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CONTABILIDADE DECISORIAL Alessandra Laice C. Silva EAD Editora Universitária Adventista Presidente da Divisão Sul-Americana: Stanley Arco Diretor do Departamento de Educação para a Divisão Sul-Americana: Antônio Marcos da Silva Alves Presidente do Instituto Adventista de Ensino (IAE), mantenedora do Unasp: Maurício Lima Reitor: Martin Kuhn Vice-reitor para a Educação Básica e Diretor do Campus Hortolândia: Henrique Karru Romaneli Vice-reitor para a Educação Superior e Diretor do Campus São Paulo: Afonso Ligório Cardoso Vice-reitor administrativo: Telson Bombassaro Vargas Pró-reitor de pesquisa e desenvolvimento institucional: Allan Macedo de Novaes Pró-reitor de graduação: Edilei Rodrigues de Lames Pró-reitor de pós-graduação lato sensu e Pró-reitor da educação à distância: Fabiano Leichsenring Silva Pró-reitor de desenvolvimento espiritual e comunitário: Wendel Tomas Lima Pró-reitor de Desenvolvimento Estudantil e Diretor do Campus Engenheiro Coelho: Carlos Alberto Ferri Pró-reitor de Gestão Integrada: Claudio Valdir Knoener Conselho editorial e artístico: Dr. Adolfo Suárez; Dr. Afonso Cardoso; Dr. Allan Novaes; Me. Diogo Cavalcanti; Dr. Douglas Menslin; Pr. Eber Liesse; Me. Edilson Valiante; Dr. Fabiano Leichsenring, Dr. Fabio Alfieri; Pr. Gilberto Damasceno; Dra. Gildene Silva; Pr. Henrique Gonçalves; Pr. José Prudêncio Júnior; Pr. Luis Strumiello; Dr. Martin Kuhn; Dr. Reinaldo Siqueira; Dr. Rodrigo Follis; Me. Telson Vargas Editor-chefe: Allan Macedo de Novaes Supervisora Administrativa: Rhayane Storch Responsável editorial pelo EaD: Jéssica Lisboa Pereira CONTABILIDADE DECISORIAL 1ª Edição, 2023 Editora Universitária Adventista Engenheiro Coelho, SP Alessandra Laice C. Silva Mestra em Ciências Contábeis pela FECAP Marques, Pâmela Caroline Costa Ferramentas de produtividade e gestão do tempo [livro eletrônico] / Pâmela Caroline Costa Marques. -- 1. ed. -- Engenheiro Coelho, SP : Unaspress, 2022. PDF Bibliografia. ISBN 978-65-5405-041-8 1. Administração 2. Gestão de negócios 3. Produtividade 4. Tempo - Administração I. Título. 22-134421 CDD-650.1 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Índices para catálogo sistemático: 1. Tempo : Produtividade : Administração 650.1 Eliete Marques da Silva - Bibliotecária - CRB-8/9380 Contabilidade decisorial 1ª edição – 2023 e-book (pdf) OP 00123 Coordenação editorial: Luthyesca Oliveira Preparação: Marcos Faria Projeto gráfico: Ana Paula Pirani Capa: Jonathas Sant’Ana Diagramação: Kenny Zukowski Caixa Postal 88 – Reitoria Unasp Engenheiro Coelho, SP – CEP 13448-900 Tel.: (19) 3858-5171 / 3858-5172 www.unaspress.com.br Editora Universitária Adventista Validação editorial científica ad hoc: Diego Henrique Moreira dos Santos Mestrado Acadêmico em Ciências Contábeis pela FECAP Editora associada: Todos os direitos reservados à Unaspress - Editora Universitária Adventista. Proibida a reprodução por quaisquer meios, sem prévia autorização escrita da editora, salvo em breves citações, com indicação da fonte. SUMÁRIO MÉTODO DE CUSTO E DO VALOR JUSTO E MÉTODO DE EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL.....................................10 Introdução ..................................................................................................................11 Conceito de contabilização sobre o método de custo e do valor justo.................................................................................11 Investimentos sujeitos à avaliação pelo método do custo ..........................................................................................16 Mensuração inicial e posterior: método de custo .........................................................17 Mensuração posterior .................................................................................................17 Mensuração inicial e posterior: método do valor justo ................................................................................................18 Valor justo no reconhecimento inicial ..................................................................18 Avaliação e contabilização do método de custo ...........................................................20 Método de custo na contabilização das participações societárias ...............................................................................20 Em caso de apresentação de prejuízo no exercício pela sociedade investida, como proceder para reconhecimento? .........................................................................21 Provisão para perdas ...................................................................................................22 Dividendos declarados ou recebidos ...............................................................................................................22 Aspectos legais e contábeis .........................................................................................22 Aspectos fiscais ...................................................................................................23 Avaliação e contabilização: método do valor justo ......................................................24 Fair value por meio do resultado (destinados à negociação) ...................................................................................24 Fair Value (valor justo) por meio de outros resultados abrangentes (disponíveis para venda) ...............................................25 Custo amortizado (mantidos até o vencimento) .................................................25 O método de equivalência patrimonial ................................................................................................................26 Pronunciamento técnico CPC 18 (r2) ...................................................................27 Obrigatoriedade de avaliação pelo método da equivalência patrimonial ...................................................................30 Aspectos normativos ...........................................................................................30 Tratamento dos itens não realizados ...................................................................31 Eliminação de resultados não realizados .............................................................32 Procedimentos para apuração dos resultados não realizados ....................................................................................34 Aspectos técnicos e legais das alterações do patrimônio líquido das investidas e os reflexos na avaliação ...........................................................................................34 Descontinuidade do uso do método da equivalência patrimonial ................................................................................37 Coligadas ....................................................................................................................37 Controladas .................................................................................................................38 Definições fundamentais .....................................................................................38 Controlada e controladora ...................................................................................39 Controladas em conjunto .....................................................................................41 Variações no patrimônio da investida e da investidora ...............................................................................42 Considerações finais ....................................................................................................43 Referências .................................................................................................................44 REESTRUTURAÇÕES SOCIETÁRIAS ..................................................46No entanto, com base no item 67 da ICPC 09, a contabilização desses $ 500 deverá ser posto como re- tificadora do PL no balanço patrimonial consolidado da sociedade controladora Céu Azul com a controlada Pássaro Verde. Desta forma, para uniformidade, e para que o balanço individual da sociedade controladora apresente o mesmo Patrimônio Líquido do balanço consolidado, esse ágio também será registrado como conta retificadora do PL no balanço individual da sociedade investidora. Desta maneira, o novo balanço da controladora após essa aquisição será representado assim: Ativos diversos 13.000 Investimento em controlada Capital 30.000 Valor justo ativos líquidos 22.500 Reservas 16.000 Goodwill 6.000 Ações em tesouraria (4.000) 28.500 41.500 41.500 Note que a lógica para o exposto no balanço acima é que o ágio sobre o Patrimônio Líquido de uma sociedade que já era antes sua controlada é como se fosse ágio sobre o seu próprio PL também. Assim, tanto o ágio contido nas ações em tesouraria quanto o ágio em transações de capital devem ser registrados como redutores do seu PL. DESÁGIO DE INVESTIMENTOS EM COLIGADAS OU CONTROLADAS Se o valor pago na aquisição ou subscrição de investimentos em sociedades coligadas ou socieda- des controladas for menor que o valor patrimonial, isto é, for inferior ao valor do investimento apurado por equivalência patrimonial, a essa diferença de valor denominamos de ganho por compra vantajosa ou deságio. Logo, o deságio ocorre quando um comprador paga valor inferior ao valor justo dos ativos de uma empresa investida que está sendo adquirida. O deságio também é denominado, nas normas CPC 18 (R2) e ICPC (09 R2), de valor obtido em compra vantajosa, como vimos anteriormente. Temos dois tipos de deságio: 103 ÁgIo E DESÁgIo CONTABILIDADE DECISORIAL • deságio por menos-valia de ativos líquidos; • deságio por expectativa de rentabilidade negativa futura (ou goodwill negativo). Assim, consideremos, como no exemplo apresentado por Ferrari (2010), que uma sociedade inves- tidora faça aquisição 40% das ações de uma empresa denominada ABC, que o Patrimônio Líquido está registrado no valor de R$ 50.000,00, mas caso fosse registrado pelo valor justo este seria de R$ 40.000,00. Posto isto, o deságio por menos-valia de ativos líquidos seria de 40% do montante de R$ 50.000,00 – 40% de 40.000,00 = representando R$ 4.000,00. No caso do deságio por expectativa de rentabilidade negativa (goodwill negativo), este será aufe- rido