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03 AfeC90es dos Musculos 1.musculos nasolabiais 2. m. palpebrais, 3. m. auriculares, 4. m. masseter; 5. glandula par6tida; 6. m. esplenio; 7. veia jugular; 8. m. trapezio; 9. m. serrato ventral, 10. m. esternocefaJico; 11. m. delt6ide; 12. m. peitoral; 13. m. trfceps; 14. m. extensor carpo-radial; 15.m. extensor comum das falanges, 16. m. cubital lateral; 17.m. extensor digital lateral; 18. ligamen- tos anulares; 19. tend6es extensores digitais; 20. t. flexores digitais su- perficial e profundo; 21. m. peitoral; 22 m. grande dorsal; 23. m. serrato ventral; 24. m. oblfquo abdominal externo; 25. aponevrose do m. oblfquo abdominal externo; 26. tuberosidade ilfaca; 27. m. tensor da fascia lata; 28. m. gluteo superficial; 29. m. bfceps femoral; 30. m. semitendfneo; 31. tuberosidade isquiatica; 32 m. da cauda; 33. fascia femoral lateral; 34. articulac;:ao femorotfbio-patelar, 35. m. extensor digital Iongo; 36. m. extensor digital lateral; 37. m. flexor digital profundo; 38. calcaneo, 39. t. extensor digital comum; 40. t. flexores digitais superficial e profundo. tos, as articula<;6es, os tend6es e, finalmente os musculos. Os musculos constituem-se em uma das principais unidades de trabalho do organismo do ani- mal, e, atraves de seus mecanis- mos de contra<;ao e relaxamen- to, proporcionam a atividade para o desencadeamento dos movi- A movimenta<;ao e a locomo- <;ao dos cavalos e realizada pe- la perda harmonizada do equi- Ilbrio estatico, integrado por um complexo sistema em que parti- cipam principalmente, 0 sistema nervoso, os ossos, os ligamen- mentos basicos de flexao, exten- sao, adu<;ao, abdu<;ao e rota<;ao. o musculo esqueletico dos mamfferos possui em sua com- posic;:ao, aproximadamente 75% de agua, 18 a 22% de protefna, 1% de carboidratos e 1% de sais minerais, variando seu teor de li- pfdios. 0 volume total do muscu- 10e constitufdo de 75% a 90% de miofibras, alem de celulas de gordura, fibroblastos, vasos capi- lares, nervos e tecido conjuntivo, cuja composi<;ao proporcional po- de variar conforme 0 musculo. As miofibras sao compostas de mio- fibrilas que constituem as unida- des basicas necessarias para a contra<;ao do musculo. As miofibrilas sac compostas por dois tipo de fibras, a saber: a. Fibras do tipo I, de contrayao lenta, altamente oxidativas. b. Fibras do tipo II, de contrayao rapida, apresentando os subti- pos IIA, liB e IIC; sendo as do tipo IIA altamente oxidativas, e dos tipos liB e IIC com baixa propriedade oxidativa. Assim como existem tipos di- ferentes de fibras musculares, existem dois tipos de fibras ner- vosas motoras, tipo I e tipo II, sen- do que cada miofibra e inervada por apenas um ramo de um neu- ronio motor. Independentemente da via etiologica, existem evidencias de que as altera<;6es miopaticas de- senvolvem-se dentro de um pa- drao de degenera<;ao, 0 que jus- tificaria, na maiaria das vezes a dificuldade em c1assificar-se 0 ti- . po de afec<;ao que 0 cavalo apre- senta e, consequentemente, a elaborat;:ao de um diagn6stico etiopatogenico com precisao. As miopatias podem ser c1as- sificadas sob 0 ponto de vista di- datico segundo a etiologia, con- forme a origem da at;:aodesen- cadeante da afect;:ao em: 1. Miopatias neurogenicas As miopatiasneurogenicaspo- dem ter origem nos distUrbios de celulas do corno anterior e de rai- zes nervosas motoras; em neuro- patias perifericas e nos disturbios de transmissao neuromuscular. 