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STF e STJ- Procedimento do Júri

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PROCEDIMENTO DO JÚRI, NO 
ENTENDIMENTO DO STF 
 
Súmula Vinculante nº 45 - A competência 
constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre 
o foro por prerrogativa de função estabelecido 
exclusivamente pela constituição estadual. 
 
 
Súmula 603 
A competência para o processo e julgamento de 
latrocínio é do juiz singular e não do Tribunal do 
Júri. 
 
Súmula 712 É nula a decisão que determina o 
desaforamento de processo da competência do júri 
sem audiência da defesa. 
 
 
Súmula 713 
 O efeito devolutivo da apelação contra decisões do 
Júri é adstrito aos fundamentos da sua 
interposição. 
 
 
Súmula 721 
 A competência constitucional do Tribunal do Júri 
prevalece sobre o foro por prerrogativa de função 
estabelecido exclusivamente pela Constituição 
Estadual. 
 
 
 
Primeira Turma 
Pronúncia e envelopamento por excesso de 
linguagem 
Constatado o excesso de linguagem na pronúncia 
tem-se a sua anulação ou a do acórdão que 
incorreu no mencionado vício; inadmissível o 
simples desentranhamento e envelopamento da 
respectiva peça processual. Com base nessa 
orientação, a Primeira Turma, por maioria, deu 
provimento a recurso ordinário em “habeas corpus” 
para anular o aresto por excesso de linguagem. Na 
espécie, o excesso de linguagem apto a influenciar os 
jurados mostrara-se incontroverso, reconhecido pelo 
STJ à unanimidade. A Turma asseverou que o 
abandono da linguagem comedida conduziria 
principalmente o leigo a entender o ato não como mero 
juízo de admissibilidade da acusação, mas como título 
condenatório. Assentada pelo STJ a insubsistência do 
acórdão confirmatório da pronúncia por excesso de 
linguagem, a única solução contemplada no 
ordenamento jurídico seria proclamar a sua nulidade 
absoluta, determinando-se a prolação de outra. O 
simples envelopamento da denúncia não se mostraria 
suficiente ante o disposto no CPP (“Art. 472 ... 
Parágrafo único. O jurado ... receberá cópias da 
pronúncia ou, se for o caso, das decisões posteriores 
que julgaram admissível a acusação e do relatório do 
processo”). Vencido o Ministro Roberto Barroso, que 
negava provimento ao recurso. Assentava ser 
satisfatória a solução do envelopamento porque os 
jurados não teriam acesso ao que nele contido, além 
de ser compatível com a razoável duração do 
processo. Precedentes citados: HC 123.311/PR (DJe 
de 14.4.2015); RHC 122.909/SE (DJe de 12.12.2014) 
e HC 103.037/PR (DJe de 31.5.2011). 
RHC 127522/BA, rel. Min. Marco Aurélio, 18.8.2015. 
 
 
Primeira Turma 
HC N.126.516-RJ 
RELATOR: MIN. LUIZ FUX 
EMENTA: CONSTITUCIONAL, PENAL E PROCESSO 
PENAL. HABEAS CORPUS. TRIBUNAL DO JÚRI. 
HOMICÍDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO, LESÃO 
CORPORAL AGRAVADA PELA VIOLÊNCIA 
DOMÉSTICA E POSSE ILEGAL DE ARMA DE FOGO 
– ARTIGOS 121, § 2º, INCISOS I E IV, 129, § 9º, 
AMBOS DO CÓDIGO PENAL, E 12 DA LEI 10.826/03. 
ABSOLVIÇÃO. APELAÇÃO DA ACUSAÇÃO 
PROVIDA SOB O FUNDAMENTO DE 
CONTRARIEDADE À PROVA DOS AUTOS. 
EXISTÊNCIA DE DUAS VERSÕES PLAUSÍVEIS. 
AFRONTA À SOBERANIA DOS VEREDICTOS DO 
TRIBUNAL DO JÚRI (ART. 5º, INC. XXXVIII, ALÍNEA 
C, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL). APELAÇÃO 
FUNDADA NO ART. 593, III, D, DO CPP. 
PRECEDENTES. 
1. A soberania dos veredictos do tribunal do júri, 
prevista no art. 5º, inc. XXXVIII, alínea c, da 
Constituição Federal resta afrontada quando o 
acórdão da apelação interposta com fundamento 
no art. 593, inc. III, alínea d, do CPP acolhe a tese de 
contrariedade à prova dos autos, prestigiando uma 
das vertentes verossímeis, in casu a da acusação 
em detrimento da defensiva sufragada pelo 
conselho de sentença (HC 75.072, Segunda Turma, 
Rel. Min. Marco Aurélio, DJ de 27/06/1997; HC 
83.691, Primeira Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, 
DJ de 23/04/2004; HC 83.302, Primeira Turma, Rel. 
 
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Min. Sepúlveda Pertence, DJ de 28/05/2004; HC 
82.447, Segunda Turma, Rel. Min. Maurício Corrêa, 
DJ de 27/06/2003; HC 80.115, Segunda Turma, Rel. 
Min. Néri da Silveira, DJ de 23/05/2000). 
2. Premissas fáticas: 
(i) o paciente foi denunciado pela prática dos 
crimes tipificados nos artigos 121, § 2º, incisos I e 
IV, 129, § 9º, ambos do Código Penal, e 12 da Lei 
10.826/03, porquanto, no dia 18/10/2007, teria 
efetuado disparos de arma de fogo contra 
determinada pessoa e provocado lesões corporais 
em sua companheira, motivado por suposto 
relacionamento amoroso das vítimas; e 
(ii) o Conselho de Sentença do Tribunal do Júri da 
Comarca de Teresópolis/RJ acolheu a tese de 
negativa autoria, advindo apelo da acusação, 
fundado em contrariedade à prova dos autos (CPP, 
art. 593, III, d), que restou provido para submetê-lo 
a novo júri. 
3. In casu, diversamente do que afirmado no voto 
condutor do acórdão da apelação, há, sim, duas 
vertentes probatórias sustentáveis, a da defesa, 
consistente em inquirições de duas testemunhas 
no sentido da ausência de autoria, e a da acusação, 
de igual modo sustentada por testemunhas cujas 
versões o Tribunal afirmou mais consistentes, em 
detrimento da negativa de autoria sufragada pelo 
Conselho de Sentença e respaldada, 
reiteradamente, pelo Ministério Público estadual, ao 
opinar no recurso da apelação e nos embargos de 
declaração decorrentes do acórdão nele proferido, 
e também pela manifestação do Ministério Público 
Federal nestes autos, in verbis: ”Há, portanto, além 
do depoimento do réu, outros elementos capazes 
de embasar o juízo absolutório firmado pelos 
jurados. De fato, não poderia o tribunal de origem 
deliberar sobre quais depoimentos seriam idôneos 
para formação do convencimento dos jurados. Isso 
porque cabe ao Conselho de Sentença, e apenas a 
ele, avaliar a consistência de cada elemento de 
convicção, examinar eventuais contradições, e, ao 
final, decidir. Se há lastro probatório, mínimo que 
seja, a sustentar a versão acolhida pelo júri, esta 
não pode ser afastada pela instância revisora, ao 
reavaliar a prova sob sua perspectiva”. 
4. Destarte, ressaindo nítida a existência de duas 
versões plausíveis do fato, não é dado ao Tribunal 
de Justiça proceder a exame técnico e exauriente 
das provas para, alfim, escolher a vertente 
probatória que melhor se ajusta a sua convicção, 
afastando a versão escolhida pelo conselho de 
sentença, que, como é cediço, julga ex conscientia. 
5. A ausência de agravo regimental da decisão que 
negou seguimento ao recurso especial implica o 
não conhecimento do presente writ, uma vez não 
esgotada a jurisdição no Tribunal a quo, sendo 
certo ainda que se o referido regimental tivesse 
sido interposto, o acórdão dele decorrente seria 
impugnável, em tese, pela via do recurso 
extraordinário, a evidenciar, igualmente, o 
descabimento do writ substitutivo desse recurso, o 
que não impede a análise das razões da impetração 
na perspectiva da concessão de habeas corpus de 
ofício. 
6. Habeas corpus não conhecido; ordem concedida, 
de ofício, em consonância com o parecer 
ministerial, para anular o acórdão proferido no 
recurso de apelação e, via de consequência, 
restabelecer a sentença absolutória. Julgado em 
15.06.2015. 
 
 
Segunda Turma 
Tribunal do júri: leitura de peça em plenário e 
nulidade 
A 2ª Turma negou provimento a recurso ordinário em 
“habeas corpus” no qual se pleiteava a anulação de 
julgamento realizado por tribunal do júri, em razão da 
leitura em plenário, pelo membro do Ministério Público, 
de trecho da decisão proferida em recurso em sentido 
estrito interposto pelo réu contra a decisão de 
pronúncia, o que, segundo alegado, ofenderia o art. 
478, I, do CPP, na redação dada pela Lei 11.689/2008 
(“Art. 478. Durante os debates as partes não poderão, 
sob pena de nulidade, fazer referências: I – à decisão 
de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram 
admissível a acusação ou à determinaçãodo uso de 
algemas como argumento de autoridade que 
beneficiem ou prejudiquem o acusado”). O Colegiado 
asseverou, inicialmente, que a norma em comento 
vedaria a referência à decisão de pronúncia “como 
argumento de autoridade”, em benefício ou em 
desfavor do acusado. Por outro lado, a mesma lei que 
modificara a redação do referido dispositivo — Lei 
11.689/2008 — estabelecera, no parágrafo único do 
art. 472, que cada jurado recebesse, imediatamente 
após prestar compromisso, cópia da pronúncia ou, se 
fosse o caso, das decisões posteriores que julgassem 
admissível a acusação. A distribuição de cópia da 
pronúncia seria explicável pelo fato de ser essa a peça 
que resumiria a causa a ser julgada pelos jurados. A 
redação original do CPP previa o oferecimento, pela 
acusação, do libelo acusatório, com a descrição do fato 
criminoso, como admitido na decisão de pronúncia 
(artigos 416 e 417). Assim, se a denúncia contivesse 
circunstância em relação à qual não fora admitida — 
uma qualificadora, por exemplo — o libelo narraria a 
acusação a ser submetida ao plenário já livre dessa 
circunstância. Na sistemática atual, no entanto, abolida 
essa peça intermediária, seria a própria decisão de 
pronúncia que resumiria a causa em julgamento. Isso 
explicaria porque a peça seria considerada de 
particular importância pela lei, a ponto de ser a única 
com previsão de entrega aos jurados. Além disso, 
 
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muito embora recebessem apenas a cópia da decisão 
de pronúncia, os jurados teriam a prerrogativa de 
acessar a integralidade dos autos, mediante solicitação 
ao juiz presidente (CPP, art. 480, § 3º). Assim, ao 
menos em tese, poderiam tomar conhecimento de 
qualquer peça neles entranhada. Dada a incoerência 
entre as normas que vedam a leitura da pronúncia e 
outras peças e, ao mesmo tempo, determinam o 
fornecimento de cópia da pronúncia e autorizam os 
jurados a consultar qualquer peça dos autos — 
incoerência essa apontada pela doutrina — seria 
cabível a redução teleológica. Em suma, a lei não 
vedaria toda e qualquer referência à pronúncia, mas 
apenas a sua utilização como forma de persuadir o 
júri a concluir que, se o juiz pronunciara o réu, logo 
este seria culpado. No caso sob análise, porém, 
nada indicaria que a peça lida fora usada como 
argumento de autoridade. Aparentemente, estar-se-
ia diante de pura e simples leitura da peça, e, 
portanto, não haveria nulidade a ser declarada. O 
Ministro Celso de Mello acrescentou que o art. 478 do 
CPP, na redação conferida pela Lei 11.689/2008, 
ensejaria grave restrição à liberdade de palavra do 
representante do Ministério Público, o que ocasionaria 
um desequilíbrio naquela relação paritária de armas 
que deveria haver entre as partes, notadamente no 
plenário do júri. 
RHC 120598/MT, rel. Min. Gilmar Mendes, 24.3.2015. 
 
