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Ray Almeida AMENORREIA COMPARTIMENTOS: o problema da amenorreia pode estar em qualquer um dos compartimentos I. Parte anatômica (uterovaginais) II. Ovários III. Hipófise IV. Hipotálamo FORMAÇÃO DA GENITÁLIA GENITÁLIA INTERNA Útero, trompas e 2/3 superiores da vagina Ductor de Müller (paramesonéfrico) forma a genitália interna na mulher Ductor de Wolff (mesonéfrico) forma a genitália interna no homem As células de Sertoli dos testículos produzem o hormônio anti-Mülleriano, que impede a formação da genitália interna feminina. As células de Leydig dos testículos produzem testosterona, que juntamente com o hormônio anti-Mülleriano, fazem com que o ductor de Wolff se desenvolva genitália interna masculina. Homem: tem anti-Mülleriano cresce Wolff Mulher: sem anti-Mülleriano cresce Müller GENITÁLIA EXTERNA Depende de ação androgênica A 5α-redutase converte a testosterona em Di- hidrotestosterona (forma ativa). Homem: com Di-hidrotestosterona genitália externa masculina Mulher: sem Di-hidrotestosterona genitália externa feminina Amenorreia= ausência de menstruação. Até os 16 anos toda mulher deveria menstruar. Após o aparecimento do broto mamário (telarca), demora em média 2 anos para menstruar. AMENORREIA PRIMÁRIA AMENORREIA SECUNDÁRIA Nunca menstruou 14 anos sem menstruação e sem desenvolvimento sexual secundário OU 16 anos sem menstruação com desenvolvimento sexual secundário Menstruou e parou Sem menstruação por 6 meses ou 3 ciclos AMENORREIA SECUNDÁRIA INVESTIGAÇÃO: 1º) Excluir gestação HCG (se possível quantitativo) 2º) Dosar TSH e PROLACTINA *hipotireoidismo e hiperprolactinemia são causas de amenorreia (lembrar que hipotireoidismo é causa de hiperprolactinemia) – os dois exames sempre devem ser solicitados juntos Se tiver hipotireoidismo e hiperprolactinemia, pensar que o hipotireoidismo é a causa da hiperprolactinemia (tratar primeiro a tireoide!). HIPERPROLACTINEMIA *excluindo gravidez e hipotireoidismo* Medicamentosa (várias medicações interferem com a prolactina por interferirem com a dopamina): metoclopramida, neurolépticos, tricíclicos, ranitidina, ACO, outros... É importante sempre pesquisar causas farmacológicas... Se o enunciado da questão tiver uma medicação a qual a paciente faz uso continuo, provavelmente ele é a causa. Adenomas (Prolactinoma): Diagnóstico – solicitar RNM Tratamento inicial: clínico (agonista dopaminérgico: cabergolina e bromocriptina) – a cabergolina tem vantagem posológica e possui menos efeitos colaterais (a cabergolina também é utilizada em casos de pacientes HIV+ após o parto para inibir a lactação) ESTROGÊNIO PROGESTERONA GENITÁLIA NORMAL MENSTRUAÇÃO Ray Almeida A dopamina é um inibidor da prolactina. Outras: gestação, lactação, estimulação mamária, lesão torácica, insuficiência renal, hipotireoidismo. ----------------------------------------------------------------- 3º)TESTE DA PROGESTERONA: avalia os níveis de estrogênio e trato de saída Medroxiprogesterona (Provera) 10mg por 5- 10 dias Houve sangramento: anovulação (não tem progesterona suficiente para estabilizar o endométrio) – ex.: SOP Sem sangramento: - Falta de estrogênio (?) - Lesão de endométrio (?) - Obstrução ao fluxo (?) 4º) TESTE DO ESTROGÊNIO + PROGESTERONA: avalia endométrio e trato de saída Estrogênio (21 dias) + progesterona (5 dias), tem o mesmo resultado de pílula combinada por 21 dias Houve sangramento: excluídas causas uterovaginais. Falta de estrogênio – problema no compartimento II ou III ou IV Sem sangramento: alteração uterovaginal (problema no compartimento I) – avaliar: USG, histeroscopia, RNM... 5º) DOSAGEM DO FSH:define se a falta de estrogênio é causa ovariana ou causa central FSH (>20): causa ovariana (compartimento II) FSH normal (5-20) ou (20): comum em doenças autoimunes Síndrome de Savage: folículo resistente às gonadotrofinas (pode ser causa de amenorreia primária ou secundária) – o diagnóstico diferencial entre falência ovariana precoce e Sd Savage é feita através de biópsia ovariana (na prática não é feita, pois o tratamento das duas condições é o mesmo – reposição hormonal) Têm mesma clínica de climatério Tem folículo, mas são resistentes as gonadotrofinas (“Selvagens”) Disgenesia gonadal: maior causa de amenorreia primária. Amenorreia Primaria + Infantilismo Sexual DISGENESIA COM Y RETIRAR GÔNADA ! (ex.: Síndrome de Swyer 46XY: o fator determinante testicular está no Y a gônada será o testículo testículo fibrosado – não funciona= fenótipo feminino – genitália interna e externa feminina) Ray Almeida Síndrome de Turner (45XO) é a mais comum: pescoço alado, tórax em escudo, baixa estatura,.. (estigmas de Turner) UTEROVAGINAIS (COMPARTIMENTO I) Malformações