pela diferença positiva entre o valor justo dos ativos líquidos da sociedade investida e o custo do investimento adquirido. Desta forma, observando ainda o exemplo acima da empresa ABC, se a sociedade investidora ao ad- quirir 40% das ações da sociedade investida tivesse pagado R$ 11.000,00, o deságio por goodwill negativo seria de 40% de R$ 40.000,00 – R$ 11.000,00, ou seja, R$ 5.000,00. A sociedade investidora faria o seguinte registro contábil da operação: D: investimentos em coligadas (40% de R$ 50.000,00) R$ 20.000,00 C: deságio por menos-valia de ativos líquidos R$ 4.000,00 C: deságio por rentabilidade negativa (goodwill negativo) R$ 5.000,00 C: caixa/bancos R$ 11.000,00 No entanto, no caso do deságio, como tratado na norma contábil, de forma diferente do ágio, inde- pendentemente da causa que lhe deu origem, o mesmo deve ser contabilizado como receita imediata- mente no resultado do exercício em que foi originado. Podemos relembrar esse conceito relendo o Item 32 (b) do CPC 18 (CPC, 2012, p. 11): qualquer excedente da participação do investidor no valor justo líquido dos ativos e passivos identificáveis da investida sobre o custo do investimento (ganho por compra vantajosa) deve ser incluído como receita na determinação da participação do investidor nos resultados da investida no período em que o investi- mento for adquirido. Desta forma, o lançamento feito acima ficaria simplificadamente da seguinte forma: D: investimentos em coligadas (40% de 50.000,00) R$ 20.000,00 C: receita de ganho por compra vantajosa R$ 9.000,00 C: caixa/bancos R$ 11.000,00 104 ÁgIo E DESÁgIo CONTABILIDADE DECISORIAL CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo desta unidade, pudemos ver e aprender um pouco mais detidamente sobre o ágio, que, como já sabemos, é um valor desembolsado a maior no que tange ao valor justo dos ativos líquidos da sociedade investida; sobre o deságio, que é um valor pago a menor no que tange ao valor justo dos ati- vos líquidos da sociedade investida; sobre o goodwill, que é a diferença entre o valor da empresa (valor oriundo da mensuração) e o seu valor de mercado; e sobre a mais-valia ou menos-valia, que representam a diferença entre o valor justo dos ativos líquidos da sociedade investida, equivalente à porcentagem da participação obtida e o valor do patrimônio líquido demonstrado na contabilidade na data da aquisição. Vimos que a amortização está relacionada com a realização do ágio por mais-valia, e que isto ocorre- rá em função da realização dos ativos da sociedade investida que lhe deram origem, ou seja, estão intrin- secamente relacionados, podendo essa realização ocorrer de maneira total por meio da baixa, por motivo de perecimento ou alienação dos respectivos ativos, ou parcialmente, de forma equivalente à amortização, depreciação, ou exaustão desses ativos. Aprendemos que a sociedade não pode utilizar como prazo para amortização total do ágio, o perío- do de ágio em cinco anos, tão somente o goodwill poderá ser amortizado nesse prazo. E sobre amortização, vale frisar que as mais-valias deverão sofrer amortização de acordo com a vida útil do ativo avaliado, ou seja, caso seja identificado um intangível como carteira de clientes, com uma vida útil de dez anos, o valor da mais-valia deverá sofrer amortização durante o período de dez anos. Alguns ativos possuem vida útil indefinida, como terrenos e, eventualmente, marcas. Nesse caso, a mais-valia en- contrada sobre esses bens não será suscetível de amortização. Para apurar o goodwill e a mais-valia em caso de aquisição de empresas, verificamos o valor total pago por uma empresa, uma vez que pode ser dividido entre valor contábil do patrimônio líquido, valor da mais-valia dos ativos e passivos (representado pela diferença entre o patrimônio líquido a valores de mercado) e goodwill. Vale lembrar que para se obter o ágio por mais-valia de ativos líquidos, aplicamos a percentagem de participação da sociedade investidora sobre a diferença entre o Patrimônio Líquido da sociedade investida, mensurado a valor justo, e o Patrimônio Líquido da investida, registrado pela mesma (valor contábil do PL). Quando temos um valor pago na aquisição ou subscrição de investimentos em coligadas ou controladas menor do que o valor patrimonial, a essa diferença de valor denominamos de ganho por compra vantajosa ou deságio. REFERÊNCIAS COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS (CPC). CPC-15 (R1): Combinação de Negócios. Brasília, ago. 2011. Disponível em: . Acesso em: 12 abr. 2020. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS (CPC). CPC-18 (R2): Investimento em Coligada, em Controlada e em Empreendimento Controlado em Conjunto. Brasília, jul. 2012. Disponível em: . Acesso em: 12 abr. 2020. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS (CPC). ICPC-09 (R2): Demonstrações Contábeis Individuais, Demonstrações Separadas, Demonstrações Consolidadas e Aplicação do Método de Equivalência Patrimonial. Brasília, 2009. Disponível em: . Acesso em: 12 abr. 2020. FERRARI, E.L. Contabilidade geral. 10. ed. Niterói: Impetus, 2010. 105 ÁgIo E DESÁgIo CONTABILIDADE DECISORIAL FIPECAFI – FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS CONTÁBEIS, ATUÁRIAS E FINANCEIRAS. Manual de Contabilidade Societária: aplicável a todas as sociedades. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MONTOTO, E.; LENZA, P. (Org.). Contabilidade geral e avançada esquematizado. 5. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. RIBEIRO, O. M. Contabilidade avançada. 3. ed. São Paulo:Saraiva, 2012. SILVA, K. M. Contabilidade Intermediária II. UFBA, Faculdade de Ciências Contábeis, 2018. Disponível em: . Acesso em: 09 jul. 2020. Método de custo e do valor justo e método de equivalência patrimonial Introdução Conceito de contabilização sobre o método de custo e do valor justo Investimentos sujeitos à avaliação pelo método do custo Mensuração inicial e posterior: método de custo Mensuração posterior Mensuração inicial e posterior: método do valor justo Valor justo no reconhecimento inicial Avaliação e contabilização do método de custo Método de custo na contabilização das participações societárias Em caso de apresentação de prejuízo no exercício pela sociedade investida, como proceder para reconhecimento? Provisão para perdas Dividendos declarados ou recebidos Aspectos legais e contábeis Aspectos fiscais Avaliação e contabilização: método do valor justo Fair value por meio do resultado (destinados à negociação) Fair Value (valor justo) por meio de outros resultados abrangentes (disponíveis para venda) Custo amortizado (mantidos até o vencimento) O método de equivalência patrimonial Pronunciamento técnico CPC 18 (r2) Obrigatoriedade de avaliação pelo método da equivalência patrimonial Aspectos normativos Tratamento dos itens não realizados Eliminação de resultados não realizados Procedimentos para apuração dos resultados não realizados Aspectos técnicos e legais das alterações do patrimônio líquido das investidas e os reflexos na avaliação Descontinuidade do uso do método da equivalência patrimonial Coligadas Controladas Definições fundamentais Controlada e controladora Controladas em conjunto Variações no patrimônio da investida e da investidora Considerações finais Referências REESTRUTURAÇÕES SOCIETÁRIAS Introdução Reestruturações societárias: aspectos legais e contábeis Protocolo de intenções Justificação Formação do capital Aspectos contábeis comuns aos processos de reorganizações societárias Fusão de sociedades Tributação a valor de mercado: opção pelo lucro presumido ou arbitrado Cisão de sociedades Incorporação Formas de extinção das sociedades Liquidação Extinção de sociedades Transformação de sociedades Considerações finais Referências Ágio de deságio Introdução Conceitos: ágio, deságio, goodwill e mais-valia Mais-valia Menos-valia/compra vantajosa ou deságio Ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) Contabilização do ágio e deságio na aquisição de participações societárias Considerações finais Referências Consolidação das demonstrações contábeis (CPC 4) Introdução Objetivo da consolidação e obrigatoriedade Obrigatoriedade de elaboração das demonstrações consolidadas Consolidação do ponto de vista societário e fiscal Consolidação do ponto de vista do investidor ou credor Consolidação do ponto de vista administrativo e gerencial Eliminação e ajustes na consolidação Técnicas e Procedimentos de Consolidação Critérios contábeis entre as empresas consolidadas Notas explicativas às demonstrações contábeis consolidadas Considerações finais ReferênciasIntrodução ..................................................................................................................47 Reestruturações societárias: aspectos legais e contábeis .............................................47 Protocolo de intenções ........................................................................................49 Justificação ..........................................................................................................50 Formação do capital ............................................................................................50 Aspectos contábeis comuns aos processos de reorganizações societárias ..............................................................51 Fusão de sociedades ............................................................................................51 Tributação a valor de mercado: opção pelo lucro presumido ou arbitrado ......................................................................55 Cisão de sociedades .............................................................................................56 Incorporação .......................................................................................................59 Formas de extinção das sociedades .....................................................................75 Liquidação ...........................................................................................................77 Extinção de sociedades .......................................................................................79 Transformação de sociedades .............................................................................80 Considerações finais ....................................................................................................80 Referências .................................................................................................................81 ÁGIO E DESÁGIO ............................................................................82 Introdução ..................................................................................................................83 Conceitos: ágio, deságio, goodwill e mais-valia ...........................................................83 Mais-valia............................................................................................................84 Menos-valia/compra vantajosa ou deságio .........................................................87 Ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) .................................................................................................90 Contabilização do ágio e deságio na aquisição de participações societárias ............................................................94 Considerações finais ...................................................................................................104 Referências ................................................................................................................104 VO CÊ ES TÁ A QU I EMENTA Aplicação da contabilidade com ênfase na tomada de decisão diante de situações societárias complexas, envolvendo operações intercompanhias, equivalência patrimonial e consolidação das demonstrações contábeis, tendo em conta o processo de globalização, as inovações tecnológicas, as práticas contemporâneas de gestão e as exigências de mercado, e como tais fatores internos e externos afetam a escolha da decisão mais apropriada, num ambiente de alta volatilidade organizacional. OB JE TI VO S - Dominar e aplicar as técnicas contábeis para a elaboração das principais demonstrações e relatórios contábeis obrigatórias conforme as leis 6.404/76 e 11.638/07 e IFRS (normas internacionais de contabilidade); - Desenvolver no aluno a capacidade de utilizar a Contabilidade Decisorial para avaliação de investimentos de diversos tipos. ÁGIO E DESÁGIO UNIDADE 3 83 ÁgIo E DESÁgIo CONTABILIDADE DECISORIAL INTRODUÇÃO Esta unidade foi preparada especialmente para te propiciar conhecimentos sobre o fundamento econômico do ágio e do deságio, visando aprimorar seus conhecimentos na área das Ciências Contábeis e Atuariais. Iremos conhecer os principais conceitos e leis que regem o ágio e o deságio, assim como suas aplicações e exemplos práticos. Todos esses conhecimentos são essenciais para sua formação como conta- dor e futuro profissional da área. Para tanto, nesta unidade iremos analisar: • o conceito de ágio e deságio; • o conceito de mais valia; • o conceito de menos valia/compra vantajosa ou deságio; • o conceito de ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill); • a contabilização do ágio e deságio na aquisição de participações societárias. CONCEITOS: ÁGIO, DESÁGIO, GOODWILL E MAIS-VALIA Podemos descrever de forma simplificada, em um cenário de linguagem mais simplória, que ágio é o valor a maior requerido sobre determinado item. Já o deságio é o oposto do ágio, ou seja, o desembolso de um valor abaixo do padrão do mercado para aquisição de um item. Outro termo que veremos nesta unidade é o goodwill, ou o ativo intangível que apresenta, em seu valor, o potencial de um certo negócio, de gerar riquezas, no futuro, por meio do ingresso de um novo só- cio controlador. Desta maneira, o goodwill é obtido pela diferença apresentada entre o valor efetivamente desembolsado e o valor justo de um determinado negócio, sendo o seu valor demonstrado pela concen- tração de ativos intangíveis verificáveis, todavia, inseparáveis. Além do ágio, deságio e goodwill, outro conceito comum é o da mais-valia. Ela é determinada quan- do uma sociedade a ser investida, tendo os ativos, líquido dos passivos, avaliados a valor justo individual- mente, apresentam, após essa mensuração, maior valor do que seu valor contábil. IMPORTANTE Vamos guardar aqui algumas informações: • Goodwill no balanço individual: faz parte do valor do investi- mento; • Goodwill no balanço consolidado: integrado ao grupo de ativo intangível; • Valor contábil: valor registrado na contabilidade da sociedade investida; 84 ÁgIo E DESÁgIo CONTABILIDADE DECISORIAL • Valor justo: valor que considera os ativos e passivos líquidos, que pode apresentar diferenças do valor contábil pelo fato de possuir, por exemplo, uma máquina registrada no ativo por um valor menor do que o real. Nossa base principal para estudo e entendimento desta unidade será o CPC 15, o CPC 18 e o ICPC 09. Em conformidade com o pronunciamento técnico nº 18, para a obtenção da mais-valia e do goodwill (ágio fundamentado em rentabilidade futura) ou ganho por compra vantajosa, temos o seguinte, no item 32: Na aquisição do investimento, quaisquer diferenças entre o custo do investimento e a participação do investidor no valor justo líquido dos ativos e passivos identificáveis da investida devem ser contabilizadas como segue: (a) o ágio fundamentado em rentabilidade futura (goodwill) relativo a uma coligada, a uma controlada ou a um empreendimento controlado em conjunto (neste caso, no balanço individual da controladora) deve ser incluído no valor contábil do investimento e sua amortização não é permitida; (b) qualquer excedente da participação do investidor no valor justo líquido dos ativos e passivos identifi- cáveis da investida sobre o custo do investimento (ganho por compra vantajosa) deve ser incluído como receita na determinação da participação do investidor nos resultados da investida no período em que o investimento for adquirido (CPC, 2012, p. 11). Depreendemos deste texto que, na aquisição da participação societária, quaisquer desembolsos de valores que se apresentarem maiores do que os valores contábeis serão classificados como ágio, podendo ele ser por mais-valia ou goodwill. MAIS-VALIA O que atualmente o CPC convencionou denominar de mais-valia era chamado anteriormente de ágio por diferença entre o valor contábil (valor registrado nas demonstrações financeiras) e o valor de mercado.Verificamos que essa discrepância existe porque, numa sociedade, nem todos os ativos e passivos (itens patrimoniais) apresentam avaliação a valores de mercado. Desta forma, ao efetuar a comparação do valor contábil com o valor de mercado, pode haver diferenças. Um exemplo bem comum para assimilar no nosso estudo é o caso dos ativos imobilizados, que são registrados pelo custo histórico e no decorrer dos anos, seus valores originais, por diversos fatores, distanciam-se do valor real de mercado. Vale voltarmos a tratar de temas já vistos na unidade 2 e 3 do nosso estudo em contabilidade de- cisorial, abordando o valor justo e as combinações de negócios, respectivamente. Sob a definição do CPC 15 (R1) (2011), uma combinação de negócios é constatada quando, numa ope- ração entre sociedades, uma entidade, denominada adquirente, obtém controle de um ou mais negócios. Um negócio representa um agrupamento de operações (atividades), ativos e passivos que podem ser conduzidos e administrados para gerar redução de custos, retorno em forma de dividendos ou outros benefícios econômicos verificáveis. Logo, a obtenção do controle pelo adquirente é o ponto principal numa combinação de negócios, controle este que fornece ao adquirente o poder de administrar as políticas financeiras e operacionais dos negócios adquiridos, de forma a obter benefícios econômicos de suas operações. Desta forma, não se con- sidera uma combinação de negócios a aquisição de ativos que não satisfazem à definição de negócio (ou seja, ativos que não são capazes de serem gerenciados para obter benefícios econômicos) e obtenção de 85 ÁgIo E DESÁgIo CONTABILIDADE DECISORIAL controle de uma sociedade que não se caracteriza como sendo negócio. As combinações de negócios podem ser constituídas de várias ma- neiras, conforme previsto no CPC 15 (R1) e Manual de Contabilidade Socie- tária (2010): • uma ou mais sociedades tornam-se subsidiárias da sociedade adquirente; • uma sociedade faz a transferência de seus ativos líquidos para outra sociedade; • as sociedades envolvidas na combinação de negócios transfe- rem seus ativos para uma nova entidade, entre processos de reestruturações societárias estudadas em unidades anteriores. Ainda existem outros exemplos para assimilarmos as operações de combinações de negócios, que podem ser constituídas e verificadas como sugere Silva (2018, p. 64): • Aquisição de ações; • Aquisição de ativos líquidos; • Fusões legais; • Constituição de nova entidade para controlar entidades anteriormente separadas; • Aquisição reversa.1 Desta forma, numa operação na qual se evidencie uma combi- nação de negócio, o ativo intangível adquirido, na data de aquisição, deve ter seu custo mensurado com base no valor justo. Vale pontuar que esse ativo intangível, de acordo com a norma contábil, deve ser identificável e individualizado na operação ou suceder de direitos legais ou contratuais, o qual demonstra as expectativas dos integrantes do mercado no momento da aquisição sobre a possibilidade de que os futuros benefícios econômicos incorporados pelo ativo serão efetivados em favor da sociedade, mesmo que haja incertezas em relação ao valor desses benefícios e ao prazo de geração destes benefícios. Para a adequada contabilização, é fundamental a mensuração do ativo pelo seu valor justo com segurança, conforme preceitua a legisla- ção. Destaca-se, neste ponto, principalmente, a premissa de mensuração a valor justo, pois é uma base para nossas avaliações. Nas transações de combinações de negócios, sobretudo em transa- ções de aquisição de controle societário ou de participações societárias significativas no capital de uma sociedade, desembolsar um valor maior em relação ao valor de patrimônio líquido contábil (aquele contido na 1 A aquisição reversa é uma forma de reorganização societária em que ocorre a incorpora- ção da sociedade controladora. Uma combinação de negócios ocor- re quando a entidade adquirente obtém controle sobre um ou mais negócios da sociedade. Fonte: Shutterstock 86 ÁgIo E DESÁgIo CONTABILIDADE DECISORIAL demonstração contábil), da ação ou