 
Primeira Turma 
Art. 478, I, do CPP e leitura de sentença prolatada 
em desfavor de corréu 
A leitura, pelo Ministério Público, da sentença 
condenatória de corréu proferida em julgamento 
anterior não gera nulidade de sessão de julgamento 
pelo conselho de sentença. Com base nesse 
entendimento, a 1ª Turma negou provimento a 
recurso ordinário em “habeas corpus” em que 
discutida a nulidade da sentença condenatória 
proferida pelo tribunal do júri. Apontava o recorrente 
que o Ministério Público teria impingido aos jurados o 
argumento de autoridade, em afronta ao CPP (“Art. 
478. Durante os debates as partes não poderão, sob 
pena de nulidade, fazer referências: I - à decisão de 
pronúncia, às decisões posteriores que julgaram 
admissível a acusação ou à determinação do uso de 
algemas como argumento de autoridade que 
beneficiem ou prejudiquem o acusado;”). A Turma 
observou que, embora o STJ não tivesse conhecido do 
“habeas corpus”, analisara a questão de fundo e, por 
isso, não estaria caracterizada a supressão de 
instância. No mérito, asseverou que o art. 478, I, do 
CPP vedaria que, nos debates, as partes fizessem 
referência a decisões de pronúncia e às decisões 
posteriores que julgassem admissível a acusação como 
argumento de autoridade para prejudicar ou beneficiar 
o acusado. Apontou que a proibição legal não se 
estenderia a eventual sentença condenatória de corréu 
no mesmo processo. Destacou, ainda, a ausência de 
comprovação de que o documento, de fato, teria sido 
empregado como argumento de autoridade e do 
prejuízo insanável à defesa. 
RHC 118006/SP, rel. Min. Dias Toffoli, 10.2.2015. 
 
 
Segunda Turma 
Tribunal do júri e anulação de quesito 
A 2ª Turma denegou “habeas corpus” em que se 
postulava a anulação de julgamento de tribunal do 
júri em razão de suposto vício quanto à formulação 
de quesito apresentado ao conselho de sentença. 
No caso, questionava-se a validade do acréscimo 
da expressão “pelo que ouviu em Plenário” ao 
quesito geral de absolvição — “O jurado absolve o 
acusado?” —, previsto no art. 483, § 2º, do CPP. A 
Turma, de início, consignou que qualquer oposição 
aos quesitos formulados deveria ser arguida 
imediatamente, na própria sessão de julgamento, 
sob pena de preclusão, nos termos do CPP (“Art. 
571. As nulidades deverão ser argüidas: ... VIII - as 
do julgamento em plenário, em audiência ou em 
sessão do tribunal, logo depois de ocorrerem”), o 
que não teria ocorrido na espécie. Asseverou, 
ademais, que, embora não tivesse sido empregada 
a redação prevista no referido dispositivo, não se 
detectaria a apontada nulidade, pois a redação do 
quesito em comento teria sido formulada com 
conteúdo similar ao mencionado no texto legal. 
HC 123307/AL, rel. Min. Gilmar Mendes, 9.9.2014. 
 
 
Segunda Turma 
Crime doloso contra a vida e vara especializada 
A 2ª Turma conheceu, em parte, de “habeas corpus” e, 
na parte conhecida, denegou a ordem para assentar a 
legalidade de distribuição, e posterior redistribuição, de 
processo alusivo a crime doloso contra a vida. Na 
espécie, o paciente fora denunciado pela suposta 
prática de homicídio, perante vara especializada de 
violência doméstica e familiar contra a mulher. Após a 
pronúncia, os autos foram redistribuídos para vara 
do tribunal do júri. De início, a Turma anotou que, 
com o advento da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da 
Penha), o tribunal local criara os juizados de 
violência doméstica e familiar contra a mulher, 
inclusive na comarca em que processado o 
paciente. Destacou resolução do mesmo tribunal, 
segundo a qual, na hipótese de crimes dolosos 
contra a vida, a competência dos aludidos juizados 
estender-se-ia até a fase do art. 421 do CPP, ou 
seja, até a conclusão da instrução preliminar e a 
pronúncia. Frisou que, nos casos de crimes 
dolosos contra a vida, a instrução e a pronúncia 
 
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não seriam privativas do presidente do tribunal do 
júri, e a lei poderia atribuir a prática desses atos a 
outros juízes. Sublinhou que somente após a 
pronúncia a competência seria deslocada para a 
vara do júri, onde ocorreria o julgamento. Reputou 
que a distribuição da ação penal em análise 
ocorrera nos termos da legislação vigente à época 
da prática do ato. Não haveria razão, portanto, para 
que o feito fosse inicialmente distribuído à vara do 
júri. Enfatizou que tanto a criação das varas 
especializadas de violência doméstica e familiar 
contra a mulher, quanto a instalação da vara do 
tribunal do júri, teriam sido realizadas dentro dos 
limites constitucionais (CF, art. 96, I, a). A Turma 
rememorou, ainda, jurisprudência da Corte no sentido 
de que a alteração da competência dos órgãos do 
Poder Judiciário, por deliberação dos tribunais, não 
feriria os princípios constitucionais do devido processo 
legal, do juiz natural e da “perpetuatio jurisdictionis”. 
Por fim, no que concerne a alegações referentes à 
atuaçãoda promotoria no processo em que 
pronunciado o paciente, a Turma não conheceu do 
pedido, sob pena de supressão de instância. 
HC 102150/SC, rel. Min. Teori Zavascki, 27.5.2014. 
 
 
Segunda Turma 
Tribunal do júri e recursos pendentes 
A 2ª Turma afetou ao Plenário julgamento de “habeas 
corpus” no qual se sustenta a ocorrência de 
constrangimento ilegal pelo excesso de prazo de prisão 
processual. Discute-se, ainda, o alcance do art. 421 do 
CPP (“Preclusa a decisão de pronúncia, os autos serão 
encaminhados ao juiz presidente do Tribunal do Júri”), 
de modo a permitir que eventuais recursos no STJ e no 
STF não fossem obstáculo a que se prosseguisse com 
o julgamento do tribunal do júri. Na espécie, quando 
do oferecimento da denúncia, em 4.1.2008, por 
homicídio qualificado, em concurso de pessoas, e 
por corrupção de menores, fora decretada a prisão 
preventiva do paciente, cumprida na mesma data. A 
sentença de pronúncia fora proferida em 27.4.2010 
e houvera recurso em sentido estrito. Tendo em 
vista seu improvimento, a defesa interpusera 
recurso especial no STJ. Na presente sessão, após 
o voto do Ministro Ricardo Lewandowski (relator), 
que denegou a ordem com a recomendação ao STJ 
para que providenciasse o célere exame do agravo 
em recurso especial, sem prejuízo do julgamento 
do paciente pelo tribunal do júri — no que foi 
acompanhado pelo Ministro Teori Zavascki —, a 
Turma acolheu proposta formulada pelo Ministro 
Gilmar Mendes de remeter o feito ao exame do 
Plenário. O relator observou que, em consulta ao 
sítio do STJ, teria verificado que o agravo em 
recurso especial fora distribuído naquela Corte em 
27.12.2013. Destacou o número de réus e o fato de 
o paciente, apontado como chefe de grupo de 
extermínio na localidade em que vivia, ter 
permanecido preso durante toda a instrução 
criminal. O Ministro Gilmar Mendes sinalizou que o 
Pleno do STF poderia se pronunciar acerca da 
viabilidade de imediato julgamento pelo tribunal do 
júri, não obstante a pendência de recursos de 
natureza extraordinária. Os Ministros Cármen Lúcia 
e Teori Zavascki frisaram que o sistema processual 
vigente garantiria o direito de recorrer e, ao mesmo 
tempo, asseguraria que o processo de origem fosse 
a julgamento, para que não houvesse excesso de 
prazo na prestação jurisdicional, o que geraria 
interpretações distorcidas do art. 421 do CPP. 
HC 119314/PE, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 
1º.4.2014. 
 
 
Segunda Turma 
AG. REG. NO RE N. 752.988-SP 
RELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKI 
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO 
EXTRAORDINÁRIO. PENAL. PROCESSUAL PENAL. 
SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA PROFERIDA 
APÓS A VIGÊNCIA DA LEI QUE ABOLIU DO 
SISTEMA PROCESSUAL O RECURSO “PROTESTO 
POR NOVO JÚRI”. APLICAÇÃO DO PRECEITO 
PROCESSUAL PENAL REVOGADO TENDO EM 
CONTA O ELEMENTO OBJETIVO ANTERIORMENTE 
PREVISTO NA LEI: A CONDENAÇÃO À PENA 
SUPERIOR A VINTE ANOS. IMPOSSIBILIDADE. 
AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA 
PROVIMENTO. 
I - O protesto por novo júri, que constituía prerrogativa 
de índole processual e exclusiva do réu, cumpria 
função específica em nosso sistema jurídico: a 
invalidação do primeiro julgamento, que se 
desconstituía para todos os efeitos jurídico-
processuais, a fim de que novo julgamento fosse 
realizado, sem, contudo, afetar ou desconstituir a 
sentença de pronúncia e o libelo-crime acusatório (HC 
67.737/RJ e HC 70.953/SP, Rel. Min. Celso de Mello). 
II – Esse recurso sui generis era cabível nas 
condenações gravíssimas (vinte anos ou mais), com o 
escopo de realizar-se novo julgamento, sem invalidar 
totalmente a sentença condenatória, que, em face do 
princípio da soberania dos veredictos dos jurados, 
somente poderia ser alterada ou cassada pelo próprio 
Tribunal do Júri. 
III - Cuida-se, portanto, de recurso da decisão do júri 
para outro júri, provocando-se novo pronunciamento 
(NORONHA, Magalhães. Curso de Direito Processual 
Penal, Saraiva. 10 edição, São Paulo: Saraiva, 1978, p. 
364), sendo certo de que a presunção que informa o 
protesto por novo júri é a possibilidade de redução da 
reprimenda estabelecida, sem se perquirir acerca da 
ocorrência de eventual nulidade ou injustiça da 
 