2. Miopatias miopaticas As miopatias miopaticas po- dem ser origem conforme abaixo: Traumatica - Miopatia Fibrosa, Ruptura do Musculo Gastro- cnemio e Ruptura do Muscu- 10 Serrato Ventral. Inflamat6ria - Idiopatica e por injet;:oes intramuscular de drogas irritantes. Infecciosa - Baderiana como na Gangrena Gasosa e no Edema Maligno; viral como na Influenza e parasitaria co- mo no Sarcocystis. T6xica - Plantas, como a Cassia occidentalis e drogas, como a monensina. Hormonal - Por Hiperadreno- corticismo e Hipotireoidismo. Auto-imune - Na Purpura He- morragica, que pode causar lesoes secundarias a hemor- ragia muscular. Circulat6ria - Na Miosite P6s- Anestesica localizada e na generalizada, e na Trombose A6rtico-iliaca. Genetica - Na Paralisia Peri6- dica Hipercalemica; nas Mio- tonias e nas Miopatias Meta- b6licas. Nutricional - Nas deficiencias de vitamina E e selenio e na ma-nutrit;:ao. Exercicio - Na Sindrome de Exaustao. Atrofia caquetica; Atrofia por desuso. Malignidade e Multifatorial. Mista/ldiopMica - Na Mioglo- binuria Atlpica ou Paralitica e na Miastenia P6s-Anestesica. As miopatias podem tam- bem ser c1assificadas, quanto a fisiopatologia, em disturbios de excitayao; disturbios de propa- gayao do potencial de ayao; disturbios de acoplamento no sistema excitayao-contrayao; disturbios de contrayao (ainda nao identificada no equino); dis- turbios de suprimento de ener- gia (ainda nao identificada no equino); ayao direta sobre fi- bras e estruturas musculares; trauma; atrofia por desuso e va- riada/multifatorial. Eo processo inflamat6rio que em geral, acomete os musculos esqueleticos do cavalo. Pode re- sultar de trauma direto ou indire- to sobre 0 musculo e ocorrer co- mo processo secundario em um certo numero de doent;:as, con- forme as diversas etiologias ex- postas em sua c1assificat;:ao. A at;:ao traumatica indireta pode acontecer nos grandes es- fort;:os de contrat;:ao e extensao de certos grupos museu lares, ul- trapassando a capacidade das fi- bras em se contrair e relaxar. A miosite pode ainda ser observa- da como uma forma de cansat;:o ou fadiga muscular, nas enfermi- dades primarias de ossos ou ar- ticulat;:oes, como resultante do trabalho intenso e continuo dos musculos na tentativa de mante- rem 0 eixo de gravidade do cor- po. 0 trabalho muscular continuo leva a grande consumo das re- servas energeticas, inicialmente por metabolismo celular aer6bio, e,mais tarde, devido a deficiente oferta de oxigenio as celulas, 0 trabalho celular se faz em con- dit;:oesanaer6bias, liberando aci- do ladico. C1inicamente,a miosite come- t;:acom 0 animal manifestando sintomas de discreta incoorde- nat;:aolocomotora, principalmen- te nos membros posterior e dis- creta sudorese regional. 0 cavalo pode ter dificuldade em se movi- mentar espontaneamente, princi- palmente quando estao afetados os musculos psoas, flexores da coluna t6racolombar, longuissi- mos dorsais e gluteos. Estes musculos se apresentam sensi- veis a palpat;:aoe pressao digital, a temperatura local geralmente esta aumentada, pode ocorrer edema e frequentemente os mus- culos se encontram sob tensao. o animal quando caminha pare- ce andar desajeitado, mantendo a coluna encurvada, flexao dorsi- ventral (xifose), devida a dor, no- tadamente pr6ximo a regiao re- nal.A distancia do passo diminui (passo curto). Nos casos de miosite aguda primaria dos musculos dos mem- bros,0 quadro e acompanhado par grave c1audica<;:ao,inflama<;:ao, prostra<;:aoe dor a palpa<;:ao.E fre- quente 0 cavalo apresentar sinais de toxemia e devido a discreta acidose ladica que se instala. A pesquisa laboratorial das enzimas do metabolismo das ce- lulas musculares, como CK, AST, e LDH podem revela-Ias aumen- tada no saro sanguineo, sendo de grande importancia para a con- firma<;:ao do diagn6stico, e no acompanhamento da evolu<;:ao c1inicadurante 0 tratamento. o tratamento sempre sera di- recionado paraa corre<;:aoda cau- sa primaria, e, geralmente, a eli- mina<;:aodas condi<;:6esque de- terminaram a miosite produz ali- via imediato do quadro doloroso. Muitas vezes 0 diagn6stico etiol6gico e diflcil de ser estabe- lecido. 0 animal deve ser manti- do em repouso, em baia com livre acesso a piquete. Aplique drogas antiinflamat6rias comofenilbuta- zona na dose de 4,4 mg/kg pela via intravenosa durante 3 a 5 dias, associada a miorrelaxantes como 0 flunitrazepan, na dose de 0,5 a 7,0 mg para cada 100 kg, para alivio da dor muscular. A vi- tamina B deve ser usada na dose de 0,5 a 1,0 9 a cada 2 dias pela via intramuscular, assim como vi- tamina E e selenio para melhorar os processos metab61icos das celulas musculares. Eventualmente,quando 0 qua- dro de acidemia se instalar, apli- que, pela via intravenosa, diluida em soluqao eletrolitica, cerca de 1 a 3 9 de bicarbonato de s6dio para cada litro de solu<;:aoinfun- dida acompanhando-se c1inica- mente, e, laboratorial mente pela hemogasometria,o equillbrio aci- do-base do animal. Concomitantemente ao trata- mento medicamentoso, pode-se adotar um programa de fisiote- rapia atraves de nata<;:aoem raia especial, que ira proporcionar uma rapida recupera<;:aodo me- tabolismo das celulas do muscu- 10, ativando a circula<;:aoe rela- xando as miofibras. Aten<;:ao especial deve ser dada a alimenta<;:ao,evitando-se excesso de graos ou de carboi- dratos. Animais predispostos de- vem ter 0 arra<;:oamentoreduzido a metade, 24 horas antes do tra- balho, adicionada com cerca de 20 9 de bicarbonato de s6dio. Nunca ultrapasse a capaci- dade f1sica do cavalo, levando-o a fadiga e prepare-o adequada- mente ao trabalho atraves da muscula<;:aoprogressiva. 3.3. Miopatia pos-decubito e pos-anestesia. A miopatia p6s-decubito ou p6s-anestesia nos cavalos e uma afec<;:ao desencadeada ap6s periodos longos de decu- bito por contensao ou sob anes- tesia geral, decorrente da hip6- xia nas celulas em grandes gru- pos musculares e, ocasional- mente, pode estar acompanha- da de compressao de nervos. Na maioria das ocorrencias, os musculos que podem estar comprometidos quando 0 de- cubito for lateral, acometendo 0 masseter, 0 triceps braquial, 0 quadriceps femoral, e os exten- sores dos membros posteriores. Ja no decubito dorsal os mus- culos que mais estao expostos ao comprometimento sao 0 longuissimo dorsal, lIiocostal, gluteo medio e vasto lateral. o processo se inicia devido a compressao e 0 comprometi- mento da rede circulat6ria que irriga os corpos musculares que, em situa<;:6esde anestesia geral, pode ser ag~avado pela vasodi- lata<;:aoe redu<;:aodo debito car- diaco, e, consequentemente, da pressao sanguinea, desencadea- da pela utiliza<;:aode drogas tran- quilizantes e do anestesico. A miopatia p6s-anestesica e mais frequente em procedi- mentos com dura<;:aode mais de duas horas e meia, com 0 equino posicionado em decu- bito dorsal sobre superficies duras e com manuten<;:ao de plano anestesico profundo para um relaxamento muscular sa- tisfat6rio. Clinicamente os musculos comprometidos se apresentam semelhantes ao observado nas miopatias de esfor<;:o;firmes, ede- maciados, dolorosos e,ocasional- mente, pode-se observar su- dorese localizada. Na dependen- cia do grupo muscular compro- metido, 0 cavalo podera adotar posturas anormais, como ocorre na miosite do m. triceps braquial onde se pode notar 0 rebaixa- mento da escapula e da articula- <;:aoumero-radioulnar (cotovelo III cardo),cuja aparencia c1rnicae si-milar ada paralisiado nervo radial. o diagn6stico e realizado com base nos sinais c1rnicosde posturas anormais e de impossi- bilidade de apoio do membro an- terior correspondente