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Capitalização e Taxas Unidade 1 Matemática Financeira Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial ALESSANDRAVANESSA FERREIRA DOS SANTOS Projeto Gráco TIAGO DA ROCHA Autoria RAFAELA RODRIGUES OLIVEIRA AMARO KÁTIA GISELLE ALBERTO BASTOS AUTORIA Rafaela Rodrigues Oliveira Amaro Olá! Sou licenciada em Matemática e Especialista em Metodologia do Ensino de Matemática com ampla experiência docente nas esferas do ensino fundamental, médio e superior. Sou apaixonada pelo que faço, pela matemática e adoro lecionar e transmitir sobre essa disciplina fascinante. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! Kátia Giselle Alberto Bastos Olá! Sou licenciada em Matemática e Especialista em Metodologia do Ensino de Matemática com ampla experiência docente nas esferas do ensino fundamental e médio. Além deste trabalho, tenho experiência como docente de cursos de formação de professores em Educação Matemática. ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de apresentar um novo conceito; NOTA: quando necessárias observações ou complementações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBAMAIS: textos, referências bibliográcas e links para aprofundamento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a necessidade de chamar a atenção sobre algo a ser refetido ou discutido; ACESSE: se for preciso acessar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de autoaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando uma competência for concluída e questões forem explicadas; SUMÁRIO Capitalização Simples ...............................................................................12 Juros e Montante Simples ........................................................................................................ 12 Juros Exatos, Ordinários e Bancários................................................................................23 Capitalização Composta .......................................................................... 26 Juros e Montante Composto ..................................................................................................26 Diferença Entre os Regimes de Capitalização...........................................................32 Homogeneidade Entre Taxa e Tempo .............................................................................35 Taxas ..................................................................................................................37 Taxa Proporcional e Taxa Equivalente..............................................................................37 Taxa Nominal e Taxa Efetiva ....................................................................................................44 Fluxo de Caixa e Equivalência Financeira .........................................53 Fluxo de Caixa ...................................................................................................................................53 Equivalência Financeira..............................................................................................................54 7 UNIDADE 01 Matemática Financeira 8 INTRODUÇÃO Caro aluno, imagine-se em uma reunião empresarial, em que serão discutidos diversos assuntos pertinentes a realidade empresarial. Por isso, deve-se adotar uma linguagem nanceira especíca para tal situação. Bem, neste cenário, torna-se necessário a sua efetiva compreensão acerca dos diversos termos e conceitos que são triviais no universo empresarial, como juros, taxa de juros, capitalização simples e composta, fuxo de caixa, que necessitam de um claro entendimento e interpretação no contexto empresarial. E a partir desta necessidade, essa primeira unidade se apresenta como uma base sólida para compreender o mundo em que se situa a Matemática Financeira. Os principais fundamentos da Matemática Financeira, que subsidiarão o desenvolvimento de conceitos mais complexos serão abordados nessa unidade inicial, de modo a facilitar e viabilizar o desenvolvimento deste curso. Bons estudos! Matemática Financeira 9 OBJETIVOS Olá! Seja muito bem-vindo à Unidade 1 – Capitalização e Taxas. Nosso objetivo é auxiliar você no atingimento dos seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Compreender o regime de capitalização simples e os elementos que o constitui. 2. Denir o regime de capitalização composto e os itens que o elabora, diferenciando-o da capitalização simples. 3. Dierenciar os tipos de taxas mais utilizadas no mercado nanceiro. 4. Denir equivalência nanceira e fuxo de caixa apresentando suas aplicações. Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Vamos juntos adentrar em um mundo interessante e muito útil para nossa vida nanceira! Ao trabalho! Avante, caro(a) aluno(a)! Matemática Financeira 10 Capitalização Simples OBJETIVO: Ao nal deste capítulo você será capaz de compreender os conceitos relacionados a capitalização simples e aos seus componentes: capital, montante, taxa de juros e período. Além disso, seremos apresentados às denições de juros exatos, ordinários e bancários. Então vamos lá. Avante!. Juros e Montante Simples Com certeza, em algum momento da vida acadêmica ou social, você já se deparou com notícias como estas: “Adquira seu carro com uma pequena entrada e parcele o restante sem juros”. “Juros menores possibilitam aumento na compra de imóveis”. “Juros fecham em queda, com alívio do câmbio e melhora na percepção geopolítica”. “Juros do cartão de crédito e cheque especial sobem no mês de novembro”. “Cheque especial agora com juros limitados”. Provavelmente, sua resposta será sim! Mais comum do que imaginamos, reconhecemos que as situações relacionadas a juros estão intimamente conectadas às diversas situações que permeiam a dinâmica de nosso cotidiano, uma vez que essa representação matemática é muito recorrente para indicar dierentes operações nanceiras. Para iniciarmos nossa jornada deniremos juro. Matemática Financeira 11 DEFINIÇÃO: O juro é a remuneração do capital (CASTANHEIRA E MACEDO, 2013). O conceito de juro mais trivial é o descrito anteriormente, mas, ainda conforme os mesmos autores, outras proposições mais populares