UM 
PLANEJAMENTO MAIS EFETIVO 
Ana Paula Souza da Silva Sichetti 
120 
DESAFIOS 
Lúcia Helena Rodrigues Soquetti 
122 
PALAVRA DE ORDEM: ADMINISTRAR E CONFIAR QUE O ALUNO É CAPAZ DE 
TUDO QUE QUISER 
Grasieli Zampieri Laudissi 
124 
A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA 
Liseti Menezes Sottovia 
127 
INCLUSÃO QUALIDADE DE ENSINO PARA TODOS 
Jussara Ester da Costa Rossi 
 
130 
REFLEXÕES SOBRE CONHECIMENTOS NA ÁREA DA DEFICIÊNCIA 
INTELECTUAL 
Regina Novaes Silva 
134 
UMA VISÃO DO CURSO E DA INCLUSÃO FORA DA SALA DE AULA 
Tereza Maria do Amaral 
 
136 
CRESCER E APRENDER SOBRE OS SERES HUMANOS, SUAS SINGULARIDADES E 
INCAPACIDADES: REFLEXÕES SOBRE AS PRÁTICAS QUE RESPEITAM A 
TODOS. 
Thais Helena Neves de Mello 
138 
APENAS A INSERÇÃO DAS CRIANÇAS COM ALGUMA DEFICIÊNCIA NO 
AMBIENTE ESCOLAR NÃO PODE–SE CHAMAR DE INCLUSÃO 
Isabel Cristina Lemos 
140 
MINHA EXPERIÊNCIA NO EaD 
Maria Antonia de Toledo Barros Carvalho 
144 
A PRÁTICA PEDAGÓGICA COM O DEFICIENTE INTELECTUAL: REFLETINDO 
SOBRE A IMPORTANCIA DA PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA 
Ana Paula Gonçalves de Araujo Mortimer 
147 
A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES NA SUA 
PRÁTICA PEDAGÓGICA NA ESCOLA INCLUSIVA 
Rose Lapa 
150 
PERCURSOS NA CONSTRUÇÃO DA APRENDIZAGEM EM AMBIENTE VIRTUAL 
Rosalynn Davies Conrado Veiga 
154 
NOVAS PERSPECTIVAS SOBRE A INCLUSÃO NAS ESCOLAS E O QUANTO ELA 
SE FAZ NECESSÁRIA 
Edvaldo Ribeiro Filho 
160 
CORAGEM: PRÉ-REQUISITO PARA UMA TRAJETÓRIA DE ACERTOS 
Elaine Sueli Ferreira dos Santos 
161 
EAD: UMA FERRAMENTA PARA A INCLUSÃO. 
Sônia Aparecida de Angeles Cerqueira Costa 
165 
EDUCAÇAO INCLUSIVA: UM TEMA PARA REFLEXÃO NO CURSO EAD 
Gisele Coito Ermacara 
167 
RELATO SOBRE MINHA EXPERIÊNCIA COM PRÁTICAS EDUCACIONAIS 
INCLUSIVAS 
Natália Aparecida Perez Toma 
170 
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA: ÊNFASE EM EXEMPLIFICAÇÕES, 
SUGESTÕES DE TRABALHO E TEXTOS DE APOIO. 
Patrícia Bento de Souza Campos 
173 
DIFÍCIL SIM! IMPOSSÍVEL NÃO: APRENDI A APRENDER VIVENCIANDO OS 
ENSINAMENTOS DAS PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS 
Patrícia Helena Martins 
174 
RENOVAÇÃO: PRÁTICA ANUAL PARA UMA EDUCAÇÃO QUE ACREDITA NO 
VALOR DOS ALUNOS 
Valéria Regina Giambroni Neves Monaco Perin 
178 
ESCOLA INCLUSIVA: PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE UM ESPAÇO DE 
CONVIVÊNCIA FLEXIVEL E SAUDÁVEL COM O APOIO DA FAMÍLIA E 
EDUCADORES 
Patrícia Aparecida Porto182 
TEORIA E PRÁTICA 
Marcleida Lima Gomes 
184 
A IMPORTÂNCIA DE UM OLHAR DIFERENCIADO AO SISTEMA EDUCACIONAL 
BRASILEIRO 
Luciana Aparecida Camilo Hidalgo 
187 
PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO DA EDUCAÇÃO PARA TODOS 
Fabiana Marcuzo de Caíres 
192 
MINHA EXPERIÊNCIA E GANHOS COM O CURSO EAD 
Norma Carvalho Pereira 
195 
EXPERIÊNCIAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS 
Vana Beatriz Soares do Amaral 
197 
RECONHECER AS DIFERENÇAS É ESSENCIAL NO CAMINHO DA INTEGRAÇÃO 
Valéria Luiza Marques Campos 
203 
O QUE QUEREMOS EM NOSSAS SALAS DE AULA? ALUNOS TODOS IGUAIS? QUE 
SE DESENVOLVAM DE MANEIRA IGUAL? QUE SE COMPORTEM IGUAIS? 
João Paulo Silva de Oliveira 
207 
VALORIZANDO A FORMAÇÃO INTEGRAL DOS ALUNOS PORTADORES DE 
DEFICIÊNCIA, ATRAVÉS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA, DO DIREITO E DA 
IMPORTÂNCIA DA INCLUSÃO ESCOLAR NA REDE REGULAR DE ENSINO E NA 
SOCIEDADE 
Elisangela Maria de Lima Gonçalves 
210 
COMO IDENTIFICAR O ALUNO DEFICIENTE INTELECTUAL, QUANDO ESSA 
DEFICIÊNCIA NÃO É VISÍVEL OU QUANDO AINDA NÃO É DIAGNOSTICADA? 
Mariane Della Coletta Savioli Garzotti 
213 
PRATICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS - DEFICIÊNCIAS INTELECTUAL: UM 
OLHAR REFLEXIVO 
Romanilta Julia da Rocha 
216 
O PROCESSO DE INCLUSÃO É LENTO E ENVOLVE MUITOS FATORES 
Vanuza Batista Gomes 
219 
EXPERIÊNCIAS A PARTIR DE UM CURSO EM AMBIENTE VIRTUAL 
Cibelle Aparecida Vieira de Oliveira Pereira 
224 
PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS E A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL 
Viviane Lauter Balbé 
227 
REFERÊNCIAS 229 
ÍNDICE DE ESCOLAS 232 
ÍNDICE DE AUTORES 235 
 
 
 
7 
APRESENTAÇÃO 
 
 
 
O livro Vivências do curso de praticas educacionais inclusivas na modalidade 
EaD: relatos dos cursistas, foi idealizado para constituir em um veículo de disseminação 
e divulgação das experiências de professores da Educação Básica de escolas públicas 
(municipal ou estadual) que atuam buscando a construção de escolas mais inclusivas. 
Esses professores participaram do curso de Aperfeiçoamento em Práticas Educacionais 
Inclusivas, promovido pela Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista 
“Júlio de Mesquita Filho” - Campus de Bauru, sob minha coordenação. Contei com o 
apoio de diversos professores do Programa de Pós-graduação em Psicologia do 
Desenvolvimento e da Aprendizagem, sobretudo, da Professora Olga Maria Rolim 
Piazentin Rodrigues, numa parceria com o Ministério da Educação, por intermédio em 
2007 da Secretaria de Educação Especial, incorporada à nova Secretaria SECADI em 
2011, que desenvolve em parceria com o programa Universidade Aberta do Brasil - 
UAB o Programa de Formação Continuada de Professores na Educação Especial, cujo 
objetivo é formar professores dos sistemas estaduais e municipais de ensino, por meio 
da constituição de uma rede nacional de instituições públicas de educação superior que 
ofertem cursos de formação continuada de professores na modalidade a distância. 
Como concepção idealizadora deste livro de Relatos a temática geral constitui “o 
amplo campo da educação”, para se tornar porta-voz de experiências concretas e 
vivenciadas pelos professores-cursistas, como contribuição a solução de questões 
imediatas ou de curto prazo relacionadas às práticas educativas como podemos observar 
no relato da professora-cursista quando diz: 
Como concepção idealizadora deste livro de Relatos a temática geral constitui “o 
amplo campo da educação”, para se tornar porta-voz de experiências concretas e 
vivenciadas pelos professores-cursistas, como contribuição a solução de questões 
imediatas ou de curto prazo relacionadas às práticas educativas como podemos observar 
no relato da professora-cursista quando diz: 
 
“Interessante observar que fomos nos construindo enquanto grupo, criando laços, 
apesar da distância, típica de um curso que a modalidade EaD nos impõe. Não sei 
se o mesmo ocorreu com outros grupos, com outros tutores e formadores, mas no 
caso de nossa turma, a turma 38, ficou claro que as participantes, tutora e 
formadora, apresentaram, desde o início, grande afinidade. O carinho nos emails 
 
8 
trocados era palpável, se é que tal coisa possa existir em termos de comunicação 
virtual.” 
 
 
É grande satisfação e orgulho poder reunir aqui, relatos vindos de terras 
longínquas. Queremos que nossos leitores participem dessas contribuições que vêm de 
longe, mas que dizem respeito muito de perto à dignidade do ser humano em toda a face 
da terra e, portanto, têm a ver de modo imediato com a tarefa educativa. Realçamos com 
esses Relatos que a tarefa da educação é humana por excelência, esmerando-se, muitas 
vezes, em seu aspecto científico, porém, sem nunca perder de vista o humano que 
orienta a prática que devemos, quotidianamente, exercer. 
A professora-cursista em seu relato abaixo demonstra, claramente, nosso 
objetivo de oferecer aos leitores desse livro uma variada gama de experiências e de 
sugestões de aprofundamento na compreensão da educação enquanto prática social. Seu 
depoimento diz: 
 
 
“No segundo módulo, começamos a ter contato com a especificidade da 
educação inclusiva, sua trajetória ao longo da história”. Nesse ponto, que 
sempre se levanta questionamentos sem fim, ficou visível o quanto já 
progredimos quando falamos em inclusão, educação e sociedade. Em nossos 
debates, nos maravilhosos bate-papos agendados, percebemos que ainda há 
muito a se evoluir sim, sempre. Uma das características da humanidade é a 
constante busca e necessidade de evolução é isso o que nos torna diferentes 
dos demais animais, o que nos confere a racionalidade como diferencial. 
Sendo assim, ainda precisamos e iremos sempre precisar evoluir. Porém, 
quando olhamos para a história dos deficientes, em geral, é fato que grandes 
e largos passos já foram dados até o presente momento. 
Do total abandono, em lares especializados, passando pela época em que 
divertiam o povo sendo usados como bobos da corte, vagando pelas vielas da 
exclusão, transitando levemente pelo movimento da integração, quando 
obtiveram um olhar diferenciado, até o momento inclusivo em que vivemos 
hoje, o trajeto foi longo. Foi tortuoso, dolorido, muitas vezes, exaustivo para 
os familiares, porém bem sucedido. 
Nos capítulos dois e três, do módulo dois, discutimos ética e direitos dos 
deficientes. Foram dois capítulos bem intensos e com discussões bem 
acaloradas, diria eu. O assunto abordado levantou o tapete de nossas vidas, 
de nossa sociedade e de nossas escolas, mostrando que, muitas vezes, a lei é 
deixada de lado sim e todos nós fazemos vista grossa. E o fazer vista grossa 
sinaliza uma forma de negligência, pois embora, na maioria dos casos, não 
dependa única e exclusivamente de nós professores, quando nos calamos ao 
perceber um erro legal, estamos contribuindo para a perpetuação desse erro. 
“Finalizamos esse momento, percebendo nosso papel político na instituição 
escola, junto aos nossos alunos da educação especial e da educação regular 
que estejam incluídos”. 
 
 
 
9 
Neste livro, vamos encontrar Relatos que abordam questões filosóficas, 
metodológicas e práticas que nos instigam, nos deixam incomodados e, muitas vezes, 
numa situação instigante impulsionando o Educador a buscar respostas em cursos de 
aperfeiçoamento como este, em Relatos e vivências de outros professores, em salas de 
bate-papo onde nossos cursistas se reuniram, semanalmente, para discutir e trocar 
experiências que deram certo. O Relato da professora abaixo mostra o quão importante 
foi para ela a experiência de um curso EaD 
 
 
“E chegamos ao final do curso”[...] Um curso que irá deixar muita saudade. 
Quando optamos por um curso na modalidadeEaD, invariavelmente, é por 
falta de tempo para a realização do mesmo em modalidade presencial. Não 
que o curso EaD não seja trabalhoso, pelo contrário, exige muito mais 
disciplina. Quando não nos organizamos nas leituras e realizações das 
atividades, dar prosseguimento parece impossível. 
Meu olhar de educadora inclusiva saiu fortalecido desse curso. Através dos 
textos, dos debates, dos emails trocados, fomos nos alimentando de 
informação, de conhecimento, de experiências diversas, de ideias! A cada 
dia, a cada ingresso na plataforma, uma nova e importante descoberta. 
Minha prática... Passei a avaliar constantemente o meu fazer cotidiano. Para 
cada dia, atribuo-me uma nota como educadora, percebo meus pontos 
falhos, onde preciso melhorar, o que posso fazer nesse processo de 
engrandecimento profissional. 
Ser professor... Uma missão! Não somente uma profissão, pois não se exerce 
tal função nas 8 horas em que se está frente à classe. Quando se é professor, 
se é... 24 horas por dia, 7 dias por semana. As crianças do mundo parecem 
estar sob sua responsabilidade, é como me sinto. 
Ontem, 15 de outubro, dia do professor! Quero dividir um relato... Um relato 
bobo talvez, mas que me fez encontrar, no dia de ontem, motivos suficientes 
para acreditar que estou no caminho... Na véspera, 14 de outubro, 
realizamos a festa do dia das crianças na escola onde leciono pela manhã. 
Alugamos um pula-pula grande, pois nossos alunos são adolescentes e 
adultos, é uma escola especial. Um dos meus alunos é cadeirante e assistia a 
brincadeira dos demais alunos de sua cadeira de rodas. No meio de tantas 
coisas para fazer, não me dei conta de imediato de sua solidão. Não sei 
precisar o momento em que bati os olhos nele. Fui até lá e perguntei se ele 
gostaria de ir no pula- pula. Ele disse que não. Eu insisti, disse que o 
colocaria lá. Ele disse que sim. Não precisei de ajuda para tirá-lo da cadeira 
e colocá-lo no brinquedo. E como ele não conseguia sustentar o corpo 
sentado, coloquei-o deitado mesmo, no centro da cama elástica. Solicitei a 
outro aluno que pulasse bem devagar ao lado do meu cadeirante. Com o 
vibrar da cama elástica, seu corpo saltava também. E ele ria, gargalhava 
alto, como eu nunca havia visto antes. Não fui a única a me emocionar ali. O 
monitor do brinquedo olhou para mim e disse que nunca havia visto cena tão 
linda antes. Acabados os 3 minutos que lhe eram de direito, coloquei-o de 
volta em sua cadeira, e a festa continuou normalmente para todos nós. 
Ontem à noite recebi uma ligação do aluno em questão. Era para me desejar 
feliz dia dos mestres, dizer, com sua fala um pouco enrolada, que sou muito 
importante para ele e que ele me ama. Emoção maior veio depois, quando 
sua mãe veio ao telefone me falar que o brilho nos olhos de seu filho, ao 
chegar em casa, relatando que havia pulado na cama elástica e que eu o 
havia colocado lá, não tinha preço. A cada dia, na educação especial ou 
regular, vivemos situações de vida com nossos alunos que podem realmente 
 
10 
fazer aquele dia valer a pena em nossas vidas. Enquanto professores, 
munidos de um olhar que talvez nenhum outro profissional tenha, podemos 
fazer total diferença. 
E cursos como o que estamos encerrando, contribuem e muito para a 
aquisição desse olhar. Um olhar não de piedade, de compaixão, de estar 
fazendo isto ou aquilo porque Deus pregava. Um olhar humano que batalha 
constantemente pelo humano. Um olhar que vê, que enxerga através e além... 
Um olhar que não se traduz, um olhar mais que especial!” 
 
 
Observamos, claramente, mediante os Relatos publicados neste livro que o 
trabalho com a família merece um olhar especial. Que uma das funções da escola para 
com essas famílias é a acolhida é o prestar esclarecimentos, o orientar. Muitas dessas 
famílias são de origem bem humilde e desconhecem por completo seus direitos. 
Percebe-se, aqui, a escola enquanto força política nas vidas dessas pessoas e os 
professores, tornando-se a ponte que, certamente, ligará essa família a uma forma mais 
confortável de viver. 
Esses Relatos também se constituíram em subsídios valiosos para reflexão de 
muitos paradigmas. Percebemos, nitidamente, quando a professora diz que 
 
 
“O módulo cinco, veio colaborar para a desconstrução de paradigmas. Já 
no primeiro capítulo a bomba: SEXO! Sim, nossos alunos se interessam por 
sexo! Não, sinto muito, o deficiente não é uma samambaia! O vídeo 
abordando o tema, com depoimentos de deficientes intelectuais, foi fabuloso. 
Algumas colegas mostraram-se receosas, até chocadas. Mas, abrir os olhos 
para a sexualidade de nossos alunos é imprescindível na construção de um 
ser humano completo, integral, pleno. E precisamos ter em mente que, se 
para os pais de crianças ditas normais, lidar com esse assunto é um tabu, 
imagine para os pais de alunos deficientes. Nas escolas de modo geral ainda 
não se trabalha com projetos que abordem a sexualidade efetivamente. Ficou 
a deixa para pensarmos e avaliarmos nosso papel em mais essa 
empreitada”. 
 
 
Apresentamos, assim, aos nossos leitores diferentes experiências de educadores 
que se debruçaram e refletiram sobre o processo de ensino e aprendizagem, oferecendo 
uma variada gama de experiências fundamentais para a compreensão da educação 
enquanto prática social como relata a professora cursista: 
 
 
“E chegamos ao final do curso... Um curso que irá deixar muita saudade. 
Quando optamos por um curso na modalidade EaD, invariavelmente, é por 
falta de tempo para a realização do mesmo em modalidade presencial. Não 
 
11 
que o curso EaD não seja trabalhoso, pelo contrário, exige muito mais 
disciplina. Quando não nos organizamos nas leituras e realizações das 
atividades, dar prosseguimento parece impossível. 
Meu olhar de educadora inclusiva saiu fortalecido desse curso. Através dos 
textos, dos debates, dos emails trocados, fomos nos alimentando de 
informação, de conhecimento, de experiências diversas, de ideias! A cada 
dia, a cada ingresso na plataforma, uma nova e importante descoberta. 
Minha prática... Passei a avaliar constantemente o meu fazer cotidiano. 
“Para cada dia, atribuo-me uma nota como educadora, percebo meus pontos 
falhos, onde preciso melhorar, o que posso fazer nesse processo de 
engrandecimento profissiona”. 
 
 
Os Relatos foram solicitados aos cursistas de forma colaborativa e estão 
organizados na sequencia das turmas e dos cursistas que espontaneamente escreveram 
os relatos. Em nota de rodapé, apresenta-se o nome da escola, a cidade e estado do 
cursista. Ao final do livro há um índice remissivo organizado por Estado, em seguida 
pelo nome do município e depois o nome da escola do professor participante do curso, 
Considera-se essa informação relevante para que se possa avaliar a dimensão e 
grandiosidade deste tipo de aprendizagem ao longo da vida em formato EaD. Adotou-se 
também, para efeito didático de apresentação dessa obra, o critério de retirar dos relatos, 
os agradecimentos especiais e carinhosos direcionados a coordenação, aos formadores e 
tutores, mas sintam-se todos homenageados. 
Temos, ainda, a satisfação de finalizar essa apresentação com o poema elaborado 
pela professora cursista Abadia Suassuna Patativa do Assaré: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
CORDEL DA PLATAFORMA FREIRE 
 
 
 
Certo dia na escola 
Num desses tarde HTPCs 
A coordenadora disse: 
— Hoje vou falá proceis 
Da Plataforma Freire 
Que dá curso de treis meis 
 
Foi um tar de se espremê 
Virá o zóio e torcê o nariz 
Porque ninguém sabe direito 
O que fazê com os aprendiz 
Que não querem estudáE nem iscuitá o que a gente 
diz. 
 
Na hora nem bola 
Não prestei muita atenção 
Mas no dia seguinte 
Me baixo a inquietação 
Corri pro computadô 
E diz a minha inscrição 
 
Foram dias de espera 
Até que a resposta veio 
Entre tantos escoidos 
Eu também tava no meio 
Deu frio na barriga 
E até um certo receio. 
 
Mas depois conheci a Lívia 
De nossa turma a tutora 
Minina linda de morrê 
Parece inté uma dotora 
Que além de tanto estudo 
É também fina cantora. 
 
Devagá foi ajeitando 
E a turma 15 ela formô 
Turma de muié valente 
Que numa classe faz suadô 
E pra elas o deficiente 
É um ser de muito valô. 
 
Nesses meses de estudo 
Aprendemos sobre deficiença 
Foram muitas as lição 
Que fala dessas doença 
Temos muito que aprendê 
Pra aceitá as diferença. 
 
Somos filhos de Deus 
E todos somo irmão 
Se existe palavra abençoada 
Essa palavra é INCLUSÃO 
Que dá a oportunidade 
Do deficiente sê cidadão. 
 
O trabaio é grande, 
Duro e dicultoso 
Porém, muitas veis 
É por demais prazeroso 
Você vê minino cego 
Fazendo trabaio honroso. 
 
Oxalá que no Brasil 
A Educação inclusiva 
Se torne uma realidade 
De norte a sul seja viva 
E se torne a bandeira 
Dos professô da ativa. 
 
É aqui no teleduc 
Que as coisa acontece 
Através de muito estudo 
Que nóis cresce e aparece 
E cada um pode espaiá 
O que aqui nos oferece. 
 
Tem gente do Rio de Janero, 
De Duque de Caxias, Bauru 
De Jundiaí, Cordeirópolis 
E eu de Monte Azu 
Que aqui se conheceu 
E se gosta pra chuchu. 
 
Todos dia de bate-papo 
Só se vê lamentação 
É a sardade chegando 
Apertando o coração 
Pois o curso ta caminhando 
Para sua finalização. 
 
Quero então deixá a todas 
Um abraço apertado 
Deixo também o endereço 
Pra sê sempre lembrado 
E o que oceis precisá 
É só fazê o comunicado. 
 
 
 
 
Abadia Suassuna 
Patativa do Assaré 
 
 
 
Vera Lucia Messias Fialho Capellini 
Coordenadora do Curso 
 
 
 
 
 
 
13 
PREFÁCIO 
 
 
IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA PARA FORMAÇÃO 
CONTINUADA DE PROFESSORES 
 
 
A proposta do curso Práticas Educacionais Inclusivas envolveu um grande 
número de professores das cinco regiões do nosso país, compartilhando do mesmo 
objetivo, buscar conhecimento a cerca do tema inclusão da pessoa com deficiência. 
Os professores das redes publica: municipais e estaduais, se inscreveram pela 
Plataforma Paulo Freire (MEC) a fim de terem a oportunidade de formação continuada 
gratuita e de qualidade, com propósito de conhecer estratégias para trabalhar com a 
pessoa com deficiência. 
Nosso grande desafio formar professores destas diferentes regiões, atendendo 
seus anseios e desejo de novos conhecimentos sobre como promover a inclusão da 
pessoa com deficiência, e para nossos professores, com papel de cursistas, um outro 
desafio, utilizar os recursos da tecnologia para sua formação. 
As tecnologias da informática associadas às telecomunicações veem provocando 
mudanças radicais na sociedade por conta do processo de digitalização. Uma nova 
revolução emerge a revolução digital (SANTOS, 2003). 
E neste cenário digital, o curso foi oferecido para aproximadamente 1.200 
profesores/cursistas, com carga horária de 180horas, onde utilizamos um Ambiente 
Virtual de Aprendizagem, para mediação do formador/tutor com os cursistas. 
Entende-se por AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem: 
Ambiente – por ambientes podemos entender tudo aquilo que envolve pessoas, 
natureza ou coisas, objetos técnicos (SANTOS, 2003). 
Virtual - vem do latim medieval virtualis, derivado por sua vez de virtus, força, 
potência (SANTOS, 2003). Lévy (1996) em seu livro O que é o virtual? Nos esclarece 
que o virtual não se opõe ao real e sim ao atual. Virtual é o que existe em potência e não 
em ato. Citando o exemplo da árvore e da semente, Lévy explica que toda semente é 
potencialmente uma árvore, ou seja, não existe em ato, mas existe em potência, mas, 
caso um pássaro à coma a mesma jamais poderá vir a ser uma árvore. (LEVY, 1996; 
SANTOS, 2003). Muitas vezes a expressão virtual é empregada como alguma coisa que 
 
14 
não existe, algo fora da realidade, o que se opõem ao real. Mas, fundamentado por Levy 
(1996) virtual não se opõe ao real. 
Ambiente virtual é um espaço fecundo de significação onde seres humanos e 
objetos técnicos interagem potencializando assim, a construção de conhecimentos, logo 
a Aprendizagem (SANTOS, 2003). 
É possível atualizar e, sobretudo virtualizar saberes e conhecimentos sem 
necessariamente estarmos utilizando mediações tecnológicas seja presencialmente, seja 
à distância. Entretanto essas tecnologias digitais podem potencializar e estruturar novas 
sociabilidades e consequentemente novas aprendizagens (SANTOS, 2003). 
A modalidade de EaD ganha, a cada dia, mais espaço com o reflexo dos 
benefícios do uso da Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) na educação e as 
mudanças significativas nas estratégias de ensino-aprendizagem; vivencia-se, assim, o 
momento de expansão da EaD, efetivando-se como modalidade de ensino para 
formação de grande número de pessoas em todo o mundo. 
Segundo Barros et al. (2008, p. 6), 
 
 
[...] para entender a Educação a Distância (EaD) é necessário compreender a 
educação online que engloba todos os elementos que se referem ao virtual e 
às formas metodológicas atuais organizadas para a aprendizagem. Quando 
falamos em educação online estamos nos referindo à educação não presencial 
mediada por tecnologias digitais. Isso engloba vários elementos como a EaD, 
os E. B. M. learning(s), entre outros. Pode ser entendida como um conjunto 
de ações de ensino e aprendizagem que são desenvolvidas através de meios 
telemáticos como a Internet, a videoconferência e a teleconferência. A 
educação online nos traz questões pedagógicas específicas com desafios 
novos para a EaD e a presencial. Para o uso da educação online um dos 
maiores desafios está na compreensão da diferença do paradigma virtual e do 
presencial na utilização das interfaces da tecnologia disponíveis para a aula. 
 
 
No Brasil, nos dias atuais, o número de oferta de cursos cresceu 
significativamente, visando atender à formação continuada do professor em exercício e 
às transformações na educação. Segundo Moran (2002, p. 13), 
 
 
[...] educação contínua ou continuada, se dá no processo de formação 
constante, de aprender sempre, de aprender em serviço, juntando teoria e 
prática, refletindo sobre a própria experiência, ampliando-a com novas 
informações e relações. 
 
 
15 
Este conceito caracteriza a educação continuada do professor, como uma prática 
que favorece o repensar de sua atuação, e o coloca numa condição de aprendizagem 
para as mudanças atuais no contexto educacional. 
Neste contexto está claro que a educação por meio de novas mídias conectadas é 
uma realidade cada vez mais presente e os relatos dos Professores, retratam a eficiência 
e eficácia de se aprender online. 
 
 
 
 
 
Leda Maria Borges da Cunha Rodrigues 
 
 
Articuladora de Tutoria e Professora Colaboradora Programa de Formação Continuada 
de Professores na Educação Especial 
 
 
 
 
16 
PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS NA ÁREA DA DEFICIÊNCIA 
INTELECTUAL 
 
Irení Aparecida Basso
1
 
 
Minha experiência com o curso EaD foi e será única, visto que, mesmo tendo 
feito pós-graduação em Psicopedagogia Educacional e Clínica, a educação inclusiva e 
as deficiências intelectuais, auditivas, visuais, físicas e outras, nunca foramtão 
esmiuçadas, exploradas e questionadas como foram nesses encontros virtuais que 
tivemos nesse curso. 
Minha prática em sala de aula sofreu grandes alterações após a leitura e o estudo 
de diversos textos e os questionamentos das nossas queridas Formadora-Colaboradora 
Telma Maria Ribeiro e Tutora-Colaboradora Fernanda Ribeiro Mattar Barbaresco. Nós 
todos ganhamos muito, mas, os alunos inclusos, com certeza, ganharão mais. 
Nada ficou sem resposta. Posso dizer que os objetivos propostos pelo curso 
sobre Práticas Educacionais Inclusivas na Área de Deficiência Intelectual foram 
plenamente alcançados. Tudo foi mencionado para que pudéssemos entender que a 
inclusão requer parcerias com todo pessoal da Unidade Escolar, família e comunidade; 
que o educador deve propiciar ao aluno condições e oportunidades de explorar seu 
potencial intelectual nas diferentes áreas do conhecimento, realizando sucessivas ações 
e reflexões, utilizando diversas ferramentas com a finalidade de proporcionar maior 
independência e autonomia à pessoa com deficiência ou dificuldade de aprendizagem. 
Fui muito auxiliada no meu saber fazer e posso dizer com certeza que meu olhar 
em relação aos meus alunos, minha prática educativa e metodologia sofreram 
transformações visíveis. Conheci pessoas maravilhosas, pude trocar ideias e vou sentir 
muitas saudades de tudo e de todos. 
 
 
 
 
1
 EMEIF “Professora Dinah de Mello Campos” - Ibitinga - SP 
 
17 
DUAS BOAS NOVIDADES: CURSO EAD É MUITO BOM E A INCLUSÃO 
PODE SER UMA REALIDADE PARA TODOS 
 
Lívia Maria e Silva Galvão
2
 
 
 Essa foi minha primeira experiência num curso a distância. Confesso que nutria 
certo preconceito em relação aos cursos não presenciais, Acreditava que não seria 
possível manter uma qualidade acadêmica, utilizando-se, apenas, da internet como 
veículo de comunicação. Ainda sou dos velhos tempos e acho que comunicação implica 
contato visual, físico. 
 Bom, se eu pensava assim, devem estar se perguntando por que resolvi me 
inscrever num curso a distância. É que apesar do preconceito, sou o tipo de pessoa que 
não gosta de julgar o que não conhece e, aliada a essa minha característica, tinha uma 
imensa vontade de voltar a estudar, algo que gosto imensamente e que, neste meu 
momento de vida, só o ensino a distância poderia proporcionar. 
 Inscrevi-me na Plataforma Freire com a ajuda de uma colega, foi muito difícil 
por problemas de conexão. Tinha a intenção de fazer um curso voltado para educação 
de crianças com altas habilidades. Como não estava disponível, escolhi esse, que é um 
tema atual e tem gerado muitas polêmicas entre os educadores. 
Passado algum tempo, quando já tinha perdido a esperança de que o curso aconteceria, 
recebi a mensagem com as instruções para participar do curso. Foi uma grande surpresa, 
em todos os aspectos. 
 Superadas as dificuldades iniciais em lidar com as ferramentas, fui me 
encantando e descobrindo que esse negócio de curso a distância é o “maior barato”. É 
incrível como podemos nos sentir acolhidos por pessoas que não vemos ou escutamos a 
voz. Foi uma grande descoberta e uma grande realização. Se me perguntarem hoje o que 
penso do ensino a distância, minha postura será totalmente diferente, aconselho a todos 
que experimentem porque realmente funciona. 
 O curso superou minhas expectativas em muitos aspectos, principalmente se 
levarmos em conta que, inicialmente, não era o curso que queria fazer. 
 Foi um curso sério, onde os conteúdos são muito bem organizados, o suporte que 
recebemos é melhor do que em um curso presencial onde, muitas vezes, as turmas são 
 
2
 EMEI “Teresa Hendrica Antonisse” – Ribeirão Preto - SP 
 
18 
muito cheias e os formadores não conseguem dispensar atenção adequada a todos. 
Apesar de estarmos em grupo, sentia-me, por vezes, como uma aluna particular, pois o 
acompanhamento é próximo e individualizado, em que cada um tem seu tempo e todos 
recebem atenção e orientação. É fantástico. A gente consegue até desenvolver 
sentimento de carinho por pessoas que só vimos por fotografia... Meus paradigmas estão 
todos de pernas para o ar... 
 O curso me proporcionou rever e ampliar minha visão em relação à inclusão, 
possibilitando reflexões e me trazendo conteúdos muito ricos. Durante o curso, me dei 
conta do quão grande era minha ignorância sobre o assunto e do quanto se tem a fazer 
para que a implementação da inclusão ocorra efetivamente nas escolas da rede pública 
de todo o país. 
 Por meio do curso pude confrontar meus preconceitos e meu ceticismo em 
relação à eficácia do processo de inclusão. É claro que ainda acho que existem muitos 
obstáculos a serem superados, mas hoje, de posse de todo este novo conhecimento, de 
tantas informações preciosas, estou bem mais otimista. 
 Acredito que este curso deveria ser obrigatório para todos os professores das 
redes públicas e particulares, pois, só através do conhecimento e da sensibilização dos 
profissionais, seremos capazes de garantir um processo de inclusão eficiente, onde tanto 
alunos incluídos como os não incluídos possam receber uma educação de qualidade. 
 A inclusão é uma realidade, no entanto, o conhecimento que os professores e 
profissionais de educação, de um modo geral, possuem sobre ela é muito precário, o que 
gera muitas críticas e posturas inadequadas que dificultam o processo de inclusão. A 
escola enquanto instituição, não foi preparada, nem do ponto de vista humano nem do 
físico, para a inclusão. 
 É comum a crença de que o “problema” do aluno incluído diz respeito apenas ao 
professor responsável pela turma, a comunidade escolar não abraçou ainda a inclusão 
como algo de responsabilidade de todos. 
 A maioria dos profissionais de educação desconhece os recursos e as tecnologias 
assistivas disponíveis para auxiliarem no desenvolvimento das habilidades dos alunos 
de inclusão. Quando se tratam de alunos com deficiência auditiva ou visual ainda existe 
uma maior difusão e conhecimento de recursos, no entanto, as deficiências múltiplas e 
intelectuais, bem como as físicas, ainda representam uma dificuldade a mais e, 
consequentemente, assustam muito os profissionais que se sentem despreparados para 
lidarem com elas. 
 
19 
 É um reflexo natural do ser humano de reagir ao desconhecido de forma 
defensiva, o que explica, em parte, a grande resistência por parte dos educadores em 
relação à inclusão. Resistência esta que, acredito, só poderá ser vencida através do 
conhecimento, da familiarização com o tema e com as estratégias e recursos 
disponíveis, pela troca de experiências que resultará na ampliação dos conhecimentos e 
no desenvolvimento de novas técnicas mais aperfeiçoadas e diversificadas para 
atendermos os alunos especiais. 
 Em contrapartida, os órgãos responsáveis pelo desenvolvimento da educação no 
país, também, têm sua parcela de responsabilidade na medida em que falham no 
cumprimento das leis, na fiscalização em relação ao cumprimento destas leis e na falta 
de divulgação destas mesmas leis. Também, não tem criado mecanismos competentes 
para prepararem os profissionais e as instituições de ensino para a inclusão. 
 Eu mesma, antes de fazer esse curso, tinha muitas dúvidas e críticas em relação à 
inclusão. Realmente duvidava que fosse possível, achava injusto com as crianças 
incluídas uma vez que necessitavam de atenção especial que eu julgava difícil de ser 
dada pelo professor, em sala, sozinho. Desconhecia por completo que a criança com 
múltiplas deficiências tem direito a um tutor para auxiliar o professor na atenção às suas 
necessidades, eque o deficiente auditivo tinha direito a um tradutor, que existiam 
programas de computador para auxiliar o deficiente visual... São tantas as coisas que eu 
desconhecia e que tenho certeza que outros tantos professores, como eu, ainda 
desconhecem e que são fundamentais para que o aluno e o professor possam realmente 
desenvolver um trabalho competente. Desse modo, volto a afirmar que todos os 
professores deveriam fazer esse curso. 
 Vivenciei uma grande oportunidade de aprendizagem sobre a inclusão e troquei 
experiências com profissionais de cidades e estados diferentes do nosso. Esse é um 
outro aspecto do ensino a distância que contribui para torná-lo tão interessante. 
Podemos ter uma visão do processo não só na nossa localidade como podemos fazer 
comparações e receber sugestões de ações realizadas em outras unidades da federação 
que deram certo. Estamos trabalhando com profissionais que estão atuando com 
educação em diferentes séries, com diferentes abordagens, em diferentes realidades. 
Essa troca de experiências proporcionada, sobretudo durante os fóruns de debate, foi 
muito rica. 
 Saí do curso com excelentes sugestões de atividades e ações, inclusive uma 
ação, envolvendo toda a comunidade escolar que foi socializada por uma colega e a 
 
20 
direção da minha escola, pediu-me que ajudasse a pôr em prática no ano que vem, em 
nossa unidade escolar. 
 Essa experiência também me levou a buscar e me inteirar mais sobre como está 
sendo gerenciado o processo de inclusão em meu município. Despertou em mim o 
interesse em pesquisar como a Secretaria Municipal de Educação organiza o suporte aos 
professores, de que recursos dispõem, quem são os profissionais responsáveis por dar 
assistência aos professores, se temos profissionais na rede aptos a funcionarem como 
tutores ou intérpretes, que tipo de recursos materiais dispomos e como poderemos 
adquirir os matérias necessários, como se sentem os professores que possuem alunos 
incluídos em suas salas, quantos alunos incluídos possuímos oficialmente na rede... São 
muitas questões para as quais quero buscar respostas, com o objetivo de sensibilizar os 
profissionais envolvidos e tentar mobilizá-los para que avancemos no processo de 
inclusão em nosso município. 
 Enfim, para quem iniciou de forma um tanto cética, cheia de preconceitos, num 
curso que não era a princípio o de sua primeira escolha, termino o mesmo imensamente 
satisfeita e feliz, aguardando ansiosamente a próxima oportunidade de participar de um 
curso de formação a distância, fazendo planos inclusive de me inscrever num curso de 
pedagogia a distância, uma vez que minha formação é no magistério(nível secundário) e 
em Psicologia(nível superior). 
 Agradeço muito a oportunidade e parabenizo a competência, não só dos 
formadores e tutores, como de todos os envolvidos responsáveis pelo sucesso de nosso 
curso, desde o planejamento até a execução final. Que muitos outros cursos como estes 
possam ser disponibilizados para nós e para todos os professores que, como eu, buscam 
aperfeiçoar sua prática profissional, mantendo-se atualizados, com o objetivo de 
oferecer sempre uma educação de qualidade aos nossos alunos. 
 
 
 
21 
MEUS CAMINHOS PELA INCLUSÃO 
 
Marina Rossi Melo
3
 
 
Lembro-me como se tivesse ocorrido hoje, dia em que o Colégio recebeu 
funcionárias da Subsecretaria Regional de Educação de Ceres – GO para triar os alunos 
das salas exclusivas e encaminhá-los às salas inclusivas. 
 
O dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado mediante a 
garantia de: III – atendimento educacional especializado gratuito aos 
educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de 
ensino; (LDB Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – art. 4º) 
 
Cheguei naquela tarde para trabalhar. O acesso à biblioteca se dava pela sala de 
vídeo onde aquelas senhoras estavam conversando e, fazendo um singular diagnóstico 
de cada aluno das duas salas exclusivas que tínhamos em nosso Colégio. Ao passar por 
elas, notei a calma que demonstravam e muita autoridade no assunto, inclusão. As 
professoras traziam um a um e durante a conversa com eles, registravam suas 
observações sobre as potencialidades intelectuais. 
Daquela data em diante, ouvi muitos comentários, a favor e contra a inclusão. 
Eu, sem compreender plenamente a implicação de toda aquela ação, resolvi não tirar 
nenhuma conclusão precipitada. Na ocasião, ficou decidido que tais alunos deveriam 
realizar suas transferências para a Escola Estadual. 
A mãe de uma aluna com Síndrome de Down se revoltou e disse que não tiraria 
sua filha daquele Colégio. Realmente, não precisaria. Bastava incluí-la numa sala ali 
mesmo, como de fato aconteceu. A adolescente foi inclusa numa sala de alfabetização 
cujos alunos iniciaram o processo de convivência com a diversidade. 
 
Na lida com pessoas com deficiência, se não acreditarmos nas suas 
potencialidades ensinaremos menos coisas e reforçaremos sua dependência. 
Por outro lado, a crença nas suas capacidades e nas nossas de ensiná-los, 
pode auxiliar na promoção do seu desenvolvimento, tornando-as pessoas 
autônomas e produtivas (RODRIGUES; LEITE, 2010, p. 12) 
 
Durante os estudos realizados a respeito dos “Fundamentos” - Módulo 2, 
observei que a “educação inclusiva, ...é um processo em que se amplia a participação de 
 
3
 Colégio Estadual “Zeca Batista” - Anápolis - GO 
 
22 
todos os estudantes nos estabelecimentos de ensino regula” (RODRIGUES; 
MARANHE, 2010, p.20). 
 Um sentimento de inclusão e aceitação do outro com suas limitações e 
deficiências, não nasceu agora em meu coração. Penso que meus pais foram grandes 
responsáveis e influenciadores para fortalecer este amor que tenho pelas pessoas com 
deficiência. Em nossa família, conheci alguns parentes com deficiência: um tio com 
Síndrome de Down e um primo com hemiplegia e dificuldade na fala. Mas a sensação 
que tinha era de que havia muitos assim. Talvez pela humanidade com que todos 
lidavam com a situação, haja vista na Declaração Universal dos Direitos Humanos: 
“Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. Contudo nem todas as famílias se preocupam 
com esta formação para seus filhos. 
Além de princípios familiares, os atuais educadores necessitam de formação 
ética para lidar com todas as situações no ambiente escolar. 
 
Um bom exercício profissional significa não apenas competência teórico 
técnica, mas a capacidade de respeitar e ajudar a construir a dignidade, a 
cidadania e o bem-estar daqueles com os quais nos relacionamos e que 
dependem de nossa ação. Portanto, a ética [...] deve ser aplicada a cada uma e 
a todas as atividades profissionais. (NEME, 2010, p. 04) 
 
Meu primeiro contato com alunos especiais aconteceu aos 13 anos, quando 
cursava o Ciclo 2, do Ensino Fundamental em São Paulo, na Escola Estadual de 
Primeiro e Segundo Graus Cidade de Hiroshima. 
A sala onde estudava, ficava em frente às classes especiais. Eu não sabia se nela 
só havia alunos com deficiência, mas já tinha idade o suficiente para entender que 
aquela sala era diferente. Sempre que podia, procurava observar aqueles alunos e não 
havia, nessa época, uma política de inclusão. Ninguém se preocupava em promover 
interação entre nós, mas eu tinha necessidade de interagir. Sentia uma força dentro de 
mim que me impulsionava a buscar aqueles alunos. “A convivência com pares da 
mesma idade, estimula o desenvolvimento cognitivo e social do aluno com deficiência 
[...]” (RODRIGUES; MARANHE, 2010, p. 20). 
 
É compromisso da escola inclusiva promover mudanças de atitudes 
discriminatórias – a escola deverá trabalharcom quebra de tabus, estigmas, 
desinformação, ignorância – que levam as pessoas a terem atitudes negativas 
em relação aos seus alunos com deficiência (RODRIGUES; MARANHE, 
2010, p. 20). 
 
 
23 
No ônibus, preocupava-me se os surdos não seriam enganados e de longe 
observava tudo, mas não podia conversar com eles, pois não sabia a língua de sinais. 
Os anos foram avançando e parece que houve um silêncio em meu coração. Não 
tenho lembranças de ter visto outros especiais pelo meu caminho. Exceto na igreja onde 
estagiei durante o tempo em que cursei Educação Religiosa, em 1986. 
Morava em Anápolis onde estudava, mas estagiava em Brasília – DF, numa 
igreja na Asa Norte. Ao chegar lá, fui incumbida de trabalhar com os ensinamentos da 
Bíblia às crianças enquanto os pais ouviam o sermão, durante a cerimônia religiosa que 
acontecia aos domingos. 
Nessa turma, um garoto de nove anos era surdo. Como eu faria para ensiná-lo se 
não conhecia a língua de sinais? Eu não sabia onde procurar formação, também 
ninguém me orientou a respeito, embora Brasília tivesse um trabalho já avançado com 
surdos. 
O professor precisa ser criativo 
 
A criatividade é qualidade que todo ser humano pode desenvolver em todos 
os seus fazeres. O mundo não precisa mudar para sermos criativos, mas, 
precisamos mudar nossa maneira de ver o mundo! (CAPELLINI; VALLE; 
GIRALDI, 2010, p. 02). 
 
Segundo Capellini; Valle; Giraldi (2010) podemos surpreender nossos alunos e a 
nós mesmos fazendo algo diferente, experimentando novas possibilidades, novas 
estratégias. Procurei pôr em prática estes ensinamentos embora não os conhecesse pelos 
autores supracitados e, sim, pelas experiências de vida familiar, social e religiosa. Eu 
ainda não havia feito um curso na área de inclusão ou qualquer outra capacitação para 
lidar com crianças com deficiência, contudo, sabia que “não é o aluno que se ajusta, 
adapta-se às condições de ensino, mas o movimento se dá de forma contrária [...]” 
(LEITE; MARTINS, 2010, p. 04). Então, procurava ensinar as histórias bíblicas me 
servindo de mímicas, teatro e desenhos para que ele também fosse contemplado com o 
conteúdo das aulas. 
Vinte anos depois, sem nunca mais tê-lo visto, reencontrei-o. Participamos 
juntos em Goiânia – GO de uma formação para instrutores de LIBRAS, ministrada pela 
FENEIS, promovida pela Secretaria Estadual de Educação de Goiás. Ele já estava 
casado com uma surda. Juntos relembramos as histórias vivenciadas em sua infância, 
 
24 
daquele tempo em que fui sua professora. Hoje, ele trabalha com a educação de surdos, 
em cursos de Informática, na capital goiana. 
Retomando os acontecimentos daquela época, conforme mencionei no início do 
texto, procurava sempre que possível levar alguma peça teatral, brincadeiras e presentes 
àqueles alunos das classes especiais. Na ocasião, eu cursava o Magistério e preparava 
diversas atividades teatrais. Numa destas apresentações, na Páscoa, estávamos no palco, 
eu e meu filho com seis anos na ocasião, contando história. Ele trajado de coelhinho, 
fazendo as peripécias que eu havia ensinado. 
Nessa apresentação, avistei uma menina, conhecida por mim, em meio às 
ciranças com deficiência. Foi um susto muito grande! Eu sabia que ela não era 
deficiente mental, então por que estava entre os alunos especiais? Recompus-me, 
continuei a apresentação e, no dia seguinte, procurei ajuda. Fui à Subsecretaria Regional 
de Educação, na época já inaugurada em Itapaci – GO, não mais necessitando do 
acompanhamento da Subsecretaria Regional de Educação de Ceres – GO. Lá conversei 
com a coordenadora do “Projeto Acelera”, pois me sentia segura com essa coordenadora 
que demonstrava compromisso com a educação. 
Após explicar o ocorrido e minhas percepções sobre a situação, ela me convidou 
a, junto com a família, buscarmos uma mudança de vida para aquela menina que, na 
ocasião, já estava com 11 anos e ainda era analfabeta. Eram questões decisivas que 
implicavam em “acertar” ou “errar” na escolha. 
É importante, registrar aqui que, no final do ano anterior, essa criança havia me 
falado assim: “Tia Marina, me ajude, repeti de novo”. 
Aquelas palavras ecoavam em minha mente e coração. Como podemos ajudar 
alguém quando não sabemos o que fazer? A literatura nos subsidia, dizendo que “O 
sucesso acadêmico do educando depende da parceria forte entre a família e a escola: 
juntos, com o mesmo objetivo” (MELCHIORI, RODRIGUES; PEREZ, 2010, p. 01). 
Busquei a família, explicando que levar a garota da 3ª Série para a Alfabetização 
não seria um retroceder, mas um avanço para que, alfabetizada no final do ano, a 
menina pudesse prosseguir na 4ª série, normalmente. Seus pais acreditaram em mim e 
eu acreditei na coordenadora do “Projeto Acelera”. Juntos então, família, escola e 
comunidade investimos e, ao final do ano, de fato a menina já estava alfabetizada. 
Recebi uma carta escrita por ela, com expressões de amor e gratidão. Sua dificuldade foi 
superada. 
 