quota da sociedade investida é consi- derado comum. Isto decorre do fato de que nem todos os ativos são men- surados a valor justo, ou, pelo fato da demonstração contábil não refletir na totalidade os seus ativos, como o caso de marcas, que não têm o valor real refletido e só será efetivamente conhecido após a venda da empresa para uma outra sociedade que, esta sim, reconhecerá o efetivo valor da marca no mercado, por exemplo. Nestas situações, podemos verificar que muitas vezes é possível identificar que esse valor pago a mais é referente a “mais valia”, resultado da diferença entre o valor de mercado de um imobilizado e o seu valor contábil líquido. Con- tudo, algumas vezes, mesmo após a alocação das parcelas dessa “mais valia” por diferença entre todos os ativos a seu valor justo e seu valor contábil, remanesce ainda um ativo “residual” que rece- be a denominação amplamente aceita de goodwill (ou fundo de comércio) (SILVA, 2018, p. 64). A sociedade adquirente, na data da aquisição do novo negócio, de- verá reconhecer, separadamente desse valor desembolsado a mais, desse ágio decorrente da expectativa de rentabilidade futura (goodwill), a aqui- sição dos intangíveis que satisfaçam ao conceito e critérios de reconhe- cimento, “como projeto de pesquisa e desenvolvimento em andamento, em seu ativo intangível, e em seguida, como investimento, o goodwill e a mais valia apurada no novo negócio” (SILVA, 2018, p. 65). Numa avaliação econômica da sociedade, o goodwill é obtido verifi- cando-se a diferença entre o que vale o negócio como um todo, operando, e a soma algébrica do valor justo dos itens patrimoniais registrados na de- monstração contábil da empresa. Classifica-se o goodwill em dois tipos: o objetivo e subjetivo. O goodwill objetivo é o que se obtém pela diferença positiva entre o valor de mercado líquido dos ativos e passivos e o custo de aquisição da par- te líquida dos ativos e passivos pela sociedade investidora. O goodwill subjetivo é o que se obtém pela diferença entre o valor presente dos fluxos futuros de caixa menos o valor de mercado dos ativos e passivos. Na contabilidade, só é permitido registrar o goodwill em seu ativo nas transações de combinação de negócios, conforme definiu o CPC 15 (R1). Assim, é considerada mais valia a diferença entre o valor justo e o valor contábil dos ativos e passivos do negócio adquirido e sua contabilização é feita em conta própria a ser baixada, caso também ocorra a baixa desses elementos patrimoniais. Conforme Ferrari (2010), o ágio por mais-valia sofre amortização em função da realização dos ativos da sociedade investida que lhe origi- naram, equivalente à depreciação, amortização ou exaustão. Mais adiante veremos detalhadamente as regras para isso, mas neste momento, guar- de o exemplo da Figura 27: AMORTIZAÇÃO De acordo com o site Dicionário Financeiro, amortização é “a redução do valor de uma dívida por meio de pagamentos parciais”. Fonte: https://bit.ly/3jAul6o. Acesso em: 23 jul. 2020. 87 ÁgIo E DESÁgIo CONTABILIDADE DECISORIAL Figura 27 – Ágio por mais-valia Ex.: Seja o ágio mais-valia de R$ 5.000,00 surgido em virtude de o terreno ter um valor justo superior ao seu valor contábil. Se ele perde metade do valor por impairment, então, daremos baixa em metade do ágio. Assim: D: resultado negativo de equivalência patrimonial 2.500 (metade de 5.000,00) C: ágio mais-valia 2.500 (idem) Fonte: Ferrari (2010) Esses valores passam a integrar o valor contábil do negócio adquirido, perdendo essa diferença na denominação de ágio. Em síntese, a mais valia é verificada quando a sociedade a ser investida apresenta os ativos líquidos dos passivos, avaliados a valor justo separadamente, valem mais que seu valor contábil. Di- ferentemente do goodwill, que é a diferença entre o desembolso efetuado por um negócio numa avaliaçãoeconômica e o seu valor patrimonial. Vamos analisar em que parte do balanço patrimonial é classificada a mais-valia? A mais-valia e o goodwill seguem metodologias similares em relação a alguns aspectos de classificação nas demonstrações individuais e consolidadas. Na demonstração individual ela é classificada dentro do grupo de investimentos, somada ao eventual goodwill e somada à equivalência patrimonial (parte do patrimônio líquido contábil de posse da sociedade investidora). Somente nas notas explicativas o seu valor é demonstrado separadamente. Já nas demonstrações consolidadas, a mais-valia dos ativos e passivos é reconhecida nos respectivos ativos e passivos que a originaram. A sua amortização ocorre junto com a baixa dos ativos que a produzi- ram, seja por amortização, depreciação, venda ou exaustão. MATERIAL COMPLEMENTAR Leia o artigo “Ativo intangível das empresas brasileiras listadas no mercado de capitais: um estudo comparativo com Estados Unidos, Europa, Austrália e Japão”, e apren- da mais sobre o ativo intangível, incluindo o goodwill. Disponível em: . Acesso em: 21 jul. 2020. MENOS-VALIA/COMPRA VANTAJOSA OU DESÁGIO DESÁGIO OU COMPRA VANTAJOSA Deságio ocorre quando um comprador paga valor inferior ao valor justo dos ativos de uma investida que está sendo adquirida. O deságio também é denominado, nas normas CPC 18 (R2) e ICPC 09 (R2), de 88 ÁgIo E DESÁgIo CONTABILIDADE DECISORIAL valor obtido em compra vantajosa. Em relação a determinações sobre o registro contábil do deságio ou compra vantajosa, a norma preceitua da seguinte forma no item 29 do ICPC 09 R2 (CPC, 2009, p. 12): Na eventualidade de apuração de ganho por compra vantajosa, o registro contábil deve ser feito conforme previsto no Pronunciamento CPC 15 — Combinação de Negócios, o que redundará em reconhecimento de ganho na entidade adquirente. Deste dispositivo legal compreende-se que o ganho oriundo da operação deverá configurar no re- gistro contábil da sociedade que fez a aquisição. Temos também no Item 38 ICPC 09 (R2) (CPC, 2009, p. 17): (b) a parcela do investidor no valor justo líquido dos ativos e passivos identificáveis da coligada ou em- preendimento controlado em conjunto (já líquido do passivo ou ativo fiscal diferido) que superar o custo do investimento (o que resulta em ganho por compra vantajosa) deverá ser analisada (revisada) de acordo com o requerido pelo Pronunciamento Técnico CPC 15 – Combinação de Negócios, o que resultará, em situações particulares, no reconhecimento de ganho na entidade adquirente. Deste dispositivo legal, compreende-se que deverão ser feitas análises a respeito da operação que ocasionou ganho por compra vantajosa seguindo os preceitos do pronunciamento contábil CPC 15, que causará impacto na sociedade adquirente em relação ao reconhecimento. (b) qualquer excedente da participação do investidor no valor justo líquido dos ativos e passivos identifi- cáveis da investida sobre o custo do investimento (ganho por compra vantajosa) deve ser incluído como receita na determinação da participação do investidor nos resultados da investida no período em que o investimento for adquirido (CPC, 2012, p. 11). Deste dispositivo legal, compreende-se que nas operações nas quais a sociedade adquirente obtenha ga- nho por compra vantajosa, pelo princípio de competência, deverá ser reconhecido como receita no período em que ocorrer aquisição do investimento. Veja o que preceitua o ICPC 09 (CPC, 2009, p. 9-10), item 23: Na data da obtenção do controle, o montante do investimento decorrente de aquisição de controladas deve ser registrado nas demonstrações contábeis individuais da adquirente de forma separada, para fins de controle e evidenciação, entre o valor do investimento proporcional ao percentual de participação so- bre o patrimônio líquido ajustado conforme [itens registrados de forma extracontábil (a inclusão de ativos existentes na investida e passivos contingentes, mas não reconhecidos nas demonstrações contábeis des- sa investida)] e o ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill), no grupo de investimentos do ativo não circulante da seguinte maneira: (a) o valor representado pela aplicação da percentagem de participação atribuível à controladora (parti- cipação adquirida mais a participação pré-existente na data da combinação) aplicada sobre o patrimônio líquido da adquirida ajustado pelas práticas contábeis da investidora e com ativos e passivos a seus valores justos (inclusive ativos anteriormente não reconhecidos e passivos contingentes que tenham sido reco- nhecidos [de forma extracontábil]). Considerando-se que, como regra, nos registros contábeis originais da entidade adquirida os ativos e os pas- sivos permanecem registrados pelos valores contábeis originais, sem qualquer ajuste pelos valores justos apurados na combinação de negócios, a entidade adquirente deve identificar todos os itens que resultem em diferenças entre os valores contábeis e os valores justos dos ativos e passivos da adquirida para fins de controle de sua realização por amortização, depreciação, exaustão, venda, liquidação, alteração no valor con- tabilizado, baixa, impairment ou qualquer outra mutação nos registros contábeis desses ativos e passivos. Atenção: o deságio não deve ser contabilizado no ativo como redutor do investimento, como ocorria antes da adoção das normas internacionais. Ele é uma receita a ser considerada no exercício em que ocorreu a aquisição. Para fixação dos conceitos previstos nas normas contábeis, vamos utilizar um breve exemplo: a empresa Céu Azul S.A. adquire 40% de participação societária da empresa Pássaro Verde S.A., que possui um patrimônio líquido a valor justo de R$ 500.000, pagando R$ 150.000. 