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sentença condenatória (RHC 58.392/SP, Rel. Min. 
Soares Muñoz; HC 75.479/DF, Rel. Min. Néri da 
Silveira). 
IV - Nos termos do art. 2º do CPP, “a lei processual 
aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos 
atos realizados sob a vigência da lei anterior”. Desse 
modo, se lei nova vier a prever recurso antes 
inexistente, após o julgamento realizado, a decisão 
permanece irrecorrível, mesmo que ainda não tenha 
decorrido o prazo para a interposição do novo recurso; 
se lei nova vier a suprimir ou abolir recurso existente 
antes da prolação da sentença, não há falar em direito 
ao exercício do recurso revogado. Se a modificação ou 
alteração legislativa vier a ocorrer na data da decisão, a 
recorribilidade subsiste pela lei anterior. 
V - Há de se ter em conta que a matéria é regida pelo 
princípio fundamental de que a recorribilidade se rege 
pela lei em vigor na data em que a decisão for 
publicada (GRINOVER. Ada Pellegrini; GOMES FILHO. 
Antonio Magalhães; FERNANDES, Antonio Scarence. 
Recursos no processo penal: teoria geral dos recursos 
em espécie, ações de impugnação, reclamação aos 
tribunais, 5ª ed. São Paulo: RT, 2008, p. 63). 
VI - No caso em exame, os recorrentes foram 
condenados pelo Tribunal do Júri de São Paulo em 
26 de março de 2010. No ato de interposição do 
recurso de apelação, formalizaram o pedido 
alternativo de recebimento da impugnação recursal 
como “protesto por novo júri”, pleito que não foi 
acolhido porque esse recurso sui generis fora 
extinto pela Lei 11.689, que entrou em vigor em 8 de 
agosto de 2008, antes, portanto, da prolação da 
sentença penal condenatória. 
VII – Acolhimento do pedido alternativo de recebimento 
da apelação como recurso de “protesto por novo júri”, 
mesmo após o julgamento do recurso de apelação, 
contra o qual também houve a formalização de 
recursos de natureza extraordinária. Pretensão 
insubsistente e intenção de, por via oblíqua, desde logo 
cassar o acórdão da apelação, cujos fundamentos 
ainda não estão sob o crivo desta Corte. 
VIII – Agravo regimental ao qual se nega provimento. 
Julgado em 07.02.2014. 
 
 
Segunda Turma 
Protesto por novo júri e “tempus regit actum” 
A 2ª Turma negou provimento a agravo regimental em 
que pretendido o cabimento de protesto por novo júri. 
Na espécie, a prolação da sentença penal condenatória 
ocorrera em data posterior à entrada em vigor da Lei 
11.689/2008, a qual revogara o dispositivo do CPP que 
previa a possibilidade de interposição do aludido 
recurso. Reputou-se que o art. 2º do CPP (“Art. 2º. A lei 
processual aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da 
validade dos atos realizados sob a vigência da lei 
anterior”) disciplinaria a incidência imediata da lei 
processual aos feitos em curso, de modo que, se nova 
lei viesse a suprimir ou abolir recurso existente antes 
da sentença, não haveria direito ao exercício daquele. 
Ressaltou-se inexistir óbice à supressão de recursos na 
ordem jurídica processual ou à previsão de outras 
modalidades recursais serem instituídas por lei 
superveniente, considerado o disposto no artigo em 
comento e o princípio fundamental de que a 
recorribilidade reger-se-á pela lei em vigor na data em 
que a decisão for publicada. Por fim, salientou-se a 
ausência de amparo legal do pleito, ante a observância 
do princípio da taxatividade dos recursos. 
RE 752988 AgR/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 
10.12.2013. 
 
 
Primeira Turma 
Sentença de pronúncia: contradição e qualificadora 
A 1ª Turma, em face da inadequação da via eleita, 
por ser o habeas corpus substitutivo de recurso 
constitucional,declarou o writ extinto, sem 
resolução de mérito. Porém, por maioria, concedeu 
a ordem de ofício para afastar a qualificadora 
relativa ao motivo fútil e determinar a submissão do 
paciente ao tribunal do júri por homicídio na forma 
simples. No caso, a sentença de pronúncia afastara a 
qualificadora concernente ao emprego de recurso que 
teria dificultado a defesa do ofendido pela surpresa da 
agressão. Constaria dos autos que a vítima, no início 
do desentendimento com o paciente, poderia ter 
deixado o local, mas preferira enfrentar os oponentes, 
além de ameaçá-los. Por isso, não fora apanhado de 
surpresa. Contudo, a decisão de pronúncia teria 
reconhecido a qualificadora do motivo fútil, em 
decorrência de a discussão ser de somenos 
importância, tendo como pano de fundo a ocupação de 
uma mesa de bilhar. Afirmou-se que não seria o caso 
de revolvimento de prova, porquanto haveria 
contradição entre os termos da sentença e a conclusão 
para considerar o motivo fútil como qualificadora. 
Consignou-se que o evento “morte” haveria decorrido 
de postura assumida pela vítima, de ameaça e de 
enfrentamento. Acrescentou-se que descaberia 
assentar a provocação da vítima e o motivo fútil. 
Vencidos os Ministros Roberto Barroso e Luiz Fux, que 
não concediam a ordem de ofício, por reputar que seria 
competência do tribunal do júri analisar as referidas 
qualificadoras. HC 107199/SP, rel. Min. Marco 
Aurélio, 20.8.2013. 
 
 
Tribunal do júri e motivo fútil 
Em conclusão, a 1ª Turma, por maioria, denegou 
habeas corpus, ao reconhecer, na espécie, a 
competência do tribunal do júri para analisar se o ciúme 
seria, ou não, motivo fútil. Na presente situação, o 
paciente fora pronunciado pela suposta prática de 
 
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homicídio triplamente qualificado por impossibilidade de 
defesa da vítima, meio cruel e motivo fútil, este último 
em razão de ciúme por parte do autor (CP, art. 121, § 
2º, II, III e IV) — v. informativo 623. Reputou-se que 
caberia ao conselho de sentença decidir se o paciente 
praticara o ilícito motivado por ciúme, bem como 
analisar se esse sentimento, no caso concreto, 
constituiria motivo fútil apto a qualificar o crime em 
comento. Asseverou- se que apenas a qualificadora 
que se revelasse improcedente poderia ser excluída da 
pronúncia, o que não se verificara. Enfatizou-se que 
esse entendimento não assentaria que o ciúme fosse 
instrumento autorizador ou imune a justificar o crime. 
Vencidos os Ministros Luiz Fux e Marco Aurélio, que 
concediam a ordem para afastar a incidência da 
qualificadora. HC 107090/RJ, rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, 18.6.2013. 
 
 
Segunda Turma 
Tribunal do júri e cerceamento de defesa Em 
conclusão, a 2ª Turma, por maioria, concedeu, em 
parte, habeas corpus para declarar nulo o julgamento 
condenatório de tribunal do júri, mantida a custódia do 
paciente. Na espécie, designada a sessão de 
julgamento, esta não ocorrera em razão da ausência 
dos defensores constituídos, sem escusa legítima, 
motivo pelo qual o juiz-presidente determinara o 
adiamento para doze dias subsequentes, bem como a 
intimação da Defensoria Pública, nos termos do art. 
456 do CPP [“Se a falta, sem escusa legítima, for do 
advogado do acusado, e se outro não for por este 
constituído, o fato será imediatamente comunicado ao 
presidente da seccional da Ordem dos Advogados do 
Brasil, com a data designada para a nova sessão. § 1º 
Não havendo escusa legítima, o julgamento será 
adiado somente uma vez, devendo o acusado ser 
julgado quando chamado novamente. § 2º Na 
hipótese do § 1º deste artigo, o juiz intimará a 
Defensoria Pública para o novo julgamento, que 
será adiado para o primeiro dia desimpedido, 
observado o prazo mínimo de 10 (dez) dias”] — v. 
Informativo 692. Asseverou-se caracterizado o 
cerceamento de defesa. Destacou-se que, não 
obstante o Presidente do tribunal do júri tivesse 
cumprido estritamente o disposto na mencionada 
regra processual, ao determinar o adiamento da 
sessão de julgamento por doze dias, quando a lei 
estabeleceria um mínimo, para qualquer caso, de 
dez dias, o prazo fixado não teria se mostrado 
razoável. Pontuou-se que o magistrado dera ao 
caso em apreço tratamento similar aos feitos com 
os quais o Poder Judiciário se depararia no seu 
cotidiano. Frisou-se que a complexidade da causa, 
somada aos 26 volumes da ação penal 
demandariam fixação de maior prazo de adiamento. 
Aduziu-se que esse período de tempo mais 
elastecido estaria em conformidade com os 
princípios da razoabilidade, da proporcionalidade e, 
ainda, do devido processo legal substantivo, não o 
meramente formal. Concluiu-se que não estaria 
afrontado o princípio constitucional da razoável duração 
do processo (CF, art. 5º, LXXVIII), tampouco 
caracterizado constrangimento ilegal a justificar a 
concessão da liberdade provisória, consideradas as 
vicissitudes do feito em comento. Vencidos os Ministros 
Cármen Lúcia e Celso de Mello, que denegavam a 
ordem. Assentavam que a circunstância questionada 
teria sido provocada pela própria defesa do réu, a criar 
artimanhas para protelar indefinidamente o desfecho do 
processo. Destacavam que não se poderia presumir 
que a condenação, por si, caracterizasse prova de 
ineficiência da defesa técnica. HC 108527/PA, rel. 
Min. Gilmar Mendes, 14.5.2013. 
 
 
Segunda Turma 
HC N. 107.457-MT 
RELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIA 
EMENTA: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL E 
PROCESSUAL PENAL. PRONÚNCIA. ANULAÇÃO. 
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO INTERPOSTO 
PELO CORRÉU. COMUNICABILIDADE DOS 
EFEITOS. ABSOLVIÇÃO NO JULGAMENTO 
POPULAR. APELAÇÃO INTERPOSTA PELO 
MINISTÉRIO PÚBLICO E PELA DEFESA. 
REFORMATIO IN PEJUS. INOCORRÊNCIA. 
COMPETÊNCIA RATIONE MATERIAE. QUESTÃO 
DE ORDEM PÚBLICA. POSSIBILIDADE DE 
RECONHECIMENTO A QUALQUER MOMENTO. 
PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI. 
ESPECIFICIDADE. 
1. A anulação da decisão de pronúncia impede a 
validação dos atos subsequentes, inclusive aqueles 
desenvolvidos no Tribunal do Júri. 2. A decisão 
proferida por juiz absolutamente incompetente não 
produz efeitos e, por conseguinte, não demarca nem 
vincula a atuação daquele indicado para fazê-lo. 3. A 
competência penal em razão da matéria insere-se no 
rol de questões de ordem pública, podendo ser alegada 
ou reconhecida a qualquer momento. 4. O 
procedimento do tribunal do júri possui regras próprias, 
de modo que a aplicação das normas gerais sujeita-se 
à constatação de inexistirem dispositivos específicos 
regulando o assunto. 5. A conexão e a continência 
importam unidade de processo e de julgamento, pelo 
que, não havendo conexão ou continência entre os 
crimes dolosos contra a vida e os outros ilícitos de 
jurisdição federal, o júri organizado na instância federal 
comum não tem competência para apreciar os 
primeiros, que são conduzidos na esfera estadual, nem 
tampouco os demais ilícitos (descaminho e formação 
de quadrilha armada), porque são afetos ao juiz 
singular federal. 6. O Tribunal do Júri é um órgão 
 
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complexo, notabilizado pela sua heterogeneidade (Juiz 
Togado e leigos), sendo que a realização de suas 
atividades não se resume à atuação dos jurados, pelo 
que, não tendo competência o juiz federal para 
organizar e conduzir o tribunal do júri, não pode ser 
validada a decisão do colegiado popular. 7. Ordem 
denegada. Julgado em 02.10.2012. 
 