também caracterizam juros: • Quantia paga pelo uso do dinheiro emprestado, isto é, custo do capital de terceiros colocados à nossa disposição. • Recompensa do capital agregado em atividades produtivas. • Remuneração paga pelas instituições nanceiras a partir do capital nelas aplicado. • Remuneração do capital emprestado, ou seja, aluguel pago pela utilização do dinheiro. VOCÊ SABIA? A ideia de juros é antiga em nossa sociedade, os primeiros registros são identicados quando os juros eram remunerados por sementes entre os agricultores e pagos após a colheita; era comum essa prática de remunerar por emprestar determinados produtos e/ou serviços entre suas transações comerciais. A maneira na qual os juros são incorporados permitem sua categorização, desta maneira, ele pode ser classicado como simples ou composto. O juro simples caracteriza-se como uma modalidade na qual os juros incidem sobre o capital inicial. Mas e a capitalização simples? O que é? Onde este conceito se atrela ao de juros? Essencialmente, capitalizar associa-se à ideia de juntar, agregar, acumular e, na Matemática Financeira, essa concepçãose mantém Matemática Financeira 12 agregada a outros conceitos. Assim, a capitalização simples é denida como: DEFINIÇÃO: Regime de capitalização em que se utilizam os juros simples (CASTANHEIRA E MACEDO, 2013). Logo, na capitalização simples, para cada período temos a mesma taxa de juros calculada sob o mesmo capital, desta maneira é possível ter uma previsão de seu total multiplicando o total de juros por intervalo pelo total de intervalos. Destaca-se que na determinação dos juros simples, a curva do capital é linear, ou seja, é gerado uma função linear na qual cada adicional de juros é associada diretamente ao valor que inicialmente é investido. Ainda Castanheira e Macedo (2013) enatizam que o juro é sempre obtido intermediado por uma taxa de juros que é incidida sobre o capital. Essa medida se relaciona a uma unidade de tempo, que pode ser diária, mensal, semestral ou anual. As taxas mais comuns no universo nanceiro são: • a.d. - ao dia. • a.m. - ao mês. • a.b. - ao bimestre. • a.t. - ao trimestre. • a.q. - ao quadrimestre. • a.s. - ao semestre. • a.n. - ao ano. Matemática Financeira 13 Como exemplo de utilização dessas taxas, admita uma taxa de 134% a.s., na prática qual seu signicado. Ora, basicamente essa taxa produzirá juros de 134% a cada semestre, isto é, seis meses. E uma taxa de 0,14% a.d.? Essa indica que a remuneração do capital emprestado é diária, por isso os juros são obtidos diariamente gerenciados por uma taxa de 0,14%. Os juros são regidos por taxas em porcentagem, que geralmente são prexados por índices determinados pelo governo ou interligados a políticas nanceiras; tais operações permitem o reajuste de preços de diversos produtos de maneira geral e/ou aplicações nanceiras (ASSAF NETO, 2012). Daí a tamanha importância destes índices. REFLITA: Constantemente associamos juros a uma ideia pejorativa, mas por quê? Existem duas acetas deste conceito, anal, os juros podem agregar ou depreciar nossa vida nanceira, uma vez que essa operação pode acelerar o crescimento de uma renda ou bem, assim como atrapalhar, a partir do momento em que se adquire. Mas por que a prática de juros? Qual a necessidade da admissão deste quantitativo nas operações nanceiras? Basicamente, de acordo com Assa Neto (2012), as taxas de juros são ecientes de maneira a remunerar: • O risco inerente a operação (empréstimo ou aplicação), indicado pela incerteza em relação ao futuro. • A diminuição de compra do capital impulsionada pela infação, uma vez que este fator corrói o capital, diminuindo a capacidade de compra de posse do mesmo montante. • O capital aplicado e/ou emprestado, os juros devem agregar lucro ao proprietário do capital de maneira a compensar a privação do uso capital emprestado durante certo período de tempo. Matemática Financeira 14 SAIBAMAIS: Existe uma legislação que orienta a utilização dos juros em operações nanceiras, a Lei n.º 8.078 de 1990 do Código de Defesa do Consumidor. Esta Lei institui a maneira na qual a aplicação dos juros deve ser denida em um contrato entre as partes envolvidas. Para aprofundarmos nos cálculos e relações neste contexto de Matemática Financeira deniremos alguns termos comumente utilizados. Vamos lá? O capital é indicado por C e possui outros signicados, como valor presente ou valor atual e pode ser descrito como: DEFINIÇÃO: O capital refere-se a qualquer valor expresso na moeda corrente de uma nação e disponível para operações nanceiras (CASTANHEIRA E MACEDO, 2013). Este quantitativo émuito importante no contexto nanceiro, uma vez que, fundamentado nele, a proporção de lucro ou prejuízo será calculada. Outro componente importante nos cálculos nanceiros é o montante que é caracterizado por: DEFINIÇÃO: Montante é o resultado entre o somatório entre o capital e os juros, correspondendo a um quantitativo capitalizado após determinado período. Taxa de juros é um percentual que se aplica sobre o capital durante certo período. Matemática Financeira 15 Outro fator importante na relação com o dinheiro é o tempo, pois é baseado nele que é possível estabelecer relações nanceiras, basicamente ele é denido como: DEFINIÇÃO: Período é o tempo que o quantitativo nanceiro estará submetido a determinada taxa de juros. A partir de agora, embasados em todos esses conceitos, será possível determinar uma relação que permite o cálculo dos juros simples; que basicamente depende de três fatores, como apresentado na Figura 1: Figura 1 – Composição dos juros Capital JurosTaxa de juros Período Fonte: Elaborado pelas autoras (2022). Assim, a fórmula que possibilita o cálculo dos juros simples é dada por: FÓRMULA: J=C .i. (1) Ainda neste contexto de juros simples, existem relações especícas para a determinação do montante e do capital envolvido em diversas operações nanceiras. FÓRMULA: M=C ( 1+i.n) (2) FÓRMULA: M=C+J (3) Matemática Financeira 16 Perceba que as órmulas são equações polinomiais de 1.