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Wanderley Gonçalves Pós-graduado em Administração de Empresas pela Universidade São Judas Tadeu (USJT/SP). Bacharel em Ciências Econômicas pela Facul- dade de Economia, Administração e Contabili- dade da Universidade de São Paulo (FEA/USP). Professor emérito dos cursos de graduação e pós-graduação da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid/SP). Diretor do curso de Ciências Contábeis e coordenador dos cursos tecnológicos da área de comércio e gestão da Unicid/SP. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Análise do ponto de equilíbrio Após estudar este capítulo, você deverá estar apto(a) a: Entender o que é e como se calcula o ponto de equilíbrio de uma empresa no curto prazo. Compreender a forma pela qual se processa o cálculo do ponto de equilíbrio quando a empresa produz mais do que um produto. Desenvolver competências para analisar o significado e a importância do ponto de equilíbrio para uma empresa em sua tomada de decisão. Entender o significado e a importância da margem de segurança operacional como instrumento de avaliação de performance da empresa no curto prazo. Caracterização do ponto de equilíbrio Passaremos a examinar e a analisar, no presente capítulo, o ponto de equilíbrio de uma firma. Essa análise nos permitirá, entre outros, sabermos qual o volume de produtos e/ou serviços precisaremos produzir/vender, bem como permitirá que efetuemos simulações a respeito dos efeitos de decisões a serem tomadas sobre aumento ou redução das operações, dos custos, preços etc. Porém, uma pergunta faz-se necessária: o que vem a ser ponto de equilíbrio? Para Megliorini (2003, p. 151), o ponto de equilíbrio: Nada mais é do que aquele momento em que a empresa não apresenta lucro nem prejuízo. Esse momento é aquele em que foi atingido um nível de vendas no qual as receitas geradas são suficientes apenas para cobrir os custos e as despesas. Já Passos e Nogami (2003, p. 266) definem ponto de equilíbrio como: O break-even point, ou ponto de equilíbrio de uma firma, é definido como sendo o nível de produção e vendas em que todos os custos fixos e variáveis são cobertos pela receita, isto é, ponto em que o lucro é igual a zero. Em outras palavras, é o nível mínimo de produção e vendas em que uma firma pode funcionar sem que ocorram perdas. 151Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Análise do ponto de equilíbrio 152 Das definições descritas já nos é possível identificar a importância desse ponto uma vez que estabelece condições para a tomada de decisão, princi- palmente quando do lançamento ou não de um novo produto ou empreen- dimento. Fornece-nos, entre outras, informações sobre as quantidades mínimas que devemos produzir/vender para não incorrermos em prejuízo. Caso analisaremos esse ponto sob a ótica da margem de contribuição, entendendo-se margem de contribuição como a contribuição que um deter- minado produto ou serviço fornece primeiramente para cobrir os custos e despesas fixos e posteriormente para gerar lucro, verificaremos que o ponto de equilíbrio ocorre quando o montante da margem de contribuição se iguala ao montante dos custos e despesas fixos. Isso posto, estamos em condições de estabelecermos o instrumental práti- co (fórmula) para o cálculo do ponto de equilíbrio. É o que faremos a seguir. Como calcular – fórmulas Como vimos, o ponto de equilíbrio é uma situação em que o lucro é igual a zero. Em outras palavras, é o ponto em que a receita total é igual ao custo total. Assim: RT = CT Onde: RT = receita total CT = custo total O ponto de equilíbrio determina a quantidade mínima que a empresa deve produzir/vender (receita total) para cobrir a totalidade de seus custos (custo total). Partindo-se da igualdade: RT = CT, podemos deduzir a fórmula para o cál- culo do ponto de equilíbrio. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Análise do ponto de equilíbrio 153 Logo: Receita total = preço unitário de venda multiplicado pela quantidade vendida. RT = PV . q Onde: RT = receita total PV = preço unitário de venda q = quantidade vendida Já o custo total é resultante da soma do custo fixo e do custo variável. Custo fixo – parcela do custo total que não varia de acordo com a pro- dução dentro de uma capacidade produtiva instalada. Custo variável – parcela do custo total que varia (no caso proposto) direta e proporcionalmente ao nível de produção. Assim: CT = CF + CV Onde: CT = custo total CF = custo fixo CV = custo variável Como temos: RT = CT e RT = PV . q CT = CF + CV Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Análise do ponto de equilíbrio 154 Logo: PV . q = CF + CV Isolando-se o termo PV, temos que: PV = CF q + CV q Por outro lado, sabemos que se dividirmos o custo variável pelo número de unidades vendidas (q) chegaremos ao custo variável médio (ou unitário). Então: CV q = CVUNITÁRIO CV = CVUNITÁRIO . q Substituindo na igualdade, teremos: PV = CF q + CVun Isolando-se o termo q, temos: q = CF (PV – CVun) Todavia, sabemos que a subtração do preço de venda do custo variável unitário nos fornece a margem de contribuição unitária do produto, ou seja, o quanto esse produto ou serviço contribui primeiramente para cobrir os custos fixos e posteriormente para gerar lucro. Trata-se, portanto, do concei- to de margem de contribuição unitária. Assim: (PV – CVunitário) = MCU Onde: PV = preço unitário de venda C Vunitário = custo variável por unidade produzida/vendida MCU = margem de contribuição unitária Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Análise do ponto de equilíbrio 155 Substituindo na igualdade, teremos: q = CF MCU Onde: q = quantidade produzida/vendida no ponto de equilíbrio CF = custo fixo MCU = margem de contribuição unitária Em outras palavras, representa determinarem-se quantas margens de contribuição unitárias serão necessárias para se cobrir a totalidade dos custos e despesas fixos. Pois bem, determinamos a fórmula para o cálculo do ponto de equilíbrio em quantidades a serem produzidas/vendidas. É possível calcular o ponto de equilíbrio em valor, bastando para tanto que calculemos a margem de contribuição unitária percentual, que é igual à divisão da margem de con- tribuição unitária pelo preço unitário de venda; iremos usá-la para dividir os custos fixos totais. Assim: Margem de contribuição percentual = margem de contribuição unitária preço de venda unitário Logo: Ponto de equilíbrio em valor = custo fixo total margem de contribuição percentual Cremos que um exemplo numérico será de grande valia para o perfeito entendimento do que até agora foi exposto. Vamos supor que uma empresa produtora de sapatos produza e venda mensalmente 200 unidades, apresentando os seguintes dados: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Análise do ponto de equilíbrio 156 Preço unitário de venda = R$180,00 Custos e despesas fixos/mês = R$4.000,00 Custos e despesas variáveis unitários = R$80,00 O seu ponto de equilíbrio será: Em quantidades: q = CF MCU O exercício nos fornece: Custos e despesas fixos/mês: CF = R$4.000,00. Margem de Contribuição unitária = MCU. MCU = PV – CVunitário Logo: MCU = R$100,00 MCU = R$180,00 – R$80,00 MCU = R$ 100,00 Substituindo os valores na fórmula: q = CF MCU Teremos: q = R$4.000,00 R$100,00 = 40unidades Quantidade no ponto de equilíbrio = 40 unidades Em valor: Ponto de equilíbrio/valor = CF MCUPERCENTUAL Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Análise do ponto de equilíbrio 157 Logo: MCUPERCENTUAL = MCU PV Assim: MCUPERCENTUAL = R$100,00 R$180,00 = 55,56% ou 55,56% Portanto: PEVALOR = R$4.000,00 0,5556 = R$7.199,42; por aproximação R$7.200,00 Valor no ponto de equilíbrio = R$7.200,00 Uma outra forma de encontrarmos o valor no ponto de equilíbrio é: uma vez tendo obtido a quantidade no ponto de equilíbrio calcular a receita total para essa quantidade. Assim: RT = PV . q Onde: PV = R$180,00 q = 40 unidades Logo: RT = R$180,00 . 40 RT = R$7.200,00 Vamos agora testar se realmente o ponto de equilíbrio, no exemplo dado, é formado pelo par 40 unidades e receita total ou valor de R$7.200,00. Já discutimos que o ponto de equilíbrio é uma situação em que o lucro é igual a zero, ou seja, em que a receita total é igual ao custo total. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Análise do ponto de equilíbrio 158 Logo: LT = RT – CT Onde: LT = lucro total RT = receita total CT = custo total RT = PV . q RT = R$180,00 . 40 RT = R$7.200,00 Onde: RT = receita total PV = preço unitário de venda q = quantidade vendida no ponto de equilíbrio CT* = CF* + CV* CT = custo total CF = custo fixo total CV = custo variável total (*) incluem-se também as despesas CF = R$4.000,00 CV = CVunitário . q CV = R$80,00 . 40 CV = R$3.200,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Análise do ponto de equilíbrio 159 Logo: CT = CF + CV CT = R$4.000,00 + R$3.200,00 CT = R$7.200,00 Portanto, no ponto de equilíbrio: RT = R$7.200,00 RT = CT CT = R$7.200,00 LT = Zero Representação gráfica Essa representação algébrica do ponto de equilíbrio também pode ser descrita graficamente, bastando para tanto transpormos para um plano car- tesiano os dados que algebricamente determinamos. No eixo horizontal, destacaremos as quantidades, e no vertical, os valores da receita total e do custo total. Valendo-nos do exemplo descrito: Relativamente ao custo total. Caso a empresa opte por não produzir qualquer unidade de sapato, o seu custo total será de R$4.000,00 que, como o exemplo considerado retrata, trata-se do custo fixo que existirá independentemente de ocorrer ou não a produção. É a parte do custo total que é fixa, independente, que não varia de acordo com a produção. Formamos assim o primeiro par ordenado para o custo total: Produção/venda = Zero unidade Custo total = R$4.000,00 No ponto de equilíbrio, conforme calculado anteriormente, teremos pro- dução/venda de 40 unidades para um custo total de R$7.200,00 (custo fixo de R$4.000,00, mais custo variável de R$3.200,00) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Análise do ponto de equilíbrio 160 Formamos assim o segundo par ordenado para o custo total: Produção/venda = 40 unidades Custo total = R$7.200,00 R elativamente à receita total. Caso a empresa não produza qualquer unidade de sapatos, a sua receita total será igual a zero. Formamos assim o primeiro par ordenado para a receita total: Produção/venda = Zero unidade Receita total = Zero No ponto de equilíbrio, conforme calculado anteriormente, teremos produção/venda de 40 unidades que a um preço unitário de venda igual a R$180,00 proporciona uma receita total de R$7.200,00. Formamos assim o segundo par ordenado para a receita total: Produção/venda = 40 unidades Receita total = R$7.200,00 Em resumo: Tabela 1 – Custo total X receita total Produção/venda Custo total (R$) Receita total (R$) 0 unidade 4.000,00 0,00 40 unidades 7.200,00 7.200,00 Vamos transportar os dados da tabela para um plano cartesiano (obede- cendo ao que estabelecemos: quantidades no eixo horizontal e valores no vertical) a fim de que nos seja possível a visualização gráfica do equilíbrio. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Análise do ponto de equilíbrio 161 Gráfico 1 – Representação gráfica do ponto de equilíbrio custo total ponto de equilíbrio 0 R$4.000,00 R$7.200,00 zona de prejuízo zona de lucro receita total quantidades40 A Custo total Receita total zona de lucro custo total zona de prejuízo receita total ponto de equilíbrio Analisando o gráfico acima, podemos verificar que o ponto de equilíbrio ocorre no intercepto entre o custo total e a receita total (ponto A), eviden- ciando uma situação em que são produzidas e vendidas 40 unidades com uma receita total e um custo total iguais a R$7.200,00 e, portanto, um lucro total igual a zero (lembre-se LT = RT – CT, com a RT = CT = R$7.200,00, o nosso Lucro Total nesse ponto é igual a zero). Em outras palavras, para cobrir a totalidade de seus custos e despesas (fixos e variáveis), a empresa terá de produzir e vender minimamente 40 pares de sapatos. Qualquer venda abaixo de 40 pares fará com que a empresa tenha pre- juízo, pois, como podemos observar pelo gráfico, quantidades menores do que 40 pares apresentam custo total superior à receita total (a curva de custo total apresenta-se acima da curva de receita total). A empresa estará operan- do, portanto, na zona de prejuízo. De forma análoga, qualquer produção acima de 40 pares fará com que a empresa comece a obter lucro, pois, como podemos observar pelo gráfico, quantidades maiores do que 40 pares apresentam receita total superior ao custo total (a curva de receita total apresenta-se acima da curva de custo total). A empresa estará operando, portanto, na zona de lucro. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Análise do ponto de equilíbrio 162 Vamos comprovar numericamente essa nossa afirmação. Empresa produzindo 39 pares de sapatos, portanto, uma quantidade inferior à quantidade do ponto de equilíbrio que são 40 pares de sapatos. Teríamos: CT = CF + CV CF = R$4.000,00 CV = CVunitário . q = R$80,00 . 39 CV = R$3.120,00 Logo: CT = R$4.000,00 + R$3.120,00 CT = R$7.120,00 RT = PV . q RT = R$180,00 . 39 RT = R$7.020,00 Portanto: CT (R$7.120,00) > RT (R$7.020,00) Assim, teríamos um prejuízo de R$100,00, entrando a empresa na zona de prejuízo. Empresa p roduzindo 41 pares de sapatos, portanto, uma quantidade superior à quantidade do ponto de equilíbrio que são 40 pares de sapatos. Teríamos: CT = CF + CV CF = R$4.000,00 CV = CVunitário . q = R$80,00 . 41 CV = R$3.280,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Análise do ponto de equilíbrio 163 Logo: CT = R$4.000,00 + R$3.280,00 CT = R$7.280,00 RT = PV . q RT = R$180,00 . 41 RT = R$7.380,00 Portanto: CT (R$7.280,00) < RT (R$7.380,00) Assim teríamos um lucro de R$100,00 (zona de lucro). O ponto de equilíbrio para vários produtos Até o momento nos ocupamos em determinar o ponto de equilíbrio para uma empresa que produza um único produto ou serviço. Mas, e quando a empresa produz mais do que um produto ou serviço que possuam diferentes margens de contribuição? Como procedemos para determinar o ponto de equilíbrio? Nesse caso, torna-se necessário que calculemos o ponto de equilíbrio valendo-nos da participação percentual de cada produto/serviço no total da produção/vendas da empresa e a partir de então calculamos a margem de contribuiçãopela média ponderada para determinarmos o ponto de equilíbrio. Vamos a um exemplo para elucidarmos o que acima afirmamos. Suponha que uma empresa qualquer produza e venda dois produtos, X e Y, e que, devido à sua capacidade instalada, possua um custo fixo mensal de R$9.600,00. Adicionalmente, suponha que a empresa em referência produza 60 uni- dades mensais do bem X que são vendidas a R$200,00 a unidade, e que os custos e despesas variáveis unitários associados ao produto X importam em R$40,00. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Análise do ponto de equilíbrio 164 Ato contínuo, a empresa produz e vende mensalmente 40 unidades do bem Y a R$300,00 a unidade, sendo que os custos e despesas variáveis unitários associados a ele importam em R$60,00. Vamos calcular o ponto de equilíbrio. Primeiramente, vamos estabelecer a participação percentual de cada produto no total de produção/vendas: Produtos Quantidade vendida Participação % X 60 unidades 60 Y 40 unidades 40 Totais 100 unidades 100 Vamos agora calcular a margem de contribuição unitária dos produtos X e Y, e posteriormente aplicar o percentual de participação de cada um deles no total de produção/vendas, para obtermos a margem de contribuição pela média ponderada, e com ela o ponto de equilíbrio. Logo, retirando os dados do exemplo considerado: MCVX = PVX – CVUX Onde: MCVX = margem de contribuição unitária/produto X PVX = preço unitário de venda/produto X CVUX = custo variável unitário/produto X MCVX = R$200,00 – R$40,00 MCVX = R$160,00 MCVY = PVY – CVUY Onde: MCVY = margem de contribuição unitária/ produto Y PVY = preço unitário de venda/ produto Y CVUY = custo variável unitário/ produto Y Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Análise do ponto de equilíbrio 165 MCVY = R$300,00 – R$60,00 MCVY = R$240,00 De posse das margens de contribuição unitária dos produtos X e Y, vamos aplicar os percentuais de participação de cada um deles no total de produção e vendas, e com isso obter a margem de contribuição pela média ponderada, o que nos possibilitará o cálculo do ponto de equilíbrio. Assim: Produtos