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AS RESISTÊNCIAS INDÍGENAS E A POLÍTICA: A ATUAÇÃO DA POLÍTICA 
INDIGENISTA ATUALMENTE 
1. AS RESISTÊNCIAS INDÍGENAS .............................................................................. 4 
2. A POLÍTICA DE PROTEÇÃO ÀS TRIBOS INDÍGENAS DO BRASIL ......................... 6 
3. DIREITOS E CONSTITUIÇÃO EM FAVOR DO INDIGENISTA .................................. 9 
4. FECHAMENTO ....................................................................................................... 10 
5. REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 12 
 
 
 
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AULA 6 
 
 
AS RESISTÊNCIAS INDÍGENAS E A 
POLÍTICA: A ATUAÇÃO DA POLÍTICA 
INDIGENISTA ATUALMENTE 
 
 
 
 
Analisar as diferentes formas de resistências trazidas pelos 
Indígenas desde a colonização e após a colonização; 
Compreender a atuação da política atual para garantir o direito do 
indigenista no país, e ainda perceber a origem e atuação dos 
órgãos federais e estaduais para a defesa do Índio; 
Refletir sobre o papel dos diferentes órgãos não 
governamentais que surgiram para apoiar e defender as 
terras indígenas e seus povos, assim como a cultura e os 
direitos adquiridos pelas políticas indigenistas. 
 
4 
 
1. AS RESISTÊNCIAS INDÍGENAS 
Logo nos primeiros contatos, tanto europeus como nativos se estranharam, 
entretanto, a cordialidade do colonizador, usando a mesma estratégia que usava no 
continente africano, originou a concretização das primeiras aproximações. Ofertando 
presentes, rapidamente iniciaram contatos e após os primeiros passos na exploração de 
áreas e territórios, os colonizadores perceberam o quanto tinham a ganhar com os recursos 
naturais indígenas. 
Os indígenas demoraram, mas logo perceberam a real intenção dos exploradores, no 
caso, dos bandeirantes e dos missionários representados pela Igreja. Juntos Monarquia e 
Clero executaram seus interesses, subjugando os nativos, aprisionando-os, fazendo-os 
trabalhar como servos. Mercenários, fizeram deles, mercadoria e foram vendidos na Europa 
como escravos, e pior, eram obrigados a abandonar sua cultura e tinham que se sujeitar à 
cultura eurocêntrica. 
O domínio religioso imposto pelos portugueses tornava os nativos “submissos” ou 
aparentemente dóceis à dominação. É claro que não! Um exemplo disto foi o caso dos Cariris, 
movimento de resistência da nação Cariri ou Kiriri à dominação portuguesa, ocorrido entre 
1683 e 1713, envolvendo nativos principalmente do Ceará e algumas tribos de Pernambuco, 
Rio Grande do Norte e Paraíba. Ela iniciou-se em resposta ao avanço de sesmeiros1 que 
invadiram as terras ocupadas pelos indígenas e provocaram vários conflitos. 
A pedido do Governo-geral do Brasil, bandeirantes de São Vicente foram requisitados 
para acabar com o motim. Esse ato provocou a reação de outras nações indígenas também; 
foi o caso das nações dos Anacés, Jaquaribaras, Acriús, Canindés, Jenipapos, Tremembés e 
dos Baiacus. 
Muitos grupos indígenas ganharam força e organização como Confederação, 
existindo casos de apoio de nações concorrentes ou inimigas de Portugal. Consideramos 
nesta reflexão a reação dos nativos à intensa exploração, não só das terras, como também 
no modo de vida das tribos. Foram desrespeitados em todo tempo de avanço do colonizador. 
EXEMPLIFICANDO 
 
Os Índios Goitacás por duas vezes destruíram a povoação e os engenhos de 
açúcar construídos em seu território. Os Tamoios ou Tupinambá, da família 
 
