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MED 2022 GINECOLOGIA 121 LETICIA ARANEGA DALARI AMENORREIA, INFERTILIDADE E SOP PROF. DR. VINÍCIUS AYUPE Amenorreia • Primária: nunca menstruou o 14 anos sem menstruação e sem desenvolvimento sexual secundário (*alguns citam 13 anos) o 16 anos sem menstruação e com desenvolvimento sexual secundário (*alguns citam 15 anos) • Secundária: já teve 1° menstruação o Sem menstruação por 3 ciclos ou 6 meses (*alguns citam 3 meses) Atraso - ex: era para vir dia 1º e veio dia 10 Amenorreia secundária 1º) Excluir gestação → β-HCG (preferencialmente quantitativo) 2º) Dosar TSH e PROLACTINA (ao mesmo tempo) Hipotireoidismo - no início da gestação podemos ter um exame com TSH falsamente baixo (na gestação também tratamos com levotiroxina, lembrar que se a gestante já tem hipotireoidismo já podemos logo de cara aumentar em 50% a dose) Hiperprolactinemia - gestação pode ser causa de aumento de prolactina. Sempre questionar se usa algum medicamento, pois alguns podem causar hiperprolactinemia. Prolactinoma causa sintomas visuais e cefaleia. Não interessa o tamanho do prolactinoma, o tratamento é clínico (carbegolina - agonista dopaminérgico)!! O hipotireoidismo é uma causa de hiperprolactinemia. Por isso, quando tiver alteração de TSH e prolactina, tratar primeiro hipotireoidismo, que provavelmente, a prolactina normaliza. LEMBRAR: DOPAMINA INIBE PROLACTINA A dopamina inibe a prolactina. Medicamentos que inibem a dopamina, permitem o aumento da prolactina. Sempre pensar em causas farmacológicas quando paciente utilizar algum medicamento todos os dias; Pensar nas outras hipóteses quando paciente não usar nenhum medicamento! Obs.: Preferir Carbegolina: tem facilidade posológica e menos efeitos adversos que a bromocriptina. 3º) Teste da Progesterona • Avalia os níveis de estrogênio e anatomia (trato de saída) • Medroxiprogesterona 10mg 5-10 dias (Provera). • Aguardar 7 dias para verificar se terá ou não sangramento o Houve sangramento: deficiência de progesterona → a causa é anovulação (ex.: SOP) o Sem sangramento: qualquer outro item do tripé: deficiência de estrogênio? Lesão endometrial? Obstrução ao fluxo? - Continuar investigação 4º) Teste do Estrogênio + Progesterona • Avalia anatomia: endométrio e trato de saída • Estrogênio por 21 dias + Progesterona nos últimos 5 dias • Aguardar 7 dias para verificar se terá ou não sangramento o Houve sangramento: falta de estrogênio → anatomia normal (exclui causa anatômica); causas são do compartimento II, III ou IV. Continuar investigação. o Sem sangramento: alteração do trato de saída (anatomia) → causa é do compartimento I (deu hormônio e resolveu, é causa anatômica). Ex.: Asherman (lesão endometrial geralmente após curetagem/manipulação cavidade uterina e o MED 2022 GINECOLOGIA 122 LETICIA ARANEGA DALARI endométrio lesado pode formar sinéquias intrauterinas impedindo o fluxo. O diagnóstico e o tratamento são feitos via histeroscopia), hiperplasia adrenal congênita (na pediatria é a forma perdedora de sal, onde se o diagnóstico não for feito logo a criança morre. Na GO temos a HAC precoce causando acúmulo de androgênio - causa genitália ambígua na mulher (pseudo- hemafrodismo feminino -> principal causa de genitália ambígua na mulher, por deficiência de 21-hidroxilase, para diagnóstico dosamos a 17OH progesterona e androgênio que estarão aumentadas). Uma HAC de manifestação tardia gera anovulação e hiperandrogenismo, sendo diagnóstico diferencial com SOP. Compartimento I - problema anatômico Compartimento II - ovários Compartimento III - hipófise Compartimento IV - hipotálamo 5º) Dosar FSH (normal de 5 a 