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Pós-graduação EBRADI Direito Penal e Processual Penal Aplicados Atividades dissertativas e testes de aprendizagem do módulo 08 Tema 01 – Júri I Aula 01: Conceito e Formação Casuística: Cirilo, condenado pelo Júri Popular a 10 anos de reclusão por tentativa de homicídio, interpôs recurso alegando nulidade do julgamento, em razão do período impeditivo de doze meses que recai sobre os jurados para a participação de novo Conselho de Sentença (art. 426, §4º, CPP), uma vez que 5 dos jurados já haviam participado de Conselho de Sentença dentro do período observado em lei. Uma vez iniciada a sessão e suscitada a preliminar de nulidade, o juiz a quo indefere por entender que houve preclusão, uma vez que a nulidade era anterior à pronúncia (proferida em 18/02/2016), conforme artigo 571 do CPP. Como advogado de defesa, indique a providência cabível. ▪ Resposta esperada: Advogado deve interpor apelação suscitando a nulidade de julgamento em decorrência da situação irregular de jurados, ou seja, impedidos. Teste de aprendizagem: O Tribunal do Júri é um órgão colegiado heterogêneo e temporário. Partindo das premissas estabelecidas no CPP para formação deste colegiado, analise os seguintes enunciados: I – O Tribunal do Júri é constituído por um Juiz Presidente (togado) e vinte e um jurados (juízes leigos) escolhidos entre os cidadãos por sorteio, dos quais apenas sete tomarão assento no Conselho de Sentença. II – O serviço do júri é obrigatório aos maiores de 18 anos, sendo inadmitida recusa independentemente de fundamentação. III - A recusa ao serviço do júri fundada em convicção religiosa, filosófica ou política importará no dever de prestar serviço alternativo, sob pena de suspensão dos direitos políticos, enquanto não prestar o serviço imposto. IV – Estão isentos do serviço do júri: os servidores do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública; os cidadãos maiores de 75 (setenta e cinco anos) anos que requeiram sua dispensa; aqueles que o requererem, demonstrando justo impedimento; dentre outras autoridades elencadas no artigo 437 do CPP. V – Marido e mulher estão impedidos de servir no mesmo Conselho de Sentença, não se aplicando tal impedimento a pessoas que mantenham união estável reconhecida como entidade familiar. Analisando as assertivas supramencionadas, é correto afirmar que: ▪ Resposta correta: Apenas a alternativa III está correta. Aula 02: Princípios Constitucionais Casuística: Durante a explanação da acusação em sessão do Tribunal do Júri, a Dra. Promotora de Justiça exibiu laudo necroscópico e fotos da cena do crime aos jurados, além de demonstrar suas convicções pessoais sobre o caso, ultrapassando, desta maneira, o que constava nos laudos, emitindo juízo de valor. Neste momento, dirigiu questionamentos aos jurados, os quais responderam imediatamente em sentido positivo à explanação feita por esta. Joaquim, réu, foi condenado a 15 anos de reclusão por homicídio qualificado, nos termos do artigo 121, §2º, incisos I e III do Código Penal. Como advogado de defesa, indique a providência cabível. ▪ Resposta esperada: Deverá interpor apelação pleiteando a nulidade do julgamento, vez que dois dos sete jurados manifestaram opinião durante a explanação da Dra. Promotora, o que fere frontalmente o princípio da incomunicabilidade dos jurados e sigilo das votações (artigo 5º, inciso XXXVIII, alínea “b”). Teste de aprendizagem: A Constituição Federal reconhece a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a plenitude de defesa, o sigilo das votações, a soberania dos veredictos e a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. No que tange a esses princípios consagrados constitucionalmente (art. 5º, XXXVIII, da CF/88), é incorreto afirmar que: ▪ Resposta correta: O instituto do sigilo das votações fere o princípio da publicidade constitucionalmente assegurado, vez que a votação em sala secreta com apuração por maioria, sem revelação do quórum total e número exato de votos, oculta do público que acompanha o julgamento a formação e fundamentação do resultado. Aula 03: Pronúncia e Impronúncia Casuística: Recebida a denúncia, o juiz singular decidiu por pronunciar o réu José, constando aos autos as seguintes razões para tal decisão: “(...) Além do mais Antônio André demonstra ser pessoa perigosa ao convívio social. Conheceu esta mulher somente há um mês, mais ou menos, conforme interrogatório, e já matou uma pessoa por sua causa. (...).“. Como advogado de defesa, indique a providência cabível. ▪ Resposta esperada: Advogado poderá interpor Habeas Corpus diante das afirmações peremptórias do magistrado e evidenciando, assim, a possibilidade dos jurados serem influenciados pelo excesso verbal do magistrado. Observa-se que a pronúncia deve conter mero juízo de admissibilidade da acusação onde o juiz deve apontar a materialidade e indicar comedidamente indícios suficientes de autoria (artigo 413, parágrafo 1º, CPP). Teste de aprendizagem: Sobre o procedimento relativo ao Tribunal do Júri, especialmente no que tange à decisão de pronúncia ou impronúncia, nos termos do disposto nos artigos 413 a 421 do CPP, pode-se afirmar que: ▪ Resposta correta: A intimação da sentença de pronúncia do acusado solto que não for encontrado será feita por meio de edital, sendo que o julgamento ocorrerá independentemente do seu comparecimento. Já se o acusado preso não for conduzido ao julgamento, este será adiado, salvo se houver pedido de dispensa de comparecimento subscrito por ele e seu defensor. Aula 04: Absolvição sumária e Desclassificação Casuística: Durante uma briga, Antônio desferiu uma paulada em Cláudio, que, levado ao hospital foi constatado que sua lesão foi de natureza leve e que não houve sequer risco de morte, conforme prontuário médico de atendimento à vítima. Antônio, quando chamado para audiência de instrução e julgamento, foi pronunciado pelo juiz, nos termos do artigo 121, §2º, incisos I e IV do Código Penal. Como advogado de defesa, indique a providência cabível. ▪ Resposta esperada: A defesa deverá interpor Recurso em Sentido Estrito para requerer a desclassificação do fato tendo em vista o conjunto probatório carreado aos autos, ou seja, ausência de indícios suficientes de que o recorrente pretendesse matar a vítima (artigo 581, inciso IV). Teste de aprendizagem: Não há de se falar em crime quando o autor pratica a conduta: ▪ Resposta correta: Em estrito cumprimento de dever legal e no exercício regular de direito. Tema 02 – Júri II Aula 01: Preparação para o plenário Casuística: Rafael, réu preso há mais de um ano, teve sua sessão de julgamento adiada, sem motivo justo, e em seu lugar foi julgado Antônio, réu solto e citado por edital. Como advogado de defesa, indique a providência cabível. ▪ Resposta esperada: Habeas Corpus para trancamento de pauta para que seja dada prioridade ao réu preso, conforme ordem estabelecida pelo artigo 429, incisos I, II e III, do Código de Processo Penal. Teste de aprendizagem: Considerando a legislação processual penal pertinente à fase de preparação para o plenário do Tribunal do Júri, assinale a alternativa incorreta: ▪ Resposta correta: Cabe ao juiz presidente a elaboração de relatório pormenorizado do processo, indicando desde logo seu convencimento sobre a materialidade e autoria do delito, e determinando sua inclusão em pauta da reunião do Tribunal do Júri. Fundamentação: Nos termos dos artigos 422 e 423 do CPP. Aula 02: Formalidades para Instalar a Sessão Plenária Casuística: Após ter sido declarada cessada a incomunicabilidade entre os jurados e declarado prejudicado o exame dos demais quesitos, a digna juíza a quo, enquanto preparava a sentença, reconsiderou a decisão anterior e bastante tempo depois convocou novamente os jurados para retomada da votação em relaçãoaos quesitos faltantes. Como advogado de defesa, indique a providência cabível. ▪ Resposta esperada: Recurso de apelação pedindo nulidade do julgamento por conta da quebra da incomunicabilidade dos jurados. Teste de aprendizagem: O Tribunal do Júri reunir-se-á para as sessões de instrução e julgamento nos períodos e na forma estabelecida pela lei local de organização judiciária. No que tange às formalidades para a instalação da sessão plenária, pode-se afirmar que: I – Até o momento de abertura dos trabalhos da sessão, o juiz presidente decidirá os casos de isenção e dispensa de jurados e o pedido de adiamento de julgamento, mandando consignar em ata as deliberações. II – Após constituído o Conselho de Sentença, as testemunhas serão recolhidas a lugar onde umas não possam ouvir os depoimentos das outras. III - O juiz presidente verificará se a urna contém as cédulas dos 25 (vinte e cinco) jurados sorteados, sendo dispensável a chamada deles. IV – Comparecendo, pelo menos, 15 (quinze) jurados, o juiz presidente declarará instalados os trabalhos, anunciando o processo que será submetido a julgamento. V – Se o Ministério Público não comparecer, o juiz presidente adiará o julgamento para o primeiro dia desimpedido da mesma reunião, cientificadas as partes e as testemunhas. VI – O julgamento também deverá ser adiado pelo não comparecimento do acusado solto, do assistente ou do advogado do querelante, que tiver sido regularmente intimado. Analisando as assertivas supramencionadas, assinale a opção correta: ▪ Resposta correta: Apenas as alternativas I, IV e V estão corretas. Fundamentação: Nos termos dos artigos 454, 455, 457, 460, 462 e 463 do CPP. Aula 03: Colheita da Prova Casuística: Nos debates em plenário, os advogados de defesa pleitearam pela formulação de um quesito acerca do excesso culposo, com o argumento de que será mais benéfico ao