1 Sesmeiros eram Magistrados portugueses que distribuíam terras para colonos cultivarem nelas. 
 
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Tupi, grandes guerreiros que ocupavam a região do Rio de Janeiro até 
Ubatuba, formaram a Confederação dos Tamoios que aliada aos franceses 
durante dez anos (1555-1565) ameaçaram o povoamento português das 
Capitanias do Sul. 
Podemos considerar que esses exemplos configuram o tipo de resistência mais 
violenta. Mas a capacidade intelectual e intuitiva do indígena, apesar de colocada em dúvida 
pelos colonizadores, deram a ele outras formas de resistências como o processo de 
adaptação com a nova realidade. Sua cultura não fora destruída totalmente, esta sobreviveu 
ao fazer (re) elaborações de suas práticas religiosas e das práticas cristãs. Essas (re) leituras 
ao mesmo tempo negavam e incorporavam valores da dominação colonial, (re) significando 
seus códigos culturais de acordo com a sua compreensão e necessidade. 
Mas não podemos deixar de registrar que algumas resistências foram extremamente 
radicais a partir dos suicídios que eram cometidos ou o próprio extermínio praticado por 
grupos rivais ou pelos colonizadores. 
SAIBA MAIS 
 
Em: . Acesso em 
26/03/2018, p. 9-10. A partir deste endereço é possível ler um pouco mais 
sobre as diferentes formas de resistência por meio do trabalho: “Minas Gerais 
indígena: a resistência dos índios nos sertões e nas vilas de El-Rei” - Maria 
Leônia Chaves de Resende Hal Langfur. 
 
Sem registros precisos, infelizmente, após a colonização a agressão e desprezo à 
cultura indígena continuou e acentuou o processo de extermínio, causado pelo preconceito 
que as sociedades no Brasil desenvolveram. Os nossos verdadeiros brasileiros, legítimos 
habitantes das terras brasilis tornaram-se invisíveis. 
 
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Figura 1: Distribuição indígena pelo Brasil2. 
 
Segundo Censo do IBGE (2010), a atual população indígena brasileira é de 817.963, 
confinados em áreas correspondentes a 13,8% do território original que estes nativos 
possuíam. Desde 1500 até a década de 70, a população de nativos decresceu, chegando à 
extinção de diversas etnias. O cenário teve mudanças a partir dos anos 90, quando o IBGE 
incluiu os indígenas no censo demográfico nacional. O crescimento de pessoas que se 
consideravam indígena foi de 150%. 
 
 
2. A POLÍTICA DE PROTEÇÃO ÀS TRIBOS INDÍGENAS DO BRASIL 
 Suicídio, extermínio, redução da população, preconceito e perseguição foram e 
ainda são muitos os motivos que levaram alguns órgãos governamentais e não-
governamentais buscarem projetos para soluções de proteção aos Índios e suas terras. 
 Desde 1967, a Fundação Nacional do Índio (Funai) é o órgão indigenista 
responsável pela promoção e proteção aos direitos dos povos indígenas de todo o Brasil. 
 
2 Fonte: Disponível em: . Acesso em 
26/03/2018. 
 
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Surgiu em substituição ao Serviço de Proteção aos Índios (SPI), criado em 1910 e operou em 
diferentes formatos até 1967. Esse órgão foi criado em um momento muito complexo para 
os povos indígenas, visto que diversas frentes de expansão para o interior faziam a guerra 
contra os nativos. 
Por volta de 1907, os conflitos chegaram nas capitais, cujo processo de expansão e 
urbanização avançava. O reflexo disto no cenário internacional foi em tom polêmico, porque 
reafirmava no inconsciente coletivo o estereótipo vinculado ao indigenista à figura do 
antropofágico. Com receio de que o domínio de espaços e evolução urbana fossem 
interrompidos por causa dos conflitos, proporcionou ao então diretor do Museu Paulista, Von 
Ihering3, que alimentasse a necessidade de incentivar o extermínio dos índios que resistissem 
ao avanço da civilização, promovendo grande revolta em diversos setores da sociedade civil. 
O Brasil construiu uma imagem pejorativa internacionalmente a respeito dos seus 
habitantes e da forma como os tratava. O imaginário coletivo que percorre até hoje, sobre a 
ideia de que no Brasil só há Índios e negativamente são classificados como violentos, 
irracionais, gente não civilizada, ou seja, a imagem trazida pelos Jesuítas, ainda persiste.Neste contexto, portanto, foi acusado publicamente de ter provocado um verdadeiro 
massacre no século XVI; ocasião da perseguição e extermínio de vários grupos indígenas. 
Obviamente, esse fato resultou na criação dos órgãos de proteção ao Índio. 
Tanto o SPI como a FUNAI tiveram objetivos muito parecidos, ou seja, dar apoio ao 
extinto Ministério dos Interiores e também afastar órgãos dominantes das terras indígenas, 
evitando assim mais mortes e preservando as terras que restaram para a sobrevivência 
indigenista. 
FIQUE ATENTO 
 
Foi este contexto que deu origem ao Serviço de Proteção aos Índios e 
Localização de Trabalhadores Nacionais (SPILTN), que visava tanto 
à proteção e integração dos índios, quanto à fundação de colônias agrícolas 
que se utilizariam da mão-de-obra encontrada pelas expedições oficiais 
(Decreto nº. 8.072, de 20 de junho de 1910). Na base da unificação destas 
funções estava a ideia de que o 'Índio' era um ser em estado transitório. Em 
1918 o SPI foi separado da Localização de Trabalhadores Nacionais (Decreto-
Lei nº. 3.454, de 6 de janeiro de 1918). 
 
