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Nutriçao e Saúde Pública - Artigo Obesidade e Mídia

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Obesidade e Mídia: o lado sutil da informação
São Bern@rdo.com.br
Revista Acadêmica do Grupo Comunicacional de São Bernardo
www.metodista.br/unesco/GCSB/index.htm 
Ano 1 - nº 2 - (julho/dezembro de 2004) 
Textos originais, revisados pelos membros do conselho editorial 
Obesidade e Mídia: o lado sutil da informação
Flávia Maria Lacerda Felippe*
Rogério Friedman**
Bianca da Silva Alves***
Gabriela Herrmann Cibeira****
Lívia Eichenberg Surita*****
Cinara Tesche******
Resumo
Este estudo integra uma pesquisa que avalia a discriminação social contra 
indivíduos obesos. Nesta etapa, foram examinados os dois jornais periódicos de 
maior circulação na cidade de Porto Alegre e duas revistas de maior circulação 
nacional, durante o período de setembro de 2001 a julho de 2002, para 
contextualizar o problema e verificar como a obesidade e a discriminação são 
tratadas pelos meios de comunicação. Realizou-se uma análise do material escrito 
e a construção de mapas representacionais, baseados na hermenêutica de 
profundidade, objetivando explorar os sentidos e significados de imagens e textos 
de um fato comunicacional: a obesidade Levantaram-se as seguintes categorias 
emergentes do tema obesidade: humilhação, desvalia, discriminação, padrão 
estético, auto-estima e informação/orientação
Palavras-chave: mídia, obesidade, teoria da representação social, discriminação
Abstract
The aim of this study is to evaluate the social discrimination against obese individuals as reflected 
file://///Micro4/catedra/WS_FTP/FrontPage%20Webs/Content/Cátedra/GCSB/Artigo_obesidade_midia.htm (1 of 5) [07/12/04 12:41:40]
Obesidade e Mídia: o lado sutil da informação
in the press. Between September 2001 and July 2002, two important newspapers of Porto Alegre, 
and 3 national weekly magazines were analyzed. Every issue in the study period was examined 
by the hermeneutic method. Representation maps were constructed from each group of 
expressions found. 819 issues were read. 32 categories of discrimination were identified. We 
conclude that there is a strong social representation of the obese individual as a weak person, 
without willpower, with feelings of low self-esteem, remaining outside the established esthetic 
patterns. The media imposes an unreachable beauty stereotype (thin), and discriminates the 
obese person in a non-subtle fashion, by means of aggressive messages, which are not 
stimulating, and increasethe low self-esteem of the obese sufferer.
Key Words: media, obesity, theory of social representations, discrimination.
INTRODUÇÃO
O aumento da prevalência de obesidade alerta para um importante problema de saúde pública 
que demanda a verificação dos graus de discriminação e de proteção dos indivíduos obesos. O 
assunto ganha destaque nos meios de comunicação de massa que tratam o problema das mais 
diversas formas, estimulando tanto a venda de produtos alimentícios oferecidos pela indústria de 
consumo, como a definição de um padrão estético corporal.
A comunicação é uma arma poderosa se considerarmos seu poder de manipulação de 
informações. Os meios de comunicação de massa são agentes formadores de opinião e 
criadores-reprodutores de cultura (Thompson, 1999). Champagne (1998) considera que a mídia, 
quando comprometida com a defesa de interesses, fabrica acontecimentos a fim de configurar a 
realidade que visa divulgar. A partir daí, as mensagens são elaboradas e lançadas ao grupo 
social. Essas mensagens formam e transformam os modos de pensar e de agir do grupo alvo, ou 
seja, interferem na cultura local.
A mídia fabrica coletivamente a representação social que for conveniente e "mesmo quando está 
muito afastada da realidade, perdura apesar dos desmedidos ou das retificações posteriores" 
(Champagne, 1998:64), reforçando e mobilizando os pré-julgamentos. Jodelet (1999:36) define a 
Teoria das Representações sociais como "uma forma de conhecimento, socialmente elaborada e 
partilhada, que tem um objetivo prático e concorre para a construção de uma realidade comum a 
um conjunto social". Compreender o fenômeno da obesidade a partir dessa teoria significa crer 
que existem pressões que levam as pessoas a fazerem o que fazem.