89 ÁgIo E DESÁgIo CONTABILIDADE DECISORIAL Nesse caso, como o valor justo do PL é R$ 500.000, a investidora Céu Azul S.A. deveria ter pagado o correspondente a 40% de R$ 500.000, isto é, R$ 200.000. Como o valor pago foi R$ 50.000, sendo ele menor que o valor justo para 40% de participação, configurou-se uma compra vantajosa (deságio) e o ganho de- verá ser registrado pelo adquirente investidor (Céu Azul S.A.) como ganho de capital no ato da aquisição. Débito: participação societária R$ 200.000 Crédito: disponibilidades R$ 150.000 Crédito: ganho de capital (resultado) R$ 50.000 MATERIAL COMPLEMENTAR Para conhecer os aspectos tributários, não deixe de ler a lei nº 12.973, de 13 de maio de 2014. Disponível em: . Acesso em: 08 jul. 2020. MENOS-VALIA EM COLIGADA OU CONTROLADA Quanto ao conceito de menos-valia, ele só pode ocorrer quando o ativo de uma investida estiver contabilizado acima do valor justo dos seus ativos e, nesse caso, a norma determina, tanto na aquisição de coligadas (item 35 do ICPC 09 R2) como na de controladas (item 19 do ICPC 09 R2), que, antes da concre- tização da transação de aquisição, os ativos e passivos devem ser ajustados utilizando as mesmas práticas contábeis da adquirente. A norma determina que, no caso de investimento em coligada ou em joint venture (empreendimento controlado em conjunto), os valores justos dos ativos líquidos identificáveis da investida na data de cada transação de aquisição devem ser previamente determinados para aplicação do método da equivalência patrimonial, bem como devem previamente ser ajustadas as demonstrações da investida às práticas con- tábeis da investidora, como mencionado nos itens 19 e 20 desta Interpretação (controlada) (CPC, 2009). Primeiramente, os ativos e os passivos da entidade cujos instrumentos patrimoniais (normalmente ações ou cotas do capital social) foram adquiridos devem ser ajustados, mesmo que extracontabilmente, com relação a todas as práticas contábeis relevantes utilizadas pela adquirente (CPC, 2009, p. 8). Neste ato normativo, verifica-se que a primeira coisa a fazer para a aplicação do método da equiva- lência patrimonial referente a menos-valia em coligada ou controladaé ajustar a participação adquirida, mesmo que de forma extracontábil. Para fins de determinação do ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) ou do ganho por compra vantajosa, todos os ativos e passivos da investida devem ser reconhecidos e mensurados conforme o Pronunciamento Técnico CPC 15, cuja regra geral de mensuração é o valor justo (com algumas exceções 90 ÁgIo E DESÁgIo CONTABILIDADE DECISORIAL a essa regra geral, previstas nos itens 22 a 31 do citado Pronunciamento). Esse procedimento pode fazer com que sejam reconhecidos (extracontabilmente na determinação do patrimônio líquido ajustado da controlada para fins de aplicação da equivalência patrimonial e/ou que sejam reconhecidos contabilmente para fins de consolidação das demonstrações contábeis) ativos e/ou passivos que não eram reconhecidos nas demonstrações contábeis da entidade cujo controle foi obtido (CPC, 2009, p. 8). Neste ato normativo, verifica-se que, mesmo que a demonstração contábil não apresente a totalida- de dos registros dos elementos patrimoniais da sociedade, como o caso de ativos intangíveis constituídos pela sociedade investida que não puderam ser contabilizados por não atenderem às condições previstas na norma, por exemplo, devem ser ainda incluídos, mesmo que por meio de registro extracontábil. Adotar as mesmas práticas da adquirente significa adotar as normas brasileiras harmonizadas com as normas internacionais, e isso implica em dizer que se um ativo da investida estiver superavaliado, deverá ser aplicado o teste de impairment (teste de recuperabilidade de ativos). O teste de recuperabilidade irá acarretar um lançamento de perda no resultado da adquirida (investida) e de redução do valor do ativo de tal for- ma que não caberá qualquer reconhecimento (contabilização) de menos-valia pelo investidor. Portanto, não existe lançamento de menos-valia a ser feito por parte do adquirente que avalie por equivalência patrimonial. ÁGIO POR EXPECTATIVA DE RENTABILIDADE FUTURA (GOODWILL) Quando uma investidora adquire uma participação societária em uma investida, essa aquisição pode ocorrer por um valor acima do valor patrimonial. Existem dois tipos de sobrepreço: goodwill e mais-valia. MATERIAL COMPLEMENTAR Para aprofundar ainda mais seus conhecimentos sobre goodwill, leia o artigo “Goodwill: uma análise dos concei- tos utilizados em trabalhos científicos” de Eliseu Martins, Diana de Almeida, Eric Martins e Patrícia Costa. Disponível em: . Acesso em: 12 jul. 2020. Mais-valia tem relação com o valor real dos ativos, e ágio (goodwill) tem relação com uma expectativa de resultados com a qual tanto o vendedor da empresa como o comprador concordam e, por isso, o com- prador paga mesmo sem comprovação concreta do valor da participação societária. A mais-valia é o valor pago baseado no valor do patrimônio líquido da investida que é baseado em uma avaliação a valor justo. Esse valor justo, por alguma razão, não pôde ser considerado para registro no valor contábil da entidade (MONTOTO, 2018, p. 897). De acordo com o ICPC 09 (CPC, 2009), o ágio (goodwill) pago por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) é representado pela diferença positiva entre o valor pago (ou valores a pagar) e o montante lí- quido proporcional adquirido do valor justo dos ativos e passivos da entidade adquirida. AMORTIZAÇÃO DA MAIS-VALIA E AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO Caso a mais-valia paga por um investidor tenha como origem um item depreciável, amortizável ou exaurível na investida, a investidora deverá amortizar na mesma proporção em sua contabilidade. Se o 91 ÁgIo E DESÁgIo CONTABILIDADE DECISORIAL item não for depreciável, amortizável ou exaurível, a mais-valia não deverá sofrer amortização. Em regra, conforme encontramos no ICPC 09 (CPC, 2009, p. 17), item 40, o ágio pago por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) é um ativo intangível de vida útil indefini- da, razão pela qual não está sujeito à amortização sistemática ao longo do tempo, sendo, por outro lado, submetido ao menos anualmente a teste quanto ao seu valor recuperável (Pronunciamento Técnico CPC 01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos). Todavia, conforme item 41, 42 e 43, do ICPC 09 (CPC, 2009, p. 17-18), podem existir situações em que a expectativa de lucros futuros tenha seu benefício econômico limitado no tempo (prazo definido). Isso pode ocorrer em situações onde o valor pago excedente ao valor justo dos ati- vos líquidos adquiridos decorra não só, por exemplo, de um direito de concessão com vida útil definida, mas também de efeitos sinérgicos que se espera venham a produzir aumento de rentabilidade. O Comitê de Pro- nunciamentos Contábeis entende que não se caracteriza como ágio pago por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) o valor pago que se refira especificamente a direito de concessão, direito de exploração e assemelhados, inclusive quando adquirido em combinação de negócios onde a entidade adquirida seja uma concessionária, cujo direito à concessão tenha prazo conhecido e definido. O goodwill apenas existe na medida em que não haja condição de reconhecimento de ativo intangível identificável, conforme regras de reconhecimento do Pronunciamento Técnico CPC 15 (R1). No caso de ativo intangível, [como mencionado anteriormente], existe a amortização e ela se faz durante essa vida útil, como tratado no Pronunciamento Técnico CPC 04 e também a aplicação do teste de recuperabilidade do Pronunciamento Técnico CPC 01. Dado o exposto pela norma, depreende-se que em contratos onde o objeto seja a concessão de direitos, não há que se falar em ágio pago por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) em relação a desembolsos que se refiram especificamente a aquisição desse direito de concessão, nesta situação, o goodwill só se verifica na medida em que não haja condição de reconhecimento de ativo intangível identi- ficável, que não seria a situação das concessões. INVESTIMENTO EM CONTROLADA E ÁGIO PAGO POR EXPECTATIVA DE RENTABILIDADE FUTURA (GOODWILL) NA AQUISIÇÃO DE CONTROLADA NO RECONHECIMENTO INICIAL, NAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS INDIVIDUAIS E CONSOLIDADAS DA CONTROLADORA De acordo com o que podemos estudar no ICPC 09 (CPC, 2009, p. 8), as demonstrações contábeis individuais, enquanto exigidas pela legislação brasileira, a adquirente deve aplicar os requisitos desta Interpretação com relação à identificação do valor justo do acervo líquido da en- tidade adquirida para fins do registro inicial em conta de investimento, da aplicação do método da equiva- lência patrimonial e da determinação do ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) ou ganho por compra vantajosa (deságio) na aquisição de controlada. Segundo o ICPC 09, todos os ativos e passivos da investida devem ser reconhecidos e mensurados conforme o Pronunciamento Técnico CPC 15 para fins de determinação do ágio por expectativa de rentabilidade futura (goo- dwill) ou do ganho por compra vantajosa (deságio), cuja regra geral de mensuração é o valor justo, apresentando algumas exceções a essa regra, que estão determinadas nos itens 22 a 31 do CPC 15 (R1). Esse procedimento de mensuração a valor justo pode fazer com que sejam reconhecidos extracon- tabilmente na determinação do patrimônio líquido ajustado da controlada para com o objetivo de aplicar a equivalência patrimonial e/ou que sejam contabilmente reconhecidos para consolidar as demonstrações contábeis ativos e/ou passivos que não eram registrados nas demonstrações contábeis da sociedade cujo controle foi obtido (CPC, 2009, item 20). 