réu. Pelo juiz presidente foi dito que o quesito de excesso culposo não é cabível. Com a sua negativa, restou excluída a tese de legítima defesa. Como advogado de defesa, indique a providência cabível. ▪ Resposta esperada: Recurso de apelação pelo cerceamento de defesa. Teste de aprendizagem: A Lei nº 11.689/2008 incluiu, no Código de Processo Penal, uma Seção específica para tratar da “Instrução no Plenário” do Tribunal do Júri. Sobre esse tema, pode-se afirmar que: ▪ Resposta correta: Não se permitirá o uso de algemas no acusado durante o período em que permanecer no plenário do júri, salvo se absolutamente necessário à ordem dos trabalhos, à segurança das testemunhas ou à garantia da integridade física dos presentes. Fundamentação: Nos termos dos artigos 473 a 475 do CPP. Aula 04: Debates Casuística: Durante sessão em plenário, o membro do órgão acusador apresenta prova que não foi devidamente juntada aos autos dentro do prazo legal de 3 dias úteis (art. 479 do CPP). Como advogado de defesa, indique a providência cabível. ▪ Resposta esperada: Recurso de apelação suscitando a nulidade do julgamento diante do desconhecimento da prova não apresentada dentro do prazo por parte do Ministério Público, conforme disposto no artigo 479 do Código de Processo Penal. Teste de aprendizagem: Encerrada a instrução no Plenário do Tribunal do Júri, inicia-se a fase dos debates. Verifique as afirmações relativas a essa fase processual: I – Encerrada a instrução, sempre falará em primeiro lugar o Ministério Público, que fará a acusação, nos limites da pronúncia ou das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação, sustentando, se for o caso, a existência de circunstância agravante. II – O assistente falará depois do Ministério Público e, finda a acusação, terá a palavra a defesa. A acusação poderá replicar e a defesa treplicar, sendo admitida a reinquirição de testemunha já ouvida em plenário. III – O tempo destinado à acusação e à defesa será de uma hora e meia para cada, e de uma hora para a réplica e outro tanto para a tréplica. Havendo mais de um acusador ou mais de um defensor, o tempo para a acusação e a defesa será acrescido de uma hora e elevado ao dobro o da réplica e da tréplica. IV – Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte. V – A acusação, a defesa e os jurados poderão, a qualquer momento e por intermédio do juiz presidente, pedir ao orador que indique a folha dos autos onde se encontra a peça por ele lida ou citada. Faculta-se, ainda, aos jurados solicitar-lhe, pelo mesmo meio, o esclarecimento de fato por ele alegado. Contudo, não é admitido aos jurados solicitarem ao juiz presidente acesso aos autos e aos instrumentos do crime. Analisando as assertivas supramencionadas, assinale a opção correta: ▪ Resposta correta: Apenas as assertivas II e IV estão corretas. Fundamentação: Nos termos dos artigos 476 a 480 do CPP. Tema 03 – Júri III Aula 01: Quesitos Casuística: Maria foi acusada de matar a facadas seu marido José. Dessa forma, está sendo julgada pelo Tribunal do Júri da comarca de Ventura. Durante o julgamento, não foram abordados os quesitos que se referem a existência de causa de diminuição de pena alegada pela defesa. Nesse caso, o julgamento de Maria será: ▪ Resposta esperada: Nulo, por tratar-se de quesito obrigatório. Os quesitos obrigatórios não podem deixar de faltar no julgamento. São quesitos que se referem a classificação do crime e a existência de circunstância atenuante. O entendimento está consubstanciado na aludida Súmula nº 156 do STF. Teste de aprendizagem: Se não for incluído quesito acerca da existência de causa de diminuição de pena alegada pela defesa, o júri é: ▪ Resposta correta: Nulo, por tratar-se de quesito obrigatório. Fundamentação: Os quesitos obrigatórios, os quais não podem deixar de faltar no julgamento, são quesitos que se referem à classificação do crime e à existência de circunstância atenuante - entendimento consubstanciado na aludida Súmula nº 156 do STF. Aula 02: Procedimento da Votação Casuística: Ana foi acusada de matar João depois de uma discussão no trânsito, a mesma foi a júri popular na comarca em que reside. No momento do julgamento, houve, pela minoria dos votos a nulidade processual. Conforme o exposto, podemos dizer que o procedimento de nulidade processual está correto? ▪ Resposta esperada: Não, pois a para que haja nulidade processual pela contradição entre os votos, esta deverá se manifestar nos votos proferidos pela maioria dos jurados, não sendo bastante a incompatibilidade de apenas um ou alguns votos minoritários. Teste de aprendizagem: Sobre o sigilo de votação do júri, assinale a alternativa correta: ▪ Resposta correta: O sigilo nas votações do tribunal do júri é garantido pelo Código de Processo Penal e aplicado a todos os jurados, bem como autoridades presentes na sala especial, sob pena de exclusão do conselho e multa. Fundamentação: O juiz presidente também advertirá os jurados de que, uma vez sorteados, não poderão comunicar-se entre si e com outrem, nem manifestar sua opinião sobre o processo, sob pena de exclusão do Conselho e multa (art. 436 § 1º do CPP). Aula 03: Desclassificação Casuística: No julgamento de Eleonor, cliente de seu escritório, o júri desclassificou o crime doloso para crime culposo. Dessa maneira, levando em consideração o entendimento majoritário da doutrina, responda, qual o tipo de desclassificação é caracterizada nesse caso? ▪ Resposta esperada: Trata-se de desclassificação imprópria. Conforme estudado, a desclassificação imprópria será caracterizada quando os jurados reconhecerem sua incompetência para julgar o crime indicando qual teria sido o delito praticado. Nesta hipótese, segundo o entendimento majoritário, o juiz presidente será obrigado a acatar a decisãodos jurados, condenando o acusado pelo delito por eles indicado. Teste de aprendizagem: Acerca da desclassificação imprópria, assinale a alternativa correta: ▪ É caracterizada quando os jurados reconhecerem sua incompetência para julgar o crime indicando qual teria sido o delito praticado. Aula 04: Sentença Casuística: Mauro foi condenado pelo Tribunal do Júri para cumprir sentença condenatória, no entanto, o mesmo não compareceu ao plenário no dia do julgamento e também não foi avisado da sentença. Considerando essas informações, quando começará o prazo para que Mauro recorra da sentença? ▪ Resposta esperada: O prazo recursal para Mauro somente terá início a partir de sua devida intimação acerca da sentença da decisão do júri, caberá no prazo de 5 (cinco) dias apelação, nos termos do artigo 593 do Código de Processo Penal. Teste de aprendizagem: No rito especial do Tribunal do Júri, contra sentença de absolutória caberá: ▪ Resposta correta: Apelação. Tema 04 – Nulidades Aula 01: Conceito e Natureza Jurídica Casuística: No ato de recebimento da denúncia, o juiz competente, ao consultar os autos, verificou que o denunciado foi interrogado perante a autoridade policial sem a presença de defensor. Notou, ainda, determinados vícios procedimentais de forma nos autos do inquérito policial. Diante dos fatos narrados, esclareça se o magistrado pode reconhecer a nulidade de atos. ▪ Resposta esperada: A doutrina e a jurisprudência pátrias são dominantes no sentido de que não há falar em nulidade de ato praticado nos autos do inquérito policial. Isso porque o inquérito policial é um procedimento administrativo de investigação, consubstanciando peça meramente informativa da denúncia ou da queixa. A nulidade, por sua vez, relaciona-se exclusivamente a atos processuais, isto é, inerentes a um expediente judicial, não havendo, portanto, a hipótese de nulidade de ato produzido em procedimento administrativo preparatório de ação penal. Eventual irregularidade na produção de prova na fase inquisitorial deverá ser sanada pelo juiz durante a instrução do processo – ou mesmo antes, se for preciso –, sob a égide da ampla defesa e do contraditório, como, por exemplo, a produção de determinado laudo pericial. Assim entende o C. Superior Tribunal de Justiça, como se depreende dos seguintes julgados: “A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça consolidou-se no sentido de que eventuais máculas na fase extrajudicial não têm o condão de contaminar a ação penal, dada a natureza meramente informativa do inquérito policial.” (STJ, RHC 54.032/RS, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 27/06/2017, DJe 01/08/2017) "É cediço que o inquérito policial é peça meramente informativa, de modo que o exercício do contraditório e da ampla defesa, garantias que tornam devido o processo legal, não subsistem no âmbito do procedimento administrativo inquisitorial" (STJ, RHC 57.812/PR, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, DJe 22/10/2015). Teste de aprendizagem: Quanto às nulidades no processo penal, é incorreto afirmar: ▪ Resposta correta: O ato processual nulo não emana efeitos desde o início de sua existência. Aula 02: Atos Inexistentes e Irregulares Casuística: Você, advogado, assume determinado caso por ocasião da apresentação de memorial de alegações finais, após o encerramento da instrução do processo. Ao estudar os autos para a elaboração da tese defensiva, você se depara com o grave fato de que diversas decisões judiciais possuíam a assinatura eletrônica de um escrevente do cartório da Vara Criminal. Como você fundamentaria tal vício processual no referido memorial de alegações finais? E qual seria o pedido a ser formulado em relação a tal vício? ▪ Resposta esperada: Ainda que se trate de um erro no momento da assinatura digital, com a inserção do cartão errôneo, é certo que a decisão judicial foi proferida por sujeito desprovido de poder