A representação social constitui um dos conceitos fundamentais do modo de vida e do cotidiano, 
estando relacionada à ideologia. Por um lado expressa a fragmentação da consciência cotidiana, 
por outro, o poder simbólico. A dominação simbólica é exercida por meio da linguagem, dos 
símbolos e signos por onde veicula a comunicação. Se a RS da obesidade contém 
características ideológicas, ela está sendo construída através do estigma que envolve o obeso. 
Moscovici (1984) afirma que as pessoas não são receptores passivos, mas produzem e 
comunicam suas próprias representações, através das relações cotidianas.
Se a mídia não se limita a ser imparcial, apenas informando, ela pode tomar partido e posicionar-
se para aquilo que parecer ser mais interessante e lucrativo, e isso é ideológico. A venda da 
informação desconsidera a repercussão que esse tipo de pressão exerce na saúde pública, ao 
carregar o sentido de um modelo ou padrão de beleza inatingível e destratar a doença 
file://///Micro4/catedra/WS_FTP/FrontPage%20Webs/Content/Cátedra/GCSB/Artigo_obesidade_midia.htm (2 of 5) [07/12/04 12:41:40]
Obesidade e Mídia: o lado sutil da informação
obesidade, colocando-a como apenas um problema de "gula, desleixo ou preguiça". Esses são 
também os estereótipos criados pela figura do obeso que de doente passa a "relaxado", deixando 
para emagrecer somente à véspera do verão. Dessa forma, discriminações e preconceitos vão 
tomando forma, já que categorizam e rotulam para excluir/incluir (Guareschi:1999). Jodelet 
(1999:59) escreve que o preconceito ‘é um julgamento positivo ou negativo, formulado sem 
exame prévio a propósito de uma pessoa ou de uma coisa." A discriminação é uma forma de 
exercício de poder para excluir, rotular e etiquetar estereótipos socialmente fabricados.
Entender esses efeitos sociais do uso e da compreensão das formas simbólicas e explicar como 
se reproduzem as relações de poder e dominação é o caminho que elegemos para situar 
socialmente essa doença e verificar quais são os mecanismos que garantem a reprodução das 
relações sociais existentes. Pretende-se analisar de que forma os meios de comunicação vêm 
tratando a questão da obesidade, ou seja, se as mensagens veiculadas na mídia caracterizam 
discriminação.
MÉTODOS
A coleta de informações consistiu na pesquisa dos dois jornais periódicos de maior circulação na 
cidade de Porto Alegre e de duas revistas de maior circulação nacional, durante o período de 
setembro de 2001 a julho de 2002, a fim de se contextualizar o problema, tentando descobrir 
como a obesidade e a discriminação são tratadas pelos meios de comunicação. A delimitação 
desse período refere-se ao início e término do verão na cidade de Porto Alegre, época em que as 
pessoas expõem seus corpos ao público em função do calor da estação. Selecionaram-se 
unidades de significados, frases ou palavras, que expressam um sentido e são representativas 
por sua freqüência e intensidade. Realizou-se uma análise de conteúdo do material escrito e 
construção de mapas representacionais, baseados na Hermenêutica de Profundidade 
(Thompson, 1999), objetivando explorar os sentidos e significados de imagens e textos de um 
fato comunicacional, a obesidade. Trata-se de um referencial metodológico, de um processo 
interpretativo, complexo, composto por três estágios de análise: análise sócio-histórica — a que 
possibilita a compreensão e contextualização da obesidade; análise formal ou discursiva — que 
permite a análise temática e a identificação de formas simbólicas apresentadas nos discursos da 
mídia; a interpretação ou re-interpretação — que compreende a construçãocriativa do significado 
com a perspectiva de algo que é representado ou dito.
Em todas as etapas, o interesse pela ideologia orienta a análise rumo à identificação das 
relações de dominação. As diferentes fases devem auxiliar o pesquisador a perceber onde e 
como está operando a ideologia, através das formas simbólicas. Thompson define ideologia 
como o uso de formas simbólicas que servem para estabelecer e sustentar relações de 
dominação e sugere alguns modos de operação da ideologia como estratégias de construção 
simbólica.