º grau, que gracamente, são representadas por retas que possuem como característica a permanência do mesmo coeciente angular ou a inclinação da reta tangente. Este fato demonstra que, a cada período, os juros são os mesmos e sempre acrescentados ao capital inicial aplicado a certo investimento. É de suma importância enfatizar que todas as fórmulas apresentadas anteriormente podem ser reescritas substituindo o capital pelo termo Valor presente (PV = present value) e o montante por Valor Futuro (FV = future value), estes termos são muito utilizados na linguagem nanceira e suas abreviações PV e FV representam teclas contidas na calculadora nanceira HP–12C. Então as fórmulas serão reescritas da seguinte forma: FÓRMULA: FV=PV(1+i.n) (4) FÓRMULA: FV=PV+J (5) Grande parte dos cálculos inerentes ao mercado nanceiro podem ser eitos auxiliados por uma calculadora nanceira; a mais utilizada é a HP – 12C, na qual o valor uturo é representado pela tecla FV (future value), pois representam as iniciais das expressões em inglês. É necessário enfatizar que a dinâmica de entrada de valores na calculadora HP -12C é dierente das calculadoras tradicionais, por isso, sugiro a você, aluno(a), a leitura de alguns manuais para facilitar seu uso. ACESSE: No site da fabricante HP há disponível um manual de utilização da calculadora HP-12C, que pode ser acessado aqui. Matemática Financeira 17 Vamos, agora, exercitar estas relações que embasam os cálculos dos juros simples? Lembrando que as fórmulas se diferenciam devido aos elementos que as compõem, logo, a escolha de utilização dependerá do contexto do problema a ser solucionado. Em toda resolução será apresentado aversão algébrica e outra com base na calculadora HP-12C. Vamos lá! EXEMPLO: Patrícia emprestou, durante um semestre, a quantia de R$10.000,00 a uma taxa de 2,5% a.m. (ao mês). De quanto serão os juros obtidos neste período? Sempre iniciaremos a resolução de um exercício destacando as informações contidas no enunciado, logo: n=6 i=2,5%= 2,5/100=0,025 C=10 000 J=? Observe que o período oi denido como seis em reerência a um semestre, porque a taxa de juros é mensal. A taxa de juros sempre deve ser transformada para sua forma decimal, isto é, deve-se encontrar seu número decimal correspondente e para isso, basta dividir o valor informado por 100. Como foi solicitado o cálculo dos juros neste período, basta substituirmos as informações recolhidas anteriormente e aplicá-las na relação: J=C.i.n J=10.000 .0,025 .6 J=1.500,00 Matemática Financeira 18 Solução na Calculadora HP-12C 10000 CHS PV 2,5 i 6 n FV Assim, o valor acumulado após seis meses equivale a R$11.500,00; agora, deste basta retirar o capital inicial, ou seja, o PV, logo, será R$11.500,00 menos R$10.000,00 = R$1.500,00. Para elucidar com mais propriedade a resolução deste exercício, é possível elaborar uma planilha eletrônica ou quadro para a determinação deste juro mensal até a conclusão de seutotal semestral. Observe o Quadro 1 com os valores respectivos a este exercício. Quadro 1 - Capitalização simples Período Capital Juros Total Parcial Montante 1 10.000 10.000 . 0,025 . 1 = 250 10.000 10.250 2 10.000 10.000 . 0,025 . 1 = 250 10.250 10.500 3 10.000 10.000 . 0,025 . 1 = 250 10.500 10.750 4 10.000 10.000 . 0,025 . 1 = 250 10.750 11.000 5 10.000 10.000 . 0,025 . 1 = 250 11.000 11.250 6 10.000 10.000 . 0,025 . 1 = 250 11.250 11.500 Fonte: Elaborado pelas autoras (2022). Observe que o total parcial se refere ao início do período, enquanto o total é obtido ao nal do período e atente-se ao ato de que o valor encontrado de juros nessa modalidade, é sempre o mesmo, pois, a base de reerência para o cálculo não se modica no decorrer do tempo. Observe essa característica na representação gráca da Figura 2. Matemática Financeira 19 Figura 2 - Capitalização simples Fonte: Elaborado pelas autoras (2022). VOCÊ SABIA? Na Matemática Financeira existe o ano civil e o ano comercial, que se diferenciam quanto à quantidade de dias contabilizados; o ano civil é constituído por 365 dias ou 366 dias e o ano comercial é formado por 360 dias. EXEMPLO: A quantia de R$12.000,00 foi gerada a partir de um capital de R$ 3.000,00 aplicado a juros simples de 5% ao mês. Qual foi o período desta operação nanceira? Informações do problema: M ou FV=12 000 C ou PV=3 000 i=5%= 5/100=0,05 n=? Matemática Financeira 20 Logo: M=C (1+i.n) → FV=PV (1+i.n) 12 000 = 3 000(1+0,05n) 12 000 = 1+0,05n 3 000 4-1 = 0,05n n = 3 = 60 0,05 Assim, o período necessário para se obter tal montante foi de 60 meses. Solução na calculadora HP-12C 3000 CHS PV 12000 FV 5 i n EXEMPLO: Uma empresa aplicou R$10.000,00 e recebeu, após 7 anos, um montante de R$28.500,00. Qual oi a taxa de juros simples incidida nessa transação? Informações do problema: • M ou FV = 28.500 • C ou PV = 10.000 • n = 7 anos • i =? Logo: M = C (1+i.n)→ FV = PV (1+i.n) 28 500 = 10 000 (1+i.7) 28 500 = (1+7i) 10 000) 2,85 = 1+7i 2,85-1 = 7i i=1,85 ≅ 0,2643 ≅ 26,43 a.a. 7 Matemática Financeira 21 Solução na calculadora HP-12C 10000 PV Enter 28500 FV ∆% 7 ÷ Juros Exatos, Ordinários e Bancários Os Juros, como já aprendemos, correspondem, resumidamente, a um “aluguel” pago pela utilização de certa quantia. Esse valor pode ser adicionado ou retirado da quantidade inicial, variando conforme a modalidade adotada. No entanto, a base de cálculo referente ao período estabelecido o diferencia, pois, se calculado em 40 dias será obtido um valor, já alterado para 41 dias será outro. Em decorrência dessa diferenciação, assim conheceremos com mais detalhes sobre os juros exatos, ordinários e bancários. Os juros exatos são descritos por: DEFINIÇÃO: Modalidade de juros em que se adota a quantidade exata de dias que compõem um ano civil. Pode variar entre 365 dias e 366 dias, caso o ano seja bissexto (ASSAF NETO, 2012). Matemática Financeira 22 Os juros ordinários são: DEFINIÇÃO: Os juros que utilizam como referência o ano comercial, isto é, consideram que todos os meses são compostos por 30 dias e, por consequência, o ano que é constituído por doze destes, possui 360 dias (CASTANHEIRA E MACEDO, 2013). Já em relação aos juros bancários, a denição é: DEFINIÇÃO: Juros que utilizam como referência a quantidade exata que compõe cada mês, ou seja, 28,29, 30 ou 31 dias; assim, o ano possui 360 dias, assim como o comercial (ASSAF NETO, 2012). VOCÊ SABIA? Que o comitê de Política Monetária (COPOM) órgão coordenado por diretores e presidente do Banco Central determina o valor da taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custodia). Este indicativo é que possibilita analisar a infação, uma vez que, quanto maior or a taxa Selic, menor é a infação, em contrapartida se ela diminuir, a infação sobe. Matemática Financeira 23 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido sobre o regime de capitalização simples, que utiliza os juros simples e recebe o nome de capitalização simples. Nesta dinâmica, é necessário estabelecer uma taxa de juros, um período, assim como o capital e o montante que também podem ser chamados de valor presente e valor futuro, respectivamente. É necessário destacar que o cálculo da taxa, na modalidade simples, é um valor constante, por isso, não se altera no período estabelecido. Também aprendemos sobre juros que podem ser exatos, ordinários, ou bancários, sendo o período que compõe um ano, 360 ou 365 dias, a diferença básica entre cada categoria. Matemática Financeira 24 Capitalização Composta OBJETIVO: Ao nal deste capítulo, espera-se que você seja capaz de conhecer sobre a capitalização composta, identicando a maneira na qual os juros são capitalizados e, por m, será possível diferenciar o regime de capitalização composta do regime de capitalização simples. . Juros e Montante Composto Uma vez que o regime de capitalização não é simples, ele se torna composto e sua característica mais marcante está no fato da reincidência de juros sob o capital, assim, quando determinado valor já está interligado a uma parcela de juros é incidindomais uma vez essa taxa de juros, porém, sobre o total acumulado. DEFINIÇÃO: Capitalização composta é um regime que adota a taxa de juros composta, isto é, o juro produzido em determinado tempo será acrescido ao valor produzido pelo capital, passando ambos, juro e capital a render juro no próximo período. Nesta dinâmica nanceira, a cada intervalo em que o juro é agregado ao valor que o gerou é chamado de período de capitalização (ASSAF NETO, 2012). Ao realizar um empréstimo, uma compra a prazo, nanciamento de imóvel ou automóvel em certa instituição nanceira, sempre estamos pagando por juros, e na grande maioria das vezes, esse juro é composto. Na capitalização composta, os juros detêm da mesma concepção que na capitalização simples, o que basicamente diferencia os juros simples é o capital, que a cada período é alterado, pois a cada término de um período de capitalização é obtido um montante ou valor uturo (FV) Matemática Financeira 25 parcial, assim, as relações que permitem a utilização dos juros compostos são dadas por: FÓRMULA: M=C+J ou FV=PV+J (6) FÓRMULA: M=C(1+i)n ou FV=PV(1+i)n (7) FÓRMULA: J=C[(1+i)n-1] ou J=PV[(1+i)n-1] (8) Vale lembrar que, como destacado na Figura 2, na linguagem nanceira utilizamos as seguintes denominações: Figura 3 -Termos utilizados na Matemática Financeira PV FV • Valor presente • Capital • Valor futuro • Montante Fonte: Elaborado pelas autoras (2022). Ter conhecimento desta linguagem facilita manipular calculadoras nanceiras, assim como interpretar os resultados obtidos. Vamos praticar? Resolveremos juntos alguns exercícios e será apresentada a resolução algebricamente intermediada por cálculos matemáticos e na linguagem para utilizar a calculadora HP-12C. Exemplo: Qualomontante produzido porumcapital de R$10.000,00, a uma taxa de 2,5% a.m. durante seis meses? Retirando as informações do enunciado: n=6 i=2,5%=2,5=0,025 100 C=10 000 M=? Matemática Financeira 26 Assim, substituindo as informações nas relações apresentadas, encontramos: M=C(1+i)n ou FV=PV(1+i)n M=10 000(1+0,025)6 M=11.596,93 Solução na calculadora HP-12C 10000 CHS PV 2,5 i 6 n FV = 11.596,93 Para você, caro(a) aluno(a), compreender melhor a dinâmica da capitalização composta foi elaborado o Quadro 2, de maneira a acompanhar como os juros compostos funcionam. Quadro 2 - Capitalização composta Período Capital Juros Montante 1 10.000 10.000(1+0,025)1=250 10.250 2 10.250 10.250(1+0,025)1=256,25 10.506,25 3 10.506,25 10.506,25(1+0,025)1=262,66 10.768,91 4 10.768,91 10.768,91(1+0,025)1=269,22 11.038,13 5 11.038,13 11.038,13(1+0,025)1=275,95 11.314,08 6 11.314,08 11.314,08(1+0,025)1=282,85 11.596,93Fonte: Elaborado pelas autoras (2022). Observe que o capital no qual incide a taxa de juros a cada período é sempre alterado, por isso essa modalidade é reconhecida como juros sob juros. Matemática Financeira 27 EXPLICANDO MELHOR: Utilizaremos em nossos cálculos sempre duas casas decimais nos cálculos necessários em virtude do Sistema Monetário Brasileiro, é necessário relembrar as regras de arredondamento que instituem que para arredondar a segunda casa após a virgula, é necessário observar o número que ocupa a terceira casa decimal. Se este valor for igual ou menor que cinco, este último algarismo será mantido, caso contrário, acrescenta-se uma unidade ao algarismo que ocupa a segunda casa após a virgula. Figura 4 - Capitalização composta Fonte Elaborado pelas autoras (2022). EXEMPLO: Uma poupança oi criada com a entrada de R$20.000,00 e cou capitalizando emumperíodo de 12 anos.Após esse tempo, foi comunicado ao cliente detentor dessa conta que o valor presente era de R$32.000,00. Logo, qual a taxa de juros compostos aplicado a esse capital? Matemática Financeira 28 As informações do enunciado são: n=12 i=? C=PV=20 000 M=FV=32 000 Assim, substituindo as informações nas relações apresentadas, encontramos: M=C(1+i)n ou FV=PV(1+i)n 32 000=20 000(1+i)12 32 000 = (1+i)12 20 000 1,6=(1+i)12 √1,6)= √(1+i)1212 12 1,04=1+i 1,04-1=i→i=0,04=4% Solução na calculadora HP-12C 20000 CHS PV 32000 FV 12 n i EXEMPLO: Uma poupança foi aberta com um saldo de R$23.400,00 e após determinado período sob uma taxa de juros composto de 1,2% ao mês foi obtido um montante de R$29.150,00. Determine o período: Matemática Financeira 29 As informações do enunciado são: C=PV=23 400 M=FV=29 150 i=1,2%=0,012 n=? Assim, alterando as informações nas fórmulas apresentadas, encontramos: M=C(1+i)n ou FV=PV(1+i)n 29 150=23 400(1+0,012)n 29 150 = (1,012)n 23 400 1,2457=(1,012)n log1,2457=log(1,012)n