jurisdicional, porquanto assinada por um servidor do cartório. Assim, na condição de advogado, a melhor tese defensiva seria a de que tais decisões judiciais viciadas consistiriam em atos processuais inexistentes, já que a figura do juiz é um pressuposto processual de existência. De mais a mais, uma decisão judicial pressupõe a assinatura de um juiz de direito, sob pena de não possuir um elemento essencial de sua própria constituição jurídica. Logo, a fundamentação estaria lastreada na figura do ato inexistente, com o pedido de refazimento de tais atos processuais e a anulação dos atos processuais posteriores dependentes. Saliente-se, nesse ponto, que o pedido não deverá ser a anulação das decisões judiciais em questão, porque, uma vez inexistentes, simplesmente não comportam anulação (não se pode anular o que não existe). Em que pese tal argumentação defensiva, é possível que o juiz, ao apreciar tal questão, evite o retorno da marcha processual e o prolongamento do processo sob o argumento de que tal vício consistiria em uma mera irregularidade processual. Nessa ótica, o próprio juiz teria elaborado e proferido as referidas decisões judiciais, ao passo que a assinatura digital das decisões seria de responsabilidade do escrevente de sala, a título de auxílio. Tal equívoco do escrevente de sala, sob esse viés interpretativo, não resultaria em qualquer ato inexistente ou nulo, mas tão somente em mera irregularidade, devendo tais decisões ser novamente impressas e juntadas aos autos do processo – dessa vez, com a correta assinatura digital –, inexistindo qualquer prejuízo às partes. Teste de aprendizagem: No que tange os planos do ato processual, é incorreto afirmar que: ▪ Resposta correta: A inexistência do ato processual deve ser aferida por meio de seus elementos de validade e eficácia. Fundamentação: No caso de ato inexistente, sequer é necessário examinar a validade e a eficácia do ato, porque sequer existe perante o mundo jurídico. Um ato inexistente não é passível de anulação no processo porque, por óbvio, não existe. Deve, portanto, tal vício processual ser sanado mediante a superveniência do ato inexistente. Se não há denúncia, elabore-se a denúncia. Se não há sentença proferida por agente público investido de poder jurisdicional, então que um juiz profira uma sentença no processo correspondente. Aula 03: Princípios das Nulidades Casuística: Durante a audiência de instrução em uma ação penal, as testemunhas de defesa foram ouvidas pelo juízo antes das testemunhas de acusação. Ato seguinte, realizou-se o interrogatório do réu, com a superveniência da sentença penal condenatória. Pergunta-se: houve nulidade processual na espécie? Fundamente. ▪ Resposta esperada: Em harmonia com os princípios da instrumentalidade das formas e da economia processual, a doutrina e a jurisprudência pátrias entendem, de modo majoritário, que a inversão na ordem de oitiva das testemunhas em audiência no processo penal configura tão somente nulidade relativa. Por consequência, deve a parte interessada comprovar o efetivo prejuízo decorrente da inversão da ordem em questão, como, por exemplo, um fato novo trazido por uma testemunha de acusação, não podendo uma testemunha de defesa ter sido inquirida a respeito pela própria defesa do acusado. Caso contrário, se houver uma hipótese de mera inobservância de formalidade legal, não haverá falar em nulidade, à medida que o ato processual complexo (audiência de instrução) alcançou seu objetivo final com êxito. Se assim não fosse, o cumprimento de um formalismo legal, ainda que inexistindo prejuízo efetivo às partes, sobrepujaria a própria finalidade do processo, resultando no atraso irracional da prestação jurisdicional. Ressalte-se, no mais, a hipótese de ter havido a prévia concordância das partes quanto à inversão da ordem de oitiva das testemunhas, no momento da audiência. Nesse caso, por se tratar de nulidade relativa,não poderá a parte suscitar posteriormente tal vício, nos termos do art. 565 do Código de Processo Penal, in verbis: “Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa, ou para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte contrária interesse”. Teste de aprendizagem: Assinale a alternativa que melhor retrate o princípio da causalidade dos atos processuais nulos: ▪ A nulidade do ato culmina na nulidade dos atos processuais subsequentes dependentes. Fundamentação: Embora nenhuma afirmação esteja incorreta, somente a alternativa “A nulidade do ato culmina na nulidade dos atos processuais subsequentes dependentes.” espelha a aplicação do princípio da causalidade, o qual se relaciona à invalidade dos atos processuais derivados do primeiro ato anulado, desde que dependentes. Aula 04: Nulidade absoluta e relativa Casuística: Nas razões de um recurso de apelação, o Ministério Público suscitou, preliminarmente, a nulidade do processo por não ter havido a vista dos autos em seu favor antes do proferimento de algumas decisões judiciais. Tal alegação preliminar foi fundamentada no art. 564, III, alínea d, do Código de Processo Penal. Você, na condição de defensor de José, réu apelado, alegaria o que em sede de contrarrazões de apelação para afastar a preliminar arguida pelo órgão ministerial? ▪ Pode-se alegar que, conforme sabido, a previsão disposta no art. 564, III, alínea d, do Código de Processo Penal constitui hipótese de nulidade relativa, tal como defendido, por exemplo, por Guilherme de Souza Nucci. Nessa linha de raciocínio, em se tratando de nulidade relativa, deveria o representante do Ministério Público ter suscitado tal vício de forma no momento processual oportuno, logo após sua ocorrência. Assim não o fazendo, tais atos relativamente nulos restaram convalidados no processo, inexistindo qualquer nulidade passível de reconhecimento já em grau recursal. Nesse sentido, deve-se observar o disposto no art. 572, inciso I, do Código de Processo Penal, in verbis: “As nulidades previstas no art. 564, III, “d” e “e”, segunda parte, “e” e “h”, e IV, considerar-se-ão sanadas: I – se não forem arguidas, em tempo oportuno, de acordo com o disposto no artigo anterior.” Ademais, abstraindo a clara preclusão operada, é certo que a omissão de formalidade alegada pelo órgão ministerial não causou qualquer prejuízo ao recorrente, sendo ônus do Parquet a comprovação do referido prejuízo, o que não ocorreu na espécie. E, como é sabido, inexistindo prejuízo, não há falar em nulidade, a teor do art. 563 do Código de Processo Penal. Teste de aprendizagem: Identifique a alternativa correta: ▪ Resposta correta: A nulidade relativa sujeita-se aos efeitos da preclusão. Fundamentação: Por não abranger questões de ordem pública, diante da menor gravidade do vício processual, denotando interesse exclusivamente particular, deve a parte suscitar a nulidade relativa no momento processual oportuno, sob pena de convalidação do ato processual correspondente. Tema 05 – Teoria Geral dos Recursos Aula 01: Conceito e Natureza Jurídica Casuística: Daniel Amorim foi denunciado pela suposta prática do crime tipificado no art. 121, do Código Penal. Durante a instrução processual, requereram os genitores da vítima o ingresso no processo na condição de assistente de acusação, nos moldes previstos no art. 268, do Código de Processo Penal. Ao analisar o pleito, entendeu o magistrado pelo indeferimento da inclusão, alegando ser o momento processual incompatível com o pedido. Considerando que se trata de decisão irrecorrível (art. 273, do CPP), é possível afirmar que tal hipótese constitui violação ao duplo grau de jurisdição? Está a parte obrigada a se conformar com tal decisão? ▪ Resposta esperada: Não, em que pese ser a sentença irrecorrível e constituir verdadeira exceção em nosso ordenamento, não há no caso narrado a violação ao duplo grau de jurisdição. A não existência de recurso apropriado para impugnação da decisão ou expressa vedação ao recurso não impede que sejam manejadas ações como o habeas corpus e o mandado de segurança, em casos que tragam grave prejuízo à parte. Teste de aprendizagem: Referente à sentença no Tribunal do Júri, é correto afirmar que: ▪ Resposta correta: A garantia do duplo grau de jurisdição é encontrada de forma implícita na Constituição Federal. Fundamentação: A garantia ao duplo grau de jurisdição não está expressamente prevista no texto constitucional. É encontrada de forma implícita na Constituição Federal, através, por exemplo, da previsão da jurisdição superior. Aula 02: Características Casuística: Henrique Aquino, inconformado com a decisão proferida pelo Juiz de Direito da 4ª Vara Criminal de Sorocaba/SP, interpôs determinado recurso, entendendo pertinente para o caso em voga. Ocorre que, por divergência doutrinária, manejou o recurso tido como incorreto pelo órgão julgador. Neste sentido, considerando que ambos os recursos possuem o mesmo prazo e não se constatou má-fé ou erro grosseiro por parte do advogado, é possível invocar algum princípio recursal para se admitir a impugnação efetuada? Discorra sobre este princípio e seus requisitos. ▪ Resposta esperada: Sim, é possível no caso narrado invocar o princípio da fungibilidade, através do qual se admite recurso equivocado, processando-o conforme o rito do recurso que seria cabível, nos termos determinados pelo art. 579 do Código de Processo Penal. Para que seja acatado o recurso, com base no princípio da fungibilidade, deverá se verificar os seguintes requisitos: i) não tenha o recorrente agido de má-fé ou havido erro grosseiro; ii) a interposição do recurso equivocado tenha sido realizada no prazo limite do recurso correto. Teste de aprendizagem: Considerando os princípios e as características dos recursos, assinale