25 
É importante ressaltar que a criança pode apresentar avanços lentos, mas não 
se pode aceitar que chegou ao seu ponto máximo por causa disso. O fato de 
apresentar atrasos, quando comparada aos seus colegas..., não significa que 
deixará de ter avanços. É importante o professor pensar em estratégias de 
ensino diferenciadas que possibilitem aprendizagens significativas 
(MELCHIORI; RODRIGUES; PEREZ, 2010, p. 18). 
 
Com esta experiência aprendi muito. Contudo, quero dizer que, o Projeta 
“Acelera” não é, necessariamente, a única estratégia, afinal, eu nem possuía habilidades 
para articular estas situações com a deficiência intelectual. Como cidadã busquei ajuda 
em prol de uma criança que estava à mercê do sistema educacional, esperando, 
simplesmente, aprender a ler e a escrever. 
Em 2002 o Governo Estadual enviou um instrutor de LIBRAS à Itapaci – GO 
para iniciar um curso de linguagem de sinais. Na época, eu já havia sido aprovada em 
concurso público e exercia uma função administrativa em um Colégio Estadual. As 
vagas para o curso eram destinadas aos professores, mas lutei muito por uma delas. 
Geralmente sobram vagas para estes cursos no interior do Estado. Que experiência 
maravilhosa! Foram 40 horas preciosas para mim. 
Após aquelas 40 horas (Módulo I), aguardei, incessantemente, a vinda dos 
demais Módulos para concluir o curso de 160 horas. mas somente em 2005, outra 
instrutora retornou para ministrar o Módulo II. 
Percebia que os surdos daquela cidade conheciam muito pouco de LIBRAS e 
não tinham intérprete em sala de aula, exceto um aluno que recebeu uma intérprete, 
após esta capacitação inacabada. Os surdos precisavam estudar. Tanto os adultos quanto 
os jovens e crianças estavam lá, aguardando oportunidades. Tendo estudado somente os 
conteúdos dos dois Módulos, organizei um grupo de estudo de LIBRAS, convidei várias 
pessoas da cidade, inclusive os surdos. Dentre eles, alguns eram analfabetos e não 
conheciam nada de LIBRAS. 
Naquele ano, viajei 500 quilômetros (entre ida e volta), todos os sábados, para 
concretizar meu sonho: concluir o curso de LIBRAS. A cidade onde eu morava 
distanciava da capital, quase 250 quilômetros e, somente lá havia uma escola que 
ministrava tal curso. Todos os sábados, eu sofria de dores de cabeça devido às noites 
mal dormidas, pois, acordava as 03h30min para conseguir chegar à escola às oito horas. 
Contei para isso com vários patrocinadores, afinal, o curso e as passagens estavam além 
de minhas possibilidades financeiras. 
 
26 
Hoje, com o curso “Práticas educacionais inclusivas na área da deficiência 
intelectual” através da EaD, pude me formar com qualificação e muito conforto, sem 
custos e sem sofrimentos.No início de 2006, lutei muito para organizar uma sala de alfabetização para 
aqueles surdos que não sabiam ler, escrever, contar, usar sua própria língua materna. 
Deparei-me com muitos obstáculos. Por fim, a subsecretária me autorizou usar uma 
sala, duas ou três noites por semana. Organizei aulas de no máximo 2 horas, afinal, eles 
chegavam cansados do trabalho diário. A faixa etária era de 35 a 55 anos. Lembro-me 
da alegria de uma das senhoras surdas, nos momentos de interação e aprendizado. Ela 
era a única que conhecia um pouco da linguagem de sinais, pois havia morado um 
tempo em Brasília e lá havia aprendido. 
Disseram-me que eu não poderia organizar aquela sala, pois, os surdos deveriam 
ser inclusos na rede regular. Nessa época, não havia EJA, muito menos intérprete na 
cidade. 
O trabalho de educação com aqueles surdos adultos só durou meio ano, tive que 
me mudar para Anápolis – GO. Deixei algumas pessoas com um conhecimento básico 
em LIBRAS e diversas com conhecimento superficial, mas não houve continuidade esse 
trabalho. 
Ao chegar a Anápolis, fui a Subsecretaria para definir em que escola seria 
modulada, permitiram-me escolher o local, então, optei por uma escola inclusiva, onde 
estou desde julho de 2006. 
Quando tomei conhecimento da Plataforma Freire, imaginei que poderia tentar 
uma vaga em um curso de Pós Graduação. A princípio pensei que não teria direito pelo 
fato de não estar atuando como professora, embora me sinta como docente. A 
propaganda na T.V. dizia que era para professores e, mesmo assim, resolvi tentar. 
Como não foi possível Pós Graduação, notei que as Formações Continuadas 
estavam com as inscrições abertas, efetuei a inscrição. Fiquei muito interessada em 
formação na área de deficiência, por isso me inscrevi para este curso. Procurei ser 
sincera e não omiti a função que exerço, mesmo que para isso corresse o risco de perder 
a vaga. Aproximadamente quatro meses depois, recebi um comunicado que meu pedido 
fora aceito. Fiquei muito feliz. 
Iniciei o curso! Tive algumas dificuldades no ambiente virtual, mas isso foi 
normal para quem pela primeira vez participa de um curso EaD. Aos poucos, fui 
aprendendo. Vi colegas desejando desistir, encorajei-as a continuar. 
 
27 
Todo o material que recebia foi impresso e realmente estudei-os com dedicação. 
A cada leitura, eu aprofundava meus conhecimentos sobre inclusão. Sempre partilhava 
com outros professores as novidades e, lhes disponibilizava os materiais que seriam 
necessários para a melhoria de seu trabalho. Agi como agente de transformação pela 
inclusão. Agora tenho uma riqueza em mãos. 
Estudar através da EaD é bem melhor! Posso administrar meu tempo e meus 
dias. Realizo as atividades no dia e no horário que bem desejar. É claro, obedeço a data 
da postagem, contudo esta flexibilização de horário é adequada às pessoas que estão 
engajadas em um acelerado ritmo de vida com estudos, trabalho, família, educação dos 
filhos, responsabilidades com a casa, enfim, adultos que, talvez, jamais poderiam 
frequentar uma Universidade com aulas presenciais. Também, é necessário muita 
responsabilidade, afinal, o aluno é quem administra o desenvolvimento das atividades. 
Tutor, coordenadores, formadores, técnicos no ambiente virtual desempenham 
um papel importantíssimo, subsidiando nosso aprendizado. Todas as dúvidas são 
reportadas a eles e o feedback é certo. O aluno precisa ser sério e ético, assumindo suas 
responsabilidades com o curso. Se não for centrado e objetivo com seus propósitos, 
dificilmente, chegará ao final. Venci. 
Agora é aguardar que haja flexibilidade também no sistema burocrático, a fim de 
que eu possa de fato desempenhar minha verdadeira vocação, a docência. Enquanto 
aprovada em concurso público para funções administrativas, não me permitem assumir 
uma sala de aula. Quem sabe, um dia... 
 
 
 
28 
APERFEIÇOANDO A MINHA PRÁTICA INCLUSIVA: RELATO DE 
EXPERIÊNCIA 
 
Alcides Pereira da Silva Júnior
4
 
 
Nesse relato pretendo mostrar minha satisfação ao concluir o curso “Práticas 
Educacionais Inclusivas”. Na oportunidade, pude perceber e esclarecer muitas dúvidas 
que, na prática, ainda, fazem parte do cotidiano de muitos professores que estão na rede 
pública de ensino. Curso como esse deveria ser implantado por todos os órgãos 
responsáveis por uma educação de qualidade, não apenas sob a responsabilidade do 
MEC (Ministério da Educação) que, muitas vezes, não consegue alcançar a maioria do 
público alvo esperado. 
Durante muito tempo, vivemos numa sociedade excludente, achando que o 
correto era ver as coisas “daquele modo”. Mudar essa condição é um trabalho árduo. 
Falar em concepção ainda é tabu, acreditar que de fato podemos conviver em harmonia 
com a diversidade e que ela é importante para o aprendizado em geral, faz com que os 
teóricos da área pesquisem, cada vez mais, situações reais que tornem a inclusão um 
fato real. 
A cada módulo estudado no curso, pude compreender a importância de se 
trabalhar a inclusão, falamos sobre a história da inclusão social e educacional da pessoa 
com deficiência, o desenvolvimento humano e a aprendizagem, avaliação e conceitos 
relacionados a entender melhor como se desenvolve o ser humano dentro de uma visão 
inclusiva. 
Portando, neste texto, a pretensão é demonstrar o que é possível e o que é real 
perante a inclusão através dos conhecimentos adquiridos pelo curso que sem dúvida 
trouxe conceitos importantes para a melhor compreensão na área, estruturando 
conceitos e estabelecendo relações possíveis para a inclusão. 
 No início do curso, propuseram um questionário sobre as questões levantadas 
em relação aos conhecimentos sobre inclusão. As questões estavam pautadas na relação 
que havia entre aluno-professor, aluno-aluno, professor-professor, escola-comunidade. 
As experiências que tínhamos com alunos deficientes foram levadas em conta. A partir 
 
4
 EMEI “Profa. Magda Contart dos Santos” – Pontal - SP 
 
29 
daí, foi possível compreender melhor os conteúdos que seriam propostos no decorrer do 
curso. 
Assim que terminei o curso para professor em 1989 denominado Magistério, 
curso técnico para formação de professores para o ensino nas séries iniciais do Ensino 
Fundamental, fui convidado a participar da criação da instituição APAE do meu 
município, Pontal/SP. Na ocasião, tive a oportunidade de realizar um curso de 
Especialização para trabalhar com deficientes, oferecido pela APAE de Jaboticabal/SP, 
com duração de 180 horas. Em seguida fui para o Estado trabalhar com as Classes 
Especiais, salas com crianças que tinham sido testadas por psicólogos e que eram 
encaminhadas para a alfabetização. Trabalhei até 1998, quando então as classes 
especiais foram substituídas pelas salas de recurso. 
Durante minha atuação com os alunos encaminhados para a Classe Especial, 
meu foco de trabalho era a inclusão, minha preocupação maior estava na denominação 
da sala e onde estava localizada, geralmente era uma sala pequena, embaixo da escada, 
no fundo do corredor ou até mesmo um antigo depósito. 
Procurava sempre fazer algumas parcerias com os outros professores da escola. 
Caso na escola tivesse dois primeiros anos, A e B, por exemplo, minha sala era o 
primeiro ano C. Para a continuidade de estudos, meus alunos eram encaminhados para 
uma turma que havia um professor com um perfil diferenciado, esse cuidado tinha por 
finalidade dar aos alunos, ao chegar na turma nova, maior acolhimento, não sendo 
discriminados por terem passados pela CLASSE ESPECIAL. 
Participei de vários cursos sobre inclusão, problemas de aprendizagem, 
deficiências de aprendizageme outros assuntos que eram pertinentes a minha atuação. 
Tinha muitas dúvidas em relação aquele tipo de inclusão, que, na verdade, nada mais 
era que uma exclusão. Compreender de fato que a inclusão acontece nas escolas ainda é 
difícil, pois depende muito da concepção de aprendizagem que cada um possui. 
O curso Práticas Educacionais Inclusivas na sua dinâmica propõe “a veiculação 
de informações sobre deficiência intelectual e seus desdobramentos para prestação de 
serviços, via educação, à pessoas com deficiência intelectual”. Foram trabalhados temas 
como: aspectos etiológicos, conceituais, históricos e legais da Educação Especial, 
desenvolvimento infantil, postura ética frente à deficiência, relação família escola e 
aspectos da sexualidade. 
A elaboração e execução de avaliações diagnósticas deram subsídios para a 
implementação de práticas educativas voltadas para o ensino efetivo de pessoas com 
 
30 
deficiência, como, por exemplo, o ensino colaborativo, o planejamento individualizado, 
além da utilização de recursos lúdicos e jogos. “A informática é hoje, ferramenta 
indispensável para o trabalho pedagógico.” 
Minha expectativa estava ligada aos conhecimentos que ainda não faziam parte 
de nossas práticas em sala de aula. Novos conhecimentos vão sendo adquiridos a partir 
do momento que ocorrem mudanças. A mudança de comportamento é sinal que houve 
aprendizagem. Dar importância a uma nova aprendizagem conduz a novos 
conhecimentos. Esse movimento pode ser percebido quando é possível respeitar o ritmo 
que cada um tem para aprender. Esse ritmo só será respeitado no processo de 
conhecimento das capacidades de cada um. Cada um traz uma história de vida que 
determina formas diferenciadas de comportar-se diante de uma situação. A todo 
momento o contexto de interação torna-se diferenciado e diversificado fazendo todos, 
da equipe escolar, procurar novos conhecimentos. 
Daí a importância da formação continuada, adquirindo novos conhecimentos, 
buscando aumentar a capacidade de compreensão em relação às dúvidas de qualquer 
conteúdo. Compreender melhor como ocorre a aprendizagem, respeitando o ritmo, os 
conhecimentos, as condições, as causas, os aspectos conceituais, históricos pode 
garantir o aprendizado dos alunos. Isso envolve o trabalho de toda a escola e da 
sociedade. O resultado é uma sociedade mais justa, solidária e igualitária para todos. 
Pensando que o movimento pela inclusão está atrelado à construção de uma 
sociedade democrática, aprendemos como eram os deficientes durante a história da 
humanidade. Saber que na Antiguidade estava atrelado a alguma maldição ou até 
mesmo a castigos, na Idade Moderna eram banidos da sociedade por ter 
comportamentos que não condiziam com a época, faz-nos refletir a respeito da condição 
social e educacional de cada época para a construção da história. É importante saber o 
porquê dessas condições e das ações que levaram às extremas covardias que hoje é 
possível perceber. 
O que difere a sociedade atual das sociedades antigas? Para refletir a respeito 
dessas questões é preciso atentar para a relação que temos com as pessoas. Convivemos 
com as diferenças, apesar de ainda convivermos numa sociedade individualista. 
Dar a oportunidade de inclusão social e educacional, propondo uma condição 
melhor para a convivência é função da escola. A participação de todos para a construção 
de uma sociedade inclusiva é fundamental. A participação da família é o começo. É 
nesse seio que se inicia o convívio natural das pessoas. Importar-se com o 
 
31 
desenvolvimento do indivíduo, como está relacionando-se com os outros, faz com que a 
família perceba suas necessidades. 
Na escola, podemos perceber o quanto é importante a participação da família na 
construção de cidadania. É na escola também que podemos perceber o quanto é 
necessário essa participação. Em se tratando de inclusão a falta de informação da 
família pode mudar o rumo de muitos excluídos. Como, então, colocar essa instituição, 
que tem um papel fundamental no desenvolvimento do indivíduo, numa participação 
mais ativa e efetiva? Ações conjuntas, parcerias, formação e acompanhamento são 
condições necessárias para uma escola que pensa na inclusão. 
Ter conhecimento de como ocorrem os fatores que desencadeiam a exclusão, 
torna a escola uma instituição que apresentará para toda a sociedade uma tarefa de 
facilitadora na busca de novas oportunidades para cada um. No mercado de trabalho, na 
continuidade da carreira acadêmica ou, simplesmente, conviver em sociedade, só terá 
oportunidade de escolha aquele que tiver condições de conhecimento e isso é papel de 
uma escola inclusiva. 
Entender conceitos como sexualidade, flexibilização de ensino, ensino 
colaborativo, criatividade, habilidades sociais, tecnologia assistida proporcionou a nós, 
cursistas, um aprendizado concreto, articulando o currículo prescrito com o currículo 
real nas escolas, quando se tem um conhecimento teórico a respeito de um conteúdo a 
ser trabalho é possível colocar em prática de maneira mais efetiva. 
O curso trouxe conhecimentos que proporcionarão muita reflexão sobre nossa 
prática em sala de aula. O ir e vir no desenvolvimento de atividades que atendem as 
expectativas de aprendizagem, a avaliação dos conhecimentos, a nova reflexão sobre o 
que aprendeu e o que precisa avançar contribuirá no aprendizado dos alunos. Fazer da 
inclusão uma ação que vai ocorrer de fato, está na Legislação, agora ter essa ação como 
prática, é fundamental para se ter uma sociedade justa, solidária e igualitária. 
 
 
32 
PRÁTICA INCLUSIVA: O APRENDIZADO GERANDO MUDANÇAS 
 
Amanda Nolasco de Oliveira Santos
5
 
 
 Percebe-se que a maioria dos professores está comprometido com a prática 
docente e se preocupam em fazer a diferença nas buscas constantes do saber para 
melhor atender seus alunos. 
 O professor só consegue usar, em seu trabalho, as tecnologias disponíveis, se 
conhecê-las. Fica evidente a necessidade de se pensar estratégias de promoção e 
valorização das escolas A escola é um importante espaço difusor de cultura e 
informação, tornando-se o lugar ideal para se desenvolver, junto ao aluno, a elevação de 
sua autoestima e, consequentemente, seu papel de cidadão na sociedade. 
 É necessário um vínculo afetivo para que se possa compreender as necessidades 
e o comportamento dos alunos, bem como suas limitações. Com isso, há a valorização 
dos alunos, das ideias divergentes, é incentivado o surgimento de liderança criando um 
ambiente favorável ao aprendizado com soluções criativas para os diversos problemas, 
do cotidiano escolar. 
 As crianças que frequentam as escolas, muitas delas com dificuldades de 
aprendizagem não são crianças incapazes, apenas apresentam alguma dificuldade para 
aprender. Já um aluno com desordem neurológica seguramente terá mais dificuldades 
para aprender e, consequentemente, necessitará de intervenções pedagógicas pontuais e 
sistemáticas. 
 Segundo Vigotski (1991) todo auxílio prestado à criança em suas atividades de 
aprendizagem é válido, pois, aquilo que a criança faz hoje com o auxílio de um adulto 
ou de outra criança maior, amanhã estará realizando sozinha. Desta forma, o autor 
enfatiza o valor da interação e das relações sociais no processo de aprendizagem. 
 Para enfrentar essa maratona de alunos com dificuldades ou deficiências nas 
escolas, os professores têm que procurar ajuda e, muitas vezes, as escolas não possuem. 
Elaborar aulas levando em conta os estilos de aprendizagem e criar atividades 
diferenciadas dá trabalho, implica na busca de auxílio com outros colegas ou cursos 
que, são oferecidos pela secretaria de educação da cidade em que resideou em cursos 
do MEC. Professores se inscreveram e foram selecionados para realizar esse curso por 
intermédio do TelEduc. 
 
5
 Escola “João Alcindo Vieira” - Rua Jose Bonifacio n. 487 - Guarei –SP 
 
33 
 Foi através desse curso maravilhoso que eu e muitos outros professores 
conseguimos mudar nossa prática pedagógica e ajudar os alunos com dificuldades de 
aprender e os que nem conseguiam entender o que é aprender, ou seja, crianças com 
ritmos, interesses e jeitos diferentes de aprender. Quando a aprendizagem não ocorre 
tanto o aluno quanto o professor sentem-se frustrados e desmotivados, o que acaba 
gerando uma carga emocional negativa com todo o grupo. Por esse motivo sentimos, 
muitas vezes, incapazes de ensinar, mas com a ajuda desse curso, pudemos diferenciar 
nossas atividades, criando, flexibilizando e, ainda, contando com o trabalho 
colaborativo do professor especializado, o que foi muito legal. 
 Sou professora na Escola João Alcindo Vieira e minha sala é um 3º ano, com 28 
alunos, sendo um aluno deficiente auditivo, uma aluna com atraso no Desenvolvimento 
Neuropsicomotor (DNPM) e oito com dificuldades de aprendizagem. 
 Num primeiro diagnóstico pude observar que os alunos tinham: 
 Falta de concentração; 
 Sintomas de hiperatividade; 
 Leitura escassa; 
 Dificuldades em relacionar números e quantidades; 
 Dificuldades ortográficas; 
 Desinteresse pela aprendizagem. 
 Quando me deparei com todas essas dificuldades na sala, percebi que deveria 
buscar auxílio, mas não tinha ideia de onde ou quem procurar. Estava no início do curso 
de Práticas Educacionais Inclusivas. Este curso me deu a segurança que procurava para 
seguir adiante. 
 Através da interação com os colegas do curso, da diversidade de textos 
oferecidos e das várias atividades propostas pude, com confiança, mudar minha prática 
pedagógica para, então, chegar até esses alunos, compreendendo-os melhor e, aí, ajudá-
los. As atividades aplicadas na sala foram adaptadas às necessidade de cada um. Todos 
participaram, questionaram, refletiram e realizaram atividades em grupos e 
individualmente, de acordo com as exigências das mesmas. Os agrupamentos eram 
feitos de acordo com as hipóteses de aprendizagem de cada um, sendo possível fazer as 
intervenções necessárias. A minha interação com a sala, no início, foi dificultoso, mas a 
sala possuía uma energia muito boa e contagiou todo ambiente. Pudemos juntos 
aprender. Particularmente, posso afirmar que, com as atividades desenvolvidas, 
 
34 
conseguimos uma maior integração dos alunos. Percebi que eles se sentiram mais 
valorizados e motivados toda a vez que conseguiam realizar o proposto. 
 Com a diferenciação pedagógica conseguida através do curso Práticas 
Inclusivas, respeitando os diferentes estilos de aprendizagem dos alunos, as aulas 
transcorreram de modo mais vibrante, em constante movimento de trabalho e alegria. 
 Afinal, desta forma, todos se veem como capazes e inteligentes. Ainda foi 
necessário continuar dando uma atenção especial aos alunos com dificuldades, mas a 
cada dia que passa, percebem-se seus avanços, mesmo que apresentem defasagens em 
relação ao grupo. Mas, o mais importante disso tudo foi ter resgatado a autoestima dos 
alunos. Com atividades bem planejadas e intervenções adequadas eles estão 
acompanhando o grupo com sucesso. 
 O curso Práticas Inclusivas foi muito importante para o meu aprendizado e o de 
meus alunos. O aprendizado extraído desse curso trouxe todo um contexto de 
conhecimentos que estava faltando para meu trabalho em sala de aula. Ele não só 
contribuiu para a minha carreira profissional, mas me fez dar um passo enorme para 
tentar ajudar meus colegas e melhorar o nosso trabalho em sala de aula. 
 Um ano especial, com um grupo especial! Está sendo muito bom trabalhar com 
as crianças do 3° ano, depois do curso, pois com o desenvolvimento de cada um ao 
realizar suas atividades estão se tornando crianças mais interessadas e participativas, 
dispostas com desejo de aprender. 
 Muitas dificuldades de aprendizagem são decorrentes de metodologia 
inadequada, de professores desmotivados e cansados e, ”presos” em trabalhar dentro de 
um único estilo, o professor acaba favorecendo o aparecimento dos problemas de 
aprendizagem. É importante, no momento em que surja problemas com algum aluno, 
que haja uma mobilização por parte da escola, a fim de que solucionem a possível 
dificuldade. A recusa em aprender é um ato de defesa diante de seu fracasso e 
frustração. Com o estudo, pudemos perceber que a escola tem muito ainda o que fazer 
para ajudar seus alunos. A escola deve esforçar-se para a aprendizagem ser significativa 
para o aluno. Com isso todos têm a ganhar, a escola, a família e, principalmente, a 
criança que será mais flexível, mais motivada e mais interessada em aprender. A criança 
que possui dificuldades de aprendizagem necessita adquirir confiança em si mesma e 
acreditar que é capaz. Para dar conta disso as pessoas envolvidas devem se dedicar 
profundamente para que essa dificuldade seja trabalhada e sanada. A afetividade é o 
ponto “x” para garantir o sucesso e o aprendizado dos alunos. 
 
35 
PRÁTICAS INCLUSIVAS: UM DIREITO DOS ALUNOS 
 
Ana Paula Souza Báfica
6
 
 
Atualmente, o tema inclusão está em evidência no Brasil e no mundo. Urge a 
necessidade de se pensar em uma sociedade menos desigual, onde todos tenham acesso 
aos bens e direitos que a vida, a natureza e a história prepararam. Nesse sentido, o 
debate gira em torno das acessibilidades, do acesso a uma educação de qualidade e igual 
para todos, acesso aos locais e espaços de convívio social em geral. 
Nesse sentido, ciente dos princípios, políticas e práticas educativas atuais que se 
direcionam para uma escola inclusiva, que tenha estrutura educativa como suporte 
social, que abrigue a todos, independente de suas particularidades e diferenças, faz-se 
necessário, uma retrospectiva histórica da inclusão social, destacando que em tempos 
passados, os sujeitos com deficiências eram tratados como uma ameaça à sociedade. 
Compreende-se que a proposta de inclusão implica em alguns princípios básicos: 
a aceitação das diferenças e valorização de cada ser como único, rico a sua maneira; que 
a aprendizagem se constrói convivendo com a diversidade e a cooperação; as 
dificuldades de aprendizagem têm causas e desenvolvimentos múltiplos, exigindo 
pesquisas em diversos campos de origens: genética, orgânica, intelectual, cognitiva, 
emocional (incluído aí, a estrutura familiar/relacional) e, que influências externas 
podem minimizar ou maximizar os desdobramentos das diferenças. 
O recorte dessa discussão se evidenciará em relatar aprendizagens construídas 
durante o decorrer do curso de Práticas Inclusivas e Déficit Intelectual. Primeiro, por 
compreender ser um tema pertinente para uma sociedade que tanto tem falado em 
inclusão social e que precisa continuar dando sinais reais de que ela é possível. 
Segundo, porque quando falamos em Educação e Educação Inclusiva, falamos de um 
processo que visa o indivíduo integral e sua inclusão em todas as esferas da sociedade. 
Um dos maiores desafios das escolas regulares atualmente é promover a inclusão 
dos alunos com deficiência. Primeiro por sabermos que as pessoas com deficiência não 
necessitam de piedade ou compaixão, nem tão pouco de atitudes paternalistas no sentido 
de poupá-las das atividades imprescindíveis à sua sobrevivência. Segundo, por ter a 
certeza que elas precisam serem incluídas na sociedade. Para isso devem ser oferecidas 
oportunidades educacionais e profissionais, bastando, para tanto, a compreensão dos6
 Escola “Raio de Sol-APAE” - Canaviereiras – BA 
 
36 
que estão a sua volta, a fim de que lhes respeitem e que as deixem levar uma vida dentro 
da normalidade. O melhor caminho a se trilhar em busca da inclusão de pessoas com 
deficiência, dentro do espaço escolar e, por conseguinte, dentro da sala de aula, é a 
formação do professor. 
Destarte, o curso de Práticas Inclusivas em Deficiência Intelectual veio para 
contribuir para a melhoria dessa prática, nos possibilitando lançar um novo olhar ao 
aluno com deficiências, sejam elas físicas ou intelectuais. Como consequência (positiva) 
desta formação continuada, podemos, hodiernamente, incluir esses sujeitos e orientá-los 
para a autonomia e para o sucesso acadêmico. 
O variado conteúdo desenvolvido no curso auxiliou, sobremaneira, a lida no 
cotidiano escolar e, em especial: aspectos legais, a ênfase na família, a postura da 
escola, a ética profissional, as habilidades sociais, a flexibilização do ensino, o ensino 
colaborativo e a tecnologia assistiva. O resultado de tudo isso, foi a oportunidade de 
crescimento, a modificação da prática (para melhor) e o alcance de resultados positivos 
no que se refere ao relacionamento com os discentes. 
É sempre bom destacar que Mantoan (2007) defende a escola inclusiva para 
todos. Ressaltando que este modelo escolar que aí está posto, precisa ser modificado. 
No entanto, enfatiza que a escola integradora é muito mais cômoda e quebrar estes 
padrões, é tarefa difícil. Para a autora, inclusão é mais que integração. Todos têm o 
direito de frequentar a escola regular, pois é responsabilidade da escola comum a 
escolaridade do aluno, tenha ele deficiências, dificuldades ou altas habilidades. 
No entanto, os alunos com deficiências não têm tido seus direitos assegurados 
pelas escolas. Elas ainda estão longe de se tornarem inclusivas, desenvolvendo projetos 
parciais de inclusão, os quais não visam mudanças de paradigmas e continuam a atender 
os alunos com deficiências em espaços segregados (classes especiais, escolas especiais). 
As escolas que não estão atendendo os alunos com deficiências em suas turmas, 
justificam-se não terem professores preparados para este fim, ou não acreditam que esta 
inclusão possa trazer benefícios (MANTOAN, 1997). 
Após a conclusão desse curso, pode-se perceber o quanto podemos crescer 
enquanto profissionais e quantos recursos de acessibilidades têm sido disponibilizados 
para facilitar o processo de inclusão de pessoas com deficiências. Nesse sentido, afirmar 
que o processo de inclusão das pessoas com deficiências é consequência de uma escola 
de qualidade que seja capaz de perceber um mistério a ser desvendado e ser vivenciado, 
é um fato real. A ideia de inclusão escolar desloca a centralidade do processo de apenas 
 
37 
o sujeito se adequar à escola, mas ter o direito incondicional à escolarização, estando 
todos no mesmo espaço educativo. 
Este direito trará à escola um significativo referencial teórico da inclusão das 
diferenças, permitindo organizadamente o conhecimento e a prática desses educadores 
no alcance de novos patamares de qualidade no decorrer do processo de inclusão. 
Sendo assim, a evolução do processo inclusivo torna-se mais evidente e 
significativo à medida que os professores tomam posse dos seus conhecimentos, 
sentindo-se capazes de trabalhar com os limites individuais de cada criança. Para isso é 
indispensável uma relação dialética entre família e escola para que as necessidades dos 
alunos sejam atendidas favoravelmente, pois a família subsidia o trabalho da escola. 
Nesse sentido, pode-se compreender que a pior forma de segregação é aquela 
que marginaliza a pessoa em qualquer ambiente, dificultando a aproximação e o contato 
natural com a interação social. Essa interação passa a ser estabelecida a partir da 
convivência em grupos e são reguladas por estereótipos, preconceitos e ideias 
preconcebidas. 
As pessoas com deficiências são capazes de exercer diferentes atividades, desde 
que sejam feitas adaptações para o seu tipo de deficiência. Alguns deficientes, inclusive, 
deixam claro que a questão principal não está na inclusão e, sim, nas condições de 
sobrevivência que lhes são dadas. Percebe-se que passos precisam ser dados e mudanças 
mais significativas precisam ocorrer, porém não se pode descartar os avanços históricos 
existentes, haja vista a própria lei que já se configura em uma conquista. 
Se conseguirmos vencer tais implicações, principalmente no espaço educacional, 
a deficiência será aceita, assimilada com mais naturalidade e, certamente, os deficientes 
terão assegurados os seus direitos a igualdade e à diferença. Para isso, a conscientização 
é o primeiro passo e esta ação vai além de adaptar rampas de acesso nas escolas. 
A verdadeira inclusão escolar, só passará a ser uma realidade quando todos 
entenderem que incluir não é, apenas, uma obrigação. Ela não só se efetiva se 
assegurada por lei. Incluir deve ser um ato “normal”, pois estamos lidando com seres 
humanos, ainda que com algumas limitações. 
Porém, enquanto este ápice de consciência não for unânime, conta-se com as leis 
que asseguram os direitos aos sujeitos com deficiências e continua a esperança de que 
este objetivo seja alcançado. No entanto, fazer a nossa parte já é um começo. Ou seja, 
buscando nos especializar, ampliar nossas visões e nos tornando capazes de contribuir, 
de alguma forma, para a inclusão, seja ela na escola ou em outros espaços. 
 
38 
PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS – DEFICIÊNCIA INTELECTUAL 
 
Mirian Coelho de Oliveira
7
 
 
A educação inclusiva eficaz é o anseio de toda a sociedade. Temos nos 
confrontado com situações em que pessoas consideradas “inaptas” por serem deficientes 
são relegadas ao abandono e ao descaso. Fruto dessa visão errônea da comunidade em 
que vivemos é que se acredita ainda que, pessoas com anomalias físicas e , considerados 
diferentes dos estereótipos preconizados pela sociedade, os tornam incapazes de 
relacionamentos ou aprendizados em condições de igualdade com os demais aprendizes. 
Baseados nos preceitos de que cada individuo possui sua própria peculiaridade e 
característica singular e, portanto, devem usufruir do bem comum, intensificou-se na 
sociedade a discussão sobre a necessidade de encontrar mecanismos que permitam a 
inclusão social, como forma para construção de uma nova sociedade. Esta, agora, 
democrática, garantindo que todos possam ser considerados cidadãos capazes e que 
possam conviver em igualdade de condições, respeitando as diversidades e promovendo 
garantias de direitos e acessos a todas as oportunidades, independentes de sua condição 
física ou psicológica. 
As novas políticas públicas têm investido em um novo modelo educacional, 
visando à promoção de acessibilidade e apoio à inclusão escolar dos alunos em escolas 
públicas de ensino regular. Em eventos como o “Programa Escola Acessível”, o 
governo investiu na qualificação dos profissionais da educação, promoveu a adequação 
das salas de aulas, ampliou as escolas regulares, preparando-as para atender aos alunos 
ditos “especiais”. Garantiu recursos especiais para atender as necessidades dos 
portadores de deficiência. Esta adequação perfaz desde a arquitetura e estrutura do 
espaço físico, até a criação de dispositivos legais que dão apoio técnico e financeiro aos 
sistemas públicos de ensino, valorizando e incentivando os profissionais à qualificação 
para melhor atender a demanda da rede pública regular. 
A qualificação profissional, entretanto, demanda tempo, pois requer a busca de 
novos conhecimentos, técnicas e desenvolvimento de competências e habilidades que 
permitam ao professor realizar atividadesque facilitem e contribuam para o aprendizado 
do aluno deficiente em salas regulares onde terão que conviver com situações diferentes 
 
7
 - Barra do Bugres – MT. 
 
39 
daquelas a que estão acostumados, precisando adaptar-se a esta nova realidade. Para que 
essa adaptação ocorra, é preciso que escola e professores estejam imbuídos num único 
propósito de promover a inclusão, quebrando barreiras ao desenvolvimento das 
competências e habilidades úteis às práticas educacionais dentro e fora da sala de aula. 
Como poderia o professor manter-se atualizado em meio a tantas atividades em 
que o exercício de sua função exige? Pensando nestas dificuldades do profissional e 
buscando a melhor forma de expandir o aprendizado para melhor atender o aluno com 
deficiência em suas necessidades, surge a possibilidade de qualificação através de 
cursos de formação continuada a distância que, com suas ferramentas e metodologias, 
possibilita ao professor ampliar seus conhecimentos, trocar experiências com outros 
profissionais e desenvolver atividades que irão enriquecer suas atividades práticas no 
exercício da docência. 
Sem dúvida o curso “Práticas Educacionais Inclusivas – Deficiência 
Intelectual” foi de grande valia. Proporcionou-nos a possibilidade de um aprendizado 
ímpar que nos permitiu a reflexão sobre a importância da escola e seu papel enquanto 
mediadora no processo inclusivo. 
Contribuiu, também, para a formação do professor como profissional ético, 
competente, humano em suas relações com as diversidades presentes na sociedade. O 
professor é um elemento-chave para que os princípios de igualdade e oportunidades, 
tolerância, justiça e liberdade possam fazer-se presentes nessa comunidade, saindo da 
teoria para a prática, da abstração para a ação concreta. 
Permitiu-nos, também, refletir sobre as práticas desenvolvidas em sala de aula 
pelo professor e sobre a necessidade de um trabalho de conscientização e 
esclarecimento tanto aos profissionais da educação, professores, alunos e da família. 
A compreensão do papel da família no processo educacional inclusivo é um 
fator de extrema relevância, pois, ela deve ser parte deste processo como parceira da 
escola. À família cabe o primeiro espaço do aprendizado de valores e conhecimentos 
acerca do mundo que o ser humano tem a oportunidade de usufruir, enquanto à escola 
compete a tarefa de fornecer os meios de acesso ao conhecimento formal e diferentes 
alternativas de desenvolvimento do potencial do aluno e de suas habilidades. A escola e 
a família juntas constituem o instrumento de construção do cidadão capaz e crítico, em 
condições de interação na sociedade. 
O material disponibilizado para nosso estudo foi muito rico. Proporcionou-nos 
compreensão de teorias que dão suporte e embasamentos ao processo de inclusão. 
 
40 
Esclareceu fatos relevantes de práticas diárias em sala de aula, produzindo experiências 
reflexivas e orientação para as atividades práticas. 
Ter claros os conceitos sobre deficiência intelectual e deficiência mental também 
nos auxiliou na compreensão da complexa situação que enfrentamos em nosso dia a dia, 
em sala de aula. Desta forma, conhecer nossos alunos, suas dificuldades e necessidades 
possibilitaram-nos melhor desempenho no âmbito educacional, além de facilitar o nosso 
planejamento de acordo com as necessidades evidenciadas. 
Outro fator importante relaciona-se à base teórica que nos forneceu 
conhecimento e orientação para planejar as atividades, levando em conta as 
necessidades do aluno, promovendo a interação entre grupos, ajudando-os a lidar e 
conviver com as diferenças, trabalhando a autoestima, incentivando-o em seu processo 
de desenvolvimento cognitivo como sujeito da construção do seu próprio saber, como 
retrata Piaget em suas obras, nas quais abordam os variados usos da linguagem, noções 
de espaço, tempo e objetos, noções de matemática, biologia e substancialidades, 
desenvolvimento da inteligência, de atitudes e de valores relacionados à moral. 
O professor também deve estar preparado para trabalhar com seus alunos sobre 
questões como a sexualidade do aluno com deficiência. Este aluno também tem 
sentimentos, sonhos, desejos e prazer assim como os outros. O desconhecimento de seu 
próprio corpo e suas necessidades, muitas vezes, torna-os alvo fácil de abusos e 
exploração sexual. Cabe ao professor e a família a tarefa de orientação, para isso é 
preciso estar preparados e munidos de material que os ajude na tarefa de explicação, 
exemplificação, possibilitando maior compreensão e assimilação dos fatos. Desenvolver 
atividades de conscientização faz parte do papel educacional da escola. A educação 
sexual é um processo amplo, social e cultural e deve ser trabalhado de maneira que os 
alunos possam se autoconhecer para lidar com suas emoções e necessidades, 
adequadamente. A orientação, além de prepará-los para a vivência de sua sexualidade, 
poderá preveni-los contra possíveis abusos ou explorações. 
Mais que mediar o aprendizado do aluno é preciso saber avaliar, pois a avaliação 
deve contemplar todas as áreas do conhecimento construído, abrangendo o seu 
desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo, bem como as demonstrações de como lidar 
com as novas situações. Deve-se observar, também, as formas de expressão de seus 
sentimentos, se demonstram prazer ou não e como se processa o relacionamento em 
grupo. 
 
41 
Observar o caráter evolutivo tanto no âmbito individual quanto no coletivo. O 
aprender inclusivo deve atender a todas as áreas citadas que fazem do aluno sujeito de 
seu próprio aprendizado. Cabe ao professor atentar para os aspectos cognitivos, 
atitudinais e sócio afetivo para avaliar se houve avanços ou não, se há necessidades de 
outras formas de intervenção, buscando atender ao aluno em todas as suas necessidades. 
A flexibilização dos conteúdos é necessária para atender aos alunos, 
fortalecendo as relações para que eles sintam-se integrantes da turma e possam 
desenvolver as atividades em pleno uso de suas habilidades. O professor poderá planejar 
suas aulas adequando as atividades ao aluno às suas possibilidades. Para isso as escolas 
devem estar preparadas física e estruturalmente à realidade do aluno. 
A utilização de atividades que promovam a socialização e estabeleçam a 
integração da turma e cooperação mútua é essencial para a formação humana. O aluno 
com deficiência deve sentir-se parte da turma, ter liberdade para expressar-se com 
naturalidade e, ao mesmo tempo, desfrutar do respeito e compreensão dos outros 
colegas. A sua participação efetiva nas atividades deve estimulá-lo ao desenvolvimento 
de suas habilidades de comunicação, socialização e colaboração, pois ele é tão capaz 
quanto os outros e deve ser valorizado pelo seu potencial. 
As experiências vivenciadas com alunos portadores de deficiência, em sala de 
aula regular, mostraram-nos o quanto é difícil o convívio com as diferenças. Conciliar 
os alunos ditos “normais” com os portadores de deficiência não é fácil, principalmente, 
quando nos deparamos com escolas que ainda não estão totalmente adequadas para esta 
realidade. 
Embora existam tantos mecanismos legais e disponibilização de recursos, a 
prática ainda é muito precária. O que existe de fato é a vontade de fazer a diferença e 
vencer as diferenças, fazer a inclusão quando tudo a nossa volta aponta para a exclusão. 
Contudo, esse curso mostrou-nos, também, que essa convivência é possível. Com 
determinação, compreensão, carinho e muito amor, pode-se construir um aprendizado 
de qualidade e os resultados ainda que lentos, são gratificantes. Confrontando essas 
experiências com as vivenciadasno centro de atendimento a alunos com deficiência, 
percebemos que não é muito diferente do ensino oferecido pelas escolas regulares, pois 
as necessidades são as mesmas e a forma de trabalhar exige a mesma dedicação e amor, 
qualificação e disposição para vencer os desafios defrontados. A realidade destes alunos 
e as dificuldades enfrentadas pelas instituições que os recebem, mostrou-nos que ainda 
 
42 
há muito que fazer para que o processo educacional inclusivo possa ser realidade em 
nossas escolas e em nosso país. 
Pudemos, entretanto, perceber que é possível ter esperança e sonhar com um 
mundo melhor em que não haverá acepção de pessoas, seja por quais quer que sejam 
suas limitações. Esperamos que em um futuro próximo tenhamos uma sociedade mais 
humana, consciente de suas obrigações e responsabilidades inclusivas que saia de sua 
teoria e tome atitudes concretas e que tenhamos professores conscientes de seu papel de 
formador e parte integrante desse processo de construção do cidadão por meio da 
educação inclusiva. 
 
 
 
43 
ENTENDENDO A INCLUSÃO PARA GARANTIR E RESPEITAR OS 
DIREITOS DOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA 
 
Josiani Aparecida Julio de Oliveira
8
 
 
Certo dia, abri meu e-mail e estava lá: SELEÇÃO PARA CURSO – UNESP. 
Num primeiro momento, fiquei muito feliz, mas, ao mesmo tempo, apreensiva. Inclusão 
é algo que busco entender no meu dia a dia e luto para garantir que os direitos desses 
alunos sejam realmente respeitados. 
A inclusão é algo muito amplo que requer muita dedicação e responsabilidade 
de todos os envolvidos para garantir uma aprendizagem eficaz. Muitos de nós, 
professores, estamos em fase de entendimento e, por isso, não estamos totalmente 
seguros para atender aos alunos que precisam de atendimento especializado. 
Às vezes, fico muito preocupada e triste ao conversar com algumas colegas e 
perceber a rejeição que algumas têm quando o assunto é inclusão. Percebo que essa 
rejeição aflora pelo fato de estarem mal informadas. Algumas professoras fazem com 
que o aluno incluso seja excluído e, até mesmo, os pais mal informados acabam 
excluindo seu próprio filho. 
Não quero ser mais uma professora. O objetivo maior é fazer a diferença em 
seu próprio meio. 
Observo que alguns alunos estão inseridos em suas salas, mas o tratamento 
dado a eles é como se ele fosse diferente dos demais. Inclusão não é apenas inserir o 
aluno com deficiência no ensino regular e “abandoná-lo”; não é deixar que ele seja mais 
um aluno na sala. Para mim, inclusão é tratá-lo de forma igual, é respeitar suas 
limitações, é interagir e integrá-lo na sala, na escola e na sociedade, garantindo e 
adaptando suas atividades. Essas eram minhas pré-concepções até o momento de iniciar 
do curso. 
Felizmente, o curso tem início. São enviados os primeiros textos e as 
atividades. Chega o momento de total dedicação, reflexão e indagações. 
Fui me apaixonando cada vez mais pelo processo de inclusão e aquele 
momento de desespero, insegurança, apreensão foi sendo amenizado no decorrer do 
curso e o interesse em aprender mais foi aumentando dia após dia. 
 
8
 CEPE “Conceição Colombo Mota” - Santa Adélia – SP 
 
44 
Os relatos das colegas, a observação do aluno incluso junto a professora da 
sala, os bate-papos, os fóruns de interação, a troca de experiência foi muito gratificante. 
Acrescentaram muito em minha prática pedagógica. 
Não tenho aluno com deficiência em minha sala da aula, mas isso não é 
motivo para eu não buscar informações. Procuro, sempre que possível, conversar com 
as minhas colegas que trabalham com aluno com deficiência. Observo seus medos, suas 
dificuldades e suas conquistas, também. 
Acredito que com o conhecimento que o curso me proporcionou, com as 
informações que sempre estou buscando, estarei preparada para atendê-lo ou pelo 
menos integrada a cada dificuldade que ele possa ter, garantindo a ele possíveis 
conquistas de aprendizagem. 
Esse curso foi e está sendo de grande valia para o meu crescimento enquanto 
educadora. Leciono há seis anos. Estou sempre em busca de novos desafios. 
A inclusão é um desafio e nesse desafio somos instigados a novas informações 
para conduzi-lo com progresso e sucesso. Surgem novas discussões e questionamentos 
que nos fazem caminhar em busca de novos conhecimentos. 
Seria importante que as pessoas ligadas à educação tivessem acesso a cursos 
desse nível. Só assim mudariam o pensamento e a visão dessas pessoas em relação a 
inclusão. 
A inclusão está do nosso lado, portanto, não podemos fechar os olhos e fingir 
que o problema não é nosso. Inclusão envolve toda a sociedade. Vamos dar as mãos, 
abraçar essa causa e lutar juntos para garantir o tão sonhado DIREITO PARA TODOS. 
 
 
45 
ERA O QUE FALTAVA: INFORMAÇÃO PARA O EDUCADOR 
 
Hélvia Garcia Casadore Alberganti
9
 
 
Minha experiência como aluna do curso EaD foi gratificante. O material 
utilizado foi muito bem elaborado pelos organizadores do curso e a atuação dos tutores 
foi fundamental para que os objetivos fossem alcançados. 
Por meio desse curso, tive a oportunidade de conhecer mais sobre os recursos 
disponíveis para facilitar a vida daqueles que, por serem diferentes, sofrem com o 
descaso de muitos educadores que, pela falta de conhecimento sobre suas necessidades, 
acabam prejudicando seu desenvolvimento. 
O desafio é grande, mas possível ser vencido. Cabe a cada educador buscar 
informações e soluções sobre as necessidades de seus alunos, sejam elas físicas ou 
intelectuais. 
Muitos alegam que a escola regular não está preparada para atender aos alunos 
incluídos, mas falta preparo daqueles que são responsáveis pelo desenvolvimento dos 
alunos É necessário que toda a equipe escolar assuma um compromisso em facilitar o 
acesso e permanência desses alunos no ambiente escolar. 
Espero que outra oportunidade como esta seja oferecida para que possamos 
auxiliar nossos alunos a serem amados e respeitados por todos, desfrutando dos seus 
direitos assegurados pela nossa Constituição. 
 