3 https://www.pensador.com/autor/rudolf_von_ihering/ 
 
8 
 
https://pib.socioambiental.org/pt/c/politicas-indigenistas/orgao-
indigenista-oficial/o-servico-de-protecao-aos-indios-(spi) 
Atualmente, os indígenas no Brasil lutam para garantir seus direitos à terra e de 
viverem dignamente conforme sua cultura e tradição. Lutam pelas conquistas adquiridas e 
para derrubarem o preconceito e a discriminação que ainda fazem vítimas nas mãos daqueles 
que olham o indígena com indiferença. 
Infelizmente, constatam-se apenas irregularidades nos órgãos que assumiram tal 
proteção, até hoje. Políticos descomprometidos até a década de 1980, eram militares que 
estavam à frente destes órgãos e em nenhum destes casos acompanharam os reais 
interesses dos indígenas. 
Outras instâncias, superintendências, administrações executivas, núcleos locais de 
apoio foram criadas e extintas ao longo do tempo. A Funai tentou centralizar toda 
administração e organização das terras em sua gestão, apresentando rigidez burocrática para 
que pudesse obter êxito e caminhasse no sentido oposto ao SPI, porém a maioria dos 
problemas do órgão extinto permaneceram, inclusive seu quadro funcional. Com recursos mal 
contabilizados e sem estrutura para colocar seus projetos em prática, a Funai continuou com 
as mesmas estruturas da SPI, com profissionais mal qualificados e sem atender os 
indigenistas. 
A criação da Funai foi marcada pela ineficiência, desinteresse e dificuldade de 
operação, levando o órgão a limitar sua intervenção a favor dos índios a situações altamente 
críticas, conflituosas e emergenciais, consequentes dos planos de colonização e exploração 
econômica que chegavam aos extremos do país (Oliveira, 2006; Souza Lima, 2002). 
 
Figura 2: Política de Proteção4. 
 
 
4 Fonte: Disponível em: . Acesso em: 26/03/2018. 
 
 
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O cenário desfavorável à questão indígena chegou ao âmbito político nacional; 
ajudando na origem de organizações de apoio aos índios, a maioria, na década de 1970. 
Podemos destacar, dentre elas: Comissões pró-índio (CPIs), as associações nacionais de 
apoio ao índio (ANAIs), o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), o Centro de Trabalho 
Indigenista (CTI), a Operação Amazônia Nativa (OPAN), o Centro Ecumênico de 
Documentação e Informação (CEDI) e o Núcleo de Direitos Indígenas (NDI). As duas últimas 
se fundiram formando o Instituto Socioambiental (ISA), cuja atuação prevalece. 
 
 
3. DIREITOS E CONSTITUIÇÃO EM FAVOR DO INDIGENISTA 
Em reflexo às resistências e organizações indígenas, assim como às manifestações 
para origem a organizações de apoio em 1988, na Constituição reformulada, foi instituído o 
direito à visibilidade, sendo conferido aos povos, em tratamento inédito, o reconhecimento de 
direito às diferenças (art.231) e o uso exclusivo de seus territórios. 
Por meio do artigo 232, os indígenas e suas organizações foram reconhecidos como 
partes legítimas para ingressar em juízo, em defesa de seus direitos, incentivando a expansão 
e a consolidação de suas associações. Para isso, foram definidos canais diretos de 
comunicação entre os índios, o Ministério Público e o Congresso Nacional5. 
Com estas medidas, o conceito de “capacidade relativa dos silvícolas” (Código Civil, 
1917), e a consequente necessidade do “poder de tutela” perderam validade e atualidade. 
Estas vitórias constitucionais precisariam, entretanto, ser regulamentadas e consolidadas 
politicamente. 
O Estatuto do Índio de 1973 foi revisto em 1991 para qualificar e dar maior 
substancialidade à Carta de 1988. Entre vários assuntos de direito da comunidade indígena, 
foram revistas as questões da demarcação de terras, uso e exploração dos recursos naturais 
e proteção ambiental. Apesar da tramitação ter parado em 1994, inúmeras reuniões, 
congressos, assembléias, no país e fora dele, ainda discutem estas questões relacionadas à 
proteção do Índio e do quilombola; é o caso da recente PEC 215. 
A Proposta de Emenda Constitucional 215 foi apresentada pelo deputado Almir Soares 
(PR-RR) em 2000. A proposta tem como objetivo transferir para o Congresso Nacional a 
 