a alternativa incorreta: ▪ Resposta correta: O princípio da fungibilidade permite a conversão de um recurso manejado corretamente em outra medida judicial que seja mais favorável ao recorrente. Fundamentação: A alternativa faz menção ao princípio da convolação, através do qual é possível a conversão de um recurso manejado corretamente em outra medida judicial mais favorável ao recorrente. Aula 03: Efeitos Casuística: Coriolano Santo, denunciado pelo crime de estelionato, após a devida instrução processual, restou absolvido pelo juiz de primeiro grau. Inconformado com a decisão prolatada, interpôs o Ministério Público recurso de apelação, questionando apenas o mérito da sentença de primeiro grau e pleiteando a sua reforma. Recebido o recurso, notou o Tribunal de Justiça a presença de nulidade não arguida no recurso da acusação e prejudicial ao apelado. Frente a este cenário, poderá o Tribunal de Justiça reconhecer a nulidade não arguida no recurso da acusação? Discorra sobre o tema. ▪ Resposta esperada: Considerando o recurso da acusação, o efeito devolutivo terá como limite o teor da matéria ventilada pelo Ministério Público, não sendo admissível que o Tribunal de Justiça reconheça nulidade não arguida pela acusação e prejudicial ao réu. Neste sentido é o teor da Súmula 160 do STF: É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não arguida no recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício. Teste de aprendizagem: No que tange os efeitos dos recursos, assinale a alternativa incorreta: ▪ Resposta correta: Ocorre a reformatio in pejus indireta quando há o agravamento da situação do réu pelo Tribunal ao julgar recurso exclusivo da defesa. Fundamentação: Configura-se reformatio in pejus indireta quando, anulada a sentença por recurso exclusivo da defesa, é prolatada nova sentença, porém, impondo pena superior ou condição mais gravosa ao acusado. Aula 04: Condições Casuística: Jonas Silva foi denunciado pela suposta prática do crimede estelionato. Após a instrução processual, restou absolvido pelo juízo de primeiro grau por falta de provas, com base no art. 386, inciso II, do Código de Processo Penal. Em que pese a sentença favorável, deseja Jonas recorrer da decisão de absolvição buscando afastar eventual responsabilidade civil. É admissível o recurso em questão? Há interesse recursal? ▪ Resposta esperada: Sim, no presente caso há interesse recursal. Jonas objetiva modificar o fundamento da absolvição para afastar eventual responsabilidade civil, pleiteando assim sua absolvição por restar: i) provada a inexistência do fato (art. 386, I, do CPP); ii) provado que não concorreu para a infração (art. 386, IV, do CPP); iii) provada a ocorrência de causa que exclua o crime (art. 386, VI, primeira parte, do CPP). Deste modo, o caso narrado não se enquadra à situação descrita no art. 577, do CPP, que determina a não admissão de recurso da parte que não tiver interesse na reforma ou modificação da sentença. Teste de aprendizagem: Referente aos pressupostos recursais, assinale a alternativa incorreta: ▪ Resposta correta: Trata-se o interesse de pressuposto recursal objetivo, não se admitindo recurso da parte que não tiver interesse na reforma ou modificação da decisão. Fundamentação: Trata-se o interesse de pressuposto recursal subjetivo, não se admitindo recurso da parte que não tiver interesse na reforma ou modificação da decisão. Tema 06 – Espécies de Recursos I Aula 01: Recurso em Sentido Estrito Casuística: Leia o seguinte texto e responda: Em um processo por crime de apropriação indébita previdenciária (art. 168-A, CP), a defesa apresentou exceção de coisa julgada, alegando que o réu já teria sido processado pelo mesmo fato, sendo absolvido, decisão que já teria transitado em julgado. O juiz julgou procedente a exceção. O Ministério Público Federal interpôs recurso em sentido estrito, alegando que o referido processo tratava de períodos diversos. A defesa ofereceu contrarrazões. O juiz considerou correta a alegação do MPF e se retratou. A defesa poderá recorrer neste caso? ▪ Resposta esperada: Quando há retratação, o recorrido passa a ter interesse recursal, razão pela qual poderá recorrer mediante simples petição (art. 589, parágrafo único, CPP). Contudo, só será possível recorrer se houver a previsão de recurso para a decisão contrária. No presente caso, a retratação equivale a julgar improcedente a exceção de coisa julgada, e contra tal decisão não há previsão de recurso. Desse modo, a defesa não poderá recorrer. Teste de aprendizagem: Cabe recurso em sentido estrito contra decisão que: ▪ Resposta correta: Denegar a apelação. Aula 02: Apelação Casuística: Leia o seguinte texto e responda: Em um processo em que foi acusado por crime de roubo, José alegou um álibi. Segundo sua versão no dia do crime, ocorrido em Jundiaí-SP, ele estaria no município de Bocaina, no interior de São Paulo, visitando parentes. Para comprovar o álibi, ele juntou imagens de uma rede social, que foram tiradas no dia, arrolou testemunhas que, ouvidas, confirmaram que José passou o final de semana, quando o crime ocorreu, em Bocaina. A defesa pediu a absolvição, nos termos do art. 386, IV, CPP. Com a prova produzida pela defesa, o juiz absolveu o acusado com fundamento no inciso V, do art. 386, CPP. A defesa poderá apelar, para que o réu seja absolvido pelo fundamento do inciso IV? ▪ Resposta esperada: Sim, a defesa poderá apelar. Mesmo tendo sido absolvido, há interesse recursal da defesa em apelar para ser absolvido por um fundamento que lhe é mais favorável, seja do ponto de vista moral, seja porque a absolvição por estar provado que o réu não concorreu para a infração penal (inciso IV) faz coisa julgada no juízo cível e impede a ação de indenização. Teste de aprendizagem: Contra a decisão que pronunciar e impronunciar o acusado: ▪ Resposta correta: Caberão, respectivamente, recurso em sentido estrito e apelação. Aula 03 – Correição Parcial Casuística: Leia o seguinte texto e responda: O Ministério Público ofereceu denúncia contra Abelardo, acusando-o de crime de sonegação fiscal, previsto na Lei 8.137/90. Na denúncia foi arrolado, como testemunha, o fiscal que autuou a empresa de Abelardo, autuação que originou a representação para fins penais. Contudo, o juiz indeferiu a oitiva da testemunha, sob o fundamento de que para comprovar tal crime, bastaria a prova documental. É possível o manejo da correição parcial? ▪ Resposta esperada: Uma das hipóteses de uso da correição parcial apontado pela doutrina é o indeferimento de testemunhas arroladas na inicial. Trata-se de decisão que importa em violação das regras processuais, significando inversão tumultuária. Ademais, não há previsão de recurso contra tal decisão, razão pela qual é cabível a correição parcial. Teste de aprendizagem: Sobre a correição parcial, é correto dizer que: ▪ Resposta correta: Serve para impugnar decisão que importe em inversão tumultuária do processo. Aula 04: Reclamação Casuística: Leia o seguinte texto e responda: Um advogado, no município de Registro, no interior do Estado de São Paulo, foi preso preventivamente, por ordem do juiz da vara criminal daquela comarca, em razão de participação em crime de extorsão (art. 158, CP). Sob a alegação de que não havia local adequado, de acordo com o preceituado no art. 7º, V, do Estatuto da Advocacia, Lei 8.906/1994, o advogado foi recolhido na prisão local. É possível o uso da reclamação nesse caso? ▪ Resposta esperada: O Supremo Tribunal Federal decidiu na Ação Direta de Inconstitucionalidade 1.127 que é constitucional o disposto no art. 7º, V, do Estatuto da Advocacia, que estabelece que o advogado não poderá ser preso, senão em sala do Estado Maior e, na ausência deste, em prisão domiciliar. Por essa razão, o STF já julgou procedente reclamação contra decisão que não concedeu a prisão domiciliar a advogado, no caso de inexistência de sala do Estado Maior (STF — Rcl 5212 — Pleno — Rel. Min. Cármen Lúcia — j. 27/03/2008. STF — Rcl 5161 — Pleno — Rel. Min. Ricardo Lewandowski — j. 17/12/2007). Teste de aprendizagem: Sobre a reclamação, assinale a alternativa incorreta: ▪ Resposta correta: Caberá ainda que tenha transitado em julgado a decisão que se pretende impugnar. Fundamentação: Quando a decisão que se pretende impugnar já transitou em julgado, será incabível a reclamação. Já dispunha dessa forma a súmula 734, STF e assim dispõe o art. 988, § 5º, do CPC. Tema 07 – Espécies de Recursos II Aula 01: Recurso Especial Casuística: Daniel foi denunciado, processado e condenado pela prática do delito de roubo simples em sua modalidade tentada. A pena fixada pelo magistrado foi de dois anos de reclusão em regime aberto. Todavia, atento às particularidades do caso concreto, o referido magistrado concedeu-lhe o benefício da suspensão condicional da execução da pena, sendo certo que, na sentença, não fixou nenhuma condição. Somente a defesa interpôs recurso de apelação, pleiteando a absolvição de Daniel com base na tese de negativa de autoria e, subsidiariamente, a substituição do benefício concedido por uma pena restritiva de direitos. O Tribunal de Justiça, por sua vez, no julgamento da apelação, de forma unânime, negou provimento aos dois pedidos da defesa e, no acórdão, fixou as condições do sursis, haja vista o fato de que o magistrado a quo deixou de fazê-lo na sentença condenatória. Atento ao caso apresentado e tendo como base apenas os elementos fornecidos, qual é o recurso cabível? Explique e Fundamente. ▪ Resposta esperada: O Recurso Cabível é o Recurso Especial, devendo ser interposto com fulcro no artigo 105, III, a, da Constituição Federal, sob a alegação de violação do disposto art. 617 do Código de Processo Penal, já que a fixação das condições cabia ao juiz de 1º grau. Como não houveimpugnação por parte do Ministério Público, a decisão proferida pelo Tribunal configura verdadeira reformatio in pejus, vedada pelo art. 617 do Código de Processo Penal. Teste de aprendizagem: O Ministério Público foi cientificado de acórdão exarado pela 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná, que não acolheu pronunciamento da Procuradoria de Justiça e deu provimento a recurso de apelação da Defesa do réu, por maioria de votos. Na análise da fundamentação judicial, verifica-se que a solução dada pela Corte Paranaense beneficiou o réu e contrariou lei federal, estando a matéria já prequestionada no acórdão. Discordando do que foi decidido, o recurso correto a ser interposto pelo Ministério Público é o: ▪ Resposta correta: Recurso especial dirigido ao Superior Tribunal de Justiça. Fundamentação: Conforme disposição do artigo 105, III, “a” CF. Aula 02: Recurso Extraordinário Casuística: Eduarda é condenada à pena de 30 anos pelo crime bárbaro de extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2.