 
 
9
 EMEF “Prof. Dircília de Carvalho Pereira Gutierrez” - Ariranha – SP 
 
46 
INCLUSÃO: DISCUSSÃO ANTIGA, CONHECIMENTO NOVO 
 
Adriana Costa Ferreira
10
 
 
 Inclusão não é uma discussão recente. Há décadas se debate essa questão, no 
entanto, na prática essa ideia só agora torna-se realidade. 
 A constituição determina que a educação é direito de todos. A LDB (Lei de 
Diretrizes e Bases da educação) também deixa claro que os alunos com deficiência 
devem ser atendidos, preferencialmente, na rede regular de ensino, juntamente com os 
demais alunos. 
 A tarefa de conduzir todos os alunos ao conhecimento, independente das 
limitações ou potencialidades de cada um, não é uma tarefa simples. É necessário 
estudo, materiais adequados, estrutura física e muito comprometimento do professor. A 
plataforma Paulo Freire contribuiu muito no que diz respeito ao estudo, ao 
conhecimento e a troca de experiências. 
 Ao longo do curso, tivemos acesso a textos riquíssimos. Sempre traziam algo 
novo para nos acrescentar, mesmo quando tratavam de assuntos já vistos anteriormente. 
É necessário capacitar os professores, principalmente os da rede pública, pela 
responsabilidade que têm em relação ao trabalho desenvolvido com a maioria dessas 
crianças e adolescentes em idade escolar. 
 Abordaram-se questões voltadas para o melhor convívio e atendimento aos 
alunos com deficiência, principalmente, aqueles com deficiência intelectual, no que diz 
respeito aos seus processos de aprendizagens e necessidades adaptativas.Mostrou-nos a importância da escola estar engajada, desenvolvendo um projeto 
político pedagógico que envolva os alunos de forma geral, contendo material didático 
adaptado e, consequentemente, o esclarecimento sobre as necessidades educacionais de 
cada aluno, no propósito de atender bem a todos que nela ingressar. Deve existir 
parceria entre a escola e a família, imprescindível para o sucesso escolar de toda 
criança, especialmente aquela com deficiência. 
 O oferecimento do curso Práticas Educacionais Inclusivas mostra uma evolução 
no que diz respeito à educação especial, pois nos coloca frente a uma realidade atual, 
inevitável, encorajando-nos, porque através das atividades realizadas e das trocas de 
 
10
 EMEI “Profª Anizia Zancanella de Figueiredo” - Santa Fé do Sul – SP. 
 
47 
experiências que aconteceram, podemos perceber que a inclusão é necessária e 
absolutamente possível. 
 No decorrer de todo o curso, tivemos experiências diversas que, com certeza 
auxiliará cada aluno que teve a grata satisfação dele participar. Ao final do curso ficou o 
fascínio pela profissão, o desejo de fazer sempre o melhor e cumprir a meta de educar. 
 
Educar é viajar no mundo do outro, sem nunca penetrar nele. É usar o que 
pensamos para nos transformar no que somos. O melhor educador não é o 
que controla, mas o que liberta. Não é o que aponta erros, mas o que os 
previne. Não é o que corrige comportamentos, mas o que ensina a refletir. 
Não é o que enxerga apenas o tangível aos olhos, mas o que vê o invisível. 
Não é o que desiste facilmente, mas o que estima sempre a começar de novo. 
O excelente educador abraça quando todos rejeitam; anima quando todos 
condenam; aplaude os que jamais subiram no pódio, vibra com a coragem de 
disputar dos que ficaram nos últimos lugares. Não procura o seu próprio 
brilho, mas se faz pequeno para tornar seus filhos, alunos e colegas de 
trabalho grandes. 
Augusto Cury 
 
 
 
48 
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: AMPLIANDO HORIZONTES E POSSIBILIDADES 
 
Adriana Lemos de Carvalho Soares
11
 
 
 Nos dias atuais, nunca se falou tanto em inclusão nas escolas e na sociedade. 
Percebe-se, hoje, um grande movimento na comunidade escolar para conhecer, 
compreender e aprender para receber e lidar com os alunos com deficiência nas salas de 
aulas. Mais do que nunca, as políticas públicas e a legislação vêm garantir, 
efetivamente, os direitos de todos os alunos. 
 Isso demanda do professor, uma busca constante de novos conhecimentos 
teóricos e metodológicos que o auxilie na sua prática, de modo a garantir que seu 
trabalho pedagógico seja efetivo junto à diversidade existente na sala de aula. Assim, o 
curso: “Práticas Educacionais Inclusivas – Deficiência Intelectual” pôde nos 
proporcionar um aprofundamento teórico e metodológico, visando garantir a igualdade 
de direitos e oportunidades ao aluno deficiente intelectual bem como sua integração 
social. 
 Ao longo do curso, desenvolvido totalmente em ambiente virtual, à medida que 
os temas iam sendo apresentados, divididos em módulos, pude ir construindo uma nova 
visão sobre a inclusão. 
 Essa não foi minha primeira experiência com EaD, mas a primeira a distância 
em se tratando de formação continuada em docência. Destaco o ambiente virtual de fácil 
acesso às ferramentas e com opção de acesso ao portfólio próprio e dos demais colegas. 
A disposição das atividades a serem desenvolvidas, dos textos para leitura e dos 
materiais de apoio facilitaram a organização dos estudos pelos cursistas. 
 Vale ressaltar, que apesar de não termos nenhum encontro presencial, a 
frequente atuação dos tutores e formadores contribuiu para nos aproximar, deixando 
mais aconchegante e familiar o ambiente virtual. 
 Da formação à educação continuada, sempre tive muita dificuldade em aceitar o 
aluno com deficiência na sala de aula, por despreparo, sentimento de impotência e, 
também, por medo de errar. 
Durante minha formação acadêmica, em pedagogia, há onze anos, pouco foi 
falado e estudado sobre o tema inclusão. Como sempre trabalhei em escolas da rede 
 
11
 Escola Municipal- Belo Horizonte – MG. 
 
49 
privada, em turmas de educação infantil que, em sua grande maioria, não aceitavam 
crianças com deficiências, por isso acreditava que não havia necessidade de buscar mais 
informações e formação sobre o assunto. 
Somente quando ingressei na rede pública de ensino é que me dei conta de que a 
inclusão, vista por mim, na época, como sendo um equívoco, era inevitável, um 
caminho sem volta (para o bem). Desde então passei a ler artigos, conversar com outros 
profissionais, buscar informações, conhecer a legislação e ouvir experiências que me 
auxiliassem na prática. 
Sentia-me frustrada porque pouco aprendi sobre como é realmente o dia a dia na 
sala de aula, sobre como ensinar o aluno com deficiência, até que me deparei com 
alunos com deficiências múltiplas. Fiquei ainda mais perdida e tive que recorrer às 
equipes de atendimento desses alunos, aos acompanhantes de inclusão do município, às 
famílias, mas ainda sem respostas que atendessem, satisfatoriamente, as minhas 
inquietações. 
Tive que continuar buscando aprender mais sobre educação inclusiva, pois 
quando me deparei com alunos de EJA, vi que muitos apresentavam deficiência 
intelectual e de aprendizagem. Isso despertou em mim um sentimento de que precisava 
ir além, que precisava fazer mais por estes alunos. Eles tinham sede de conhecimento. 
O professor necessita compreender como ocorre a aquisição dos conhecimentos 
para então poder realizar as intervenções necessárias que auxiliem no desenvolvimento 
das competências e habilidades dos alunos. Nessa busca constante, o curso veio 
exatamente ao encontro das minhas necessidades. A cada módulo, minhas dúvidas eram 
elucidadas, meus conhecimentos prévios se aprofundavam e outros eram agregados e 
apreendidos. 
Os textos apresentados foram de pertinência ímpar, numa sequência lógica que 
dá embasamento teórico consistente, bem como aprofundamento sobre o assunto. Para 
somar a esta aprendizagem tivemos os fóruns de discussão onde as trocas de 
experiências e vivências permitiam uma sensibilização e reflexão sobre as variadas 
práticas desenvolvidas em outros municípios. 
Percebo o quanto minha mente se abriu para a visão de que há um horizonte 
ainda maior, no campo educativo, e que há uma infinidade de possibilidades de atuação 
e de trabalho efetivo junto às diferenças. Como diz Mantoan, na escola inclusiva, 
professores e alunos aprendem uma lição que a vida dificilmente ensina: respeitar as 
diferenças. Esse é o primeiro passo para construir uma sociedade mais justa. 
 
50 
De toda a trajetória do curso, ficou um aprendizado: o de que é preciso ir além e 
buscar novas possibilidades educativas que contemplem as necessidades de todos os 
alunos que, apesar de diferentes entre si, carregam sua individualidade que deve ser 
respeitada. 
Ao professor cabe reconhecer as diferenças e limitações dos alunos e propor 
situações desafiadoras e estimulantes que promovam seu desenvolvimento, buscando na 
formação continuada subsídios para a sua prática. 
 
 
51 
PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS E A DEFICIÊNCIA 
INTELECTUAL 
 
Ana Paula Radó Donnini
12
 
 
 Quando comecei o curso, eu só trabalhava com sala de aula regular do Ensino 
Fundamental. No começo deste ano, fui chamada, através de um concurso em que fui 
aprovada, para assumir uma sala de recursos multifuncionais. Então, acumulei uma sala 
regular com uma sala de recursos até o mês de abril quando fiz umatroca da sala 
regular por outra sala de recurso. 
 No momento estou com duas salas de recursos multifuncionais onde os alunos 
que frequentam, em sua maioria, têm laudo de deficiência intelectual, em níveis 
diferentes. Para mim, é tudo novidade. Estou meio ansiosa com os alunos novos, com 
essa nova forma de trabalhar e esse curso abrange situações que vivemos no dia a dia. 
 A cada módulo proposto para estudo, novas portas se abriam, pois através das 
leituras e muitas informações novas que vão chegando até nós, nos fazem pensar, querer 
conversar, trocar ideias com outras pessoas e através do fórum de discussão e do bate-
papo conseguimos resolver essas questões. 
 Entre as experiências do cotidiano que o curso me ajudou está a construção do 
Projeto Político Pedagógico da nossa escola. É comum pensarmos no aluno padrão e 
não no aluno com deficiência. Quando esse assunto foi abordado, ajudou muito a 
opinarmos e colocar uma interrogação nos gestores e professores de nossas escolas. 
 Disciplina é outro assunto que todos precisam pensar e agir de acordo com a 
realidade do seu dia a dia. De repente, percebemos que nós, professores queremos exigir 
dos alunos algo que, às vezes, para nós é difícil. Nós mesmos não sabemos como 
administrar nosso tempo e, também, precisamos de disciplina no nosso serviço. 
 Flexibilização foi um assunto muito importante pra mim, pois precisamos 
aprender como fazer acontecer a flexibilização quando temos alunos nas nossas salas 
que precisam ser incluídos. A flexibilização possibilita adaptar atividades, recursos e a 
aprendizagem flui melhor. 
 O Ensino Colaborativo pra mim foi uma novidade, pois estamos acostumados a 
trabalhar sozinhos com nossos alunos. O outro professor faz o trabalho dele sozinho 
 
12
 EMEIF “Pref. Zoroastro Alves” - Avaré – SP. 
 
52 
também e isso não traz benefício nenhum para os alunos. Depois que li sobre o ensino 
colaborativo, mudei totalmente o meu comportamento. Agora vou na sala de aula 
regular, converso com o professor, vejo o que posso fazer para ajudar o aluno que está 
nos dois ambientes. Isso ajudou muito. 
 Sexualidade pra mim foi um ponto difícil, pois trabalho com alunos menores e 
quando vi tudo que dá pra ser feito, fiquei um pouco paralisada, pois o que faço é tornar 
as coisas mais normais possíveis para não tornar o assunto chamativo e tentar esclarecer 
de forma verdadeira as dúvidas que surgem para que as crianças não sofram por 
ignorância. 
 Com a tecnologia assistiva, percebemos que não é porque a criança tem algum 
tipo de deficiência que ela não poderá aprender porque a tecnologia assistiva está aí para 
ajudar e muitos dos nossos alunos já estão até usando alguma coisa de comunicação 
alternativa. Achei maravilhoso, principalmente, para alunos que têm dificuldade para se 
comunicar. 
 Quanto à avaliação percebemos que é um instrumento importante que está 
presente no cotidiano e sabemos que podemos (e devemos) avaliar os alunos, 
diariamente, e de diversas formas e para elaborarmos o planejamento, necessitamos de 
uma avaliação bem feita, pois é a partir dela que tudo começa. 
 A inclusão digital é um ponto importantíssimo, pois a maioria dos professores é, 
totalmente, analfabeto digital. E como podemos querer que os alunos dominem se nós, 
professores, não sabemos também? Esse ponto foi muito importante, pois precisamos 
estudar e nos familiarizar com as novidades que aparecem para poder ajudar nossos 
alunos. 
 Experiências no decorrer do curso eu tive muitas e foram citadas nas atividades 
propostas. O que nos falta é tempo para registrá-las e poder contribuir com vocês que 
nos ofereceram esse trabalho tão enriquecedor. 
 
 
 
53 
UM NOVO OLHAR PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA ESCOLA 
INCLUSIVA 
 
Andreza Patrícia Balbino Cezário
13
 
 
 Atualmente, a escola vem cada vez mais buscando esforços na construção de 
uma educação inclusiva. Com a valorização das habilidades individuais dos alunos e um 
olhar mais atento para as diferenças presentes em sala de aula, aliado às práticas 
educacionais inclusivas, reconhecemos a importância da capacitação continuada dos 
professores. 
 Neste sentido, o curso: “Práticas Educacionais Inclusivas – Deficiência 
Intelectual”, nos proporcionou o aprofundamento de conhecimentos teóricos e 
metodológicos que visam garantir a igualdade de direitos e oportunidades ao aluno 
deficiente intelectual e sua efetiva integração social. 
 Um novo olhar foi sendo tecido ao longo do curso Práticas Educacionais 
Inclusiva em Deficiência Intelectual, cujo objetivo foi aprofundar conhecimentos sobre 
a mesma e proporcionar o aprimoramento de ações pedagógicas a serem desenvolvidas 
em sala de aula. 
 Inicialmente, tivemos que desenvolver novos conhecimentos de informática e 
Internet para realizar as atividades no ambiente virtual, oferecido com muita qualidade 
pela Plataforma do TelEduc. Essa trajetória oportunizou-nos muitos conhecimentos 
sobre o aluno com deficiência intelectual e seu desenvolvimento cognitivo e social. 
 A troca de experiência vivenciada entre os professores, sempre focada no 
objetivo maior, de garantir a implantação e a operacionalização dos direitos de 
igualdade de oportunidades educacionais ao aluno deficiente intelectual, subsidiou, de 
maneira ímpar, o desenvolvimento dos conteúdos. 
 O percurso foi todo realizado, partindo da sensibilização, reflexão e o 
reconhecimento da valorização das diferenças em sala de aula e suas inúmeras 
contribuições para o coletivo escolar. Desse modo, assumindo as práticas educacionais 
inclusivas aliadas às sociais, vemos o desenvolvimento integral do aluno com 
deficiência intelectual aumentar sua capacidade de relacionar-se com o meio cultural, 
social e familiar, no verdadeiro exercício da cidadania. 
 
13
 E.E. “João Pedro Fernandes” - Bauru – SP. 
 
54 
 Levando este contexto, para a sala de aula, verificamos a importância dos 
registros das atividades do aluno deficiente intelectual. Através da confecção de 
portfólios, é possível realizar um contínuo acompanhamento do desempenho dos alunos, 
respeitando seu ritmo de desenvolvimento, possibilitando, desse modo, realizar 
intervenções necessárias que fortalecem sua integração social. 
 No primeiro Módulo, iniciamos nossas primeiras atividades práticas em um 
ambiente virtual, através da familiarização e ambientação no TelEduc o que, no 
princípio, considerávamos de difícil entendimento, passou a ser mais uma ferramenta 
pedagógica eficaz e de fácil manuseio. 
 Já a sensibilização em relação ao deficiente intelectual, iniciou-se no segundo 
Módulo com os fundamentos teóricos estudados na leitura do texto “Direitos 
fundamentais à proteção e integração social da deficiência à luz do texto constitucional” 
de Carlo José Napolitano. A legislação contemplada nos textos assegura o direito de 
todos as pessoas com deficiência à educação. Nós, professores, gestores e famílias 
contribuímos quando colocamos em prática o texto da lei. Assim, estamos colaborando 
para construir uma sociedade mais justa. 
 O professor, enquanto mediador, necessita ter a compreensão de como ocorre a 
aquisição de conhecimentos por parte dos alunos, para poder realizar as intervenções 
necessárias que auxiliem no desenvolvimento das competências e habilidades dos 
mesmos. 
 Finalmente, o curso proporcionou um desvendar de novos horizontes, com a 
soma de novas e reais possibilidades: o que era desconhecido ou aplicado ao aluno 
deficiente intelectual de uma forma empobrecida, passou a ser compreendido e 
assimilado através de práticas pedagógicas eficazesem sala de aula. De acordo com 
Jacques Delors (2003), a educação deve organizar-se em torno de quatro pilares de 
aprendizagens fundamentais: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver 
juntos e aprender a ser. 
 Trabalhamos temas como – Sexualidade, Flexibilização Curricular, Habilidades 
Sociais e o Ensino Colaborativo e Criatividade. Vislumbramos que a união gera a força, 
como os ventos movem os moinhos. Assim também ocorre em sala de aula, quando 
reconhecemos estratégias de ensino colaborativo, através do lúdico, de jogos de 
colaboração onde cada um contribui, integrando-se ao grupo, Esse movimento, em sala 
de aula, gera conhecimento, cidadania e melhoria das relações interpessoais. 
 
55 
 Os resultados alcançados no curso, iniciaram-se quando aceitamos fazer parte do 
mesmo e assumir o compromisso de termos uma escola mais justa e solidária, incluindo 
todos na igualdade de oportunidades educacionais. 
 Temos a certeza de que as melhorias ocorrem a longo prazo, mas já estamos 
constatando desde que se iniciou o curso, quando começamos a levar para sala de aula e 
para toda a comunidade escolar, as primeiras propostas de atividades práticas com o 
aluno deficiente intelectual. Começamos, assim, a perceber os primeiros resultados 
satisfatórios. 
 Considerar bons resultados significa também considerar as conquistas. Nesse 
sentido, conseguimos, também, adquirir conhecimentos em informática, descobrimos a 
possibilidade de utilização de diferentes subsídios que facilitam o desenvolvimento dos 
alunos deficientes, a troca de experiências entre os professores, os hábitos diários de 
estudo e pesquisa. 
 Assumir um trabalho pedagógico que garanta ao aluno êxito em sala de aula, 
requer de nós, professores, um compromisso com a capacitação continuada. O professor 
tendo maior acessibilidade aos cursos de capacitação, consequentemente, o atendimento 
ao aluno deficiente mental é melhor. 
 Somar esforços para estabelecer práticas educacionais inclusivas, é levar para a 
sala de aula a construção de saberes humanos, o respeito à diversidade, com estratégias 
de ensino que propiciam a participação de todos os alunos. 
 
 
 
56 
NENHUMA DEFICIÊNCIA INTELECTUAL É TÃO GRAVE AO PONTO DE 
IMPEDI-LO A TER AMIGOS 
 
Elaine Marques Santo Urbano
14
 
 
 Na minha experiência, o que mais me marcou foi a frase “nenhuma deficiência 
intelectual é tão grave ao ponto de impedi-lo a ter amigos”. A partir daí, fiquei 
observando os alunos e constatei que eles próprios e seus familiares se sentem 
discriminados e diferentes no que diz respeito a amizade. 
 Comecei, então, a fazer um trabalho de inclusão com os alunos onde o principal 
objetivo era se tornar acessível uns aos outros. Trabalhando em duplas, grupos, falando 
em primeiro lugar sobre o respeito mútuo entre todos, usando as diferenças em 
benefício de todos, buscando o equilíbrio, preparando as aulas pensando em todos os 
alunos para aproveitar e potencializar suas capacidades. Tudo isto precisava partir de 
mim, pois, eu sou o exemplo e o professor respeitando e incluindo... os alunos fazem o 
mesmo. 
 Antes de conhecer o conteúdo do curso, posso dizer que não tinha esse olhar 
cuidadoso que hoje tenho e nem pensava que poderia ajustar o currículo em favor de 
alguns, mas agora compreendo a necessidade de um currículo pautado na ideia da 
diferença. 
 Há pouco tempo, recebi um aluno com deficiência motora nas pernas e braços. 
No início, confesso que fiquei um tanto preocupada, pois, ele cai com muita facilidade, 
sua letra não é tão legível... Depois de alguns dias, percebi uma mudança no 
comportamento dos colegas. Posso dizer que veio fechar com chave de ouro o curso que 
realizei com a tutora e formadora Vera e Norma, pois, pude constatar o quanto uma 
criança dessa, na sala regular, não atrapalha e, sim, ajuda. Hoje, este aluno não tem 
apenas o meu apoio, mas da maioria dos colegas. Eles se revezam em quem vai dar 
segurança a ele. Tem sempre um colega da sala pronto a ajudá-lo a caminhar, a ir ao 
banheiro, levar sua bolsa, etc. E digo mais, essa sensibilidade, esse respeito à 
dificuldade do outro fez com que a sala, em geral, melhorasse no comportamento e na 
convivência, sem que eu pedisse, a classe compartilhou comigo a responsabilidade de 
tornar acessível mais uma vida em sala de aula, afinal “Quem ensina também aprende” 
(PAULO FREIRE). 
 
 
14
 EMEB- “Prof. José Barreto Coelho” - São José do Rio Pardo – SP. 
 
57 
TECER UM NOVO OLHAR ATRAVÉS DE NOSSAS EXPERIÊNCIAS 
 
Maria Cristina de Andrade Silva
15
 
 
 Nesse capítulo, relatarei as experiências conquistadas no Curso Práticas 
Educacionais Inclusivas na área da Deficiência Intelectual oferecido pela 
UNESP/SEESP/MEC cujo objetivo foi promover a formação continuada de professores, 
através da EaD, na área de deficiência intelectual, com enfoque nas práticas 
educacionais inclusivas. O curso ocorreu entre maio a outubro de 2010, propiciando aos 
professores possibilidade de discutir sua formação e a inclusão dos alunos. 
 Esse relato pretende descrever algumas etapas de estudos em que o curso 
favoreceu o enriquecimento de nossa prática em sala de aula e muitas reflexões sobre 
apoio educacional para alunos com deficiência. Esse apoio só tem sentido para que os 
alunos possam aprender e ultrapassar as barreiras que lhes são impostas pela 
deficiência. 
 Estamos envolvidos em discursos sobre a qualidade educacional que prioriza 
escola para todos. Muito se fala e se discute sobre a inclusão, mas, as práticas 
continuam a desejar. Somente a partir de 90, as propostas inclusivas para alunos com 
deficiências passaram a ser discutidas na Política Nacional da Educação. Essas 
propostas inclusivas, primeiramente, dependem de mudanças na maneira de pensar e 
agir da sociedade. 
 Nesse curso, conhecemos muitas leis e tivemos oportunidade de discutir 
diferentes opiniões sobre a inclusão sob o olhar dos docentes que tem um contato direto 
com essa situação. 
 Vivenciamos experiências de diferentes escolas do estado e sentimos na pele 
como é difícil trabalhar sem recursos e instrumentos didáticos. 
 O profissionalismo não permite o descaso e valoriza cada momento de 
descoberta de um aluno especial. Aprendemos, sempre, com pequenos detalhes, com 
um simples olhar, um gesto. Para isso, basta que tenhamos compromisso com a 
educação de qualidade e a inclusão faz parte dessa qualidade. 
 O curso elencou temas importantes que propiciaram muitas reflexões sobre os 
fundamentos da Educação Inclusiva, sobre práticas educacionais, ética, sexualidade, 
 
15
 CEJA – Parque Viaduto - Bauru – SP. 
 
58 
criatividade, ensino colaborativo, habilidades sociais, tecnologia assistida. Enfim, abriu-
se um novo olhar sobre o processo ensino-aprendizagem para os nossos alunos com 
necessidades educacionais. 
 Muitas atividades do curso instigaram investigação em nossas salas, priorizando 
o trabalho e o envolvimento entre professor e aluno. Ressaltou-se muito o papel do 
professor como mediador, preenchendo as lacunas e facilitando o aprendizado. 
 As nossas tutora e formadora tiveram um grande desafio, pois elaborar materiais 
de apoio e socializar com professores com práticas diferenciadas é um árduo caminho 
para integrar todas as opiniões. É lógico que perceberam que os professores possuíam 
experiências riquíssimas e atentaram, carinhosamente, para as situações diversificadas 
que elevaram as discussões sobre as habilidades didáticas e a autonomia em sala de 
aula. 
 Os fóruns com temas atuais e críticos proporcionaramum debate saudável e 
muitas descobertas interessantes, caminhos desconhecidos que achávamos estreitos e 
sem valor. Enfrentamos e conseguimos encontrar respostas, até então, indecifráveis. 
 Como poderíamos saber? Participando das discussões e atividades presentes no 
curso, elencando dúvidas para ampliar o caminho do conhecimento e apagando todas as 
incertezas diante da inclusão. 
 Aceitar os desafios, bater de frente com as implicações de temas polêmicos 
como a sexualidade para nossos alunos com necessidades educacionais; buscar 
interação familiar, outro tema trabalhado no curso. Difícil, mas não impossível. Querer 
implica derrubar barreiras que as famílias criam para não participar das atividades 
escolares. 
 Trabalho com um público bem heterogêneo composto de jovens e adultos 
excluídos da sociedade. Uma visão distorcida marca, profundamente, a aprendizagem 
desses educandos. A educação de jovens e adultos vai além da leitura e escrita. Trata-se 
de um processo no qual as pessoas envolvidas são agentes e não depósitos de 
informações. Assim, primeiramente, trabalhamos a autoestima que, aos poucos, 
ajudamos a construir um cidadão mais estruturado e confiante em si mesmo. 
 Assim, atentei que o curso poderia trazer novas ideias e conceitos para ampliar 
meu trabalho em sala de aula. Percebi as influências positivas que o curso trouxe para o 
meu trabalho, principalmente, para os alunos com dificuldades de aprendizagens. As 
atividades propostas foram bem vindas, propiciou socialização e compreensão de muitas 
dinâmicas elaboradas no decorrer do curso. 
 
59 
 Refletimos muito sobre nossa prática pedagógica. Qualquer deslize trará feridas 
incuráveis, principalmente para os nossos alunos excluídos por uma sociedade 
ignorante. Enfim, é preciso estudar, investigar, compreender e transformar a realidade. 
 As formadoras sempre persistentes nas atitudes ofereciam respostas competentes 
para evitar algumas distorções nas leituras, sempre favorecendo o conhecimento e as 
experiências de todos, ou seja, sempre articulando as necessidades e demandas da 
turma. 
 É preciso buscar novos conhecimentos. O curso tentou abranger o máximo de 
vertentes com o objetivo de ampliar nossos horizontes, apagando as dúvidas que 
apareciam no decorrer de cada módulo. Sempre nos incentivaram a procurar 
informações e mobilizar o programa educativo, inserindo nossos alunos com deficiência 
na sala comum, pois, este aluno tende a ficar isolado diante das riquezas de 
conhecimento que há na sala de aula comum. A má interpretação dos conceitos da 
inclusão persiste e nega, muitas vezes, uma educação de qualidade. 
 O curso permitiu-nos registrar valiosas informações e avaliar cada momento em 
um portfólio compartilhado com os participantes do curso. Muitos comentários 
enriqueceram os trabalhos dos professores e questionaram as leituras, ponto crucial para 
alavancar a temática e os questionamentos presentes nos módulos. 
 São nesses momentos de troca que aprendemos mais e percebemos que 
precisamos utilizar, em sala de aula, mais estratégias contextualizadas abrangendo todos 
os alunos, envolvendo-os em todas as atividades. 
 Após cinco meses de estudos, percebi que as questões mais relevantes vêm do 
próprio ser. A confiança é elo do crescimento do profissional. O apoio de um professor 
especializado seria ótimo, que a nossa realidade política permite. Mas, também, 
devemos confiar em nós, em cursos oferecidos por entidades sérias que se preocupam 
com o saber e excluir o pensamento negativo. O envolvimento favorece o debate da 
questão da inclusão em nossa sociedade e permite a veiculação de ideias, contribuindo, 
desse modo, para que todos possam conquistar um espaço digno entre o poder e o saber. 
 Portanto, a inclusão é um motivo para que a escola se modernize e os 
professores aperfeiçoem suas práticas. A inclusão escolar de pessoas com deficiência 
torna-se uma consequência natural de todo um esforço de atualização e de 
reestruturação das condições atuais do ensino básico. Devemos estar cientes das novas 
mudanças e respeitar a legislação vigente para cumprir as normas com consciência e 
competência. 
 
60 
 O importante é ressaltar que o curso levou-nos a refletir e questionar sobre 
nossos velhos conceitos sobre a inclusão. E, também, elevar a nossa autoestima diante 
das dificuldades que perpassam nossos desejos de mudanças, além de acrescentar novas 
visões modernas e inserir novos desafios para sermos um professor facilitador no 
processo de ensino-aprendizagem com criticidade e autonomia. 
 É fascinante perceber que, em cinco meses, aprendemos muito e conseguimos 
avaliar nossas práticas: olhar para nossos alunos e dizer que não estamos sós diante das 
dificuldades. Almejamos que os discursos não fiquem soltos no ar, mas concretizados 
em nossas escolas, firmando nossos compromissos diante de uma realidade cruel e 
injusta nas escolas estaduais e municipais. 
 O aprendizado é constante em diversas situações diárias, como preenchendo 
formulários, passando receitas médicas e cheques, tomando notas de recados, lendo 
jornais, revistas, cartas bulas de remédio, anúncio de publicitários e principalmente nas 
urnas eleitorais. 
 Mas, como esses conhecimentos não são suficientes, precisamos ampliar nossas 
reflexões. O educando deve ter consciência da diversidade textual e ampliar seu 
repertório. 
 O professor necessita organizar um plano diferenciado para os alunos portadores 
de deficiência e sempre procurar novas estratégias e estudar caminhos adequados para 
resolver os problemas em sala de aula. 
 O curso valorizou as experiências dos professores, redimensionando o papel do 
educador, indicando-o como capaz. Mostrou aspectos relevantes diante das situações 
problemas e tentou direcionar para resolução dos mesmos. Enfim, é preciso que cada 
educador seja consciente que precisamos de esforços para identificar os problemas e as 
soluções no dia-a-dia. 
 
 
61 
INTERVENÇÕES PEDAGÓGICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO 
ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: A CONTRIBUIÇÃO DE 
VIGOTSKI 
 
Maria das Graças Estanislau de Mendonça Mello de Pinho
16
 
 
Vigotski (1995) criticou o modo de se tratar a Educação Especial, pois julgava 
que não é na facilitação ao aluno que se provê a aprendizagem e o desenvolvimento, 
mas, justamente, na promoção de desafios é que se encontra a fonte de possibilidades de 
desenvolvimento. Complementa, ainda que a escola deve ser um local para a educação 
e, assim, privilegiar o abstrato ao concreto e o desenvolvimento das funções mentais 
superiores e cognitivas, ao invés da ênfase às funções sensoriais e motoras. É no 
contexto de sala de aula, ambiente cultural por excelência que, entre as muitas 
interações e vozes em ação, criação e transformação, subsidiam-se a emergência das 
Zonas de Desenvolvimento Proximal. 
Vigotski (1995) distingue dois tipos de deficiência, sendo uma primária, 
compreendida como biológica, tais como lesões orgânicas, cerebrais, malformações, e 
alterações cromossômicas, e as secundárias, do tipo social, com base nas interações 
sociais. Ele opõe-se as explicações, exclusivamente, biológicas para o desenvolvimento 
dos sujeitos com deficiência, uma vez que defende uma concepção que se orienta do 
plano social para o plano individual. “[...] é importante conhecer não só o defeito que 
tem a criança, mas a criança que tem tal defeito” (VIGOTSKI apud GARCIA, 1999, p. 
44). 
Vigotski (1995) considera que as aprendizagens e as não-aprendizagens na 
escola devem ser atribuídas às formas de ensino, organizadas entre os professores e 
alunos, considerando suas histórias de aprendizagens anteriores. Descarta, uma visãoorganicista e individualista na qual o fracasso estaria relacionado, exclusivamente, ao 
aluno. Para ele a sociedade preocupa-se com aquilo que a criança não é, e com aquilo 
que ela não faz, dentro de um padrão de normalidade, quando o que é necessário é 
caracterizar seu desenvolvimento e não medi-lo. 
Vigotski (1988) julga que, de modo equivocado, a escola propõe às crianças 
tarefas apenas em seu nível real, que conseguem realizar sozinha, não explorando as 
 
16
 E.M. “Jardim Escola Norberto Marques” - Natividade – RJ. 
 
62 
promissoras possibilidades da zona de desenvolvimento proximal. Focaliza, 
principalmente, o aprendizado emergente, totalmente dependente do que será 
viabilizado socialmente, sendo considerado o bom ensino aquele que se adiantar ao 
desenvolvimento já conquistado. Um indivíduo, a partir da ajuda de outro, será capaz de 
realizar tarefas que não seria capaz, individualmente. 
O diagnóstico é um dos fatores que o educador deve observar, mas não é o ponto 
central definidor de toda a sua ação. Outros fatores devem ser incluídos, como as 
condições sociais e econômicas da criança, as pessoas com as quais convive, a 
qualidade das interações e as situações de aprendizagens anteriores. “Algum diagnóstico 
de deficiência seria, no seu entender, decorrente da ausência de uma educação 
adequada” (VIGOTSKI apud GARCIA, 1999, p. 43). 
 Vigotski (1995) orienta-nos que o que conduz a limitação, a debilidade, a 
diminuição do desenvolvimento, opostamente estimula o movimento através de uma 
tentativa de compensação, por meios alternativos de eliminação das dificuldades 
impostas pela deficiência. Onde há a impossibilidade do desenvolvimento orgânico, ali 
está aberta de forma ilimitada uma compensação social. O autor destaca a importância 
da escola, enquanto local privilegiado de interação no contexto, principalmente, da sala 
de aula tanto entre professor e alunos, como alunos/alunos, na produção de sentidos, 
propondo reflexão, não apenas na sua característica em poder sistematizar o saber, mas 
ter legitimado os mecanismos pedagógicos de aprendizagem e ensino, de avaliações de 
desempenho, mas também classificatórias dos graus e séries, definindo, socialmente, a 
trajetória curricular e acadêmica dos indivíduos na sociedade. 
 Julga-se necessário maior atenção às intervenções sistemáticas exploratórias de 
nível perceptivo e de atenção, em especial aquelas que destaquem e evidenciem 
atributos e características dos objetos e conceitos de aprendizagem. Para tanto, cabe aos 
educadores investir na pesquisa de estratégias instrumentais e simbólicas, especificas, 
ricas e suficientes, a serem empreendidas. Segundo Fierro (apud COLL, 2004, p. 207) 
 
A instrução mais completa que as pessoas com deficiência necessitam é 
obtida, entre outros meios graças a ampla utilização de redundância: ensinar 
de diferentes formas, com variados exemplos, por meio de canais sensoriais e 
de ações distintas, introduzindo também variações nas consecuções das 
tarefas. 
 
 As crianças apropriam-se nas suas interações sociais tanto dos conhecimentos 
específicos mediados, como das estratégias do mediador, o que descreve teoricamente o 
processo de internalização de estratégias (VIGOSTSKI apud SMOLKA, 1991). Fierro 
 
63 
ratifica tal ideia e sugere alguns princípios e regras para aplicação com pessoas com 
deficiência intelectual. Com isso, propõe que a ênfase na intervenção deva ser na 
instauração de estratégias mais funcionais de processar e aprender tentando, sempre, 
conscientizar o aluno de seu processo cognitivo (FIERRO apud COLL, 2004). Para 
tanto, foca a atenção em estratégias específicas que serão necessárias, assim como quais 
serão as adaptações curriculares, passando das dificuldades dos alunos às dificuldades 
de ensino. O autor ainda destaca que os déficits dos alunos com deficiência intelectual 
podem requerer também recursos especializados da tecnologia, de código, de 
comunicação. A perspectiva educacional contrapõe-se a, meramente, classificatória e 
luta contra as piores previsões. Este educador trabalha para que o diagnóstico de 
deficiência grave em uma criança, revele-se errôneo, e que, graças a educação, não 
pareça tão grave, mas apenas moderado, que o diagnóstico de uma deficiência 
moderada, mostre-se apenas leve e que a deficiência leve manifeste simplesmente como 
dificuldade generalizada de aprendizagem. 
 Quando Vigotski (1991) considera prospectivas as potencialidades do indivíduo, 
ele baseia-se não apenas no aspecto quantitativo, mas nos qualitativos, no sentido de se 
compreender o desenvolvimento em todos os seus sentidos, inclusive quanto ao 
autoconceito, a constituição da consciência e da subjetividade. 
 Goés (2000), baseado em conceitos de Pierre Janet (1929) destaca a importância 
da história social, pelo papel regulador da linguagem na formação da personalidade e 
nos processos de individuação que, segundo este autor, mesmo que se esteja isolado da 
sociedade, a influência do social permanece. 
Para a promoção da permanência e sucesso na carreira escolar do aluno com 
deficiência é necessário a implantação de adaptações curriculares que podem ser de 
grande porte quando se referem à adaptação de objetivos, organizados pela equipe da 
escola, da mesma forma que os conteúdos, o sistema, a metodologia de avaliação e a 
temporalidade de acordo com a especificidade de cada aluno e, de pequeno porte, as que 
se referem às adaptações organizativas, de objetivos de ensino, conteúdo, avaliação, 
método de ensino, temporalidade, cabendo responsabilidade ao professor, sempre 
precedidas de rigorosa avaliação do aluno em todos os seus aspectos físico, cognitivo, 
linguístico, gráfico, comportamental, social, afetivo. 
Destaco aqui, o conceito de currículo funcional que se apoia em princípios 
teóricos e metodológicos que irão auxiliar o professor na organização de atividades 
funcionais, valorizando a independência e autonomia, mesmo que possibilitadas pela 
 
64 
observação ou imitação de outros colegas ou modelos. Acrescente-se que devem ser 
adequadas a idade cronológica do aluno. Para tanto, leva-se em conta o grau de 
complexidade, da menor para a maior complexidade; as avaliações do processo pelo 
aluno, bem como a avaliação final dos objetivos alcançados. 
 A escola deve prever e prover adaptações. Reconhecido o grande 
desenvolvimento da criança, principalmente, na faixa etária compreendida como 
período crítico de zero a três anos, sabe-se, que se algumas conexões neurais não forem 
desenvolvidas podem determinar sérios prejuízos à criança. 
 A grande dificuldade para se libertar das amarras das disciplinas acadêmicas 
para uma compreensão mais ampla de que o currículo é para a vida do cidadão, é um 
dos entraves na Educação Inclusiva. Revela-se, ainda, complexo a incoerência entre o 
sistema educativo com sua organização em classificação de séries ou níveis e a 
matrícula por parte do aluno com necessidades educativas especiais, já que há exigência 
dos mesmos critérios e as mesmas classificações. 
 É necessário que haja preocupação não só com as intervenções convencionais, 
mas também com aquelas que a partir de uma efetiva e eficaz identificação do nível de 
desempenho do aluno, ou de sua Zona de Desenvolvimento Real, sejam diversificadas 
para o desenvolvimento de competências e habilidades sensoriais, motoras, linguísticas, 
lógicas, cognitivas, curriculares, comportamentais, sociais e emocionais do Deficiente 
Intelectual que, calcadas em adaptações, revelam-se necessárias e possíveis. 
 
 
 
 
 
65 
O PROCESSO EDUCACIONAL INCLUSIVO EM SALA DE AULA 
 
Débia RégiaSilva Guimarães Borges
17
 
 
A formação de profissionais da educação requer um ensino de qualidade, e 
voltado para a diversidade para que se atenda às diferenças. 
Nessa perspectiva o Curso Práticas Educacionais Inclusivas – Deficiência 
Intelectual proporcionou mudanças no que tange a quebra de barreiras ideológicas, com 
uma nova postura crítica no processo de ensinagem. 
O curso teve como objetivo capacitar os profissionais da educação, subsidiando 
o trabalho com alunos com deficiência, especificadamente, a intelectual, favorecendo a 
troca de conhecimentos. 
Iniciamos as atividades com leituras e troca de experiências entre os cursistas e 
tutores, tendo alguns diagnósticos avaliativos que nos oportunizou um melhor 
aprendizado e conhecimento sobre o assunto abordado em questão, principalmente, 
sobre estratégias e intervenções para o trabalho com alunos com déficit intelectual. 
Diante desse aprendizado, foram percebidos muitos resultados, pois 
gradualmente, os alunos foram tendo melhor entendimento e já se posicionavam como 
entendedores básicos do assunto. Vimos que, antes de iniciar o curso, muitos não 
tinham conhecimento do que era trabalhar com a diversidade. 
Esse curso foi primordial e extremamente válido para a consolidação e 
efetivação de conhecimentos necessários para a formação profissional de todos os 
participantes. Constatamos que o Curso Práticas Educacionais Inclusivas- Deficiência 
Intelectual possibilitou-nos quebra de barreiras ideológicas e muitos conhecimentos 
para se trabalhar com o aluno com déficit intelectual, tendo embasamento para fazer 
com que o aluno se insira no contexto, não somente educacional, mas também, social, 
por meio de estratégias, flexibilizações e intervenções para este ter sua própria 
autonomia de inserção social. 
A experiência inclusiva em sala de aula, posteriormente, à capacitação 
promovida pelo Curso Praticas Educacionais - Deficiência Intelectual, favoreceu 
avanços significativos, elevando minha prática pedagógica. Mesmo já vivenciando a 
Educação Inclusiva em Goiás, pude melhor trabalhar com esses alunos, pois implantei 
 
17
 Col. Est. “Previsto de Morais” - Caiapônia – GO. 
 
66 
uma nova proposta educacional com base nos princípios de inclusão, assimilados por 
meio das trocas de experiências com os colegas, as leituras direcionadas, as avaliações 
diagnósticas e outros subsídios dos tutores. 
Comecei, portanto, adotando o paradigma da inclusão que consiste no processo 
de adequação da realidade das escolas e do alunado que, por sua vez, representa a 
diversidade na escola. É notório que esse processo é gradativo. Sabemos que ainda há 
muitas relutâncias contra ele, mas faz-se necessário a conscientização e sensibilização 
constante, pois a educação inclusiva e o trabalho com os alunos com deficiência é um 
desafio. 
Entretanto, quando se fala em garantia de direitos à essas pessoas especiais, 
percebe-se que há muito a se fazer. O modo de vida da sociedade precisa ser mudado. A 
cultura de que as pessoas que têm limitações é um ser inválido, precisa sair dos 
pensamentos humanos. Na Unidade em que trabalho, a conscientização foi feita em 
reuniões pedagógicas, onde pudemos formar grupos de estudos, utilizando as leituras 
proporcionadas pelo curso, onde todos puderam ter acesso, também, às várias 
informações veiculadas no curso. E, em sala de aula, passamos a fazer a flexibilização 
dos conteúdos, adaptando o que se faz necessário e utilizando intervenções e estratégias 
pedagógicas voltadas para os alunos com déficit intelectual. 
Mas quando me coloco a pensar o antes e o depois, vejo que, mesmo lentamente, 
os professores da unidade escolar passaram a ter uma nova visão e com isso pude 
perceber o desenvolvimento profissional e pessoal que proporcionou esse curso, em 
minha vida. 
Na sala multifuncional (A.E.E.), aproveitei várias informações para trabalhar 
com o atendimento educacional especializado, principalmente, quando se trata de 
estratégias de trabalho com os alunos com deficiência intelectual. Atualmente, temos 
uma equipe que dá suporte à escola para orientar os professores com o trabalho para a 
diversidade. 
Muitos outros benefícios eu poderia mencionar, mas o que me deixa mais 
confiante e otimista, é que por meio dessa capacitação, pude transformar o meio em que 
trabalho, com momentos de estudos subsidiados pelas leituras do curso e pude perceber 
o ambiente modificado e as atitudes em relação aos alunos com necessidades 
educacionais especiais. A indiferença promove a distinção das relações sociais e leva a 
estupidez, e o que precisamos é restaurar a sensibilidade do ser humano uns com os 
 
67 
outros. É sabido que aprendemos com as diferenças e que cada ser tem sua limitação, 
mas, também, tem suas habilidades. 
Segundo Guimarães Rosa, “o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as 
pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre 
mudando”. Assim é o processo de Educação Inclusiva e o trabalho de conscientização 
de aceitação às diferenças. 
Salientamos que várias políticas públicas estão, de fato, comprometidas a mudar 
o cenário atual da educação no que se diz respeito a “Educação para a Diversidade” e 
este é um grande desafio que instiga o professor a se capacitar e os cursos de extensão 
como estes de Educação a Distância oferecido pela UNESP/BAURU fazem com que 
tenhamos embasamento para o nosso trabalho, oportunizando ricas intervenções 
pedagógicas para nosso trabalho, tornando o ambiente escolar acolhedor, enfim, uma 
escola para todos, propiciando aprendizagem de todos. 
Ressalto, entretanto, que há um caminho longo a se percorrer, já que na prática 
nos deparamos ainda com profissionais desqualificados que necessitam se capacitar para 
trabalhar com as diferenças. Sabe-se, também, que temos escolas que ainda não 
oferecem estruturas adequadas para atender as necessidades dos alunos e suporte aos 
professores, mas vejo que estamos no caminho e esse é um deles, participar de cursos 
preparatórios de extensão que qualificam, não somente mudam maneiras de se trabalhar, 
mas também a concepção ideológica, pois para transformar a educação, precisamos 
mudar a concepção. É isso que esse curso nos proporcionou. 
Conclui-se que há vários desafios para melhorar o processo de ensinagem com 
os alunos com necessidades educacionais especiais. Os temas propostos no curso foram 
repassados através de grupos de estudos na unidade escolar, portanto, abriram espaços 
para outros se qualificarem meio da educação a distância. Pudemos, assim, ter maior 
compreensão do assunto, não somente entre professores, mas no contexto escolar que 
extravasa fronteiras para a comunidade em geral. 
 