 
Primeira Turma 
RHC N. 108.070-DF 
RELATORA: MIN. ROSA WEBER 
EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS 
CORPUS. PROCESSUAL PENAL. INTIMAÇÃO DO 
ACUSADO DA DECISÃO DE PRONÚNCIA. ART. 420 
DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL COM AS 
ALTERAÇÕES DA LEI 11.689/2008. APLICAÇÃO 
IMEDIATA. COMPATIBILIDADE COM A AMPLA 
DEFESA. 
1. A essência do processo penal consiste em permitir 
ao acusado o direito de defesa.O julgamento in 
absentia fere esse direito básico e constitui uma fonte 
potencial de erros judiciários, uma vez que o acusado é 
julgado sem que se conheça a sua versão. 
2. Julgamento in absentia propriamente dito ocorre 
somente quando o acusado não é, em nenhum 
momento processual, encontrado para citação, sendo 
esta então realizada por edital, fictamente, e não 
quando o acusado, citado pessoalmente, escolhe 
tornar-se revel. 
3. O artigo 420 do Código de Processo Penal, com a 
redação determinada pela Lei n.º 11.689/2008, não 
viola a ampla defesa, pois, ainda que procedida a 
intimação ficta por não ser o acusado encontrado 
para ciência pessoal da pronúncia, o ato foi 
precedido por anterior citação pessoal após o 
recebimento da denúncia, ainda na fase inicial do 
processo. 
4. A norma processual penal aplica-se de imediato, 
incidindo sobre os processos futuros e em curso, 
mesmo que tenham por objeto crimes pretéritos. 
5. O art. 420 do Código de Processo Penal, com a 
redação determinada pela Lei n.º 11.689/2008, como 
norma processual, aplica-se de imediato, inclusive 
aos processos em curso, e não viola a ampla 
defesa. 
6. Recurso ordinário em habeas corpus a que se nega 
provimento. Julgado em 04.09.2012. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PROCEDIMENTO 
DO JÚRI, NO 
ENTENDIMENTO 
DO STJ 
 
 
Súmula 191 
 A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, 
ainda que o Tribunal do Júri venha a desclassificar 
o crime. 
 
 
Quinta Turma 
PENAL E PROCESSUAL. OFENSA AO PRINCÍPIO 
DA COLEGIALIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. 
VIOLAÇÃO DO ART. 478, I, DO CPP. INEXISTÊNCIA. 
INOVAÇÃO DE TESE DEFENSIVA NA TRÉPLICA. 
IMPOSSIBILIDADE. OFENSA AO PRINCÍPIO DO 
CONTRADITÓRIO. 
Não viola o princípio da colegialidade a apreciação 
pelo relator de recurso a que se nega seguimento ou 
a pedido manifestamente inadmissível, 
improcedente, prejudicado ou em confronto com 
súmula ou jurisprudência dominante, nos termos do 
art. 557, caput, do Código de Processo Civil. 
Esta Corte possui entendimento de que a inovação 
de tese defensiva na fase de tréplica, no Tribunal do 
Júri, viola o princípio do contraditório, porquanto 
impossibilita a manifestação da parte contrária 
acerca da quaestio. 
É inviável, em sede de recurso especial, a análise de 
questão que demanda o revolvimento de matéria 
fática. Incidência da Súmula 7 do STJ. 
Agravo regimental desprovido. 
(AgRg no AREsp 538.496/PA, Rel. Ministro GURGEL 
DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 18/08/2015, 
DJe 01/09/2015) 
 
 
Quinta Turma 
PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. 
HOMICÍDIO QUALIFICADO E ABORTO PROVOCADO 
POR TERCEIRO. TRIBUNAL DO JÚRI. ART. 482 DO 
CPP. VÍCIO NA FORMULAÇÃO DE QUESITO. 
INOCORRÊNCIA. NULIDADE RELATIVA. AUSÊNCIA 
DE PREJUÍZO. ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO. 
LEGITIMIDADE PARA ARROLAR TESTEMUNHA. 
INVERSÃO NA ORDEM DE INTIMAÇÃO PREVISTA 
NO ART. 422 DO CPP. MERA IRREGULARIDADE. 
ART. 479 DO CPP. LEITURA E EXIBIÇÃO DE 
DOCUMENTOS JORNALÍSTICOS EM PLENÁRIO. 
PEDIDO INDEFERIDO. RESPEITO AO PRINCÍPIO DO 
CONTRADITÓRIO. 
1. O quesito elaborado com a seguinte redação: "O 
aborto foi realizado sem o consentimento da 
gestante?", relativo ao art. 125, CP, não viola o art. 
482, CPP, sendo certo, ademais, que a defesa não 
arguiu a suposta nulidade no momento oportuno, 
nem demonstrou, objetivamente, qual o prejuízo 
sofrido com tal formulação. 
2. É possível o arrolamento de testemunhas pelo 
assistente de acusação, respeitando-se o limite de 5 
(cinco) previsto no art. 422 do CPP, visto que a 
legislação de regência lhe faculta propor meios de 
prova (art. 271 do CPP), notadamente quando já 
inseridos os nomes daquelas no rol da denúncia. 
3. A inversão da ordem de intimação prevista no art. 
422 do CPP não tem o condão de anular o 
julgamento pelo Tribunal do Júri, uma vez não ter 
sido comprovado nenhum prejuízo, além de ter 
ocorrido a preclusão consumativa. 
4. O art. 479 do Código de Processo Penal não 
permite, durante o julgamento em Plenário do Júri, a 
leitura de documento ou a exibição de objeto que 
não tiver sido juntado aos autos com antecedência 
mínima de três dias, quando o seu conteúdo versar 
sobre matéria de fato constante do processo. 
5. No caso, em respeito aos princípios do 
contraditório e da ampla defesa, o Juiz singular 
indeferiu a exibição e leitura de material jornalístico 
acerca de homicídios ocorridos na região em 
circunstâncias semelhantes à dos autos, a fim de 
evitar qualquer surpresa à acusação, sendo 
autorizada a referência aos documentos na sessão 
plenária, a fim de amparar a tese de negativa de 
autoria sustentada pela defesa. 
6. Recurso especial desprovido. 
(REsp 1503640/PB, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, 
QUINTA TURMA, julgado em 04/08/2015, DJe 
13/08/2015) 
 
 
Sexta Turma 
DIREITO PROCESSUAL PENAL. ANULAÇÃO DA 
DECISÃO ABSOLUTÓRIA DO JÚRI EM RAZÃO DA 
CONTRARIEDADE COM AS PROVAS DOS AUTOS. 
Ainda que a defesa alegue que a absolvição se deu 
por clemência do Júri, admite-se, mas desde que 
por uma única vez, o provimento de apelação 
fundamentada na alegação de que a decisão dos 
jurados contrariou manifestamente à prova dos 
autos (alínea "d" do inciso III do art. 593 do CPP). O 
CPP, em seu art. 593, § 3º, garante ao Tribunal de 
Apelação o exame, por única vez, de conformidade 
mínima da decisão dos jurados com a prova dos 
autos. Assim, não configura desrespeito ou afronta 
à soberania dos veredictos o acórdão que, 
 
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apreciando recurso de apelação, conclui pela 
completa dissociação do resultado do julgamento 
pelo Júri com o conjunto probatório produzido 
durante a instrução processual, de maneira 
fundamentada. Dessa forma, embora seja possível 
até a absolvição por clemência, isso não pode se 
dar em um primeiro julgamento, sem possibilidade 
de reexame pelo tribunal, que pode considerar, sim, 
que a decisão é manifestamente contrária à prova 
dos autos e submeter ao réu em um segundo 
julgamento. REsp 1.451.720-SP, Rel. originário Min. 
Sebastião Reis Júnior, Rel. para acórdão Min. Nefi 
Cordeiro, julgado em 28/4/2015, DJe 24/6/2015. 
 
 
Sexta Turma 
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. 
PROCESSO PENAL. HOMICÍDIO E TENTATIVA DE 
HOMICÍDIO. SENTENÇA DE PRONÚNCIA. EXCESSO 
DE LINGUAGEM. 
OCORRÊNCIA. DESENTRANHAMENTO DA 
DECISÃO E DO ARESTO CONFIRMATÓRIO. 
PROVIDÊNCIA ADEQUADA, À LUZ DA 
JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. 
ENTENDIMENTO QUE DESTOA DA 
JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA DO STF. 
MODIFICAÇÃO. 
1. Na linha da jurisprudência desta Corte, 
reconhecida a existência de excesso de linguagem 
em sentença de pronúncia devidamente 
fundamentada, o desentranhamento e 
envelopamento da peça seria providência adequada 
e suficiente para cessar a ilegalidade, uma vez que, 
além de contemplar o princípio da economia 
processual, evita que o Conselho de Sentença sofra 
influência do excesso empregado pelo prolator da 
decisão. 
2. Ocorre que a jurisprudência do Supremo Tribunal 
Federal tem considerado inadequada tal 
providência, assentando, em vários precedentes, 
que a solução apresentada pelo Superior Tribunal 
de Justiça não só configura constrangimento ilegal 
imposto ao recorrente mas também dupla afronta à 
soberania dos veredictos assegurada à instituição 
do júri, tanto por ofensa ao Código de Processo 
Penal, conforme se extrai do art. 472, alterado pela 
Lei n. 11.689/2008, quanto por contrariedade ao art. 
5º, inc. XXXVIII, c, da Constituição da República, 
uma vez que o acesso à decisão de pronúncia 
constitui garantia assegurada legal e 
constitucionalmente, de ordem pública e de 
natureza processual, cuja disciplinaé de 
competência privativa da União. Concluindo, daí, 
que a providência adequada é a anulação da 
sentença. 
3. Considerando-se que tal posição já está 
consolidada, não há outra solução senão 
acompanhar a tese firmada na Suprema Corte, sob o 
risco de que, postergada tal providência, outros 
julgados deste Superior Tribunal venham a ser 
cassados, gerando efeitos maléficos na origem, 
sobretudo o atraso dos feitos relacionados ao 
Tribunal do Júri. 
4. No caso dos autos, há evidente excesso de 
linguagem na sentença de pronúncia. Reconhecida 
a ilegalidade, deve ser anulada a decisão, com a 
determinação de que outra seja prolatada, sem o 
vício apontado. 
5. Agravo regimental provido. 
(AgRg no REsp 1442002/AL, Rel. Ministro 
SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado 
em 28/04/2015, DJe 06/05/2015) 
 