º, do CP). Seu histórico de violência, sua reincidência e maus comportamentos carcerários anteriores levaram o magistrado a condená-la à pena máxima e em regime integralmente fechado por se tratar de crime hediondo segundo a Lei 8.072/1990. A condenação é confirmada de forma unânime pelo tribunal de 2.º Grau, todavia, pela omissão em relação ao regime de cumprimento de pena, são apresentados embargos de declaração. Colocados os embargos em mesa, confirma-se o cumprimento de regime de pena em regime integralmente fechado a ser cumprido em estabelecimento de segurança máxima no interior do Paraná. Suspeita- se, ainda, que Eduarda chefia uma organização criminosa internacional. Com a situação apresentada, na qualidade de advogado, qual o recurso cabível? Explique e fundamente. ▪ Resposta esperada: O recurso cabível para este caso é o Recurso Extraordinário, devendo- se arguir o prequestionamento informando acerca dos embargos de declaração apresentados. Prequestionar significa informar que a matéria já fora objeto de análise nas instâncias inferiores. A Lei 8.072/1990, famosa Lei dos Crimes Hediondos, ao integrar o sistema legal e penal brasileiro, surgiu como uma das demonstrações da política criminal emergencial, ou seja, uma inocente tentativa de trazer maiores rigores aos crimes mais graves de nossa legislação. Uma dessas medidas foi justamente o cumprimento de pena em regime integralmente fechado. Todavia, esta postura contraria diretamente garantias constitucionais, principalmente o princípio da individualização da pena, que deve ser o primeiro fundamento desta questão inédita ora apresentada. Conforme o art. 5.º, XLVI, da CF: “XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:”. O STF, entendendo desta forma, decidiu pela inconstitucionalidade do cumprimento integral no regime fechado e assim surgiram duas súmulas que devem ser colocadas neste recurso extraordinário: Súmula Vinculante 26: “Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2.º da Lei 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico”. Súmula 471 do STJ: “Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional”. Teste de aprendizagem: A respeito dos recursos, é correto afirmar que: ▪ Resposta correta: Segundo o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, o recurso especial não se presta ao exame de suposta afronta a dispositivos constitucionais, sob pena de invasão da competência reservada ao Supremo Tribunal Federal. Fundamentação: Conforme disposto na Súmula 640 do STF, “é cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas de alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível e criminal.” Aula 03: Agravo nos Tribunais Casuística: José, advogado atuante em uma ação penal já em pauta nos tribunais superiores, recebeu por seus estagiários uma notificação que o processo foi atualizado, neste, constava que houve um despacho do Presidente STJ, deferindo a suspensão de execução de uma liminar concedida. Na hipótese citada, há possibilidades de cabimento de um Agravo Regimental por parte de José? ▪ Resposta esperada: Sim, apesar de não existir rol taxativo para o cabimento do Agravo Regimental, ele pode ser interposto contra despacho do Presidente do STJ ou STF que defira ou indefira a suspensão de execução de liminar concedida ou de sentença concessiva em mandado de segurança. Teste de aprendizagem: Quanto ao Agravo Regimental, é correto afirmar que: ▪ Resposta correta: Não poderá o magistrado deixar de encaminhar ao Supremo Tribunal Federal o agravo de instrumento interposto da decisão que não admite recurso extraordinário. Fundamentação: Conforme disposição da Súmula 727 STF, “não pode o magistrado deixar de encaminhar ao Supremo Tribunal Federal o agravo de instrumento interposto da decisão que não admite recurso extraordinário, ainda que referente a causa instaurada no âmbito dos juizados especiais.” Aula 04: Agravo em Execução Casuística: Lucas, 22 anos, foi denunciado e condenado, definitivamente, pela prática de crime de associação para o tráfico, previsto no art. 35 da Lei 11.343/2006, sendo, em razão das circunstâncias do crime, aplicada a pena de seis anos de reclusão em regime inicial semiaberto, entendendo o juiz de conhecimento que o crime não seria hediondo, não tendo sido reconhecida a presença de qualquer agravante ou atenuante. No mês seguinte, após o início do cumprimento da pena, Lucas vem a sofrer nova condenação definitiva, dessa vez pela prática de crime de ameaça anterior ao de associação, sendo-lhe aplicada exclusivamente a pena de multa, razão pela qual não foi determinada a regressão de regime. Após cumprir um ano da pena aplicada pelo crime de associação, o defensor público que defende os interesses de Lucas apresenta requerimento de progressão de regime, destacando que o apenado não sofreu qualquer sanção disciplinar. O magistrado em atuação perante a Vara de Execução Penal da Comarca de Belo Horizonte/MG, órgão competente, indefere o pedido de progressão, sob os seguintes fundamentos: a) o crime de associação para o tráfico, no entender do magistrado, é crime hediondo, tanto que o livramento condicional somente poderá ser deferido após o cumprimento de 2/3 da pena aplicada; b) o apenado é reincidente, diante da nova condenação pela prática de crime de ameaça; c) o requisito objetivo para a progressão de regime seria o cumprimento de 3/5 da pena aplicada e, caso ele não fosse reincidente, seria de 2/5, períodos esses ainda não ultrapassados; d) em relação ao requisito subjetivo, é indispensável a realização de exame criminológico, diante da gravidade dos crimes de associação para o tráfico em geral. Ao tomar conhecimento, de maneira informal, da decisão do magistrado, a família de Lucas procura você, na condição de advogado(a), para a adoção das medidas cabíveis. Após constituição nos autos, a defesa técnica é intimada da decisão de indeferimento do pedido de progressão de regime em 24 de novembro de 2017, sexta-feira, sendo certo que, de segunda a sexta-feira da semana seguinte, todos os dias são úteis em todo o território nacional. Considerando apenas as informações narradas, na condição de advogado(a) de Lucas, qual a peça jurídica cabível? Explique e fundamente. ▪ Resposta esperada: A peça jurídica cabível para este caso é um Agravo em Execução, uma vez Lucas foi condenadopela prática de crime de associação para o tráfico, delito este previsto no art. 35 da Lei 11.343/2006, à pena de seis anos de reclusão em regime inicial semiaberto, destacando o magistrado do conhecimento que o delito não teria natureza hedionda. Após cumprimento de 1/6 da pena, não havendo notícia de não atendimento aos requisitos subjetivos, já que não sofreu qualquer sanção disciplinar, faria jus o apenado à progressão para o regime aberto. Logo, deve-se combater todos os fundamentos apresentados pelo magistrado para indeferir o requerimento de progressão de regime. A priori deveria ser destacado que o delito praticado por Lucas não tem natureza de crime hediondo. Em que pese a Constituição e a Lei 8.072/1990 (Lei de Crimes Hediondos) tenham equiparado o crime de tráfico, tortura e terrorismo aos crimes hediondos, o mesmo não o fez em relação ao delito de associação para o tráfico. Da mesma forma, o rol de delitos de natureza hedionda trazido pelo art. 1.