 
68 
EDUCAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL: NOSSO PAPEL COMO EDUCADOR 
 
Deize Mara Cecconi
18
 
 
Após a conclusão desse curso, posso garantir que todos que participaram de uma 
forma ou de outra, mudaram sua forma de pensar e sua postura de educador. Eu mesma, 
como educadora que sou, há 23 anos mais ou menos, sempre tive uma postura 
diferenciada de alguns profissionais que convivi nesses anos todos. 
Sempre me preocupei com o bem estar dos meus alunos e o que poderia causar 
na sua formação tanto para o positivo quanto para o negativo, mas percebia que nem 
todos pensavam como eu. Presenciei muitas cenas de injustiças e violência psicológica 
com crianças e adolescentes. 
O curso “Práticas Educacionais Inclusivas - Deficiência Intelectual” só veio a 
acrescentar e a aprimorar meus conceitos sobre Inclusão. Muitos temas não conhecia, 
muitas sugestões foram interessantíssimas, documentáriosmaravilhosos, reflexões 
importantes sobre nossa postura como educadores, textos valiosos para nossa formação, 
atividades práticas que oportunizaram uma observação mais detalhada de alguns casos 
de Inclusão que temos nas nossas escolas, a flexibilização do currículo na educação 
inclusiva, enfim, uma oportunidade única que tivemos o privilégio de participar. 
Sempre fui muito observadora com relação ao comportamento dos alunos, os 
que apresentam dificuldades tanto de comportamento, como de aprendizagem ou 
apresentam alguma deficiência são os que mais necessitam de apoio de toda a equipe 
educacional e multidisciplinar. Estes alunos são vítimas da própria sorte, são crianças e 
adolescentes que necessitam de carinho, atenção, afetividade e orientação para que se 
desenvolvam e sejam felizes. Este é nosso papel como educador. Difícil missão, sim, 
sem dúvida, mas não impossível. 
Cabe a nós, gestores, orientar, capacitar e disponibilizar recursos para que a 
Inclusão realmente aconteça nas nossas escolas. Tenho participado de reuniões 
intersetoriais aqui no meu município e pude perceber, após ter concluído este curso que 
estou muito mais preparada, informada e integrada neste assunto tão polêmico, que é a 
Inclusão. Consigo perceber com mais clareza a falta de conhecimento e até de 
 
18
 EMEF "Chrisostimo Redigolo” – Cedral – SP. 
 
69 
humanidade de alguns profissionais da educação. E fico indignada com a postura de 
profissionais que se dizem educadores e cidadãos. 
Acredito que o nosso país esteja com certo atraso neste quesito “Educação e 
Inclusão social”. As pessoas ainda não entenderam o objetivo da inclusão. As escolas 
não querem alunos que exigem uma atenção maior, um atendimento individualizado ou 
diferenciado ou que o professor tenha que se preparar melhor e planejar suas aulas, 
tornando-a mais agradável e prazerosa. Elas querem que o aluno se adapte a ela e não a 
escola ao aluno. São profissionais preparados? 
Sabemos que na prática não é tão simples. Há, sim, casos muito difíceis de lidar, 
casos que nos tiram o sono e não achamos caminhos e soluções. Mas, não podemos e 
não devemos desistir. A arte de educar é uma tarefa bastante complexa, mas é para 
profissionais que têm paixão pela sua profissão e abraçam a causa com persistência, 
serenidade, comprometimento e muita responsabilidade. 
A história da Inclusão Social e educacional tratada nos primeiros capítulos foi de 
suma importância para que eu abraçasse ainda mais a causa (Inclusão Social). A 
Educação Inclusiva, fundamentada em princípios filosóficos, políticos e legais dos 
direitos humanos, compreende a mudança de concepção pedagógica, de formação 
docente e de gestão educacional para a efetivação do direito de todos à educação. 
Portanto, é imprescindível que os profissionais da educação, saúde, assistência 
social e conselhos tutelares conheçam e façam uso das legislações que embasam a 
“Educação Inclusiva”. 
Tivemos momentos significativos de trocas de experiências com os colegas e 
com as tutoras que muito colaboraram com a nossa formação. Fico muito feliz em ter 
sido contemplada para fazer esse curso que me possibilitou muitos conhecimentos. 
Agora, estarei disseminando tudo que aprendi para toda a equipe que coordeno e para 
todos os casos que tiver ao meu alcance como cidadã que sou. 
O Ensino Colaborativo, um dos temas abordados no curso, é um sonho de 
muitos profissionais que atuam na educação. Um trabalho em equipe, com apoio, 
compartilhando nossas angústias e incertezas. Essas trocas enriquecem nosso trabalho, 
nos dão confiança e, principalmente, condição de sermos atores de nossa própria 
prática. 
O conhecimento das teorias do desenvolvimento humano é também fundamental 
para lidarmos com a questão da inclusão social no nosso meio. Enfim a Inclusão escolar 
está inserida em um movimento mundial denominado Inclusão Social que tem como 
 
70 
objetivo efetivar a equiparação de oportunidades para todos, inclusive para os 
indivíduos que, devido às condições econômicas, culturais, raciais, físicas ou 
intelectuais, foram excluídos da sociedade, como sugere a música “Inclassificáveis” de 
Arnaldo Antunes, interpretada por Ney Mato Grosso, onde a Exclusão Social, o 
preconceito e a Diversidade Cultural toma conta de muitos espaços na nossa sociedade. 
Parabenizo e agradeço a todos que participaram deste estudo e destas reflexões acerca 
da Inclusão Social. 
 
 
71 
A INFLUÊNCIA DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO 
AFETANDO NOSSOS HÁBITOS, MODOS DE TRABALHAR E DE 
APRENDER 
 
Leila Paim de Souza
19
 
 
É inegável a influência das Tecnologias de Informação e Comunicação – TICs 
em nossas vidas, uma vez que fazem parte de um novo cenário sócio-cultural, afetando 
e modificando nossos hábitos, modos de trabalhar e de aprender. Além de introduzir 
novas necessidades e desafios relacionados à sua utilização, estão cada vez mais 
presentes no cotidiano de todos e parece impossível imaginar a vida sem essas novas 
ferramentas tecnológicas. 
Elas devem servir de suporte para o desenvolvimento de habilidades no processo 
ensino-aprendizagem, auxiliando o trabalho do professor e o futuro profissional do 
educando. É necessário lembrar que, especialmente o computador, embora não seja a 
resolução de todos os problemas de aprendizagem, é, sem dúvida, importante recurso 
para ampliar as possibilidades de conhecimento devido ao seu poder motivador e 
ferramenta de acessibilidade que permite adequá-lo às necessidades de cada um. 
Diante dessas novas exigências, precisamos refletir sobre nosso aperfeiçoamento 
profissional e a nossa prática pedagógica, ainda mesclada de conceitos tradicionais 
vivenciados enquanto alunos. Neste cenário, os cursos de Educação a Distância – EaD 
apresentam-se como opção ativa e atual para o nosso aperfeiçoamento e as novas 
tecnologias, ferramentas complementares e eficazes no ensino-aprendizagem. 
Na perspectiva atual, pensamos em Educação Inclusiva como um processo que 
se amplia com a participação de todos. Ela requer mudanças significativas na estrutura e 
no funcionamento das escolas, na formação e postura do professor e nas relações 
família-escola, de forma a promover uma aprendizagem significativa e o 
desenvolvimento pessoal de todos. Assim, as TICs apresentam-se como recursos 
ímpares tanto na formação profissional como na prática pedagógica. 
Participar do Curso Práticas Educacionais Inclusivas – Deficiência Intelectual, 
promovido, em parceria com o MEC/SEESP/UNESP, foi uma experiência única para 
meu crescimento pessoal e profissional. 
 
19
 Escola Municipal “DEP. Wilson da Paixão” – Catalão – GO. 
 
72 
Foi a primeira experiência com essa modalidade de ensino e, confesso-me 
surpresa pela eficácia e funcionamento desse curso, pois já era sabido que essa 
modalidade sofre críticas por parte de alguns céticos. Porém, não posso deixar de 
registrar meu contentamento com a metodologia, o conteúdo, os professores 
formadores, enfim, com toda equipe envolvida e, tenho certeza, contribuiu, 
enormemente, para esse sucesso. 
Pelo ambiente TelEduc foi possível trabalhar de forma objetiva e dinâmica por 
sua eficiente estrutura organizacional. Todas as ferramentas foram exploradas pelos 
professores formadores e pelos alunos. Gostaria, todavia, de destacar a sala de bate-
papo e o correio que foram espaços ímpares onde trocamos informações, opiniões e 
tiramos dúvidas e, ainda nos relacionamos de forma muito cordial. Também o conteúdo 
escolhido foi bastante oportuno e bem selecionado, servindo como base para novos 
conhecimentose suporte para as atividades desenvolvidas. 
Nos Fóruns de Discussão, tivemos a possibilidade de emitir opinião, trocar 
ideias e refletir sobre a inclusão e outros assuntos relativos a nossa profissão. 
No portfólio, não só arquivamos nossos trabalhos individuais e em grupo, 
trocamos comentários de atividades com os colegas, tutores e formadores como também 
tivemos acesso à ferramenta perfil que nos permitiu conhecer melhor cada colega, tutor 
e formadores. 
Quero ressaltar que mesmo sendo Educação a distância esse processo de ensino-
aprendizagem, mediado por tecnologias, com professores e alunos separados 
espacialmente, não perdem em nada para os presenciais. Sua essência e qualidade e as 
relações desenvolvidas são iguais a dos cursos presenciais. Temos ainda a flexibilidade 
de escolher o horário mais adequado para realizar nossas leituras e atividades e ainda 
estamos ligados por laços de interesses comuns, afinidades e empatia, desenvolvidos ao 
longo do curso. 
Por apresentar tantos benefícios, os cursos de educação a distância devem ser 
mantidos e ampliados para o acesso de um maior número de alunos-professores porque 
são opções eficazes para aqueles que não dispõem de tempo ou acesso a cursos 
presenciais, que é o meu caso e de muitos outros profissionais. 
O Curso Práticas Educacionais Inclusivas – Deficiência Intelectual apresentou-
se como opção acessível no município de Catalão para quem quer se aperfeiçoar na área 
de inclusão, visto que os mesmos só estão disponíveis em Uberlândia-MG ou Goiânia-
Go, locais mais próximos. Portanto, na impossibilidade de me deslocar para outro 
 
73 
município, esse curso a distância me proporcionou a oportunidade de aperfeiçoamento e 
preparo para ampliar minha prática pedagógica. 
Tenho 20 anos de prática Educacional e, nesta caminhada, tenho buscado aliar a 
teoria apreendida nos cursos de especialização e de aperfeiçoamento à prática 
pedagógica, porém, atualmente um assunto tem me inquietado diante da 
responsabilidade de professor e tem me levado a buscas constantes e a vários 
questionamentos. Minha escola está preparada? Eu estou no caminho certo? Onde 
buscar soluções? O que fazer? Tenho vivido os dois lados da moeda: o de professor e o 
de mãe na luta pela inclusão e nem sempre encontramos respostas para nossas 
perguntas. 
Diante de tal situação, por mais adversa que seja, não podemos fechar os olhos e 
deixar de trilhar caminhos para abrir novos horizontes no processo de inclusão. 
Pensando assim, idealizamos na Escola onde trabalho o Projeto “Entrelaçando Saberes - 
Informática Educativa e Educação Inclusiva”, cuja iniciativa conta com outros 
professores parceiros e apresenta-se como vanguarda desse processo . Ele propõe 
resgatar um ensino que realmente seja inclusivo, buscando desenvolver práticas 
educacionais para alunos com deficiência intelectual, acrescentando ao trabalho de sala 
de aula, técnicas e abordagens diferenciadas de conteúdo que permitam a esse aluno as 
mesmas oportunidades, democratizando, assim, o processo de ensino-aprendizagem. 
O Projeto “Entrelaçando Saberes – Informática Educativa e Educação Inclusiva” 
atende aos alunos em suas dificuldades elementares, uma vez que busca superar essas 
deficiências para que o aluno sinta-se inserido no processo de ensino aprendizagem e 
desenvolva suas habilidades, respeitando as possibilidades de cada um. 
Desta forma, o Curso Práticas Educacionais Inclusivas – Deficiência Intelectual 
me auxiliou na ampliação de conhecimentos importantes na área de inclusão, 
esclarecendo muitas questões sobre a Legislação vigente e fornecendo conceitos que 
serviram de apoio ao meu trabalho. Ainda, trouxe sugestões objetivas e criativas, 
particularmente na área de Tecnologia Assistiva (T.A). Portanto, foi um curso que 
realmente entrelaçou teoria à prática de sala de aula e abriu horizontes para a busca de 
parcerias e conscientização de todos os envolvidos: escola, família, administradores e 
outros. 
Esse curso abriu as “portas” para incluir a diversidade, criando oportunidades 
reais para mobilizar as potencialidades humanas de todas as crianças e dar realmente as 
mesmas oportunidades a todos que almejam uma escola inclusiva. 
 
74 
Sabe-se que a discussão sobre inclusão vem de longa data e prevista em 
Legislação Federal desde 1988. Em 2008, houve uma reformulação tornando-a 
obrigatória na rede regular de ensino. Entretanto, a sociedade não se vê preparada para 
assumir uma postura inclusiva e sequer percebe-se disposição de mudança neste 
aspecto. Talvez isso se dê porque, culturalmente, as pessoas ainda têm arraigadas em si 
preconceitos advindos de longa data e influências diversas. 
Diante dessas perspectivas e constatações, precisamos refletir sobre o papel da 
Escola, ambiente no qual as reações diante dessa diversidade é conflituosa e confusa, 
ainda. Então, é preciso buscar caminhos que amenizem essas relações e estabeleçam 
direcionamento seguro e eficaz da prática pedagógica. 
Diante do exposto se faz necessário pensar como, verdadeiramente, efetivaremos 
a escola inclusiva? O que cada um pode fazer? O que precisamos mudar? 
A resposta para todas essas perguntas está naqueles que buscam desenvolver 
sentimentos e habilidades para dar oportunidades aos que não as têm, seja 
disponibilizando cursos, seja realizando-os, seja criando acessibilidades ou afagando as 
ansiedades, diminuindo assim as dificuldades dos que possuem algum tipo de 
deficiência. 
E, por fim, a título de reflexão, deixo um pensamento que entendo ter tudo a ver 
com nossa profissão, “embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, 
qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”. E nunca esqueçamos que 
somos os frutos de nossas escolhas. 
 
 
75 
MINHA EXPERIÊNCIA COM CURSO EAD 
 
Liliane Mendonça da Silva Nascimento
20
 
 
O presente texto apresenta um breve relato da minha experiência com o curso a 
distância (EaD) que acabei de fazer sobre Práticas Educacionais Inclusivas - Deficiência 
Intelectual, oferecido pela UNESP, cidade de Bauru/SP. Serão relatadas também 
algumas reflexões da minha prática educativa, enquanto professora e da minha prática 
com a inclusão. 
 Desde 2008, faço um curso EaD em Língua Espanhola e esse ano tive a 
oportunidade de fazer outro curso a distância, na área da inclusão. 
Na minha concepção, essa modalidade de curso seria mais fácil, mais tranquila, 
ou seja, seria um curso que não teria muitas atividades para fazer, seria em menor 
quantidade do que em uma universidade com curso presencial. Pensava também em 
como seria o trabalho dos professores com os alunos. Nossa! Quanto me enganei!! 
Sempre tive tantas informações, tantos textos para ler, muitas atividades interessantes a 
fazer que pensei que elas não seriam possíveis de se realizar a distância. 
Também não posso me esquecer de falar dos mestres que muito me ensinaram, 
tanto dando explicações como respondendo aos fóruns. No início do curso, é muito 
difícil saber como “manobrar” as ferramentas que nos são dadas nos sites para 
podermos acessar os links e conseguirmos salvar textos para ler, resolver exercícios, 
participar de fóruns (olha ele aí de novo!!) para trocarmos nossas experiências. Mas 
com o tempo, a gente aprende a lidar com estas ferramentas e trabalhar e estudar de 
forma mais tranquila. 
 Sou formada em Letras, trabalho em escola pública desde 1997, mas até em 
2008, não havia trabalhado com inclusão. A partir de 2009, o Estado me colocou para 
trabalhar com um aluno de inclusão, cuja condição, a princípio, era Autismo. Tive muita 
resistência no início, pois nunca havia feito nenhum curso nessa área, nem havia me 
interessado pelotrabalho de inclusão e não sabia como agir. Aos poucos, fui lendo sobre 
o assunto. Lia muitos livros indicados pela minha coordenadora, lia sobre o assunto pela 
internet, perguntava aos médicos quando eu, meu marido ou nossos filhos iam 
consultar. Segui trabalhando, mas meu aluno não apresentava características de pessoa 
 
20
 Colégio Estadual “João Netto de Campos” – Catalão - GO 
 
76 
autista. Então comecei a questionar minha coordenadora sobre a provável condição 
dele. 
Chamei a mãe para conversarmos sobre o problema do filho e ela me disse que 
ele tinha Síndrome de Asperger. Novamente fui buscar fontes de conhecimentos para 
me inteirar do assunto e poder trabalhar com ele da melhor maneira possível. Contudo, 
ao estudar sobre essa síndrome, percebi novamente que o aluno não apresentava 
características dessa síndrome e retornei para a coordenadora sobre o problema desse 
aluno. Por fim, pedimos à mãe que nos mandasse um laudo médico atualizado do filho 
para que pudéssemos arquivar na escola. Quando o laudo chegou, dizia que ele tinha 
Esquizofrenia Paranóide Progressiva. Mais uma vez busquei sobre o assunto e, enfim, 
constatei que as características de comportamento que ele apresentava coincidiam com 
o seu laudo. Pude, então, trabalhar com ele com mais segurança. 
Uma das atitudes das pessoas que mais achei interessante era quando me 
perguntavam sobre a doença do aluno. Ao responder a esses questionamentos, muitas 
pessoas me perguntavam se eu não tinha medo de trabalhar com ele. Outras falaram 
para eu desistir de ficar com ele e outras, ainda, diziam para eu ter cuidado com o que 
ele poderia fazer, pois, para quem ainda não sabe, esquizofrenia é popularmente 
conhecida como a loucura. 
 Na verdade, nunca tive medo dele. Sempre procurei ser firme mantendo sempre 
a educação. Ensinei-o a manusear o corretivo, a esperar a vez de falar e muitas coisas 
que pensava “não dar conta”. Essa doença é muito ingrata, pois, por ser progressiva, 
com o passar do tempo, ele irá perder aquilo que já aprendeu. Neste ano, ele começou a 
estudar novamente, mas, a sua doença agravou e acabou desistindo de frequentar a 
escola. Então, colocaram-me para trabalhar com uma aluna que possui déficit cognitivo 
leve a moderado e imaturidade associado a transtorno do déficit de atenção. “Nossa, 
quanta coisa que ela tem...”, pensei. Bem, lá fui eu novamente procurar informações 
sobre o diagnóstico. Desta vez, pude ir aos especialistas que cuidam dela, pois a mãe 
leva-a numa neuropediatra, de dois em dois meses e a uma psicóloga, uma vez por 
semana. Claro que não deixei de conversar com a mãe, pois é ela quem toma a iniciativa 
de fazer o tratamento na filha. 
 Em primeiro lugar fui à neuropediatra. Conversamos muito a respeito do laudo e 
ela me esclareceu várias dúvidas. Também contei a ela como eu estava trabalhando com 
a aluna e ela me disse para continuar neste caminho, pois estava indo bem. Saí do 
 
77 
consultório mais aliviada, pois, como já disse, ainda não tinha nenhum conhecimento 
maior sobre inclusão ou qualquer outro assunto relacionado. 
Num outro dia, fui ter com a psicóloga uma conversa mais detalhada sobre a 
aluna. Foi muito bom esse papo, pois ela me orientou em como agir com a aluna, 
elogiou o que eu estava fazendo certo e corrigiu o que precisava fazer diferente. 
Também disse que essa deficiência da aluna é hereditária, pois o pai tem este déficit, só 
que em grau maior do que o dela. Sinceramente, saí mais leve do que entrei. Percebi que 
estava começando a dar um primeiro, mas importante, passo no trabalho com alunos 
especiais. E o mais importante de tudo veio logo em seguida: foi iniciar outro curso a 
distância na área de deficiência intelectual. 
 Este curso foi tão importante para mim (e creio também para as minhas colegas) 
que fica muito difícil a gente não elogiar. No entanto, no começo não foi fácil. A 
princípio, não sabia como seriam tratados os conteúdos, como seriam os trabalhos, as 
leituras e outras atividades, pois nunca havia feito nenhum tipo de curso nessa área. 
Outra expectativa era saber o que eu iria aprender e como poderia aplicar estes 
conhecimentos. 
 Como disse, anteriormente, este curso foi muito bom para o meu crescimento 
enquanto profissional e enquanto pessoa. Trouxe-me reflexões, conhecimentos que eu 
nem sabia que existiam. Se mudou a minha prática? É claro que mudou, mas não 
somente a prática como também o meu modo de pensar e enxergar a inclusão e as 
pessoas que fazem parte dela. Quantos foram os vídeos interessantes!! Assisti a um 
vídeo com o Projeto Pipa e até hoje não deixo de refletir sobre como há preconceitos. 
Pensava que os alunos não conseguiam aprender ou se aprendiam era depois de muitos 
anos na escola. Hoje sei que alguns são assim, mas há os “diferentes” entre os 
deficientes. 
 Nesse curso, aprendi a fazer trabalho em grupo a distância e é muito 
interessante. Acreditava ser impossível. Li tantos textos que trouxeram informações, 
esclarecimentos e reflexões sobre a inclusão, sobre os direitos destas pessoas, a ética, a 
avaliação, o trabalho dos professores, sobre também as habilidades sociais...difícil é 
lembrar de tudo. A cada texto discutíamos nos fóruns, fazíamos atividades relacionadas, 
trocávamos experiências através do correio e, com isso, íamos caminhando rumo ao 
conhecimento sobre alunos especiais. 
Outra coisa que me chamou a atenção nesse curso é que aprendi não apenas 
sobre a deficiência intelectual, mas, também, sobre algumas outras agregadas. Entendi 
 
78 
que a especialidade está associada a vários tipos e, com isso, somamos outras 
informações, mas é claro que sem perder o foco central do curso que é a deficiência 
intelectual. 
 São tantos momentos que ficarão registrados em minha memória que fica difícil 
não citá-los e, ao mesmo tempo, não conseguirei citar todos, mas um que me fez muito 
feliz, foi a troca de experiências com as novas colegas que nos foi dado de presente. 
Presente sim, pois conversávamos sobre o curso, as atividades, fazíamos comentários 
construtivos e trocávamos experiências o que me fez crescer, pensar e, muitas vezes, 
mudar de atitude em relação a minha vivência como professora de ensino especial. 
 Ah, tem também o bate-papo... Lógico que depois dos textos lidos e atividades 
feitas ou ainda por fazer, o bate papo foi, se posso dizer assim, “campeão de audiência!” 
Os primeiros foram focados nos textos, nas dúvidas que tínhamos, pois não 
conhecíamos ainda ninguém, nem mesmo a tutora e a formadora quem nos 
acompanhava. No entanto, com o passar das semanas, já sabendo como funcionavam as 
ferramentas do site, e sendo as atividades postadas para que todos pudessem ler, 
comecei a dar uns “pitacos” para as minhas colegas. 
No início, fiquei apreensiva, pois pensei que alguém poderia não querer ou não 
gostar destes comentários que eu fazia. Ora, ora!! Como me enganei!! (Graças a Deus!!) 
Minhas colegas começaram a responder sobre os comentários que eu fazia, elogiavam e 
também passaram a dar também os “pitacos” nos meus trabalhos. Olha, como aprendi 
com elas!! Quem está de fora consegue ver melhor, isto serve para tudo, inclusive para 
as respostas dos trabalhos. Quantas vezes, ao receber os comentários, mudei a resposta, 
ou acrescentei. A partir daí, os bate-papos foram ficando cada vez mais esperados, pois 
além de tirarmos dúvidas, conversávamos sobre as atividades, agradecíamos os 
comentários feitos pelas nossas colegas. Ficávamos tristes ao saber que esta ou aquela 
pessoa estava passando uns dias difíceis e assim por diante. 
 E, como não poderia faltar, são os elogios (e penso que todas as minhascolegas 
concordarão) à tutora e à formadora que muito nos ajudaram a crescer neste processo de 
aprendizagem. A atuação desta dupla (como Batman e Robin) em se preocupar com o 
nosso aprendizado, em elogiar todas (sim, todas!) as nossas atividades, sempre com uma 
palavra amiga. Caso não fizéssemos da forma como fora pedido, por não conseguirmos 
de alguma forma, sabíamos que sempre podíamos contar com elas. E, pensem, quantos 
alunos, quantas dúvidas e quantos trabalhos para corrigir, fazer comentários e tudo 
mais, no prazo de uma semana! Não foi fácil não! E sabemos disso. Contudo estavam 
 
79 
sempre com um entusiasmo contagiante que nem pensei em desistir. Sempre podíamos 
contar com orientações preciosas e importantes sobre cada assunto dos módulos, com 
explicações, com exemplos claros que faziam a gente entender melhor o que o autor 
queria dizer em seu texto. 
 Depois de passar por este processo todo, pergunto: como não mudar de atitude? 
Fica quase impossível não haver crescimento pessoal e profissional com um curso que 
me acrescentou tanto! E, em se tratando de curso EaD, fico satisfeita de saber que pude 
participar com um grupo tão bom quanto este, conviver com pessoas que me ajudaram a 
caminhar neste processo de construção do conhecimento. 
 Enfim, aprendi que para trabalhar com pessoas com deficiência temos que ter 
criatividade, trabalhar mais o lúdico do que o abstrato; temos que ser flexíveis para 
entender que podemos mudar de tática ao percebermos que a forma que usamos para 
ensinar não alcançou nosso objetivo; temos que ter profissionais especializados que 
possam colaborar para o crescimento do ensino-aprendizagem deste aluno; temos que 
ter ética acima de tudo; temos que trabalhar, concomitantemente, com a família deste 
aluno e trazê-la para dentro da escola, pois, a família é esteio de tudo e, por fim, temos 
de ser habilidosos suficientes para trabalhar com os problemas de comportamento. 
 
 
80 
IMPORTÂNCIA DO CURSO PARA A SEGURANÇA PROFISSIONAL 
 
Eliane de Almeida de Souza Valadão
21
 
 
Fazer o Curso da Plantaforma Paulo Freire – Deficiência Intelectual trouxe-me 
uma bagagem surpreendente de entendimento e, acima de tudo, melhor compreensão do 
caminho em que estou pisando. Sei que não foi ainda o suficiente para sentir-me 
preparada para este desafio, que é o de ensinar, com sucesso, o aluno em suas 
limitações, mas sei que posso fazer um diagnóstico melhor e optar por caminhos mais 
seguros para me estruturar diante do planejamento quanto ao aluno com deficiência. 
Percebo que não há em um ser humano possibilidades do não aprender e que há 
vários caminhos a ser tomado para que possamos nos amparar na busca do ensinar, do 
reconhecer, do acreditar, do amor, do aceitar e, acima de tudo, ser realmente um 
professor, acreditando na capacidade que tem o ser humano, buscando força em Deus, 
depois em você mesma. E, prova disso é o resultado que temos em nossas unidades de 
ensino onde limitações são superadas e ainda aspiram para crescimentos maiores. 
Tenho, aproximadamente, 15 anos de docência. Trabalhava, no início, com 
turmas de 30 alunos. Para o meu desafio, lembro–me de que não havia nenhum 
deficiente na época. As dificuldades encontradas eram simplesmente pela falta de 
acompanhamento dos pais, os alunos eram obedientes, até então e, na sua grande 
maioria, interessados em aprender. 
As deficiências, agora percebo não existiam, estavam escondidas por seus 
familiares em escolas especializadas ou centros de tratamento, mas em sua grande 
maioria, ainda dentro de quartos ignorados e desacreditados. Hoje, sim, nos deparamos 
com a realidade do que é a deficiência e suas limitações e estamos no convívio com as 
mesmas. 
Ao me encontrar como docente de uma escola nova em que permitia a inclusão 
e, em contrapartida, ter alunos com deficiências que jamais imaginava poder aprender 
como as outras crianças ficavam encabuladas com a inclusão e seu propósito, não sabia 
como começar, nem mesmo como agir, tocava a vida na caminhada de ensinar, sem me 
dar conta de que aquela criança necessitava de maior atenção e compreensão. 
 
21
 Dependência Administrativa: x Estadual – Rubiataba – GO. 
 
81 
Ministrava aulas tentando repassar para aqueles meninos o mesmo conteúdo, 
sem a mínima oportunidade de aprendizado para os deficientes. Preocupava-me com os 
demais, aquela situação do aluno com deficiência era ignorada. 
Com o passar do tempo e o convívio com os alunos deficientes me fez perceber 
que eles eram seres humanos capazes de aprender. O carinho que me passavam, era um 
carinho puro de ternura e com necessidade de aprender algo. Estavam eles lá, naquela 
sala, juntamente com os demais que tentavam superar seus limites com a mínima ajuda. 
Resolvi mudar e me vi um pouco perdida e curiosa em saber como trabalhar aquelas 
dificuldades para que houvesse aprendizado. Observava as mães que, de uma certa 
forma, confiavam na capacidade de seus filhos e acreditavam em mudanças, já outras 
não reconheciam e nem acreditavam nas possibilidades de aprendizagem, simplesmente 
deixavam seus filhos na escola por ser uma escola inclusiva que permitia de uma certa 
forma um descanso para si. 
Hoje, ainda vejo pais frustrados em perceber que seu filho não conseguiu ler, 
nem escrever, mas compreendem a progressão diante da vida social. Minha aflição 
continuava. Ao me deparar com este desafio, de uma sala inclusiva, preocupada com o 
aprendizado, acreditando em mudanças, conduzi-me a cursos variados na área da 
inclusão. Fiz vários cursos oferecidos pela Subsecretaria. Leio muito a respeito. Hoje 
posso dizer que temos vários recursos disponíveis para o aprendizado do aluno com 
deficiência. O curso me oportunizou conhecer mais materiais que vieram ao encontro de 
várias das dificuldades dos alunos. Basta saber como lidar com o mesmo. 
Quando tomei conhecimento das limitações de um aluno com deficiência 
auditiva, pude perceber o quanto sou pequena, o quanto ainda tenho que aprender, o 
quanto tenho que agradecer a Deus e o quanto eu posso contribuir, como professora. O 
mais importante é o quanto a sociedade está se mobilizando para buscar um mundo 
melhor e igualitário. Antes, sociedade e família desacreditavam no aprendizado dos 
alunos com deficiência, hoje, já vejo respeito e carinho na escola. 
Lembro-me de um fato que aconteceu comigo em uma escola distante da que eu 
lecionava. Estava fazendo uma substituição de uma colega de trabalho que se 
encontrava doente e a escola não tinha ninguém para estas aulas. Prontifiquei-me a 
ajudar. Era uma escola no final da cidade, quase na roça. Os alunos na grande maioria 
morava em fazendas e tinham um comportamento surpreendente. 
Isso aconteceu por volta do ano de 2002. Estava eu lá, ministrando minhas aulas 
e fazia no momento uma leitura em que a cada parágrafo mudava de pessoa, fila por 
 
82 
fila, todos já sabiam minha forma de agir, não havia nenhuma dificuldade em estar 
parando para fazer as leituras, era automático, quando chegava a vez do aluno, ele 
levantava-se e se posicionava em frente a turma e fazia sua leitura. Adoravam fazer isto. 
Havia uma aluna com deficiência auditiva na sala e eu, automaticamente, iria passar por 
ela ignorando-a, ação automática, não havia sequer pensado na possibilidade de a aluna 
participar daquele momento, mas o mais surpreendente é que quando chegou na sua 
vez, ela se levantou, pegou seu livro e foi para frente, posicionou-se diante da turma e 
iniciou sua leitura, “balbuciando” como se todos estivessem entendendo. Aquilo para 
mim foi mágico, fiquei quieta por um instante. Até hoje me lembro dessedia. Foi ali, 
naquele momento, é que acordei para a inclusão. O mais interessante é que os alunos 
trataram-na como se estivessem entendendo tudo. Foi lindo este momento. Percebi que 
naquele lugar era eu que tinha que me adequar àquela criança. Colegas da menina já 
conheciam seus limites e tentavam da melhor forma conduzi-la a um aprendizado 
prazeroso e de igualdade. Hoje, esta menina terminou o Ensino Médio, está casada e 
com filho. Olha pra mim e me vê como sua professora. E eu, quando a vejo, meu olhar é 
de agradecimento. Ela não sabe até hoje, que ela, sim, foi minha professora, meu 
despertar para inclusão, meu acreditar em mudanças, meu respeitar as diferenças, 
entender que eles são seres humanos como qualquer um de nós. 
Os cursos na área da Inclusão proporcionam-me aprendizado para que eu possa 
adequar-me, da melhor forma, em termos de aprendizado para o aluno deficiente e esta 
adequação vem ao encontro do acreditar, respeitar os limites e entender que, para cada 
limitação, há um aprendizado a ser alcançado. Mas para isso tenho que ter um apoio 
fundamental da família e de meus companheiros do trabalho. 
Frederico é um aluno que acompanhei no curso, não deixando de lado os demais. 
Afinal, temos vários professores de apoio que contribuem para um melhor aprendizado. 
Os conhecimentos por mim adquiridos não foram em vão, procurava da melhor forma 
multiplicar para os professores as novidades que aprendia. 
Os alunos da escola progrediram bastante. É surpreendente quando percebo 
como Frederico chegou nesta unidade de ensino. Tímido, cabisbaixo, não conversava, 
não havia brilho em seu olhar, agora, quer participar de tudo, é comunicativo, até 
demais. César, um outro menino que, mesmo com suas limitações, quer ser escritor, 
confecciona livros em casa, e leva suas redações para que possamos contemplá-la. 
Ah!... e quer ser locutor, adora falar na rádio da escola. Natiele melhorou, 
significativamente na higiene. Seu convívio social melhorou bastante, conversa e 
 
83 
participa dos eventos da escola. João Paulo e Jaqueline já melhoraram no 
comportamento, nas atitudes e limites, pois não havia nenhum. 
Enfim, todos na escola contribuem com o aprendizado dos alunos, por ser uma 
escola pequena e de poucos alunos. Temos oportunidade de estarmos mais envolvidos e 
ter mais contato com os pais. Percebe-se uma significativa mudança quanto a inclusão 
em nossas escolas, mas ainda há muito o que fazer.... 
 
 
84 
APRENDER E APAIXONAR-SE FAZ TODA DIFERENÇA NA EDUCAÇÃO 
INCLUSIVA 
 
Ivone Maria de Moura
22
 
 
A Educação Inclusiva vista como mudança de concepção busca, a cada dia, 
sensibilizar os que almejam a efetivação do direito de todos à educação. Nessa 
perspectiva, aprimorei meus conhecimentos por meio do curso Práticas Educacionais 
Inclusivas. na área da deficiência intelectual, que embasou minha prática, oferecendo 
um material excepcional, com troca de experiências e um acompanhamento ímpar. 
Através destes conhecimentos, atendi na Sala de recursos da Escola Municipal 
Presidente Costa e Silva, no município de Equador/RN. Acredito que fiz a diferença, e 
doei-me na tarefa de dar a esperança do aprender àqueles que já são desacreditados por 
si só e por muitos, dentro do próprio convívio escolar. 
Compartilho, neste momento, o trabalho realizado com crianças e adolescentes, 
que me deu a oportunidade de contribuir no resgate da vontade de aprender através do 
afeto e do acreditar e, assim, poder realizar sonhos antes impossíveis. 
A temática oferecida pelo curso foi de extrema relevância, com material 
apaixonante, dando-nos vontade de ler e envolver-se. Apesar de nosso tempo 
comprometido com o trabalho diário, fazia-nos debruçar no seu conteúdo nas 
madrugadas ou no tempo livre, até do domingo. O curso a distância proporcionou-me 
novos conhecimentos. Os fóruns foram bastante proveitosos, cheio de trocas de 
experiências e novas amizades. O trabalho em grupo virtual me fez enxergar que não 
existe o impossível quando se almeja algo. A equipe de especialistas merece todo nosso 
apreço e reconhecimento, pela linguagem tão acessível, clara e compreensiva, tornando 
o trabalho prazeroso. Fiquei encantada. Hoje, com certeza, sou uma profissional ainda 
mais sensível com a causa da inclusão social da pessoa com deficiência intelectual. 
Na abordagem histórica, tive a oportunidade de conhecer, desde o Séc. XVI, 
como estudiosos e especialistas contribuíram nesta temática, mas, necessitamos ainda de 
muito estudo e discussão para podermos fazer valer o direito de todos. 
Muitos desejam uma receita pronta e acabada, mas se faz necessário muito 
conhecimento para facilitar a aprendizagem de todos. Porém, é preciso pôr a "mão na 
 
22
 Escola Municipal “Presidente Costa e Silva” - Município de Equador - RN. 
 
85 
massa" e não ferirmos o "princípio de igualdade" como afirma Bandeira de Mello 
(1999, p. 12): "dispensar tratamentos desiguais". Pode ocorrer um tratamento 
diferenciado, por exemplo, "para a mulher, se comparada aos homens", "para a criança e 
para o idoso se comparados aos adultos" e, também, com "a pessoa com deficiência 
com a que não a tem", Então, podemos dar tratamento “igualitário aos iguais" e 
"tratamento diferenciado aos diferentes". É nesse tratamento diferenciado que há a falta 
de escolas adaptadas, de formação adequada de professores, de profissionais 
especializado para auxiliar etc. 
Dos trechos importantíssimos que me chamaram a atenção, destaco: “A ética 
profissional começa com a reflexão e deve ser iniciada antes da prática profissional”. 
Refletir sua prática, aprender a agir sem prejudicar os outros, fazer alguém feliz, dar 
oportunidade a alguém de ver o mundo de forma diferente, isso é ser ético. Precisamos 
rever nossos conceitos, sermos realmente formadores de opiniões, darmos bons 
exemplos. Não adianta dizer faça o que digo, se o meu comportamento não é coerente, 
Faz-se necessário focar nos valores. As correntes teóricas nos proporcionaram 
informações sobre o processo de desenvolvimento pelo qual passam crianças e 
adolescentes e, como não há receitas, nem modelos, devemos adotar um ou outro 
referencial, dependendo da real necessidade de conhecermos nosso educando e, 
posteriormente, as decisões, os encaminhamentos para um trabalho diante do processo 
de ensino-aprendizagem. 
Com relação a criatividade, concordo plenamente quando diz que é preciso 
conhecer para ser criativo, Nós, professores, precisamos estar antenado e informado, 
pois nossos alunos estão cada vez mais exigentes e desmotivados para o tradicional. A 
criatividade pode mudar essa história, pois há muito material disponível, principalmente 
em multimídia e os profissionais da educação, muitas vezes, não usam, pois não sabem 
operar. 
Segundo Mantoan (2006, p121), a inclusão causa uma mudança na perspectiva 
educacional, pois não se limita a ajudar somente os alunos que apresentam dificuldades 
na escola, mas apoia a todos: professores, alunos, pessoal administrativo para que se 
obtenham sucesso na corrente educativa geral. Por meio do Plano Político Pedagógico 
que a escola inclusiva poderá efetivar o direito de todos aprenderem, criando 
infraestrutura adequada ao desenvolvimento de todos, seja com flexibilização curricular, 
ensino colaborativo ou tecnologia assistiva. 
 
86 
Com esse material dei início a efetivação e atendimento da Sala de Recursos da 
Escola Municipal Presidente Costa e Silva. Iniciei, procurando na secretaria da escola, 
informações sobre alunos deficientes com laudo, matriculados na escola. Em seguida, 
elaborei um Plano de Trabalho que teve início com as visitasdomiciliares para 
conhecermos todo o histórico dos alunos. Num primeiro momento fiz um diagnóstico 
para organizar o plano de trabalho de cada criança. Os atendimentos são realizados duas 
vezes por semana. Essas crianças ainda não são alfabetizadas. Optei por trabalhar com o 
alfabeto, usando uma variedade de recursos. O uso do computador chamou a atenção de 
todos que por ali passavam e vi aqueles olhinhos brilharem de alegria ao usar o 
equipamento, era mais um atrativo em nossas aulas. Segundo um pai, seu filho tinha 
voltado a se interessar mais pela escola, É o primeiro a chegar no horário de 
atendimento da sala de recurso e, dois dias pra ele é pouco. Infelizmente, precisei deixar 
o atendimento e passar pra outra colega, mas fico feliz com o carinho que eles sentem 
por mim e a declaração que um deles sempre que me vê, faz. “Tia, eu amo muito você”. 
E sempre me abraça. O outro com Síndrome de Down me surpreendeu ao voltarmos de 
uma caminhada com um abraço e um sorriso no rosto. Quando iniciamos nossos 
trabalhos, ele era muito tímido e com pouca expressão. Hoje já é um rapazinho e 
mantemos uma grande afetividade graças a esse trabalho iniciado. Com o embasamento 
teórico que obtive durante o curso, pude mudar minha concepção de trabalho inclusivo e 
tentei repassar para os professores da sala regular de meus alunos esse novo jeito de 
trabalhar com essas crianças. 
Outra conquista foi procurar a Secretária de Saúde para levá-los ao 
fonoaudiólogo. Já conseguimos uma primeira consulta, graças ao empenho da assistente 
social que está atendendo em nossa escola e, também, da parceria com a Prefeitura 
Municipal que autorizou o transporte para levá-los a APAE do município vizinho. 
Realizei um dia de estudo sobre avaliação usando o material do curso e foi muito 
produtivo. Fiz uma oficina e apliquei o questionário de habilidades sociais educativas e 
todos os professores tiveram a oportunidade de refletir sobre sua prática. Pretendo 
realizar outros encontros onde vou trabalhar esse rico material. 
Concluindo, deixo meus agradecimentos ao apoio e dedicação da minha querida 
tutora e a nossa colaboradora que nos oportunizou esses novos conhecimentos na área 
de educação inclusiva. Fica o desejo de aprender muito mais, para oportunizar o direito 
de aprender a essas crianças que se sentem desacreditadas e esses pais que esperam que 
seu filho ou filha sejam iguais aos demais. Como me disse uma mãe “que ficava triste 
 
87 
em comprar o material da filha todo ano, com tanta vontade de vê-la, utilizando-o e não 
obtinha o desejo alcançado”. Essa é a nossa missão de educador, acreditar que podemos 
sempre fazer muito mais. O meu desejo é poder fazer com que essas crianças sejam 
alfabetizadas e que os educadores que as receberem, acreditem que irão fazer delas 
crianças e adolescentes iguais a todos e que possam exercer a sua cidadania, seja através 
de um sorriso, um aperto de mão, uma troca de olhares e até uma declaração de amor. 
Sejamos sensíveis a essa causa, vamos juntos fazer a diferença, eu sou mais uma nessa 
caminhada. Preciso te conquistar para juntos formarmos uma corrente do bem para 
alfabetizarmos mais um. Posso contar com você? 
 
 
 
88 
MUDANÇA NA FUNÇÃO PEDAGÓGICA DE PROFESSOR DE EDUCAÇÃO 
ESPECIAL: UMA REFLEXÃO 
 
Mariza Conceição Viana
23
 
 
Durante o Curso Práticas Inclusivas na área da Deficiência Intelectual, da 
UNESP, de Bauru/SP, realizado, no período de 10/10/2010 a 10/04/2011, não passou 
despercebido de que é necessário o aperfeiçoamento dos profissionais da área 
educacional, embora isso já tenha sido mencionado e comprovado por diversos autores 
e pesquisadores da educação. 
Nós nos encontramos numa situação de significativa mudança na função 
pedagógica de professor de educação especial. Isso poderá representar uma mudança do 
conceito de uma educação especial fixa, estabelecida fisicamente em espaços 
circunscritos, basicamente nas escolas especiais, para o conceito de uma educação 
especial móvel, dinâmica que se desloca para atender os alunos nas escolas do ensino 
regular (BEYER, 2006). 
É importante iniciar esse relato, explorando a questão da leitura. Sabe-se que o 
professor que tem o hábito da leitura e é comprometido com o processo ensino e 
aprendizagem desenvolve suas experiências de aprendizagem, possibilitando novos 
recursos ao educando para que o mesmo possa desenvolver suas potencialidades físicas, 
morais e intelectuais. Isso se confirma através das leituras de textos enviados pela 
equipe do TelEduc. É bom salientar aqui que está acontecendo um envolvimento 
também dos professores do ensino regular a dar uma assistência mais abrangente aos 
alunos da Educação Inclusiva. 
A leitura do material enviado pela equipe TELEDUC possibilitou-nos mais 
reflexão sobre a importância de nos organizarmos e multiplicarmos para nossos colegas 
da educação e ao educando o quanto a leitura é significativa. O estudo do texto de 
Eduardo O. C. Chaves “Administrar o tempo é planejar a vida” nos levou a repensar 
sobre a importância da organização para realização de nossas atividades com sucesso. Já 
o pesquisador Carlo José Napolitano procura reforçar sobre a garantia ao atendimento 
educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede 
regular de Ensino (artigo 208, III). 
 