 
Quinta Turma 
HABEAS CORPUS SUBSTITUTO DE RECURSO. 
HOMICÍDIO QUALIFICADO. TRIBUNAL DO JÚRI. 
DESAFORAMENTO. INCIDÊNCIA DA REGRA 
PREVISTA NO ART. 427 DO CPP. ESCOLHA DE 
COMARCA DA REGIÃO. INEXISTÊNCIA DE 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL. HABEAS CORPUS 
NÃO CONHECIDO. 
1. O Superior Tribunal de Justiça, seguindo o 
entendimento firmado pela Primeira Turma do 
Supremo Tribunal Federal, não tem admitido a 
impetração de habeas corpus em substituição ao 
recurso próprio, prestigiando o sistema recursal ao 
tempo que preserva a importância e a utilidade do 
writ, visto permitir a concessão da ordem, de ofício, 
nos casos de flagrante ilegalidade. 
2. O art. 427 do Código de Processo Penal não exige 
que o desaforamento seja feito para localidade mais 
próxima dos fatos, basta que seja escolhida 
comarca da mesma região, em que o Tribunal do 
Júri possa ser realizado com imparcialidade. 
3. No caso, ao julgar procedente o pedido de 
desaforamento, o Tribunal local decidiu, 
motivadamente, deslocar o julgamento do Júri 
Popular para comarca da mesma região e distante 
40 quilômetros dos fatos, o que afasta o apontado 
constrangimento ilegal. 
4. Habeas corpus não conhecido. 
(HC 322.923/SE, Rel. Ministro REYNALDO SOARES 
DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 
23/06/2015, DJe 29/06/2015) 
 
 
Quinta Turma 
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. 
DIREITO PENAL. HOMICÍDIO. 
TRIBUNAL DO JÚRI. DOSIMETRIA DA PENA. 
APLICAÇÃO DA ATENUANTE DA CONFISSÃO 
ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE 
DE A TESE TER SIDO DEBATIDA EM PLENÁRIO. 
 
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JULGAMENTO REALIZADO NOS TERMOS DA LEI 
11.689/2008. INSURGÊNCIA DESPROVIDA. 
1. Com a nova redação dada ao artigo 483 do CPP 
pela Lei 11.689/2008 não há mais obrigatoriedade de 
submeter aos jurados quesitos acerca da existência 
de circunstâncias agravantes ou atenuantes, sendo 
certo que, somente poderão ser consideradas pelo 
Juiz presidente, na formulação da dosimetria penal, 
as agravantes e atenuantes alegadas e debatidas em 
plenário, nos termos da regra constante do artigo 
492, I, b, do CPP, circunstância não ocorrida na 
hipótese dos autos. 
2. Agravo regimental desprovido. 
(AgRg no REsp 1464762/PE, Rel. Ministro 
LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO 
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE), 
QUINTA TURMA, julgado em 18/06/2015, DJe 
29/06/2015) 
 
 
Quinta Turma 
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. 
HOMICÍDIO QUALIFICADO TENTADO. 
ALTERAÇÃO DO POSICIONAMENTO DOS 
REPRESENTANTES DA ACUSAÇÃO E DA DEFESA 
DURANTE JULGAMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI. 
AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO OU AMEAÇA DE 
VIOLÊNCIA AO DIREITO AMBULATÓRIO. HABEAS 
CORPUS. VIA INADEQUADA. MEMBRO DO 
MINISTÉRIO PÚBLICO. ASSENTO À DIREITA DO 
MAGISTRADO. VIOLAÇÃO À PARIDADE DE ARMAS. 
INOCORRÊNCIA. INSURGÊNCIA DESPROVIDA. 
1. A pretendida alteração do posicionamento dos 
representantes da acusação e da defesa durante 
julgamento do Tribunal do Júri não caracteriza ofensa 
ou ameaça à liberdade de locomoção do agravante, 
razão pela qual não é cabível o manejo do habeas 
corpus. 
2. A prerrogativa de os membros do Ministério 
Público tomarem assento à direita dos juízes de 
primeira instância ou do Presidente do Tribunal, 
Câmara ou Turma decorre da própria lei de regência 
- art. 41, inciso XI, da Lei 8.625/93 -, não implicando, 
portanto, em qualquer ofensa à igualdade entre as 
partes. Precedentes. 
3. Agravo regimental desprovido. 
(AgRg no REsp 1511310/RS, Rel. Ministro 
LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO 
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE), 
QUINTA TURMA, julgado em 18/06/2015, DJe 
29/06/2015) 
 
 
Quinta Turma 
PENAL E PROCESSUAL. HABEAS CORPUS 
SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. 
INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. HOMICÍDIO 
QUALIFICADO. TRIBUNAL DO JÚRI. 
JUNTADA DE DOCUMENTOS PELO PARQUET. 
DESENTRANHAMENTO. SUPOSTA OFENSA AO 
ART. 479 DO CPP. INOCORRÊNCIA. EXEGESE DO 
ART. 478 DO CPP. ROL TAXATIVO. NULIDADE. 
INEXISTÊNCIA. 
1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, 
acompanhando a orientação da Primeira Turma do 
Supremo Tribunal Federal, firmou-se no sentido de que 
o habeas corpus não pode ser utilizado como substituto 
de recurso próprio, sob pena de desvirtuar a finalidade 
dessa garantia constitucional, exceto quando a 
ilegalidade apontada é flagrante, hipótese em que se 
concede a ordem de ofício. 
2. Quando se fala em nulidade de ato processual, a 
demonstração do prejuízo sofrido é imprescindível, em 
face do princípio pas de nullité sans grief. É o que 
dispõe o art. 563 do Código de Processo Penal: 
"Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não 
resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa." 3. 
Tratando-se de processo de competência do Tribunal do 
Júri, as nulidades posteriores à pronúncia devem ser 
arguidas depois de anunciado o julgamento e 
apregoadas as partes, e as do julgamento em plenário, 
em audiência, ou sessão do Tribunal, logo após sua 
ocorrência, sob pena de preclusão, consoante 
determina o art. 571, V e VIII, do Código de Processo 
Penal. 
4. A atual redação do art. 479 do CPP estabelece que 
não será permitida a leitura de documento ou a 
exibição de objeto que não tenha sido juntado aos 
autos com antecedência mínima de 3 dias úteis e 
cuja ciência não tenha sido dada à outra parte. 
Assim sendo, não há nenhuma vedação legal à 
apresentação de documentos que auxiliem a parte 
na sustentação de sua tese, desde que para aferição 
de outros aspectos não ligados à culpa, sob a 
vigilância e tutela do juiz presidente quanto a 
eventual excesso por parte da acusação. 
5. No caso em exame, não se verifica nenhum vício 
formal apto a inquinar de nulidade o julgamento a 
ser proferido pelo Tribunal Popular, uma vez que a 
juntada dos documentos observou a antecedência 
mínima de 3 dias úteis exigida na norma de regência 
(art. 479 do CPP), bem como a defesa foi intimada 
antes da sessão do julgamento. 
6. O documento que se quer desentranhar refere-se 
à ação de indenização que tramitou no Juízo Cível 
entre os anos de 2001 a 2004, reconhecendo a culpa 
do paciente, o dano sofrido pela parte autora 
(genitora da vítima), bem como o nexo causal, aptos 
a justificar o valor indenizatório. 
7. É certo que da ação de indenização a defesa já 
tinha pleno conhecimento, razão por que a 
utilização do referido documento pela acusação, em 
defesa de sua tese acusatória, deve-se ater ao 
 
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comando estabelecido no inciso I do art. 478 do 
Código de Processo Penal, evitando o "argumento 
de autoridade" que prejudique o acusado. 
8. A exegese a ser dada à referida norma é no 
sentido de que não podem as partes desvirtuar a 
natureza jurídica ou dar interpretação 
convenientemente diversa daquela a que se 
destinam a pronúncia e suas posteriores 
confirmações, a fim de beneficiar ou prejudicar o 
réu. 
9. Registre-se que esta Corte Superior, em inúmeros 
julgados, já reconheceu que a mera leitura da 
pronúncia, ou de outros documentos em plenário, 
não implica, obrigatoriamente,a nulidade do 
julgamento, notadamente porque os jurados 
possuem amplo acesso aos autos. Assim, somente 
fica configurada a ofensa ao art. 478, I, do Código de 
Processo Penal, se as referências forem feitas como 
argumento de autoridade que beneficie ou 
prejudique o réu. 
10. Deveras, não há como estender a interpretação a 
ser dada ao inciso I do art. 478 do CPP - que, de 
forma taxativa, elenca a impossibilidade de se fazer 
referências à pronúncia e às decisões posteriores 
que julgaram admissível a acusação -, recaindo tal 
proibição apenas sobre decisões proferidas no 
âmbito da própria ação penal ou dela provenientes, 
a elas não se equiparando a sentença condenatória 
civil, mormente diante da independência entre os 
Juízos cível e penal. 
11. Compete ao magistrado, como responsável 
primordial pela condução do julgamento, velar pela 
observância estrita de sua higidez jurídica, 
prevenindo eventuais nulidades, sobretudo aquelas 
relacionadas às garantias constitucionais do devido 
processo legal. 
12. Hipótese em que inexiste ilegalidade na juntada 
dos documentos que poderão instruir os autos, não 
se verificando violação aos princípios 
constitucionais da ampla defesa, do contraditório e 
do devido processo penal, o que permite ao eg. 
conselho de sentença a realização do julgamento, 
nos termos do art. 5º, XXXVIII e alíneas, da 
Constituição Federal. 
13. Habeas corpus não conhecido. 
(HC 149.007/MT, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, 
QUINTA TURMA, julgado em 05/05/2015, DJe 
21/05/2015) 
 
 
Sexta Turma 
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO 
ESPECIAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO. ANULAÇÃO 
DA PRONÚNCIA. PEDIDO DE EXTENSÃO. 
SITUAÇÃO FÁTICA DISTINTA. INÉPCIA DA 
DENÚNCIA. IMPRONÚNCIA. NECESSIDADE DE 
REVOLVIMENTO DO ACERVO FÁTICO-
PROBATÓRIO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 7 DO 
STJ. AGRAVO NÃO PROVIDO. 
1. Inviável a concessão do pedido de extensão dos 
efeitos da anulação da pronúncia em favor do corréu, 
por ausência de similitude fática. 
2. Proferida decisão de pronúncia, não faz mais 
sentido alegar a inépcia da denúncia, dado que os 
indícios de autoria e de materialidade, inicialmente 
apresentados na denúncia, estão agora, com maior 
razão, reconhecidos e reforçados com o juízo 
positivo de submissão do agravante a Júri. 
3. O reconhecimento das alegadas violações dos 
dispositivos infraconstitucionais aduzidas pelo 
agravante, para decidir pela impronúncia, demanda 
imprescindível revolvimento do acervo fático-probatório 
delineado nos autos, procedimento vedado em recurso 
especial, a teor do Enunciado Sumular n. 7 do Superior 
Tribunal de Justiça. 
4. Agravo regimental não provido. 
(AgRg no AREsp 327.513/ES, Rel. Ministro ROGERIO 
SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 
05/05/2015, DJe 13/05/2015) 
 
