Buscar

Guerra do Peloponeso e a Compreensão da História

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

Aula 5: A Crise de sistema Políade e ascensão dos Macedônios 
 
 
Como conhecemos a história da Guerra do Peloponeso? 
Temos um cronista de guerra, alguém capaz de nos contar com detalhes das 
batalhas, dos feitos, realizados pelos gregos. Será? 
Será que estudar a história é isso? Achar o relato de um contemporâneo e usar 
o que ele nos conta para sabermos com detalhes o que aconteceu no 
passado? 
Isso passa pela compreensão do que é história, de qual é o seu objetivo... 
Antes de passarmos para a Guerra propriamente dita, vamos conhecer um 
pouco a grande opositora de Atenas: Esparta??? 
Esparta era uma pólis situada na região conhecida como Lacedemônia. 
Baseava seu modelo político em uma oligarquia governada por dois reis. Após 
o século VI a.C, houve uma diminuição de sua produção cultural e 
fortalecimento de um modelo militarista. 
Os espartanos chamavam seus cidadãos de esparciatas. Sua educação 
iniciava-se por volta dos 7 anos, quando eram obrigados a viver com os demais 
cidadãos da pólis em um regime de caserna. Eram fisicamente habilitados à 
luta, aprendendo a sobreviver ao frio e à fome. As meninas também eram 
obrigadas à prática da atividade física para se tornarem boas “parideiras”. 
Ao nascerem, as crianças eram conduzidas aos éforos, que avaliavam suas 
características físicas. Caso possuíssem algum tipo de deformidade, eram 
jogadas do Monte Taigeto por não servirem aos interesses da comunidade. 
Para manter esse modelo, os espartanos submeteram populações vizinhas da 
Lacônia e constuitíram duas formas de submissão: os periecos e os hilotas. Os 
periecos poderiam se dedicar às atividades comerciais e ao artesanato. 
Não possuíam direitos políticos e gozavam de autonomia limitada. Contribuíam 
com impostos e eram obrigados a servir o exército espartano em unidades 
diferenciadas. Os hilotas eram subordinados, exerciam atividades bastante 
pesadas e pagavam tributos. Eram mantidos em suas terras o que os faziam 
ainda mais revoltados. Os espartanos viviam temerosos de uma rebelião desse 
grupo. 
Atenas, como vimos na última aula, vem de um grande desenvolvimento 
cultural. A cidade (pólis) é construída em torno da valorização da escrita. Seus 
referenciais de poder passam necessariamente pelo desenvolvimento da 
filosofia e do pensamento escrito. Esse elemento é central dentro de Atenas. 
Após as vitórias diante dos persas, Atenas passa a ser o centro do poder 
grego, a liderança da liga de Delos. Cobra impostos, o que garante sua posição 
de representante máxima dos exércitos. 
Esparta, tradicional potência militar da região do Peloponeso, inicia uma 
sistemática resistência ao crescimento ateniense. O ponto crítico se dá quando 
os Coríntios se recusam a permanecer na liga de Delos e os espartanos 
 afirmam que, se houvesse qualquer ataque a esses, a guerra começaria. 
E assim se fez. Certeza? 
A guerra do Peloponeso é diferente de outras guerras da antiguidade, como 
afirma Finley. Ela se torna famosa não pelos seus efeitos de maneira direta, 
mas sim pelo fato de ser narrada por Tucídides. 
 
Claro que devemos relativizar, Tucídides era um ateniense relatando os 
eventos da guerra do Peloponeso, financiado por um dos principais líderes 
atenienses, Péricles.Finley, em O Uso e o Abuso da História, mais 
especificamente no artigo os gregos antigos e sua nação, sinaliza para 
desconstruir a ideia de que a Guerra do Peloponeso foi uma guerra civil ou 
coisa que o valha. É essencial captar o tom contextual exato. Todo grego 
antigo, vivendo numa sociedade complexa, pertencia a uma multiplicidade de 
grupos. Sabemos que as poleis guardavam grande proximidade cultural, mas 
isso não fazia dela uma nação no sentido moderno. 
Após a perda da última frota no final do extenuante conflito com Esparta, os 
atenienses concederam - num gesto sem precedentes - a cidadania ática a 
Samos, o aliado mais fiel, isto é, fizeram uma tardia e desesperada tentativa 
para se duplicar como comunidade.A efêmera medida foi revertida pela 
rendição de Atenas em abril de 404 e pela expulsão, uns meses depois, dos 
democratas de Samos por parte do golpista ateniense, Lisandro. Pouco tempo 
depois, foi de novo posta em prática pela democracia restaurada no arcontado 
de Euclides. Era uma maneira de honrar os democratas exilados de Samos. 
Setenta anos mais tarde, quando Filipe da Macedônia derrotou, em Queroneia, 
a coligação chefiada por Atenas e pareceu por momentos que o vencedor, 
famoso por ser capaz de arrasar totalmente as cidades vencidas, se dirigia 
para uma Atenas praticamente indefesa, um político democrático tão irregular 
na militância como original na sua vida privada. Hipérides, propôs a libertação 
de cento e cinquenta mil escravos agrícola e mineiros. Todavia, acabou por se 
julgado pela sua ilegal iniciativa, acusado de ser agitador. 
Cânfora sinaliza que, no final do século V, mais precisamente no último 
trintênio, iniciara-se no mundo grego uma fase de conflitos extremamente 
sangrenta: uma guerra que envolvera quase todas as cidades deixando pouco 
espaço aos neutrais - uma guerra entre todos as cidades estado da Grécia 
antiga, isto transforma os espaços da Grécia antiga, trabalha com a própria 
concepção do poder no mundo ateniense. 
 