5 https://pib.socioambiental.org/pt/c/politicas-indigenistas/orgao-indigenista-oficial/funai 
 
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responsabilidade de demarcar terras indígenas, titular territórios quilombolas e criar territórios 
de preservação ambiental. Ou seja, caberiam aos senadores e deputados federais essas 
funções que atualmente pertencem ao poder executivo. 
A PEC 215 foi aprovada e, é óbvio, majoritariamente as diferentes etnias e grupos 
indígenas são contra esta emenda. Infelizmente, gostaria de encerrar esta aula como nos 
livros de histórias de Contos de Fadas, onde tudo acaba no “Foram felizes para sempre”, mas 
nossa realidade ainda é cruel com os indigenistas e, portanto, iniciativas como a educacional 
por meio da lei 11.645/08, poderão ao menos proporcionarem alguma diferença, pois, por 
meio do reconhecimento e do conhecimento sobre os povos indígenas, poderemos 
testemunhar a redução do preconceito, e com isso, do desrespeito a esses verdadeiros 
brasileiros. 
 
4. FECHAMENTO 
Dentro do exposto, concluímos que: 
1. O estereótipo criado pelo colonizador, a partir da imagem de índios incapazes, 
física e intelectualmente, avançou com o tempo; 
2. A história registrou movimentos e manifestações indígenas sob a forma de 
resistência para inserir uma identidade própria, bem como afastar a identidade do 
dominador, colonizador; 
3. As resistências foram diferenciadas, algumas até sacrificando a própria vida para 
não ceder aos comandos do explorador; 
4. A figura do índio, na história do Brasil, também foi marcada por inúmeros 
assassinatos em nome do preconceito; 
5. Para garantir seus direitos, os indigenistas contaram com a origem de órgãos 
governamentais como SPI, FUNAI, cujas atuações não mudaram a situação do 
índio no Brasil; assim como órgãos Não-governamentais como, Comissões pró-
índio (CPIs), as Associações Nacionais de Apoio ao Índio (ANAIs), o Conselho 
Indigenista Missionário (CIMI), o Centro de Trabalho Indigenista (CTI), a Operação 
Amazônia Nativa (OPAN), o Centro Ecumênico de Documentação e Informação 
(CEDI) e o Núcleo de Direitos Indígenas (NDI). Essas, ao menos, representaram as 
reais necessidades indígenas; 
6. Ocorreram várias tentativas legais para dar ao índio o direito à terra e muitos 
outros. A maioria constitucional, porém, ainda, nada está concreto, de fato; 
 
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7. A lei 11.645/08 acredita que pelo caminho da educação, ao menos o respeito e a 
visibilidadetrarão aos indígenas um pouco mais de fôlego para continuar a sua 
luta. 
 
 
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5. REFERÊNCIAS 
ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Metamorfoses Indígenas: identidade e cultura nas 
aldeias coloniais do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2003. 
ARRUDA, Lucybeth Camargo de. Posto Fraternidade Indígena: Estratégias de civilização e 
táticas de resistência (1913-1945). Dissertação de Mestrado em História/UFMT. Cuiabá, 
2003 
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1988. 
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HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 26ª. São Paulo: Companhia da Letras, 2008. 
GIANNOTTI, José Arthur; MOUTINHO, Luiz Damon Santos Os limites da Política, uma 
divergência. São Paulo: Companhia das Letras, 2017. 
KLEIN, Herbert S. e LUNA, Francisco Vidal. Slavery in Brazil. New York: Cambridge University 
Press, 2010. 
TEIXEIRA, Ana Claudia C.; JÚNIOR,José César Magalhães (org.). Fundos Públicos e Políticas 
Sociais - Estudos, formação e assessoria em Políticas Sociais. São Paulo: Instituto Pólis, 
2004. 
 
 
 
 
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