23
 E.E “Francisco de Oliveira Faraco” - São Manuel e E.M. “Odynir Maganha” - Igaraçu do Tiete - SP 
 
89 
No módulo V, ficou claro a necessidade de repensamos as nossas ações: como 
organizar coletivamente um currículo que valorize o educando; como reorganizar as 
práticas escolares para o atendimento aos alunos; quais alterações deverão ser feitas na 
unidade escolar na qual atuamos, entre outras possibilidades. 
Em relação ao tema Sexualidade ficou explícito a importância da escola ter um 
projeto no sentido de esclarecer e prevenir os adolescentes e seus familiares. 
Ao abranger o tema Criatividade, no fórum de discussão, a tutora Marilu fez 
uma colocação interessante quando disse que “Criatividade não é só inata, mas deve ser 
exercitada. Quanto mais tempo nos dedicamos para preparar, planejar, ler e pensar sobre 
nossas ações, mais criativos seremos. 
É notório que a Flexibilização se faz necessária em nosso cotidiano, pois cada 
aluno aprende em ritmo diferente e quando flexibilizamos, acontecem surpresas valiosas 
que beneficiarão todos nossos alunos. 
Em “Tecnologia Assistiva” quanta riqueza de material! É preciso acelerar neste 
aspecto para que todos os alunos da Escola inclusiva tenham a sua disposição essas 
ferramentas, que muito contribuirão para elevar sua autoestima. 
Faz-se necessário salientar que aulas proporcionadas pelo Ambiente TelEduc são 
enriquecedoras. Trabalhamos de forma interativa, junto à equipe de formadores, com 
leituras, apresentação do perfil, enquetes, fóruns de discussão, bate-papo, correio, 
portfólio, tudo voltado a Educação Inclusiva. O objetivo é ampliar nossas práticas 
educativas, favorecendo, de maneira geral, o desenvolvimento e o aperfeiçoamento de 
todos que atuam no campo da educação. 
Todos esses fatos abordados me faz relembrar que entretidos ao ouvir o canto 
dos pássaros, observamos seus movimentos e, a partir dessas observações, nossas ideias 
expandem-se, alargam-se trazendo novos conhecimentos, emoções e reflexões. Nesse 
contexto fazemos uma leitura indescritível da natureza, procurando novos horizontes, 
principalmente quando somos envolvidos com a educação. 
Isso confirma que houve leitura, estudos científicos, experimentos necessários 
para que haja novas evoluções, tanto técnicas como culturais, pois foi atravésde 
projetos e planejamentos. Hoje vivemos a época do mundo virtual, da inclusão digital 
que facilita o acesso às informações, ao mundo da comunicação e do trabalho. 
Tanta tecnologia leva-nos a refletir sobre nossas práticas educativas em sala de 
aula. Trilhando um novo olhar ao que queremos almejar, em meio a tantas habilidades e 
 
90 
competências é fundamental o aperfeiçoamento de nossas experiências no ambiente de 
trabalho educativo. 
Por que nós educadores não levamos experiências significativas que envolvam e 
mexam com a emoção e a criatividade de nosso educando? 
É interessante destacar que toda vez que a leitura entra na sala, há curiosidade e 
há instigação para o aprender. Tem um extremo significado o aprender fazer e ao 
término da aula de “Comunicação e Expressão” no coletivo, vivem dizendo - Ah! Já 
acabou? – Deixa apresentar meu trabalho na próxima aula professora? A ponto de 
enviar trabalhos produzidos por eles através de e-mail. Nessa sala que leciono Língua 
Portuguesa há uma aluna que já frequentou APAE que apresentava uma dificuldade 
imensa de se expressar, tinha vergonha de ler por não conhecer todas as palavras, e ao 
envolvê-la socialmente através de debate, valorizando a norma de convivência, trabalho 
em grupo com alunos monitores, enfatizando a importância da leitura de mundo e o 
papel da escola, essa garota, como outros alunos com dificuldades de aprendizagem 
tornaram-se mais participativos, sem medo de errar, pois há o respeito da classe. 
Fica evidente que as pesquisas e o curso de Práticas Educacionais Inclusivas têm 
chamado a atenção para um olhar mais plural no sentido de propor uma aula mais 
significativa, favorecendo ao educando seu crescimento como aprendiz para que ele se 
sinta mais seguro e capaz de superar-se sempre. 
Pensando nisso, procurei trabalhar a música, interagindo-os com o gênero 
musical que faz mexer com a emoção, também, com o intuito de que apreciassem uma 
boa música. Como eu estava trabalhando classes de palavras, substantivos, adjetivos, 
trouxe para sala de aula a música Aquarela do Toquinho, músico da MPB que muito 
mexeu com a sensibilidade dos alunos. Passei a letra para todos. Cantamos, analisamos, 
refletimos acerca do futuro, houve a compreensão da linguagem. Uma aluna tocava 
violão e teve a ideia de tirar a letra para tocar para a sala, pois era uma música que ainda 
não havia tocado. Em casa, ensaiou. Depois de várias tentativas, conseguiu. O dia 
esperado chegou, ela tocou e a classe acompanhou cantando de uma maneira agradável 
e surpreendente. 
Já num outro grupo, uma aluna que toca flauta, estudou a letra e trouxe para sala 
suas habilidades com a música. O vice-diretor ao passar pelo corredor e ouvir, parou 
entrou, participou e fez questão de fotografá-los. O trabalho foi um sucesso. Apostei em 
outra sala, onde leciono Produção de texto, lá há também uma portadora de necessidade 
Especial (Visual). Esse trabalho deu tão certo que contagiou a escola, chamando a 
 
91 
atenção de outras salas. Mães foram cobrar da direção esse trabalho para que seus filhos 
participassem também. Agora todos querem participar do desenvolvimento do Projeto 
Flauta na escola. A aceitação foi excelente. Elaboramos um painel. Um grupo irá 
desenvolver a coreografia e vamos apresentar para a escola. A professora de arte vai 
participar junto ao projeto que está em andamento, A sala melhorou em seu 
comportamento e os alunos estão se sentindo valorizados... o que era grupo tornou-se 
coletivo. Isso leva a crer que vale a pena experimentar aproveitando as habilidades dos 
alunos. 
Outros trabalhos foram organizados relacionados à linguagem e gramática, 
envolvendo leitura e produção de textos desenvolvidos em sala de aula no sexto ano D. 
Um deles, após a leitura do poema do escritor Carlos Drummond de Andrade “Família”, 
e do escritor Elias José ”O grilo grilado” instigou toda a classe a uma disputa saudável: 
elaborar belas produções de textos, com apresentação e dramatização na sala. 
Trabalhamos ritmo e entonação. 
A aprendizagem e o processo de construção de conhecimento são indispensáveis 
ao educando. Envolver o aprendiz com atividades significativas é nosso dever. Mas, fica 
mais fácil quando há uma política educacional que procura inovar o conhecimento do 
corpo docente e quando há uma equipe gestora que participa, incentivando-nos a trilhar 
novos caminhos em busca de novas descobertas através de práticas educacionais. Nos 
fazem perceber que, dentro de nós, há um Leonardo da Vinci que acreditou em suas 
vivências e experiências, em sua criatividade, dando os primeiros passos no campo da 
aviação que foi aperfeiçoado, com o tempo, por outros, mas ainda é reconhecido, 
mundialmente. 
 
 
92 
O DESAFIO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA 
 
Claudete Beatris Romani
24
 
 
A educação inclusiva assume espaço central no debate acerca da sociedade 
contemporânea e do papel da escola na superação da exclusão. Nesse contexto, repensar 
a organização didático pedagógica das escolas, implica uma mudança estrutural e 
cultural da escola para que todos os alunos tenham suas especificidades atendidas e 
condições plenas de desenvolvimento de suas capacidades. Tais mudanças devem estar 
voltadas à concepção de direitos humanos onde seja possível a união entre igualdade e 
diferença e concebidos como valores indissociáveis, tanto na escola quanto na 
sociedade. 
Vivemos um momento de muitas dúvidas e incertezas acerca da educação e da 
forma como está se desenvolvendo o trabalho pedagógico nas escolas. Entre tantas 
preocupações, deparamo-nos com a inclusão. Aparentemente, parece fácil quando 
pensado que, para incluir basta apenas colocar o aluno dentro de uma sala de aula 
comum e pronto. Mas, as coisas não se efetivam dessa forma. Primeiro por que se trata 
de seres humanos e, portanto, merecem respeito. Segundo, se há respeito, então há que 
se pensar em adequação do currículo escolar para que todos possam ter o sucesso 
educacional merecido. A escola precisa conceber todos os alunos que chegam nela 
como seres em potencial, com capacidades e habilidades a serem desenvolvidas, cada 
qual em sua individualidade, respeitando-se os limites de cada um. 
 O desafio da inclusão vai além da simples integração. Percebe-se que muitos 
acreditam que incluir é integrar, o que não é verdade. O aluno com deficiência precisa 
sim ser integrado à escola e à sociedade, porém, com condições de usufruir seus direitos 
e, também, exercer seus deveres. Portanto, a inclusão em sala de aula é bem mais que 
apenas integrar. 
 A inclusão tornou-se um desafio permanente e contínuo das escolas. Não dá 
mais para tapar os olhos frente diante dessa realidade, porém, é necessário a oferta de 
condições para a inclusão. Tais condições passam pela acessibilidade, tanto 
arquitetônica, quanto de aceitação do outro diferente, fazendo parte do mundo e 
convivendo com outros ainda mais diferentes. Ninguém é igual a ninguém, mesmo sem 
 
24
 Escolas: Municipal e Estadual - Ronda Alta - RS 
 
93 
uma deficiência diagnosticada. Cada aluno tem um ritmo e um tempo próprio de 
aprender que, necessariamente, não deve ser o diferencial principal da aprendizagem. 
Um aluno nunca é igual a outro no desenvolvimento de capacidades e habilidades. Cada 
um tem uma forma ímpar de ser e estar no mundo e de, assim, conceber o mundo a sua 
volta e aprender. Perceber o potencial de cada aluno é uma meta importante de cada 
educador no planejamento de suas atividades pedagógicas e do sucesso da aula. 
A escola, primeiro, deve ter condições para que possa, não apenas acolher, mas 
incluir, fazendo com que os alunoscom deficiência possam se apropriar do 
conhecimento e evoluir no conteúdo educacional oferecido. Não basta apenas elaborar 
uma lei perfeita sobre inclusão, sem a oferta de condições para que ela se efetive na 
prática. A verdadeira inclusão somente acontecerá quando o número de alunos em cada 
sala de aula for condizente com uma proposta de trabalho que inclua a todos. Salas de 
aulas numerosas, sobrecarga do trabalho docente jamais serão propícias à oferta da 
inclusão efetiva. 
 A acessibilidade vai além da superação das barreiras arquitetônicas de nossas 
escolas e sociedade. Acessibilidade é garantir a flexibilização do currículo escolar. 
Como flexibilização de currículo escolar entende-se a adequação, a forma de ministrar o 
conteúdo e as atividades. Um conteúdo com diversas formas de expressão e de 
compreensão, com recursos diversos que permitam ao aluno a aquisição do mesmo 
conforme suas capacidades. 
 
As flexibilizações não se restringem ao empobrecimento, à minimização dos 
conteúdos indispensáveis à formação humana e aos objetivos escolares, mas 
concernem a um redimensionamento das práticas pedagógicas e das formas 
de convivência, compreendendo que cada um pode desenvolver-se como 
sujeito do processo, de maneira que não cabe aos profissionais da educação, 
nas suas certezas teóricas, estipular a priori quem deve ou não avançar. 
(PASTOR; TORRES, 1998). 
 
Muitas vezes, a flexibilização do conteúdo não vem sozinha. Dependendo da 
deficiência, há que eliminar alguns objetivos e fixar o trabalho mais em outros que 
requerem mais tempo para que se possa alcançar um nível satisfatório de aprendizagem. 
É preciso aprender novas formas de ensinar. Para isso, também é necessário 
dispor de espaços e tempos pedagógicos para formação continuada em serviço, 
discussão com colegas e, o que é fundamental, a unidade de ação entre todos, 
envolvendo pais, alunos, professores, gestores e até mesmo, funcionários. Onde há 
unidade de ação, há trabalho cooperativo e há inclusão. A articulação entre os diversos 
 
94 
contextos sociais coloca pais e professores na estratégia de mediadores no processo de 
aprendizagem dos alunos e na formação de sua cidadania. Daí a importância da 
presença da família na escola. 
O ensino colaborativo é uma estratégia comum entre os indivíduos que 
interagem uns com os outros. Assim, o professor especializado, juntamente com o 
professor da sala de aula comum, devem buscar estratégias e condições de 
aprendizagem do aluno com deficiência, um complementando o trabalho do outro, cada 
um com estratégias de aprendizagem diferenciadas. 
Conforme as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação 
Básica: “O atendimento educacional especializado tem como função identificar, 
elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras 
para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas”. 
(MEC/SEEP, 2001). 
 Há uma diferenciação entre as atividades educacionais especiais ministradas na 
sala de aula comum, daquelas ministradas pelo atendimento educacional especializado. 
Esse atendimento vem ao encontro da complementação e/ou suplementação da 
formação dos alunos, com objetivo de servir de suporte pedagógico aos alunos com 
deficiência para que tenham sucesso escolar e possibilitem o desenvolvimento de 
habilidades e competências, respeitando suas potencialidades. 
 Estudar no ensino regular possibilita ao aluno com deficiência acesso aos 
elementos necessários para construir um significado de mundo que lhe permita 
desenvolver-se com autonomia e participação. Porém, só o ensino regular não basta. É 
preciso o atendimento paralelo e especializado, trabalhando junto para que o 
desenvolvimento da criança tenha êxito. A socialização das experiências de vida e de 
aprendizagem encoraja o outro a continuar se esforçando e a perceber que não se está só 
e que a superação das barreiras colocadas a cada um se torna possível com o 
encorajamento dado por aqueles que também possuem dificuldades semelhantes. 
Portanto, momentos de aprendizagem juntamente com seus pares e com 
acompanhamento de professor especializado, continuam sendo indispensáveis no 
desenvolvimento intelectual e social do indivíduo com deficiência. Assim como os 
momentos junto aos demais, no ensino regular, possibilitam a aceitação, o crescimento 
da autoestima e a valorização do respeito às diferenças. 
Há que se ter presente a necessidade de investimento pesado por parte dos 
governos em recursos humanos, didático e pedagógico para a efetiva aprendizagem dos 
 
95 
alunos com deficiência. O professor da sala de aula regular, sozinho não consegue 
desenvolver um trabalho satisfatório nem com os alunos com deficiência, nem com os 
alunos ditos normais, pois a exigência de prestar um atendimento mais individualizado é 
grande junto aos alunos com deficiência ou com dificuldade de aprendizagem. Daí a 
importância de haver monitores junto às salas regulares com alunos incluídos, na função 
de assessoria pedagógica ao trabalho individualizado do professor titular da turma. 
Existem, também, muitos recursos de tecnologia assistiva para auxiliar o aluno com 
deficiência e o trabalho pedagógico, porém, tais recursos são, na grande maioria, 
desconhecidos dos professores e não chegam às escolas o que compromete o trabalho 
inclusivo. 
Outro grande desafio no que se refere à inclusão dos alunos com deficiência é a 
garantia de aprendizagem. Respeitar o tempo e o espaço da criança é estar promovendo 
garantias de que possa aprender. De nada adianta avançar uma criança com deficiência 
para outra série, sem que ela tenha aprendido o conteúdo básico, principalmente no 
período de alfabetização. Sabe-se que a criança com deficiência tem um ritmo próprio 
de aprendizagem que necessita de mais tempo do que os demais para aprender. Dessa 
forma, a retenção do aluno na alfabetização ainda é válida quando percebido que a 
criança está conseguindo desenvolver e avançar na leitura e na escrita, mas, ainda não 
alcançou o grau de aprendizagem de que é capaz. No entanto, deve se basear tal 
situação em diálogo permanente com a família e avaliações conjuntas com os 
especialistas. Dessa forma muitas crianças têm a chance de aproveitar melhor a 
escolarização. 
Assegurar o direito à diferença é ensinar a incluir e, se a escola não tomar para si 
essa tarefa, a sociedade continuará perpetuando a exclusão em suas formas mais sutis e 
mais selvagens. Não basta apenas acolher e promover a integração dos alunos com 
deficiência, é preciso garantir a aprendizagem. Aprender é uma ação humana, criativa, 
individual, heterogênea e regulada pelo sujeito da aprendizagem, independente de sua 
condição intelectual ser mais ou menos privilegiada. 
 
 
96 
REFLEXÕES, DÚVIDAS E CERTEZAS 
 
Ana Mara Galasso Romera
25
 
 
Minha primeira experiência com cursos a distância, não foi muito boa. Fiz um 
curso de complementação de 15 meses com um encontro mensal, porém, no meio do 
curso, fiquei grávida e quando meu filho nasceu, estávamos na reta final, concluindo 
estágio e fazendo monografia. Ficou muito complicado, mas consegui terminar tudo, 
mesmo não podendo me dedicar o quanto queria. 
Quando me inscrevi na Plataforma Freire, minha intenção era fazer algum curso 
relacionado com alfabetização, mas recebi, com surpresa, o convite para esse curso de 
Práticas Educacionais Inclusivas. Então me veio a pergunta: por que fazer esse curso, se 
minha “necessidade” maior era entender o processo de alfabetização, pois acabara de 
ingressar na rede municipal numa classe de 2º ano? 
Então, conversando com algumas colegas, percebi que deveria fazero curso 
ainda mais trabalhando com uma aluna com diagnóstico de deficiência múltipla. Os 
comentários que ouvia me deixavam intrigada, como por exemplo: “faça que a sua 
pontuação vai aumentar”; “muita gente tentou, mas não foi selecionada”; “é a distância? 
Deve ser moleza!”, entre outros. Ouvindo isso fiquei muito curiosa e ansiosa por poder 
pôr à prova essas afirmações da forma mais real possível. 
Acessando o ambiente TelEduc, tive a primeira resposta. Não era um curso 
qualquer e não poderia ser feito só para ganhar pontos, em nenhum momento, haveria 
facilidades se não organizasse meu tempo para poder me dedicar integralmente na 
realização das atividades, na leitura dos textos e na participação nos bate-papos. 
Tudo era novidade, mas a seriedade e o envolvimento das formadoras fizeram 
com que o curso se tornasse uma importante ferramenta de informação e aprendizagem. 
Muitos assuntos trabalhados foram de um aproveitamento profundo, como o 
capítulo Fundamentos, falando sobre a história da inclusão social e educacional da 
pessoa com deficiência, deixando claros os seus direitos e abrindo uma discussão entre 
o que é lei e o que acontece na realidade. O capítulo Ética, nos chamou a atenção a 
questão da formação docente, e quando falamos sobre a família e sua participação na 
escola, já sabia que não me arrependeria de ter iniciado o curso. 
 
25
 EM. “Luiz Gonzaga Fernandes” - Bragança Paulista - SP. 
 
97 
Entrar nos temas diretamente educacionais, de aprendizagem, planejamento e 
avaliação, embasados nos estudos de Jean Piaget e Emília Ferrero, foi de uma 
importância e significados muito relevantes para entender todo o processo de inclusão. 
Mas nenhum tema me chamou mais a atenção quanto o da Sexualidade, 
conhecendo o projeto PIPAS e percebendo como um tema tão delicado e cheio de tabus 
pode e deve ser levado em consideração, com alunos deficientes ou não. 
Aprender novas formas de organizar o ensino, usando a criatividade, a 
colaboração, as habilidades sociais e entendendo a importância das tecnologias 
assistivas transformou esse curso num dos mais importantes para mim onde aprendi que 
nenhuma teoria está afastada da prática, nem deve ser fechada e acabada, que cada uma, 
a seu tempo, tentou fazer o seu melhor dentro de suas possibilidades e que ainda falta 
muito para se chegar ao ideal. 
Faltam, ainda: o aprimoramento e o cumprimento das leis; o aperfeiçoamento e 
maior dedicação dos profissionais; o apoio à família e sua participação mais efetiva na 
escola; bem como o entendimento da sociedade de que todas as pessoas deficientes ou 
não, têm suas limitações e que devem ser respeitadas, aceitas e incluídas em todas as 
esferas sociais. 
São cursos como esse que permitem que uma parcela desses desafios seja 
cumprida e determinados obstáculos sejam transpostos, que estudos possam ser feitos e 
mais profissionais sejam movidos pelo sentimento de cumprir o seu dever, pensando em 
seu aluno como um ser que está apto a aprender, conviver, relacionar-se, viver e ser 
feliz. 
 
 
 
98 
INCLUSÃO: UMA LIÇÃO DE AMOR 
 
Michele Vieira Ribeiro Doneda
26
 
 
“É só o amor que conhece o que é verdade...” 
Renato Russo 
 
 Ser professor não é uma tarefa fácil, exige dedicação, estudo, inovação, 
aprimoramento. Tudo isso só alcançamos se fizermos o que realmente desejamos, 
gostamos, amamos. 
 Lidamos com pessoas diferentes, com gostos, vivências e religiões diferentes. 
Devemos unir tudo isso e interagir com aprendizagens distintas, pois cada um aprende 
do seu jeito, uns com mais rapidez, outros um pouquinho mais devagar e, mais, outros 
que têm uma dificuldade imensa em aprender algo que foi estabelecido por um currículo 
pré determinado. 
 Todos os dias nos deparamos com barreiras que devem ser eliminadas, até 
mesmo do nosso coração ou pensamento e a inclusão é uma delas... Aceitar é uma tarefa 
muito difícil e começa desde o nascimento da criança com deficiência, passando pelo 
seu dia a dia e por toda a sua vida. Pode gerar uma certa discriminação por parte de 
pessoas que não possuem esse “olhar”, o “olhar do coração” que aceita e respeita as 
diversidades. 
Estamos em um período de reestruturação do ambiente escolar, as salas de 
recursos e o aperfeiçoamento do professor, oferecido pelo MEC por intermédio da 
UNESP, são o ponto de partida para se atender a todos sem distinção. 
 Iniciei o magistério com 15 anos em uma escola de período integral (CEFAM) e 
aos 16 anos comecei a ter um “novo olhar”. Fui monitora (recreação) de um Festival na 
Semana da Criança em 1996 e acho que o destino me uniu ao diferente. Trabalhei como 
monitora de uma sala especial numa escola da rede estadual. A professora era uma 
pessoa adorável, meiga, com voz doce e serena que já tinha mais de 60 anos e esperava 
a aposentadoria automática aos 70 anos. Tudo isso por causa do seu amor à profissão e 
aos seus alunos. Amava-os como seus próprios filhos, ela já trabalhava com essa classe 
há mais de 20 anos. 
 
26
 EM. “Prof. Paulo Nunes” - Poá – SP. 
 
99 
 Conheci uma aluna com síndrome de Down, que aos 27 anos foi incluída na 2ª. 
série da escola regular porque aprendeu a ler e outro com 34 anos que estava 
aprendendo as letras. A sala era composta com mais de 20 alunos, com diversos tipos de 
deficiências. Aquele dia foi tão bom, já se passaram 14 anos e até hoje não me esqueci 
daqueles sorrisos, daquela alegria que mesmo impossibilitados de realizar certas 
atividades, estavam felizes, muito felizes... 
 Daquele dia em diante o meu “olhar mudou” e o meu coração mudou, também ... 
e me fez uma pessoa melhor que acredita, luta e respeita a diversidade... nada é mais 
gratificante do que uma criança com deficiência ou não, gostar da sua companhia... de 
transmitir carinho... penso que devo fazer a diferença, quero ser lembrada por algo que 
fiz de bom... sempre transmitindo e recebendo carinho... amor. 
 Sei que o mundo está diferente, violento, incompreensível... mas temos um 
grande poder em nossas mãos... formar cidadãos conscientes e porque não, cidadãos que 
transmitem o amor, o carinho, o respeito... 
 Atualmente, vivemos em um período de reestruturação, com os alunos com 
deficiências sendo acolhidos no ensino regular, na classe comum e isso exige 
preparação, estudos e muita dedicação. Precisamos mudar a nossa maneira de pensar e 
agir e o Curso de Deficiência Intelectual, promovido pelo MEC em parceria com a 
UNESP de Bauru é só um ponta pé inicial. 
 Aprendi, refleti e li muitas coisas de grande valia para o meu enriquecimento 
pessoal, diminuiu a minha ansiedade, em achar que os progressos devem ser rápidos. 
Percebi que, com o aluno com deficiência, tudo deve ser bem devagar e com 
tranquilidade que, mesmo com os pequenos avanços, já são grandes vitórias. 
 Desde o ano passado, trabalho com a mesma turminha e tive o prazer de 
conviver com seus erros e acertos. Dentre eles há um menino que está prestes a 
completar nove anos. Ele não falava, saía de sua boca poucos balbucios quase 
incompreensíveis. Encantei-me por aquele menininho tímido e carinhoso. 
 A princípio, me preocupei com a alfabetização. Trabalhava com vogais, 
números... sempre conversando, levantando questionamentos para que ele começasse a 
se expressar oralmente. Confesso que ficava meio frustrada e com sentimento de 
incapacidade por ele não conseguir reconhecer nem as letras do próprio nome. Logo, ele 
começou a falar baixinho... meio tímido e resolvi continuar o trabalho em 2010 com a 
mesma turma, em especial por causa daquela criança. 
 
100 
 Iniciou o ano letivo,percebi que a memória do meu aluno começava a melhorar, 
ele já conseguia identificar algumas letras... hoje essa criança ainda não sabe ler, mas já 
é capaz de interpretar um texto oralmente, realiza cruzadinha com um banco de 
palavras, faz pequenas somas, utilizando material de contagem, ou seja, teve “pequenos 
grandes” avanços, que só foi possível por sua determinação. 
 Tenho dois alunos com deficiência intelectual e por meio do curso pude inovar a 
minha prática diária, sempre valorizando e respeitando-os. Valorizei tanto e os encorajei 
muito que os dois participaram da quadrilha da Festa Junina. Fiquei tão feliz e satisfeita 
que parecia que havia ganhado na “megasena”. 
 A informação é sem dúvida essencial para o aprimoramento do ser humano. 
Nesse período, através das leituras sobre deficiência intelectual havia um quesito 
chamado altas habilidades/superdotação que me chamou a atenção, principalmente, para 
o meu filho João Vitor que já sofreu muito na escola, por causa da sua agitação e 
também pelo “olhar” do professor que, por falta de conhecimento, acaba cometendo 
erros. Realizou testes e foi confirmado que ele possui inteligência muito superior a sua 
faixa etária, ou seja, ele tem altas habilidades/superdotação e depois que começou a 
realizar atividades extracurriculares está mais calmo. A sua agitação, segundo a 
neuropsicóloga, era “sede de aprender”. 
 Segundo, CIASCA (2003), é necessário se especializar, ampliar seus horizontes, 
estar em constante busca, procurar o novo na tentativa de cada vez mais estar atualizado 
e se tornar capaz. Por isso que defendo a busca pela informação, o aprimoramento para 
que possamos atender e compreender o outro sem cometer erros. 
 Aprendi que flexibilizar o currículo, é adaptar os conteúdos para o aluno com 
deficiência. É uma maneira de essa criança fazer parte da sala e participar da aula 
efetivamente. Deve-se utilizar da colaboração tanto dos amigos de sala ou do professor 
para que se alcance a aprendizagem. O lúdico e o diálogo devem estar sempre presentes. 
Devemos acreditar no potencial do aluno e respeitar sua particularidade. 
 Para que a inclusão se efetive se faz necessário o apoio constante de todos os 
funcionários da escola. O aluno não é só do professor, e sim, de todos envolvidos na 
educação, tanto os profissionais, como a família da criança. 
 O poder público deve se encarregar de oferecer recursos e acessibilidade; o AEE 
(atendimento especializado), de orientar e organizar o sistema escolar, o professor e os 
funcionários da escola promoverem o acolhimento do aluno com deficiência. 
 
101 
 Devemos dizer sim a inclusão da pessoa com deficiência para que tenhamos um 
futuro mais compreensível com as diferenças. Um futuro cheio de respeito e amor ao 
próximo. A escola é fundamental para que isso aconteça e o professor é peça importante 
nesse processo. 
 Com a Constituição Federal de 1988, começa a se oportunizar o conceito de 
igualdade, preocupando-se com o bem estar das pessoas, tendo a educação como um 
direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa. Em seguida, veio o 
Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990, a Declaração Mundial de Educação para 
Todos (1990), a Declaração de Salamanca (1994) [...] sempre se preocupando com o 
pleno desenvolvimento humano e o conceito de igualdade e respeito à diversidade, 
conscientizando a população de que todos devem ser acolhidos e não marginalizados, 
discriminados e excluídos do meio social como acontecia antigamente. Era a escola 
especial que acolhia todos àqueles que, de certa maneira, eram tidos como anormais e 
somente através das leis que tais paradigmas foram suprimidos. 
 Diante disto se dá a abertura para o aluno deficiente ir para a escola regular, para 
se lutar por igualdade de condições. Os objetivos da educação inclusiva são propiciar 
condições igualitárias aos indivíduos independentes de suas diferenças e acabar com as 
discriminações sociais, dar condições de aprendizagens. A escola é o ponto inicial para 
que o meio social aceite e respeite as diferenças. 
 Um novo olhar ao diferente está dando a oportunidade, através das leis, para 
aceitarmos, respeitarmos e vivermos em sociedade, em igualdade!!! E o resultado é o 
aumento de matrículas de alunos com deficiências na rede regular de ensino. 
 Acabar com a discriminação é uma tarefa árdua, mas, conscientizando os nossos 
pequenos alunos, num futuro bem próximo, estes, com certeza, serão adultos 
conscientes e aplicarão os princípios de igualdade e respeito entre as pessoas, aceitando 
de coração as diferenças. 
 
“Sem amor eu nada seria...” (Renato Russo) 
 
 
102 
SUPERANDO DESAFIOS EM CURSOS A DISTÂNCIA 
 
Rosana de Cássia Aparecida Rodrigues Moura
27
 
 
Essa foi a primeira vez que fiz um curso a distância (EaD). Confesso que tive 
muito medo, pois o novo sempre nos deixa apreensiva e por ser tão ansiosa, fiquei 
muito apavorada. 
Fiz a inscrição no primeiro semestre desse ano, quando estava fazendo a 
matrícula de outro curso pela plataforma Paulo Freire, mas não acreditava que seria 
escolhida para tal. Ao receber o e-mail da tutora achei que não deveria fazer, pois nunca 
tinha participado de cursos a distância e, com certeza, não iria conseguir, mas conversei 
com minha família e todos me apoiaram. Fiz minha inscrição e comecei. 
Esse tema é muito importante e creio que “todos os professores” devam fazer 
esse curso, pois, depois que participamos, aprendemos a ver a criança com deficiência 
com outros olhos. 
Também conheci sobre as leis e recursos existentes, o que me fez refletir de 
quanto atrasados estamos, como se ainda vivêssemos na idade da pedra. 
 Quando estudei a parte teórica, em que pesquisadores refletem sobre o 
comportamento de pessoas com deficiência, e como deveríamos agir em relação as suas 
conquistas, refleti muito porque, muitas vezes, essas deficiências nos parecem 
impossíveis de serem sanadas, ou então, que somos incapazes de conseguir qualquer 
resultado positivo, principalmente, se falarmos de aprendizagem seja alfabetizando ou 
no relacionamento com outras pessoas. 
 Como já relatei no início, sou muito ansiosa e quero resultados rápidos, 
evoluções, melhoras, enfim, muitas vezes, esqueço que cada um tem seu limite, e é 
muito importante respeitá-lo. 
 Eu nunca trabalhei com alunos portadores de deficiências físicas, porém no ano 
passado tive uma sala diferenciada onde muitos dos meus alunos tinham que passar por 
psicóloga, psicopedagoga e fonoaudióloga. Foi um ano bem difícil, pois eu não sabia 
nada a respeito e trabalhei, primeiramente, com a socialização deles. Fui ganhando a 
confiança e depois investi na alfabetização. No fim do período letivo, tive muitos 
avanços. 
 
27
 Escola - Bragança Paulista - SP 
 
103 
 Eu tenho vinte e um anos de sala de aula, porém aprendi a ser professora 
somente depois que passei pela sala do ano passado. Vi o quanto é importante termos 
relatório dos alunos do ano anterior e, também, dos alunos que já passaram por pessoas 
habilitadas, pois, além de nos ajudar, permite-nos saber até onde é possível ir, ou seja, 
respeitar os limites. 
 Este ano, quando precisei fazer as atividades do curso, fiz com alunos de outras 
salas, já que não tive nenhum caso de deficiências na minha sala. Busquei crianças com 
diferentes deficiências em determinadas atividades. Desenvolvi atividades, também com 
uma aluna da minha sala de aula por ter dificuldades de aprendizado, porém sem 
relatório e encaminhamento dela, pois é uma criança faltosa e que os pais não são 
presentes, ou melhor, o pai trabalha e a mãe tem problemas mentais e nãoteria quem a 
acompanhasse, Essa criança está sendo observada e acompanhada pelo conselho tutelar, 
pois a mãe já perdeu a guarda de seus quatro filhos, inclusive o bebê que nasceu este 
ano. 
 Outro ponto importante que foi mostrado nesse curso, é que necessitamos da 
ajuda de profissionais especializados para nos orientar, não dá para sermos sós, além de 
não sermos habilitadas, se não tivermos essa ajuda, fica muito difícil, perdemos o foco. 
 Quanto aos recursos, foi mais uma novidade, são materiais que nem imaginava 
que existissem, mas aí vem novamente aquela história: do que adianta ter se não 
sabemos usar? Ficou muito claro que é essencial a inclusão, mas, nós, professores temos 
que ser preparados para receber esses alunos, não é simplesmente depositar essas 
crianças numa escola e falar, ”pronto, aqui já estamos trabalhando com inclusão”. 
 Estaremos recebendo em nossas mãos, sob nossa responsabilidade, crianças, 
como todas, mas, por outro lado, crianças cujos direitos vão além de uma vaga naquela 
escola. Temos que estar prontos para recebê-la, começando pelo espaço físico 
adequado, pelos materiais didáticos e acompanhamento diário de alguém que sabe das 
suas potencialidades. 
 A criança tem o direito de viver em sociedade, de fazer parte do mundo e de “ser 
alguém”, como sempre falamos. Nós somos responsáveis por isso, temos que fazer a 
diferença na vida delas. 
 Cabe ao município colaborar, fazendo sua parte, promovendo formação 
continuada e especializações para os professores, melhorando o espaço físico das 
escolas, mandando materiais necessários solicitados e disponibilizando ajuda de 
profissionais habilitados. 
 
104 
 Por que não pensar lá na frente e criar cursos profissionalizantes para esses 
alunos? Podemos aproveitar suas habilidades, seja em arte, música, ou qualquer outra 
área. Acredito que dessa forma estaremos tornando uma escola mais atrativa, para todos 
os alunos, motivando-os e ajudando a apreciar mais a escola. 
 Finalmente posso dizer que dei meu primeiro passo. Não me acomodei, quero 
estar apta para receber as crianças, mas ainda é muito pouco, preciso aprender muito, 
muito mais. É necessário que esse seja o início, mas que não pare por aí, que tenha uma 
continuidade. Necessitamos de especializações em todas as áreas porque, com certeza, 
não vou ter só um tipo de deficiência em minha sala, talvez tenha dois ou mais casos. A 
criança não tem que ser a prejudicada, ela tem direitos e cabe a nós fazer valê-los, de 
forma correta, ajudando – os e tornando sua convivência melhor, possibilitando 
evoluções e muitas conquistas. 
 Gostaria que esse curso pudesse continuar. Tenho ainda muito a aprender e sei 
que eles tem muito a me oferecer. Existem tantos assuntos ainda para serem estudados, 
experiências para serem trocadas, relatos que, com certeza, servirão de exemplos para 
melhorar nossa prática educacional. 
 Com relação a cursos a distância, posso dizer que foi uma ótima invenção, pois 
tenho duas filhas: uma de sete anos e outra de três anos e poder fazer esse curso em 
casa, nos meus horários, foi importantíssimo. Posso cuidar da minha família sem deixar 
de lado meu compromisso com a profissão e melhorar cada vez mais minha prática em 
sala de aula. Adorei, quero, com certeza, buscar mais, participar de muitos outros. 
 
 
105 
APRENDENDO SEMPRE PARA AGIR COERENTEMENTE. 
 
Vanessa Aparecida Domingues Moreira
28
 
 
É com satisfação que concluo mais esse curso a distância. É a minha segunda 
experiência em EaD pela UNESP. Gostaria de manifestar minha alegria em concluir 
esse curso que tanto me proporcionou reflexões sobre práticas educativas inclusivas. 
Mais uma vez a UNESP, junto à Plataforma Freire, mostra a seriedade e o 
comprometimento dos envolvidos nesta formação. 
Em meus nove anos de magistério, na rede municipal de Educação de Bragança 
Paulista, não tive a rica oportunidade de trabalhar com alunos com deficiência 
comprovadas, mas bem sei que são muitas e diferenciadas as necessidades das crianças 
que frequentam nossas escolas... Estudar sobre este tema tão novo e ao mesmo tempo 
tão antigo, necessário e presente no contexto escolar, abriu novas possibilidades de ação 
e a busca de conhecimento junto a outros colegas com experiências nessas abordagens. 
O curso ofereceu uma visão abrangente sobre a educação inclusiva, o que tornou 
possível estudar sobre outros temas que interferem seriamente no contexto escolar. Os 
textos oferecidos foram de qualidade, bem como o apoio das formadoras e dos colegas. 
A troca de experiência virtual foi muito motivadora. 
A forma com que o curso foi promovido e organizado muito favoreceu a 
aprendizagem: os bate-papos com os colegas, as devolutivas da tutora e da formadora, 
as nossas opiniões que foram seriamente acatadas, permitiram um novo ritmo ao 
trabalho, enfim, a parceria firmada entre todos que participaram. 
Ler, comentar e trocar experiências com os colegas sobre as diferentes 
configurações de família, ensino colaborativo, avaliação e planejamento escolar, 
desenvolvimento humano e aprendizagem, história da inclusão, tecnologias assistivas e 
habilidades sociais do professor, entre outros, foi de grande valia para minha formação. 
Muitos desses assuntos ainda não eram de meu conhecimento e surpreenderam-me, 
fazendo-me entender a complexidade que o espaço escolar representa e o quanto se faz 
necessário entendê-lo para agir, coerentemente, sobre ele. 
 
28
 “Rede municipal de Educação” - Bragança Paulista – SP. 
 
106 
Cursos a distância nos ajudam a crescer muito. Vejo que, sobretudo, a disciplina, 
a que somos incentivados a ter, nos faz crescer como profissionais. É uma experiência 
interessante, pois o estudo individual permite o crescimento coletivo. 
Acredito ter sido complexa a tarefa deste estudo. Primeiro, porque é difícil 
estudar algo que está um tanto distante de nossa realidade no dia a dia (como a minha, 
por exemplo, em que são poucos os alunos com deficiência física ou intelectual da 
escola, além destes estarem em suas salas de aula, sem que lhes tenhamos muito 
acesso). Segundo, porque os embasamentos teóricos são ricos, porém complexos se a 
prática está distante de nós. Mesmo assim, pude enxergar as necessidades específicas de 
crianças que estão na sala de aula, mas que se divergem quanto ao ritmo de 
aprendizagem. Pude trabalhar com elas para realizar as atividades e dessa forma, 
enxergar o quanto precisam de nosso investimento, da nossa alegria, das nossas 
parcerias... Que riqueza é isto! 
Encerro o curso com muitas dúvidas sanadas, mas, principalmente, com ainda 
muitas outras proporcionadas pela reflexão que ele propiciou, e com imensa vontade de 
prosseguir com esses estudos. Fica, assim, claro para mim que será preciso, ainda, muito 
estudo para que possamos oferecer uma educação verdadeiramente compromissada com 
a necessidade de todos, com suas características particulares e especiais. Que novos 
estudos venham! 
O que de mais valioso ficou neste estudo foi a importância de um novo olhar 
sobre a criança que está nos bancos escolares de nossas salas. Fica a certeza de que é 
preciso ousadia, vontade e desafio na tarefa de educar alunos com necessidades 
especiais visíveis ou não. Ora, muitas delas estão escondidas esperando e pedindo que 
nós as busquemos, as procuremos. É preciso, então, olhar a criança para enxergá-la, 
estudá-la e ofertá-la o nosso melhor, aquilo que uma boa formação, como a desse curso, 
é capaz de suscitar em nós. Foi um prazer! 
 
 
 
107 
INTEGRAÇÃO DA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA EM SALA REGULAR 
 
Maria Valéria Polla Rodrigues29
 
 
Ao longo da minha carreira, deparei com situações como essas, várias vezes, e é 
necessário ter muita vontade e compromisso para desenvolver um trabalho eficaz. 
Durante o curso Práticas Educacionais Inclusivas - Deficiência Intelectual, pude obter 
muitos conhecimentos sobre esta prática e atualizá-los, também. 
Atualmente, leciono em uma sala regular da rede municipal, com um número 
elevado de alunos e uma aluna que apresenta deficiência intelectual moderada e 
dificuldade na coordenação motora fina. O trabalho realizado com essa aluna é bem 
direcionado às necessidades imediatas de aprendizagem. 
Nada mais eficaz para refletir a realidade da educação no Brasil que a sala de 
aula. Nas salas de aula, encontramos crianças com seu jeito próprio, com seu 
conhecimento, com o seu modo de ver o mundo. Pressupõe-se que todas as crianças são 
iguais, que as origens são as mesmas e que por isso o ponto de partida deve ser o 
mesmo para todas. 
A história de vida da criança não interessa aos conteúdos pré-estabelecidos pela 
escola? É, nesse contexto, que aparecem os alunos com deficiência. Essas crianças 
trazem consigo uma história própria. São pais que superprotegem e acham que seus 
filhos realmente são “especiais” e por isso não sabem e não podem fazer nada, não é 
permitido a essas crianças fazerem tentativas de acertar ou errar. Ou ainda, são pais que 
rejeitam e abandonam as crianças, passando a não aceitá-las, rejeitando-as ou 
reprovando-as. Essas crianças estão pedindo apenas uma oportunidade para mostrar que 
são capazes. 
A educação especial tem duas contradições: segrega ou deixa de lado, em nome 
de uma educação baseada numa pseudo-integração. Será que precisamos escolher entre 
integração e educação? Se a integração/segregação estão sendo dicotomizadas é porque 
o fundamento teórico de tais práticas ainda é frágil, por isso, é necessário apontar novos 
caminhos com uma postura teórica sólida. 
Enfatizamos a importância dos aspectos sociais da educação das crianças com 
deficiência e, é exatamente, para esse papel social que Vigotski nos chama a atenção 
 
29
 EMEF “Dr. Francisco Monlevade” - Campo Limpo Paulista – SP. 
 
108 
quando diz que “Todas as funções no desenvolvimento da criança aparecem duas vezes: 
primeiro, no nível social e, depois, no interior da criança (intrapsicológica). Isso se 
aplica igualmente para atenção voluntária, para a memória lógica e para a formação de 
conceitos. Todas as funções superiores originam-se das relações reais entre indivíduos 
humanos” (VIGOTSKI, 1989, p. 64). Ele se refere à gênese de todo e qualquer 
conhecimento nas relações entre pessoas. O indivíduo começa a aprender com o outro e 
nesse processo internaliza esse conhecimento, fazendo-o seu. 
Com relação à integração, podemos verificar alguns estudos feitos em 1977 por 
Cook que mostram bem essa realidade. Segundo o autor a simples colocação de 
indivíduos normais e especiais no mesmo ambiente não é o suficiente para que ocorra 
interação entre si. São necessários programas especiais. As crianças parecem preferir 
interagir socialmente com crianças que tenham níveis de desenvolvimento semelhantes. 
E, a interação é positiva em situações que incentivam a cooperação entre os 
participantes e é negativa em situações que incentivam a competição ou o trabalho 
individual. 
Analisando esse estudo, podemos dizer que a escola deve trabalhar para que 
ocorra a quebra de tabus, estigmas, desinformação e ignorância que fazem com que as 
pessoas tenham atitudes negativas em relação à criança especial. A individualização do 
ensino, o trabalho diversificado, a avaliação permanente e, predominantemente, 
qualitativa são os fatores essenciais nesse processo. 
Durante o curso, pude realizar muitas leituras e observações sobre os problemas 
apresentados pelas crianças inseridas no contexto escolar, então comecei a interagir com 
cada criança, dando orientação individual e, por várias vezes, proporcionando-lhes uma 
melhor compreensão sobre os conteúdos trabalhados. 
Juntando o conhecimento teórico aos diversificados problemas apresentados 
com o conhecimento de cada aluno, foi possível ter uma melhor interação, 
estabelecendo laços de amizade, cooperatividade e incentivo, mostrando que eram 
capazes de fazer, de resolver e questionar, participar e perguntar como os demais 
alunos. 
Com o passar do tempo, os próprios colegas ofereciam apoio e auxílio para as 
questões que houvesse dificuldade. Aqui, percebemos e verificamos o que Vigotski diz 
sobre a necessidade do outro intervir no processo. 
Logicamente que para a realização desse trabalho foram necessários muitos 
momentos de conscientização de todas as crianças para que acreditassem que seu colega 
 
109 
era capaz e que precisava da presença de outras pessoas, intervindo com ela para atingir 
o objetivo. 
Ser diferente e único é uma característica de todo ser humano. Para facilitar a 
compreensão do desenvolvimento e comportamento humano, podemos normatizar e 
agrupar características semelhantes. 
Tarefa difícil é descobrir e valorizar as dificuldades de cada um. Entretanto, 
todos necessitam desse conhecimento para aprender e saber onde estão seus limites, 
onde precisam de ajuda, onde precisam de complementaridade dos demais, até caminhar 
sozinha. A percepção e valorização de sua realidade total, com altos e baixos, 
facilidades e dificuldades, é essencial para que o ser humano cresça e se desenvolva 
plenamente. Assim, aprendemos a respeitar a individualidade de cada um, sabendo 
compreender e acreditar na capacidade da criança especial, relevando o seu ritmo, seus 
conhecimentos e maneiras que são adquiridos. 
Nesse relato, a criança aqui mencionada apresentava deficiência intelectual 
moderada e dificuldade na coordenação motora fina. Só o convívio direto, pode 
favorecer o desenvolvimento de amizade entre os alunos, proporcionando uma 
variedade de desafios, estímulos e inúmeras oportunidades para a criança especial. 
Enfim, a integração, ou seja, a inclusão de todas as crianças com deficiência na 
sociedade constitui um dos objetivos principais da educação especial. Nesse processo 
global, todos os alunos da classe tornam-se agentes diretos do desenvolvimento de cada 
um deles e favorecem a construção de personalidades únicas e originais. A integração 
das crianças com deficiência na classe regular não pode ser imposta por decreto, ela só é 
possível se mudarmos nossas atitudes. Essa mudança modifica nossos conceitos e o 
modo de compreender nosso papel enquanto educador. 
 
 
110 
SOMOS TODOS IGUAIS NA DIFERENÇA 
 
Cristiane Covolan Luvisotto
30
 
 
Sou professora de educação infantil pelo município. Estou na área da educação 
há 10 anos. O meu primeiro contato com criança foi na creche como auxiliar de 
desenvolvimento infantil, na faixa etária de 0 a 5 anos. 
No início, surgiram dúvidas em como trabalhar, principalmente, com as crianças 
que apresentavam deficiência ou dificuldades de aprendizagem. Aos poucos, fui 
adquirindo experiência. Conforme surgiam dúvidas, pesquisava na biblioteca, comprava 
livros (pois na época não tinha acesso à internet) para que pudesse desenvolver um bom 
trabalho com essas crianças, percebia que necessitavam de um trabalho diferenciado. 
 Após cinco anos, surgiu uma nova oportunidade, fiz um concurso para 
professora de educação infantil. Fui chamada para dar aula em uma nova escola. No 
decorrer do segundo ano, recebi um aluno com deficiência, com paralisia cerebral. No 
primeiro momento, toda equipe escolar ficou apreensiva em como trabalhar com esse 
aluno. Surgiram muitas dúvidas, mas fomos aos poucosadaptando materiais e tentando 
ajudá-lo a se desenvolver da melhor forma possível 
Nesse período, senti falta de um curso de aperfeiçoamento sobre educação 
inclusiva para que pudesse sentir maior segurança no trabalho que vinha sendo 
realizado. 
No ano de 2009, surgiu a oportunidade em realizar inscrição para o curso do 
programa de formação continuada de professor - Plataforma Freire (MEC) sendo um 
curso a distância. Não tive dúvidas, optei pelo curso Práticas Educacionais Inclusivas na 
área da deficiência intelectual. Sentia necessidade de uma capacitação nessa área. Fiquei 
muito feliz e senti iluminada por Deus ao receber o e-mail da equipe da UNESP, de 
Bauru. Tinha sido selecionada entre muitas pessoas para iniciar o curso. Este curso veio 
ao encontro do que eu mais precisava no momento: uma orientação, maior 
conhecimento, pois este ano recebi um aluno com deficiência intelectual, apresentando 
muitas dificuldades e agressividade constante. Durante esses dez anos de profissão, este 
aluno está sendo meu maior desafio. 
 