º da Lei 8.072/1990 não menciona o crime de associação para o tráfico. Exatamente em razão disso a jurisprudência, inclusive dos Tribunais Superiores, não considera o delito previsto no art. 35 da Lei 11.343/2006 como de natureza hedionda ou equiparado. Ademais, o próprio juízo de conhecimento havia decidido que o delito não teria natureza hedionda. Conforme vem sendo destacado pela jurisprudência, o simples fato de o art. 44, parágrafo único, da Lei 11.343/2006 exigir para a concessão do livramento condicional o cumprimento de mais de 2/3 da pena não tem o condão de transformar o crime de associação para o tráfico em hediondo, de modo que o livramento exige o cumprimento de 2/3 da pena, enquanto que para progressão de regime basta o cumprimento de 1/6 da pena aplicada. Além disso, não há que se falar em reincidência na hipótese, tendo em vista que a condenação pela prática do crime de ameaça ocorreu após o trânsito em julgado da decisão que condenou Lucas pela prática do crime de associação para o tráfico. De acordo com o art. 63 do Código Penal, configura-se a reincidência quando o agente vem a ser condenado pela prática de crime cometido após condenação anterior, com trânsito em julgado, pela prática de delito pretérito. Assim, não há que se falar em reincidência na hipótese. Exatamente em razão da natureza não hedionda do crime e da ausência de reincidência, o requisito objetivo para Lucas fazer jus à progressão de regime é o cumprimento de 1/6 da pena, período esse já atendido pelo apenado, que cumpriu em regime semiaberto mais de um ano de uma sanção penal de seis anos. Por fim, deve o advogado de Lucas rebater o argumento do magistrado em relação ao requisito subjetivo, que, segundo a decisão questionada, exigiria a realização de exame criminológico. Desde a Lei 10.792/2003 que não mais existe obrigatoriedade da realização de exame criminológico para obtenção de progressão de regime, bastando o atestado de bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento. Certo é que não existe vedação à requisição de realização de exame criminológico para análise de eventual progressão de regime ou livramento condicional. Todavia, a justificativa para tal requerimento deverá ser embasada em fundamentos sólidos de acordo com o caso concreto, não bastando a mera alegação da gravidade em abstrato do delito. Assim, a fundamentação utilizada pelo magistrado a quo não foi idônea, nos termos do Enunciado 439 da Súmula de Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e do Enunciado 26 da Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal (STF). Teste de aprendizagem: José, após responder ao processo cautelarmente preso, foi condenado à pena de oito anos e sete meses de prisão em regime inicialmente fechado. Após alguns anos no sistema carcerário, seu advogado realizou um pedido de livramento condicional, que foi deferido pelo magistrado competente. O membro do parquet entendeu que tal benefício era incabível no momento e deseja recorrer da decisão. Sobre o caso apresentado, assinale a afirmativa que menciona o recurso correto. ▪ Resposta correta: Agravo em Execução, no prazo de 05 (cinco) dias. Fundamentação: Conforme disposto no artigo 197 da LEP (Lei n.º 7.210/84) c/c Súmula 700 STF. Tema 08 – Espécies de Recursos III Aula 01: Embargos de Declaração Casuística: Ciro, famoso comerciante no interior de Minas Gerais, fora acusado pelo crime de receptação (art. 180 do CP), roubo (art. 157 do CP) e associação criminosa (art. 288 do CP). Segundo o Ministério Público, Ciro rouba cargas em outros estados e as revende, além de frequentemente comprar equipamentos eletrônicos roubados. Durante a instrução, o Ministério Público consegue provar a receptação com as provas testemunhal e documental, todavia não consegue demonstrar os crimes de roubo e associação criminosa. Em alegações finais, o membro do Parquet reitera seus argumentos e pede a condenação nos três crimes. Já a defesa apresenta argumentos sólidos e consistentes, além de pedidos subsidiários, tais como eventual condenação exclusiva na receptação e o deferimento da suspensão condicional do processo, segundo o art. 89 da Lei 9.099/1995. O juiz da 18.ª Vara Criminal profere sentença, em 14 de junho de 2013, condenando Ciro a pena mínima de 1 (um) ano, sem indicar por qual/quais delitos e sem uma fundamentação consistente. Somente com os fatos narrados acima, apresente a medida mais célere, exclusiva de advogado(a), para o caso. ▪ Resposta esperada: Como advogado(a), deve-se pedir, com fundamento no artigo 382 do CPP, declaração da sentença, no prazo de dois, para o próprio Juiz de Direito da 18ª Vara Criminal, uma vez que a decisão restou fulminada de omissão e obscuridade, tendo em vista a ausência de manifestação sobre qual o crime que ensejara a condenação em 1 ano, além da falta de provimento jurisdicional acerca da suspensão condicional do processo requerida expressamente pela parte. Teste de aprendizagem: Bartolomeu foi denunciado pela prática dos crimes de estupro (Pena: reclusão, de 06 a 10 anos) e corrupção de menores (Pena: reclusão, de 01 a 04 anos). Em primeira instância, Bartolomeu foi condenado nos termos da denúncia, sendo fixada a pena base em 07 anos do crime de estupro pelo grande trauma causado à vítima, que precisou de tratamento psicológico por anos. A defesa apresentou apelação e o Tribunal, por ocasião do julgamento, decidiu pela redução da pena base do crime de estupro para o mínimo legal, de maneira unânime. Bartolomeu foi, ainda, absolvido do crime de corrupção de menores por maioria de votos. No momento da publicação do acórdão, foi verificado que, apesar de constar que a sanção penal estava sendo acomodada no mínimo legal, foi fixada pena de 06 anos e 06 meses de reclusão em relação ao crime de estupro. Considerando apenas as informações expostas, o Procurador de Justiça, ao ser intimado do teor do acórdão, poderá apresentar: ▪ Resposta correta: Embargos de declaração, mas, mesmo após o esclarecimento, não poderá interpor embargos infringentes. Fundamentação: Nos termos do artigo 609 e artigo 619 do CPP. Aula 02: Embargos Infringentes e de Nulidade Casuística: Isabel foi condenada a pena de dois anos de reclusão e multa pela prática do crime previsto no art. 171, §3º, do Código Penal, porque teria recebido, fraudulentamente, benefício previdenciário, no valor de R$ 25.000,00, em prejuízo do INSS. A sentença determinou o cumprimento da pena em regime aberto, negando expressamente a sua substituição por pena restritiva de direitos. O apelo interposto pela defesa de Isabel teve provimento negado pela 1ª Turma do Tribunal por decisão não unânime. Restou vencido o voto do desembargador Soares que acolhia a preliminar de nulidade da sentença pela ausência de exame pericial no documento utilizado e no mérito, reformava a sentença condenatória para absolver Isabelpor insuficiência de provas para a condenação. Redija a peça processual adequada à situação descrita, invocando todos os fundamentos jurídicos pertinentes. ▪ Resposta esperada: Deve-se opor, com fundamento no art. 609, parágrafo único, do CPP, embargos infringentes e de nulidade, dirigindo o pedido de interposição e as razões do recurso ao próprio Tribunal Regional Federal, tendo-se em vista a divergência existente no que tange à nulidade absoluta e ao mérito, reiterando o pedido de reconhecimento da nulidade absoluta da sentença condenatória em virtude da ausência de exame de corpo de delito obrigatório nos crimes materiais (art. 158 c/c art. 564, III, “b”, do CPP) e da absolvição do embargante por insuficiência de provas (art. 386, VII, do Estatuto Processual Penal). Teste de aprendizagem: É cabível a interposição de embargos infringentes e de nulidade em face de: ▪ Resposta correta: Acórdão não unânime que julga improcedente recurso em sentido estrito interposto pela defesa para reconhecer a extinção da punibilidade do réu. Fundamentação: Nos termos do artigo 609, parágrafo único do CPP. Aula 03: Carta Testemunhável Casuística: João foi pronunciado pela prática de homicídio simples. Intimado da decisão, o(a) defensor(a) não interpôs o recurso cabível. Posteriormente, intimado pessoalmente, o réu assinou termo de recurso, por entender que seria conveniente a revisão da decisão pelo tribunal. Por conta disso, o defensor apresenta as razões do recurso, mas o magistrado rejeita tal recurso, sob a alegação de que a defesa técnica, prevalente sobre a autodefesa, deixara escoar o prazo. Como advogado(a) de João, elabore a peça cabível (diversa de habeas corpus) em seu favor. ▪ Resposta esperada: Deverá o(a) advogado(a) interpor carta testemunhável, com fundamento no art. 639 do CPP, uma vez que a decisão do juiz da primeira fase do Júri denegou o recurso interposto, sob o fundamento da prevalência da defesa técnica sobre a autodefesa. Nesse sentido, deve-se requer o recebimento e o processamento do recurso denegado, sob a tese de que, por interpretação extensiva da súmula 707 do STF, quando há divergência entre defesa técnica e a vontade do acusado, prevalecerá a defesa técnica. Teste de aprendizagem: A respeito da carta testemunhável, assinale a assertiva CORRETA: ▪ Resposta correta: Admite-se seja a carta testemunhável interposta pelo Ministério Público, pelo defensor e pelo assistente de acusação. Fundamentação: Nos termos do artigo 577, Código de Processo Penal. Aula 04: Recurso Ordinário Constitucional Casuística: Cristiano foi denunciado pela prática do delito tipificado no art. 171 do Código Penal. No curso da instrução criminal, o magistrado que presidia o feito decretou a prisão preventiva do réu, com o intuito de garantir a ordem pública, “já que o crime causou grave comoção social, além de tratar-se de um crime grave, que coloca em risco a integridade social, configurando conduta inadequada ao meio social”. O advogado de Cristiano, inconformado com a fundamentação da medida constritiva de liberdade, impetrou habeas corpus perante o Tribunal de Justiça, no intuito de relaxar tal prisão, já que a considerava ilegal, tendo em vista que toda decisão judicial deve estar amparada em uma fundamentação idônea. O Tribunal de Justiça, por unanimidade, não concedeu a ordem, entendendo que a decisão que decretou a prisão preventiva estava corretamente fundamentada. De acordo com a jurisprudência atualizada dos Tribunais Superiores, qual o recurso que o advogado de Cristiano deve manejar visando à reforma do acórdão, em qual o prazo e para qual Tribunal? ▪ Resposta esperada: De acordo com a jurisprudência atualizada, tanto do STJ como do STF, bem como com o mandamento descrito no art. 105, II, “a”, da Constituição Federal, em habeas corpus caberá recurso ordinário. O art. 30 da Lei 8.038/1990 determina ser de cinco dias o prazo para interposição de recurso ordinário contra decisão denegatória de habeas corpus proferida pelos Tribunais dos Estados. No caso narrado no enunciado, o recurso deve ser dirigido ao Superior Tribunal de Justiça, conforme informa o art. 105, II, “a”, da Constituição Federal, já que se trata de decisão proferida pelo Tribunal de Justiça. Teste de aprendizagem: Maurício foi denunciado pela prática do delito de estelionato perante a 1.