 
Sexta Turma 
DIREITO PROCESSUAL PENAL. ANULAÇÃO DA 
PRONÚNCIA POR EXCESSO DE LINGUAGEM. 
Reconhecido excesso de linguagem na sentença de 
pronúncia ou no acórdão confirmatório, deve-se 
anular a decisão e os consecutivos atos 
processuais, determinando-se que outra seja 
prolatada, sendo inadequado impor-se apenas o 
desentranhamento e envelopamento. De início, cabe 
ressaltar que a jurisprudência do STJ era no sentido 
de que, havendo excesso de linguagem, o 
desentranhamento e envelopamento da sentença de 
pronúncia ou do acórdão confirmatório seria 
providência adequada e suficiente para cessar a 
ilegalidade, uma vez que, além de contemplar o 
princípio da economia processual, evita que o 
Conselho de Sentença sofra influência do excesso 
de linguagem empregado pelo prolator da decisão 
(HC 309.816-PE, Sexta Turma, DJe 11/3/2015; e REsp 
1.401.083-SP, Quinta Turma, DJe 2/4/2014). Ocorre 
que ambas as Turmas do STF têm considerado 
inadequada a providência adotada pelo STJ, 
assentando que a solução apresentada pelo STJ 
não só configura constrangimento ilegal, mas 
também dupla afronta à soberania dos veredictos 
assegurada à instituição do Júri, tanto por ofensa ao 
CPP, conforme se extrai do art. 472, alterado pela 
Lei 11.689/2008, quanto por contrariedade ao art. 5º, 
XXXVIII, “c”, da CF, uma vez que o acesso à decisão 
de pronúncia constitui garantia assegurada legal e 
constitucionalmente, de ordem pública e de 
natureza processual, cuja disciplina é de 
competência privativa da União (HC 103.037-PR, 
 
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Primeira Turma, DJe 31/5/2011). Assim, concluiu o 
STF que a providência adequada é a anulação da 
sentença e os consecutivos atos processuais que 
ocorreram no processo principal. Logo, diante da 
evidência de que o STF já firmou posição 
consolidada sobre o tema, o mais coerente é 
acolher o entendimento lá pacificado, sob o risco de 
que, postergada tal providência, outros julgados do 
STJ venham a ser cassados, gerando efeitos 
maléficos na origem, sobretudo o atraso dos feitos 
relacionados ao Tribunal do Júri. Assim, 
reconhecida a existência de excesso de linguagem 
na sentença pronúncia ou no acórdão confirmatório, 
a anulação da decisão é providência jurídica 
adequada. AgRg no REsp 1.442.002-AL, Rel. Min. 
Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/4/2015, DJe 
6/5/2015. 
 
 
Sexta Turma 
RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL PENAL. 
HOMICÍDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO. 
MINISTÉRIO PÚBLICO. PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO 
EM PLENÁRIO. 
CONFIRMAÇÃO PELO JÚRI. APELAÇÃO. 
INTERPOSIÇÃO PELO ASSISTENTE DE 
ACUSAÇÃO. LEGITIMIDADE. DECISÃO DOS 
JURADOS MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À 
PROVA DOS AUTOS. SUBMISSÃO DO RÉU A NOVO 
JULGAMENTO. 
ADMISSIBILIDADE. RECURSO IMPROVIDO. 
1. O assistente de acusação possui legitimidade 
para interpor recurso de apelação, em caráter 
supletivo, nos termos do art. 598 do CPP, ainda que 
o Ministério Público tenha requerido a absolvição do 
réu em plenário. 
2. O Código de Processo Penal, em seu art. 593, §3º, 
garante ao Tribunal de Apelação o exame, por única 
vez, de conformidade mínima da decisão dos 
jurados com a prova dos autos. Não configura 
desrespeito ou afronta à soberania dos veredictos o 
acórdão que, apreciando recurso de apelação, 
concluiu pela completa dissociação do resultado do 
julgamento pelo Júri com o conjunto probatório 
produzido durante a instrução processual, de 
maneira fundamentada. 
Precedentes do STJ e do STF. 
3. Para a revisão do critério de valoração das provas 
adotado pelo Tribunal a quo, necessária seria a 
incursão aprofundada no material cognitivo 
produzido perante o juízo de primeira instância, o 
que se mostra incabível na via recursal. 
4. Recurso improvido. 
(REsp 1451720/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS 
JÚNIOR, Rel. p/ Acórdão Ministro NEFI CORDEIRO, 
SEXTA TURMA, julgado em 28/04/2015, DJe 
24/06/2015) 
 
 
Quinta Turma 
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM 
RECURSO ESPECIAL. REVISÃO CRIMINAL . 
HOMICÍDIO QUALIFICADO. ART. 121, § 2º, IV, DO 
CÓDIGO PENAL. REJEITADAS NA ORIGEM AS 
TESES DE CRIME PRIVILEGIADO E LEGÍTIMA 
DEFESA DA HONRA. PERDA DO CARGO DE 
POLICIAL MILITAR. 
FUNDAMENTAÇÃO SUFICIENTE. CRIME DOLOSO 
CONTRA A VIDA PRATICADO POR MILITAR 
CONTRA CIVIL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA 
COMUM. IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME FÁTICO 
E PROBATÓRIO. SÚMULA 7/STJ. ENTENDIMENTO 
CONSONANTE COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA 
CORTE. SÚMULA 83/STJ. AGRAVO IMPROVIDO. 
1. A pretensão de alteração das conclusões 
firmadas na origem de inocorrência da prática do 
delito sob o domínio de violenta emoção ou em 
legítima defesa não prescinde de aprofundado 
revolvimento do acervo fático-probatório, 
providência vedada em sede de recurso especial. 
Incidência da Súmula 7/STJ. 
2. "Este Superior Tribunal de Justiça firmou sua 
jurisprudência no sentido de que o Tribunal do Júri 
é competente para motivadamente decretar, como 
efeito da condenação, a perda do cargo ou função 
pública, inclusive de militar, quando o fato não tiver 
relação com o exercício da atividade na caserna" 
(REsp. 1.185.413/AP,Rel. 
Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Sexta 
Turma, DJe 14/05/2013). 
3. Agravo regimental improvido. 
(AgRg no AREsp 558.084/MS, Rel. Ministro 
REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA 
TURMA, julgado em 11/06/2015, DJe 17/06/2015) 
 
 
Quinta Turma 
HABEAS CORPUS SUBSTITUTO DE RECURSO. 
HOMICÍDIO QUALIFICADO NA FORMA TENTADA. 
AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DO DEFENSOR DATIVO 
DA DATA DA SESSÃO DE JULGAMENTO DO 
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. NULIDADE. 
TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA. 
PRECLUSÃO. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. 
1. O Superior Tribunal de Justiça, seguindo o 
entendimento firmado pela Primeira Turma do 
Supremo Tribunal Federal, não tem admitido a 
impetração de habeas corpus em substituição ao 
recurso próprio, prestigiando o sistema recursal ao 
tempo que preserva a importância e a utilidade do 
habeas corpus, visto permitir a concessão da 
ordem, de ofício, nos casos de flagrante ilegalidade. 
2. O defensor dativo goza do mesmo privilégio 
assegurado aos Defensores Públicos, de ser 
 
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intimado, pessoalmente, de todos os atos 
processuais, sob pena de nulidade, em razão da 
aplicação da regra contida no § 5º do art. 5º da Lei n. 
1.060/1950. 
3. No caso, a despeito de a Defensora não ter sido 
intimada pessoalmente para a sessão de julgamento 
do recurso em sentido estrito, nas diversas 
oportunidades posteriores que se manifestou nos 
autos (julgamento pelo júri, no recurso de apelação), 
a defesa não arguiu referida nulidade, invocando-a, 
diretamente nesta Corte, três anos após a sua 
ocorrência e depois do trânsito em julgado da 
condenação. Assim, diante da inércia da defesa, 
impõe-se reconhecer a preclusão da alegada 
nulidade processual, em homenagem ao princípio 
da segurança. 
4. Habeas corpus não conhecido. 
(HC 300.169/SC, Rel. Ministro LEOPOLDO DE 
ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR 
CONVOCADO DO TJ/PE), QUINTA TURMA, julgado 
em 28/04/2015, DJe 13/05/2015) 
 
 
Sexta Turma 
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. 
PROCESSO PENAL. TRIBUNAL DO JÚRI. 
HOMICÍDIO QUALIFICADO. ART. 121, § 2º, II, DO CP. 
ARTS. 484, III, E 564, III, K, DO CPP E 33, § 2º, B, E § 
3º, DO CP. AUSÊNCIA DE QUESITAÇÃO. 
INEXISTÊNCIA DE REGISTRO EM ATA DE 
JULGAMENTO. 
PRECLUSÃO. OCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE 
ANTECEDENTES. REGIME SEMIABERTO. 
1. Este Superior Tribunal sufragou entendimento de 
que as possíveis irregularidades na quesitação 
devem ser arguidas no momento oportuno, devendo 
constar em ata de julgamento, sob pena de 
preclusão, nos termos do art. 571, VIII, do Código de 
Processo Penal. 
2. A pena estabelecida, de 8 anos, autoriza a 
determinação do regime semiaberto in casu, em 
particular em razão da primariedade e dos bons 
antecedentes do réu. 
3. O agravo regimental não merece prosperar, 
porquanto as razões reunidas na insurgência são 
incapazes de infirmar o entendimento assentado na 
decisão agravada. 
4. Agravo regimental improvido. 
(AgRg no REsp 1279449/SP, Rel. Ministro 
SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado 
em 16/04/2015, DJe 29/04/2015) 
 