30
 EMEFEI “Profa. Cecília Salto de Almeida” - Laranjal Paulista – SP 
 
111 
Educação a distância é uma modalidade educativa, uma alternativa pedagógica 
que não vem para substituir a educação presencial. É fruto de uma série de 
determinações presentes no atual estágio de desenvolvimento científico-tecnológico e 
econômico das complexas forças produtivas, pois não é um “fast-food” em que o aluno 
se serve de algo pronto. É uma prática que permite um equilíbrio entre as necessidades e 
habilidades individuais e as do grupo. Nessa perspectiva, é possível avançar 
rapidamente, trocar experiências e esclarecer dúvidas. 
A maioria das pessoas, muitas vezes, não tem acesso a esses recursos 
tecnológicos que democratizam o acesso à informatização. Por isso, é de maior 
relevância possibilitar a todos o acesso às tecnologias, a informação significativa e à 
mediação de profissionais efetivamente preparados para a sua utilização inovadora. 
O curso Práticas Educacionais Inclusivas, totalmente a distância, foi um curso 
muito bem organizado por toda a equipe, abrindo novas perspectivas no que diz respeito 
ao processo de ensino-aprendizagem. Esta foi minha primeira experiência com EaD. No 
inicio, fiquei um pouco apreensiva por ser algo novo e, principalmente, por estar em 
contato com pessoas de diferentes localidades. 
No decorrer do curso, fiquei totalmente envolvida, em um ambiente rico de 
aprendizagem. Sua organização por ícones contribuiu para a mudança de uma tela para 
a outra, facilitando o trabalho, assim como a divisão por módulos, estipulando datas, 
onde pudemos organizar nossos estudos. O estudo pela internet proporciona 
flexibilidade, mas exige a mesma dedicação do estudo presencial ou, às vezes, até mais. 
Os materiais diversificados e ricos em conteúdos nos envolveram ativamente, 
trazendo contribuições significativas por meio dos bate-papos e das contribuições 
temáticas em fóruns de discussão, colocando-nos em contato com pessoas de 
localidades e realidades diferentes, ideias interessantes, desenvolvendo trabalhos em 
grupos e muita troca de experiências. 
Podemos dizer que um bom curso não é apenas ler os textos e ter acesso aos 
conteúdos, mas sim, ter a possibilidade de se comunicar, fazer perguntas, interagir com 
a equipe do curso, alunos e trocar experiências. 
Mesmo o curso sendo a distância, sentia estar participando de forma ativamente 
presencial. A tutora e a professora formadora desenvolveram uma verdadeira mediação, 
estimulando o aprendizado, respeitando a autonomia de aprendizagem de cada aluno, 
constantemente orientando, dirigindo, tirando dúvidas e supervisionando o processo de 
aprendizagem dos cursistas. 
 
112 
Através de temas atuais como: A história da inclusão social e educacional da 
pessoa com deficiência; Direito fundamental a proteção e a integração social da pessoa 
com deficiência à luz do texto constitucional; Ética; Família; Desenvolvimento humano 
e aprendizagem através das contribuições da psicologia histórico-cultural; Avaliação e 
planejamento; Sexualidade; Flexibilização(ensino fundamental de nove anos); Ensino 
colaborativo e criatividade; Habilidades sociais e Tecnologia assistiva adquiri 
conhecimentos e apliquei atividades com orientações das fichas que refletiram sobre 
minha prática. 
 Compartilhar experiências é fundamental para a formação continuada em 
educação, pois os conhecimentos teóricos somente não bastam, é necessário a 
participação nas mudanças sociais, como agente de formação e não apenas transmissor 
de conhecimentos. 
A formação do professor deve ser contínua, diferenciada e vista como uma ação 
para ampliar as competências a fim de desenvolver as potencialidades do profissional 
em todas as dimensões. 
 Nos últimos anos, tivemos um avanço na questão da inclusão, mas ainda temos 
muito que fazer para melhorar essa história. Precisamos cada vez mais de profissionais 
capacitados, conscientes, para trabalhar com alunos que apresentam alguma deficiência. 
A inclusão se concilia como uma educação de qualidade para todos, mas é 
necessário enfrentar um desafio maior que recai sobre o fator humano. Não basta apenas 
incluir os alunos portadores de deficiência para ser cumprida a lei, é preciso trabalhar 
para realmente incluí-los. 
A tarefa da escola inclusiva é ofertar e buscar sempre melhores condições de 
ensino e recursos pedagógicos para que todos os alunos desenvolvam suas 
potencialidades, respeitando suas limitações, favorecendo a diversidade. 
Pensar em uma escola acolhedora, que trabalhe com a diversidade observável em sala 
de aula, significa levar em consideração uma concepção de currículo através da 
flexibilidade para que este ofereça respostas educativas às necessidades educacionais de 
todos os alunos. 
 Mudanças no contexto escolar e social possibilitam que a equipe escolar possa 
exercitar refletir e compartilhar ideias, interagindo com os colegas, estudando juntos, 
abertos à colaboração, elaborando o projeto PPP com autonomia, cooperação e de forma 
participativa, diagnosticando a demanda dos alunos, estabelecendo parcerias com 
profissionais especializados, trabalhando em conjunto com as famílias, percebendo que 
 
113 
as crianças podem aprender juntas, embora tenham objetivos e processos diferentes, 
favorecendo as diferenças para que os alunos consigam progressos significativos, 
estaremos assim contribuindo para uma verdadeira educação inclusiva. 
Os preconceitos em relação à inclusão poderão ser eliminados, ou pelo menos 
reduzidos por meio de ações de sensibilização da sociedade. 
Esse curso contribuiu muito para melhorar minha prática, pois ao olhar um 
aluno, não devemos apenas ver as dificuldades, mas sim, verificar as habilidades e as 
formas que ele usa essas habilidades para vencer desafios. Percebo isso hoje no meu 
aluno O avanço que ele obteve, claro que de forma mais lenta. Está conseguindo 
permanecer por mais tempo sentado, concentrar um pouco mais durante as atividades, 
expressar seus sentimentos, controlar com mais frequência a agressividade. Ele também 
vem realizando atendimento com profissionais especializados e a família que antes não 
participava, hoje a mãe já está aceitando ajuda, dialogando e procurando em parceria 
com a escola contribuir no desenvolvimento do filho. Foi um trabalho que necessitou de 
muita persistência, pois muitas vezes, quase desanimei diante dos vários obstáculos 
apresentados e hoje percebo que, graças ao curso, senti mais segurança e um maior 
conhecimento para desenvolver o meu trabalho. 
Agradeço a toda a equipe do curso Práticas Educacionais Inclusivasna área da 
deficiência intelectual em ter contribuído com a minha capacitação e também as alunas 
do curso que proporcionaram momentos de trocas de experiências enriquecedoras. 
Quando surgirem dúvidas sei que adquiri conhecimentos e materiais que irão me ajudar 
a criar diferentes estratégias, com o compromisso de fazer o ensino inclusivo acontecer, 
com espontaneidade e coragem de assumir os riscos, trabalhando em equipe através de 
parcerias, desenvolvendo novas habilidades e promovendo uma educação de qualidade 
a todos os alunos, favorecendo a diversidade. 
Finalizo o meu relato do curso com uma frase de Paulo Freire: “Não há saber 
mais ou saber menos: há saberes diferentes”. 
 
 
114 
REFLETINDO SOBRE NOSSA PRÁTICA NA DIVERSIDADE DA EDUCAÇÃO 
 
Keila Maria Bordignon
31
 
 
Foi com muita alegria e surpresa que recebi o convite para fazer parte desse 
curso. No início, ficamos apreensivos, pois o novo nos traz insegurança, a incerteza de 
talvez não conseguir realizar tudo o que está por vir, principalmente por se tratar de um 
tema polêmico e pouco trabalhado até o momento entre nós, nas classes comuns. Mas, 
ao mesmo tempo nos mostra que os desafios estão presentes e são a partir deles que 
conseguimos atingir nosso principal objetivo: o de ensinar e de aprender. 
O curso Práticas educacionais inclusivas na área da deficiência intelectual foi 
dividido em MÓDULO 1 – EaD e Ambientação no TelEduc; MÓDULO 2 – 
Fundamentos: Capítulo 1: A história da inclusão social e educacional da pessoa com 
deficiência, Capítulo 2: Direito fundamental a proteção e a integração social da pessoa 
com deficiência a luz do texto constitucional, Capitulo 3: Ética e Capítulo 4: Família 
MÓDULO 3 – Desenvolvimento humano e Aprendizagem; MÓDULO 4 – Avaliação e 
Planejamento e MÓDULO 5 - Práticas Educacionais Inclusivas. 
A disposição do ambiente TelEduc estava de fácil acesso, os ícones bem 
dispostos e separados de forma organizada. O fórum representou um momento de 
interação ímpar, pois pudemos compartilhar com todos os cursistas as realidades, 
dificuldades e experiências que cada uma possui. 
Os materiais de apoio foram escolhidos de forma atingir nossa realidade e levar 
a uma profunda reflexão sobre as práticas inclusivas. As atividades sempre detalhadas e 
de fácil compreensão, para realizá-las, tive poucas dúvidas. 
Em relação ao trabalho em grupo, tivemos um pouco mais de dificuldade para 
realizá-lo, pois não consegui entrar em contato com duas participantes de outra cidade, 
por motivos particulares que depois vieram explicar, por isso realizamos o trabalho em 
duplas e assim concluímos o módulo. 
Outro item importante foi à divisão e organização do tempo para realização das 
atividades, que foi suficiente para concluí-las. O bate-papo foi outro ponto importante 
na socialização e compartilhamento, com os cursistas, de momentos alegres e tristes. Os 
conselhos, os sentimentos sobre o que cada uma estava vivenciando, durante a semana e 
 
31
 EM. “João Salto” - Laranjal Paulista – São Paulo 
 
115 
nas respectivas escolas, as experiências que deram certo, pontos que poderíamos mudar 
em determinados momentos e a reflexão sobre os temas propostos nos bate-papos 
relacionados aos módulos da semana, sempre nortearam boas discussões para as 
possíveis ações. 
E difícil de explicar o carinho e a preocupação que sentimos pelas pessoas sem 
ao menos conhecê-las pessoalmente. Nossa ligação na educação é muito forte, um laço 
que estreita qualquer distância e fronteira. 
A postagem das atividades também estava sempre bem explicada na plataforma, 
o correio foi bem utilizado sendo uma ferramenta essencial para as dúvidas, marcações 
de encontro no bate-papo, troca de experiência e informações da tutora e coordenação 
do curso entre outros. 
Outro ponto que merece destaque são os registros dos comentários tanto das 
formadoras, quanto das colegas, momento imprescindível de crescimento profissional. 
Gostaria de acrescentar também meu agradecimento ao carinho e dedicação da 
tutora e formadora, que sempre estiveram presentes nas dificuldades e conquistas, 
sempre incentivando e sendo o alicerce para que esse trabalho fosse concluído, pois 
precisamos de muita determinação e estímulo para vencer os desafios, mostraram assim 
que são verdadeiras educadoras comprometidas com a educação e fazem a diferença no 
processo do ensino e aprendizagem. 
A planilha do curso também foi outra ferramenta importante para verificarmos 
nossas atividades e nossa participação no curso, delineando nosso trabalho. 
O conteúdo trabalhado foi de extrema importância para refletirmos sobre nossa 
prática na diversidade da educação e, principalmente, confirmar que devemos trabalhar 
em equipe com comprometimento, desprendimento e responsabilidade para o bem 
comum do todo. 
O curso representa, em particular, um grande crescimento e abertura na minha 
visão sobre as práticas educacionais inclusivas, principalmente, reportando para minha 
realidade escolar, percebo que precisamos de uma preparação maior e um suporte de 
profissionais especialistas e recursos para auxiliar no desenvolvimento desses alunos. 
Aprendi sobre deficiência intelectual muita coisas das quais tinha dúvidas e 
consigo ter uma abertura maior em relação a esse aluno para poder acolhê-lo, 
respeitando mais seus limites e aprendizagem, mesmo, muitas vezes, sem um 
diagnóstico concreto. Mas, por outro lado, não vou deixar de lutar por um suporte mais 
 
116 
efetivo que possa auxiliar da melhor maneira o meu trabalho, minha aprendizagem e a 
do meu aluno. 
A escola na qual trabalho não possui muitos alunos de inclusão com diagnóstico 
preciso em deficiência intelectual, por isso não temos tanto recursos para trabalhar essas 
diversidades. 
Os professores, de maneira geral, questionam as dificuldades no aprendizado por 
parte de alguns alunos por falta de um maior suporte pedagógico e especializado para 
entendermos melhor esse aluno e incluí-lo na classe comum. 
A flexibilização curricular, a organização do ensino para os alunos deficientes, a 
ética profissional, a família, a avaliação, o planejamento e os diversos assuntos que 
permeiam a educação inclusiva, norteiam grandes avanços e conquistas e muitos ainda 
estão por vir para que realmente ocorra a efetivação do processo. Assim, a inclusão 
escolar começa a partir de pessoas e instituições dispostas a gerar mudanças como esses 
cursos, as parcerias entre as instituições e o poder público entre outros. 
Esse curso pressupõe, na nossa prática, significativas transformações 
administrativas e pedagógicas, no âmbito da organização do sistema do ensino. Como 
exemplo, podemos citar a construção coletiva do projeto político pedagógico, a parceria 
dos profissionais especialistas, os recursos e a flexibilização curricular para alunos com 
deficiência e o trabalho com os professores na orientação e suporte nessa diversidade. 
É importante ressaltar o espaço que a educação a distância vem alcançando e a 
seriedade com que está sendo trabalhada. É o meu segundo curso a distância e me sinto 
cada vez mais comprometida com essa nova forma de aprendizagem que requer mais 
disciplina, organização e responsabilidade na ordenação do seu tempo e estudo diário. 
Posso dizer, com convicção, que são poucos os que conseguem ter uma autodisciplina 
para estudar, aprender, colocar em prática o que se aprende e saber compartilhar esse 
aprendizado, ensinando ao mesmo tempo. 
Entretanto posso afirmar que esse curso foi um momento de movimentação e 
rompimento de paradigmas na minha prática e das pessoas com as quais convivo, 
destacando a importânciada inclusão para uma sociedade mais democrática, na qual 
exista respeito à diversidade e todos possam exercer sua cidadania. 
Deixo a seguinte reflexão para avançarmos nas mudanças necessárias para nossa 
educação na diversidade “Não temos um novo caminho, o que temos de novo é a forma 
de caminhar”. 
 
 
117 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UMA MUDANÇA DA VISÃO DO SISTEMA 
EDUCACIONAL PARA SUPRIR UMA CARÊNCIA EDUCACIONAL 
 
Kátia Regina Silva Silveira
32
 
 
Falar em Educação a distância, no Brasil, é falar na mudança da visão do sistema 
educacional, ou seja, a quebra do paradigma da educação formal. Quando penso no 
EaD, enxergo a ruptura da educação na sociedade elitista, pois a realidade educacional 
no Brasil, é de que poucos conseguem se quer concluir o Ensino Fundamental, minoria 
ainda, consegue chegar às Universidades, já os que conseguem, poucos concluem o 
Ensino Superior. 
 Segundo Gadotti, falar em perspectiva é falar de esperança no futuro. Nesse 
aspecto, a educação a distância vem ao encontro para suprir uma carência educacional, 
presente em nosso país, pois tem como objetivo democratizar o acesso à educação; 
propiciar uma aprendizagem autônoma; promover um ensino inovador e de qualidade, 
uma educação permanente. Programas educacionais a distância foram criados com 
objetivos comuns, visando diminuir cada vez mais a exclusão de cidadãos ao 
conhecimento, incluí-los no mercado de trabalho, oferecer ensino gratuito aos mais 
diversos pontos territoriais no país. 
 A educação do futuro chegou. Temos pela frente o desafio de encararmos os 
avanços tecnológicos e uma nova postura, diante de um novo sistema de ensino que aos 
nossos olhos, parece novo, porém, há séculos vem buscando seu espaço, vem se 
aprimorando, cabendo a nós, qualificá-la e aplicá-la. 
 Para muitos, o ensino a distância, transmite a ideia de uma educação informal, 
muito distante, porém, o que posso afirmar com convicção é que o curso de Práticas 
Educacionais Inclusivas na Área de deficiência Intelectual, ofereceu um estudo 
profundo, proporcionando um contato direto entre os formadores e alunos, numa 
dinâmica constante, diária, que a sensação é de nos conhecermos há algum tempo, pois, 
durante o curso, construímos um laço de afetividade/amizade, fazendo-nos esquecer da 
distância e efetivarmos trocas de experiências, conhecimentos, fundamental e essencial 
à mudança de olhar nas relações educacionais que possuíamos até o momento. 
 
32
 EM. “Profa. Lea Eady Alonso Saliba” - Sorocaba – SP. 
 
118 
 O curso foi organizado de modo que pudéssemos realizar uma análise crítica 
construtiva da nossa prática educacional enquanto educadores, enquanto cidadãos, em 
busca de uma educação mais humana, democrática, autônoma, construtiva e, 
principalmente, inclusiva. 
 Durante o curso, realizamos um estudo da história da inclusão, no aspecto social, 
onde pudemos conhecer o aspecto histórico da pessoa com deficiência, séculos de luta, 
na inclusão social. Oportunizamos também momentos de trocas com amigos/colegas no 
que diz respeito ao processo de inclusão nas escolas, como mais acessibilidades, 
materiais de recursos, entre outros... 
 Conseguimos analisar e embasar nossos estudos na Constituição Brasileira que 
garante uma educação igualitária, humana, em recursos e oportunidades, em direitos, ou 
seja, na Lei, todos os direitos são garantidos para que a educação inclusiva seja eficiente 
e desenvolvida integralmente. 
Refletimos sobre a conduta ética profissional, essencial para se manter uma 
relação de democracia, cidadania, preservando valores de humanidade e dignidade, 
remetendo-nos ao aspecto da educação inclusiva, na prática e na relação que mantemos 
com nossos alunos e colegas em geral. Enfim se quisermos sobreviver numa sociedade 
democrática, humana, digna e igualitária, temos de assumir nosso compromisso social e 
ético. 
 Um dos compromissos fundamentais e primordiais à instituição escolar é 
convencer e conquistar a família para um trabalho em equipe com a escola. A 
participação familiar é essencial no desenvolvimento afetivo/cognitivo/emocional do 
aluno. Nesse sentido, a escola deve estar permanentemente de portas abertas à sua 
comunidade, criando estratégias e ações essenciais a essa participação colaborativa, ao 
desenvolvimento, no trabalho pedagógico realizado na escola. 
 Conhecer as contribuições de estudiosos na área da deficiência intelectual traz-
nos momentos de reflexão à prática educacional realizada na escola, pois através dos 
estudos mostrados, podemos realizar experimentos de ações pedagógicas, criando novos 
a partir da necessidade, adaptando-se aos recursos disponibilizados na unidade escolar. 
 Durante o curso, ainda tivemos momentos de estudos de projetos realizados com 
pessoas com deficiência, conhecemos a importância do trabalho colaborativo e flexível 
na prática educacional. Tivemos, também, a oportunidade de criar e aplicar uma ação 
pedagógica com o auxílio de parcerias e ver o quanto é possível ampliar uma ação 
pedagógica de modo eficiente e eficaz. 
 
119 
 Conhecemos o Projeto Pipa, lindo, que realiza um trabalho maravilhoso, com 
naturalidade, na questão da sexualidade do aluno com deficiência. Um assunto que para 
muitos é delicado, constrangedor, porém para nós educadores, serviu como um sinal de 
alerta na necessidade de realizar um projeto que aborde o tema da sexualidade, abrindo 
um leque na participação familiar e parcerias com profissionais da área, médicos, 
psicólogos, desenvolvendo um trabalho colaborativo de grande valia para a comunidade 
escolar como um todo, pois o tema não precisa estar restrito simplesmente ao aluno, 
esse é um momento importante para trazer a comunidade para dentro da escola sendo 
mais uma parceria fundamental na ação coletiva educacional. 
 Enfim, o curso Práticas Educacionais Inclusivas, na área de deficiência 
intelectual proporcionou momentos de reflexão a minha prática profissional, voltando-
se para a importância de realizar um trabalho pedagógico dinâmico, com ações criativas, 
flexíveis e colaborativas. Mudou minha visão, no sentido de que não estou só na luta 
por uma educação humana, moral, digna, igualitária, justa, democrática, autônoma e 
INCLUSIVA! 
 Finalizo meu relato, com a convicção de que minha luta não finalizou. Ela está 
apenas iniciando... 
 
 
 
120 
UMA BOA AVALIAÇÃO COMO SENDO PONTO DE PARTIDA PARA UM 
PLANEJAMENTO MAIS EFETIVO. 
 
Ana Paula Souza da Silva Sichetti
33
 
 
Esse foi meu primeiro curso a distância e garanto que não será o único. Foi uma 
experiência enriquecedora e gratificante. Pude relembrar teorias já estudadas e conhecer 
novas perspectivas de pensamento e ação. Com isso, tive a oportunidade aprimorar 
minha prática. 
Sou professora desde 1997, na rede municipal de Juiz de Fora, MG. Desses 13 
anos de magistério, trabalho há, no mínimo seis anos com alunos incluídos, atendendo a 
deficiência visual (visão reduzida), intelectual e, também, transtorno global de 
desenvolvimento (síndrome de Asperger). 
Esse tempo foi marcado por muita busca. Foram muitas conversas com a família 
da criança, com professores que já trabalharam ou trabalham com ela e, ainda, com 
profissionais que atendem essa criança. Participei de alguns cursos e, atualmente, faço 
parte de um grupo de professores que se preparam para assumir as salas de recursos 
multifuncionais do Atendimento Educacional Especializado (AEE) que estão sendo 
instaladas em algumas escolas do município. 
Gostei da dinâmica e tópicos desenvolvidos no curso. Aprender a usar o 
ambiente TelEduc foi muito importante, assimcomo relembrar a histórica da inclusão 
na sociedade e na educação, a legislação, envolvendo as questões da inclusão, a 
dimensão ética e características das famílias contemporâneas. 
Destaco como embasamento teórico as ideias de autores como Piaget e Vigotski 
para pensar o desenvolvimento e a aprendizagem. Considero muito importante uma boa 
avaliação como sendo ponto de partida para um planejamento mais efetivo. Por isso, 
muito me acrescentou o módulo 4 que trouxe muitas inovações para minha prática. 
Com o questionário de habilidades sociais para professores pude pensar de 
forma mais sistematizada as minhas concepções e práticas. Com o inventário de 
comportamentos pró-sociais, descobri a possibilidade de analisar e planejar com metas 
mais claras e objetivas e utilizar as habilidades sociais para construir uma convivência 
mais harmônica, significativa e justa na sala de aula. Entendo com mais consistência 
 
33
 CAIC – “Escola Municipal Professor Helyon de Oliveira” - Juiz de Fora – MG. 
 
121 
como pode ser realizado um trabalho educativo baseado em criatividade, ensino 
colaborativo e flexibilização de currículo. Pude aprender um pouco sobre tecnologia 
assistiva e isso me estimulou muito a buscar recursos para serem utilizados pelos alunos 
especiais, sendo esses recursos algo já pronto, ou até mesmo aqueles recursos que 
podemos construir com materiais de sucata. 
Enfim, posso dizer que muito aprendi com esse curso. Pude, como mais 
marcante dessa experiência, trocar vivências e sentimentos com minhas colegas e 
formadoras do curso. Guardo todas comigo como fonte de inspiração e motivação 
diária. Tenho a certeza que muito ainda pode ser feito por uma educação que inclua a 
diversidade em todas as suas dimensões. Vou sentir saudades de acessar diariamente o 
correio e para finalizar agradeço o empenho dos profissionais envolvidos. Destaco a 
presença organizada da tutora e os comentários ternos da formadora como sendo marcas 
da qualidade do curso. Pena que acabou... 
 
 
 
122 
DESAFIOS 
 
Lúcia Helena Rodrigues Soquetti
34
 
 
Participar do EAD me proporcionou momentos de aprendizagem, reflexão e 
troca de experiências. Conheci novos profissionais de diferentes localidades e vivi 
momentos de alegria. 
Os momentos de aprendizagem foram muito importantes, pois, embora a 
educação inclusiva venha acontecendo há anos em nossas salas de aula, recentemente, 
em maior número, tem causado muitas discussões entre os profissionais da Educação e, 
ao mesmo tempo, angústia por não haver preparo desses profissionais por não saberem 
como lidar com as diferentes deficiências e até mesmo o desconhecimento dos recursos 
a serem utilizados. 
As discussões compartilhadas nos fóruns e nas salas de bate-papo 
proporcionaram reflexões às quais mexeram de forma significativa na maneira de ver a 
educação inclusiva como algo necessário ao ser humano, com o intuito de dar-lhes a 
oportunidade de participarem de forma igualitária de nossa sociedade, onde todos têm 
seu direito como cidadão, independente ser deficientes ou não. 
Ter o contato com outros profissionais foi importante para troca de experiência, 
pois sempre há algo novo a aprender com o outro. Faz-se necessário que saibamos da 
importância desse contato com outras pessoas, com elas temos muito a aprender e o que 
aprendemos não deve ficar guardado em nossa memória, mas sim, passado para outros: 
isso é crescimento profissional. 
Quando nos deparamos com profissionais da Educação de outras localidades, 
percebemos que nossas dúvidas e angústias são muito parecidas e, quando nos unimos, 
nos tornamos mais fortes para enfrentar novos desafios. É disso que vive diariamente o 
bom professor, enfrentando novos desafios, e se fortalecendo à medida que consegue 
vencê-los. 
Este contato, as trocas de experiências, um novo olhar à inclusão, trouxeram 
também alegria. Deram-nos a certeza de que o caminho que estamos trilhando é o 
correto. Dar às pessoas a oportunidade de serem aceitas em uma sociedade que se 
 
34
 E.M.E.F.E.I. “Vereador José Luíz Gomes da Silva-Zelo” - Santa Bárbara d’Oeste – SP. 
 
123 
mostra tão excludente, é gratificante, pois a escola é o local ideal para modificar essa 
realidade. 
Professores de salas comuns precisam conhecer e saber trabalhar com os 
recursos disponíveis aos alunos de inclusão. Não é possível que nossas escolas recebam, 
por pouco que sejam, materiais que não se sabe como se manipula. 
O ensino colaborativo proporcionado pelo EaD nos remete a reflexão da 
importância da interação dos professores de salas comuns e professores de salas de 
recursos. Se queremos uma escola inclusiva, por que somos tão excludentes com nossos 
pares? Como queremos que professores de salas comuns atendam com dignidade os 
alunos com deficiência se não os capacitamos para isso? Por que as salas de recursos 
são tão fechadas aos professores de salas comuns? 
Para que possamos ter uma escola verdadeiramente inclusiva, não basta as portas 
das escolas se abrirem para os alunos portadores de deficiência. Faz-se necessário que 
órgãos governamentais e profissionais da Educação se unam para dar a esses alunos as 
condições necessárias para que a aprendizagem aconteça. Não pode haver duas escolas 
dentro de uma, como vem acontecendo. Não há que pensarmos em sala de recursos x 
sala comum, mas sim, pensarmos que os recursos materiais e os saberes que recebemos 
nas escolas devem ser compartilhados com todos, sem distinção de funções. A questão 
é: não sermos professores de sala de recursos, nem de classe comum, mas sim, 
Profissionais da Educação. 
 
 
 
124 
PALAVRA DE ORDEM: ADMINISTRAR E CONFIAR QUE O ALUNO É 
CAPAZ DE TUDO QUE QUISER 
 
Grasieli Zampieri Laudissi
35
 
 
Ao me inscrever nesse curso, não tinha a mínima noção de como funcionava um 
curso a distância. Realizado através do computador, sem poder olhar nos olhos das 
colegas, sem poder “tagarelar” entre as mesmas trocando informações, buscando auxílio 
para sanar dúvidas. Confesso que a priori eu estranhei, mas possuo uma facilidade em 
adaptar-me, portanto, rapidamente me sentia amiga de todas e sentia-me em sala de 
aula, discutindo, conversando, oferecendo e recebendo informações que atendiam as 
minhas necessidades como professora de AEE que ansiava por novos conhecimentos e 
trocas de experiências com pessoas da mesma área e que entendessem um pouco mais 
sobre o funcionamento da inclusão baseada nas leis e de pessoas preocupadas em 
realizar isso com destreza e comprometimento consigo mesmo, mas, acima de tudo com 
os alunos que são os principais autores dessa história. 
 Durante todo o curso, o que sempre me recordava, era do primeiro texto a nós 
enviado sobre como ADMINISTRAR nosso tempo que, desde o início, nos preparava 
para o compromisso e assiduidade com relação ao curso, para que o levássemos a sério, 
visto que o conhecimento se dá individualmente. As informações, a aprendizagem 
foram a todas fornecidas, mas o que cada uma das cursistas adquiriu de conhecimento 
se dá devido ao quanto cada um se dedicou para que esse conhecimento passasse a ser 
significativo. 
 O que sempre favoreceu o aprendizado foi a prontidão da tutora e da formadora 
em solucionar nossas dúvidas, proporcionando e despertando em mim um grande 
interesse por aprender e querer mais... por querer dividir com todas o que eu já sabia, 
dividir para que depois pudéssemos somar. A relevância e qualidade do material 
disponível deixavam-me, em cada módulo, mais interessada e desejosa do 
conhecimento. 
 Assim que descobriramas possibilidades infinitas das Tecnologias de 
Informação e Comunicação (TIC's), nosso mundo tornou-se mais próximo, não há mais 
limites, as barreiras foram ultrapassadas, todo e qualquer distanciamento já não existe 
 
35
 EMEFEI “Vereador José Luiz Gomes da Silva – ZELO” - Santa Bárbara d’Oeste – SP. 
 
125 
em se tratando de tecnologia e o melhor é poder fazer uso desse recurso, poder usá-lo a 
nosso favor para que assim, nossa prática, nosso conhecimento seja cada vez mais 
aprimorado em benefício de nossa profissionalização, em benefício de nossas aulas, em 
benefício, sobretudo de nossos alunos. 
 Refleti muito sobre como e o que poderia descrever sobre o curso. Afinal foram 
tantos os aprendizados e benefícios adquiridos através do mesmo, tais como: a) repensar 
a prática inclusiva, o papel da escola, da família, da comunidade e do professor diante 
dessa prática; b) identificar quais os procedimentos que devem ser utilizados para 
melhor atender os alunos e quais as possibilidades e sugestões possíveis para melhor 
atender aos nossos alunos inclusos no ensino regular; c) conhecer as leis que amparam e 
garantem o ensino de qualidade também ao aluno com necessidades educacionais 
especiais; d) utilizar os caminhos para que se possa planejar, avaliar e adequar melhor 
as atividades propostas aos mesmos; e) investigar os meios possíveis de interação, as 
tecnologias que beneficiam o aluno como as Tecnologias Assistivas e, f) conhecer as 
habilidades que cada qual possui. Dominar as melhores formas de nos organizar e 
proceder enquanto professor pode garantir a todos os alunos um ensino de qualidade e 
benéfico a todos, sem recusas, sem medos, sem negar, mas, acima de tudo, respeitando 
os alunos como cidadãos e merecedores do que temos de melhor para lhes oferecer. 
 De acordo com Rubem Alves: “Educar é um exercício de imortalidade”. De 
alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver a mundo pela 
magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais... Entendo assim a tarefa 
primeira do educador: “Dar aos alunos a razão para viver... ” Essas palavras mostram 
como o papel de professor é fundamental, pois, muitas vezes, somos nós, os únicos que 
acreditamos que nosso aluno tem valor, que ele é capaz de tudo que quiser, basta 
confiarmos neles, tenham eles deficiência ou não!!! Nossa responsabilidade diante 
dessas vidas é relevante. Somos peças fundamentais no processo de escolarização dos 
mesmos. 
 Ressalto que, não havia noção da dimensão de um curso a distância e do quanto 
seria proveitoso poder aprender com pessoas de outras cidades, outros estados e além de 
aprender, poder usar todo conhecimento adquirido em prol de uma classe desvalorizada, 
ainda pela sociedade, que são a dos alunos com deficiência. Posso afirmar que hoje 
tenho um olhar diferenciado, um olhar mais apurado com as informações absorvidas no 
decorrer do curso. E encerro minhas palavras com as de Paulo Freire: 
 
 
126 
 "Sou professor a favor da decência contra o despudor, 
 a favor da liberdade contra o autoritarismo, 
 da autoridade contra a licenciosidade, 
da democracia contra a ditadura de direita ou de esquerda. 
Sou professor a favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação, 
contra a dominação econômica dos indivíduos ou das classes sociais. 
Sou professor contra a ordem capitalista vigente que 
inventou esta aberração: a miséria na fartura. 
Sou professor a favor da esperança que me anima apesar de tudo. 
Sou professor contra o desengano que me consome e imobiliza. 
Sou professor a favor da boniteza de minha própria prática, 
 boniteza que dela some se não cuido do saber que devo ensinar, 
se não brigo por este saber, 
se não luto pelas condições materiais necessárias 
 sem as quais meu corpo, descuidado, corre o risco de se amofinar 
 e de já não 
ser testemunho que deve ser de lutador pertinaz, que cansa, mas não desiste." 
 
 
 
 
127 
A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA 
 
Liseti Menezes Sottovia
36
 
 
Para as pessoas da minha geração, o diploma universitário em si, já era o 
bastante para alterar substancialmente a vida das pessoas. Com o passar do tempo, esse 
conceito foi sendo alterado e, aos poucos, fomos chegando ao que é hoje, quando o 
enorme volume de informações colocadas à disposição nos obriga a estar 
permanentemente em processo de formação. 
Foi com esse espírito que fiz minha pós e desde então tenho feito cursos, 
constantemente, na tentativa de me manter a mais atualizada possível. Os cursos on line 
são uma ferramenta poderosa para a atualização de profissionais já com formação e 
experiência em suas áreas. Participando do Curso EaD Práticas Educacionais Inclusivas 
- Deficiência Intelectual - pude reafirmar a importância da Formação Continuada para 
mim como professora do AEE. 
Destinar um tempo exclusivo para aprimorar os conhecimentos e as práticas 
pedagógicas é uma ação importante para a melhoria do ensino. A formação continuada é 
o único caminho para dar o salto de qualidade. Pensar em estratégia, liderança, 
orientação, diálogo, tempo, prática, conhecimento, organização, tato pedagógico, são 
capacidades tão importantes como saber ouvir, se comunicar e se relacionar, com 
confiança e respeito. 
A formação continuada a distância não é para qualquer pessoa. O perfil do 
estudante é um dos fatores que interferem no desempenho dessa modalidade de ensino, 
ela destina-se a quem consegue estudar sozinho e organizar o próprio tempo. 
O processo pedagógico transforma as relações sociais em um projeto de 
libertação do homem por meio da formação acadêmica, porém, uma formação de 
amplitude humanística. O ensino deve ser uma arma de resistência à indústria cultural 
na medida em que contribui para a formação da consciência crítica e permite que o 
indivíduo desvende as contradições da coletividade. Um processo educacional capaz de 
criar e manter uma sociedade baseada na dignidade e no respeito às diferenças. 
A educação a distância tem papel importante na implementação de políticas de 
democratização e interiorização da oferta de cursos. Vivemos numa era em que o 
 
36
 E.M.E.F. “Sala de recursos João Florencio” – Tatui – SP 
 
128 
conhecimento – no sentido de informação - é constantemente oferecido em tempo real, 
mas ainda assim, falta-nos a habilidade elementar de interpretar todo conteúdo. 
De acordo com Platão “... a ignorância é a raiz de todo o mal. O oposto da 
ignorância é o conhecimento ... o conhecimento é a crença verdadeira, justificada”. 
Para conhecer alguma coisa, a ideia em questão precisa ser verdadeira, precisamos 
acreditar nela, afinal, se não acreditarmos em algo verdadeiro, não podemos afirmar 
conhecê-lo 
A arte do pensamento crítico, tão necessária em nossa sociedade moderna, 
quando somos inundados por informações vindas de computadores, smartphones, 
tablets eletrônicos e livros digitais que não temos as habilidades necessárias para 
lidarmos. Esses equipamentos nos tornam massas de ignorantes, encharcadas de 
informação. 
Para o professor é de fundamental importância, o pensamento crítico, 
principalmente na era da internet. O acesso à informação não é problema e, sim, a 
capacidade de processar e interpretá-la. 
Cabe ao professor, ensinar seu aluno a pensar, a refletir e promover a ética, 
vivendo coerentemente com uma linha de conduta, aproximando o que se pensa daquilo 
que se faz, buscando o beneficio e qualidade de vida de todos, orientando a pratica. 
A vida e a qualidade de vida não vão melhorar apenas por meio do 
desenvolvimento científicoe tecnológico, mas pelo debate e pelo comportamento ético 
dentro da família, da escola e da comunidade. O professor e a equipe escolar, são 
elementos chaves nos princípios de igualdade de oportunidades, tolerância, justiça, 
liberdade e confiança, passando da reflexão à ação. 
É por meio da compreensão do mundo, dos outros e de nós mesmos, além das 
interações entre todos, que nos tornamos preparados para o incerto e aprendemos a 
intervir e estabelecer o alicerce para cidadania, ação profissional que requer 
competência e eficiência, atitudes e condutas éticas. A educação promove a 
socialização, novos tipos de trocas simbólicas entre os indivíduos, acesso a bens 
culturais e facilidades oferecidas, que impulsionam o exercício pleno e consciente da 
cidadania e do desenvolvimento da sociedade como um todo. 
A formação continuada é uma atividade que desenvolve uma boa relação com as 
pessoas participantes e compartilham com competência os conhecimentos, habilidades 
fundamentais ao bom formador. É só através do conhecimento, da educação que nós 
teremos competência e criatividade. 
 
129 
A educação é uma ferramenta estratégica para o desenvolvimento, é preciso 
colocar o conhecimento a serviço do que realmente importa, isto é, fazer com que os 
professores transformem a prática para ir ao encontro das necessidades dos alunos. 
Incorporar a formação continuada à rotina do professor é tão importante quanto a 
relação direta com seus alunos. Só através de conhecimentos prévios de teorias e novas 
didáticas é que poderemos fazer as intervenções e mudanças necessárias nas práticas 
educacionais. 
O que foi descrito acima podemos chamar de cenário ideal ou otimista, pois tudo 
cairá por terra se as pessoas não se sentirem necessitadas de participar de novos cursos e 
se não os fizerem com a dedicação necessária. As políticas públicas deverão ser sempre 
no sentido de valorizar os mais capazes e mais interessados em seu próprio 
aprimoramento profissional deixando de lado as práticas comuns que vemos em muitos 
lugares de se dar sempre valor a apadrinhados pouco competentes em detrimento dos 
compromissados. 
 
 
130 
INCLUSÃO QUALIDADE DE ENSINO PARA TODOS 
 
Jussara Ester da Costa Rossi
37
 
 
É oportuno mencionar que a bagagem de conhecimentos que obtive com este 
curso sobre Deficiência Intelectual, com enfoque nas práticas educacionais inclusivas, 
me fez ampliar conceitos, rever atitudes e valores, analisar, avaliar, renovar, inserindo 
em meu contexto familiar, social e profissional, saberes e práticas educativas inclusivas. 
Busco agora promover as “pessoas”, com as quais convivo, respeitando suas 
singularidades, diversidades, oportunizando momentos de integração, participação, 
socialização e trocas de experiências e saberes construído de maneira recíproca e 
colaborativa. 
Diante das diversas teorias analisadas e estudadas, informações atualizadas e, 
principalmente, a prática desse universo educacional, hoje, posso me considerar uma 
educadora com uma visão inclusiva e holística de mundo. Discorrendo um pouco sobre 
a trajetória do Curso, posso declarar que no início fiquei muito confusa, ansiosa, pois 
ainda não tinha participado de nenhum curso a distância. Esse foi o meu maior desafio, 
pois não tinha habilidades desenvolvidas para lidar com o sistema, além de não ter 
contato, pessoalmente, com as formadoras e demais participantes do curso. 
Estava pensando em desistir, pois além de não ter tais as habilidades expostas 
acima, o fator adequação de tempo, com outras atividades particulares, também, 
estavam contribuindo para a minha desistência. Um dia enviei um e-mail para minha 
tutora, dizendo que não estava conseguindo realizar minhas atividades, acessar o 
sistema. Ela, com paciência, orientou-me a não desistir, pois eu estava como todos, em 
processo de adaptação e a curto prazo eu me adaptaria ao ambiente, enfim a toda a 
dinâmica do curso. E assim prossegui e não me arrependi. Aproveito também essa 
oportunidade para agradecê-la, enfatizando que é de educadores assim que a educação 
carece. Um educador que motiva o aluno a prosseguir dando-lhe credibilidade, 
impulsionando-o a busca pelo sucesso e superação. 
Todos os temas abordados enriqueceram e aprimoraram meus conhecimentos, 
ofereceram-me fundamentos para atuar com mais competência e eficiência em minhas 
ações profissionais. Destacarei alguns temas inseridos em alguns módulos que me 
 
37
 Emei Jaci Americana - Santa Bárbara d’Oeste -SP 
 
131 
possibilitaram refletir sobre minhas ações educativas, bem como notar aspectos 
relevantes apontados para um trabalho de qualidade e oportunidades igual a todos que já 
permeavam o meu universo de atuação como educadora. Esse curso me fez reconhecer 
as ações e práticas educativas inclusivas aplicadas. 
O tema Ética abordou aspectos primordiais para a atuação profissional e, em 
especial, ao educador que sabe da importância do agir com ética, educando para a 
cidadania e para a preservação de valores como igualdade, tolerância e dignidade. 
Também aponta a Escola como uma das mais importantes via de acesso à cidadania e a 
oportunidade educacional para todos. Na leitura desse texto, recordei-me de uma aluna 
deficiente física inserida em minha sala de aula, no ano de 2009, na educação infantil, 
nível –I, 4 anos. Ela veio transferida para a minha sala em junho. Quando fui notificada 
pela coordenadora da unidade que receberia tal criança, fiquei apreensiva, porém, era 
preciso agir com ética. 
Conversei com meu grupo de alunos, preparei um ambiente bastante acolhedor 
para receber a mais nova integrante do grupo. Foi emocionante observar o carinho e 
afeto demonstrado por todos, no primeiro dia de aula dessa criança. No momento da 
roda da conversa ela se apresentou, demonstrando timidez. 
A partir desse dia, comecei a observar quais eram as necessidades dessa criança. 
Notei que precisava de auxilio para suas necessidades fisiológicas, como para 
locomover-se nos espaços escolares. Então solicitei a ajuda do grupo, sempre que ela 
precisasse. 
Para garantir uma educação de qualidade a esta criança que promovesse o 
desenvolvimento de suas capacidades pessoais, contribuindo para o seu bem estar e 
inserção social, entrevistei primeiro a mãe, para obter detalhes sobre sua deficiência e 
saber se recebia tratamento especializado. Após fazer o levantamento de dados com a 
família, em parceria com a coordenadora pedagógica, agendamos um dia para uma 
conversa colaborativa com a equipe Especializada da APAE, em nossa unidade escolar 
para orientações sobre os cuidados e adequação necessárias ao currículo para 
contemplar o desenvolvimento de habilidades, em especial, as motoras, devido ao seu 
comprometimento por ter hemiplegia nos membros superiores e inferiores direitos. 
A partir daí, iniciei meu trabalho. Confeccionei um apoio para os pés da aluna 
com lista telefônica, fixava as folhas de atividades na mesa com fita adesiva, elaborei 
atividades que estimulavam sua coordenação motora, recortes, modelagens, perfuração, 
dobraduras. Durante a roda de conversa, procurava incentivá-la a participar, sempre 
 
132 
instigando-a a comentar algo de seu cotidiano ou recontar alguma história. Nas 
atividades de movimento sempre procurei oportunizar, e motivar sua participação, 
enfatizando suas conquistas. 
No parque, percebia certa insegurança, porém, ao mesmo tempo notava um olhar 
de desejo em usufruir do mesmo prazer dos amigos. Resolvi auxiliá-la, encorajando-a a 
subir as escadas do escorregador e apoiando-a para que pudesse escorregar. Dias depois, 
observei que já tentava brincar nesses brinquedossozinha e, a cada dia, que passava 
percebia a felicidade estampada no rosto dessa criança por sentir-se integrada ao grupo. 
Muitos foram os avanços obtidos no desenvolvimento da aprendizagem dessa 
criança. A transformação foi surpreendente e acredito que se não tivesse lançado um 
“Olhar Ético”, criando condições para que as barreiras fossem superadas e 
ultrapassadas, eliminando preconceitos e discriminações, promovendo o seu 
desenvolvimento integral, essa aluna não teria desenvolvido potencialidades de maneira 
eficaz e satisfatória. 
Essa experiência foi muito enriquecedora. Possibilitou a inserção de práticas 
educacionais inclusivas em minha ação profissional, beneficiando não somente a aluna 
inclusiva, mas todo o grupo. Diante do exposto, posso hoje avaliar, nessa experiência, a 
presença de aspectos relacionados aos temas estudados nesse curso, como a 
Flexibilização, a criatividade, o desenvolvimento de habilidades sociais, a inclusão 
social, o ensino colaborativo, a família, a ética e o professor. 
Aproveito para destacar também os momentos inesquecíveis de trocas de 
experiências compartilhados pelas atividades propostas pelos módulos e socializadas 
nos fóruns de discussão com comentários das formadoras e companheiros de curso. 
As sessões de bate-papos, que saudades! Possibilitaram a criação de laços 
afetivos a distância, bem como a construção de novas amizades em diversos estados do 
nosso Brasil, partilhando nossas angústias, conquistas, superação e esperanças como 
educadoras, apaixonadas pelo ato de educar apesar de todo cenário em que se encontra a 
atual educação brasileira. 
Acredito que somos um diferencial, hoje, em quaisquer lugar por onde atuarmos, 
pois podemos dizer que somos educadores inclusivos, em escolas inclusivas, lutando 
para que nossa sociedade seja plenamente inclusiva. Todo este suporte e embasamento 
foi possível adquirir com a formação proporcionada por esse curso. 
Parabenizo toda a equipe da UNESP/Bauru pela organização e pela dinâmica do 
curso, assim como pela preocupação com a qualidade de ensino para todos e com um 
 
133 
ambiente educativo em constante ampliação, oferecendo e oportunizando por 
intermédio deste curso o aprimoramento dos educadores; ampliando suas competências 
e habilidades. A Educação do século XXI necessita desta formação de diversidades de 
talentos e de personalidades e, mais ainda, de profissionais atuando com excelência, 
inovação, tanto social, cultural como econômica que saibam trabalhar em equipe e de 
maneira criativa e colaborativa. 
Temos muito que aprender com as crianças com deficiência, principalmente a 
intelectual... Concluo meu relato com a fala de uma aluna portadora de Síndrome de 
Down que tive o privilégio de acompanhá-la em sua escolarização com 
acompanhamento em aulas particulares ao cursar o ensino fundamental: 
 “Professora, você sabia que desde que nasci eu sou uma pessoa feliz?” 
 