92 ÁgIo E DESÁgIo CONTABILIDADE DECISORIAL IMPORTANTE Vale ressaltar que estes registros é que vão nos apoiar no processo de reconhecimento do ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) ou do ganho por compra vantajosa (deságio). Conforme encontramos ainda no ICPC 09 (CPC, 2009, p. 8), item 20, Esse é o caso, por exemplo, de ativos intangíveis formados pela investida que nãopuderam ser reconhe- cidos contabilmente porque não atendem às condições previstas para tal no Pronunciamento Técnico CPC 04 – Ativo Intangível, ou ainda de passivos contingentes não sujeitos ao reconhecimento contábil nas demonstrações da investida por força do Pronunciamento Técnico CPC 25 – Provisões, Passivos Con- tingentes e Ativos Contingentes, mas que possam ser reconhecidos na combinação de negócios, por atenderem às condições de reconhecimento previstas no Pronunciamento Técnico CPC 15 (como defini- do no item 23 do CPC 15, para o reconhecimento de um passivo contingente basta que sejam atendidas duas condições: (i) ser uma obrigação presente que surge de eventos passados e (ii) ter seu valor justo mensurado com confiabilidade. Compreende-se pelo exposto do ato normativo que a ausência de alguns registros na demonstração contábil se deve pelo fato de em algum momento não atenderem os preceitos determinados pela legisla- ção contábil. De acordo com o ICPC 09, o reconhecimento e a mensuração dos ativos líquidos da sociedade cujo controle foi obtido por meio da combinação de negócios devem atender às determinações do Pronuncia- mento Técnico CPC 15. Esse procedimento pode fazer, então, com que: (a) haja a inclusão de ativos existentes na investida, mas não reconhecidos nas demonstrações contábeis dessa investida (como é o caso de determinados ativos intangíveis não contabilizados na investida por- que, por exemplo, gerados por ela sem condição de ativação, mas que podem agora ser reconhecidos e avaliados objetivamente de forma individual), desde que atendidas as condições de reconhecimento e mensuração estabelecidas no Pronunciamento Técnico CPC 15; e (b) haja a inclusão de passivos contingentes também não reconhecidos na investida (como certas contin- gências fiscais, cíveis, etc.), mas que tenham sido objeto de atribuição de valor por parte do investidor para assumi-las na aquisição, ou seja, tenham influenciado o valor pago na aquisição desses instrumentos patri- moniais; consequentemente, eventual passivo contingente não sujeito ao reconhecimento contábil nas de- monstrações da investida por força do Pronunciamento Técnico CPC 25, mas que tenha provocado redução do valor pago ou a pagar por parte da adquirente, será extracontabilmente reconhecido para fins da deter- minação do patrimônio líquido da investida quando da aplicação da equivalência patrimonial e será reconhe- cido para fins de consolidação de demonstrações contábeis. Afinal, nessa situação esse passivo contingente terá provocado efeito no caixa da adquirente por haver reduzido o valor da aquisição (CPC, 2009, p. 9). Desta forma, o total que corresponda à diferença entre o valor justo e o valor contábil do agrupamen- to de ativos e passivos líquidos cujo controle foi adquirido deve ser classificado como ajuste extracontábil ao patrimônio líquido da sociedade adquirida com a finalidade de contabilizar a equivalência patrimonial (nas demonstrações individuais da controladora). Em relação a isto, o ICPC 09, item 20, faz uma ressalva em relação à consolidação das demonstrações contábeis: mesmo não estando refletido nas demonstrações contábeis individuais da entidade, cujo controle foi ob- tido, e as diferenças individuais entre o valor justo e o valor contábil de cada ativo e passivo da entidade, cujo controle foi obtido, devem compor também os saldos desses ativos e passivos da entidade adquirida, para fins de consolidação das demonstrações contábeis (CPC, 2009, p. 9). 93 ÁgIo E DESÁgIo CONTABILIDADE DECISORIAL Para garantir que os ativos não sejam contabilizados por um valor maior ao que pode ser recuperado, realiza-se o Teste de Impairment, ou também conhecido como teste de recuperabilidade. O Teste de Impair- ment viabiliza para as sociedades a verificação anual dos valores de seus ativos, reconhecimento, a fim de validar se estes ativos estão desvalo- rizados, ou seja, se o valor contábil excede seu valor recuperável. Quando verificamos a efetivação dessas diferenças entre o valor contábil e valor justo de ativos e passivos da sociedade adquirida, deve a sociedade adquirente realizar, quando do registrar o resultado da equi- valência patrimonial. Uma vez que o resultado da sociedade adquirida terá sido realizado baseado nos valores históricos registrados em suas demonstrações, mas para a sociedade adquirente esses ativos e passivos terão sido adquiridos por valores justos da data da obtenção do controle (RIBEIRO, 2012). Na data da aquisição, para fins de suas demonstrações indivi- duais, o investimento em controlada é mensurado pela parte da con- troladora no valor justo dos ativos líquidos da sociedade adquirida, consequentemente, deverá ser subdividido com finalidade de contro- le, na sociedade adquirente, em: (i) parcela relativa à equivalência patrimonial sobre o patrimônio líquido contábil da adquirida; e (ii) parcela relativa à diferença entre o valor obtido no inciso (i) acima e a parte da adquirente no valor justo dos ativos líquidos da adquirida, mensurados de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 15, na data da obtenção do controle. Essa parce- la representa a mais valia bruta derivada da diferença entre o valor justo e o valor contábil dos ativos líquidos da adquirida. Devem ser considerados e, quando necessário, registrados os efeitos tributários, conforme Pronunciamento Técnico CPC 32 – Tributos sobre o Lucro (CPC, 2009, p. 10). Depreende-se do estudo deste item que a sociedade que fizer aqui- sição de participações societárias de empresas que apresentem diferen- ças em relação ao seu valor contábil e o valor real (valor justo), esta socie- dade adquirente terá de fazer o registro para demonstrar sua parcela de equivalência patrimonial e depois demonstrar a parcela que se refere ao valor justo evidenciado na operação de aquisição. A norma esclarece o que é goodwill, bem como sua classificação con- tábil nas demonstrações contábeis. Esta previsão está contida no item 20, in- ciso b do ICPC 09 (CPC, 2009, p. 10): (b) o ágio pago por expectativa de rentabilidade futura (good- will) do investimento em controlada, representado pela diferença positiva entre (i) a soma do montante dado em troca do contro- le (valor pago ou a pagar relativo à compra de participação que conferiu o controle) com o valor justo de alguma participação pré-existente, se houver; e (ii) a parte da adquirente no valor jus- to dos ativos e passivos da entidade adquirida já líquidos do pas- sivo fiscal diferido (ou acrescido do ativo fiscal diferido). O Teste de Impairment viabiliza para as sociedades a verificação anual dos valores de seus ativos. 94 ÁgIo E DESÁgIo CONTABILIDADE DECISORIAL Neste enunciado dado pela norma, verificamos que é bem simples a equação que demonstra o valor efetivo de goodwill na transação. Notar que esse ágio só deve ser classificado no subgrupo de intangíveis no balanço consolidado, nunca no balanço individual, onde deve permanecer integrando o saldo contábil do investimento, o qual é apresen- tado no subgrupo de investimentos; afinal, o goodwill assim calculado é pertinente à adquirida, pago pela adquirente (nos casos em que houve compra, por exemplo) e para esta, individualmente, representa parte do custo de seu investimento, mesmo que sujeito a impairment. O ágio (goodwill) apurado na forma [de expectativa de rentabilidade futura (goodwill) do investimento em controlada,] por ter vida útil indefinida, não será amortizado (ressalvado o disposto nos itens 40 a 43 do ICPC 09) e deve ser submetido a teste de recuperabilidade (impairment), conforme Pronunciamento Técnico CPC 01 (CPC, 2009, p. 10-11). Aqui fica evidente que não se apresenta goodwill no balanço individual, tendo seu registro contábil sendo demonstrado somente no subgrupo de intangíveis no balanço consolidado. E, para garantir a corre- ta mensuração do ágio com vida útil indefinida, poderá aplicar o teste de recuperabilidade. ÁGIO PAGO POR EXPECTATIVA DE RENTABILIDADEFUTURA (GOODWILL) NA AQUISIÇÃO DE PARTICIPAÇÃO EM ENTIDADE COLIGADA OU EM EMPREENDIMENTO CONTROLADO EM CONJUNTO AVALIADO PELO MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL Conforme CPC 18 (R2) (2012), os ativos líquidos identificáveis da sociedade investida (incluindo o pas- sivo ou ativo fiscal diferido correspondente) na data da obtenção da influência significativa (ou do controle conjunto), no caso de investimento em coligada ou em empreendimento controlado em conjunto, devem ser mensurados a valor justo, bem como devem previamente ser ajustadas as demonstrações da sociedade investida às práticas contábeis da sociedade investidora a fim de evitar critérios diferentes que impactem na correta avaliação e consolidação das informações. Conforme já estudamos, a norma preceitua que: Um investimento em empreendimento controlado em conjunto ou em coligada deve ser contabilizado na demonstração individual da investidora, usando-se o método da equivalência patrimonial a partir da data em que esta se torne empreendimento controlado em conjunto ou coligada (CPC, 2009, p. 16-17, item 36). O ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) deve estar compreendido no saldo contábil do investimento a ser demonstrado no balanço da sociedade investidora, lançado dentro do subgrupo in- vestimento no ativo não circulante, não podendo ser apresentado em separado no subgrupo dos ativos in- tangíveis, em situações nas quais ocorre a aplicação da equivalência patrimonial em sociedades coligadas ou em empreendimentos controlados em conjunto. A norma corrobora essa afirmação da seguinte forma, conforme ICPC 09 (CPC, 2009, p. 17, item 38): (a) o ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) pertinente a empreendimento controlado em conjunto ou coligada deve estar contido no saldo contábil da conta de investimento e não deve ser amor- tizado de forma linear ou constante, sendo o investimento como um todo (ou seja, incluindo o goodwill) testado anualmente (ou com mais frequência caso existam evidências para tal) frente ao valor recuperável. CONTABILIZAÇÃO DO ÁGIO E DESÁGIO NA AQUISIÇÃO DE PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS Vimos durante este estudo que existem duas demonstrações contábeis que precisamos nos atentar; as individuais e as consolidadas. Para efetuar o registro correto e evidenciar as operações nas quais estão presentes 95 ÁgIo E DESÁgIo CONTABILIDADE DECISORIAL ágio e deságio, a norma interpretativa define que: No balanço consolidado, o ágio (goodwill) da combinação deve ficar registrado no subgrupo do ativo intangível por se referir à expectativa de rentabilidade futura da controlada adquirida, cujos ativos e passivos estão consolidados nos da controladora. Já no balanço individual da controladora, a parte desse ágio atri- buível à controladora deve integrar o saldo contábil do investi- mento e, portanto, ficar no subgrupo de investimentos do grupo de ativos não circulantes, porque, para a investidora, faz parte do seu investimento na aquisição da controlada, não sendo ativo intangível seu (como dito atrás, essa parte da expectativa de ren- tabilidade futura – o genuíno intangível – é da controlada). O pro- cesso de reconhecimento de impairment, por outro lado, deve ser aplicado tanto à conta de ágio (goodwill) no balanço consolidado (ver Pronunciamento Técnico CPC 01 – Redução ao Valor Recupe- rável de Ativos), como à subconta também de ágio (goodwill) no balanço individual (CPC, 2009, p. 11, item 26). Em relação ao detalhamento das operações e sua explicitação nas no- tas explicativas, vemos que a norma faz determinações no seguinte sentido: A conta de investimento deve ser detalhada em notas explicativas quanto aos seus três componentes (se existirem): valor patrimonial da participação da controladora no valor contábil do patrimônio líquido da controlada adquirida (item 23(a)(i)), valor da mais valia dos ativos líquidos adquiridos atribuída à controladora (item 23(a) (ii)) e ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) atri- buído à controladora (item 23(b)) (CPC, 2009, p. 11, item 27). Como estudamos anteriormente, nas operações nas quais o objeto sejam as concessões, os valores da operação não refletem ágio pago por expectativa de rentabilidade futura (goodwill). A norma corrobora da se- guinte maneira: Ressalta-se que não se caracteriza como ágio pago por expecta- tiva de rentabilidade futura (goodwill) o valor pago que se refira especificamente a direito de concessão, direito de exploração e assemelhados [...]