Péricles, naturalmente, conhecia bem as etapas e os truques de uma carreira. 
 Quando Ésquilo pôs em cena Os Persas, a tragédia que exaltava Temístocles, 
foi ele quem se responsabilizou pelas despesas de instrução do coro. A 
imagem corrente é que Péricles corrompeu as massas introduzindo 
pagamentos estatais para a participação nos espetáculos e para a participação 
nos júris do tribunal, além de outras remunerações públicas e festas. A adoção 
sistemática destas formas de salário estatal moldou a democracia ateniense no 
período de seu maior florescimento, consolidando a imagem de liderança 
aristocrática. 
Quando o Péricles de Tucídides descreve o sistema político ateniense, opõe 
democracia à liberdade: a falta de outro termo - diz ele - costumamos atribuir a 
este regime a designação de democracia porque envolve a maioria na pleiteia: 
trata-se, porém, de um sistema político livre. Em certo sentido, o orador 
estabelece uma antítese entre democracia e liberdade. 
Então a própria guerra transforma e enfraquece a organização do mundo 
grego. As oligarquias estão ampliadas, a relação com os estrangeiros será 
revista, uma vez que Macedônios, por exemplo, já estão incorporados à 
Hélade. 
Mossé, em seu livro O Processo de Sócrates é bem dramático sobre esse 
momento: "Se Atenas, com efeito, durante a maior parte do século V foi a 
cidade-Estado mais poderosa do mundo grego, se no momento em que 
Péricles pronunciava o elogio da democracia, a guerra, que durava há um ano, 
ainda não tinha calado suas forças atuantes, não ia mais fazê-lo no início do 
século IV. Um quarto de século de conflitos, que para simplificar, chamamos 
de guerra do Peloponeso, tinha feito dela uma cidade vencida, uma cidade 
assassinada, uma cidade dilacerada. 
Xenofontes, continuador do relato de Tucídides, comemora a vitória de Esparta 
como uma vitória da liberdade. Não devemos entender que o domínio 
oligárquico espartano tenha sido melhor que o ateniense. No entanto, significou 
o distanciamento de Atenas do centro de poder. Claude Mossé demonstra a 
substituição dos modelos políticos da Hélade por centros oligárquicos e pela 
ascensão dos macedônios no mundo grego. 
Os macedônios não eram estranhos no mundo ateniense.Eles participavam no 
século V das Olimpíadas e participaram em alguns momentos de batalhas do 
mundo grego. 
 
Acontece que a Macedônia era uma região maior que as principais cidadesEstado, tinha uma economia e um sistema de guerra. No entanto, o mundo 
grego era referência cultural mais importante, tinha sistemas complexos e 
construções que geravam admiração dos grupos tratados como bárbaros, 
como os macedônios. 
 
Alexandre da Macedônia ganha notoriedade durante o período tebano, ou seja, 
após a derrota de Esparta em novo embate entre as poleis gregas. As 
tradicionais cidades-Estado estavam enfraquecidas, empobrecidas e 
precisavam do apoio militar de Felipe. Ele envia então, nobres para serem 
educados nos valores do mundo grego. Um deles é seu filho, Alexandre. 
Felipe II da Macedônia apaixonou-se pela bela sacerdotisa tebana, a princesa 
Olímpia, no século IV. Boa parte da história sobre Alexandre é escrita por 
Plutarco, grego do século II. A distância temporal em sua narrativa faz com que 
tenhamos cuidado em apreciar seus relatos. 
 