 
 
134 
REFLEXÕES SOBRE CONHECIMENTOS NA ÁREA DA DEFICIÊNCIA 
INTELECTUAL 
 
Regina Novaes Silva
38
 
 
Para muitas pessoas a Inclusão é vista como um “monstro” ou um grande 
problema de difícil solução. Isso acontece devido a maneira como foi introduzido e 
realizado esse processo nas escolas, geralmente, sem eficácia devido à falta de 
experiência. 
A questão da inclusão deve ser fundamental na escola, principalmente no que diz 
respeito ao desenvolvimento de projetos educacionais. Tais projetos devem possuir 
meios de oportunizar a participação e possuir preceitos de negação à discriminação. 
É necessário orientar o grupo, mostrando as diferenças e necessidades que as 
pessoas com deficiência possuem, conscientizando-os do respeito e valorização dos 
direitos que possuem como indivíduos na sociedade. 
Dessa forma, precisamos inserir essa criança ao grupo. Não se trata apenas da 
matrícula, mas da capacitação da escola e seu espaço físico, bem como da elaboração de 
uma proposta pedagógica que atenda as necessidades dessas crianças. 
Infelizmente, as pessoas valorizam aquilo que acreditam ser o normal. Por 
exemplo, tenho uma aluna cadeirante que, inúmeras vezes, sofre com o preconceito das 
próprias crianças em não ficarem juntas, não serem parceiras na brincadeira e, também, 
por parte do próprio sistema que não está preparado, nem estruturado para receber e 
apropriar o espaço para a sociabilidade dessa criança. 
A discriminação existe não somente na escola, mas em todos os setores públicos. 
É um tema sempre trabalhado com professores e equipe escolar: o pouco preparo dos 
educadores e a falta de auxílio que acarretam inúmeros danos ao trabalho pedagógico. 
Deste modo, é indispensável instrumentalizar os professores, não somente na formação 
inicial, mas, oferecendo-lhes uma formação continuada. 
Acredito que a aprendizagem desses alunos tenha uma nova característica, 
desenvolvida através de atividades lúdicas e experiências variadas, envolvendo o 
cotidiano e a realidade das crianças que estão nesse processo, que necessitam ser 
 
38
 EMEB Selma Maria Mesquito Godoi Martinho – Cabreúva - SP 
 
135 
entendidas. É uma oportunidade para que a criança descubra-se como habitante do 
mundo. 
Por meio desse trabalho, nota-se a importância das atividades significativas e 
prazerosas no aprendizado, pois propiciam ao aluno condições para construir e 
reinventar conceitos, permitindo o ato de pensar, explorar, descobrir e construir seu 
conhecimento. 
Para se atingir os resultados e objetivos almejados, é necessário que toda a 
equipe escolar elabore uma proposta pedagógica de acordo com a realidade desses 
alunos e, se preciso for, modifique as ações em relação à criança e o seu pensamento, 
motivando e incentivando-a na aquisição de conhecimentos por meio de ações que 
funcionem, efetivamente. 
Diante disso, faz-se necessário a tomada de consciência e, consequentemente, de 
posição diante da necessidade de se conhecer e valorizar as semelhanças e diferenças 
como parte importante em qualquer projeto educativo e social que se pretenda 
democrático. Busca-se, então, a formação de educadores políticos, críticos, 
responsáveis, teoricamente competentes, para fazer uma educação que sirva como 
instrumento social de inclusão que forme cidadãos aptos a agir criticamente na 
sociedade, conhecedores e atores de sua cultura. 
Dessa forma o EaD permitiu repensar a prática, introduziu novas estratégias e 
socializou experiências anteriores que realmente funcionaram. Nesse curso, pude 
aprofundar e acrescentar mais intensamente os conceitos inclusivos à minha prática 
pedagógica. Cada um dos módulos e conteúdos desenvolvidos beneficiou e aprimorou 
minha prática pedagógica, proporcionando maior embasamento para o processo de 
ensino aprendizagem dos alunos especiais, bem como de todos os demais. 
 
 
 
136 
UMA VISÃO DO CURSO E DA INCLUSÃO FORA DA SALA DE AULA 
 
Tereza Maria do Amaral
39
 
 
Sobre minha vivência em relação à aprendizagem acerca do curso sobre Práticas 
Inclusivas, posso dizer que não sou atuante no momento. Estou afastada da sala de aula, 
trabalhando junto a Secretaria de Educação, Cultura e Esporte do município de Iperó, 
fazendo parte da equipe técnica, implantando o sistema SESI de Ensino, os programas 
Ler e Escrever e São Paulo faz Escola. Em relação a minha vida e ao fato de ter me 
conscientizado de que todos nós, seres humanos, temos nossas deficiências, nossas 
dificuldades, ficou muito claro, óbvio até... não que eu já não tivesse essa consciência, 
mas, com certeza, ela foi potencializada. 
Hoje, percebo e aceito com mais naturalidade as pessoas como são, ou melhor, 
comoestão no seu momento, na sua trajetória, na sua aprendizagem, já que somos todos 
aprendizes. A cada dia a vida nos proporciona novas experiências, novos cenários de 
atuação e novas oportunidades, bastando que haja aproveitamento pleno e estejamos 
embasados na teoria e dispostos à prática. 
O curso foi excelente, os textos maravilhosos, os vídeos e as atividades 
pertinentes; as colegas virtuais e algumas amigas reais que também fizeram o curso e 
com quem troquei muitas ideias, foram ótimas e a formadora e a tutora, fantásticas, 
pacientes, ‘presentes’ e sempre motivadas, incentivando toda a turma 28 da qual, 
orgulhosamente, fiz parte. Portanto, mediante tantos adjetivos positivos, qualquer 
pessoa percebe que ADOREI!!! 
Minha maior problemática foi não estar atuando dentro de uma escola e sentir 
dificuldades em aplicar as atividades, mas a equipe do AEE que, na ocasião trabalhava 
no mesmo prédio, me ajudou muito e pude cumprir minhas tarefas. Hoje, o AEE possui 
prédio próprio, junto a uma das quatro CEIs do município e continua fazendo um 
excelente trabalho. Com minha participação neste curso, adquiri maior capacidade de 
avaliar, tendo mais propriedade ao dizer com certeza que o trabalho é muito bom, possui 
qualidade e tem resultados positivos, pois cinco jovens atendidos estão atuando dentro 
do mercado de trabalho, em uma parceria entre a Secretaria da Educação e as empresas 
locais. 
 
39
 E.M “Dra. Neide Fogaça de Lima” - Iperó – SP. 
 
137 
Nos dias 26 e 27 de maio, uma representante do AEE, o coordenador de Inglês 
que implantou o ensino da língua no Fundamental I e eu como professora de História 
fizemos uma capacitação no Museu da Energia de Itu com a visitação do público 
especial a museus, com palestra, oficinas e outras atividades que enriqueceram ainda 
mais os conhecimentos adquiridos com o curso de Inclusão. Na ocasião, tive a 
oportunidade de socializar com todos, os conhecimentos adquiridos no curso sobre 
Inclusão. A lista de filmes sobre deficiências agradou a todos, inclusive ao capacitador. 
Bem, só tenho a agradecer a oportunidade de ter podido participar deste novo olhar que 
foi proposto neste curso sobre Inclusão, sobre oportunidades e, principalmente, sobre 
respeito que nós, como seres humanos, precisamos ter em relação à vida e a nossos 
semelhantes, sejam eles de inclusão ou não. 
 
 
138 
CRESCER E APRENDER SOBRE OS SERES HUMANOS, SUAS 
SINGULARIDADES E CAPACIDADES: REFLEXÃO SOBRE AS PRÁTICAS 
QUE RESPEITEM A TODOS. 
 
Thaís Helena Neves de Mello
40
 
 
 Sou orientadora pedagógica da rede municipal de ensino de Sorocaba. Atuo na 
Educação Infantil, com muito orgulho e, com a certeza, de que são as crianças que 
poderão mudar nossa realidade. Sou formada, primeiramente em História (1996) e, 
concomitantemente com essa faculdade, cursei Direito, me formando em 1998. 
Advoguei por alguns anos, mas a educação sempre esteve no meu caminho. Fui 
eventual e efetivei na rede estadual como PEB II. Tive alguns contratos pela Prefeitura 
de Sorocaba, também como PEB II. Já dei aulas de 5ª a 8ª séries (hoje anos) do Ensino 
Fundamental e da 1ª. a 3ª séries do Ensino Médio. 
Convivi com diversas realidades, situações, alunos, vidas...enfim, com pessoas 
com as mais variadas realidades, diferenças e deficiências!!! E é muito triste ver que 
ainda hoje existem preconceitos! 
Adoro e valorizo as oportunidades para construir novos saberes e obter novos 
olhares. Tenho ciência de que a capacitação para os profissionais da Educação deve ser 
contínua e de qualidade, de que os educadores devem ter formações que os façam 
refletir e ampliar conhecimentos sempre, pois este é um direito deles e, principalmente, 
das nossas crianças e adolescentes, de nossos alunos. 
A inclusão ainda é um conceito desconhecido e uma realidade nova para a 
maioria das pessoas. Precisamos de esclarecimentos, estudos, reflexões, apontamentos, 
experiências para que este seja um processo possível, real e significativo. 
Precisamos saber como trabalhar com as pessoas com deficiência que estão nas 
nossas escolas, nas nossas salas de aula. Como trabalhar dignamente, com foco, para 
atingirmos resultados. Os educadores estão cansados. Queremos respostas às nossas 
dúvidas e angústias. Queremos dar o máximo, uma educação de qualidade para todos. 
Atualmente, uma das maiores expectativas dos professores, senão a maior, é 
atender às crianças e adolescentes que já estão inseridas na nossa realidade, com 
 
40
 Ensino municipal - Sorocaba - SP 
 
139 
qualidade. É exatamente isso que encontrei nesse curso. Uma oportunidade de crescer e 
aprender ainda mais sobre os seres humanos, suas singularidades e capacidades. 
Esse curso EaD é uma iniciativa louvável do MEC, pois proporciona a 
ampliação dos horizontes sobre a Educação Inclusiva, seus objetivos, sua 
funcionalidade, recursos e o enriquecimento das pessoas envolvidas no processo 
educativo das pessoas com deficiência. 
Para mim, pessoalmente, trouxe todos estes benefícios, além de uma mudança de 
postura e um novo olhar para a inclusão. Novas ideias foram construídas, novas 
possibilidades[...]. Aprendi e reforcei que a criatividade é uma grande aliada e que nossa 
sensibilidade é fator essencial nesse processo. 
Com toda certeza, todos os educadores deveriam ter a chance de fazer o curso, 
pois precisamos de profissionais esclarecidos, que saibam trabalhar a inclusão de 
maneira efetiva e que sejam, principalmente, sensíveis à causa. 
Agradeço muito por ter participado e aprendido ainda mais sobre meus 
semelhantes e nossas diferenças. 
 
 
140 
APENAS A INSERÇÃO DAS CRIANÇAS COM ALGUMA DEFICIÊNCIA NO 
AMBIENTE ESCOLAR NÃO PODE SER CHAMADA DE INCLUSÃO. 
 
Isabel Cristina Lemos
41
 
 
O discurso acerca da inclusão das crianças com alguma deficiência no ambiente 
escolar tem sido debatido por todos os profissionais da educação. Discutindo o processo 
de como a educação inclusiva acontece, percebemos que somente a inserção das 
crianças com alguma deficiência no ambiente escolar, não pode ser chamada de 
inclusão. Ainda vivemos a realidade onde muitas crianças com alguma deficiência 
frequentam as salas de aulas do ensino regular, apenas marcando a presença, ocupando 
um espaço, sem que as práticas pedagógicas da educação inclusiva aconteçam. 
As políticas públicas de atenção a esse segmento, geralmente, estão circunscritas 
ao tripé: educação, capacitação dos educadores e estrutura física adequada. Porém, estão 
sendo esquecidos os aspectos básicos que são: a capacitação dos educadores e o 
ambiente escolar realmente preparado com materiais pedagógicos e estrutura física da 
escola adequada para receber a criança com alguma deficiência. Esses aspectos são 
necessários para que a educação inclusiva realmente aconteça dentro da escola pública. 
Mas, estão sendo negligenciados. 
Os educadores do ensino regular ressaltam, entre outros fatores, a dura realidade 
das condições de trabalho, os limites da formação profissional, o número elevado de 
alunos por turma, a rede física inadequada, o despreparo para ensinar alunos com 
deficiência ou, apenas, diferentes. Também não se sentem preparados para trabalhar 
com a diversidade desse alunado, com a complexidade e amplitude dos processos de 
ensino e aprendizagem. 
O que realmente precisa acontecer é a formação dos educadores, voltada para a 
qualificação ou habilitação específicas, obtidas por meio de cursos ou de outras 
alternativas de formação agenciadas por instituições especializadas. Nesses cursos, 
estágios ou capacitação profissional,os educadores aprendem a lidar com métodos, 
técnicas, diagnósticos e outras questões centradas na especificidade das diferentes 
deficiências. 
 
41
 Centro Municipal de Educação Infantil Município de Jauru - Mato Grosso. 
 
141 
Essa realidade está presente em muitas escolas públicas. No ano letivo de 2009, 
o Centro Municipal de Educação Infantil, Maria Soares de Souza Lima, localizado em 
Jauru – MT recebeu oito crianças de quatro anos de idade com alguma deficiência. O 
Centro Infantil cumpriu o seu primeiro papel para a educação inclusiva: receber essas 
crianças. Mas houve um desespero da equipe pedagógica. A coordenadora, a diretora e 
os professores não sabiam como realizar o processo pedagógico inclusivo dentro da sala 
de aula. 
O Centro Municipal não tem materiais para dar suporte às crianças com alguma 
deficiência e os educadores não possuem conhecimento para trabalhar pedagogicamente 
a individualidade dessas crianças. Tentamos buscar apoio na Secretaria Municipal de 
Educação para capacitarmos os educadores numa sala de recursos. A resposta foi que 
teríamos que esperar os cursos da Plataforma Freire e sala de recurso para educação 
infantil. 
Nesse caminho, ficamos com essas crianças, dois anos letivos e, 
pedagogicamente, as necessidades educativas dessas crianças não foram atendidas, 
suficientemente, para desenvolver as habilidades necessárias de acordo com os critérios 
da educação inclusiva. Podemos dizer que essas crianças com deficiência frequentaram 
os dois anos da educação infantil, indo para o primeiro ano do ensino fundamental sem 
ter sido trabalhado dentro dos princípios da educação inclusiva. 
Somente no final de 2010 que a Plataforma ofereceu o curso de educação 
especial. Fui contemplada com o curso. Quando comecei a fazer, passei a conhecer os 
caminhos necessários para o atendimento da educação inclusiva. Relembrando das 
crianças com deficiência que passaram pela nossa escola por dois anos letivos, podemos 
avaliar que não realizamos o processo de inclusão e que as crianças foram prejudicadas 
no processo mais importante de sua vida escolar que é a primeira etapa da educação 
básica - a educação infantil. 
A situação vivida pelos educadores do Centro Municipal de Educação Infantil 
Maria Soares de Souza Lima, no ano letivo de 2009 e 2010, configurou-se como um 
problema pedagógico de inclusão, de crianças com deficiência que necessitavam de 
ações pedagógicas especiais dentro da sala de aula. 
 No ano letivo de 2011 recebemos outras crianças com alguma deficiência. Com 
os conhecimentos sobre educação inclusiva nos aspectos administrativos, legais, 
pedagógicos e metodológicos, dando suporte à prática pedagógica dentro da sala de 
aula, fizemos um trabalho diferenciado Esses conhecimentos foram oferecidos no curso 
 
142 
Práticas Educacionais Inclusivas na Área da Deficiência Intelectual, através da 
Plataforma Freire (MEC). 
 É uma realidade a formação continuada dos educadores no ambiente escolar, no 
Estado de Mato Grosso. O projeto é montado pela escola, de acordo com seu Projeto 
Político Pedagógico. O tema de estudo é debatido no coletivo com todos que fazem 
parte do ambiente escolar, ou seja, professores, técnicos, administrativos, funcionários 
de apoio, coordenadora pedagógica, direção escolar e conselho escolar. O encontro é 
semanal, com todos os educadores do Centro Infantil, com objetivos que venham 
intervir na queixa apresentada pela escola, construindo, assim, uma ação de intervenção 
que venha contribuir para o processo de ensino e aprendizagem no ambiente escolar. 
O Projeto Sala do Educador em 2011 está voltado para a socialização do curso 
oferecido pelo MEC, TelEduc/UNESP/Bauru: Práticas Educacionais Inclusivas na Área 
da Deficiência Intelectual. Construímos o projeto com os mesmos objetivos oferecidos 
pelo ambiente, veiculando informações sobre deficiência intelectual e seus 
desdobramentos para prestação de serviços via educação às crianças com deficiência 
intelectual. 
São trabalhados temas como os aspectos etiológicos, conceituais, históricos e 
legais da Educação Especial, desenvolvimento infantil, postura ética frente à 
deficiência, relação família escola e aspectos da sexualidade. O estudo desses temas 
vêm contemplar a necessidade de estarmos construindo nossa prática pedagógica 
inclusiva para as crianças com alguma deficiência, subsidiando, assim, a implementação 
do processo de aprendizagem de forma que atenda aos critérios do ensino colaborativo 
flexibilizado, contribuindo para interação das crianças com deficiência na sala de aula. 
O material do curso explora, também, conhecimento de um planejamento 
individualizado e, ao mesmo tempo, não perdendo a oportunidade de contemplar o 
coletivo, utilizando os recursos lúdicos e jogos onde o educador passa a planejar suas 
aulas, partindo da criança com necessidades especial para as demais crianças. 
Descobrimos porquê que toda ação pedagógica construída para a educação 
inclusiva que acontece dentro da sala de aula não dava certo, pois, ao planejar suas aulas 
o professor planejava para todas as crianças, somente, depois que iam ver como 
trabalhar os conteúdos e metodologias com as crianças com deficiência. 
A metodologia utilizada sempre era “sentar e explicar”, individualmente, para a 
criança com deficiência. Após os estudos do curso, na sala do educador, os professores 
começaram a desenvolver novas metodologias para ministrar suas aulas às crianças da 
 
143 
educação infantil com deficiência. Hoje, os educadores têm posturas diferentes, 
principalmente, nos aspectos metodológicos buscando novos caminhos que vão ao 
encontro dessas crianças especiais, fazendo com que, no ambiente da sala de aula, a 
interação, a colaboração, flexibilização do ensino e da aprendizagem construam a 
inclusão de forma lúdica e criativa, garantindo a essa criança, com alguma necessidade 
especial, participação na construção de sua aprendizagem. 
O curso Práticas Educacionais Inclusivas na Área da Deficiência Intelectual 
realizado no ambiente TelEduc veio contribuir para que realizemos, com sucesso, o 
processo pedagógico de inclusão das crianças com necessidades especiais. Os 
educadores passaram a ter mais conhecimentos sobre os direitos da aplicação dos 
recursos e de materiais que poderão ser trabalhados com as crianças com deficiência. 
O conhecimento sobre questões metodológicas foi o aspecto que mais ajudou a 
visualizar a educação inclusiva e fazer com que ela, realmente, se efetive na prática 
pedagógica dentro da sala de aula. Ao socializar esse curso para todos da escola, na sala 
do educador, estamos contribuindo para que as crianças, com alguma necessidade 
especial, tenham seus direitos de cidadã respeitados para que possamos construir uma 
sociedade inclusiva. 
 
 
144 
MINHA EXPERIÊNCIA NO EaD 
 
Maria Antonia de Toledo Barros Carvalho
42
 
 
A educação a distância no Brasil tem crescido de forma vertiginosa na última 
década. Ainda existe resistência à aplicação das novas tecnologias de comunicação na 
educação do país, por uma parcela da academia de educadores brasileiros e da elite que 
temem a perda da qualidade e do controle do processo educacional. Porém, a 
necessidade de ampliação de conhecimentos em um país com enorme dimensão 
continental, carente de recursos econômicos e sociais, juntamente com o barateamento 
das novas tecnologias de comunicação e a “sede por saber” de uma grande parcela da 
população trabalhadora, tem contribuído para o fenômeno da massificação e ampliação 
da educação a distância no Brasil. 
Nesse processo, estão ocorrendo várias experiênciasricas em inclusão digital, 
educacional e, principalmente, social, como é o caso dessa experiência realizada nesse 
curso que acabo de concluir: Práticas Educacionais Inclusivas na Área da Deficiência 
Intelectual. 
Com base em uma política equivocada de igualdade e respeito ao ser humano, é 
constante o surgimento de cartilhas que apontam "vilões" e "heróis" da Inclusão. Os 
"vilões" são aqueles tidos como dificultadores do processo de Inclusão, pessoas 
preconceituosas e mal esclarecidas que representam uma barreira às nobres iniciativas 
governamentais de desenvolvimento humano, pessoas que por conhecerem mais a fundo 
a realidade das escolas públicas, que por estarem inseridas dentro dela, ousam 
questionar as demagogias patrocinadas pelas políticas públicas. Os "heróis" são os 
ilustres defensores dos "direitos", da "igualdade" e do "respeito" aos fracos e oprimidos, 
famigerados pesquisadores que, por dedicarem todo o seu tempo ao estudo da Educação 
Pública, sequer precisam conhecer a realidade, pois estão altamente capacitados a criar a 
sua própria realidade. 
É importante ter em mente que Inclusão significa dar as devidas condições para 
que cada ser humano, dentro das suas dificuldades e potencialidades, possa se 
desenvolver. Nessa perspectiva, torna-se desumano defender uma Inclusão que garante 
 
42
 CEMEI- “TIA BELA”- Mineiros do Tietê – SP. 
 
145 
o direito ao acesso, a matrícula, a inserção, mas não oferece a infraestrutura necessária 
ao desenvolvimento individual e coletivo. 
Políticas equivocadas que submetem as pessoas a uma realidade tosca, que apenas 
inserem o indivíduo no convívio social, mas não lhe dá as devidas condições de 
crescimento, estão mais pra “covardia social” do que Inclusão Social. A Inclusão 
Escolar, como forma de se promover a integração de todos na vida em sociedade, é algo 
maravilhoso, mas que precisa ser tratado com responsabilidade, honestidade, 
sinceridade, respeito e conhecimento de causa e efeito. Não é honesto ludibriar as 
pessoas por meio da promoção de propagandas politicamente bem elaboradas que 
vendem uma falsa realidade escolar e criam falsas expectativas. 
A possibilidade de dar continuidade a minha formação contribuiu muito para meu 
aprimoramento cultural e profissional, portanto o EaD me possibilitou uma experiência 
única e de grande valia. Nos dias de hoje, como andamos atarefados e com a agenda 
lotada de compromissos, um curso a distância nos favorece muito. No EaD tive a 
oportunidade de conhecer diversas pessoas, trocar experiências e aprimorar os meus 
conhecimentos. Os textos fornecidos no material de apoio foram ricos e as atividades 
nos fizeram refletir sobre nossa prática pedagógica: aquilo que está certo, o que está 
errado, o que deve ser repensado e as técnicas que devem ser reformuladas. 
Os tutores e formadores estavam sempre a nossa disposição, tirando dúvidas e nos 
orientando, sempre com o caráter de mediar e conduzir o nosso estudo. Isso possibilitou 
muito o meu crescimento e minha capacidade de reflexão. Hoje, diante das minhas 
atitudes, penso, diferentemente. Antes de realizar o curso, eu não tinha esse olhar. 
Aprendi muito sobre a educação inclusiva. A estrutura física do curso e os apoios 
escritos foram de suma importância. Aprendi, também, que a inclusão escolar de um 
aluno com deficiência intelectual que necessite de apoio extensivo deve ser amparada na 
premissa que a diferença faz parte da natureza humana e que a todos os membros de 
uma sociedade devem ser fornecidas oportunidades iguais para a participação em 
atividades comuns àquelas partilhadas por grupos de idades equivalentes. 
 
A comunidade escolar deverá providenciar todo tipo de suporte (apoio): 
pessoais, físicos, materiais, equipamentos, acessibilidade, etc. E o currículo 
deverá ser baseado na crença de que através da nossa aquisição de 
informações e da convivência com o outro, as pessoas com deficiência 
mental podem aprender e que nós podemos ensiná-las e também aprender 
com elas, alterando nosso comportamento diante dos fenômenos da vida, que 
 
146 
é um processo dinâmico. Esse currículo deverá fazer parte do projeto 
pedagógico e político da escola. 
 
Fizemos atividades que utilizei e continuo utilizando em sala de aula, como 
elaborar atividades para um aluno com deficiência intelectual, ou mesmo alunos com 
dificuldades de leitura e escrita. Aprendemos a fazer uma avaliação da fase em que ele 
se encontra e traçar estratégias adequadas que possam auxiliar na produção da escrita. 
O que considero mais valioso desse curso, é que tudo o que trabalhamos na 
teoria, trabalhamos também na prática e alcançamos exatamente o resultado positivo 
que procuramos. Conhecemos novos conceitos, novas práticas, como por exemplo, no 
módulo Tecnologia Assistiva, conheci algumas adaptações de materiais que 
desconhecia e já coloquei algumas em prática, fazendo assim, com que um aluno que 
não possuía muita autonomia para se alimentar sozinho, com a colher adaptada que 
conheci através do curso, esse aluno já passa a se alimentar sozinho. 
Enfim, aqui estão algumas das muitas vitórias que iremos e já estamos 
(professores e alunos) alcançando, após um estudo adequado e de boa qualidade. 
Foi uma experiência valiosa e muito gratificante. 
 
 
 
147 
A PRÁTICA PEDAGÓGICA COM O DEFICIENTE INTELECTUAL: 
REFLETINDO SOBRE A IMPORTANCIA DA PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA 
 
Ana Paula Gonçalves de Araújo Mortimer
43
 
 
 Esse texto pretende conjecturar sobre aprendizagens adquiridas no Curso 
“Práticas Educacionais Inclusivas na área da deficiência intelectual” escalonadas como 
mais contributivas para a formação da postura profissional de sua autora. 
 Tais aprendizagens suscitam reflexões sobre: o relacionamento entre o professor 
e os alunos com deficiência, o papel do professor no balizamento dos demais 
relacionamentos entre os alunos da classe de inclusão; objetivos do relacionamento do 
professor com os pais do aluno deficiente; a importância da observação e planejamento 
de atividades a serem desenvolvidas com o aluno com deficiência. 
 A prática pedagógica com o deficiente intelectual requer o entendimento do 
sujeito-aluno na sua condição de pessoa diferente. Entendimento esse, que não se 
vincula a um processo de aceitação da diferença do aluno, mas se relaciona com as 
ações a serem desenvolvidas pelo educador para estabelecer comunicação com o 
deficiente intelectual, com fins de promover sua inclusão e desenvolvimento 
(RODRIGUES; MARANHE, 2010, p. 11). A promoção dessas ações, entretanto, 
influencia a condição ética das relações a serem estabelecidas pelo aluno com 
deficiência com o educador e com os demais colegas ao se atentar para o fato de que: 
 
É no convívio escolar que crianças e jovens podem ter importantes 
experiências dignificantes e construtivas de sua personalidade e cidadania, 
mas é também na escola que podem experienciar situações significativas de 
fracasso e de exclusão social precocemente. O preconceito e a discriminação, 
o desrespeito e a humilhação são sérios obstáculos ao bem-estar e à conquista 
da cidadania, demonstrando a brutal intolerância à diferença que ainda existe 
em nossa sociedade (NEME, 2010). 
 
 Cabe ao educador, em face dessas circunstâncias, trabalhar no sentido, não 
apenas da promoção de aprendizagens de conteúdos, mas, precipuamente, no 
agenciamento da convivência salutar, pautada no respeito e solidariedade, entre todos os 
partícipes da vida escolar. Nesse sentido, cabe ao educador trabalhar valores, num 
processo contínuo, enfocando a amizade e o companheirismo entre os educandos.43
 Estava sem aulas na época - Curvelo – MG. 
 
148 
 A inclusão está para além da aceitação da diferença do outro. A inclusão 
acontece na medida em que o educador busca se comunicar com o aluno a fim de 
ensiná-lo por meios atitudinais e pedagógicos, atentando para as potencialidades e 
dificuldades dele. A inclusão envolve a dimensão da ação. 
Por outro lado, o ingresso do aluno com deficiência, na escola, implica no 
atendimento aos pais desses alunos. No entanto, podem surgir questões sobre: 
 
[…] como tratar os pais das crianças com deficiências em relação aos demais 
pais. As reuniões à parte ajudariam no processo? Eles participariam das 
reuniões ordinárias com os pais das outras crianças? As reuniões à parte 
ajudam muito nesse processo, mas eles também devem participar das 
reuniões gerais, junto com todos os outros pais. Se necessário, conversar 
sobre a participação da criança com deficiência na sua sala de aula, na 
presença de todos os pais, inclusive com os da criança deficiente. 
(MELCHIORI; RODRIGUES; PEREZ, 2010). 
 
 A postura dos autores supracitados, em face do atendimento aos pais, é inclusiva 
na medida em que convida à discussão participativa, junto aos demais, sem deixar de 
abrir espaço para atendimentos em separado, importante fator de flexibilidade, pois 
pode haver especificidades do diálogo que não interessam a todos ou apresentam caráter 
particular. A inclusão diz respeito não apenas ao aluno com deficiência, mas se 
relaciona também com a inclusão dos pais do aluno com deficiência no círculo dos 
outros pais, num trabalho conjunto onde haja espaço para a discussão aberta e coletiva 
do trabalho pedagógico desenvolvido com o deficiente intelectual, assim como de seu 
relacionamento e forma de interação com os demais colegas. 
Em outro sentido, aluno com deficiência intelectual pode ainda apresentar outros 
comprometimentos ou doenças e, inclusive, outras deficiências. Nestes casos, a ajuda 
dos pais é especialmente importante para o conhecimento pelo professor de cuidados 
específicos, assim como das medidas a serem tomadas em função das necessidades do 
educando. O conhecimento a priori e o planejamento de possíveis ações em situações 
de crise representa medida cautelar importante que o professor pode agenciar desde o 
primeiro encontro com os pais. 
 Será, também, nesses primeiros encontros quando se deverá comunicar aos pais 
sobre o funcionamento da instituição e estabelecer formas de contato para ambas as 
partes. Sendo que, após um período inicial de observação para avaliação das 
potencialidades e necessidades do aluno deficiente, o professor - tendo observado o 
planejamento para a série - poderá apresentar objetivos de trabalho pedagógico aos pais 
 
149 
do aluno com deficiência, discutindo com eles parcerias nas diferentes atividades. 
Também, nesses momentos iniciais, haverá possibilidade de se agenciar reuniões 
periódicas para se discutir sobre progressos e dificuldades do aluno, quando poderão ser 
planejadas novas estratégias. (MELCHIORI; RODRIGUES; PEREZ, 2010). 
 O contato inicial com os pais do aluno com deficiência é, portanto, fundamental. 
Há muito trabalho e questões importantes a serem aclaradas desde os primeiros 
encontros, fazendo-se papel precípuo do professor agenciar para que os pais sintam-se 
acolhidos e compreendam o trabalho pedagógico a ser desenvolvido com seu filho, 
convidando-os a se tornarem partícipes nesse trabalho. 
 É por meio de suas ações, nas dimensões atitudinais e da prática pedagógica que 
o professor promove a inclusão do aluno com deficiência intelectual, assumindo o papel 
veiculador de valores e atitudes solidárias junto aos colegas e demais pais da classe. 
 O trabalho com os pais é intenso desde os contatos iniciais, devendo ser 
realizado em coletivo com os outros pais, com permissão para reuniões particulares, 
caso se faça necessário. 
 A avaliação diagnóstica de caráter pedagógico a ser desenvolvida no princípio 
do ano pelo professor com o aluno com deficiência intelectual e servirá de 
embasamento para a construção de um planejamento, tendo em vista a proposta de 
trabalho com toda a classe, deve ser transmitida aos pais, convidando-os a participarem 
das atividades de forma a se tornarem fomentadores do trabalho de seu filho. 
 Por meio do contato com os pais, o professor conhece melhor seu aluno 
deficiente e com isso se prepara para agir em situações de crise. Pode, também, planejar 
atividades de acordo com as condições de relacionamentos, psíquicas, pedagógicas e 
orgânicas do educando. 
 
 
 
150 
A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES NA 
SUA PRÁTICA PEDAGÓGICA E NA ESCOLA INCLUSIVA 
 
Rose Lapa
44
 
 
Não é no silêncio que os homens se fazem, 
mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão 
Paulo Freire 
 
 A formação continuada permite ao professor refletir sobre a sua ação docente de 
maneira crítica (PIMENTA, 2005). É nesse momento que avaliamos e reavaliamos as 
metodologias, os pressupostos, as teorias e ações que fundamentam o nosso fazer 
pedagógico. Para tal, os estudos realizados em diversas áreas do conhecimento como a 
sociologia, a psicologia, a antropologia e outras têm contribuído muito. Por isso, pensar 
minha atuação como professora sempre foi uma questão central enquanto profissional 
que deseja aprimorar a sua ação pedagógica de forma crítica e contribuir, efetivamente, 
para melhoria do ensino-aprendizagem dos meus alunos. Como afirma Paulo Freire “O 
professor que não leva a sério a sua formação, que não estuda, que não se esforça para 
estar à altura de sua tarefa não tem força moral para coordenar as atividades de sua 
classe” (1996, p 92). 
Essa formação pode ocorrer de diversas maneiras, no local de trabalho, cursos 
oferecidos por órgãos gestores, convênios com universidades, dentre outras. No entanto, 
nas últimas décadas, com a invenção do computador, da internet e o avanço de novas 
formas de comunicação, a EaD ( educação a distância) tem se colocado como mais um 
instrumento a serviço da melhoria da nossa atuação enquanto professores. 
 Vale ressaltar que não se trata aqui da substituição de uma formação presencial 
por outra realizada a distância, ou mesmo, pensar a formação através do EaD com o 
objetivo único de certificação, pois isso significaria exatamente o inverso do que 
almejamos, que é uma formação que garanta interlocução com os pares, que permita 
melhorar nossa prática em sala de aula e, acima de tudo, que não seja uma alternativa 
que traga mais uma sobrecarga no dia a dia do professor que, notoriamente, já tem uma 
carga de trabalho exaustiva para além do espaço escolar. 
 
44
 E.M. “Regina Celi da Silva Cerdeira” Centro de Referência - Duque de Caxias – RJ. 
 
151 
 Há também o fato de ser uma modalidade nova o que gera uma desconfiança 
quanto à legalidade e à qualidade dos conteúdos dos cursos. Em pesquisa, no site do 
MEC observa-se, quanto à base legal e aos referenciais de qualidade: 
Decreto N.º 5.773, de 09 de maio de 2006, dispõe sobre o exercício das funções de 
regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos 
superiores de graduação e sequenciais no sistema federal de ensino. 
Decreto N.º 6.303, de 12 de dezembro de 2007, altera dispositivos dos Decretos nos 
5.622, de 19 de dezembro de 2005, que estabelece as diretrizes e bases da educação 
nacional, e 5.773, de 9 de maio de 2006, que dispõe sobre o exercício das funções de 
regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos 
superiores de graduação e sequenciais no sistema federal de ensino. 
Fazendotodas essas reflexões, realizei minha inscrição no Curso de Extensão 
on-line Práticas Educacionais Inclusivas - Deficiência Intelectual- UNESP – Bauru. 
 Trabalho em unidade escolar que representa muito bem o processo histórico da 
educação especial no Brasil. Seu prédio começou como um orfanato/asilo que abrigava 
pessoas com deficiência, principalmente, a intelectual e a múltipla deficiência. 
 Com o passar dos anos, tornou-se uma Escola Especial e, na sua mais recente 
mudança, deixa de ter apenas turmas de classe especial, formando, a partir de então, 
turmas regulares com alunos com deficiência, tornando-se centro de referência onde se 
propõe uma educação inclusiva. Digo “propõe-se” porque não se trata apenas de 
mudança de nomenclatura ou proposta pedagógica, mas numa nova lógica de ensino, 
teórica e prática, no qual o professor e sua formação são elementos-chave. E, também, 
toda a escola deve perseguir o êxito de uma verdadeira e efetiva inclusão escolar. 
 Através do curso pude caracterizar a escola não apenas dentro de um juízo de 
valor que leva em conta somente o estágio atual da educação das pessoas com 
deficiência intelectual, mas situa a inclusão dentro do processo histórico da sociedade 
brasileira. 
 Embora já tivesse alguns conhecimentos por ter atuado na educação especial, o 
curso auxiliou-me a pensar questões que permeiam o cotidiano escolar: 
 Como trabalhar esse aluno com deficiência intelectual no ensino regular, num 
outro contexto, com outras interações? 
 Agora que ele é “nosso aluno” (sala de recursos & turma regular), que ações 
implementar junto à professora da turma de maneira a não fragmentar e/ou criar 
um currículo paralelo? 
 
152 
 De que forma ela pode auxiliar no meu trabalho desenvolvido com o aluno na 
sala de recursos e vice-versa? 
 Que estratégias utilizar para que verdadeiramente o aluno com deficiência faça 
parte do grupo no qual está inserido, sem que ele seja mais um aluno a dar 
trabalho, mas, sobre o qual recaia um olhar preocupado com sua aprendizagem 
tanto quanto todos os outros? 
 
 A experiência que me impulsionou a sintetizar essas indagações foi uma aluna 
que tem sete anos, com Síndrome de Down que frequenta a sala de 1º ano. Era aluna da 
escola desde a educação infantil. Apresentava uma defasagem na fala embora 
conseguisse expressar suas ideias, emoções e desejos com expressão corporal/facial, 
gestos e algumas oralizações. Na sua rotina escolar, a aluna demonstrava grande 
dificuldade em permanecer em sala de aula e, quando estava presente, ficava à parte da 
rotina estabelecida para a turma, brincando, vendo revistas, completamente alheia ao 
que acontecia ao redor. 
 Dificuldades apresentadas pela professora: a) falta de interação com o grupo; b) 
dispersão nas atividades coletivas e rotina da turma e, c) dificuldades na elaboração de 
objetivos e atividades para aluna. 
 O trabalho realizado buscou base nos pressupostos do ensino colaborativo entre 
o atendimento educacional especializado
45
, professora regente e equipe técnico-
pedagógica e família. É importante citar que todos os envolvidos têm a clareza das suas 
funções. O trabalho em parceria prevê a participação de todos, a existência de um 
objetivo comum, o compartilhamento de responsabilidade e recursos, a equivalência dos 
participantes e o voluntarismo. 
 Estratégias elaboradas a partir do planejamento coletivo. 
 Definição de tipo e número de atendimento da aluna: Aluna teria sua aula no 
AEE no contra turno. Ficou definido que pelo menos duas vezes por semana eu 
acompanharia a sua rotina na turma, já que o horário do AEE educacional 
especializado era de dois dias integrais de 8h às 17h e um dia de 8 às 12h. 
Nesses dias seriam desenvolvidas atividades com ela e toda a turma para 
estreitarem-se os laços, também era o momento em que eu a auxiliava para 
 
45
 Resolução nº4, 2 de outubro de 2009. Institui diretrizes operacionais para o atendimento educacional 
especializado na educação básica, modalidade educação especial. Determina entre outras as atribuições 
do professor do Atendimento Educacional Especializado. 
 
153 
desenvolver a sua atenção, trazendo-a para as atividades como leitura 
compartilhada, distribuição de crachás e, também, auxiliar na volta para sala de 
aula quando a mesma se retirava. 
 No planejamento coletivo, elaborar, juntamente com a professora regente, as 
atividades que estivessem no nível de desenvolvimento da aluna referenciada no 
ano de escolaridade da turma. 
 Foi definido com a professora que, a cada semana, nós desenvolveríamos uma 
atividade individual e outra coletiva com os alunos. 
 A partir destas estratégias, já no fim do primeiro bimestre, algumas 
considerações puderam ser feitas. 
 A frequência com que a aluna saía de sala diminuiu: 
 Ela demonstrou mais atenção voluntária para realizar as atividades propostas; 
 A professora demonstrou mais segurança para pensar as atividades para a aluna; 
 A partir da fala das crianças e iniciativa em auxiliar a aluna, percebemos que ela 
estava realmente começando a fazer parte daquele grupo de alunos. 
 
 O relato sucinto de algumas ações que ocorreram a partir das diretrizes traçadas 
neste curso não dão conta de capturar toda a riqueza dessa experiência. O trabalho na 
escola com os colegas das turmas regulares e as novas práticas escolares que 
privilegiam a diversidade humana ao invés do ensino pautado na unicidade de proposta 
pedagógica e homogeneização dos alunos têm mostrado a urgência e necessidade da 
formação continuada para Educação Inclusiva, aliado, é claro, com políticas maiores de 
acessibilidade, pois este é um projeto que diz respeito a toda a sociedade dentro e fora 
da escola. 
 
 
154 
PERCURSOS NA CONSTRUÇÃO DA APRENDIZAGEM EM AMBIENTE 
VIRTUAL 
 
Rosalynn Davies Conrado Veiga
46
 
 
Práticas Educacionais Inclusivas em Deficiência Intelectual, esse era o nome do 
curso. E lá estava eu, realizando minha pré-inscrição na Plataforma Freire. Fiquei muito 
feliz quando recebi o email da tutora comunicando que eu havia sido selecionada. 
Trabalho, há quatro anos com Educação Especial, acredito na inclusão e busco sempre 
informações para fomentar meu discurso e batalhar por esse direito junto aos colegas 
das classes regulares que não acolhem a temática com a mesma paixão que eu. 
Passado o trâmite burocrático, teve início o curso, propriamente dito. 
Interessante observar que fomos nos construindo enquanto grupo, criando laços, apesar 
da distância que um curso na modalidade EaD nos impõe. Não sei se o mesmo ocorreu 
com outros grupos, com outros tutores e formadores, mas no caso de nossa turma, ficou 
claro que as participantes, tutora e formadora, apresentaram, desde o início, grande 
afinidade. O carinho nos emails trocados era palpável, se é que tal coisa possa existir em 
termos de comunicação virtual. 
Percebo que um módulo inicial de ambientação, na plataforma do curso, é 
fundamental. Algumas pessoas apresentaram certa dificuldade no manejo da internet e, 
é necessário, que se tenha paciência e clareza na comunicação do passo a passo, do 
como se fazer realmente. 
No segundo módulo, começamos a ter contato com a especificidade da educação 
inclusiva, sua trajetória ao longo da história. Nesse ponto, que sempre se levanta 
questionamentos sem fim, ficou visível o quanto já progredimos quando falamos em 
inclusão, educação e sociedade. Em nossos debates, nos maravilhosos bate-papos 
agendados, percebemos que ainda há muito a se evoluir sim, sempre. Uma das 
características da humanidade é a constante busca e necessidade de evolução éisso o 
que nos torna diferentes dos demais animais, o que nos confere a racionalidade como 
diferencial. Sendo assim, ainda precisamos e iremos sempre precisar evoluir. Porém, 
quando olhamos para a história dos deficientes, em geral, é fato que grandes e largos 
passos já foram dados até o presente momento. Do total abandono, em lares 
 
46
 E.M. Professor Marcos Gil - Estrada Feliciano Sodré 2315, Mesquita – RJ, e E. M. Motorista Paschoal 
André - Pavuna – RJ. 
 
155 
especializados, passando pela época em que divertiam o povo sendo usados como bobos 
da corte, vagando pelas vielas da exclusão, transitando levemente pelo movimento da 
integração, quando obtiveram um olhar diferenciado, até o momento inclusivo em que 
vivemos hoje, o trajeto foi longo. Foi tortuoso, dolorido, muita vezes, exaustivo para os 
familiares, porém bem sucedido. 
Nos capítulos dois e três do módulo dois, discutimos ética e direitos dos 
deficientes. Foram dois capítulos bem intensos e com discussões bem acaloradas, diria 
eu. O assunto abordado levantou o tapete de nossas vidas, de nossa sociedade e de 
nossas escolas, mostrando que, muitas vezes, a lei é deixada de lado sim e todos nós 
fazemos vista grossa. O fazer vista grossa sinaliza uma forma de negligência, pois 
embora, na maioria dos casos, não dependa única e exclusivamente de nós professores, 
quando nos calamos ao perceber um erro legal, estamos contribuindo para a perpetuação 
desse erro. Finalizamos esse momento, percebendo nosso papel político na instituição 
escola, junto aos nossos alunos da educação especial e da educação regular que estejam 
incluídos. 
No capítulo 4, abordamos família. Esse tema é importantíssimo quando falamos 
de aluno. O aluno é aluno sempre, tenha ele deficiência ou não. A instituição familiar é 
válvula do processo educacional, tão fundamental quanto o professor. O trabalho 
realizado com um aluno não apresentará resultados sem o apoio da família. Raros são os 
alunos que foram bem sucedidos apenas com o apoio da escola. Quando falamos em 
alunos incluídos ou da educação especial, percebemos que a família encontra-se, muitas 
vezes, cansada e desgastada da caminhada árdua. Muitas portas já se fecharam... Muitos 
olhares já condenaram... Encontramos mães abandonadas por seus maridos por terem 
produzidos um filho “com defeito”. Mães cujas vidas são seus filhos, pois pararam de 
viver suas trajetórias para cuidar daquela semente. 
Fica claro que o trabalho com a família merece um olhar especial... Que uma das 
funções da escola para com essas famílias é a acolhida, é o prestar esclarecimentos, o 
orientar. Muitas dessas famílias são de origem bem humilde e desconhecem por 
completo seus direitos. Aqui, entra a escola enquanto força política nas vidas dessas 
pessoas. E nós, professores, nos tornamos a ponte que, certamente, ligará essa família a 
uma forma mais confortável de viver. 
Interessante que ser professor parecia algo tão diferente... Com o abrir de nossas 
cabeças e a aquisição de novas informações vamos nos apercebendo do quão complexa, 
 
156 
realmente, é a nossa função. E o quão prazeroso é cumprir com louvor, a cada dia, nossa 
missão. 
No módulo 3, iniciamos a parte mais técnica da deficiência intelectual, suas 
implicações na vida do indivíduo, em seu desenvolvimento e em sua aprendizagem. 
Parece bem monótono, é verdade. Para quem já tem graduação com habilitação 
específica na educação especial, dois cursos de pós graduação na área, sempre fica 
aquela sensação de que nada novo irá aparecer ali. Ledo engano... Quando vamos 
esmiuçando a teoria, vamos nos dando conta de que muitas das nossas atitudes e ações 
possuem embasamento teórico, embora não soubéssemos. Vamos lendo com um olhar 
diferente um mesmo texto que, provavelmente, já foi lido em outro momento de nossa 
vida acadêmica. 
As teorias perpassam nossas práticas que fundamentam e são fundamentadas por 
elas. Por mais monótonas que possam parecer, as teorias são fundamentais para dar 
caráter científico ao que estamos fazendo. Do contrário se torna senso comum, e na 
educação, especialmente quando falamos em inclusão, senso comum não ajuda em 
muito na efetivação da prática. 
No módulo 4, avaliação e planejamento, teve início nosso momento prático. 
Como atuo em turma de educação especial, busquei auxílio em uma turma vizinha, com 
alunos incluídos. Foi enriquecedora demais a experiência de observação de outra 
prática. A abertura da colega, sua disposição em contribuir, terminaram por me revelar 
uma grande educadora em um figura até então vista como ordinária, sem grandes 
atrativos. Percebo o quão importante é, em nossa prática profissional, poder observar e 
ser observado. Você ganha, o outro ganha, os alunos ganham também. É como poder 
dar e receber uma lufada de ar fresco em momentos onde o cheiro de mofo tentava 
impregnar o ar. Sim, com o passar dos meses, dentro do ano letivo, vamos nos deixando 
mofar um pouco. Embora tenhamos a natural tendência de buscar sempre crescer e 
melhorar, por vezes, deixamos que situações e personagens se cristalizem em nossas 
práticas. Aí reside a beleza e importância da observação. 
O módulo cinco veio colaborar para a desconstrução de paradigmas. Já no 
primeiro capítulo a bomba: SEXO! Sim, nossos alunos se interessam por sexo! Não, 
sinto muito, o deficiente não é uma samambaia! O vídeo abordando o tema, com 
depoimentos de deficientes intelectuais, foi fabuloso. Algumas colegas mostraram-se 
receosas, até chocadas. Mas, abrir os olhos para a sexualidade de nossos alunos é 
imprescindível na construção de um ser humano completo, integral, pleno. Precisamos 
 
157 
ter em mente que, se para os pais de crianças ditas normais, lidar com esse assunto é um 
tabu, imagine para os pais de alunos deficientes. Nas escolas de modo geral ainda não se 
trabalha com projetos que abordem a sexualidade efetivamente. Ficou a deixa para 
pensarmos e avaliarmos nosso papel em mais essa empreitada. 
A flexibilização foi trabalhada no segundo capítulo do referido módulo. Quando 
falamos em inclusão, pensar na flexibilização do ensino é uma das chaves do sucesso. 
Ficou claro que flexibilizar não é trazer para a sala de aula folhas com trabalhos 
totalmente diferentes, muitas vezes, de conteúdo infantil por demais, contendo apenas 
figuras para pintura e entreter o aluno incluído com aquilo, enquanto se dá os conteúdos 
normalmente para os demais alunos. 
No processo de flexibilização todos os alunos saem ganhando, pois os conteúdos 
são passados de forma mais dinâmica, algumas vezes lúdica, tornando sua aquisição 
mais fácil para os educandos. 
No terceiro capítulo, trabalhamos o ensino colaborativo e a criatividade. O 
material utilizado foi maravilhoso. Os textos, de fácil compreensão e bem escritos 
proporcionaram-nos muitas discussões e mudanças de atitude frente ao aluno. Quando 
se fala em equipe, dentro de uma escola, devemos pensar essa equipe como atuante no 
processo de aprendizagem dos alunos. Por isso é fundamental que tenhamos uma equipe 
realmente trabalhando junta, em prol daquele aluno. 
Também é interessante pensarmos que os alunos podem sim aprender e ensinar 
mutuamente, tendo o professor como mediador do processo. Dividir a turma em grupos, 
mesclar os diferentes níveis de desenvolvimento, promovendo a interação e a troca de 
saberes, esse tipo de atividade traz a construção de conhecimento. 
Em termos de criatividade, podemos trazer também a flexibilização e agregar a 
temática. Um professor criativo propicia flexibilização do currículo, tornando as aulas 
mais interessantes a todos. A geração do “cuspe/giz” já foi. As crianças contidase 
extremamente reprimidas de outrora não estão mais em nossas escolas. Hoje contamos 
com uma clientela espontânea que vive na era da internet, onde a velocidade das 
informações é um fato. Essa geração precisa de professores que acreditem que o 
conhecimento se constrói independente de quadros abarrotados de cópias, sem o menor 
sentido. Em alguns momentos precisamos ainda lançar mão da decoreba sim, por várias 
questões, dentre elas as avaliações e vestibulares da vida. Porém, em alguns momentos, 
apenas, nos demais momentos, as aulas devem se dar de forma dinâmica, garantindo 
que aquelas crianças irão assimilar o conteúdo por perceberem relação prática na teoria. 
 