20) • Diferencia causa ovariana e central • FSH > 20 o Causa ovariana (compartimento II) (o estímulo chega, a hipófise produz FSH). Ex.: insuficiência ovariana prematura (quando acontece abaixo dos 40 anos: causas idiopáticas, irradiação, QT, doença autoimune (hipotireoidismo, DM1, vitiligo, autoanticorpo contra folículo, uma doença autoimune causa a outra, infecção - o tratamento destas causas é terapia hormonal ) e Sd Savage (manifestação da insuficiência ovariana COM folículo, o problema é que o folículo é resistente as gonadotrofinas, não respondendo a elas. Pode ser que a resistência seja tão alta que nunca tenha respondido, podendo entrar como causa de amenorréia primária. O diagnóstico definitivo é feito via biópsia e o tratamento é com terapia hormonal) • FSH normal ou diminuído (< 5) o Hipófise (comp III) ou hipotálamo (comp IV) (não tem estímulo para o ovário) 6º) Teste do GnRH (ou fazer RM) • Administra GnRH (como tem liberação pulsátil, para o teste deve-se administrar GnRH e promover a produção de LH e FSH) • LH aumentado e/ou FSH aumentado o Causa hipotalâmica (comp IV). Ex.: Craniofaringiomas, sd de Kallman ( mulher que tem amenorreia, infantilismo sexual e anosmia - em meninos o mais comum é cegueira para cores), estresse, anorexia e exercícios físicos extenuante • Não aumentado FSH e LH o Causa hipofisária (comp III). Ex.: prolactinoma, Sd de Sheehan (necrose hipofisária pós-parto devido hemorragia/ hipovolemia pós-parto. Agalactia é o primeiro sintoma, não por dificuldade de pega mas sim por falta de leite) Amenorreia primária • EF: estigmas de turner, hímen imperfurado ... • PRESENÇA de caracteres sexuais secundários: causa anatômica. Ex.: Rokitansky x Morris • AUSÊNCIA de caracteres sexuais secundários: investigar causa ovariana ou central (problema é hormonal). Para isso, dosar FSH (para ver se tem estímulo)! - Turner 1 significa que ovários nunca funcionaram o LH / FSH aumentado (culpa do ovário: chega estímulo, mas o ovário não funciona) ▪ Solicitar cariótipo sempre que infantilismo sexual e FSH alto!! ▪ Disgenesia gonadal: maior causa de amenorreia primária sem característica sexual secundária! Ex.: Turner. o LH / FSH baixos (culpa da hipófise ou do hipotálamo, que não estimulam ovário) ▪ Fazer teste do GnRH–hipófise/hipotálamo Diagnósticos diferenciais de amenorreia • Hipotalâmicas (comp.IV) Tumores: Craniofaringioma (tumor do hipotálamo) Síndrome de Kallman: amenorreia primária + infantilismo sexual + anosmia (pode haver cegueira p/ cores) Estresse, anorexia, exercício físico extenuante (amenorreia da atleta) • Hipofisárias(comp.III) Tumores: Prolactinomas Sd Sheehan: Necrose hipofisária pós-parto - Ocorre após sangramento significativo (como primeiras manifestações pode gerar agalactia e pan- hipopituarismo) MED 2022 GINECOLOGIA 123 LETICIA ARANEGA DALARI - É a necrose hipofisária na paciente que tem sangramento intenso no parto! • Ovarianas(comp.II) Tratamento é sempre reposição hormonal - FOP – Falência ovariana precoce / insuficiência ovariana prematura < 40 anos esgotaram os folículos – sintomas de climatério Mulher com < 40 anos, com amenorreia secundária, e FSH > 40 (muito alto). Causas: idiopática, irradiação, quimioterapia, doença autoimune, infecção, sd Savage - Sd Savage Folículo selvagem! Ainda tem folículo, mas são resistente às gonadotrofinas! Resistência às gonadotrofinas Pode ser amenorreia 1ª ou 2ª Obs.: A diferenciação entre Síndrome de Savage e FOP é pela biópsia ovariana Tto: terapia hormonal - Disgenesia gonadal Maior causa de amenorreia primária sem caracteres sexuais secundários e aumento de FSH !! Sd Turner (45 XO): disgenesia gonadal mais comum ▪ Baixa estatura, pescoço alado, tórax em escudo, hiperteilorismo mamário ▪ Tto: reposição hormonal ou retirada gônada se mosaico (presença de Y no cariótipo) Disgenesia com Y (mulher XY) ▪ Retirar gônada! Pode evoluir para CA de ovário - vagina normal, útero, trompas (genitália interna e externa são femininas) ▪ Síndrome de Swyer - 46XY com testículo fibrosado • Uterovaginais(comp.I) Malformações müllerianas Rokitansky → 46 XX vagina curta e sem útero e trompas (mas tem ovários) Mamas e pelos pubianos normais (tem caracter2ª normal) Agenesia Mülleriana Clínica: amenorreia 1ª com caractere sexual secundário, SEM útero, vagina curta e pelo normal Útero bicorno, septado, unicorno e didelfo Síndrome de Asherman Lesão endometrial (infecção, trauma, curetagem), não menstrua mais, porque tem formação de aderências endometriais (sinéquias intra-uterinas). Diagnóstico e tratamento por histeroscopia! Confirma e desfaz aderências. Hiperplasia Adrenal Congênita / Pseudo-hermafroditismo feminino Maior causa de genitália ambígua na menina Excesso de androgênio na vida intra-uterina devido a diminuição de 21-hidroxilase Diagnóstico: aumento de 17 OH progesterona e androgênios MED 2022 GINECOLOGIA 124 LETICIA ARANEGA DALARI • Síndrome de Morris – insensibilidade androgênica Pseudo-hermafroditismo masculino: androgênio não atua e o homem tem genitália feminina. 46 XY e testículo funcionante (tem antimulleriano que não deixa útero surgir) Genitália externa feminina - defeito no receptor de androgênio Clínica: amenorreia 1ª com mama pequena, SEM útero, vagina curta e SEM pelo Síndrome de Ovários Policísticos (Sd da anovulação crônica hiperandrogênica) • Resistência insulínica + anovulação + hiperandrogenismo • É um diagnóstico de exclusão! • Afeta 5-10% das mulheres (doença ginecológica mais comum) - endocrinopatia mais comum nas mulheres • Associação com resistência insulínica • Resistência insulínica → redução de SHBG → aumento de estrogênio e androgênio → hiperandrogenismo e anovulação • Clínica Resistência periférica à insulina: acantose nigricans Hiperandrogenismo: acne, alopecia, hirsutismo (pelo grosso com distribuição masculina em mulheres – Escala de Ferriman ≥ 8) Anovulação: irregularidade menstrual e infertilidade Oligomenorreia ou amenorreia • Laboratório SOP é diagnóstico de exclusão. Solicitar exames laboratoriais para excluir outras doenças: - TSH, prolactina: causas de irregularidade menstrual - 17-OH-progesterona: hiperplasia adrenal congênita, 17-OH-P < 200 exclui HAC - Cortisol: Síndrome de Cushing Perfil laboratorial: SHBG ↓ e FSH ↓ ou normal, o resto ↑. São características, mas não são critérios diagnósticos. - Aumento de testosterona total e livre com aumento do S-DHEA - Aumento da androstenediona, LH e diminuição do FSH - inversão da relação LH/FSH - Aumento do estrogênio e da resistência insulínica - Aumento da prolactina (às vezes) e diminuição da SHBG - SEMPRE avaliar síndrome metabólica! - Obs.: SDHEA elevado: pensar em adrenal. Se > 700 fazer TC ou RM para descartar neoplasia • Diagnóstico: presença de 2 dos 3 (critérios de Rotterdam): 1 - USG com ovários policísticos (não é critério obrigatório) - ≥12 folículos de 2 a 9 mm ou - Volume total ovário ≥ 10 cm3 2 - Oligo ou anovulação 3 - Hiperandrogenismo clínico ou laboratorial • Tratamento MEV: atividade física, dieta, perda de peso MAIS Quer engravidar agora? A maioria consegue voltar a ovular com perda de peso (5% do peso em 6 meses) - Não: MEV + ACO (ex.: etinilestradiol + ciproterona) ou progesterona (ex.: desogestrel) + cosmético - Sim: MEV + Clomifeno (se necessário, + metformina). Algumas literaturas indicam letrozol