 
Quinta Turma 
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. 
HOMICÍDIO. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. 
ALEGADA INCOMPETÊNCIA DO JUIZADO 
ESPECIAL CRIMINAL E DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. 
INOCORRÊNCIA. POSSIBILIDADE DE 
PROCESSAMENTO NO JUIZADO ATÉ A FASE DE 
PRONÚNCIA. PRISÃO PREVENTIVA. SEGREGAÇÃO 
CAUTELAR DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA NA 
GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. NULIDADE DA 
IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL. AUSÊNCIA DE 
DEMONSTRAÇÃO DE PREJUÍZO. HABEAS CORPUS 
NÃO CONHECIDO. 
I - A Primeira Turma do col. Pretório Excelso firmou 
orientação no sentido de não admitir a impetração 
de habeas corpus substitutivo ante a previsão legal 
de cabimento de recurso especial (v.g.: HC 
109.956/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, DJe de 
11/9/2012; RHC 121.399/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, 
DJe de 1º/8/2014 e RHC 117.268/SP, Rel. Min. Rosa 
Weber, DJe de 13/5/2014). As Turmas que integram a 
Terceira Seção desta Corte alinharam-se a esta 
dicção, e, desse modo, também passaram a repudiar 
a utilização desmedida do writ substitutivo em 
detrimento do recurso adequado (v.g.: HC 
284.176/RJ, Quinta Turma, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe 
de 2/9/2014; HC 297.931/MG, Quinta Turma, Rel. Min. 
Marco Aurélio Bellizze, DJe de 28/8/2014; HC 
293.528/SP, Sexta Turma, Rel. Min. Nefi Cordeiro, 
DJe de 4/9/2014 e HC 253.802/MG, Sexta Turma, Rel. 
Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe de 
4/6/2014). 
II - Portanto, não se admite mais, perfilhando esse 
entendimento, a utilização de habeas corpus 
substitutivo quando cabível o recurso próprio, 
situação que implica o não-conhecimento da 
impetração. 
Contudo, no caso de se verificar configurada 
flagrante ilegalidade apta a gerar constrangimento 
ilegal, recomenda a jurisprudência a concessão da 
ordem de ofício. 
III - Ressalvada a competência do Tribunal do Júri 
para o processo e julgamento dos crimes dolosos 
contra a vida, não importa nulidade o 
processamento do feito perante o Juizado Especial 
Criminal e de Violência Doméstica, até a fase de 
pronúncia. (Precedente do STJ e do STF). 
IV - Na hipótese, o decreto prisional encontra-se 
devidamente fundamentado em dados concretos 
extraídos dos autos, que evidenciam que a liberdade 
do ora paciente acarretaria risco à ordem pública, 
notadamente se considerada sua periculosidade, 
evidenciada na forma pela qual o delito foi em tese 
praticado, ceifando-se a vida de sua companheira "a 
pauladas" (Precedentes). 
V - Não há se falar em irregularidade na 
determinação de identificação criminal quando a 
medida está justificada pela não apresentação de 
documento de identificação, ou quando 
 
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insuficientes os dados colhidos para identificação 
do acusado, como in casu. 
Habeas corpus não conhecido. 
(HC 294.952/SC, Rel. Ministro FELIX FISCHER, 
QUINTA TURMA, julgado em 07/04/2015, DJe 
04/05/2015) 
 
 
Quinta Turma 
PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO 
REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. 
HOMICÍDIO QUALIFICADO TENTADO. MENÇÃO À 
DECISÃO DE PRONÚNCIA. 
ALEGADA NULIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. 
ENTENDIMENTO EM HARMONIA COM A 
JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE 
JUSTIÇA. SÚMULA 83/STJ. 
AVENTADO PREJUÍZO À DEFESA EM 
DECORRÊNCIA DA MENÇÃO À PRONÚNCIA. 
INVIABILIDADE DA ANÁLISE. NECESSIDADE DE 
REEXAME DE PROVAS. 
SÚMULAS 7/STJ E 279/STJ. 
I. Conforme entendimento desta Corte Superior a 
mera menção ou mesmo leitura da pronúncia não 
implica, obrigatoriamente, a nulidade do julgamento, 
até mesmo pelo fato de os jurados possuírem amplo 
acesso aos autos. Precedentes. Súmula 83/STJ. 
II. O recurso especial não será cabível quando a 
análise da pretensão recursal exigir o reexame do 
quadro fático- probatório, sendo vedada a 
modificação das premissas fáticas firmadas nas 
instâncias ordinárias no âmbito dos recursos 
extraordinários. 
(Súmula 07/STJ e Súmula 279/STF). 
Agravo regimental desprovido. 
(AgRg no AREsp 435.546/RS, Rel. Ministro FELIX 
FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 07/04/2015, 
DJe 14/04/2015) 
 
 
Sexta Turma 
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO. NÃO 
CABIMENTO. HOMICÍDIO QUALIFICADO TENTADO. 
ACÓRDÃO CONFIRMATÓRIO DA PRONÚNCIA. 
NULIDADES. DIREITO AO SILÊNCIO 
INTERPRETADO EM DESFAVOR DO ACUSADO. 
EXCESSO DE LINGUAGEM CONFIGURADO. 
ILEGALIDADE MANIFESTA. 
1. Não é cabível a utilização do habeas corpus como 
substitutivo do meio processual adequado. 
2. O silêncio do acusado foi nitidamente 
interpretado em seu desfavor pelo Tribunal de 
origem. Tal situação viola frontalmente o art. 186, 
parágrafo único, do Código de Processo Penal, o 
art. 5º, LXIII, da Constituição da República, além de 
tratados internacionais, a exemplo da Convenção 
Americana de Direitos Humanos (art. 8, § 2º, g) e, 
por isso, é suficiente para inquinar de nulidade 
absoluta o acórdão impugnado. 
3. A fundamentaçãodo acórdão confirmatório da 
pronúncia extrapolou a demonstração da 
concorrência dos pressupostos legais exigidos, 
encerrando juízo de certeza quanto à 
responsabilidade do paciente, notadamente por 
afirmar que as provas são robustas e convergem 
para a culpabilidade do acusado, que ele praticou o 
delito com dolo homicida e que as qualificadoras do 
motivo fútil e do meio cruel são, respectivamente, 
"evidente" e "desmascarada". Excesso de 
linguagem configurado. Ilegalidade manifesta. 
4. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida 
de ofício. 
(HC 265.967/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS 
JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 05/03/2015, DJe 
12/03/2015) 
 
 
Quinta Turma 
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS 
SUBSTITUTIVO DE REVISÃO CRIMINAL. 
HOMICÍDIO QUALIFICADO. TRIBUNAL DO JÚRI. 
CONSELHO DE SENTENÇA. 
FORMAÇÃO POR EMPRÉSTIMO DE JURADOS DE 
OUTRO PLENÁRIO. 
ADMISSIBILIDADE. CONSTRANGIMENTO ILEGAL 
NÃO EVIDENCIADO. 
1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, 
acompanhando a orientação da Primeira Turma do 
Supremo Tribunal Federal, firmou-se no sentido de 
que o habeas corpus não pode ser utilizado como 
substituto de recurso próprio, sob pena de 
desvirtuar a finalidade dessa garantia 
constitucional, exceto quando a ilegalidade 
apontada for flagrante, hipótese em que se concede 
a ordem de ofício. 
2. O Superior Tribunal de Justiça já decidiu que a 
convocação de jurado de um dos plenários do 
Tribunal do Júri da Capital de São Paulo para 
complementar o número regulamentar mínimo de 
quinze jurados do conselho de sentença de outro 
plenário não caracteriza nulidade por violação da 
regra do art. 442 do CPP (redação anterior à da Lei 
n. 11.689, de 6/6/2008). Precedentes. 
3. Possível irregularidade na formação do conselho 
de sentença poderia caracterizar nulidade relativa, 
cuja arguição deve se dar logo após a ocorrência 
(art. 571, VIII, e 572, II, do CPP), isto é, na abertura da 
sessão plenária de julgamento, o que não ocorreu 
no caso. Precedentes. 
4. Habeas corpus não conhecido. 
(HC 227.169/SP, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, 
QUINTA TURMA, julgado em 03/02/2015, DJe 
11/02/2015) 
 
 
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Quinta Turma 
DIREITO PROCESSUAL PENAL. DIREITO À 
RÉPLICA DO ASSISTENTE DA ACUSAÇÃO. 
O assistente da acusação tem direito à réplica, ainda 
que o MP tenha anuído à tese de legítima defesa do 
réu e declinado do direito de replicar. Isso porque o 
CPP garante ao assistente da acusação esse direito. 
Efetivamente, de acordo com o art. 271 do CPP, ao 
assistente da acusação será permitido "participar do 
debate oral", e, conforme o art. 473 do CPP, "o 
acusador poderá replicar". REsp 1.343.402-SP, Rel. 
Min. Laurita Vaz, julgado em 21/8/2014. 
 
 
Quinta Turma 
DIREITO PROCESSUAL PENAL. LEGALIDADE DE 
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA DEFERIDA POR 
JUÍZO DIVERSO DAQUELE COMPETENTE PARA 
JULGAR A AÇÃO PRINCIPAL. 
A sentença de pronúncia pode ser fundamentada 
em indícios de autoria surgidos, de forma fortuita, 
durante a investigação de outros crimes no decorrer 
de interceptação telefônica determinada por juiz 
diverso daquele competente para o julgamento da 
ação principal. Nessa situação, não há que se falar em 
incompetência do Juízo que autorizou a interceptação 
telefônica, tendo em vista que se trata de hipótese de 
encontro fortuito de provas. Além disso, a regra prevista 
no art. 1º da Lei 9.296/1996, de acordo com a qual a 
interceptação telefônica dependerá de ordem do juiz 
competente da ação principal, deve ser interpretada 
com ponderação, não havendo ilegalidade no 
deferimento da medida por Juízo diverso daquele que 
vier a julgar a ação principal, sobretudo quando 
autorizada ainda no curso da investigação criminal. 
Precedente citado: RHC 32.525-AP, Sexta Turma, DJe 
4/9/2013. REsp 1.355.432-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, 
Rel. para acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze, 
julgado em 21/8/2014. 
 
 
Quinta Turma 
DIREITO PROCESSUAL PENAL. CONTRADIÇÃO 
ENTRE AS RESPOSTAS A QUESITOS NO TRIBUNAL 
DO JÚRI. 
Cabe ao Juiz Presidente do Tribunal do Júri, ao 
reconhecer a existência de contradição entre as 
respostas aos quesitos formulados, submeter à 
nova votação todos os quesitos que se mostrem 
antagônicos, e não somente aquele que apresentou 
resultado incongruente. Aplica-se, nessa situação, o 
disposto no art. 490 do CPP, segundo o qual “Se a 
resposta a qualquer dos quesitos estiver em contradição 
com outra ou outras já dadas, o presidente, explicando 
aos jurados em que consiste a contradição, submeterá 
novamente à votação os quesitos a que se referirem tais 
respostas”. Precedente citado: REsp 126.938-PB, 
Quinta Turma, DJ 18/12/2000. REsp 1.320.713-SP, 
Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 27/5/2014. 
 