158 
Fechando o módulo falamos de Tecnologia Assistiva e Habilidades Sociais. 
Quando ainda estávamos em curso, participei de um congresso na área de TA. 
Impressionante a quantidade de recursos que dispomos atualmente. Porém, esses 
recursos ainda são de alto curso e nossa clientela nem sempre dispõe de verba para isso. 
As possibilidades de adaptação são inúmeras e contamos, novamente, com a 
criatividade de nossos professores, bem como com seu olhar especial na busca por 
auxílio para que a aprendizagem de seus alunos aconteça de forma plena. 
O texto de habilidades sociais educativas do professor e sua relação com o 
repertório comportamental das crianças foi um dos mais marcantes ao longo do curso. 
Por meio dele percebemos o quanto o nosso comportamento influencia diretamente o 
comportamento de nossos alunos. Estimulamos comportamentos positivos, exibindo-os. 
Fale o que eu digo e não o que eu faço, não acontece em sala de aula. Somos espelho, 
nossos alunos são nosso reflexo. Quando a turma como um todo vai mal, é hora de olhar 
para a prática do professor que rege aquela turma. 
E chegamos ao final do curso... Um curso que irá deixar muita saudade. Quando 
optamos por um curso na modalidade EaD, invariavelmente, é por falta de tempo para a 
realização do mesmo em modalidade presencial. Não que o curso EaD não seja 
trabalhoso, pelo contrário, exige muito mais disciplina. Quando não nos organizamos 
nas leituras e realizações das atividades, dar prosseguimento parece impossível. 
Meu olhar de educadora inclusiva saiu fortalecido desse curso. Através dos 
textos, dos debates, dos emails trocados, fomos nos alimentando de informação, de 
conhecimento, de experiências diversas, de ideias! A cada dia, a cada ingresso na 
plataforma, uma nova e importante descoberta. 
Minha prática... Passei a avaliar constantemente o meu fazer cotidiano. Para 
cada dia, atribuo-me uma nota como educadora, percebo meus pontos falhos, onde 
preciso melhorar, o que posso fazer nesse processo de engrandecimento profissional. 
Ser professor... Uma missão! Não somente uma profissão, pois não se exerce tal 
função nas 8 horas em que se está frente à classe. Quando se é professor, se é... 24 horas 
por dia, 7 dias por semana. As crianças do mundo parecem estar sob sua 
responsabilidade, é como me sinto. 
Ontem, 15 de outubro, dia do professor! Quero dividir um relato... Um relato 
bobo talvez, mas que me fez encontrar, no dia de ontem, motivos suficientes para 
acreditar que estou no caminho... Na véspera, 14 de outubro, realizamos a festa do dia 
das crianças na escola onde leciono pela manhã. Alugamos um pula-pula grande, pois 
 
159 
nossos alunos são adolescentes e adultos, é uma escola especial. Um dos meus alunos é 
cadeirante e assistia a brincadeira dos demais alunos de sua cadeira de rodas. No meio 
de tantas coisas para fazer, não me dei conta de imediato de sua solidão. Não sei 
precisar o momento em que bati os olhos nele. Fui até lá e perguntei se ele gostaria de ir 
no pula- pula. Ele disse que não. Eu insisti, disse que o colocaria lá. Ele disse que sim. 
Não precisei de ajuda para tirá-lo da cadeira e colocá-lo no brinquedo. E como ele não 
conseguia sustentar o corpo sentado, coloquei-o deitado mesmo, no centro da cama 
elástica. Solicitei a outro aluno que pulasse bem devagar ao lado do aluno. Com o vibrar 
da cama elástica, seu corpo saltava também. E ele ria, gargalhava alto, como eu nunca 
havia visto antes. Não fui a única a me emocionar ali. O monitor do brinquedo olhou 
para mim e disse que nunca havia visto cena tão linda antes. Acabados os três minutos 
que lhe eram de direito, coloquei-o de volta em sua cadeira, e a festa continuou 
normalmente para todos nós. 
Ontem à noite recebi uma ligação do aluno em questão. Era para me desejar feliz 
dia dos mestres, dizer, com sua fala um pouco enrolada, que sou muito importante para 
ele e que ele me ama. Emoção maior veio depois, quando sua mãe veio ao telefone me 
falar que o brilho nos olhos de seu filho, ao chegar em casa, relatando que havia pulado 
na cama elástica e que eu o havia colocado lá, não tinha preço. A cada dia, na educação 
especial ou regular, vivemos situações de vida com nossos alunos que podem realmente 
fazer aquele dia valer a pena em nossas vidas. Enquanto professores, munidos de um 
olhar que talvez nenhum outro profissional tenha, podemos fazer total diferença. 
E cursos como o que estamos encerrando, contribuem e muito para a aquisição 
desse olhar. Um olhar não de piedade, de compaixão, de estar fazendo isto ou aquilo 
porque Deus pregava. Um olhar humano que batalha constantemente pelo humano. Um 
olhar que vê, que enxerga através e além... Um olhar que não se traduz, um olhar mais 
que especial! 
 
 
160 
NOVAS PERSPECTIVAS SOBRE A INCLUSÃO NAS ESCOLAS E O QUANTO 
ELA SE FAZ NECESSÁRIA. 
 
Edvaldo Ribeiro Filho
47
 
 
Como aluno de EaD, tive algumas experiências não muito gratificantes, posso 
até dizer frustrantes. Inscrevi-me, em outros cursos, com muita expectativa positiva, 
mas, no final, não foi o que eu esperava. Desde então tinha algumas restrições sobre 
esse tipo de curso. 
Quando meus colegas me falaram da Plataforma Freire e da possibilidade de 
fazer uma especialização, por intermédio da mesma, acessei o site e procurei cursos que 
realmente me interessassem. Não queria fazer só mais um curso, queria algo que 
realmente fosse somar aos meus conhecimentos e que eu pudesse aplicar na minha sala 
de aula. 
Foi assim que entrei em contato com o curso de Educação Inclusiva. Algo que 
me incomodava muito era ter alunos com deficiência e não ter confiança ou achar que 
não era capaz de atendê-los dentro de uma sala para alunos sem deficiência. Queria ter 
condições de ensiná-los sem tratar os mesmos como coitadinhos. Esse curso me deu 
conhecimentos e abriu-me as portas para uma nova perspectiva sobre a inclusão nas 
escolas e o quanto ela se faz necessária. 
Adorei a metodologia do curso, principalmente, a interação através da sala de 
bate-papo, onde tive oportunidade de interagir com pessoas de várias regiões do país. 
No fórum de discussão, tive a possibilidade de conhecer o que os colegas 
pensam sobre determinado assunto e colocar a minha opinião sobre o mesmo. Acredito 
que os conhecimentos conquistados, através das trocas de experiências, possibilitadas 
por intermédio do curso, serão de grade valia e já tem influenciado muito a minha práxis 
pedagógica. Tenho olhado a minha sala com outros olhos, com o olhar da inclusão, com 
a certeza de que todos têm condições de aprender, mas cada um tem seu tempo. 
E nós, enquanto educadores, temos que respeitar e procurar ajudá-los no 
aprendizado, adequando os conteúdos às necessidades de cada um. Essa visão de mundo 
que já tinha, alargou-se infinitamente após o curso. Como aluno de EaD, sinto-me 
atendido em todos as minhas necessidades. Gostei muito de ter participado desse curso 
EaD e, ao terminá-lo, dizer que valeu a pena.47
 Escola Estadual “Oliveira Britto” - Salvador – BA. 
 
161 
CORAGEM: PRÉ-REQUISITO PARA UMA TRAJETÓRIA DE ACERTOS 
 
Elaine Sueli Ferreira dos Santos
48
 
 
Quando iniciei minha trajetória em Educação Especial, fui trabalhar na APAE, 
como secretária de Eventos para ajudar na organização de leilão. Havia me separado do 
meu marido com dois filhos pequenos para criar. 
Depois de algum tempo, ofereceram-me o cargo de professora com o objetivo de 
me ajudar, por questões financeiras. Colocaram-me condições: aquele cargo só seria por 
cinco meses, pois a professora da sala havia pedido demissão e por questões de 
convênio não poderiam contratar outra professora antes do término do ano. Estava no 
primeiro ano de pedagogia, depois de ter feito o magistério há mais ou menos 17 anos e 
não tinha nenhuma formação para Educação Especial. 
Aceitei o desafio: era uma classe com alunos com Deficiência Mental Severa, 
com faixa etária de 30 anos. Os problemas eram muitos!!! Mas, acredito que Deus, 
como escolhe as mães das crianças excepcionais, escolhe a dedo as pessoas para lidar 
com elas. Eu me sinto uma pessoa privilegiada por ter iniciado meu trabalho com esses 
alunos. Pude então perceber que os problemas que temos não são nada, pois apesar das 
dificuldades que esses alunos encontram, sempre têm um sorriso no olhar e um gesto de 
carinho para nos dar. 
No final do ano, na reunião de encerramento e avaliação do ano letivo, a diretora 
me chamou para ler a oração do dia. Depois que terminei a oração, a diretora disse a 
todos, o que havia me dito quando iniciei meu trabalho...mas, que naquele momento 
estava voltando atrás no que tinha dito porque havia me saído muito bem naqueles 
meses e superado as professoras habilitadas, com mais de 20 anos de experiência na 
área. Concluiu que, a partir daquele momento, a sala era efetivamente minha, pois além 
dos progressos visíveis dos alunos, ainda tinham recebido muitos elogios dos pais, sobre 
o meu trabalho. 
A partir daí, fui em busca de capacitação na área. Nas próximas férias, passei 
realizando o Curso de Formação de 180h e quando iniciei o ano letivo já havia 
concluído, não me sentindo mais como se tivesse caído de paraquedas ou protegida da 
diretora. 
 
48
 EMEB “Prof. José M. Neto” - Araçatuba – SP. 
 
162 
Concluí minha Pedagogia em 2002 e iniciei minha primeira Pós Graduação em 
Bauru, no ano de 2003, na área de Deficiência Mental e, a partir daí, não parei mais... 
respiro Educação Especial. Sei que é um trabalho que me realiza plenamente e todos os 
esforços que faço para realizar cursos, valem a pena, pois só acrescentam à minha 
prática profissional e, consequentemente, quem ganha são meus alunos que sempre 
fazem a diferença. 
Hoje sou professora do Atendimento Educacional Especializado. Ao iniciar meu 
trabalho em 2009, na prefeitura de minha cidade, precisei sair da APAE, pois o horário 
de trabalho é integral. Sei que posso ajudar muito os “meus alunos” incluídos no ensino 
regular. 
Passei por muitas dificuldades, pois quando iniciei, minhas coordenadoras 
falavam que o trabalho do AEE não tinha nada a ver com o trabalho que fazíamos na 
APAE e que só aprenderíamos a trabalhar, depois que fizéssemos o curso do AEE só 
que esse nunca começava. 
No meu primeiro ano de trabalho com o AEE, atendia em 03 escolas, mais de 50 
alunos na área de Deficiência Intelectual. Para chegar a esse número de atendimento, 
avaliei mais de 100 alunos. Corríamos de uma escola para outra, com intervalos de 15 
minutos. Não tínhamos tempo para orientar os professores, adequadamente, ou 
acompanhar os alunos em sala de aula. Não tínhamos materiais para desenvolver o 
trabalho. Todo o meu tempo, em minha casa, era para confeccionar os materiais 
utilizados no atendimento, pois na escola não tinha tempo para isso, devido ao número 
excessivo de atendimentos. Ainda assim encontrava tempo para realizar cursos e 
estudos, pois sabia que precisava realizar meu trabalho da melhor maneira possível. 
Como sou muito ansiosa e queria ter certeza que estava fazendo um bom 
trabalho, entrei em contato com o MEC e expus minha situação. Pediram meu currículo 
que foi aprovado. Iniciei, então, o AEE pela UFSM. Concluí em julho desse ano com a 
nota máxima em todas as disciplinas, inclusive projeto, o que me levou a confirmar que 
estava no caminho certo. Antes de terminar, iniciei esse curso de Práticas Educacionais 
Inclusivas na Área da Deficiência Intelectual através da UNESP de BAURU. A 
conclusão que chego é que tudo vale a pena, todos os esforços, dificuldades são 
esquecidas quando vemos os progressos ou um resultado positivo de nossos alunos em 
sua sala de aula regular, principalmente quando isto é reconhecido pelo professor da 
sala. 
 
163 
Sabemos que a Inclusão era para acontecer gradativamente há vários anos, mas 
só está acontecendo agora, quando estamos no prazo final para isto acontecer, apesar do 
MEC ter disponibilizado vários Seminários sobre o assunto por intermédios das 
Secretarias Municipais. 
Na prática, as professoras, infelizmente, em sua maioria, não faziam, 
procuravam outros temas, pois não acreditavam que a Inclusão se tornaria realidade, 
porém, quando começaram a receber os alunos em salas de aula, muitas entraram em 
desespero por não saber como lidar com esses alunos, mas foram poucas as que se 
interessaram em procurar estudar sobre o assunto, pois ainda não viam aquilo como algo 
que fosse vingar, infelizmente. 
No início, não aceitavam o trabalho do AEE, criticavam o fato de não 
alfabetizarmos e demoraram muito para compreender o real objetivo do nosso trabalho. 
Nesse ano, as nossas condições de trabalho melhoraram muito: atendo a 03 
escolas, mas como só uma tem a sala de recursos montada, os alunos das demais escolas 
é que vão até a escola. Atendo a todas as áreas de deficiências, tenho 32 alunos para 
atendimento e 41 para novas avaliações. As condições de trabalho melhoraram muito, 
tenho materiais para utilizar e na escola tem alguns materiais também, além do que já há 
verba para isto também, não necessitando gastar com a confecção de tantos materiais. 
Claro que sempre quero novidades e, dificilmente, utilizo os materiais do ano passado, 
apesar dos meus alunos serem outros. Ainda tenho um número grande de alunos, 
dificultando meu trabalho, para atender professores em sala de aula ou acompanhar 
meus alunos em sala. Na maioria das vezes, faço isto no meu horário de almoço. Meus 
alunos, em sua maioria, são atendidos em grupo, devido ao número excessivo de 
atendimentos programados. 
Os professores hoje, na escola em que trabalho já são verdadeiros parceiros, 
reconhecem o meu trabalho e o progresso dos alunos depois que iniciaram o 
atendimento. Procuro dar todo suporte a eles e aos alunos em sala de aula, além de estar 
sempre em contato com os pais para orientações. 
Sei que tudo isto que tenho realizado, só tem acontecido graças a tudo que 
aprendo nas formações que realizo. Nesse curso aprendi muito. As trocas são 
fundamentais, hoje já iniciei outro curso através da UNESP de Marília, o AEE como 
Pós Graduação, pois o conhecimento se inova a cada momento, portanto, temos que 
estar nos atualizando, constantemente. 
 
164 
A sugestão que faço seria que outros professores do ensino regular, fizessem 
esse curso. 
Antigamente havia muito preconceito com relação a Educação a Distância, 
comparando os mesmos com diplomas comprados, mas considero esses comentários 
desagradáveis, fofoca de quem nunca realizou um, pois quem faz, sabe que o curso tem 
o mesmo comprometimento que os presenciais e, em alguns casos, as cobrançasainda 
são maiores. Temos a possibilidade de aprender mais rapidamente e muito mais porque 
aproveitamos o fato de estarmos conectados na Internet para realizar pesquisas sobre os 
assuntos que nos criam dúvidas. Logo, as mesmas são sanadas, imediatamente. 
Agradeço aos professores formadores, tutores e coordenação do curso que 
estiveram sempre presentes para nos auxiliar em tudo que precisávamos, sempre 
facilitando o nosso desempenho durante o curso, aos colegas que nos possibilitaram 
iniciar novas amizades e trocas de conhecimentos constantes. Gostaria de ter a 
oportunidade de realizar novos cursos, pois todo o esforço que faço resulta em uma 
melhor qualidade de vida e aprendizagem dos meus alunos, e é isto que importa. 
 
 
165 
EAD: UMA FERRAMENTA PARA A INCLUSÃO. 
 
Sônia Aparecida de Angeles Cerqueira Costa
49
 
 
No século XXI, com a “Era do Conhecimento”, com o avanço da tecnologia, 
Informação e Conhecimento, com os estudos e a dedicação dos especialistas no campo 
da Educação Especial, está, cada vez mais presente, a Educação Inclusiva que, ao 
longo de muitos esforços, tem conseguido implementar o princípio da igualdade para 
garantir às pessoas com deficiência o seu direito de igualdade, contribuindo, assim, para 
a melhoria da qualidade do ensino em geral 
No cotidiano do contexto escolar, a pessoa com deficiência matriculada na 
escola em classes regular comum, integrando-se nas atividades propostas sente-se parte 
do grupo, sente-se pertencendo a classe, ao processo ensino aprendizagem, interagindo, 
participando, vivenciando conteúdos significativos para a sua vida cidadã. 
Além disso, desenvolve-se entre os pares o espírito de solidariedade e 
cooperação. O sentimento de empatia que se faz presente nos alunos sem deficiência, 
muda o seu olhar diante da educação inclusiva, aceitando, colaborando e, até mesmo, 
buscando ficar em contato direto com o aluno com deficiência, em atividades de grupo. 
Se o professor monitora os trabalhos e explora as potencialidades desses alunos com 
deficiência eles participam efetivamente contribuindo para o seu aprendizado, sendo 
protagonistas do saber. 
Não podemos perder de vista a criança enquanto foco do processo. Para Lima 
(2003, p.26): 
O desenvolvimento da criança está diretamente relacionado com a 
diversidade e qualidade de experiências que ela tem a oportunidade de 
vivenciar. Essas experiências dependem da constituição do contexto em que a 
criança vive, principalmente, do que lhe é tornado acessível pela ação 
mediadora dos adultos que dela se ocupam. Em outra perspectiva, dependem, 
também, do conceito de criança presente em cada cultura, pois ela determina 
os limites à ação da criança. Os adultos estabelecem limites e oferecem 
possibilidades de ação para as crianças, de acordo com o que elas acham que 
ela pode fazer. 
 
Portanto, cabe ao professor que é o mediador da informação, transformada em 
conhecimento, ter autonomia curricular e capacidade de tomar as decisões, ao longo do 
processo de desenvolvimento curricular, no que diz respeito às adaptações às 
necessidades dos alunos e às especificidades de cada um, para que se efetive o 
 
49
 EMEB “Profa. Leda Aparecida Martins” - Araçatuba – SP. 
 
166 
aprendizado a todos os envolvidos – Educação Inclusiva - levando-os ao sucesso 
escolar e, consequentemente, à qualidade de ensino. 
Isso só é possível porque nos são proporcionados cursos que nos oferecem 
oportunidades de participar de temas tão importantes como a Educação Inclusiva. O 
material de apoio foi de excelente qualidade. As leituras e estudos nos nortearam e nos 
levaram a refletir sobre cada caso existente no contexto da sala de aula. 
O Correio, ferramenta que nos transmitia informações para o entendimento e a 
execução das tarefas de cada módulo. Também era usado para sanar as dúvidas, para 
efetivação das atividades propostas. 
As atividades dos Módulos a serem publicadas no Portfólio Individual, 
levaram-nos a dedicar às leituras e estudos com muita compromisso, pois são atividades 
merecedoras de atenção especial. O assunto é envolvente e estamos diante do “novo” – 
situações novas que vivenciamos em nossa prática educativa, sendo necessário o 
aprofundamento de estudos para sanar ao máximo as nossas dúvidas e anseios, 
objetivando uma prática pedagógica que atenda as necessidades de nossa clientela 
escolar na educação inclusiva. 
A participação no Fórum de Discussão foi uma ferramenta que nos fez crescer 
com a troca de experiência e o acompanhamento pela equipe formadora. Não podemos 
deixar de mencionar o carinho por ela dispensado, sempre nos orientando com seus 
comentários e acompanhando, passo a passo, nossas atividades, tanto as publicadas no 
Portfólio como as do Fórum. Isso nos fortaleceu e propiciou que a Educação Inclusiva 
deixasse de ser um desafio e passasse a ser parte integrante do processo ensino 
aprendizagem. Sem falar no Bate-Papo que nos proporcionou um contato mais próximo 
e maior afinidade com os pares. O conhecimento direto e a interação aguçou ainda mais 
a troca de experiências e de materiais para enriquecimento da nossa prática pedagógica. 
A UNESP está de parabéns pelo Curso, pelo desempenho, pela qualificação da 
Equipe competente que soube a todo o momento estar presente para nos dar suporte e 
sanar nossas dificuldades para que pudéssemos nos fortalecer e adquirir a confiança e o 
conhecimento que viemos buscar ao nos inscrever nesse curso. Superou todas as minhas 
expectativas elevando o conceito mais uma vez dessa conceituada Instituição de Ensino 
Superior. 
 
 
167 
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UM TEMA PARA REFLEXÃO NO CURSO EaD 
 
Gisele Coito Ermacara 
50
 
 
 A Educação Inclusiva é um tema polêmico que vem fazendo parte das 
discussões atuais em todas as esferas da sociedade, principalmente, no campo 
educacional. É um tema que merece atenção de todos os profissionais envolvidos com a 
Educação, por isso há necessidade de um maior entendimento e reflexão. 
Foi por meio do curso EaD intitulado “Práticas Educacionais Inclusivas na área 
de Deficiência Intelectual” que pude obter conhecimento, refletir sobre minha prática e 
trocar experiências sobre os conceitos, práticas, atitudes, materiais que permeiam as 
atividades e discussões referentes à Educação Inclusiva e, especificamente, a 
Deficiência Intelectual. 
 Sabemos que as deficiências sempre existiram e que, ao longo do tempo, elas 
foram caracterizadas e conceituadas a partir da influência dos costumes e crenças de 
cada povo, do conhecimento disponível em cada época e da legislação vigente que 
explicam as diferentes formas de ver as pessoas com deficiência. 
 Na sociedade contemporânea, as pessoas com deficiência ganham um novo 
olhar. Com a inclusão, a situação atual da educação aponta um grande avanço no 
sentido de não focalizar a deficiência na pessoa, e sim, buscar formas e condições de 
aprendizagem para que o aluno se desenvolva. Assim, buscamos uma nova escola, 
aquela que deve ajustar-se à diversidade dos seus alunos. 
Por meio do conhecimento sobre a legislação vigente, percebi que a escola tem o 
dever e obrigação de atender a todas as crianças, independente de suas diferenças, 
porém, faltam efetivar diversas ações para que a inclusão se concretize. 
Frente a essa situação, os professores sentem-se despreparados para lidar com 
classes numerosas e sentem a falta de apoio pedagógico especializado para suprir suas 
deficiências diante do trabalho individualizado com diferentes alunos. Diante das 
dificuldades cabe-nos, como professor, buscar informações e estratégias presentes em 
cursos decapacitação que nos levem a entender, valorizar e a trabalhar com as 
diferenças, na sala de aula. É importante conhecer nossos alunos, descobrir e valorizar 
suas potencialidades para assim, poder explorar e levar o aluno a se desenvolver. Nesse 
 
50
 Ensino Fundamental - Ibaté – SP 
 
168 
sentido, o curso em questão me possibilitou um maior entendimento e reflexão sobre o 
assunto. Com as informações sobre diferentes estratégias de ensino ao aluno com 
deficiência houve uma ampliação da minha visão sobre o processo de ensino e 
aprendizagem dos indivíduos que estão na sala de aula. 
Percebi que uma atitude ética nos leva a superar preconceitos e ver nossos 
alunos com outros olhos. A partir do ponto de vista ético, é necessário promover 
atitudes respeitosas e de acolhimento aos seres humanos que apresentam deficiências, 
demonstrando nas relações com seus alunos, o que significa tolerância e cidadania. Fui 
incentivada assim, a refletir sobre o meu comportamento como professora na sala de 
aula, buscando valorizar o bem coletivo. 
 Para nos livrarmos de preconceitos e garantirmos a todos os alunos o direito à 
educação precisamos, além dos educadores, mobilizar a sociedade em geral. Nesse 
sentido, cabe-nos ressaltar o papel da família e da escola, como duas instituições 
promotoras do desenvolvimento das crianças. Essa duas instâncias devem trabalhar 
juntas para o bem estar das crianças. A escola deve buscar conhecer seus alunos através 
de um contato maior com sua família, mas para isso, é necessário criar condições de 
participação da família nas atividades escolares que acontecem, atualmente, somente a 
partir de reuniões bimestrais. O contato com os pais deve ser ampliado a partir de 
situações de participação e conhecimento sobre a aprendizagem e desenvolvimento de 
seu filho. 
 A escola regular tem o dever de realizar a matrícula das pessoas com deficiência 
e, nós, educadores, diante das diferenças, devemos reconhecer as potencialidades de 
cada aluno e nos esforçar para que o aluno com deficiência consiga se beneficiar do 
ensino regular. Devemos criar condições para que o aluno participe das atividades em 
sala. Podemos fazer as adaptações e as modificações no currículo, no uso de materiais 
didáticos e nos recursos pedagógicos a fim de que o aluno consiga se desenvolver. 
Durante o curso pude conhecer e discutir assuntos relacionados ao tema e 
concluir que a inclusão não pode acontecer se não houver mobilização e mudança nos 
paradigmas da escola. É necessária uma reestruturação da cultura, das práticas e das 
políticas vivenciadas na escola. Por isso, podemos dizer que a escola é inclusiva quando 
todos da equipe escolar participam ativamente desse projeto. 
Para que a inclusão de alunos com deficiência ocorra é necessário uma atenção 
especial tanto do ponto de vista pedagógico, quanto político e administrativo. Alguns 
procedimentos diferenciados precisam ser garantidos para receber e manter todos os 
 
169 
alunos na escola. A sala de aula deve ser um espaço em que as diferentes estratégias 
sejam utilizadas para garantir a aprendizagem. Isso pode ocorrer através da 
flexibilização e de um ensino colaborativo, com o trabalho conjunto entre diferentes 
profissionais. 
O êxito da pedagogia inclusiva dependerá de mudanças nas propostas 
educacionais, mesmo no interior das salas de aula. Nós, professores, devemos fazer a 
nossa parte, realizando um trabalho sério e comprometido com o nosso aluno incluído. 
Podemos mudar a visão de uma sociedade preconceituosa, buscando construir uma 
sociedade mais justa, na qual o deficiente tenha oportunidades de se desenvolver e 
participar da vida social. 
 Foi com a participação e realização do curso que pude ampliar e refletir sobre 
questões que até então não faziam parte do meu conhecimento. Com o apoio do tutor, 
do formador e das colegas pude conhecer a realidade da inclusão e compreender sobre 
conceitos, leis, atitudes, práticas e materiais que existem para que a inclusão torne-se 
real. Foi uma grande oportunidade para modificar, o meu olhar e a minha prática 
pedagógica referente à educação inclusiva. 
 
 
 
170 
RELATO SOBRE MINHA EXPERIÊNCIA COM PRÁTICAS EDUCACIONAIS 
INCLUSIVAS 
 
Natália Aparecida Perez Toma
51
 
 
 O trabalho aqui, brevemente realizado, trata-se de um relato sobre minha 
experiência em um curso de educação a distância, voltado para a formação de 
professores em Práticas Educacionais Inclusivas na Área da Deficiência Intelectual. 
 Apesar de a educação a distância proporcionar maior autonomia e flexibilidade 
nos estudos, requer muita dedicação e disciplina nos estudos, elementos, muitas vezes, 
difíceis de conciliar com as responsabilidades do emprego. Contudo, com o auxílio e 
compreensão das tutoras, foi possível aproveitar ao máximo as aprendizagens, trocas de 
experiências e diálogos, essencial para as reflexões de meu cotidiano de sala de aula. 
Muitas vezes, o pensar a prática esbarra na falta de tempo e nas frustrações 
diárias. Ter um espaço para que isso fosse possível, e mais, poder contar com 
colaborações de outras profissionais que vivem situações similares, foi muito 
importante para continuar seguindo e perceber que outros caminhos são possíveis e, 
muitas vezes, necessários. 
 Necessário é compreender que estamos em uma sociedade democrática e que, 
para tanto, precisa ser inclusiva, dar condições e oportunidades para todos. Na escola 
não é diferente, ou, não poderia ser. 
 Falar em inclusão escolar tornou-se lugar comum, todavia sabemos que é preciso 
muito mais do que isso. É preciso dar condições para o professor trabalhar com uma 
criança com necessidades especiais e não somente matriculá-la na escola e exigir que o 
educador “se vire”. Uma equipe multidisciplinar não pode ser um privilégio nas escolas, 
mas um direito e um dever. Trata-se de uma condição mínima para atender a todos os 
alunos com necessidades educacionais especiais, dando o suporte para o professor e as 
famílias envolvidas. Sem isso, torna-se discurso vazio e pura demagogia daqueles que, 
efetivamente, não frequentam o cotidiano de uma escola pública brasileira. 
Os alunos não podem ser tratados como seres homogêneos, mas como crianças 
que possuem características diferenciadas, distintos graus de interesse pelos mesmos 
assuntos e diferentes formas de aprendizagem, atentando para o fato de que o 
 
51
 EMEB Angelina Dagnone de Melo – São Carlos - SP 
 
171 
aprendizado vai muito além dos espaços escolares e que a todo o momento estamos nos 
educando e aprendendo, a partir das experiências com o outro. 
Cada vez fica mais evidente a necessidade de buscar o desenvolvimento de 
práticas político-educativas transformadoras através do ato dialógico com o aluno que 
também se constrói como ser crítico e engajado, indo além das questões de sala de aula 
ao se inserir em seu contexto social, observando os princípios educativos nas relações 
de raça, gênero, classe, faixa etária, em espaços de trabalho, lazer, academias, 
associações, sindicatos, indo sempre em busca de uma educação permanente e de 
instrumentos que possibilitem a articulação da construção do conhecimento e do sujeito 
crítico, consciente da diversidade e do direito de todos se expressarem. 
É preciso estar sempre buscando um ensino de qualidade que vise o pleno 
desenvolvimento e inclusão da criança nas esferas participativas, sócio-culturais, 
políticas, com visão crítica e de abertura ao diferente, planejando e refletindo sobre as 
práticas político-pedagógicas e educando-se sempre, como diria Paulo Freire.Nesse curso, discutimos sobre a Constituição Federal Brasileira de 1988, que 
garante a proteção jurídica e a integração social das pessoas com deficiência, 
beneficiando-as com direitos e ressaltando a importância da inclusão na escola regular. 
Como já ressaltei, esse processo não é simples e tem que ser compreendido enquanto 
inclusão e não mera integração do aluno com deficiência, tendo que ser abraçado por 
todos: aluno, família, escola e comunidade para que possa progredir e garantir o sucesso 
do desenvolvimento do aluno. 
Para tanto, o professor tem o direito e o dever de buscar formação adequada a 
fim de melhor atender o aluno, promovendo assim as adaptações pedagógicas 
necessárias e, realmente, permitir o processo de inclusão e socialização da pessoa com 
deficiência. Esses conhecimentos também favorecem ao professor e dão-lhe mais 
segurança com os outros alunos, permitindo que todos aprendam a viver juntos, na 
diferença. 
A formação do professor também acaba sendo primordial na medida em que 
pode ser a única fonte de informação das famílias e da comunidade, esclarecendo-os 
sobre os direitos da pessoa com deficiência que, muitas vezes, ‘contentam-se’ somente 
com o fato de estar na escola regular, pois é comum ouvir que “antigamente nem isso”. 
Precisam ter em mente que possuem direito a atendimento educacional especializado, 
acessos a serviços, recursos sociais em geral, etc. 
 
172 
Na medida em que conseguimos garantir uma boa orientação aos pais sobre as 
necessidades educacionais específicas do aluno, favorecemos o desenvolvimento de 
suas habilidades, aprendizagens e, principalmente, sua autonomia, cada qual tendo suas 
limitações respeitadas. Contudo, a formação do professor é elemento-chave, com 
respaldo e suportes necessários dos gestores e responsáveis pela educação especial. 
Cursos como esse possibilitam uma formação e, principalmente, informação aos 
professores. Torna-se um espaço de diálogo, interação e, muitas vezes, de desabafo, mas 
que nos leva a refletir sobre nosso papel que antes de tudo é político. Inclusão não é 
somente em relação ao espaço escolar, mas acerca do conhecimento. 
O módulo sobre Sexualidade me fez perceber o quanto ainda preciso aprender 
para melhorar minha prática. Responder ao questionário me levou a pensar sobre minha 
formação enquanto ser individual e coletivo, na família e na escola, o quanto ainda 
tenho de preconceitos e tabus que dificultam meu trabalho. Fez-me perceber que nunca 
tratei sobre o tema com meus alunos e das dificuldades que tenho. 
Também foi importante discutirmos sobre a adaptação curricular e as 
tecnologias assistivas, inerentes para um bom trabalho com crianças com necessidades 
especiais, mostrando-nos como ainda estamos longe de uma efetiva inclusão, mas no 
caminho. 
Sabemos que não é uma caminhada fácil, mas necessária para a construção de 
uma sociedade em que todos possam ter seus direitos respeitados, valorizados em sua 
singularidade e possam ter oportunidades de se transformar e transformar o ambiente 
em que vive. 
 
 
 
173 
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA: ÊNFASE EM EXEMPLIFICAÇÕES, 
SUGESTÕES DE TRABALHO E TEXTOS DE APOIO. 
 
Patrícia Bento de Souza Campos
52
 
 
O curso Educação Inclusiva foi de fundamental importância para minha 
formação profissional. Embora já tenha trabalhado com alunos com deficiência mental e 
realizado cursos e oficinas sobre a educação inclusiva, só agora pude me apropriar de 
teorias que, não só apontam as deficiências ou as dificuldades em relação à inclusão, 
mas exemplificam situações, apontam sugestões de trabalhos e materiais a serem 
utilizados. 
Ao realizar o questionário sobre Tecnologia Assistiva, percebi o quanto sou 
ignorante em relação ao assunto. Quantos materiais riquíssimos e quantos colegas de 
profissão, assim como eu desconhecem esses instrumentos. A ignorância e o 
desconhecimento nos paralisam e nos impedem de exigir do Estado materiais e recursos 
para educação inclusiva. Na minha escola, já tivemos alunos com deficiência que 
passaram por lá e não tiveram suas necessidades atendidas por falta de recursos e 
desconhecimento teóricos dos professores que se viram impotentes diante de algumas 
situações. 
Agora entendo que, para os alunos avançarem e desenvolverem comportamentos 
habilidosos, o professor também deve apresentar esses comportamentos. Tendo em 
vista, posturas tomadas em reuniões pedagógicas, muitas vezes, vazias de teoria e 
repletas de práticas descontextualizadas, percebemos que muitas habilidades sociais 
ainda nos faltam. 
Sou a favor da inclusão. Porém, sou a favor de grupos de estudos, debates e 
sugestões sobre este tema na escola; do trabalho coletivo; do aluno incluso, não como 
“propriedade daquele professor” que se sente cansado diante do trabalho solitário, mas, 
como aluno da escola que precisa ter suas necessidades educacionais atendidas e, para 
isso, toda a comunidade escolar se articula e trabalha. 
 
 
52
 Escola Municipal - São Gonçalo – RJ. 
 
174 
DIFÍCIL SIM! IMPOSSÍVEL NÃO: APRENDI A APRENDER VIVENCIANDO 
OS ENSINAMENTOS DAS PRÁTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS 
 
Patrícia Helena Martins
53
 
 
Quando penso no curso Práticas Educacionais Inclusivas em Deficiência 
Intelectual lembro-me da minha primeira gestação. Queria muito ficar grávida, queria 
muito fazer e quando chegou a comprovação de ambas, fiquei perdida. Que caminhos 
tomar, quais as medidas necessárias, o que fazer primeiro? Depois de tanta ansiedade, as 
coisas foram se acalmando e o caminho a ser traçado foi se delineando. 
Depois desse primeiro passo, muitas coisas aconteceram: enxoval, pré-natal, 
enjôos, tonturas, mal estar, alegrias, dúvidas, medos... No TelEduc: muitos textos, datas 
de entrega, entrevistas, vídeos, ansiedade, medo de não dar contar, observações, 
relatórios e dificuldade em participar de alguns bate-papos. 
Muitas alegrias vieram, também: o primeiro chute, a batimento do coração, o 
ultrassom. No TelEduc: o bate-papo muito proveitoso, a atenção da tutora e a troca de 
experiências com o demais integrantes do grupo. Durante os noves meses muito 
aprendizado... E, durante os cinco meses do TelEduc muito mais. 
No relatório Elasi, consegui refletir e repensar na Inclusão em vários aspectos 
que antes não pensava. Na entrevista feita com uma professora, perceber o quanto é 
difícil, no dia a dia, lidar com crianças com deficiência. 
No Módulo 2 estudamos o direito fundamental à proteção e a integração social 
da pessoa com deficiência à luz do texto constitucional. Ficou claro que o primeiro 
passo é ter conhecimento de todo o processo e, diante disso, ter uma participação com 
engajamento, ter ética, equidade, solidariedade e comprometimento com a inclusão. Ser 
responsável pelos sucessos e fracassos, buscando refletir sobre a ação e ter reflexão 
sobre a reflexão. 
A Ética é fundamental em todos os momentos de nossa vida. Nesse caso, para 
que o professor desempenhe seu relevante papel social na promoção de uma sociedade 
ética, é necessário que assuma compromissos profissionais básicos consigo mesmo, com 
a prática profissional, com seus colegas de profissão, com seus alunos, pais, 
comunidade e sociedade. Outro tema discutido foi a família. A importância do 
 
53
 EMEI “Creche Primavera” - MARILIA – SP. 
 
175 
relacionamento entre família e escola como promotoras do desenvolvimento das 
crianças e, entre elas, crianças com deficiência intelectual. 
No módulo 3 tratamos muitos conceitos que nos subsidiam, na decisão sobre 
qual o caminho a se tomar, quais os fundamentosteóricos, quais os preceitos. A teoria é 
necessária, mas o melhor momento foi a atuação, a observação das crianças, o estudo de 
possibilidades de trabalho. 
No módulo 4, o Questionário de habilidades sociais educativas para professores, 
considerei um momento muito esclarecedor, no decorrer do curso. Muitas vezes, não 
nos atentamos aos acontecimentos em sala de aula, na escola em relação à inclusão. 
No módulo 5, a sexualidade foi o tema mais difícil para mim, mas hoje posso 
dizer que vejo com outros olhos e até entendo muitas atitudes.Na atividade criatividade, 
novamente foi possível estudar, pesquisar , aplicar conhecimentos e ver resultados. 
Aprendi demais com os textos Tecnologia Assistida, não imaginava tantos recursos para 
se trabalhar com crianças incluídas, em diversas dimensões. 
Dentre tantas coisas, ter a possibilidade de atuar foi fundamental, pois teoria e 
prática andaram juntas, fizemos uma reflexão sobre a prática e muita reflexão sobre a 
reflexão. Conhecer, entender e refletir sobre as teorias do desenvolvimento auxilia no 
entendimento do papel da didática para a formação do professor e seu papel nas 
atividades de ensinar a aprender. Percebemos assim, quais os pressupostos implícitos ou 
explícitos que fundamentam a ação docente em situações de ensino-aprendizagem. É 
preciso saber o que está fazendo, o porquê e como deve ser feito. A fundamentação 
anda junto à prática. 
Outro fato que se assemelha... A sala de espera do consultório: cada gestante 
conta o que está acontecendo, encontra-se em períodos de gestação diferentes e mães 
com bebês recém-nascidos. Cada uma com uma experiência e algo a acrescentar. 
Vamos, agora, para a sala de bate-papo: pessoas de todos os lugares, com o 
mesmo interesse, com experiências diferentes e todas, acrescentando conhecimentos, 
todas querendo trocar ideias... São dois momentos ricos, com experiências diferentes. 
Muitas noites, durante a gravidez, passamos acordadas pensando no futuro e 
aqui, também, no curso pensando no texto, por exemplo, na questão da flexibilização 
curricular, na sistematização de ajustes educacionais no âmbito da metodologia, da 
avaliação pedagógica, da oferta dos objetivos de ensino e das expectativas de 
aprendizagem que promovam o acesso ao currículo proposto pela escola. 
 
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Nas observações que faço em sala de aula, percebo o empenho para que esta 
definição aconteça, sempre haverá algo que poderá ser feito que poderá ser repensado. 
Na educação infantil, a minha vivência mostra professoras preocupadas com 
avaliação, com resultados. Isto, porém, está mudando. Estamos começando a ver a 
criança com outro olhar, outras expectativas, principalmente, em relação à criança 
incluída. Na minha escola posso dizer que as crianças incluídas são felizes e sentem 
prazer em estar na escola. E isso é muito bom. 
O final da gestação chegando e o final do curso também. Sentia um friozinho na 
barriga. Estava acostumada, todos os dias com os chutes, com o jeito incômodo para 
dormir, a dor nas costas, a fome, entrar na Internet e ver novidades no TelEduc, ler o 
fórum de discussão, comentar a atividade dos amigos, esperar o bate-papo. 
Chega o grande dia do nascimento, o grande dia do final do curso. 
Muitos sentimentos misturados: satisfação, alegria, tristeza, medo, felicidade, 
outras angústias... O que fazer agora??? 
Levar este filho para o melhor caminho. Levar este curso para o resto da vida, ter 
uma postura diferente, agir diferente, fazer a diferença na vida de quem precisa. 
A educação inclusiva requer, num primeiro momento, mudanças de consciência 
e de atitudes; é preciso admitir que todos somos diferentes, é necessário aceitar que, de 
alguma maneira, essas diferenças podem se diluir na sociedade. Na realidade escolar, as 
diferenças saltam aos olhos porque os alunos são colocados em grupos; portanto, 
registra-se a imensa importância do professor, no sentido de valorizar essas diferenças 
de forma inclusiva, ultrapassando barreiras e criando novos caminhos. A nova era da 
educação traz consigo a necessidade de incluir todos, a diversidade, inclusive, o que se 
consolida como fator positivo e fonte de estimulação. Só a partir de então, 
desenvolvem-se nos alunos competências capazes de tornar os indivíduos flexíveis, pois 
ser inflexível é quase sinônimo da prática da exclusão. 
Um aspecto que não posso deixar de mencionar relaciona-se ao conhecimento 
adquirido no texto sobre Tecnologia Assistida. Esse conhecimento era muito reduzido 
sobre as possibilidades de trabalho e hoje está totalmente reformulado, contribuindo de 
modo positivo para: 
1. Auxílio para vida diária e vida prática. 
2. Comunicação suplementar e aumentativa. 
3. Recursos de acessibilidade ao computador. 
4. Sistema de controle do ambiente. 
 
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5. Projetos arquitetônicos para acessibilidade. 
6. Órteses e Próteses. 
7. Adequação Postural. 
8. Auxílio de mobilidade. 
9. Auxílios para cegos ou para pessoas com visão subnormal. 
10. Auxílios para pessoas com surdez ou com déficit auditivo. 
11. Adaptações em veículos. 
Sassaki (1999), fala da “inclusão social” como um novo paradigma, “o caminho 
ideal para se construir uma sociedade para todos e que por ele lutam para que possamos 
– juntos na diversidade humana – cumprir nossos deveres de cidadania e nos beneficiar 
dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e de desenvolvimento”. 
A inclusão implica na reformulação de políticas educacionais e de 
implementação de projetos educacionais do sentido excludente ao sentido inclusivo. 
Nenhum começo é fácil, tudo que é novo nos traz inseguranças, mas não 
podemos desistir nunca. 
 
 
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RENOVAÇÃO: PRÁTICA PARA UMA EDUCAÇÃO QUE ACREDITA NO 
VALOR DOS ALUNOS 
 
Valéria Regina Giambroni Neves Monaco Perin
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 A cada novo ano deparo-me com o desafio de pensar e refletir sobre o melhor 
caminho a seguir com meus alunos. Todo ano se inicia como uma folha em branco. 
Penso nos conteúdos, métodos, avaliações, adaptações e, comprometida com a 
educação, olho atenta para meus alunos e estabeleço metas a cumprir, durante o 
decorrer do ano. 
 E, assim, com ousadia, tento construir uma fórmula para elaborar atividades, 
adaptações, renovar o que já foi feito no ano anterior. Afinal, a cada momento, o 
conteúdo da vida e do mundo se renova e não há como fechar questão em se tratando de 
educação. Acredito no valor de meus alunos, no potencial escondido dentro de cada um, 
suas histórias de vida, suas individualidades, suas emoções envolvidas e que nem 
sempre são vistas com tanta facilidade. 
 Sou, atualmente, professora de Sala de Recursos Multifuncional que possui 
materiais pedagógicos e de acessibilidade para a prática do Atendimento Educacional 
Especializado, complementar ou suplementar à escolarização. A finalidade dessa sala é 
apoiar e atender os alunos com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e 
altas habilidades/ superdotação, matriculados nas classes comuns do ensino regular. A 
Secretaria de Educação Especial oferece equipamentos, mobiliários e materiais didático-
pedagógicos e de acessibilidade para a formação das salas de recursos multifuncionais 
de acordo com as necessidades apresentadas. 
 Estou atuando no Ensino Especial há vinte anos. Lecionei por 13 anos como 
professora de Classe Especial com crianças com deficiência mental. Muitas dessas 
crianças eram “jogadas” nas classes especiais por apresentarem problemas de 
comportamento, aprendizagem e outros comprometimentos, mas nem sempre eram 
realmente deficientes. Nessa ocasião, acreditava que esse atendimento era o melhor para 
esses alunos, uma vez que no ensino regular

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