ao lado do decubito, ou de relutancia a mar- cha e discreta xifose, nos casos em que 0 decubito foi dorsal. La- boratorialmente pode-se detec- tar principal mente a eleva<;6es dos nrveis sericos de CK eAST. o tratamento pode ser reali- zado com a institui<;aode miore- laxante e de antiinflamat6rio nao esteroidal.Na dependencia da ex- tensao e da gravidade das alte- ra<;6esmusculares, inicie fluido- terapia com 0 intuito de se man- ter a perfusao renal e, nos casos mais graves, ha possibilidade de ocorrencia de mioglobinuria. Co- mo adjuvante ao tratamento ins- titurdo pode-se realizar sec<;6es de massagens nos grupos mus- culares comprometido e admi- nistra<;aode vitamina E e selenio por via sistemica. Preventivamente, deve-se evitar posi<;6es desconfortaveis quando 0 animal estiver em de- cubito, e proporcionar que a su- perfrcie de contato com 0 corpo nao seja dura, quer seja durante a conten<;ao, ou mesmo no pe- rrodo de recupera<;aoanestesica. Nas anestesias gerais deve-se evitar a hipotensao por longo tem- po,0 que ira proporcionar uma re- cupera<;aomais rapida e segura. o acolchoamento adequado da mesa de cirurgia ou a forra<;ao com palhaoumaravalha,do pisoou solo,nas conten<;6esem decubito com 0 animal tranquilizado,evitam o desencadeamento da miosite. Experimentos cientrficos re- centes tem demonstrado que a utiliza<;ao de vitamina E e se- lenio, pelo menos quarenta e oito horas antes dos procedi- mentos de conten<;ao no solo sob tranquiliza<;ao ou de cirur- gias sob anestesia geral, tem controlado substancialmente as consequencias da hip6xia da celula muscular, controlando a libera<;ao de radicais livres. E consequente ao processo degenerativo que afeta as mus- culos semitendrneo, semimem- branoso e brceps femoral, trau- Figura 3.2 Miopatia ossificante - vista lateral. matizados por traumas diretos ou indiretos. 0 trauma pode romper feixes musculares du- rante as paradas bruscas no galope, em provas de adestra- mento ou em rodeios com re- banho bovino. As les6es normalmente saG unilaterais, podendo excepcional- mente' atingir os dois membros, na dependencia da intensidade da ac;:aotraumatica ou do posicio- namento dos membros posterio- res durante 0 ato de "frear" (es- barro) em provas de redeas. As alterac;:6esdegenerativas das celulas musculares produ- zem processo de fibrose que, em seu estagio final, se ossifica por metaplasia do fibroblasto em condroblasto ou mesmo em osteoblasto. Figura 3.3 Miopatia ossificante - vista caudolateral. A evoluc;:aoda miopatia e, ate a fase de ossificac;:ao da lesao, acompanhada por formac;:aode aderencias entre os musculos semitendineo, semimembranoso e 0 biceps femoral. Clinicamente, observa-se proeminencia do grupo muscu- lar envolvido, e, em se tratando de musculos predominante- mente flexores, a consequencia imediata das aderencias refle- te-se na primeira fase do pas- so, ocorrendo diminuic;:aoda dis- tan cia de apoio, em relac;:aoao membro contralateral, em virtu- de de limitac;:aocontratil do gru- po muscular, 0 que faz alongar a segunda fase do passo. A palpac;:aodo grupo muscu- lar atingido revela presenc;:ade marcante sulco entre 0 m. semi- tendineo e a m. semimembra- noso, cuja consistencia e dura, devida a fibrose, ou ate petrea em raz13.Oda ossificac;:13.o. o tratamento definitivo para o problema e 0 cirurgico, onde o cirurgi13.ofara a liberac;:13.odas aderencias formadas entre os grupos musculares envolvidos, ou ate mesmo a ressecc;:13.ode um fragmento da porc;:aomus- culotendinea do m. semiten- dineo. A recuperac;:aopara 0 tra- balho devera ocorrer ao redor do 45° dia de p6s-operat6rio. Neste intervalo, e ap6s 0 7° dia de p6s-operat6rio, a implanta- C;:13.ode exerdcios fisioterapicos como, caminhar ao passo du- rante 30 a 45 minutos, 2 vezes ao dia, iraQ impedir a formac;:13.o de aderencias p6s-operat6rias entre os musculos. 