log1,2457=n.log1,012 n=log1,245 ≅ 19 meses log1,012 Solução na calculadora HP-12C 23400 CHS PV 29150 FV 1,2 i n Compare que o cálculo realizado na calculadora nanceira HP – 12C é bem mais rápido e não demanda de manipulações algébricas como no cálculo tradicional, no entanto, é necessário conhecimento prévio de sua dinâmica de funcionamento. Matemática Financeira 30 Diferença Entre os Regimes de Capitalização A capitalização é o espaço de tempo em que a aplicação gera os juros contratados. Desta maneira, um período de três anos e os juros capitalizados semestralmente produz seis períodos de capitalização, no entanto, a maneira na qual o valor presente é determinado, adicionado aos juros obtidos ou não, é que permite categorizá-lo em simples ou compostos (ASSAF NETO, 2012). O regime de capitalização simples e o composto se diferenciam quanto a modalidade que cada um adota ao capitalizar os juros, assim, a capitalização simples se enquadra em um modelo linear, pois, a cada período acrescenta a mesma parcela de juros, enquanto a capitalização composta obedece a um estereótipo exponencial, caracterizado por acrescentar sempre ao valor presente uma parcela corrigida a partir do montante anterior. Gracamente, a distinção entre essas duas modalidades de capitalização pode ser observada por meio do Gráco 3, que apresenta ambos em um mesmo plano cartesiano. Figura 5 – Comportamento da capitalização simples e composta Capitalização composta (exponencial) $ 150.000 140.000 130.000 120.000 110.000 100.000 Tempo (ano) Capitalização simples (linear) Fonte: Assa Neto (2012). Matemática Financeira 31 Observe no gráco que a inclinação da curva da capitalização composta é bem mais inclinada em relação à capitalização simples; essa dierença refete diretamente no juro obtido nas relações nanceiras. EXEMPLO: Suponha que você tenha R$100.000,00 e o aplique em determinado investimento regido por uma taxa de juros de 0,75% a.m., durante um ano. Qual o montante gerado? Informações do problema: n=12 i=0,75%=0,75= 0,0075 100 C=PV=100 000 M=FV= ? a. Capitalização simples: M=C(1+i.n) ou FV=PV(1+i.n) M=100 000(1+0,0075.12) M=109.000,00 Solução na calculadora HP-12C 100000 CHS PV 12 n 0,75 i FV = 109.000,00 A calculadora HP-12C calcula juros simples com base em um período que pode ser de 360 ou 365 dias. Além disso, com o juro acumulado no visor, a quantia total pode ser calculada (principal somado ao juro acumulado) pressionando +. Assim, para calcular os juros em um período de 360 ou 365 dias é necessário: • Digitar ou calcular o número de dias e pressionar n. Matemática Financeira 32 • Digitara taxa de juros anual e pressionar i. • Digitar a quantia do principal e pressionar CHS PV. • Pressione: • f INT para calcular e exibir o juro acumulado em 360 dias. • f INT para calcular e exibir o juro acumulado em 365 dias. Pressione + para calcular o total do principal e o juro acumulado agora no visor. Lembrando que os valores de n, i e PV podem ser inseridos em qualquer ordem. b. Capitalização composta: M=C(1+i)n ou FV=PV(1+i)n M=100 000(1+0,0075)12 M=109.380,69 Solução na calculadora HP-12C 100000 CHS PV 12 n 0,75 i FV = 109.938,69 Se atente ao fato de que no período de um ano houve uma diferença de= R$938,69 e R$ 109.380,69 menos R$109.000,00 = R$380,69). Muita, não é mesmo?! Agora imagine esse incremento em transações realizadas em 10, 20, 30 anos? Aumenta ainda mais, não é mesmo? Por isso, o juro composto é muito utilizado nas transações mais comuns no mercado nanceiro. Matemática Financeira 33 Homogeneidade entre Taxa e Tempo Em transações nanceiras, sempre o período (n) deve estar condizente com a unidade de tempo (dias, meses e anos) em que oi estabelecida a taxa de juros. Lembrando que: • O ano civil equivale a 365 dias. • O ano comercial é igual a 360 dias. • O mês comercial compreende 30 dias. É comum estar incidido em um empréstimo, por exemplo, uma taxa de juros capitalizada anualmente, mas um cliente quer contratá-lo em um período de meses, por isso, a importância de realizar a transformação de uma taxa para outra. Vamos entender na prática como ocorre esse processo de transormação? Avante, caro aluno(a)! Exemplo: Determine a equivalência de uma taxa de juros de 16% anual para: a. Taxa diária. b. Taxa mensal. c. Taxa bimestral. d. Taxa semestral. Para obter tais transformações, basta realizar a divisão da taxa anual indicada pelo período em que se almeja a transformação, logo: Matemática Financeira 34 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe foi apresentado nesta unidade? Aprendeu mesmo tudo sobre este conteúdo? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos! Vamos lá? Você conheceu commais propriedade sobre a dinâmica da capitalização composta, isto é, sobre os juros compostos, modalidade na qual a taxa de juros é calculada sobre o montante obtido anteriormente; observe que em ambas as modalidades de capitalização é necessário estabelecer uma taxa de juros, um período, assim como o capital e o montante. A principal diferença entre o juro simples e composto consiste no valor no qual se incide o cálculo da taxa. Na modalidade simples, esse valor é constante, já na modalidade composta, esse número sempre aumenta e é variável. Também aprendemos que, em várias transações nanceiras, é necessário que o período seja igual à unidade de tempo (dias, meses e anos) em que se é capitalizada a taxa de juros, representando a homogeneidade entre taxa e tempo. Matemática Financeira 35 Taxas OBJETIVO: Ao nal deste capítulo, é esperado que você compreenda sobre taxas de juros e as operações possíveis de serem executadas com ela, identicando o tipo de manipulação mais condizente com o regime de capitalização estabelecido. Já estudamos o conceito e aplicação as taxas neste contexto nanceiro, agora será necessário conhecer um pouco mais sobre esse índice, assim como diferenciá- las. Então,iniciaremos este conteúdo apresentando as técnicas para conversão de taxas quanto ao seu período de capitalização: taxa proporcional e taxa equivalente.. Taxa Proporcional e Taxa Equivalente Taxa proporcional e equivalente possuem a mesma função, que basicamente consiste em transformar uma taxa que