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O modo de produção feudal

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O modo de produção feudal
Perry Anderon
Feudalismo
O modo de produção feudal derivou de um “colapso ‘catastrófico’ e convergente de dois modos de produção distintos e anteriores, e foi a recombinação dos seus elementos desintegrados que verdadeiramente libertou a síntese feudal, a qual, por isso, conservou sempre um caráter híbrido” (17). 
Modo de produção esclavagista em decomposição
Modo de produção dos germânicos após as invasões bárbaras
Herança do modo de produção escravista:
Campo e a agricultura, que vão se tornando autosuficiente com a decadência do escravismo;
Passagem da escravidão ao colonato [regime no qual o trabalhador fica preso à terra, tendo que pagar tributos ao proprietário];
Igreja cristã.
Modo de produção dos germânicos
Economia baseada na troca natural;
Comitatus = relações de fidelidade e reciprocidades entre os proprietários de terra;
Direito baseado no costume [consuetudinário]
Estrutura social do feudalismo
Três estamentos
Clero
Campesinato;
Não possuíam a propriedade da terra;
Corveia: trabalho compulsório nas terras do senhor (manso senhorial) em alguns dias da semana;
Talha: parte da produção do servo deveria ser entregue ao nobre, geralmente um terço da produção;
Banalidade: tributo cobrado pelo uso de instrumentos ou bens do feudo, como o moinho, o forno, o celeiro, as pontes;
Nobreza;
Relação de suserania [do Rei para os senhores feudais]
Relação de vassalagem [do senhor feudal para o Rei];
Unidade complexa
Modo de produção regido pela terra e por uma economia natural na qual nem o trabalho nem os produtos do trabalho eram bens. 
Não havia a separação do trabalhador dos meios de produção = o camponês era ligado à terra e aos seus instrumentos de trabalho, mas não eram seus proprietários.
A propriedade da terra pertencia aos senhores feudais.
a relação destes com os camponeses era uma relação “político-legal de coação” (143) 
Ou seja, “serviços, arrendamentos em espécies ou obrigações consuetudinárias do camponês para o senhor” = exploração econômica e autoridade política. 
As ligações se devam em graus diversos, marcando-se a especificidade da condição camponesa na base da pirâmide social.
Nesse sentido, o camponês devia obediência ao senhorio, ou senhor feudal, que devia serviços a outro senhor, até chegar-se ao poder do monarca. 
Como decorrência, havia uma descentralização e uma pulverização do poder, esta se constituindo como uma característica do modo de produção feudal. 
Consequências da hierarquia do sistema: baixa centralização política (soberania política nunca focada em um único centro): parcelarização da soberania = constitutiva de todo o modo de produção feudal.
3 características estruturais do Feudalismo derivadas da parcelarização de poder:
sobrevivência de terras aldeãs comunais (terras comunais, pastos, campos e florestas): setor de resistência camponesa com consequências para a produtividade agrária.
Zonas alodiais e terras comunais; 
Uma parcelização do poder, das atividades camponesas e das jurisdições
As cidades medievais = produção de bens para consumo urbano.
Nesse sentido, o feudalismo foi o primeiro a permitir “um desenvolvimento autônomo” em uma economia agrária natural (146). 
No império romano, a cidade era o local de residência dos grandes proprietários agrários e era desta base agrícola que a sociedade se baseava;
Na idade média, as cidades “que praticavam o comércio e as manufaturas eram comunidades autogovernadas, tendo uma autonomia incorporada política e militar isolada da igreja e da nobreza” (146). 
Urbanização do campo; surge, portanto, uma “oposição dinâmica de cidade e campo”: “a oposição entre uma economia urbana de crescente comércio de bens, controlada pelos mercadores e organizada em associações e corporações, e uma economia rural de troca natural, controlada pelos nobres e organizada em terras senhoriais e pequenas propriedades, em enclaves camponeses individuais” (146). 
Claro está que o elemento preponderante do modo de produção feudal era o agrário, “mas as leis da sua dinâmica, como veremos, eram determinadas pela unidade complexa de suas diferentes regiões, não pelo mero predomínio do domínio feudal”
Ambiguidade ou oscilação no topo da hierarquia feudal;
O monarca era um suserano feudal dos seus vassalos, aos quais estava ligado por laços recíprocos de fidelidade e não “um soberano supremo colocado acima dos seus súditos” (168). 
Possuía domínio e jurisdição política exclusivamente em seus domínios, para além disso ficando subordinado às diversas sub-instâncias feudais. 
Essa ausência de controle no topo da hierarquia “representava uma ameaça permanente à sua estabilidade e sobrevivência” (168).
“Contradição estrutural entre a sua própria tendência rigorosa para uma decomposição da soberania e a exigência absoluta de um centro final de autoridade onde pudesse ter lugar uma recomposição prática” (168-9). 
Dessa forma, a monarquia feudal possuía uma fragilidade estrutural. Dessa forma, havia sempre um conflito entre o monarca e as demais autoridades feudais, que iria se manifestar na história pelas tentativas de ampliação do poder estatal, por vezes contrabalançado pela resistência dos nobres a manterem sua jurisdição e sua autoridade em seus próprios domínios. 