3.5. Doen~a do musculo branco Muito embora nao seja fre- quente em equinos, esta afecc;:ao merece ser observada devida a semelhanc;:aetiopatogenica com as demais enfermidades dos musculos. E reconhecidal11enteumama- nifestac;:ao da deficiencia nutri- cional de vitamina E e selenio, acometendo potros desde 0 nas- cimento ate 0 72° mes de idade. Alem da deficiencia primaria ou secundaria da vitamina Ee de baixos niveis de selenio, conside- rados primordiais ao metabolismo das celulas musculares,varios ou- tros fatores,nao muito bem reco- nhecidos, podem interagir desen- cadeando 0 inicio da afecc;:ao. as sintomas SaGevidencia- dos por um quadro de apatia ou letargia e pelo andar "envarado" ou "atado".A morte pode ocorrer rapidamente por falencia car- diorrespirat6ria, quando 0 mus- culo cardiaco estiver afetado. as quadros mais suaves promovem incoordenac;:ao e andar desajei- tado, 0 que poderia confundi-Io com processos do sistema ner- voso, notadamente de coluna vertebral e da medula espinhal. As vezes, os potros se apre- sentam em decubito involuntario, sentem dificuldades em se le- vantarem, instabilidade no equili- brio e tremores, quando SaGauxi- liados a ficarem em pe. Alguns potros podem apresentar dificul- dade em mamar devido ao com- prometimento dos musculos do pescoc;:o,alem da musculatura da lingua e da faringea, responsa- veis pelos movimentos de succ;:ao. Frequentemente, ocorre pneumo- nia por aspirac;:aodo leite,ou mor- te por desnutric;:ao. A analise laboratorial dos ni- veis sericos de AST, LDH e CK usual mente demonstram nfveis acima dos normais devido ao extenso danG muscular que se estabelece. A justificativa do termo "Doen- c;:ado Musculo Branco" deve-se ao fato das les6es que se esta- belecem propiciarem, macrosco- picamente, uma colorac;:ao es- branquic;:adaao musculo, fazen- do-o perder a cor avermelhada que Ihe e caracterfstica, dando- Ihe aspecto de carne de peixe. a tratamento curativo deve ser realizado,nos casos precoce- mente diagnosticados, pela apli- cac;:aode vitamina E e Selenio, podendo-se associar vitaminas do complexo B, notadamente a vitamina B 1. Preventivamente, pode-se injetar cerca de 20 a 30 mg de selenio, na egua, em torno de um mes antes da data previs- ta para 0 parto, ou entao se inje- tar 10 mg de selenio no potro, logo apos 0 nascimento em re- gi6es onde 0 problema se mani- festa, em razao dos baixos nfveis de selenio no solo. 3.6. Mioglobinuria paralftica (azotUria). E uma afecc;:ao que causa grave destruic;:ao muscular em cavalos excessivamente alimen- tados com dietas ricas em car- boidratos e protefnas. Geralmen- te manifesta-se em animais sub- metidos a exerdcios, nao impor- tando a intensidade deles, ap6s perfodo de descanso e inativida- de,em que rac;:aocom excesso de graos for oferecida a vontade. A azoturia pode aparecer pou- cos minutos apos 0 exercfcio,com manifestac;:6esde fadiga muscu- lar, rigidez a locomoc;:ao,incoor- denac;:aomotora, dor e tremores musculares. A insistencia em se manter 0 exercfcio pode intensi- ficar os sintomas ocasionando in- capacidade do cavalo em perma- necer em pe, podendo ate cairo as musculos afetados, glu- teos, quadrfceps e nio-psoas, es- tao tensos, firmes, contrafdos, edemaciados e sensfveis quan- do palpados. as animais podem apresentar intensa sudorese e a frequencia cardfaca e respirato- ria estarem aumentadas; a tem- peratura pode atingir 40,5°C. A urina frequentemente apre- senta colorac;:ao "avermelhada", "marrom" ou ate "enegrecida", dependendo