ª Vara Criminal de Justiça de Belo Horizonte – MG. Por entender que não havia justa causa para a ação penal, o advogado contratado pelo réu impetrou habeas corpus perante o TJ/MG, que, por maioria de votos, denegou a ordem. Nessa situação hipotética, em face da inexistência de ambiguidade, omissão, contradição, ou obscuridade no acórdão, caberá recurso: ▪ Resposta correta: Recurso Ordinário Constitucional ao STJ, nos termos do artigo 105, II, a, da Constituição Federal. Tema 09 – Ações de Impugnação: Habeas Corpus Aula 01: Conceito, Origem e Natureza Jurídica Casuística: Caio foi preso em flagrante na posse de 15 porções individualizadas de cocaína e 5 porções de maconha, tendo sido incurso na prática do crime previsto no art. 33, caput, da Lei nº 11.343/06. O juiz competente houve por bem converter a prisão em flagrante em prisão preventiva, fundamentando tal decisão exclusivamente na gravidade abstrata do crime imputado ao agente, embora este seja primário e ostente bons antecedentes, além de ter ocupação lícita e residência fixa. Você, na condição de defensor, resolve impetrar habeas corpus em favor de Caio. Especifique: a) a autoridade competente para o julgamento do habeas corpus; b) os requisitos da petição inicial; c) a fundamentação normativa; d) a possibilidade de pedido liminar; e) o conteúdo do pedido final. ▪ Resposta esperada: a) A autoridade competente para o julgamento do habeas corpus será o Tribunal de Justiça ou o Tribunal Regional Federal, uma vez que a autoridade coatora foi o magistrado de primeiro grau. b) Quanto à petição inicial, é importante observar que o habeas corpus é uma ação de conhecimento, devendo o impetrante se atentar, portanto, às condições da ação e aos pressupostos processuais. Em relação à aptidão da petição inicial (pressuposto processual de validade), deverá o impetrante observar os requisitos específicos previstos no art. 654, § 1º, do Código de Processo Penal, como a especificação do nome do paciente e da autoridade coatora; a descrição fática da coação ilegal e as razões jurídicas correspondentes; e a assinatura do impetrante. c) A fundamentação do habeas corpus, nesse caso, deve partir sempre da previsão constitucional (CF, art. 5º, inciso LXVIII). No plano infraconstitucional, é importante mencionar o disposto nos arts. 647 e 648 do Código de Processo Penal, salientando que, nesse caso, a “coação ilegal” é fundada na ausência de “justa causa” para a prisão preventiva (hipótese genérica constante no art. 648, inciso I, do CPP), uma vez não preenchidos os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal no caso concreto (segundo, é claro, o entendimento do defensor). Deverá o defensor, portanto, ressaltar que a gravidade abstrata do delito não é suficiente para, por si só, justificar a segregação cautelar, conforme amplamente delineado pela jurisprudência pátria.1 E, no presente caso, as condições pessoais do agente são favoráveis, ao passo que a quantidade de droga é pequena, de maneira a justificar a concessão da liberdade provisória. d) O pedido liminar encontra cabimento na espécie, por se tratar de uma ação de conhecimento. 1 Por todos: “PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. SÚMULA 691/STF. FLAGRANTE ILEGALIDADE. SUPERAÇÃO. TRÁFICO DE DROGAS. PRISÃO PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA, DE OFÍCIO. 1. Nos termos do Enunciado n. 691 da Súmula do Supremo Tribunal Federal, não é cabível habeascorpus contra indeferimento de pedido de liminar em outro writ, salvo em casos de flagrante ilegalidade ou teratologia da decisão singular, sob pena de indevida supressão de instância. No caso, observa-se flagrante ilegalidade a permitir a superação do referido óbice sumular. 2. A prisão preventiva do paciente foi decretada com base em fundamentos genéricos relacionados à gravidade abstrata e no caráter hediondo do crime de tráfico de drogas. Não foram apontados dados concretos a justificar a segregação provisória, nos termos do que dispõe o art. 312 do Código de Processo Penal. Nem mesmo a quantidade do entorpecente apreendido - 10,637 gramas de cocaína - pode ser considerada relevante a ponto de autorizar, por si só, a custódia cautelar do paciente, sobretudo quando considerada sua primariedade e seus bons antecedentes.3. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida, de ofício, para revogar a prisão preventiva do paciente, mediante a aplicação das medidas cautelares previstas no art. 319 do Código de Processo Penal, a critério do Juízo de primeiro grau.” (HC 411.792/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 19/10/2017, DJe 25/10/2017). Deverá tal pedido observar os requisitos da tutela cautelar, com a demonstração do periculum in mora e do fumus boni iuris, ambos lastreados em prova pré-constituída. A fundamentação legal, por sua vez, embora desnecessária porque decorrente da própria natureza jurídica do instituto do habeas corpus, poderá ser realizada com fulcro nos arts. 649 e 660, § 2º, ambos do Código de Processo Penal. e) Já o pedido final, por fim, consistirá no requerimento de concessão da ordem de habeas corpus, fazendo cessar a coação ilegal em questão, com a revogação da prisão preventiva e a expedição de alvará de soltura. Poderá o impetrante pugnar, subsidiariamente, se assim entender a autoridade competente, pela fixação de medidas cautelares diversas da prisão, caso a liberdade provisória sem fiança não se mostre possível. Teste de aprendizagem: Quanto ao habeas corpus, é correto afirmar: ▪ Resposta correta: O direito de locomoção tutelado pelo habeas corpus não se resume à liberdade de ir e vir. Aula 02: Condições da Ação e Competência Casuística: Em determinado caso, o magistrado competente indeferiu a petição inicial de um habeas corpus. Como fundamento, mencionou que a pessoa jurídica não possui legitimidade ativa para impetrar habeas corpus e que a autoridade coatora apontada na exordial também carece de legitimidade passiva ad causam, já que tal pessoa não pode ser um particular. Ademais, afirmou o magistrado que o impetrante não possui interesse de agir, tendo em vista a inadequação da via do habeas corpus em questão, já que seria possível o ajuizamento de uma ação judicial comum para discutir a suposta coação ilegal à liberdade de locomoção do paciente. Pergunta-se: andou bem o magistrado? Qual seria o instrumento processual cabível para questionar tal decisão? ▪ Resposta esperada: O magistrado não decidiu de maneira acertada, por diversos motivos. Em primeiro lugar, conforme estudamos, a pessoa jurídica pode, sim, impetrar habeas corpus, possuindo legitimidade ativa para a causa, como ocorre nos casos da OAB, sindicatos e associações em geral. Também estudamos, de mais a mais, que a pessoa física pode ser autoridade coatora, haja vista a eficácia horizontal dos direitos fundamentais, desde que seja a responsável pelo ato coator prejudicial à liberdade de locomoção de terceiro. A fundamentação inerente à ausência de interesse de agir encontra-se totalmente equivocada, porquanto o mero fato de existir outra via processual à disposição do impetrante, como uma ação de conhecimento comum, não retira seu interesse para a impetração de um habeas corpus, sobretudo nos casos onde, além de uma ilegalidade flagrante, há urgência para a apreciação da coação ilegal por parte da autoridade judicial competente. Se assim não fosse, haveria uma patente hipótese de cerceamento do direito de ação do interessado, o qual não teria sua pretensão examinada em tempo hábil pelo Poder Judiciário, em clara violação aos princípios processuais penais, sobretudo o devido processo legal. Por fim, o recurso cabível para a impugnação da referida decisão é o recurso em sentido estrito, nos termos do art. 581, inciso X, do Código de Processo Penal. De todo modo, um novo habeas corpus poderá ser impetrado perante o Tribunal competente, tendo a mesma causa de pedir e idêntico pedido, desde que demonstrada a urgência na apreciação da medida e a insuficiência do RESE, salientando que a autoridade coatora, agora, seria o magistrado prolator de tal decisão. Teste de aprendizagem: Não compete ao Supremo Tribunal Federal julgar ações de habeas corpus impetradas contra: ▪ Resposta correta: Governador do Distrito Federal. Fundamentação: Segundo o art. 105, inciso I, alínea c, da Constituição Federal, compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar habeas corpus que possui como autoridades coatoras, dentre outras, os Governadores do Estado e do Distrito Federal. Nos demais casos, a competência é, de fato, do Supremo Tribunal Federal. Aula 03: Requisitos e Espécies de Habeas Corpus Casuística: Beltrano foi denunciado pela suposta prática do crime de estelionato, porque teria prometido a seu cliente a vitória em um processo judicial trabalhista, o que acabou não se concretizando. O juiz competente houve por bem receber a denúncia, sob o entendimento genérico de que não seria caso de absolvição sumária, existindo prova da materialidade delitiva e indícios de autoria. Indaga-se: seria cabível a impetração de um habeas corpus no caso em exame? ▪ Resposta esperada: Na condição de advogado, seria possível a impetração de um habeas corpus perante o Tribunal de Justiça competente com o fim de se buscar o imediato trancamento da ação penal. Embora se trate de uma medida excepcional, o trancamento da ação penal em sede de habeas corpus é cabível quando estiver evidenciada, de maneira flagrante e com