capitaliza os juros perante certo período para outro. A grande diferença entre ambas consiste na categoria de juros; assim, a taxa proporcional é aplicada aos juros simples, enquanto a taxa equivalente se relaciona aos juros compostos. Veja na Figura 6 essa distinção. Figura 6 – Organograma sobre a classicação de taxas conorme o tipo de juros Taxas Taxa Proporcional Taxa Equivalente Juros Simples Juros Compostos Fonte: Elaborado pelas autoras (2022). Matemática Financeira 36 DEFINIÇÃO: Denominam-se as duas taxas como proporcionais quando promovem a igualdade dos montantes de um mesmo capital ao término de determinado período, isto é, a razão entre elas é igual a razão entre os respectivos períodos (ASSAF NETO, 2012). Matematicamente, isso corresponde à denição que será apresentada a seguir: DEFINIÇÃO: Por meio da propriedade fundamental da proporção, o produto dos meios é igual ao produto dos extremos, ou seja: FÓRMULA: i1.n2=i2.n1 (9) Uma vez considerando: i1 e i2=taxas de juros n1 e n2=períodos EXEMPLO: Admitindo uma taxa anual igual a 45%, determine esse índice proporcional a: a. Mensal. b. Trimestral. c. Semestral. d. Diária. Matemática Financeira 37 Para solucionar esse exercício, inicialmente basta substituir as informações na relação apresentada anteriormente: a. Mensal: Como a taxa de juros de 45% informada é anual e este período é constituído por 12 meses, logo: i1=0,45 e n1=12 i2= ? e n2=1 Assim: 12 i1.n2=i2.n1 → 0,45 .1=i2.12→ i2= 0,45 =0,0375=3,75% a.m. b. Trimestral: Como a taxa de juros de 45% informada é anual e este período é constituído por 4 trimestres, logo: i1=0,45 e n1=4 i2= ? e n2=1 Assim: 4 i1.n2=i2.n1 → 0,45 .1 = i2 .4→ i2= 0,45 = 0,1125=11,25% a.t. c. Semestral: Como a taxa de juros de 45% informada é anual e este período é constituído por 2 semestres, logo: i1=0,45 e n1= 2 i2= ? e n2= 1 Assim: 2 i1.n2=i2.n1 → 0,45 .1=i2 .2→ i2= 0,45 = 0,225=22,5% a.s. Matemática Financeira 38 d. Diária: Como a taxa de juros de 45% informada é anual e este período é constituído por 360 dias, logo: i1=0,45 e n1= 360 i2= ? e n2= 1 Assim: 360 i1.n2=i2.n1 → 0,45 .1 = i2 .360→ i2= 0,45→ i2= 0,1125→ i2 = 0,125% a.d. Agora, de volta ao contexto da capitalização composta, conheceremos mais sobre as taxas equivalentes, assim como as técnicas admissíveis de serem utilizadas. Vamos lá? Assa Neto (2012) declara que as taxas equivalentes são descritas da seguinte forma: DEFINIÇÃO: Duas taxas são denominadas equivalentes, se quando aplicadas a juros compostos e considerando um mesmo capital, produzem um mesmo valor de montante (ASSAF NETO, 2012). Existe uma relaçãomatemática especíca que possibilita determinar essa equivalência, dada por: FÓRMULA: (1+i1 )n1 = (1+i2 )n2 (10) Em que: i1 e i2=taxas de juros n1 e n2=períodos Matemática Financeira 39 Mas, em quais situações devo utilizar de tais relações? É o que veremos na prática nos exemplos a seguir: EXEMPLO: Qual a taxa bimestral, semestral e anual equivalente a taxa mensal de 3%? Para solucionar esse problema, utilizaremos como referência um bimestre como 2 meses ou 60 dias, um semestre com 6 meses ou 180 dias e um ano como 12 meses ou 360 dias. • Bimestral: i1 (taxa bimestral) = ? , n1= 1 , i2= 3% a.m , n2= 2 (1+i1) n1 = (1+i2) n2 (1+i1) 1 = (1+0,03)2 (1+i1) 1 = (1,03)2 1+i1 = 1,0609 i1 = 1,0609-1 i1 = 0,0609 ≅ 6,1% a.b. Solução na calculadora HP-12C 1 ENTER 0,03+ 60 ENTER 30 ÷ yx 1 - 100 X Matemática Financeira 40 Logo, uma taxa de juros compostos de 3% mensal equivale a uma taxa bimestral de 6,1%. • Semestral: i1 (taxa semestral) = ? , n1= 1 , i2= 3% a.m , n2= 6 (1+i1) n1 = (1+i2) n2 (1+i1) 1 = (1+0,03)6 (1+i1) 1 = (1,03)6 1+i1 = 1,1941 i1 = 1,1941-1 i1 = 0,1941 ≅ 19,41% a.s Solução na calculadora HP-12C 1 ENTER 0,03 + 180 ENTER 30 ÷ yx 1 - 100 X Logo, uma taxa de juros compostos de 3% mensal, equivale a uma taxa semestral de 6,1%. • Anual: i1 (taxa anual) = ? , n1 = 1 , i2 = 3% a.m , n2 = 12 (1+i1)n1 = (1+i2)n2 (1+i1) 1 = (1+0,03)12 (1+i1) 1 = (1,03)12 1+i1 = 1,4258 i1 = 1,4258-1 i1 = 0,4358 ≅ 42,58% a.n. Matemática Financeira 41 Solução na Calculadora HP-12C 1 ENTER 0,03 + 360 ENTER 30 ÷ yx 1 - 100 X Logo, uma taxa de juros compostos de 3% mensal equivale a uma taxa anual de 42,58%. Basicamente as fórmulas que permitem realizar as conversões mais comuns são apresentadas no quadro, no qual: • prazo inicial (inormação que tenho relativo ao período). • prazo nal (prazo solicitado). • taxa inormada (taxa ornecida no exercício). • taxa a ser determinada (taxa procurada). Matemática Financeira 42 Quadro 1 - Fórmulas para equivalência entre taxas Período Relação Anual para diário (a.a. para a.d.) id= [(1+ia) 1/360-1]∙100 Mensal para diário (a.m. para a.d.) id= [(1+im) 1/30-1]∙100 Anual para mensal (a.a. para a.m.) im= [(1+ia) 1/12-1]∙100 Diário para anual (a.d. para a.a.) ia= [(1+id) 360-1]∙100 Diário para mensal (a.d. para a.m.) im= [(1+id) 30-1]∙100 Mensal para anual (a.m. para a.a.) ia= [(1+im) 12-1]∙100 Fonte: Elaborado pelas autoras (2022). Taxa Nominal e Taxa Efetiva Ao realizar um empréstimo, é comum questionarmos sobre o valor referente à taxa incidida na operação e como resposta somos inormados que a taxa anual praticada é de 38%; porém, o prazo reerente à constituição do juro, assim como sua agregação ao capital que o gera costumeiramente, é mensal. Namaioria das vezes, o mercado nanceiro institui para umamesma operação, expressões distintas de juros para sua forma de capitalização; um exemplo prático é ser comum nos juros do cheque especial utilizar tanto a taxa efetiva, quanto a taxa nominal. Assim, para comparar o custo para se realizar tal transação é essencial conhecer a fundamentação teórica de cada modalidade de taxa. A partir de situações como esta, surge a necessidade de identicar, assim como dierenciar, a taxa nominal da efetiva e, posteriormente, efetuar a transformação entre ambas. Matemática Financeira 43 Castanheira e Macedo (2013) reiteram que a taxa nominal: DEFINIÇÃO: Uma taxa é chamada de nominal quando o intervalo de tempo ao qual se refere a taxa não se equipara com o período de capitalização. Tendo como exemplo uma taxa de 16% semestral, a capitalização trimestral é tida como uma taxa