do grau de severi- dade das les6es musculares e da mioglobina eliminada pelos rins, dando 0 aspecto de "cor de cafe" a urina. As les6es musculares saG decorrentes do excesso de aci- do lactico produzido pelo meta- bolismo de "queima" do glicoge- nio durante a realizac;:aodo exer- dcio. a acido lactico acumula- do nos musculos destroi as ce- lulas liberando grande quantida- de de mioglobina, que e filtrada atraves dos rins, dando a cor ca- racterfstica a urina. a excesso de acido lactico circulando na corrente sangufnea leva ao de- sequilfbrio acido-base, respon- savel pela acidose metab61ica que desencadeia aumento da frequencia cardfaca, respirat6ria e congestao das conjuntivas. A sequela mais grave da libe- ra<;:aode mioglobina pelos mus- culos sao as les6es produzidas nas estruturas tubulares dos rins durante a filtra<;:ao, causando nefrose que pode levar a animal a morte par insuficiencia renal. Os valores sericos de CK, LDH eAST sao as indicadores do grau de lesao muscular e co- mumente estao acima dos valo- res admitidos para as soros de animais submetidos a exercfcios for<;:adose de alta intensidade. o diagn6stico e baseado no aparecimento brusco dos sinto- mas ap6s a exercfcio e em cava- los que sao superalimentados com dietas ricas, principalmente em graos, durante as perfodos de repouso au inatividade. E ex- tremamente necessaria a reali- za<;:aodo diagn6stico diferencial para eliminar a possibilidade de laminite e de trombose das ar- terias ilfacas, muito embora a la- minite possa ocorrer secunda- riamente ao quadro de azoturia, agravando a progn6stico. o tratamento especffico e mui- to diffcil de ser realizado, devi- do as duvidas que permanecem quanta ao exato mecanismo etio- patogenico da doen<;:aA terapia devera ser institufdaa mais rapido possfvelcom fluidoterapia, sedati- vas para tranquilizara animal e re- duzir as dares musculares; vitami- na B 1 ;vitamina E e selenio; corti- coster6ide, bicarbonato de s6dio e, ocasionalmente, diureticos os- m6ticos. Drogas como a flunitra- zepam tem sido utilizadas com muito sucesso como relaxante- tranquilizante muscular. Monitorize continuamente as rins, observando a fluxo de urina, volume e colora<;:ao,durante to- do perfodo de tratamento. A flui- doterapia eletrolftica, com solu- <;:aode ringer lactato, deve ser administrada como manuten<;:ao, respeitada a volemia, para auxi- liar a diurese do animal. Algumas vezes a animal podera apresentar cianose, tor- nando imperiosa a oxigenio- terapia de emergencia. 0 bicar- bonato de s6dio a 5 a 10% deve ser administrado na dose de 0,5 mil kg lentamente pela via ve- nasa; controle a dose total ob- servando a ritmo e a profundi- dade da respira<;:ao. Cavalos com mioglobinuria devem ser mantidos em baias arejadas, limpas e com cama alta e macia. Os movimentos de loco- mo<;:ao,mesmo quando conduzi- dos pela tratador, devem ser evi- tados para nao agravar a quadro da doen<;:a.0 retorno ao exercf- cia deve ser lento e gradual; se possfvel, facilite a acesso do ca- valo aos tanques de agua para a pratica da nata<;:ao. Preventivamente, nos perfo- dos de repouso au inatividade, reduza a administra<;:ao de ra- <;:6espela metade, ofere<;:aali- mentos verdes e propicie exercf- cios leves para a manuten<;:aoda forma ffsica e do tonus muscular. A sfndrome tying-up e uma miopatia que acomete equinos ap6s vigorosa atividade muscular, como em corridas e provas de adestramento. Sao tambem bas- tante predispostos ao tying-up animais de temperamento nervo- so, submetidos a transporte pro- longado au situa<;:6esde estresse. o exato mecanismo etiopato- genico permanece, ate a momen- ta, pouco esclarecido, havendo quem c1assifique au