Igreja se constitui numa instituição eminentemente autônoma dentro da organização feudal. (169). 
Autoridade religiosa que exercia seu domínio sobre as crenças e valores das massas. 
Havia conflitos entre a Igreja e os senhores feudais, entre os princípios religiosos e os de dominação e justiça arbitrados pelos senhores.
História econômica e social da Idade Média
Henri Pirenne
Compreender a “evolução social e econômica da Europa Ocidental, desde os fins do Império Romano até meados do século XV”;
“um todo único”;
“caráter essencial do fenômeno que descrevia”
Preferência aos países onde “a atividade econômica se desenvolveu mais rápida e completamente durante a Idade Média, tais como Itália e os Países Baixos, cuja influência, direta ou indireta, no resto da Europa, pode-se descrever com frequência”;
Preocupação principal do autor: 
“para que bem se compreenda o renascimento econômico que teve lugar na Europa Ocidental, a partir do século XI, deve-se examinar, rapidamente, o período anterior”. 
Reinos bárbaros fundados a partir do século V conservaram seu caráter mediterrânico. 
Apenas no século VII, com a ascensão do Islã altera-se as linhas de comunicação estabelecidas pelo mar mediterrânico. 	
Islã e mulçumano = religião baseada nos ensinamentos de Maomé;
Árabe = etnia e também a língua comum de 22 países tais como Egito, Líbia, Síria, Palestina, Iraque, etc.
A conquisa do norte da África e do sudoeste da Europa, Portugal, Espanha, França e ilhas italianas irá fechar o Mar Mediterrâneo enquanto uma via de comércio e de comunicação. 
Reorientação do comércio para Bagdá, no extremo leste do mediterrâneo. 
“a partir do início do século VIII, os cristão “não conseguem que flutue no Mediterrâneo nem uma tábua” (8). 
Confronto de duas civilizações, dois mundos estranhos e hostil, o da “Cruz e o do Crescente”. 
A invasão mulçumana rompe o equilíbrio econômico e social existente desde a antiguidade. 
Império Carolingio impede o avanço árabe, mas, em contraste com a história europeia de então, não será mais um império marítico, mas “puramente terrestre ou, se se quiser, continental” (9). 
Com o fechamento do Mediterrâneo, o comércio europeu se extingue. Com isso, o comércio e a vida urbana, a partir do século VII, desaparecem. 
As cidades romanas, centros da administração da igreja católica, permaneceram enquanto centros administrativos, mas sem importância econômica. 
Desaparecimento do ouro e adoção da prata carolíngia, indício de rompimento com a economia antiga. 
Merovíngios (séculos V – VIII). 
Carolíngios ( VIII –X). 
Batalha de Poitier 732, onde Carlos Martel derrota o Califado de Córdoba e marca o final da expansão mulçumana no continente europeu. 
Carlos Magno (742-814). 
Rei dos Francos em 768 e Imperador do Ocidente em 800.
Renascimento carolíngio
Para Pirenne:
É uma decadência em relação ao período anterior.
Consequências do fim do comércio são mais presentes no Sul de que no Norte
A atividade comercial nos rios do norte continuou, mas representava uma atividade antiga e que também foi sufocada aos finais de IX, pelos normanos
Aos finais do VIII Europa se torna uma grande região “exclusivamente agrícola”;
Todas as classes da população dependiam do solo enquanto lugar de trabalho, de riqueza e de sustento;
Toda a organização social deriva da posse da terra e, dessa forma, o poder se desintegra entre os senhores, os senhores feudais.
O feudalismo “é a repercussão, na ordem política, do retorno da sociedade a uma civilização puramente rural” (13). 
Características Econômicas
Latifúndio = Existiam desde o Império Romano, como zonas subordinadas (vassalas). Possuíam sua própria organização, mas pagam tributo à Roma. Reinos Bárbaros. 
Inexistência de comércio com o exterior ou, “economia sem mercados externos”;
O latifúndio, o feudo, se torna autossuficiente.
A compra e a venda de produtos em caso de extrema prosperidade ou carestia é ocasional. 
As inúmeras feiras e os mercados indicam apenas a sua inexpressividade. 
Judeus e o comércio de especiarias (o Judeu é o elemento por natureza fora do sistema feudal, que vaga, viaja e professa uma religião diferente da dominante europeia.
Sociedade feudal
Rural
Ausência quase total de circulação de mercadorias;
Proprietários leigos e eclesiásticos;
Rendeiros;
Servos;
“o fato essencial não é a condição jurídica, mas a condição social, e esta reduz à condição de dependentes e de explorados, ao mesmo tempo que protege os que vivem na terra senhorial” (18)
Igreja
Ascendência Econômica (extensão territorial)
Ascendência Moral (cultural)
Concentra a elite instruída
Trabalho não serve para enriquecer, mas para permanecer onde está
Proibição à usura
Pirenne indica uma relação entre a proibição da usura e a reprovação da riqueza, do comércio, do lucro pelo lucro enquanto um ideal que corresponde ao feudo autossuficiente, fechado

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