RESULTADOS
Através da coleta e análise dos 5 (cinco) veículos de comunicação, examinaram-se 819 edições, 
destacando-se, ao todo, 32 unidades de significado. Levantaram-se as seguintes categorias 
emergentes do tema obesidade: humilhação, desvalia, discriminação, padrão estético, auto-
estima e informação/orientação, as quais serão apresentadas a seguir:
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Obesidade e Mídia: o lado sutil da informação
Mapa de Categorias
A categoria humilhação, por exemplo, apresenta termos mobilizadores de sentido, como a 
dificuldade do obeso em encontrar um manequim, sentar-se em poltronas de cinema, ou "entalar" 
nos ônibus. Não sendo rara a associação do sobrepeso com a má aparência. Na categoria 
desvalia são apresentados os termos e expressões que demonstram o sofrimento, o desespero, 
a dor , a desesperança e a desqualificação sentidas pelos obesos.
Observou-se que os meios de comunicação de massa bombardeiam as pessoas com imagens 
que associam a felicidade à figura esbelta. Na propaganda dos serviços e produtos para 
emagrecer, levanta-se a preocupação com as conseqüências da obesidade, indicando aos 
indivíduos que eles são os responsáveis por tomar as providências cabíveis.
DISCUSSÃO
Através das categorias analisadas, observou-se que há uma forte representação social do 
indivíduo obeso como um desclassificado, sem força de vontade, o qual teria sentimentos de 
baixa auto-estima colocando-se fora dos padrões estéticos estabelecidos.
Percebe-se que as mensagens da mídia impõem um estereótipo de beleza inalcançável e 
estimulam uma exigência para alcançá-lo. Sendo que essa atitude de segregação e rechaço, 
demonstrada mais por jornais por conterem sátiras do que por revistas que apresentam 
conteúdos de informações, reforça a desvalia percebida pelo mesmo. Acredita-se que a mídia 
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Obesidade e Mídia: o lado sutil da informação
estimula o padrão estético magro, discriminando o gordo de uma maneira não sutil, com 
mensagens agressivas, persuasivas e pouco estimuladoras, reforçando a baixa auto-estima 
percebida pelos indivíduos obesos em sua desvalia. Evidencia-se que aparecem em número 
mais significativo mensagens e textos de conotação negativa e discriminatória do que aspectos 
que tratem da obesidade como doença, definindo-a como um problema de saúde pública.
BIBLIOGRAFIA
CHAMPAGNE, Patrick. A visão mediática. In: BOURDIEU, Pierre. A miséria do mundo. 
Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.
GUARESCHI, Pedrinho. Pressupostos Psicossociais da Exclusão: competitividade e 
culpabilização. In: SAWAIA, Bader. As artimanhas da exclusão. Petrópolis: Vozes, 1999.
_________. (Org) Os construtores de Informação: meios de comunicação, ideologia e ética. 
Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
JODELET, Denise. Os processos psicossociais da exclusão. In: SAWAIA, Bader. As artimanhas 
da exclusão. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.
MOSCOVICI, Serge. The phenomenon of social representations. In: FARR, R. MOSCOVICI, S. 
Social representations. Cambridge: Cambridge Unversity Press, 1994.
SPINK, Mary Jane et al. O conhecimento no cotidiano: as representações sociais na 
perspectiva da psicologia social. São Paulo: Brasiliense, 1995.
THOMPSON, John B. Mídia e modernidade. Petrópolis: Vozes, 1995.
______. Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era dos meios de comunicação de 
massa. Petrópolis: Vozes, 1999.
*Profa. Doutora em Serviço Social-PUCRS (autor proponente) email: flaviafelippe@terra.com.br
**Prof. Dr. Faculdade de Medicina- UFRGS rfriedman@hcpa.ufrgs.br
***Nutricionista Mestranda - UFRGS dabianca@yahoo.com.br
****Nutricionista - UFRGS gabicabr@yahoo.com.br
*****Acad. - UFRGS lisurita@terra.com.br
******Acad. - PUCRS cinaratesche@bol.com.br
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