. Nessas situações, se o contrato de concessão for identificável (pelo critério legal, contratual) e puder ser mensurado a valor justo em condição objetiva e confiável, o ativo intangível correspondente será classificado separadamente no subgrupo ati- vo intangível nas demonstrações consolidadas. A parte da contro- ladora nesse intangível comporá o saldo contábil do investimento nas demonstrações individuais. Na medida em que parte do exces- so de valor do negócio sobre o valor justo dos ativos líquidos (que é o que representa o goodwill) contiver benefícios por sinergia dos direitos de concessão com os próprios fluxos de caixa da adquiren- te, mas tais direitos não puderem ser reconhecidos separadamen- te do goodwill por não serem identificáveis nos termos do Pronun- ciamento Técnico CPC 15, então, esse direito fará parte do goodwill da combinação de negócios (CPC, 2009, p. 11-12, item 28). Nas situações em que o prazo da concessão for definido, conside- ra-se o valor pago por um ativo intangível e este deverá seguir o registro conforme norma específica do tema, CPC 04. A norma comenta o assunto da seguinte maneira: CONCESSÃO Segundo o dicionário online Dicio, concessão é “permissão para realizar algo; autorização, licença; tornar disponível”. Fonte: https://www.dicio.com.br/conces- sao/. Acesso em: 20 fev. 2023. https://www.dicio.com.br/concessao/ https://www.dicio.com.br/concessao/ 96 ÁgIo E DESÁgIo CONTABILIDADE DECISORIAL Em situações excepcionais (caso das concessões no Brasil), a expectativa de rentabilidade futura pode apresentar uma vida útil definida (por exemplo, prazo da concessão), sendo, por consequência, caracte- rizados como “intangíveis de vida útil definida”, nos termos do Pronunciamento Técnico CPC 04, estando sujeitos à amortização contábil periódica (CPC, 2009, p. 12). Temos estudado que fluxos de caixa futuros esperados se enquadram como goodwill, contudo, há que ter cuidado para não confundir quaisquer valores que apresentem expectativa futura com o goodwill, devido a algumas características que veremos a seguir: (i) serem identificados; (ii) terem vida útil definida e (iii) serem amortizados contabilmente. O goodwill, muito embora seja composto por expectativa de rentabilidade futura, não possui vida útil definida razão pela qual não está sujeito à amortização contábil periódica (CPC, 2009, p. 12, item 28). Desta forma, a norma (CPC, 2009, item 28) enfatiza diante do exposto que os “ditos lucros futuros (expec- tativa) não devem ser confundidos com o ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) em decorrên- cia dos critérios citados acima. MATERIAL COMPLEMENTAR Para saber mais sobre reconhecimento e mensuração do ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) ou do ganho proveniente de compra vantajosa (desá- gio), leia os itens 32-40 do CPC 15. Disponível em: . Acesso em: 12 jul. 2020. Segundo o CPC 15 (R1) (2011, p. 3), a sociedade deve efetuar o registro contábil da combinação de negócios por meio da aplicação do método de aquisição. A aplicação do método de aquisição exige: a. identificação do adquirente; b. determinação da data de aquisição; c. reconhecimento e mensuração dos ativos identificáveis adquiridos, dos passivos assumidos e das par- ticipações societárias de não controladores na sociedade adquirida; e d. reconhecimento e mensuração do ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) ou do ganhoproveniente de compra vantajosa. O adquirente deve contabilizar, a partir da data de aquisição, separadamente do ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill), os ativos identificáveis adquiridos, os passivos assumidos e quaisquer participações de não controladores na sociedade adquirida (CPC, 2011). A sociedade compradora deve registrar o aumento ou a redução nos valores provisórios contabilizados para um ativo identificável (ou passivo adquirido) por meio de aumento (ou redução) no ágio por expectativa de ren- tabilidade futura (goodwill). No entanto, algumas vezes, durante o período de mensuração, uma nova informação obtida pode suceder em ajuste nos valores provisórios de mais de um ativo ou de um passivo (CPC, 2011). A norma exemplifica tal situação da seguinte maneira: O adquirente pode ter assumido um passivo em função do pagamento de perdas e danos relativos a um acidente em uma das instalações fabris da adquirida, o qual é total ou parcialmente coberto pela apólice de seguro da adquirida. Se o adquirente obtém nova informação durante o período de mensuração sobre o valor justo desse passivo na data da aquisição, o ajuste no ágio por expectativa de rentabilidade futura 97 ÁgIo E DESÁgIo CONTABILIDADE DECISORIAL (goodwill) resultante da mudança no valor provisório do respectivo passivo será compensado (no todo ou em parte) pelo correspondente ajuste no ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) resultante da mudança no valor provisório reconhecido inicialmente para a indenização a ser recebida da seguradora (CPC, 2011, p. 15, item 48). Por esse motivo que a norma também aborda a respeito dos ajustes nas operações, a fim de deixar claro que a sociedade adquirente deve contabilizar os ajustes nos valores provisórios como se o reconhe- cimento da combinação de negócios tivesse sido finalizada na data da aquisição, quando estas novas in- formações são conhecidas ainda durante o período de mensuração. Em vista disso, a norma preceitua que: O adquirente deve revisar e ajustar a informação comparativa para períodos anteriores ao apresentado em suas demonstrações contábeis, sempre que necessário, incluindo mudança na depreciação, na amortiza- ção ou em qualquer outro efeito reconhecido na demonstração de resultado, ao completar a contabiliza- ção inicial (CPC, 2011, p. 15, item 49). O item 19 do Pronunciamento Técnico CPC 15 (2011, p. 6-7) descreve que: Em cada combinação de negócios, o adquirente deve mensurar, na data da aquisição, os componentes da participação de não controladores na adquirida que representem nessa data efetivamente instrumentos patrimoniais e confiram a seus detentores uma participação proporcional nos ativos líquidos da adquirida em caso de sua liquidação, por um dos seguintes critérios: (a) pelo valor justo, ou (b) pela participação proporcional atual conferida pelos instrumentos patrimoniais nos montantes reco- nhecidos dos ativos líquidos identificáveis da adquirida. Depreendemos do estudo do ato normativo que a mensuração da participação de não controla- dores ocorre por meio de dois critérios, sendo o primeiro “pelo valor justo” dessa participação. Em relação à constituição do goodwill sobre a parte atribuída aos não controladores, a norma destaca: Quando da consolidação, esse valor (goodwill atribuível aos não controladores) deve ser adicionado à linha do goodwill atribuível à controladora (que surge pela eliminação do investimento em controlada para fins de consolidação), a crédito da participação dos não controladores no patrimônio líquido consolidado (CPC, 2009, p. 12, item 31). A interpretação nº 9 entra em detalhes no que tange ao segundo critério, determinando que o adqui- rente deve mensurar a participação de não controladores “pela participação proporcional atual conferida pelos instrumentos patrimoniais nos montantes reconhecidos dos ativos líquidos identificáveis da adqui- rida” (CPC, 2009, p. 13). Nesse caso, o goodwill calculado para a combinação, conforme já citado, será unicamente o próprio good- will atribuído à controladora, de forma que não será reconhecido nas demonstrações consolidadas o good- will atribuível aos não controladores. Todavia, considerando-se que nos registros contábeis da entidade ad- quirida os ativos e passivos permanecerão pelos valores contábeis originais e não pelos respectivos valores justos, a entidade adquirente deverá identificar a diferença entre o valor justo e o valor contábil para cada ativo e passivo da adquirida reconhecidos na combinação (o que inclui o passivo fiscal diferido) para fins de controle de sua realização (por amortização, depreciação, exaustão, venda, liquidação, alteração no valor contabilizado, baixa, impairment ou qualquer outra mutação que venha a sofrer) (CPC, 2009, p. 13, item 34). No que tange ao aspecto do registro contábil nas demonstrações, destaca-se que no subgrupo de investimentos da controladora em suas demonstrações individuais estará representada apenas a parcela dessa diferença que cabe a ela, controladora. Isso implica dizer que a diferença entre o 98 ÁgIo E DESÁgIo CONTABILIDADE DECISORIAL valor justo e o valor contábil de cada ativo (ou passivo) da ad- quirida, que constitui a mais valia de ativos e o correspondente passivo (ou ativo) fiscal diferido, na parte atribuível aos não con- troladores, não estará registrada no balanço individual da contro- ladora, mas deve estar registrada no balanço consolidado e isso será feito por meio dos ajustes pertinentes a cada