MCunitária (R$) Participação % MC Ponderada (R$) X 160,00 60 96,00 Y 240,00 40 96,00 Totais 192,00 O valor de R$192,00 representa a margem de contribuição Média Pon- derada e é resultante do somatório da participação do produto X (60% de R$160,00) e da participação do produto Y (40% de R$240,00). Estamos em condições de determinar o ponto de equilíbrio em quantidades. q = Custos fixos MC Média ponderada Onde: q = quantidade no ponto de equilíbrio Custos fixos = R$9.600,00 MC Média Ponderada = R$192,00 Portanto: q = R$9.600,00 R$192,00 = 50 unidades Para a determinação do ponto de equilíbrio em valor, basta calcularmos a participação percentual de cada um dos produtos, X e Y, no total de produção e vendas. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Análise do ponto de equilíbrio 166 Logo: Produto X – Participação de 60% 60% de 50 un. = 30 unidades Produto Y – Participação de 40% 40% de 50 un. = 20 unidades Portanto: Produto X – 30 unidades . R$200,00 = R$6.000,00 Produto Y – 20 unidades . R$300,00 = R$6.000,00 Receita total no ponto de equilíbrio = R$12.000,00 Finalizando: os R$12.000,00 de receita total encontrados representam também o custo total da empresa para um mix da produção/vendas de 30 unidades do produto X e 20 unidades do produto Y, evidenciado o seu ponto de equilíbrio, isto é, uma situação de lucro zero. Se não, vejamos a seguir. Custo total para mix de produção Custo total = custo fixo + custo variável Custo fixo: R$9.600,00 Custo variável para 30 unidades de X = R$40,00 . 30 = R$1.200,00 Custo variável para 20 unidades de Y = R$60,00 . 20 = R$1.200,00 Logo: Custo total/mix de produção=R$9.600,00 + R$1.200,00 + R$1.200,00 = R$12.000,00 Portanto: RT = CT lucro total zero R$12.000,00 R$12.000,00 ponto de equilíbrio Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Análise do ponto de equilíbrio 167 Deve ficar claro, por fim, que alterações nos custos e despesas fixos, custos ou despesas variáveis e/ou no preço de venda dos produtos alterarão o ponto de equilíbrio, haja vista que estaremos alterando/modificando suas principais determinantes. Exemplo: Uma elevação nos custos e depesas fixos elevará o ponto de equilíbrio. Já uma redução nesses custos diminuirá o ponto de equilíbrio. Uma elevação no custo variável unitário acarretará na necessidade de se aumentar a quantidade vendida para se atingir o ponto de equi- líbrio. Já uma redução no custo variável unitário reduz o volume de vendas necessário para se atingir o equilíbrio. Uma redução no preço unitário de venda do produto provocará a necessidade de se vender uma quantidade maior para se alcançar o ponto de equilíbrio. Já uma elevação no preço do produto ou serviço fará com que seja necessário um volume de vendas menor para a em- presa alcançar o ponto de equilíbrio. A Margem de Segurança Operacional (MSO) Trata-se de um conceito extremamente simples, todavia de grande importância para a empresa, já que demonstra o quanto próximo ou longe da zona de prejuízo estará operando a mesma. Para a sua determinação, comparamos o volume de vendas em quanti- dade ou valor que a empresa está obtendo com a quantidade ou valor no ponto de equilíbrio. A diferença entre ambas determina a MSO. Dessa forma, podemos calculá-la da seguinte forma: MSO = quantidade efetivamente vendida – quantidade no ponto de equilíbrio Obviamente, quanto maior for a MSO, melhor posicionada estará a empresa, pois maior estará sendo a sua capacidade de gerar lucro. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Análise do ponto de equilíbrio 168 Um exemplo ilustrará a situação discutida acima. Vamos supor que uma empresa tenha produzido e vendido em um determinado mês 30 unida- des de um dado produto A. Seus custos e despesas fixos importaram em R$8.000,00. Cada unidade do produto foi vendida a R$1.500,00, tendo consumido como custos e despesas variáveis R$500,00 por unidade. Vamos determinar a MSO para essa empresa. Primeiramente, vamos calcular a quantidade no ponto de equilíbrio. q = CF MCU CF = custos e despesas fixos = R$8.000,00 MCUA = PVA – CVUA MCUA = R$1.500,00 – R$500,00 MCUA = R$1.000,00 Logo: q = R$8.000,00 R$1.000,00 = 8 unidades Agora temos condições de calcular a margem de segurança operacional contrapondo quantidade vendida com quantidade no ponto de equilíbrio. Assim: MSO = quantidade efetivamente vendida – quantidade no ponto de equilíbrio MSO = 30 unidades – 8 unidades MSO = 22 unidades Deduzimos tratar-se de uma excelente MSO, uma vez que as 22 unidades encontradas superam 2,75 vezes o número mínimo de unidades que a em- presa teria que produzir para cobrir a totalidade de seus custos e despesas totais. Demonstra estar confortavelmente instalada na zona de lucro e por consequência longe da zona de prejuízo. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Análise do ponto de equilíbrio 169 Ponto de equilíbrio (break-even-point) (PADOVEZE, 2005) Denominamos Ponto de Equilíbrio o volume de atividade operacional onde o Total da Margem de Contribuição da quantidade vendida/produzida se iguala aos Custos e Despesas Fixos. Em outras palavras, o Ponto de Equi- líbrio mostra o nível de atividadeou volume operacional quando a Receita total das Vendas se iguala ao somatório dos Custos Variáveis Totais mais os Custos e Despesas Fixos. Assim o Ponto de Equilíbrio evidencia os parâmetros que mostram a capacidade mínima em que a empresa deve operar para não ter Prejuízo, mesmo que a custa de um Lucro Zero. O Ponto de Equilíbrio é também denominado de Ponto de Ruptura (break-even-point). Ponto de equilíbrio e gestão de curto prazo O conceito de Ponto de Equilíbrio também é um conceito que tende a ser utilizado para Gestão de Curto Prazo da empresa, é importante ressaltar esse enfoque. Isso é claro porque o Ponto de Equilíbrio mostra o ponto mínimo onde a empresa pode operar para que tenha Lucro Zero. Nesse ponto mínimo de capacidade de operação, ela consegue cobrir os Custos Variáveis das uni- dades vendidas ou produzidas e também todos os Custos de Capacidade, os Custos Fixos. Nessa linha de pensamento, fica evidente que é uma técnica para utilização em Gestão de Curto Prazo, porque não se pode pensar em um planejamento de longo prazo para uma empresa em que ela não dê resultado positivo e nem remunere os detentores de suas fontes de recursos. Ampliando seus conhecimentos Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Análise do ponto de equilíbrio 170 Atividades de aplicação 1. No ponto de equilíbrio: a) o lucro da firma é igual a zero. b) é uma situação em que a receita total é maior do que o custo total. c) é uma situação em que a receita total é menor do que o custo total. d) o lucro da firma é máximo. 2. Sob a ótica da margem de contribuição, o ponto de equilíbrio é enten- dido como: a) resultante da multiplicação do preço de venda unitário pela quan- tidade vendida. b) a quantidade de margens de contribuição unitárias necessárias para cobrir a totalidade dos custos e despesas fixos. c) resultante da soma dos custos variáveis unitários. d) resultante da soma dos custos fixos unitários. 3. Caso uma empresa produza um determinado bem X e o venda ao preço de R$6.000,00 a unidade, tendo incorrido em despesas e custos variáveis de R$4.000,00 por unidade, a margem de contribuição unitária desse produto é: a) R$6.000,00. b) R$4.000,00. c) R$2.000,00. d) R$10.000,00. 4. A margem de segurança operacional: a) quanto menor for, mais longe de entrar na zona de prejuízo estará a empresa. b) é obtida por meio da subtração entre a quantidade efetivamente vendida e a quantidade no ponto de equilíbrio. c) representa a margem de contribuição unitária do produto. d) quanto maior for, mais próxima da zona de prejuízo estará a empresa. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Análise do ponto de equilíbrio 171 Gabarito 1. A 2. B 3. C 4. B Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Referências HALL, Robert E.; LIEBERMAN, Marc. Microeconomia: princípios e aplicações. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. LINS, Luiz S.; SILVA, Raimundo Nonato S. Gestão Empresarial com Ênfase em Custos: uma abordagem prática. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. 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