considere a tying-up como uma forma benig- na da azoturia,muito embora ain- da nao tenha sido comprovada a sua inter-rela<;:ao.0 processo tambem pode ter como causa predisponente a arra<;:oamento dos animais com nfveis elevados de graos antes de treinamentos e de temporadas de corridas, as- sim como as deficiencias nutri- cionais de vitamina E e selenio. A patogenia caracteriza-se como um excesso de acido lacti- co acumulado nos muscu/os, de- vida a ativa<;:ao da respira<;:ao anaer6bia e da baixa do fluxo sangufneo decorrente do espas- mo das arterfolas nutridoras, di- minuindo, consequentemente, a oferta de oxigenio as celulas. A manifesta<;:aoc1fnicaocorre poucos minutos ap6s a exercfcio, decorrente das altera<;:6esmeta- b61icasque acometem principal- mente as musculos nio-psoas, quadrfceps e gluteos. 0 animal apresenta discreta incoordena- <;:aolocomotora, como se esti- vesse "atado",sudorese, marcan- te tensao e dor nos grupos mus- II culares afetados. Ocasionalmen-te, pode ser observada discreta congestao das conjuntivas e au- mento da frequencia cardracae respiratoria. o repouso para os animais levemente afetados pode rever- ter a situa<;ao,assim como con- duzi-Ios pela redea, em ritmo de passo durante 30 a 40 minutos, pode aliviar os sintomas. o tratamento e semelhante ao da azoturia,devendo a preven- <;aoser feita, em animais predis- postos, reduzindo-se a adminis- tra<;ao de ra<;6es pela metade, 24 horas antes da corrida ou pro- va. Inje<;6es preventivas de vita- mina E e selenio, mais a admi- nistra<;ao de bicarbonato de s6- dio na alimenta<;aodevem ser in- dicadas,constituindo medida mui- to benefica em animais que apre- sentam a srndrome com relativa frequencia. 3.8. Paralisia hipercalemica peri6dica (HVPP). Descrita ha poucos anos, a paralisia hipercalemica peri6dica ("HYPP") acomete certas linha- gens de cavalos da ra<;aQuarto de Milha, descendentes do gara- nhao "Impressive",desencadean- do epis6dios intermitentes de con- tra<;6es musculares tonico-c1o- nicas (tremores e fascicula<;6es), seguida de fraqueza generalizada, semelhante ao quadro c1rnicoem humanos com paralisia hiperca- lemica peri6dica. Acredita-se que no cavalo,as- sim como no homem, 0 processo seja hereditario com genes domi- nante autossomico, decorrente de muta<;aoem genes que atua- riam nos mecanismos de trans- porte de agua e rons entre os meios intra e extracelular, interfe- rindo dessa maneira, decisiva- mente no potencial de membrana em repouso e no potenciallimiar, significando que a fibra muscular estara mais ou menos excitavel. Os animais homozigotos, em- bora raros - menos de 09% dos casos - seriam mais predispos- tos a manifestarem a afec<;aodo que os heterozigotos. Os sinais c1rnicosda paralisia hipercalemica peri6dica variam em intensidades diferentes nos cavalos. As crises saG imprevisr- veis, e condi<;6es como massa muscular pronunciada, estresse e treinamento, saDsitua<;6esmui- to importantes durante a avalia- <;aodo quadro. Entretanto, as cri- ses podem se manifestar inde- pendentemente de qualquer das condi<;6es acima referidas, sem que aparentemente haja umajus- tificativa aparente para tal. A enfermidade e caracteriza- da por epis6dios intermitentes de tremores musculares, generaliza- dos ou localizados em certos grupos de musculos, seguida de debilidade e aspecto tremulo. As crises podem durar perrodos de poucos minutos a varias horas, levando 0 animal ao colapso. A morte pode ocorrer por parada cardraca ou falencia respirat6ria. Eventualmente, os episodios de crises podem ser acompanhados por respira<;ao ruidosa devido a comprometimento da muscula- tura da faringe e da laringe. Os animais afetados permanecem