Alexandre, o Grande, é a figura do marco decisivo entre o período chamado 
helenístico (até o século II d.C.) e o que o precedeu. O relacionamento entre 
macedônios e gregos é historicamente complexo. Embora as cidades-Estados 
gregas fossem primeiramente democracias ou oligarquias, Macedônia era um 
reino composto por cantões separados governados por líderes locais 
poderosos. 
Ao iniciar seu relacionamento com os Macedônios, os gregos começaram a 
repensar seus padrões culturais. Os gregos esperaram determinados 
comportamentos para demonstrar que você era grego: participação nos jogos e 
consulta aos oráculos, por exemplo. Os macedônios participavam nesses 
eventos, mas eram geralmente os reis macedônios que afirmaram ser gregos. 
Filipe II foi visto como o homem que transformou a Macedônia e fez dos 
macedônios, gregos. Filipe certamente nunca esperou assentar ao trono de rei. 
Seu pai, Amyntas III (393-370 BC), tinha dois filhos mais velhos que 
precederam Filipe II no trono. Alexander II (370-368 BC), que foi assassinado 
por seu cunhado e Perdiccas III, que governou entre 360-359. 
O reinado de Alexandre foi marcado por guerras nas fronteiras, em especial 
contra as tribos do norte que pacificou usando técnicas bastante gregas: 
diplomacia, corrupção e aliança militar. 
Após ter fixado as fronteiras do norte de seu reino, as ambições de Felipe se 
moveram para o sul e o leste. Uma vez que tinha capturado as minas de ouro 
de Mt. Pangaion, a etapa seguinte era tratar das cidades do Chalcidice: 
Torone, Olynthus, e Amphipolis. Esse movimento acabou por envolvê-lo em um 
conflito com Atenas que considerava Amphipolis como sua própria colônia. 
Filipe II expandiu seu território ora apoiando, ora atacando as poleis gregas, 
valendo-se de suas próprias disputas, até os limites de Termópolis. Filipe 
torna-se um dos poderes mais importantes do mundo grego, a ponto de no 
século IV, Demóstenes, um orador ateniense, defender claramente na Ágora a 
aliança com Felipe. 
 
Em 338, o último exército livre dos gregos foi destruído pelos macedônios, 
com o Felipe comandando diretamente o exército com seu filho de 16, 
Alexandre, na frente de batalha. Em Coríntios, Felipe estabelece a liga 
helênica, mas não reivindica um poder rela frente aos gregos. 
Dois anos mais tarde, em 336, Felipe foi assassinado e sucedido por seu filho, 
Alexandre. A vitória macedônica iniciaria uma era nova, em que os exércitos 
de Alexandre levariam elementos da cultura grega de Atenas a Afeganistão, 
mas não até a guerra da independência de encontro aos turcos, 2.100 anos 
mais tarde, os gregos estariam livres. 
A construção mítica trabalha a ideia de que na noite de núpcias, antes de 
Felipe possuir Olímpia fisicamente, Zeus desce como um raio e a engravida. 
 Felipe, desconfiado, prende Olímpia em uma torre na floresta até que seu filho 
a reconduz ao trono ao seu lado. Caros, não podemos pensar no mito de 
maneira dura, mas entender sua representatividade. 
Primeiro, a união de Felipe com o mundo grego, foi feita através de uma 
aliança humana. O “bárbaro” e da bela sacerdotisa, a representante divina. 
Alexandre, como sucessor do trono macedônio, teria sido concebido por Zeus, 
ou seja, era, antes de tudo, filho do mundo grego e de sua tradição. 
Nesse sentido, é que entendemos a legitimidade alcançada por Alexandre. 
 Sem dúvida um domínio aristocrático nas póleis, que não representavam uma 
monarquia, como a compreendemos, mas um reconhecimento aristocrático do 
poder macedônico em torno de Alexandre. Educado por Aristóteles, a 
legitimidade Alexandrina fica ainda maior. Em 336 a.C., Alexandre ascende ao 
poder, após o assassinato de seu pai em uma disputa interna entre os 
macedônios. 
Primeiro combateu vitoriosamente os Trácios que se opunham ao poder de 
Alexandre. Em uma assembleia em 335 a.C. em Coríntios é escolhido como o 
líder militar dos gregos para uma nova campanha conta os persas. Reprimiu 
ainda revoltas como Ilírios a norte e em Tebas contra seu domínio. 
As vitórias sobre os persas foram emblemáticas, nas imediações de onde 
provavelmente era Troia cumpriu-se oferendas aos guerreiros que por ali 
passaram, Dário III depois de uma série de derrotas militares foi vencido. 
 Alexandre, e o modelo de governo macedônico, bebeu de maneira singular na 
organização persa. Suas vitórias sobre a Babilônia e Egito fazem com que o 
próprio Alexandre assuma o título de rei da Pérsia. O conceito de rei dos reis é 
reformulado. 
Para marcar seu poder, Alexandre manda construir grandes cidades no 
Oriente, sempre com a visão de dialogar com as duas culturas. O helenismo 
sem dúvida nenhuma é a relação entre estes dois mundos. 
Existe muito de personificação neste momento, mas, por favor, evitemos. Não 
é Alexandre capaz de tudo como Plutarco defendeu, nem tão pouco, outros 
heróis que a história inventa, tenhamos sempre cuidado. 
Vale a pena sinalizar que não devemos acreditar no discurso fílmico como 
verdade, é licença poética e para o historiador ajuda a visualizar, pensar. O 
discurso do filme, por exemplo, é claramente afirmar que a opção sexual não 
invalida ninguém de ser um herói... O que no mundo grego é uma prática bem 
diferente, uma leitura não sexualizada como pensada na prática 
contemporânea. 
Nessa aula você: 
 Compreendeu a importância das disputas da Guerra do Peloponeso na 
política do espaço grego; 
 identificou os principais elementos da organização dos macedônios; 
 analisou um pouco dos mitos e da história em torno de Alexandre da 
Macedônia.

Outros materiais