Müllerianas – ex.: Roktansky – 46XX (amenorreia primária, dor na relação sexual, e com caracteres sexuais secundários presentes, sem útero e sem a parte superior da vagina) Sindrome de Asherman – lesão endometrial, com aderências intra-uterinas (ex.: pós- curetagem); a histeroscopia é diagnóstica e terapêutica (desfaz as aderências) Hiperplasia adrenal congênita (HAC): é a maior causa de genitália ambígua na mulher – manifestação precoce (obs.: maior causa de HAC: deficiência de 21-hidroxilase). Quando as manifestações aparecem de forma tardia é diagnóstico diferencial com SOP (lembrar que SOP é diagnóstico de exclusão) dosar 17-OH- progesterona (esta elevada na HAC). GENITÁLIA AMBÍGUA Hiperplasia Adrenal Congênita Deficiência de 5α- Redutase 46 XX Pseudo- hermafroditismo feminino Genitália interna feminina Deficiência de 21- hidroxilase ↑ precursores de glicocorticóides efeito semelhante ao da testosterona 46 XY Pseudo- hermafroditismo masculino Genitália interna masculina (testículos) Não transforma testosterona em di- hidrotestosterona Genitália externa ambígua (feminina) Vida adulta virilização (pelos grossos, clitóris grande) Malformações Müllerianas: Útero bicorno Útero didelfo Útero septado Útero unicorno Síndrome de Roktansky Síndrome de Morris Agenesia Mülleriana 46 XX (feminino) Clínica: amenorreia primária com caracteres sexuais 2ários, sem útero, vagina curta e pelo normal Tem ovários normais Defeito no receptor de androgênio Sd da insensibilidade androgênica 46 XY (masculino)Clínica: amenorreia primária, mama pequena, sem útero, vagina curta, mas sem pelos Tem testículo tem que retirar (pode aparecer como hérnia inguinal bilateral) SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS (SOP) Anovulação crônica hiperandrogênica Tríade clássica: Resistência Insulínica + Anovulação + Hiperandrogenismo Lembrar que: síndrome dos ovários policísticos ≠ ovários policísticos Afetam 5-10% das mulheres É a endocrinopatia ginecológica mais comum da mulher Maior causa de hiperandrogenismo FISIOPATOLOGIA: SHBG (proteína transportadora do hormônio sexual) – a fração do hormônio ligada a proteína é simplesmente transportada, ou seja, não têm função; na SOP temos uma diminuição dessa proteína transportadora com isso, teremos hormônios livres biologicamente ativos manifestações de anovulação e de hiperandrogenismo. É a resistência insulínica que diminui a produção hepática da SHBG levando ao aumento das frações livres dos hormônios e, consequentemente às suas manifestações (hiperandrogenismo e anovulação). Resistência insulínica SHBG estrogênio e androgênio (frações livres) hiperandrogenismo e anovulação Obs.: O estrogênio oral aumenta a produção hepatica de SHBG. Ray Almeida Resistência insulínica Acantose nigricans Hiperandrogenismo Acne, alopecia, hirsutismo (pelos grossos com distribuição tipicamente masculina em uma mulher)... Obs.: hirsutismo – escala de Ferriman ≥ 8 Anovulação Irregularidade menstrual, infertilidade LABORATÓRIO: EXCLUIR OUTRAS DOENÇAS: TSH, prolactina, 17-OH-progesterona, cortisol TSH, prolactina: outras irregularidades menstruais 17-OH-progesterona: diagnóstico diferencial com hiperplasia adrenal congênita (700 pedir TC ou RM – neoplasia de adrenal?) O que sobe e o que desce na SOP? SHBG e FHS Todo o resto sobe (testosterona, LH, androstenediona, estrogenio...) DIAGNÓSTICO: Ovários policísticos à ultrassonografia: ≥ 12 folículos de 2-9 mm ou ≥ 10cm³ ovário Obs.: não é um achado necessário e também não é suficiente. Lembrando que podemos ter até 20% de falso-positivos (só tem ovário policistico, mas não tema síndrome). Oligo ou anovulação Hiperandrogenismo DIAGNÓSTICO: 2 dos 3 Obs.: Falha desse critério (Critérios de Rotterdan) – não avalia o ponto central da doença – a resistência a insulínica. REPERCUSSÕES: Resistência insulínica: DM, HAS, doença cardiovascular... Hiperandrogenismo: anovulação, estética Anovulação: infertilidade, fator de risco para Ca de endométrio TRATAMENTO: Atividade física + dieta fracionada + perder peso (se acima do peso) – devido ao problema central da doença de resistência insulínica + Controle insulina Tratar hirsutismo Controle do ciclo Gestação Metformina Estético Ciproterona ACO ou progesterona Indutores de ovulação - clomifeno Obs.: se o clomifeno não der certo = tentar associar clomifeno + metformina QUER ENGRAVIDAR AGORA? NÃO: o ACO (escolher uma progesterona antiandrogenica – ciproterona ↑potencial trombogênico) o Cosméticos o Antiandrogenicos (SOS) espironolactona, finasterida, a propria ciproterona... SIM: o Clomifeno - barato (se necessario: metformina) Obs.: Hipertricose: excesso de pelos em locais habituais Hiperandrogenismo: pelos grossos com distribuição masculina