completamente conscientes du- rante a crise, e devido a fraqueza que se instala, podem adotar ati- tude de "cao sentado". Outros si- nais c1rnicoscomo prolapso, com movimentosde tremores damem- brana nictitante (terceira palpe- bra), atitude ansiosa ou nervosa, conjuntivas e mucosas conges- tas e fezes amolecidas podem ser observados em alguns casos. A recupera<;ao da "fraqueza" muscular e a deambula<;ao po- dera ocorrer de forma esponta- nea e progressiva. o diagn6stico da "HYPP" e estabelecido pelo padrao c1rnico da manifesta<;ao da afec<;ao,ex- c1urdasoutras causas de altera- <;6eseletrolrticas, como falencia renal cronica, utiliza<;ao de dro- gas excitantes ou relaxantes de musculatura e principalmente a rabdomi61ise difusa. Exames laboratoriais poderao ser realizados para consubstan- ciarem 0 diagn6stico c1inico.Du- rante os epis6dios de paralisia hipercalemica peri6dica, os niveis de potassio serico, que em um animal normal, ou fora de crise, situam-se entre 3 a 5 mEq./L, podera atingir picos de 7 a 9 mEq./L, e regredirem rapidamen- te a niveisnormais, logo apos ces- sarem as manifesta<;6es do epi- sodio. Podera tambem, haver he- moconcentra<;ao e eleva<;ao da proterna total com manuten<;ao do equillbrio acido-base dentro dos parametros de normalidade. Muito embora a eletromiografia nao seja um teste espedfico, ela podera servir para estimar-se 0 potencial de membrana da celu- la muscular. A identificac;:ao de animais predispostos ao "HYPP", ou a confirmac;:ao da suspeita, pode ser efetuada com 0 teste do po- tassio e 0 teste sanguineo de DNA. 0 teste do potassio con- siste na administrac;:ao de 0,08 a 0,1 3 9 Ikg, de c1oreto de po- tassio diluido em 3 litros de agua, via sonda nasogastrica. Este teste frequentemente pro- voca a crise em 1 a 4 horas, nos animais susceptlveis. 0 teste sanguineo de DNA, realizado em laboratorios especializados para tal, detecta a presenc;:aou ausencia de mutac;:6es geneti- cas espedficas, que regulam 0 funcionamento dos canais de sodio, permitindo com elevado grau de confiabilidade, a identi- ficac;:ao dos animais positivos (heterozigotos e homozigotos) e negativos. Atenc;:ao especial deve ser dada ao diagnostico diferencial com apoplexia, tying-up e colica; ocasionalmente a paralisia hiper- calemica pode ser confundida com estas afecc;:6es. o tratamento nos picqs de crise consiste de administrac;:ao lenta de gluconato de calcio a 20% na dose de 0,2 a 0,4 mil kg, diluido em glicose a 5%. Co- mo complementac;:ao ou alter- nativas terapeuticas, podera ser utilizada infusao intravenosa rapida de 1 a 2 mEq/L de bi- carbonato de sodio ou 4,4 a 6,6 ml/kg glicose a 5%, quando esta nao tiver sido utilizada. A utilizac;:aode fluidos eletroliticos exige que estes estejam livres de potassio, pois 0 potassio po- dera causar agravamento do quadro c1inico. aplicac;:aode in- sulina e de salbutamol, auxilia a reversao dos sintomas. A manutenc;:aoda terapia po- de ser feita com sucesso, utili- zando-se acetazolamida na dose de 2 a 4 mg/kg, a cada 6 a 12 horas, 0 que eleva a excrec;:aore- nal de potassio e altera 0 meta- bolismo da glicose. Preventivamente, 0 controle da paralisia hipercalemica pe- riodica, devera ser realizado im- pedindo-se que animais suscep- t1veis se reproduzam. Alimentos ricos em potassio, como alfafa, devem ser reduzidos ou mesmo retirados da dieta do cavalo, e os exerdcios frsicos realizados mo- deradamente. A manutenc;:aoda administrac;:ao de 2 mg/kg, de acetazolamida, por via oral, 2 ve- zes ao dia,controlara os niveisse- ricos de potassio, possibilitando ao cavalo um manejo frsico e ali- mentar praticamente normal.
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