nominal, pois, a taxa se refere ao semestre. No entanto, a capitalização dos juros ocorre trimestralmente, isto é, existem quatro períodos de capitalização em um ano. Vamos, portanto, caro(a) aluno(a), considerar, para tornar mais claro essa denição, a resolução do exemplo a seguir. EXEMPLO: Determine o valor futuro de um capital de R$7.000,00 aplicado a taxa nominal de 32% ao ano, durante um ano, sob regime de capitalização: a. Bimestral. b. Semestral. Chamo sua atenção, aluno(a), para o ato de que o período variará conforme a modalidade de capitalização. Logo, será necessário mudar o número correspondente ao tempo percorrido, lembrando que sempre será considerado nessas operações o juro composto. Caso seja os juros simples, será especicado no comando da questão. a. Bimestral: como um bimestre compreende dois meses, para determinar o período basta calcular a razão: 12/2=6 bimestres, assim como a taxa deve também ser modicada para 32%/6 ≅ 0,05 M = C (1+i)n M = 7000(1+0,05)6 M=9.380,66 Matemática Financeira 44 Solução pela calculadora HP-12C 7000 CHS PV 5 i 6 n FV b. Semestral: como um semestre compreende seis meses, para determinar o período basta calcular a razão: 12/6=2 semestres, assim, como a taxa deve também ser modicada para 32%/2 ≅ 0,16 M = C (1+i)n ou FV = PV(1+i)n M =7000(1+0,16)2 M =9.419,20 Solução pela calculadora HP-12C 7000 CHS PV 16 i 2 n FV É comum que surjam dúvidas quanto à maneira de converter períodos, conforme a periodicidade de conversão. Assim, para facilitar sua compreensão, basta identicar no quadro a seguir a alteração necessária a ser realizada no exercício proposto. Quando o período da taxa é maior que o período de capitalização, a transformação ocorre dividindo valores. Observe o Quadro 2: Matemática Financeira 45 Quadro 2 – Transformação de taxa com período maior ao período de capitalização Taxa Capitalização Operação Anual Semestral ÷2 Trimestral ÷4 Bimestral ÷6 Mensal ÷12 Diária ÷360 Semestral Trimestral ÷2 Bimestral ÷3 Mensal ÷6 Diária ÷180 Trimestral Bimestral ÷1,5 Mensal ÷3 Diária ÷90 Bimestral Mensal ÷2 Diária ÷60 Mensal Diária ÷30 Fonte: Elaborado pelas autoras (2022). Matemática Financeira 46 Em contrapartida, quando o período da taxa é menor que o período de capitalização, a transformação ocorre multiplicando valores; agora observe o Quadro 3. Quadro 3 – Transformação de taxa com período menor ao período de capitalização Taxa Capitalização Operação Diária Anual ×360 Semestral ×180 Trimestral ×90 Bimestral ×60 Mensal ×30 Mensal Anual ×12 Semestral ×6 Trimestral ×3 Bimestral ×2 Bimestral Anual ×6 Semestral ×3 Trimestral ×2,5 Trimestral Anual ×4 Semestral ×2 Semestral Anual ×2 Fonte: Elaborado pelas autoras (2022). Matemática Financeira 47 Agora que nalizamos as denições relacionadas à taxa nominal, conheceremos outra modalidade de taxa, a efetiva, que de acordo com Castanheira e Macedo (2013) é: DEFINIÇÃO: Quando o prazo referente a uma taxa coincide com o período de formação e incorporação do juro ao capital que o produziu e existe uma taxa efetiva. Na dinâmica taxa efetiva não importa o prazo no qual o capital será acrescentado de juros, pois o resultado, isto é, o montante, será sempre o mesmo, porque o juro é capitalizado uma única vez no período correspondente a taxa (ASSAF NETO, 2012). Inicialmente, podem parecer conusas as denições da taxa nominal e da taxa efetiva, no entanto, a maneira mais fácil de entender essas denições é a partir das distinções entre ambas. Mas como? Observe atentamente as informações a seguir e compreenderá esse comando. Figura 7 – Comparação entre taxa nominal e taxa efetiva TAXA NOMINAL TAXA EFETIVA Unidade de tempo DIFERENTE da unidade do período de capitalização. Unidade de tempo IGUAL a unidade do período de capitalização. Fonte: Elaborado pelas autoras (2022). É importante destacar que a taxa nominal não é usada nos cálculos nanceiros e sim, a taxa eetiva, e por convenção, a transormação da taxa nominal para a taxa efetiva é realizada proporcionalmente. Agora vamos praticar? Matemática Financeira 48 EXEMPLO: Determine omontante e a taxa efetiva incidido sobre umempréstimo de R$5.000,00 a ser pago em parcela única em um ano? Considere uma taxa nominal de 11% anual com capitalização mensal. Retirando as informações do exercício, encontramos: i = 11% a.a. É necessário realizar a conversão para taxa nominal, logo proporcionalmente uma taxa anual para mensal: 11%/12 = ≅ 0,92% = 0,0092 C = PV = 5.000 n = 12 Agora substituindo na fórmula de juros compostos: M=C(1+i)n ou FV=PV(1+i)n M =5000(1+0,0092)12 M =5580,81 Solução pela calculadora HP-12C 5000 CHS PV 16 i 0,92 n FV = 5.580,81 Assim, o montante é igual a R$ 5.580,81. Já para determinar a taxa efetiva pertencente a essa operação, é necessário retornarmos com os valores do montante encontrado e do capital; em contrapartida, o período será modicado para um, pois encontraremos a taxa eetiva anual. Veja: 5580,81=5.000(1+i)1 =5580,81/5000=1+i 1,1162=1+i i=0,1162=11,62% a.a.(taxa eetiva) Matemática Financeira 49 Solução pela calculadora HP-12C 1 n i Outra maneira de se determinar a taxa efetiva é por meio da relação: FÓRMULA: i f = (1+i)q-1 (11) Em que: if= taxa eetiva; q= número de períodos de capitalização de juros; Assim, resolvendo o exemplo anterior já direto na fórmula, encontramos: if=(1+i) q-1 if=(1+0,0092) 12-1 if=0,1162 EXEMPLO: Uma instituição nanceira possui, dentre sua cartela de produtos, uma aplicação nanceira que paga 40% ao ano. Um cliente, após um mês de prazo, solicitou a rentabilidade efetiva considerando os juros de 40% a.a. como: a. Taxa efetiva. b. Taxa nominal. Hora de praticar! Vamos lá? Matemática Financeira 50 a. Taxa efetiva: a rentabilidademensal corresponde a taxa equivalente composta de 40% a.a.; logo: b. Taxa nominal: a rentabilidade mensal de 40%a.a. é encontrada pela taxa proporcional, assim: RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos neste capítulo? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos nesta terceira unidade. Você deve ter aprendido sobre a classicação das taxas de juros e suas respectivas peculiaridades; inicialmente, estas podem ser calculadas proporcionalmente quando manejando os juros da modalidade simples e encontradas equivalentemente no trabalho com os juros compostos; também você deve ter conhecido sobre as taxas efetivas e nominais; estas se dierenciam e se classicam quanto ao período que ocorre a capitalização e operíodo de incidência e cálculo da taxa de juros. Basicamente, quando estes indicativos são iguais, estas taxas recebem a denominação de taxas efetivas e se o período de capitalização e o período de cálculo da taxa são distintos, ou seja, diferentes no período, então estas são chamadas de taxas nominais. Matemática Financeira 51 Fluxo deCaixa e Equivalência Financeira OBJETIVO: Ao nal deste capítulo, é esperado que você entenda sobre um dispositivo gráco muito útil na administração, denominado fuxo de caixa, assim como, entenda sobre o conceito de equivalência nanceira que relaciona a igualdade de capitais, conforme determinado período.. Fluxo de Caixa Fluxo de caixa e equivalência nanceira são conceitos imprescindí- veis em uma administração consciente dos recursos nanceiros de uma empresa. A Matemática Financeira estuda a relação do dinheiro conforme o tempo e o fuxo de caixa e é muito importante nas operações de Matemática Financeira, uma vez que possibilita a visualização da variação do capital. Assa Neto (2012) dene fuxo de caixa como: DEFINIÇÃO: Representação gráca de um conjunto de entradas e saídas em uma linha do tempo. O fuxo de caixa não será o mesmo sempre, pois, os valores e quantidade de entradas e saídas variarão. No entanto, há um estereótipo denido para essa representação, que é identicado pela Figura 8. Matemática Financeira 52 Figura 8 – Fluxo de caixa Fonte: Assaf Neto, 2012. Para construir essa representação é necessário seguir algumas regras, são elas: • A linha horizontal indica uma escala de tempo, isto é, o horizonte nanceiro da operação. • O ponto zero indica o período inicial e os demais pontos às datas com registro nanceiro. • Setas acima da linha do tempo indicam recebimentos ou entradas. • Setas para abaixo da linha do tempo sinalizam aplicações ou saídas de dinheiro. • PV ou valor presente simboliza o capital no momento atual. • FV ou valor futuro que simboliza o montante obtido após o investimento de certo capital em determinado período. • PMT indica o valor de uma parcela que pode ser adicionada ou subtraída do montante a cada período. Equivalência Financeira Imagine a seguinte situação: você vai ao banco e um atendente te arma que R$1.000,00 hoje equivale a R$1.200,00 daqui a um ano. E essa situação te intriga, anal, será verdadeira tal armação? Sim, é! No âmbito da Matemática Financeira um valor hoje, pode sim, ser equivalente a outro, em determinado futuro, pois ambos capitais produzem, em uma determinada data e submetido à determinada taxa, resultados semelhantes. Matemática Financeira 53 A equivalênciananceira se reere diretamente a equivalência entre capitais. Esse conceito é muito útil em ocasiões em que se desejam postergar ou antecipar o vencimento de diferentes títulos. Teoricamente, Assa Neto (2012) descreve equivalência nanceira como: DEFINIÇÃO: Dois ou mais capitais são ditos equivalentes quando, a uma certa taxa de juros produzem resultados iguais em uma data em comum e a data para o qual os capitais são transferidos recebe o nome de data focal.. Quando relacionados ao fuxo de caixa, estes são equivalentes se seus valores presentes quando submetidos a mesma taxa de juros forem idênticos. É importante enfatizar que, para a capitalização simples, a equivalência entre capitais depende da escolha da data focal escolhida e, por isso, na prática não é muito utilizada. Já na capitalização composta, a data focal pode ser qualquer uma, porque se dois ou mais capitais são equivalentes em determinada data, logo, o serão em qualquer data. Assim, considerando que os capitais com vencimentos para datas são equivalentes, mantém-se a seguinte proporção: Mas, e na prática? Como algebricamente conseguimos comprovar a equivalência entre dois ou mais capitais? Matemática Financeira 54 Existem diferentes relações para quando os vencimentos são anteriores a data focal ou posteriores a ela; assim como o regime de capitalização simples ou composta também altera as relações. Vamos resolver mais um exemplo? “Avante” EXEMPLO: Considere dois títulos nos valores de R$15.208,18 e R$17.107,13, com vencimentos de 5 e 8 meses, respectivamente, e submetidos a uma taxa de 4% ao mês. Verique a equivalência destes capitais. Para identicar a equivalência ou não destes capitais, inicialmente retiraremos as informações do enunciado: V1=15.208,18 V2=17,107,13 t1=5 meses t2=8 meses i=4%=0,04 Agora, basta substituir estes valores na relação apresentada anteriormente e vericar se obtemos valores coincidentes. Logo, é possível concluir que os capitais são equivalentes. Solução pela calculadora HP-12C 15208,18 CHS PV 4 i 5 n FV Matemática Financeira 55 E depois conferir com o outro cálculo: 17107,13 CHS PV 4 i 8 n FV RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido sobre um dispositivo gráco que apresenta diversas operações nanceiras pertinentes a uma empresa e que recebe o nome de fuxo de caixa, e, por meio desta representação, é possível visualizar as movimentações com o caixa da empresa, conforme o período. Por m, conhecemos o conceito de equivalência nanceira, que simplesmente se refere à igualdade entre os mesmos valores de capitais, quando regidos nas diferentes técnicas de capitalização: simples ou composta. Este conceito é muito utilizado em instituições nanceiras na prática de liquidação de débitos, assim, é possível identicar o valor a ser pago por uma antecipação de saldos. Matemática Financeira 56 REFERÊNCIAS ASSAF NETO, A. Matemática Financeira e suas Aplicações. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2012. BAUER, U. R. Matemática Financeira Fundamental. São Paulo: Atlas, 2003. CASTANHEIRA, N. P.; MACEDO, L. R. D. Matemática Financeira Aplicada. Curitiba: Intersaberes, 2013. LAPPONI, J. C. Matemática Financeira: uma abordagem moderna. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1994. MATHIAS, W. F.; GOMES, J. M. Matemática Financeira. São Paulo: Editora Atlas, 1996. Matemática Financeira