consolidação (CPC, p. 13, 2009). NA PRÁTICA Estude o exemplo que o ICPC 09 (CPC, 2009, p. 14-16) traz de uma situação de ajuste do valor justo dos ativos e passivos na consolidação da data da aquisição do controle. Disponível em: . Acesso em: 12 abr. 2020. ÁGIO DE INVESTIMENTOS EM COLIGADAS OU CONTROLADAS Como vimos em tópicos anteriores, de acordo com as normas re- guladas pelos Pronunciamentos Técnicos dos CPCs, existem dois tipos de ágio quando uma investidora adquire ou subscreve ações de coligadas ou controladas: • ágio por mais-valia de ativos líquidos; • ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill). Método da equivalência patrimonial é o método de contabiliza- ção por meio do qual o investimento é inicialmente reconhecido pelo custo e, a partir daí, é ajustado para refletir a alteração pós- -aquisição na participação do investidor sobre os ativos líquidos da investida. As receitas ou as despesas do investidor incluem sua participação nos lucros ou prejuízos da investida, e os outros re- sultados abrangentes do investidor incluem a sua participação em outros resultados abrangentes da investida (CPC, 2012, p. 2). De acordo com o item 3 do CPC 18 (R2), podemos depreender que o investimento é inicialmente reconhecido pelo custo, assim a norma deixa implícito que o seu “valor global” é compreendido por quanto se desem- bolsou efetivamente na aquisição da participação societária, entretanto, será necessário fazer a separação desse valor total desembolsado para efeitos de se auferir o valor correto da primeira equivalência patrimo- nial entre as sociedades, observando o valor do ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill = fundo de comércio) e o valor do ágio por mais-valia de ativos líquidos da sociedade investida. Conforme Ferrari (2010), de maneira sintética, o ágio por mais-valia de ativos líquidos, é obtido por meio da aplicação da percentagem de participação da investidora sobre a diferença entre o patrimônio líquido da investida avaliado a valor justo e o patrimônio líquido da investida contabilizado pela mesma (valor contábil do patrimônio líquido). AUFERIR Segundo o dicionário online Dicio, auferir é “obter como resposta; conseguir algo ou co- lher os resultados de uma ação”. Fonte: . Acesso em: 21 jul. 2020. 99 ÁgIo E DESÁgIo CONTABILIDADE DECISORIAL Assim, no exemplo adaptado de Ferrari (2010), se uma investidoraadquire 30% das ações de uma Cia. ABC, que o Patrimônio Líquido está contabilizado no valor de R$ 50.000,00, mas se fosse reconhecido pelo valor justo este seria de R$ 60.000,00, consequentemente, o ágio por mais-valia de ativos líquidos seria de 30% de R$ 10.000,00, ou seja, R$ 3.000,00. No caso do ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill), este é verificado pela diferença positiva entre o custo de aquisição do investimento e o valor justo dos ativos líquidos da sociedade investida. Levando em consideração ainda o exemplo anterior da sociedade ABC, se a investidora, ao adquirir 30% das ações da investida, tivesse desembolsado R$ 29.000,00, o ágio por goodwill seria de R$ 29.000,00 – 30% R$ 60.000,00, ou seja, R$ 11.000,00. Em conclusão, a sociedade investidora faria a seguinte registro contábil: D: investimentos em coligadas (30% de 50.000,00) R$ 15.000,00 D: ágio por mais-valia de ativos líquidos R$ 3.000,00 D: ágio por rentabilidade futura (goodwill) R$ 11.000,00 C: caixa/bancos R$ 29.000,00 O patrimônio líquido denominado “justo” representa o patrimônio líquido da sociedade investida mensurado a valores justos, que assume o mesmo peso de afirmar “valor justo dos ativos líquidos” da so- ciedade investida. Resumidamente, podemos entender as diferenças nas equações na Figura 28 abaixo: Figura 28 – Equações ilustrando as diferenças Ágio por Mais-Valia de Ativos = % PL (justo) - % PL (contábil) Ágio por Rentabilidade Futura = Custo de Aquisição - % PL (justo) Investimento (custo de aquisição) = Valor Patrimonial do Investimento (1ª equivalência patrimonial) + Ágio por Diferença de Valor de Ativos (ou ágio por mais-valia de ativos líquidos) + ÁGIO TOTAL Ágio por Rentabilidade Futura (ou ágio por fundo de comércio - goodwill) Fonte: elaborado pelo autor Atenção a estas observações contidas na obra de Ferrari (2010): 1ª AQUISIÇÃO de ações não é o mesmo que SUBSCRIÇÃO de ações. Na aquisição, a investidora compra as ações, já existentes no capital social, de antigos acionistas. Na subscrição, a investidora compras ações novas diretamente da investida, aumentando assim o capital da investida e, consequentemente, o seu PL (patrimônio líquido). 100 ÁgIo E DESÁgIo CONTABILIDADE DECISORIAL Desta maneira, após a leitura do exposto, depreende-se do texto que na aquisição de ações por ter- ceiros não impacta no PL da sociedade investida, o que no caso da subscrição ocorre, uma vez que se faz emissão de novas ações. 2ª Visto que a expressão ATIVOS LÍQUIDOS se refere a “ativos líquidos dos passivos”, ou seja, “ativos menos passivos”, ao utilizarmos a expressão “valor justo dos ativos líquidos da investida” é exatamente a mesma coisa que “valor justo do PL (Patrimônio Líquido) da investida” (FERRARI, 2010, p. 20). Ao nos depararmos com a expressão “valor justo dos ativos líquidos da investida”, significa que os valores pelos quais os ativos e passivos foram mensurados, numa condição na qual existam critérios para definição do valor justo, bem como mercado e participantes que tenham interesse na operação sem coa- ção de nenhuma parte, foram obtidos. 3ª Há um certo “receio” generalizado entre estudiosos e contabilistas em se tratar a “mais-valia de ativos” como equivalente à ÁGIO POR MAIS-VALIA DE ATIVOS, pelo fato de que os CPC’s 15, 18 e 36 e a ICPC 09 quando utilizam a palavra “ágio” se referem “aparentemente” somente a “goodwill”. No entanto, no sentido original da palavra, ÁGIO é qualquer excesso, independentemente se foi por mais-valia de ativos líquidos ou se foi por expectativa de rentabilidade futura (goodwill). Em outras palavras, a utilização da expressão “ágio por mais-valia de ativos líquidos” está “implícita” no próprio texto dos CPC’s quando se referem à “mais-valia de ativos líquidos”, apesar dos mesmos só explicitarem a expressão “ágio fundamentado em rentabilidade futura” (goodwill) (FERRARI, 2010, p. 20). No sentido desta orientação, é adequado julgar dentro dos pronunciamentos técnicos e nas inter- pretações exemplos que tangibilizem a compreensão da aplicação dos termos, uma vez que nem sempre a norma declara de forma tão direta. 4ª A razão de uma investidora considerar a existência de passivo fiscal diferido quando da avaliação do valor justo dos ativos líquidos da investida na aquisição de investimento em coligada ou controlada pre- vista no Pronunciamento Técnico CPC 15 – Combinação de Negócios, pode ser explicada pelo seguinte exemplo: Se uma empresa, Cia. ABC, possuísse, por exemplo, um terreno contabilizado por R$ 12.000,00 e o vendesse por R$ 22.000,00, admitido o IR e CSLL com alíquota conjunta de 34%, o valor desses tributos a pagar ao Fisco seria de 34% de R$ 10.000,00, ou seja, R$ 3.400,00 (FERRARI, 2010, p. 20). Fica evidente no texto exposto que, de acordo com a contabilidade tributária, os fatos gerados que provoquem incidência de tributos também devem ser considerados em sua totalidade, considerando até mesmo o que prevê o princípio da oportunidade, que orienta que as demonstrações contábeis de- vem refletir o mais próximo possível a realidade econômica da entidade. ÁGIO APURADO POR CONTROLADORA NA AQUISIÇÃO DE MAIS AÇÕES DE INVESTIDA A QUAL JÁ CONTROLAVA De acordo com o item 67 da ICPC 09 (CPC, 2009, p. 23), se a controladora adquirir mais ações ou outros instrumentos patrimoniais de entidade que já controla, deve considerar a diferença entre o valor de aquisição e o valor patrimonial contábil adquirido em contra- partida do seu patrimônio líquido (individual e consolidado), semelhantemente, por exemplo, à compra de ações próprias (em tesouraria). No caso de alienação, desde que não seja perdido o controle sobre a controlada, a diferença também deve ser alocada diretamente ao patrimônio líquido, e não ao resultado. 101 ÁgIo E DESÁgIo CONTABILIDADE DECISORIAL Vamos analisar um exemplo a fim de facilitar nosso estudo (adaptado de Ferrari, 2010): A sociedade Céu Azul adquire, por $ 26.000, 80% das ações da sociedade Pássaro Verde. Na data da aquisição das ações, evidenciou-se que o patrimônio líquido contábil da sociedade investida no valor de $ 25.000 seria igual àquele apurado pelos seus valores justos, consequentemente não apresentando, portanto, mais-valia de ativos líquidos. Desta forma, teremos os registros contábeis: • ágio por expectativa de rentabilidade futura = $ 26.000 – (80% $ 25.000) = $ 6.000 Considerando que o balanço da sociedade investidora imediatamente antes da aquisição das ações fosse representado desta forma: Ativos diversos 46.000 Capital 30.000 Reservas 16.000 O balanço da investidora imediatamente após a aquisição das ações seria representado desta forma: Ativos diversos 20.000 Investimento em controlada Capital 30.000 Valor justo ativo líquidos 20.000 Goodwill 6.000 Reservas 16.000 26.000 46.000 46.000 Consideremos neste momento que a sociedade investidora faça aquisição de 5% das ações do seu próprio capital por R$ 4.000,00. Afirmando que o seu balanço patrimonial já tenha sido mensurado a va- lores justos, logo, o ágio na compra de ações em tesouraria representará R$ 4.000 – (5% de R$ 46.000), ou seja, R$ 1.700. Entretanto, esse ágio não é separado do valor dessas ações em tesouraria, ficando tal ágio introduzido implicitamente no saldo da conta Ações em Tesouraria, que é retificadora do seu Patrimônio Líquido. Deste modo, o novo balanço da sociedade investidora será representado assim: Ativos diversos 16.000 Investimento em controlada Capital 30.000 Valor justo ativos líquidos 20.000 Reservas 16.000 Goodwill 6.000 Ações em tesouraria (4.000) 102 ÁgIo E DESÁgIo CONTABILIDADE DECISORIAL 26.000 42.000 42.000 Agora, consideremos que a sociedade controladora, sociedade Céu Azul, compre dos sócios não controladores da sociedade controlada, Cia. Pássaro Verde, mais 10% do capital dessa sua controlada por R$ 3.000. Assim, teremos: • ágio por expectativa de rentabilidade futura = R$ 3.000 – (10% R$ 25.000) = R$ 500.