 
Sexta Turma 
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO 
PRÓPRIO. DESCABIMENTO. PENAL. 
TRIBUNAL DO JÚRI. INOVAÇÃO DE TESE 
DEFENSIVA NA TRÉPLICA. 
IMPOSSIBILIDADE. OFENSA AO PRINCÍPIO DO 
CONTRADITÓRIO E AO DEVIDO PROCESSO 
LEGAL. WRIT NÃO CONHECIDO. 
1. Este Superior Tribunal de Justiça, na esteira do 
entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal, 
tem amoldado o cabimento do remédio heróico, 
adotando orientação no sentido de não mais admitir 
habeas corpus substitutivo de recurso 
ordinário/especial. Contudo, a luz dos princípios 
constitucionais, sobretudo o do devido processo legal e 
da ampla defesa, tem-se analisado as questões 
suscitadas na exordial a fim de se verificar a existência 
de constrangimento ilegal para, se for o caso, deferir-se 
a ordem de ofício. 
2. Em virtude do contraditório e do devido processo 
legal, é vedado à defesa inovar no momento da 
tréplica. Assim, inexiste ilegalidade na decisão do 
Juiz Presidente do Tribunal do Júri que deixou de 
incluir, nos quesitos a serem apresentados aos 
jurados, tese da participação de menor importância, 
sustentada somente naquele momento processual. 
Precedentes. 
3. Habeas corpus não conhecido. 
(HC 143.553/DF, Rel. Ministra MARILZA MAYNARD 
(DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/SE), 
SEXTA TURMA, julgado em 20/02/2014, DJe 
07/03/2014) 
 
 
Quinta Turma 
DIREITO PROCESSUAL PENAL. MANDADO DE 
INTIMAÇÃO DE TESTEMUNHA EXPEDIDO PARA 
LOCALIDADE DIVERSA DA INDICADA PELA 
DEFESA. 
O julgamento do Tribunal do Júri sem a oitiva de 
testemunha indicada pela defesa pode ser anulado se o 
mandado de intimação houver sido expedido para 
localidade diversa daquela apontada, ainda que se trate 
de testemunha que não fora indicada como 
imprescindível. De acordo com o art. 461 do CPP, "o 
julgamento não será adiado se a testemunha deixar de 
comparecer, salvo se uma das partes tiver requerido a 
sua intimação por mandado, na oportunidade de que 
trata o art. 422 deste Código, declarando não prescindir 
do depoimento e indicando a sua localização". Da leitura 
do mencionado dispositivo legal, depreende-se que o 
julgamento só pode ser adiado caso a testemunha 
 
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faltante tenha sido intimada com a cláusula de 
imprescindibilidade. No entanto, ainda que a 
testemunha não tenha sido indicada como 
imprescindível, não se pode admitir que a defesa seja 
prejudicada por um equívoco do Estado-Juiz, que 
expediu mandado de intimação para endereço distinto 
daquele indicado pelos advogados do acusado. Assim, 
caberia ao Poder Judiciário empreender os esforços 
necessários para intimá-la no endereço indicado, não se 
podendo admitir a realização do julgamento em Plenário 
quando a ausência da testemunha foi causada por um 
erro que sequer pode ser atribuído à defesa. Cabe 
ressaltar que apenas seria possível a sua realização no 
caso de não ser possível efetivar a intimação no local 
fornecido pela defesa, ou, quando devidamente 
intimada, a testemunha não arrolada com cláusula de 
imprescindibilidade não comparecerao julgamento. HC 
243.591-PB, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 
18/2/2014. 
 
 
Sexta Turma 
DIREITO PROCESSUAL PENAL. LIMITES DA 
COMPETÊNCIA DO JUIZ DA PRONÚNCIA. 
O juiz na pronúncia não pode decotar a 
qualificadora relativa ao “meio cruel” (art. 121, § 2º, 
III, do CP) quando o homicídio houver sido praticado 
mediante efetiva reiteração de golpes em região vital 
da vítima. O STJ possui entendimento consolidado no 
sentido de que o decote de qualificadoras por ocasião 
da decisão de pronúncia só está autorizado quando 
forem manifestamente improcedentes, isto é, quando 
completamente destituídas de amparo nos elementos 
cognitivos dos autos. Nesse contexto, a reiteração de 
golpes na vítima, ao menos em princípio e para fins de 
pronúncia, é circunstância indiciária do “meio cruel”, 
previsto no art. 121, § 2º, III, do CP, que consiste em 
meio no qual o agente, ao praticar o delito, provoca um 
maior sofrimento à vítima. Não se trata, pois, a 
reiteração de golpes na vítima de qualificadora 
manifestamente improcedente que autorize a 
excepcional exclusão pelo juiz da pronúncia, sob pena 
de usurpação da competência constitucionalmente 
atribuída ao Tribunal do Júri. Precedente citado: HC 
224.773-DF, Quinta Turma, DJe 6/6/2013. REsp 
1.241.987-PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis 
Moura, julgado em 6/2/2014. 
 
 
Sexta Turma 
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO 
PRÓPRIO. DESCABIMENTO. 
HOMICÍDIO SIMPLES. LIMINAR DEFERIDA PARA 
SUSPENDER O CURSO DO PROCESSO. EXCESSO 
DE LINGUAGEM. OCORRÊNCIA. MANIFESTAÇÕES 
DO JUIZ DE PRIMEIRO GRAU E DO TRIBUNAL A 
QUO QUE EXTRAPOLAM OS LIMITES DO ART. 
413, § 1º, DO CPP. FLAGRANTE 
CONSTRANGIMENTO EVIDENCIADO. WRIT NÃO 
CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO. 
- Este Superior Tribunal de Justiça, na esteira do 
entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal, 
tem amoldado o cabimento do remédio heróico, 
adotando orientação no sentido de não mais admitir 
habeas corpus substitutivo de recurso 
ordinário/especial. Contudo, a luz dos princípios 
constitucionais, sobretudo o do devido processo legal e 
da ampla defesa, tem-se analisado as questões 
suscitadas na exordial a fim de se verificar a existência 
de constrangimento ilegal para, se for o caso, deferir-se 
a ordem de ofício. 
Afirmações do Juiz de primeiro grau de que a 
conduta defensiva foi "absolutamente excessivo", e 
do Tribunal de origem no sentido de que "a reação 
deste foi desproporcional e inadequada", que "a 
prova testemunhal constante do caderno processual 
aforado demonstra, que, se não agiu o recorrente 
imbuído de animus necandi, agiu, no mínimo, com 
excesso de defesa", de que "não havendo, de igual 
forma, motivos que justifiquem o uso da violência 
desmesurada pelo recorrente" ou de que "não há 
que se falar, no caso sub examen, em excludente de 
ilicitude" evidenciam flagrante excesso de 
linguagem, extrapolam os limites do art. 413, § 1º do 
Código de Processo Penal, usurpando a 
competência constitucional do Tribunal do Júri, uma 
vez que essas manifestações possuem elevado 
potencial para influir na decisão dos jurados. 
Habeas corpus não conhecido. Concedida ordem de 
ofício para anular a decisão de admissibilidade do 
recurso em sentido estrito e o acórdão que 
confirmou a pronúncia, devendo ser eles 
desentranhados dos autos e colocados em envelope 
lacrado, para que o juiz de primeiro grau profira 
nova decisão referente a admissibilidade ou 
retratação da sentença de pronúncia, respeitados os 
limites do art. 413, § 1º, do Código de Processo 
Penal. 
(HC 82.596/ES, Rel. Ministra MARILZA MAYNARD 
(DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/SE), 
SEXTA TURMA, julgado em 06/02/2014, DJe 
27/02/2014) 
 
 
Sexta Turma 
DIREITO PROCESSUAL PENAL. INTIMAÇÃO POR 
EDITAL NO PROCEDIMENTO DO JÚRI. 
No procedimento relativo aos processos de 
competência do Tribunal do Júri, não é admitido que 
a intimação da decisão de pronúncia seja realizada 
por edital quando o processo houver transcorrido 
desde o início à revelia do réu que também fora 
citado por edital. Efetivamente, o art. 420, parágrafo 
único, do CPP – cujo teor autoriza a utilização de edital 
 
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para intimação da pronúncia do acusado solto que não 
for encontrado – é norma de natureza processual, razão 
pela qual deve ser aplicado imediatamente aos 
processos em curso. No entanto, excepciona-se a 
hipótese de ter havido prosseguimento do feito à revelia 
do réu, citado por edital, em caso de crime cometido 
antes da entrada em vigor da Lei 9.271/1996, que 
alterou a redação do art. 366 do CPP. A referida 
exceção se dá porque, em se tratando de crime 
cometido antes da nova redação conferida ao art. 366 
do CPP, o curso do feito não foi suspenso em razão da 
revelia do réu citado por edital. Dessa forma, caso se 
admitisse a intimação por edital da decisão de 
pronúncia, haveria a submissão do réu a julgamento 
pelo Tribunal do Júri sem que houvesse certeza da sua 
ciência quanto à acusação, o que ofende as garantias 
do contraditório e do plenitude de defesa. Precedentes 
citados: HC 228.603-PR, Quinta Turma, DJe 
17/9/2013; e REsp 1.236.707-RS, Sexta Turma, DJe 
30/9/2013. HC 226.285-MT, Rel. Min. Sebastião Reis 
Júnior, julgado em 20/2/2014. 
 
 
Quinta Turma 
DIREITO PROCESSUAL PENAL. NULIDADE NO 
JULGAMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI. 
É nulo o julgamento no Tribunal do Júri que tenha 
ensejado condenação quando a acusação tiver 
apresentado, durante os debates na sessão 
plenária, documento estranho aos autos que 
indicaria que uma testemunha havia sido ameaçada 
pelo réu, e a defesa tiver se insurgido contra essa 
atitude fazendo consignar o fato em ata. De acordo 
com a norma contida na antiga redação do art. 475 do 
CPP, atualmente disciplinada no art. 479, é defeso às 
partes a leitura em plenário de documento que não 
tenha sido juntado aos autos com a antecedência 
mínima de três dias. Trata-se de norma que tutela a 
efetividade do contraditório, que é um dos pilares do 
devido processo legal, sendo certo que a sua previsão 
legal seria até mesmo prescindível, já que o direito das 
partes de conhecer previamente as provas que serão 
submetidas à valoração da autoridade competente é 
ínsito ao Estado Democrático de Direito. De fato, 
existem entendimentos doutrinários e jurisprudenciais 
no sentido de que eventual inobservância à norma em 
comento caracterizaria nulidade de natureza relativa, a 
ensejar arguição oportuna e comprovação do prejuízo 
suportado. Entretanto, não há como negar que a 
atuação de qualquer das partes em desconformidade 
com essa norma importa na ruptura da isonomia 
probatória, a qual deve ser observada em toda e 
qualquer demanda judicializada, ainda mais no âmbito 
de uma ação penal – cuja resposta estatal, na maioria 
das vezes, volta-se contra um dos bens jurídicos mais 
preciosos do ser humano – e, principalmente, no 
procedimento dos crimes dolosos contra a vida, em que 
o juízo condenatório ou absolutório é proferido por 
juízes leigos, dos quais não se exige motivação. Com 
efeito, o legislador ordinário estabeleceu, ao 
regulamentar o referido procedimento, uma peculiar 
forma de julgamento, já que os jurados que compõem o 
Conselho de Sentença são chamados a responderem 
de forma afirmativa ou negativa a questionamentos 
elaborados pelo juiz presidente, razão pela qual os seus 
veredictos são desprovidos da fundamentação que 
ordinariamente se exige das decisões judiciais. Assim, 
toda a ritualística que envolve o julgamento dos delitos 
dolosos contra a vida tem por finalidade garantir que os 
jurados formem o seu convencimento apenas com base 
nos fatos postos em julgamento e nas provas que 
validamente forem apresentadas em plenário. No caso 
de ser constatada quebra dessa isonomia probatória, 
como na hipótese em análise, não há como assegurar

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