lastro em prova pré-constituída, a atipicidade da conduta, a extinção da punibilidade ou a patente ausência de indícios de autoria. Nesse sentido, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é pacífica: HC 95.058/ES, Rel. Min. Ricardo Lewandowski; HC 89.398/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia; HC 84.738/PR, Rel. Min. Marco Aurélio; e HC 92.183/PE, Rel. Min. Carlos Britto. Portanto, deverá o advogado impetrante sustentar a cristalina atipicidade da conduta descrita na denúncia, inexistindo sequer menção à fraude e ao induzimento da vítima a erro, razão pela qual, segundo a argumentação defensiva, tal conduta de Beltrano não constituiria crime de estelionato por não se amoldar ao tipo penal correspondente, tornando de rigor o trancamento imediato da ação penal por ausência de justa causa. Nesse caso, a ordem de habeas corpus não resultará na expedição de alvará de soltura ou contramandado de prisão, mas tão somente na expedição de um ofício destinado à autoridade coatora, determinando o imediato trancamento da ação penal em tela. Teste de aprendizagem: Assinale a alternativa correta: ▪ Resposta correta: As hipóteses de coação ilegal previstas em lei são meramente exemplificativas. Fundamentação: O rol previsto no art. 648 do Código de Processo Penal é exemplificativo, e não taxativo. É impossível o legislador prever todas as hipóteses de coação ilegal, porquanto são mutáveis e ajustáveis ao caso concreto, de modo que, a fim de se evitar lesões em geral aos direitos do paciente, se entende que outras medidas ilícitas podem ser consideradas como coação ilegal. O que importa, aqui, é a violação ao direito de locomoção no caso concreto, e não a forma prescrita em lei para esta violação. Aula 04: Pontos Polêmicos Casuística: Maria, então primária, foi sentenciada à pena de 5 anos e 4 meses de reclusão, emregime inicial fechado, além de 13 dias-multa, pela prática do crime de roubo majorado, tendo a sentença condenatória já transitado em julgado. Entretanto, em sede de execução definitiva da pena, Maria já cumpriu pena em regime inicial fechado por período superior a 3 anos, não tendo sido, até o presente momento, concedida a progressão de regime prisional ou qualquer outro benefício, como o livramento condicional. Você, na qualidade de defensor de Maria, peticionou nos autos da execução penal, a fim de obter o benefício da progressão prisional em favor da sentenciada, tendo o magistrado competente indeferido tal pleito. Poderá ser impetrado habeas corpus contra a decisão proferida pelo magistrado ou somente será cabível o recurso de agravo em execução, próprio à discussão de tal matéria? ▪ Resposta esperada: No âmbito de matéria inerente à execução penal, em regra, o instrumento mais adequado é o recurso de agravo em execução, haja vista o confronto entre a exigência de prova pré-constituída em habeas corpus e as especificidades de cada execução penal (datas, contagem de prazos, benefícios concedidos, situação do preso etc.). Entretanto, em casos onde há uma flagrante ilegalidade na execução e desde que a exordial seja suficientemente instruída com documentos hábeis a ilustrar a questão e formar o livre convencimento motivado do magistrado, o habeas corpus poderá ser manejado em favor do reeducando, com o fim de fazer cessar a lesão ao seu direito de locomoção. No caso ora proposto, verifica-se fazer jus a sentenciada à progressão ao regime prisional semiaberto e até mesmo aberto, haja vista o lapso temporal de cumprimento da pena, desde que preenchidos os requisitos legais de cunho objetivo e subjetivo. Portanto, caso a exordial do habeas corpus seja instruída, por exemplo, com o prontuário da reeducanda, com todas as informações inerentes ao cumprimento da pena no estabelecimento prisional; o cálculo de pena realizado pela serventia do juízo a quo; e os documentos inerentes à condenação transitada em julgado e à execução penal em geral, poderá tal progressão, em tese, ser obtida por meio da referida ação constitucional, com a concessão da ordem de habeas corpus. Nessa hipótese, será determinada a progressão ao regime prisional mais benéfico, direito subjetivo da reeducanda, com a consequente expedição de alvará de soltura. Teste de aprendizagem: É incorreto afirmar: ▪ Resposta correta: Em ação de alimentos, cabe tão somente a impetração de mandado de segurança. Fundamentação: O habeas corpus não é um instrumento exclusivamente penal. A prisão civil de devedor de alimentos relaciona-se diretamente com o direito de locomoção, podendo, portanto, ser discutida em sede de habeas corpus, cuja competência para julgamento será da autoridade judiciária civil. Tema 10 – Ações de Impugnação – Revisão Criminal e Mandado de Segurança Aula 01: Revisão Criminal I Casuística: João, condenado em 1ª instância por duplo homicídio culposo na direção de veículo automotor, interpôs recurso de apelação, arguindo, como tese principal, o reconhecimento do perdão judicial, visto que uma vítima era sua namorada e, a outra, um amigo bastante próximo. O Tribunal de Justiça, em duplo grau recursal, deu provimento ao pedido, extinguindo a punibilidade de João. A decisão transitou em julgado. Pouco tempo depois do trânsito em julgado, saiu uma nota de recall do fabricante do veículo, tendo em vista que acidentes de semelhante origem ocorreram e a própria fabricante verificou que carros automáticos daquela série apresentaram defeitos de fábrica. Diante disso, foi requerido um laudo, que apresentou conclusões apontando a presença do mesmo defeito no veículo do sentenciado. Razão pela qual ingressou com Revisão Criminal com o fito de obter a absolvição. O ajuizamento da ação revisional é possível? ▪ Resposta esperada: É controversa a natureza jurídica da decisão que concede o perdão judicial. A depender da natureza jurídica adotada, haverá, ou não, a possibilidade de ajuizamento da ação revisional. Alguns entendem tratar-se de decisão condenatória, pois o raciocínio do magistrado é vislumbrar a culpa do réu para poder perdoá-lo. Não se concede clemência ao inocente, mas, sim, ao culpado, que não merece cumprir pena1. Para essa corrente, adotada pelo doutrinador Guilherme de Souza Nucci, é perfeitamente cabível a Revisão Criminal, porquanto inegáveis os efeitos secundários da decisão condenatória, como a inclusão do nome do réu no rol dos culpados, antecedentes e obrigação de reparar o dano. Predomina, contudo, o entendimento segundo o qual a decisão concessiva de perdão judicial possui natureza declaratória. Nesse prisma, a Súmula 18, do STJ: “A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório”. Para essa corrente, não haveria necessidade de ajuizamento da Revisão Criminal, pois inexistem efeitos da decisão proferida. Teste de aprendizagem: Assinale a alternativa correta no que concerne à revisão criminal, tratada nos artigos 621 a 630 do CPP. ▪ Resposta correta: É pedido que pode ser articulado a qualquer tempo, antes da extinção da pena ou após. Aula 02: Revisão Criminal II Casuística: Antônio, condenado em 1ª instância, teve seu recurso de apelação não conhecido porque não estava recolhido à prisão, nos termos dos artigos 594 e 495, do CPP, vigentes à época (Art. 594: “O réu não poderá apelar sem recolher-se à prisão, ou prestar fiança, salvo se for primário e de bons antecedentes, assim reconhecido na sentença condenatória, ou condenado por crime de que se livre solto. Art. 595: Se o réu condenado fugir depois de haver apelado, será declarada deserta a apelação”). A Súmula nº 09, do STJ, corroborava a previsão legal, ao destacar que “a exigência da prisão provisória, para apelar, não ofende a garantia constitucional da presunção da inocência”. Não conhecida a apelação, a condenação de Antônio transitou em julgado. Tempos depois, em especial por influência da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, houve uma mutação jurisprudencial, cancelando a súmula, resultando, inclusive, na revogação dos mencionados artigos. Firmou-se que o conhecimento do recurso de apelação do réu independe de sua prisão (Súmula 347, STJ). Sobrevindo novo entendimento, fruto de mutação jurisprudencial, o que o advogado de Antônio poderia fazer no caso em apreço? Mesmo depois de anos, a apelação interposta por Antônio poderia ser analisada? ▪ Resposta esperada: Entende-se que a mutação jurisprudencial, quando, obviamente, benéfica ao acusado, autoriza o ajuizamento da Revisão Criminal. O caso em apreço retrata esse cenário. Muitos foram os que, à época, tiveram o direito ao duplo grau de jurisdição negado, posto não terem se recolhido à prisão (ou fugido da Penitenciária). Superado esse entendimento, violador da ampla defesa, o advogado de Antônio poderia ajuizar a ação revisional, pleiteando o direito ao duplo grau de jurisdição. Assim, o trânsito em julgado da decisão que não conheceu da apelação em virtude do não recolhimento do réu à prisão seria desconstituído, permitindo-se que o apelo fosse apreciado pelo Tribunal. Teste de aprendizagem: Sobre a revisão criminal, é correto afirmar: ▪ Resposta correta: A revisão criminal poderá ser proposta para beneficiar o condenado que faleceu. Aula 03: Revisão Criminal III Casuística: José foi absolvido em 1ª instância após ser denunciado pela prática de um crime de extorsão em face de Marina. O Ministério Público interpôs recurso de apelação, sendo a sentença de primeiro grau reformada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo para condenar o réu à pena de 05 anos, sendo certo que o acórdão transitou em julgado. Sete anos depois da condenação, já tendo cumprido integralmente a pena, José vem a falecer. Posteriormente,
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