como 1° opção. Inositol reduz resistência insulínica (faltam estudos em relação ao uso como indutor de ovulação) MED 2022 GINECOLOGIA 125 LETICIA ARANEGA DALARI Repercussões de SOP: obesidade, infertilidade, abortamento, DM, doença cardiovascular, CA endométrio, redução da fibrinólise (aumento PAI-1, trombose) Ciproterona é o progestágeno mais anti-androgênico que existe Infertilidade Definição • Ausência de gestação após 1 ano de atividade sexual regular Principais causas • Fator masculino - 1/3 das causas • Fator tuboperitoneal • Anovulação Investigação do casal infértil • Idade mulher x frequência relações (ao menos 2 a 4 relações por semana) o Mulheres < 35 anos: aguardar até 1 ano o Mulheres > 35 anos: investigação imediata ou após 6 meses Avaliação básica • Hormônios: FSH, progesterona, TSH, prolactina • USG-TV - ver se ovula e a reserva folicular • Histerossalpingografia • Espermograma Fenótipos A e B são os mais comuns Oligo ou anovulação e hiperandrogenismo são praticamente obrigatórios MED 2022 GINECOLOGIA 126 LETICIA ARANEGA DALARI Avaliação avançada • Vídeo: laparoscopia, histeroscopia - alguns serviços fazem histeroscopia de rotina, mas isso acontece por ter disponibilidade Espermograma Tem que ter no mínimo 15 milhões/ml, mais de 40 milhões por ejaculado e pelo menos 1/3 com forma e motilidade normais • Normal: não repetir • Anormal: repetir após 3 meses (12 semanas) - espermatogênese demora 12 semanas • Azoospermia o Obstrutiva o Não obstrutiva (+ comum) - sinal que não tem espermatozóide - Solicitar biópsia, cariótipo, FSH e tamanho testicular Fator ovariano • Dosagem de progesterona na fase lútea (21° a 24° dia do ciclo) • Dosagem FSH o Avalia reserva ovariana (deve ser dosado no 3° dia do ciclo, no máximo no 10°) - se acima de 10 é ruim, acima de 15 é péssimo prognóstico o Idade é considerada o melhor preditor de resposta ovariana o Opção: hormônio antimülleriano (pode ser dosado em qualquer fase do ciclo, que é preditor de quantidade e oócitos) - muito mais caro que dosar FSH USTV seriada • Documento ovulação: programar coito ou intervenções através do acompanhamento folicular. Aqui não pode ter nenhum outro fator intervindo. • Contagem dos folículos: prognóstico na reprodução assistida Fator tuboperitoneal - é o principal fator de infertilidade feminina • Histerossalpingografia: exame INICIAL para trompa o Se trompa pérvia: prova de Cotte positiva - contraste extravasa dos dois lados das trompas • Videolaparoscopia o PADRÃO OURO para doença tubária e peritoneal - define causa o Indicada se presença de alteração na histerossalpingografia Fator uterino/anatômico • USTV e histerossalpingografia • Histeroscopia: PADRÃO OURO para cavidade endometrial - com alteração de cavidade Tratamento • Fator masculino: maioria FIV • Fator ovariano: indução (clomifeno) ou FIV - síndrome do hiperestímulo ovariano: ascite, derrame pleural, IRA e TEP -> mais comum pelo uso de gonadotrofina • Fator tuboperitoneal: laparoscopia (retirar aderências, endometriose, salpingoplastia) ou FIV (nos casos mais graves, como endometriose mais graves) • Fator uterino: histeroscopia (retirada de pólipos, septos) • Quando indicar inseminação intrauterina? - muito mais simples e barato que FIV o Infertilidade sem causa aparente o Só masculino leve: > 5 milhões SPTZ normais Mudança de junho de 2021!! • Limite de doação de gametas: 37 anos para mulher e 45 anos para homem • Número de embriões a serem transferidos o Mulheres até 37 anos: até 2 embriões o Mulheres com mais de 37 anos: até 3 embriões o Embriões euploides ao diagnóstico genético: até 2 embriões
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